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- -1 O gerenciamento do fluxo logístico de maneira global Aniele Fischer Brand Introdução Operações globalizadas podem aumentar os custos e a complexidade da logística. Comparado com o mercado local, o mercado global trará muito mais desafios para os gestores. Fatores como a distância, tempo de deslocamento, modais de transporte, armazenagem, dentre outros, precisam ser levados em consideração quando a empresa estiver elaborando seu planejamento. Você já parou para pensar em todos os processos e etapas que envolve a produção e comercialização de produtos que são comercializados numa escala global? Quais são os desafios que as empresas que optam por este tipo de estratégia enfrentam? Neste tema vamos aprofundar os conhecimentos sobre o fluxo logístico no contexto global. Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender o fluxo logístico no contexto global. A tendência de globalização da cadeia de suprimentos Com a globalização dos mercados novos desafios surgindo no mundo empresarial. De acordo com Christopher (2018) a tendência de globalização da logística teve influência principalmente das tendências dos mercados e das tecnologias relacionadas ao desenvolvimento e fabricação dos produtos. • - -2 Figura 1 - Globalização na logística Fonte: 3DDock, Shutterstock, 2020. Para o autor, as empresas que se organizam globalmente se enquadram em três categorias. · Empresas produtoras de : a principal tarefa é grandes quantidades de matéria prima de países quecommodities possuem muitas fontes naturais, para países que possuem o mercado de consumo, mão-de-obra ou ambos. · Empresas que se beneficiam dos baixos custos de mão-de-obra-regional: estas empresas utilizam os baixos custos de mão-de-obra para maximizar a lucratividade na fabricação intensiva. · Empresas que centralizaram seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento e fabricação: foca em cada uma de suas instalações combinações específicas de produtos e tecnologias. De acordo com Christopher (2018) o terceiro grupo é o mais significativo no que se refere ao índice de mudanças. Segundo o autor o considerável investimento em automatização e robótica acaba se tornando muito caro para ser feito em cada um dos mercados importantes que a empresa atua. Além disto, as habilidades específicas para lidar com a tecnologia acabam se concentrando em poucas pessoas, o que facilita também terem- nas concentradas em uma única localidade. Para Christopher (2018) dois desenvolvimentos realçam a tendência para o gerenciamento logístico global: · criação de fábricas foco; · centralização dos estoques. Segundo o autor o que fundamenta as fábricas foco é a empresa conseguir economia de escala limitando a variedade de produtos fabricados em um mesmo local. Os negócios orientados nacionalmente possuem produção para consumo local, o que quer dizer que a fábrica de cada país produz toda a variedade de produtos que são vendidos naquele país. Já o negócio global cuidará também do mercado mundial e sua produção será feita de maneira que as fábricas produzam menos produtos em volumes capazes de satisfazer o mercado inteiro. Christopher (2018) salienta que um número significativo de logísticos essenciais podem não sertrade-offs levados em consideração na procura apressada pela produção a baixo custo por meio de maiores economias de escala, como por exemplo o efeito sobre os custos de transporte e os prazos de entrega. Ou seja, os custos com a remessa de produtos com valor baixo, por grandes distâncias, podem eliminar parte ou - -3 Ou seja, os custos com a remessa de produtos com valor baixo, por grandes distâncias, podem eliminar parte ou toda economia de custo obtida na produção. Além disto, os longos prazos de entregas podem ser contornados com a manutenção de estoques locais, o que também pode acarretar maiores custos anulando as vantagens com os custos da produção. O autor ainda apresenta outros problemas que podem ocorrer com a produção concentrada, tais como necessidade de adequação das embalagens para o mercado local, seja por conta de diferentes idiomas ou marcas diferentes para o mesmo produto. Além disto, um cliente que encomende uma série de produtos da mesma empresa em um único pedido, no qual a produção ocorra em localidades diferentes, pode ter problemas. Neste caso, a solução pode ser alguma operação de transbordo no qual o fluxo das mercadorias das diferentes localidades seja consolidado para seguirem viagem juntos para o cliente final. Sendo assim, é fundamental realizar uma análise detalhada das vantagens ou desvantagens da fabricação centrada em uma única localidade, considerando o impacto que a logística pode ter no resultado. De acordo com Christopher, assim como houve, em decorrência da globalização, um estímulo para as empresas concentrarem a produção em poucas localidades, ocorreu também uma tendência para a centralização dos estoques. SAIBA MAIS Para compreender melhor o conceito de leia o artigo “O trade-off no processo detrade-offs tomada de decisão: pesquisa com gestores da área de logística”, apresentado nos Seminários de Administração de novembro de 2017, por Luz e Parisi. FIQUE ATENTO Considerando todos os custos logísticos envolvidos num processo empresarial, nem sempre a fabricação centrada numa única localidade pode ser a melhor opção para empresa. - -4 Desta forma, muitas empresas têm fechado armazéns e concentrado os estoques em Centros Regionais de Distribuição (CRDs), que atendem uma área geográfica muito maior. Figura 2 - Centros Regionais de Distribuição (CRDs) Fonte: JingAiping, Shutterstock, 2020. Segundo Christopher (2018) a visão tradicional de armazéns precisa ser substituída por uma ideia de múltiplas finalidades, onde ocorram somente atividades que acrescentam valor. O autor acrescenta que o bom uso da informação pode igualmente ajudar as empresas reduzir seus estoques. EXEMPLO Vamos pegar como exemplo uma grande rede de supermercados que possui diversos armazéns com seus produtos que serão vendidos nos diversos mercados espalhados pelo estado. Esta empresa opta por substituir diversos armazéns por apenas um ou dois Centros Regionais de Distribuição (CRD) estrategicamente localizados. - -5 Para o autor, um grande desafio da logística global é centralizar o controle, mas descentralizar as operações. Figura 3 - Gerenciamento das informações Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2020. O desafio da logística global Gerenciar uma rede global de fluxos de materiais e informações é muito mais complicado do que gerenciar um sistema logístico local. Segundo David e Stewart (2010) as atividades logísticas locais são gerenciadas de maneira diferente quando se FIQUE ATENTO É fundamental as empresas dominarem seus fluxos de informação. - -6 Segundo David e Stewart (2010) as atividades logísticas locais são gerenciadas de maneira diferente quando se trata do ambiente internacional. Existem fatores que necessitam ainda mais atenção, como as diferenças de infraestrutura, as decisões referentes ao transporte internacional, bem como os danos e riscos possíveis a este transporte, o número de intermediários envolvidos, o seguro internacional, os meios de pagamentos mais complexos, o cruzamento das fronteiras, dentre outros. De acordo com Christopher (2018) existem cinco fatores que são essenciais para o planejamento das cadeias de suprimentos globais. · Prazos longos de fornecimento: na cadeia global é importante manter um determinado nível de estoque intermediário entre a fabricação e o cliente para diminuir os problemas de tempos longos de transportes. · Tempos de trânsito extensos e não-confiáveis: os reais custos da cadeia de suprimentos precisam ser considerados para a tomada de decisão, que modal de transporte utilizar, por exemplo? Marítimo, aéreo, terrestre ou ferroviário? Fatores como embarque, consolidação e liberação alfandegária podem contribuir para que ocorram atrasos e variações nos prazos das cadeias de suprimentos globais. · Opções de consolidação e desmembramento de volumes:diversas são as opções de gerenciamento do frete internacional e os podem ser distintos para diferentes produtos ou canais do mercado. As quatrotrade-offs principais, segundo Christopher (2018), são: remessa direta de cada fonte para o mercado destino em contêineres lotados; consolidação na região de origem e envio para o mercado destino em contêineres lotados; consolidação de cada fonte para cada local de operação com desmembramento / estoque intermediário para atender mercados específicos; consolidação na região de origem e desmembramento no local da operação. Vale ressaltar que os custos de manutenção de estoques, armazenagem, serviço ao cliente e frente será diferente para cada uma dessas opções e cabe a gestão escolher a melhor alternativa de acordo com as características dos produtos e o perfil da demanda. · Modais de transportes e opções de custos: deve ser feita uma análise detalhada para decisões relacionadas aos tipos de transportes. É possível utiliza a combinação de modais de transporte ou a opção por um único tipo. Segundo Christopher (2018) no contexto da logística global a coordenação do transporte necessita incluir a responsabilidade pelo gerenciamento do fluxo e prazos de ponta a ponta. Figura 4 - Modais de transporte Fonte: Artisticco, Shutterstock, 2020. · Expedição de componente semimanufaturado com valor adicionado localmente: as empresas procuraram - -7 · Expedição de componente semimanufaturado com valor adicionado localmente: as empresas procuraram oportunidades para postergar a configuração final do produto para o mais próximo do cliente o possível. Segundo Christopher (2018) despachando componentes semimanufaturados genéricos em embalagens intermediárias é possível obter custos mais baixos, maior flexibilidade para demanda e estoques menores. Neste caso, a operação local fica responsável por questões como identificação e acabamento, formação de kits para opções diferentes de produtos, embalagem na língua local, manutenção do estoque centralizado para apoio à operação e entrega direta ao cliente para todos os mercados correspondentes, sem manuseio adicional. Organização da logística global Com a extensão das cadeias de suprimentos internacionalmente, as empresas foram obrigadas a enfrentar o problema de como estruturar sua organização logística global. Christopher (2018) afirma que as empresas perceberam que na logística global a eficácia somente pode ser alcançada por meio da centralização. No entanto, deve-se levar em consideração as especificidades de cada realidade de mercado. Fechamento Ao estudarmos este tema, foi possível compreendermos que o controle do fluxo logístico global depende diretamente de a capacidade da empresa encontrar o equilíbrio entre o controle central e a gerência local. Vimos que existem três categorias principais de empresas que se organizam globalmente. As produtoras de commodities, as empresas que utilizam mão-de-obra regional com custos mais baixos e empresas que investem em pesquisa, desenvolvimento e fabricação. Por fim, observamos quais os principais desafios da logística global que precisam ser levados em consideração no planejamento das cadeias de suprimentos globais. É preciso que cada empresa analise a sua realidade, considerando todas as possibilidades que possam existir, para um desempenho eficiente e eficaz. Referências CHRISTOPHER, M. . São Paulo: Cengage do Brasil, 2018.Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos DAVID, P. A.; STEWART, R. D. Logística Internacional. 2. ed.São Paulo: Cengage Learning, 2010. LUZ, L.B. R.; PARISI, C. O trade-off no processo de tomada de decisão: pesquisa com gestores da área de logística. XX SemeAd. Nov. 2017. Disponível em . AcessoAnais... http://login.semead.com.br/20semead/arquivos/166.pdf em: 11 fev. 2020. http://login.semead.com.br/20semead/arquivos/166.pdf http://login.semead.com.br/20semead/arquivos/166.pdf Introdução A tendência de globalização da cadeia de suprimentos Globalização na logística Centros Regionais de Distribuição (CRDs) Gerenciamento das informações O desafio da logística global Modais de transporte Organização da logística global Fechamento Referências