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Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Nelson Fuirini Junior Parâmetros Contemporâneos das Correntes excitomotoras São José dos Campos - SP. 2005 Nelson Fuirini Junior Parâmetros Contemporâneos das Correntes excitomotoras Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioenge- nharia, da Universidade do Vale do Paraíba como complementação dos créditos neces- sário para obtenção de título de Mestre em Engenharia Biomédica. Orientador: Prof. Dr. Carlos Julio Criollo São José dos Campos-SP. 2005 DEDICATÓRIA A MINHA FAMÍLIA Quero dedicar este trabalho a minha esposa, que me dá toda a retaguarda necessária para que eu possa dedicar a minha profissão, de forma plena. E dedico também aos meus filhos Renan e Laís que são os motivos de minha luta e estímulo para meu crescimento profissional. AGRADECIMENTO AOS AMIGOS QUE DE UMA FORMA OU OUTRA COLABORARAM COM ESTE TRABALHO. Quero agradecer a todos os amigos que sempre me ajudaram nos períodos difíceis que a vida nos oferece, mas não poderia enumerá-los, pois estaria com certeza fazendo alguma omissão e isto me deixaria constrangido. Muito obrigado a todos, devo-lhes muito, mas nunca conseguirei pagar esta conta, mas estarei sempre pronto a retribuir esta moeda fantástica que é a amizade sincera. RESUMO A corrente excito-motora é hoje um recurso muito usado por vários profissionais ligados a área da saúde. Por este motivo existe viu-se a necessidade de realizar um amplo estudo, para que estes profissionais tenham uma base comum, para que não ocorrerá distorção nas nomenclaturas específicas. Este trabalho foi desenvolvido, tendo como objetivo primordial a seleção das nomenclaturas contemporâneas, teve o cuidado de realizar um levantamento bibliográfico, usando o que tem de mais recente em publicações e também realizar um levantamento dos trabalhos considerados básicos, que dão sustentação para os conceitos contemporâneos para este tipo de recurso principalmente na fisioterapia. Partir-se dos conceitos básicos de eletricidade, pois ela é a base das correntes elétricas excito-motoras, evoluindo para estudos dos itens relacionados à composição das corrente elétricas básicas diretas e indiretas, o estudo segue avaliando os efeitos específicos das correntes excito- motora, nos tecidos nervosos e musculares que é o objetivo principal da corrente. Outra área que foi estudada é a ação da corrente elétrica nos tecidos superficiais, derme, epiderme, gordura, pois este tecido, funciona como isolante para a corrente excito-motora e foi realizado levantamento com relação à penetração desta corrente e como seria a melhor forma de resolver o problema da resistência a passagem da corrente. Também foi realizado, levantamento da ação da corrente excito-motora em comparação ao exercício físico, para que possa ter uma idéia, dos benefícios que o equipamento gerador de corrente poderá fazer, quando não é possível realizar exercícios físicos, ou quando associamos o exercício físico, com a corrente excito-motora. Outro ponto estudo foi os tipos de eletrodos e equipamentos geradores de correntes excitomotoras que podem ser usados e qual a melhor opção. Dentro da estimulação elétrica existem estudos recentes mostrando que, a ação das correntes excito-motora, pode modificar as características das fibras musculares, a partir das variações de freqüência e com correntes de média freqüência como corrente portadora. Palavras chave: Corrente elétrica, equipamentos, fisioterapia. ABSTRACT Today the MNES is widely used for several professionals connected to health care area because it can be used in a wide range of motor dysfunctions. For this reason there is a need to carry out a deep study. This study was developed claiming the selection of comtemporary nomenclature avoidind the use of market nomenclature where there is no scientific ground and particulary being careful with nomenclature from the MNES. Have this issue in mind this study will carry a thorough bibliographic study using the most recent publications as well as make a collection of the studies considered basic and which gives support to the current concepts in MNES. The study started from basic eletricity concepts because it is the basis of MNES evolving to the study of itens related to the composition of basic electric chain direct and indirect to the content to the professional who uses this resources of lines, respecting the kind of pulse, the pulse rate, the pulse way, the pulse modulation etc..This study follows evaluating/assesing this specific effects from the MNES n the nervous and muscular tissues, which it is the main objective of this line. Another studied area was the action of the chain on the superficial tissues like derme, epiderme, fat as these tissues work as an isolating against the MNES and was studying in relation to intering of this chain and how it will be the best way to solve the resistence problem in MNES. Also studied about the action of the MNES in comparison to physical exercise in order we have an idea about the benefits that MNES will bring whenever it is not possible to realize physical exercise or when we associate physical exercise to MNES .One point to be considered is the types of electrodes which must be used as a MNES and which is the best option.Within the electrical stimulation there are studies showing that the action of the MNES can modify the charecteristics of the muscular fibers from the modification of the frequency and with medium frequency chain as a carrier . Key words: Current Electrical, equipments, physiotherapy Lista de Figuras Figura 1- Linhas do campo elétrico em volta de partículas carregadas de maneira oposta (A) e duas cargas iguais (B)............................................................................5 Figura 2 - Diagrama de um capacitor em um circuito elétrico simples em estados descarregados(A) e carregado (B)............................................................................12 Figura 3 - Designações “tradicionais” de correntes elétricas...................................15 Figura 4 - Designações “comerciais” de correntes elétricas.....................................16 Figura 5 - Diagrama de um simples circuito elétrico mostrando o movimento unidirecional de elétrons em resposta a uma força eletromotriz constante....................................................................................................................18 Figura 6 - Circuito elétrico simples no qual uma pilha roda em velocidade constante e muda regularmente a direção da força eletromotriz...............................................19Figura 7 - Formas diferentes de corrente (não modulada) alternada (CA)...............20 Figura 8 - Relação entre a freqüência de pulso e a duração de fase de ondas sinusóides liberadas de forma contínua ...................................................................20 Figura 9 - Corrente Alternada modulada por tempo para formar bursts. (A) intervalo interbursts. (B) burst isolado......................................................................................21 Figura 10 - Características de forma de onda de corrente pulsada e alternada..........26 Figura 11- Diagrama do sistema para combinar designações de corrente descritivas na nomeação de formas de ondas de correntes alternadas ou pulsada.......................28 Figura 12 - Representação gráfica de várias formas comuns de corrente de pulso classificado com designações “descritivas” apropriadas...........................................29 Figura 13 - Forma de onda CA sinusoidal e suas características dependentes da amplitude...................................................................................................................30 Figura 14 - Características dependentes do tempo das formas de ondas pulsado ou alternado.....................................................................................................................33 Figura 15 - Exemplo de modulações automáticas de características de estimulação.............................................................................................................36 Figura 16 - Relação entre a duração da fase e a amplitude da corrente de pico (chamada de curva i\t................................................................................................40 Figura 17 Ponto Motor.............................................................................................42 Figura 18 Vias elétricas da corrente aplicada ao tecido............................................48 Figura 19 Transição fibras rápidas para fibras lentas................................................58 Figura 20 Exemplo de corrente usada com estimuladores disponíveis na atualidade designados para aplicações elétricas neuromuscular.................................................62 Lista de Tabela Tabela 1. Características descritivas de formas de onda de corrente pulsada ou alternada...........................................................................….….……………………24 Tabela 2. Características quantitativas de correntes pulsadas e alternadas. ...........................................................................…………………………………....34 Lista de Abreviaturas e Símbolos (E) : Campo Elétrico © : Coulomb (q) : Carga Na+ : Sódio K+ : Potássio Cl- : Cloreto FEM : Força Eletromotriz (I) : Corrente Elétrica Unidade (A) : Ampère (mA) : Mileampère (µA) : Microampére (V) : Volt (Ω) : Ohm Resistência (KΩ) : Kilohms (mΩ) : Megaohms (F) : Farads (Z) : Impedância (H) : Indutância em Henrys SCE : Eletrofisiologia Clínica ( Associação Americana de Fisioterapia) (CC) : Corrente Contínua (CA) : Corrente Alternada (Hz) : Hertz (cps) : Ciclos por segundo (f) : Freqüência (µC) : Microcoulomb (mC) : Milecoulomb (mseg) : Milessegundo (RMS) : Amplitude de Corrente ou Amplitude Eficaz de Corrente (Ca+2) : Cálcio (eenm) : estimulação elétrica neuro-muscular (pps); pulso por segundo SUMÁRIO 1. Introdução....................................................................................................................1 2. Problemática................................................................................................................2 3. Objetivo.......................................................................................................................3 4. Metodologia ................................................................................................................4 5. Pesquisa Bibliográfica.................................................................................................5 5.1 Fundamentos Básicos Da Corrente Elétrica..................................................................... 5 5.2 A Carga Elétrica...................................................................................................5 5.3 O Campo Elétrico.................................................................................................5 5.4 Interelação Elétrons E Íons...................................................................................6 5.5 A Atividade Dos Condutores E Isolantes.............................................................7 5.6 Corrente.................................................................................................................8 5.7 Tensão.............................................................................................................................10 5.8 Resistência............................................................................................................11 5.9 Condutância..........................................................................................................12 5.10 Capacitância e Impedância.................................................................................12 5.11 Indutância..........................................................................................................14 5.12 Freqüência E Fase..............................................................................................15 6. Classificação Das Correntes Eletroterapêutica................................................................16 6.1 Tipo De Correntes Eletroterapêuticas.................................................................19 6.1.1 Corrente Contínua................................................................................19 6.1.2 Corrente Alternada...............................................................................20 6.1.2.1 Modulação Da CA.................................................................23 6.1.3 Corrente Pulsada.................................................................................24 6.2 Características Descritivas Das Formas De Onda Da Corrente Pulsada Ou Alternada................................................................................25 6.2.1 Número De Fase Em Uma Forma De Onda........................................26 6.2.2 Simetria Nas Formas De Onda Bifásicas............................................28 6.2.3 Forma De Onda...................................................................................29 6.2.4 Termos Qualitativos Para Descrever Correntes Pulsadas Ou Alternadas..............................................................................................29 6.3 Características Quantitativas De Correntes Pulsadas E Alternadas...............................................................................................................32 6.3.1 Características De Uma Série De Pulsos............................................36 6.3.2 Modulação De Corrente......................................................................36 6.3.2.1 Modulação De Amplitude e De. Duração............................................................................................36 6.4 Corrente Excitomotora......................................................................................38 6.4.1 Forma De Onda Para Estimulação Neuro-Muscular............38 6.4.2 Reduzir A Debilidade Da Força Muscular..........................38 6.4.3 Respostas Excitatórias..........................................................40 6.4.4 Aplicação De Pulsos Elétricos Nos Tecidos.........................42 6.4.5 Penetração Dos Pulsos Elétricos Através Dos Tecidos...................................................................................44 6.4.6 Pulsos Elétricos Para Estimulação nervosa...........................44 7. Colocação De Eletrodos E Seus Fundamentos................................................................45 7.1 Relação Tecido E Eletrodo...............................................................................45 7.2 Diminuindo A Resistência Elétrica Na Superfície Da Pele................................46 7.3 Verificação De Áreas De Resistência Anormal..................................................46 7.4 Tipo De Eletrodo Usado Em Eletroterapia.........................................................47 7.4.1 Sistemas De Eletrodos........................................................................47 7.5 O Fluxo De Corrente No Tecido Corpóreo.........................................................49 7.6 Tamanho De Eletrodo..........................................................................................50 7.7 Disposição Dos Eletrodos................................................................................,,,.51 8. Diferença Entre Estimulação Elétrica Neuro-Muscular e Exercício..........................,,,....52 8.1 Efeitos Da Estimulação Elétrica.......................................................................,,,53 8.2 Efeito Da Eletroestimulação X Treinamento Físico Na Diferença Da Força Do Quadriceps Humano..................................................................................................54 8.3 Estimulação Elétrica À Longo Prazo Do Músculo Esquelético..........................56 9. Mudança Nas Propriedades Contráteis.............................................................................57 9.1 Alterações Metabólicas.......................................................................................61 9.2 Diferentes Padrões de Estimulação.....................................................................61 10. Os Estimuladores Elétricos Neuro-Muscular Da Atualidade..........................................62 11. Resultado.........................................................................................................................66 12. Discussão.........................................................................................................................66 13. Conclusão........................................................................................................................70 Referências........................................................................................................................71 Apêndices..........................................................................................................................81 1 PARÂMETROS CONTEMPORÂNEOS DAS CORRENTES EXCITOMOTORAS. 1. INTRODUÇÃO Na realização deste trabalho teve sempre pautado a importância de um estudo dirigido, visando um maior aprofundamento na área de estimulação elétrica neuro- muscular. Este recurso terapêutico muito usado nos últimos vinte anos, vem se desenvolvendo de uma forma bastante ampla, tanto no desenvolvimento tecnológico dos equipamentos e formas de eletrodos como também, nas propostas terapêuticas, intervindo numa gama significativa de patologias e com respostas terapêuticas muito importantes. Diante de toda esta evolução nos últimos anos, entendeu-se que havia uma necessidade de realizar um trabalho para juntar todas as informações necessárias e básicas para uma melhor organização dos trabalhos realizados em pacientes portadores de disfunções musculo-esquelético. Intervir em quadros onde desejasse uma ação maior da função muscular, podendo até mesmo, produzir mudanças nas funções das fibras musculares específicas, para que obtivesse resultados mais eficientes da ação muscular. O estudo foi organizado, partindo das considerações básicas de correntes elétricas, passando pelas interações correntes elétricas, tecidos corpóreos. Foram levantadas as principais classificações das correntes eletroterapêuticas, as classificações qualitativas e quantitativas das correntes. Neste momento direcionou o estudo principalmente para as correntes excitomotoras. Estas correntes foram classificadas quanto sua forma de onda, tipo de pulso, freqüência de pulso, ou seja, todos os parâmetros da corrente excitomotora. Foram levantados e discutidos, trazendo ao profissional as informações necessárias, para que o mesmo tenha totais condições de interpretar o recurso, tirar do mesmo as melhores respostas terapêuticas e também realizar seu trabalho de forma segura e confiável. 2 2. PROBLEMÁTICA Temos hoje uma realidade complexa com relação às formas de correntes eletroterapêuticas e seus parâmetros de calibragem. As regras básicas nas construções dos equipamentos seguem uma evolução técnica específica, mas não há uma interação entre o que se constrói e o que se tem necessidade na terapia. Constroem-se muitas vezes equipamentos que não são bem entendidos pelo profissional da saúde, pois falta confirmação de sua eficácia na terapêutica. Existem estudos com relação aos tipos de correntes elétricas terapêuticas e seus controles ou parâmetros, mas estas informações estão muitas vezes fragmentadas em varias áreas, como física, engenharia elétrica, biofísica e isto traz uma dificuldade na aglutinação destas informações. Isto gera uma deficiência grave na compreensão, conseqüentemente na utilização do recurso. Diante desta situação, venho propor este trabalho no sentido de colaborar na resolução desta problemática, principalmente partindo de informações pré-estabelecidas, ou seja, dar informações concretas com relação aos parâmetros contemporâneos das correntes excitomotoras. A partir deste estudo os profissionais terão maior facilidade em compreender o que se constrói e como podem ser utilizados em várias situações do seu dia a dia. Isto também dá aos profissionais que constroem equipamentos, informações para que seus projetos sigam o mesmo caminho da terapêutica, fazendo com que haja uma boa interação entre terapeuta e construtor de equipamento. 3 3. OBJETIVO Em primeiro lugar desejamos atingir os profissionais que utilizam o equipamento como recurso terapêutico e dar ao profissional que constrói equipamentos informações básicas para que ocorra uma interação completa entre o construtor e o utilizador. Dentre os objetivos principais, desejamos: informar, orientar, instruir e mostrar aos profissionais que trabalham com correntes excito-motora, a importância de estar ciente dos controles para uma correta estimulação, mostrar trabalhos já realizados em áreas específicas, para que possa aumentar seu campo de ação terapêutica. Com relação aos construtores dar a eles as informações necessárias quanto aos parâmetros existentesnos equipamentos e mostrar a importância dos mesmos no momento da terapia, dar maior importância, ao projeto bem realizado, citar e exemplificar quais os objetivos a ser atingido com estes recursos, mostrar a responsabilidade de cada profissional com relação a resposta terapêutica. 4 4. METODOLOGIA A metodologia deste trabalho seguiu basicamente uma evolução para a compreensão do recurso, corrente excitomotora. Partiu-se de um contexto que o fundamento básico de correntes elétricas tem uma importância considerável para com o embasamento. A evolução desta pesquisa passa pelas classificações das correntes eletroterapêuticas, chegando obrigatoriamente nas correntes excitomotoras, que evolui para seus efeitos específicos. Diante destas informações, foi realizado um levantamento bibliográfico com literaturas na área de física, engenharia elétrica e principalmente na área de fisioterapia, seguindo sempre uma evolução clássica, para que tenha um bom entendimento na área de estimulação elétrica neuro-muscular. Foi realizada uma pesquisa, principalmente dos parâmetros contemporâneos dentro dos fundamentos básicos de correntes elétricas, das classificações de correntes eletroterapêuticas, das correntes excitomotoras, dos tipos de eletrodos, das modificações teciduais e as ultimas gerações de equipamentos para estimulação neuro-muscular, com isto obteve-se um amplo apanhado do assunto e a pesquisa deu informações vastas com relação aos parâmetros contemporâneos das correntes excitomotoras. 5 5. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA 5.1 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA CORRENTE ELÉTRICA 5.2 A CARGA ELÉTRICA A base para que exista um fenômeno elétrico é a carga elétrica. O que se sabe com relação a esta carga foi aprendido com seu comportamento. Nos experimentos mais antigos, feitos com objetos carregados, permitiram que os pesquisadores percebessem dois tipos de carga. Quando dois objetos carregados de forma similar são colocados próximos um do outro, eles se repelem; dois objetos com cargas opostas, quando próximos, se atraem (SCOTT, 1972). Esses dois tipos de carga foram denominados de carga positiva e carga negativa (YOUNG; FREEDMAN, 2003; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 5.3 O CAMPO ELÉTRICO A força elétrica das partículas carregadas é transportada para outras partículas carregadas pelo campo elétrico (E), que cada carga cria em volta da mesma. As cargas transmitem força através de um campo elétrico, de uma maneira análoga ao modo que a força de gravidade da terra é transmitida, através dos campos gravitacionais(GUSSOW, 1985). As características dos campos elétricos entre duas substâncias carregadas, de modo oposto e duas substâncias da mesma carga são ilustradas na figura 1 (GUTMAN, 1980; ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001; SCOTT, 1972). 6 Figura 1 Linhas do campo elétrico em volta de partículas carregadas de maneira oposta (A) e duas cargas iguais (B). A configuração das linhas do campo reflete a atração das partículas carregadas de maneira oposta e a repulsão entre as partículas carregadas iguais (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). 5.4 INTER RELAÇÃO ELÉTRONS E ÍONS Toda matéria é composta por átomos que contêm um núcleo carregado positivamente e elétrons carregados negativamente que se organizam em órbitas ao redor deste núcleo. Um átomo é eletricamente neutro quando há uma equivalência entre as cargas do núcleo e dos elétrons. Quando modificado por uma força externa (como reações químicas, força eletrostática, calor, luz e campo eletromagnéticos), um átomo pode perder ou ganhar elétrons, alterando desta forma sua carga neutra e fazendo com que ele adquira propriedades elétricas (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982). Um átomo que não está mais em seu estado neutro original é chamado de íon, e o processo de alteração do estado elétrico de um átomo é chamado de ionização (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). Um íon negativo é um átomo que ganhou um ou mais elétrons, apresentando então uma carga líquida negativa; um íon positivo é um átomo que perdeu um ou mais elétrons, tornando-se carregado positivamente (YOUNG; FREEDMAN, 2003; SCOTT, 1972). Os íons estão presentes em soluções eletrolíticas de ácidos, bases e sais, tais como aqueles que compõem os tecidos biológicos. Radicais ácidos tendem a formar íons negativos, enquanto que alcalóides, bases e metais tendem a formar íons positivos. Um íon tem o mesmo núcleo que o átomo tinha antes de perder ou ganhar elétrons e, portanto, possui as mesmas características básicas do átomo original (SCOTT, 1972). A carga de um elétron isolado foi definida como: 7 -e = 1,6 x 10-19 Coulomb (1) Portanto, a carga de um objeto é a medida do número de elétrons livres que este ganhou ou perdeu, e é expressa em Coulomb de carga. Um Coulomb © de carga (q) é igual à carga combinada de: 6,25 x 10-18 elétrons (2) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 5.5 A ATIVIDADE DOS CONDUTORES E ISOLANTES As partículas carregadas tais como, elétrons em metais ou íons em solução tenderão a mover-se, ou a mudar de posição em virtude de suas interações com outras partículas carregadas. Em outras palavras, as partículas carregadas tenderão a mover-se na matéria quando existir diferença de potencial elétrico (YOUNG; FREEDMAN, 2003). Para as partículas carregadas moverem-se quando submetidas a uma voltagem, elas devem estar livres para isto. Aquela substância nas quais as partículas carregadas se movem facilmente quando colocadas em um campo elétrico são chamadas de condutores. Metais como o cobre, alumínio, são bons condutores. Os átomos dos metais tendem a abandonar os elétrons de sua camada orbital externa muito facilmente, quando colocados em um campo elétrico. Se uma substância negativamente carregada, for trazida para muito perto de uma extremidade de um fio de metal longo, os elétrons mais próximos da substância serão deslocados ao longo do fio longe da massa de carga similar. Os tecidos biológicos contêm partículas carregadas em solução, na forma de íons como sódio (Na+), potássio (K+) ou cloreto (Cl-). Os tecidos humanos são condutores porque os íons aí são livres para moverem-se, quando expostos às forças eletromotrizes. A capacidade dos íons moverem- 8 se nos tecidos humanos varia de tecido para tecido. O músculo e o nervo são bons condutores, enquanto que a pele e a gordura são condutores fracos. Em comparação com as substâncias que permitem movimento fácil de partículas carregadas em um campo elétrico, os isolantes são substâncias que tendem a não permitir movimento livre de íons ou de elétrons. A borracha e muitos plásticos são bons isolantes. (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001; OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982). 5.6 CORRENTE O fluxo ordenado de carga de um lugar a outro, através da matéria é chamado de corrente. A carga pode consistir de elétrons livres ou íons. Um movimento aleatório de elétrons livres, íons positivos e íons negativos ocorrem naturalmente em toda a matéria. Devido à composição de suas camadas orbitais, alguns átomos tendem a doar ou receber elétrons mais facilmente que outros. Aqueles materiais que têm suas camadas de valênciasquase completas tendem a ser muito estáveis, com poucos elétrons livres (isolantes). Materiais (principalmente metais) com apenas um ou dois elétrons de valência tendem a doar elétrons muito facilmente (condutores) e permitir o movimento ou fluxo dos elétrons dentro deles. Soluções eletrolíticas permitem o movimento livre de íons positivos e negativos, assim como a movimentação livre dos elétrons (GUSSOW, 1985). Para se produzir um fluxo de corrente organizado, deve haver uma fonte de elétrons livres e de íons positivos, um material condutor que permita o fluxo de carga e uma força eletromotriz (FEM) que mova ou concentre a carga (SCOTT, 1972). A unidade da corrente (I) é o ampère (A), que é definido como a taxa de passagem do fluxo de cargas por uma seção transversal de referência em um condutor. Um ampère é igual a um Coulomb por segundo. Coulomb indica o número de elétrons; ampère indica a quantidade de fluxo dos elétrons. Um ampère é uma unidade muito grande quando se trata da estimulação elétrica no ser humano e, portanto, unidades menores são mais comumente utilizadas: um miliampère (mA) é a milésima parte de um ampère; um microampére (µA) é a milionésima parte de um ampère (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982). 9 A fisiologia das membranas celulares excitáveis é discutida tanto em termos do movimento normal de íons para dentro e para fora da célula, quanto em relação à diferença na carga líquida resultante decorrente da concentração desigual, de íons em cada um dos lados da membrana (SCOTT, 1972). Uma condição necessária para a despolarização de membranas celulares por meio de estímulos elétricos externos é o acúmulo de cargas negativas no exterior da célula, de tal modo que um limiar de excitação crítico seja atingido. Enquanto a quantidade mínima de carga necessária para produzir um potencial de ação, depende em grande parte das propriedades elétricas de um tipo particular de célula e é razoável e previsível. A quantidade real de carga necessária em uma determinada aplicação, depende da fração da carga liberada pelo estimulador que realmente atinge as membranas- alvo. O caminho tomado pela corrente de estimulação depende de vários fatores, incluindo o tipo e o tamanho do eletrodo, o acoplamento deste à superfície da pele, a localização dos eletrodos e as várias impedâncias teciduais nas vizinhanças da membrana-alvo (HAAR, 2003; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). A carga do estímulo liberada pelo estimulador, medida em unidades de Coulomb, é a integral da corrente de estímulo em ampere, integrada em relação ao tempo de duração em segundos, como mostra a equação (3). q = S i(t)dt (3) Para um estímulo monofásico retangular, a carga do estímulo é igual à amplitude da corrente multiplicada pela duração da fase. q = I x t (4) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 10 5.7 TENSÃO Juntamente com a carga, forma-se um campo elétrico que preenche os espaços ao redor dela de tal modo que, quando outra carga está dentro do campo, forças elétricas agem sobre ela. Se duas partículas de mesma carga são movidas juntas, forças elétricas agem para mantê-la afastadas. Essas forças tornam-se cada vez mais fortes conforme as partículas se aproximam. Deve ser realizado um trabalho para aproximar duas partículas de mesma carga, convertendo-se então a energia cinética em energia potencial. A diferença da energia potencial por unidade de carga entre as partículas é chamada de diferença de potencial. A unidade da diferença de potencial, ou voltagem, é o volt (V), definido como um joule\ Coulomb (YOUNG; FREEDMAN, 2003). Dado que o trabalho para mover uma carga é relativo a uma outra carga, a diferença de potencial é sempre relativa a um ponto de referência. Caso o ponto de referência não seja dado explicitamente, deve-se assumir que este seja a terra, ou o potencial elétrico da terra. O terra é considerado um potencial igual a zero, que pode fornecer qualquer quantidade prática de carga sem alterar suas características elétricas (GUTMAN, 1980). Existem dois contextos nos quais a voltagem ou a diferença de potencial é usada para descrever a estimulação elétrica de membranas excitáveis. A diferença de carga entre o interior e o exterior de uma célula muscular ou nervosa resulta numa diferença de potencial, a qual é medida em milivolts. A diferença de potencial também pode ser usada para descrever a força eletromotriz produzida pelo circuito do estimulador. Usada para mover as cargas dos terminais de saída do estimulador, através dos cabos conectores e dos eletrodos de estimulação e forçar o fluxo de cargas através dos tecidos corporais intervenientes que porventura estejam na rota das células-alvo (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 11 5.8 RESISTÊNCIA A resistência é a propriedade de um material resistir ou se opor ao fluxo de corrente que passa por ele. Diferentes materiais possuem uma capacidade de resistência intrínseca diferente, dependendo de suas características químicas. Os melhores condutores, tais como o ouro, a prata e o cobre, têm uma resistência baixa. Já os isolantes, como plástico, o papel e tecidos, têm resistência alta. Alguns materiais, como o silício e o germânio, não são nem bons condutores nem bons isolantes. Esses materiais semicondutores podem ser feitos de modo a agir tanto como condutores quanto como isolantes. Essa característica dual de resistência dos semicondutores é a base para os modernos componentes eletrônicos de estado sólido (LICHT, 1970). A resistência de um material que age como condutor de corrente direta pode ser calculada por meio de Lei de Ohm, que relaciona as propriedades da corrente, da resistência e da voltagem. Se um volt de diferença de potencial causa uma corrente de um ampère pela lei de Ohm, a resistência limite é igual a um Ohm Ω (YOUNG; FREEDMAN, 2003; SCOTT, 1972). Voltagem (V) Resistência (Ω) = ----------------- (5) Corrente (A) Os valores comuns para a resistência incluem o kilohms (kΩ) e o megaohms (MΩ): milhares e milhões de ohms, respectivamente. O termo resistor se refere a um componente eletrônico usado para introduzir uma quantidade desejada de resistência em um circuito. Às vezes é melhor pensar em termos de quão bem um material conduz uma corrente, em vez de quão bem ele resiste à sua passagem (GUTMAN, 1980; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 12 5.9 CONDUTÂNCIA É o termo usado para definir a facilidade com que a corrente flui pelo material; ela é o inverso da resistência. A unidade da condutância é o mho. 1 Condutância (S) =--------------------- Resistência (Ω) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 5.10 CAPACITÂNCIA E IMPEDÂNCIA A fim de entendera corrente nos tecidos biológicos dois outros conceitos elétricos também devem ser introduzidos. Capacitância é a propriedade de um sistema de condutores e isolantes que permite que o sistema armazene carga. As correntes produzidas nos tecidos biológicos são influenciadas não só pela resistência do tecido, mas também pela capacitância do tecido. Um elemento de circuito elétrico, o capacitor, é feito de duas placas finas de metal separadas por um isolante (ou dielétrico) (Figura 2 A). Se uma voltagem fixa for aplicada através do capacitor, a corrente não passa pelo aparelho por causa da presença do material isolante. Contudo, a diferença de potencial entre as duas placas do capacitor exerce uma força sobre as moléculas dentro do isolante, originando a energia potencial dentro dessas moléculas (Figura 2B). Se a voltagem aplicada for removida, a energia armazenada (diferença de potencial elétrico através do capacitor) permanece até que o capacitor seja descarregado através de alguma trilha condutora (YOUNG; FREEDMAN, 2003; GUTMAN, 1980; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 13 Figura 2 Diagramas de um capacitor em um circuito elétrico simples em estados descarregados(A) e carregado (B).Um capacitor armazena energia elétrica pela deformação de moléculas dielétricas. (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001) Embora os sistemas capacitivos tendam a bloquear correntes contínuas, eles tendem a permitir que as correntes alternadas passem. Para um sistema em uma determinada capacitância, quanto mais alta a freqüência da corrente alternada, maior facilidade terá a corrente para atravessar o sistema. A capacitância de um capacitor ou qualquer sistema de condutores e isolantes construído semelhantemente é expressa em farads (F); F é a magnitude de capacitância já que 1 C de carga é armazenada quando 1 V de diferença de potencial é aplicado (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982; SCOTT, 1972). O termo impedância (Z) descreve a oposição às correntes alternadas assim como o termo resistência descreve a oposição às correntes contínuas. A impedância leva em conta tanto à oposição capacitiva quanto a resistiva para o movimento de partículas carregadas. Quando se trata de estimulação elétrica clínica, é mais apropriado expressar a oposição à corrente com relação à impedância, porque os tecidos humanos são bem modelados com redes complexas de resistores e de capacitores (F-C). Já que a impedância depende da natureza capacitiva dos tecidos biológicos, sua magnitude depende da freqüência da estimulação aplicada. Em geral, quanto mais alta a freqüência de estimulação, mais baixa será a impedância dos tecidos. A unidade-padrão da impedância é o ohm. (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 14 5.11 INDUTÂNCIA A indutância é a medida do quanto uma corrente variável pode induzir de Força Eletromotriz (FEM) em um circuito (ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990; JAY, 1977). Indutores são componentes elétricos que possuem a propriedade da indutância. Os indutores são formados por um fio enrolado em um cilindro ou eixo de ferro, que concentra o campo magnético existente ao redor do condutor que conduz a corrente. Um campo magnético variável induzirá uma força eletromotriz em qualquer condutor que se concentre dentro desse campo magnético, incluindo ele próprio. A força eletromotriz induzida deve agir contra a força eletromotriz original de tal forma que, a energia resultante no sistema seja constante e conservada. Dessa maneira, a energia estocada no campo magnético age para opor uma carga no fluxo da corrente que a produziu. A relação entre a magnitude da força eletromotriz contrária induzida, a taxa de alteração da corrente e a indutância do rolamento, pode ser expressa como: di -FEM= L ------ (7) dt ( ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990). Onde, L é a indutância em Henry (H). Uma indutância de um Henry induzirá uma força eletromotriz de um volt quando a corrente estiver alternando na taxa de um ampère por segundo. Deve-se observar que a força eletromotriz contrária é dada com sinal negativo para denotar sua polaridade reversa (GUSSOW, 1985; GUTMAN, 1980; SCOTT, 1972). Apesar de a indutância ser negligenciável nos sistemas biológicos, ela pode ser usada com vantagem para induzir correntes nos tecidos biológicos, sem a necessidade do uso de eletrodos na superfície da pele. Uma aplicação especial da indução é o transformador, que é composto, na realidade, por dois indutores colocados juntos no mesmo rolamento. O fluxo 15 da corrente no rolamento primário forma um campo magnético que induz uma força eletromotriz (V) no rolamento secundário. A força eletromotriz induzida é proporcional à relação entre o número de voltas no rolamento secundário e o número de voltas no rolamento primário. O transformador é um componente essencial para o fornecimento da energia usada nos estimuladores elétricos. Um transformador elevador de voltagem (tensão) é usado para gerar as altas voltagens (tensão), necessárias para a estimulação elétrica das membranas excitáveis por meio de eletrodos. O isolamento elétrico inerente do primário em relação ao secundário no circuito de um transformador é usado, nos projetos dos estimuladores, para garantir o isolamento elétrico do paciente em relação a terra. Esse isolamento do paciente em relação às correntes referidas a terra é desejável. O isolamento limita o risco de choque da instrumentação por meio da redução das correntes de terra a níveis extremamente baixos. O isolamento permite um controle melhor do caminho desejado para o corrente de estímulo eliminando a possibilidade de seu retorno a terra por meio de várias vias desconhecidas. O isolamento do estímulo também reduz muito, a captação de artefato de estímulo durante o registro de respostas bioelétricas evocadas (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990; SCOTT, 1972). 5.12 FREQÜÊNCIA E FASE Todas as voltagens de onda que variam com o passar do tempo podem ser descritas como sendo compostas por uma série de sinusóides periódicas de diferentes amplitudes, fases e freqüências que, juntas, definem a forma de onda. A freqüência de uma sinusóide isolada é definida pelo seu período, isto é, o tempo que ela leva para completar um ciclo sinusóide, onde: 1 Freqüência (Hz) = -------------------- (8) Período (s) 16 Nesse contexto, a fase refere-se à fração do ciclo fundamental, no qual o ponto de referência zero de cada componente sinusóide está deslocado em relação a ponto de referência zero da freqüência fundamental. Existem 360 graus em um ciclo de uma onda sinusóide, começando no ponto de referência zero e voltando a esse mesmo ponto após passar por voltagens positivas e negativas (MILLMAN; TAUB, 1965). Caso duas sinusóides não comecem no ponto de referência de voltagem zero no mesmo momento, as sinusóides são descritas como fora de fase. A diferença de fase é medida em graus. Consideradas em conjunto, as sinusóides que compõem qualquer onda formam o espectro de freqüência da onda, variando da sinusóide de menor freqüência para a freqüência fundamental e, para a de maior freqüência. Um fluxo de corrente que não varia, ou não altera sua polaridade, é chamadode corrente direta ou corrente galvânica ou corrente contínua (CC) e é tido como freqüência zero (0Hz) (LICHT, 1970; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 17 6. CLASSIFICAÇÃO DAS CORRENTES ELETROTERAPÊUTICAS As correntes elétricas têm sido usadas como propostas terapêuticas por centenas de anos. Com o desenvolvimento de diferentes formas de geradores elétricos durante o século XX, os tipos de correntes elétricas empregados nas aplicações terapêuticas proliferaram. A introdução na área da saúde, de vários tipos diferentes de estimuladores que produzem diferentes formas de correntes elétricas tem sido acompanhada por muita confusão, na comunicação com relação às características das correntes geradas. Antes de 1990, nenhum sistema tinha sido desenvolvido para padronizar descrições de correntes elétricas usadas na eletroterapia. A caracterização das correntes eletroterapêuticas foi muitas vezes dirigida pelos desenvolvimentos históricos ou pelo setor comercial (SCOTT, 1972; STILLWELL, 1984). A figura 3 mostra alguns dos vários tipos de correntes tradicionalmente empregadas na eletroterapia e suas designações tradicionais. Figura 3 Designações “tradicionais” de correntes elétricas selecionadas usadas historicamente na pratica clínica.Cada gráfico mostra mudanças na amplitude de corrente sobre o tempo. (ROBINSON, SNYDER- MACKLER, 2001) 18 A figura 4 ilustra vários perfis de ondas de correntes (ou voltagens) designadas comercialmente. Figura 4 Designações “comerciais” de corrente elétrica selecionada disponível a partir de determinados estimuladores contemporâneos. Os gráficos mostram mudanças na amplitude de corrente sobre o tempo ou mudanças na amplitude de voltagem sobre o tempo. (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). A diferenciação entre esses tipos de correntes tradicionais e comerciais era muitas vezes baseada somente em uma única característica de corrente, tal como a amplitude de voltagem ou a freqüência de estimulação. Tais distinções unidimensionais levam a designações dicotômicas – tais como estimuladores de¨baixa voltagem versus média freqüência ¨ que subsistem até hoje. Na metade dos anos 80, a seção sobre Eletrofisiologia Clínica (SCE) da Associação Americana de Fisioterapia apontou que, tal diferenciação arbitrária de correntes eletroterapêuticas com a proliferação de designações comerciais de correntes, favoreceu a confusão na comunicação com relação à eletroterapia (ELETROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990). Numa tentativa de aliviar o problema, a SCE desenvolveu uma monografia tratando da terminologia em eletroterapia; 19 ela oferece orientações para descrições qualitativas e quantitativas de correntes eletroterapêuticas. Embora o restante deste capítulo apresente muito do conteúdo dessa monografia da SCE, uma apreciação para as designações tradicionais e comerciais de correntes eletroterapêuticas, ainda é necessária já que a maioria da literatura publicada durante os anos 80 usava terminologias tradicionais e comerciais (GUTMAN, 1980; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001; SCOTT, 1972). 6.1 TIPO DE CORRENTES ELETROTERAPÊUTICAS. As correntes elétricas usadas na eletroterapia clínica contemporânea podem geralmente ser divididas em três tipos: corrente contínua, corrente alternada e corrente pulsada (pulsátil). Iremos diferenciar entre esses três tipos de correntes baseados em suas características qualitativas e quantitativas. 6.1.1 CORRENTE CONTÍNUA O fluxo unidirecional contínuo ou ininterrupto de partículas carregadas é definido como corrente contínua (CC). Essa forma de corrente tem sido tradicionalmente referida como corrente ¨galvânica¨; contudo, esse não é mais o termo usual, ela é chamada de corrente direta ou contínua (YOUNG; FREEDMAN, 2003). A corrente contínua em um circuito eletrônico simples é produzida por uma voltagem de magnitude fixa, aplicada a um condutor com resistência fixa figura 5 (GUTMAN, 1980; LOW; REED, 2001; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001 SCOTT, 1972; STILLWELL, 1984 ). 20 Figura 5 Diagrama de um simples circuito elétrico mostrando o movimento unidirecional de elétrons em resposta a uma força eletromotriz constante (A) (ROBINSON; SNYDER- MACKLER, 2001) 6.1.2 CORRENTE ALTERNADA A corrente alternada (CA) é definida como o fluxo bidirecional contínuo ou ininterrupto de partículas carregadas. Para produzir esse tipo de corrente, a voltagem aplicada através de um circuito simples oscila em magnitude e a polaridade da voltagem aplicada é periodicamente revertida. Os elétrons no circuito movem-se primeiro em uma direção. Quando o campo elétrico é revertido, os elétrons movem-se para trás na direção de suas posições originais (MILLMAN; TAUB, 1965; YOUNG; FREEDMAN, 2003). Uma corrente alternada pode ser produzida, rodando uma fonte de voltagem fixa no circuito como ilustrado na figura 6A. A corrente alternada que flui através desse circuito é representada na figura 6B. Um gráfico da amplitude de corrente sobre o tempo (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001; SCOTT, 1972). 21 Figura 6 Circuito elétrico simples no qual uma pilha roda em velocidade constante e muda regularmente a direção da força eletromotriz (voltagem), que age sobre os elétrons no condutor (A). Observe o movimento para trás e para frente dos elétrons. Circuito análogo hidráulico do circuito elétrico em (B) ilustrando o movimento para trás e para frente da bomba, que produz o movimento alternado do líquido dentro do sistema (B) (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). As correntes alternadas são caracterizadas pela freqüência (f) de oscilações e a amplitude de movimento do elétron ou do movimento iônico. A freqüência da CA é expressa em Hertz (Hz) ou em ciclos por segundo (cps). A recíproca de freqüência (1/f) define um valor, conhecido como período, que é o tempo entre o início de um ciclo de oscilação e o início do próximo ciclo (LICHT, 1970; GUTMAN, 1980; HAAR, 2003). A CA mais comum é simétrica e pode ser aplicada em formatos variados, incluindo sinusóide, retangular, trapezóide e triangular. A CA também pode ser assimétrica e possuir vários formatos Figura 7. 22 Figura 7 Formas diferentes de corrente (não modulada) alternada (CA) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). As relações inversas entre as freqüências e as durações de pulso e de fase são típicas da CA. O que é inerente a essa relação é o fenômeno de que, conforme a freqüência da CA é aumentada, as durações da fase e do pulso são automaticamente diminuídas. O oposto ocorre se a freqüência de pulso diminui (figura 8). As durações da fase e do pulso podem então ser calculadas em relação à freqüência (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 23 Figura 8 Relação entre a freqüência de pulso e a duração de fase de ondas sinusóides liberadas de forma contínua(A), Duração da fase(B), Duração (1ciclo) do pulso. Notar que tanto a duração da fase quanto à do pulso diminuem conforme a freqüência aumenta (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 6.1.2.1 MODULAÇÃO DA CA As modulações da CA são feitas por meio das variáveis tempo e amplitude. A CA modulada por tempo pode ser subdividida nos modos burst e interrompida. Um burst de CA é estabelecido quando se permite que a corrente flua por poucos milissegundos e então deixe de fluir por alguns milissegundos, em um ciclo repetitivo Figura 9. O intervalo entre burst sucessivos é conhecidocomo intervalo interburst e é sinônimo do intervalo entre os Figura 9 Corrente Alternada modulada por tempo para formar bursts. (A) intervalo interbursts. (B) burst isolado (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 24 pulsos das correntes pulsadas. A CA em burst também tem sido chamada de pulsos polifásicos (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001), porque fisiologicamente, eles parecem provocar a mesma excitação dos pulsos monofásicos ou bifásicos (KANTOR, 1994; JOHNSON, 1986). O estimulador clínico mais comum projetado para produzir burst da CA modulada por tempo é chamado de “corrente Russa” Figura 9. A corrente alternada também pode ser modulada como uma CA interrompida. Essa modulação prevalece quando a corrente deixa de passar por 1 segundo ou mais e então passa de novo por alguns segundos, em um ciclo repetitivo. A modulação interrompida é diferente da modulação em burst, uma vez que na interrompida a corrente cessa por tempo suficiente para permitir um relaxamento na contração muscular. A modulação interrompida da CA é idêntica à interrupção da corrente pulsada. A CA modulada em amplitude pode ser obtida por meio de várias abordagens elétricas. O projeto mais comum é a combinação de duas fontes contínuas de CA que diferem entre si em freqüência. Essa abordagem resulta no que chamamos de corrente interferencial (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 6.1.3 CORRENTE PULSADA A corrente pulsada (corrente pulsada ou interrompida) é definida como fluxo uni ou bidirecional de partículas carregadas, que periodicamente param por um período de tempo finito. Uma descrição desse tipo de corrente pode não ser encontrada em livros de física básica, mas o termo é importante, porque descreve a forma de corrente mais comumente usada em aplicações clínicas de estimulação elétrica. Os físicos e os engenheiros podem referir-se à corrente pulsada como CC interrompida ou CA interrompida. A corrente pulsada é caracterizada pelo aspecto de uma unidade elementar desse tipo de corrente chamado pulso. Um pulso único é definido como um evento elétrico isolado separado por um tempo finito do próximo evento. Isto é, um pulso único representa um período finito de movimento de partícula carregada (GUSSOW, 1985; GUTMAN, 1980; MILLMAN; TAUB, 1965). 25 Se uma voltagem fixa for aplicada a um circuito elétrico de resistência simples, como mostra na Figura 5 (pg.19), uma corrente unidirecional será induzida no condutor. Se o circuito for periodicamente interrompido abrindo e fechando um interruptor no circuito, o movimento de elétrons produzido irá começar e parar em sincronia com o fechamento e a abertura do interruptor. A corrente produzida é intermitente e somente em uma direção e é referida como pulsada monofásica. De maneira semelhante, se uma voltagem alternada for aplicada a um circuito elétrico simples, como mostrado na Figura 6 (pg.20), e o circuito for interrompido no término de cada ciclo de voltagem alternada, os elétrons nos condutores irão mover-se brevemente para trás e para frente, parar e depois começar a oscilar novamente. A corrente produzida é intermitente e o movimento da partícula carregada é bidirecional. Tal corrente é chamada de corrente pulsada bifásica. As mudanças na amplitude das correntes pulsadas bifásicas para cada pulso são determinadas pelas mudanças na amplitude da voltagem aplicada (GUTMAN, 1980; LIBERSON, 1970; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 6.2 CARACTERÍSTICAS DESCRITIVAS DAS FORMAS DE ONDA DA CORRENTE PULSADA OU ALTERNADA As características qualitativas e quantitativas dos pulsos de corrente (ou um único ciclo de CA) são mais facilmente compreendidas, examinando-se graficamente as mudanças de amplitude de corrente que ocorrem durante o tempo. A forma da apresentação visual de um pulso único, ou ciclo de CA em um diagrama de corrente versus tempo (ou voltagem versus tempo) é chamado de forma de onda. Um grande número de tipos de formas de onda de corrente pulsada ou CA pode ser gerado nos condutores. Alguns exemplos de formas de ondas produzidas por estimuladores elétricos clínicos disponíveis comercialmente são ilustrados nas Figuras 3 e 4. Um pulso único ou ciclo de CA pode ser evidenciado por suas características dependentes da amplitude e do tempo, assim como várias outras características descritivas (tabela-1.) (LOW; REED, 2001; STILLWELL, 1984; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 26 Tabela-1. Características descritivas de formas de onda de corrente pulsada ou alternada. Característica Designação comum Número de fases Monofásica Bifásica Trifásica Polifásica Simetria de fases Simétrica Assimétrica Equilíbrio da carga de fase Equilibrada Desequilibrada Forma de onda ou forma da fase Retangular Quadrada Triangular Dente de serra Sinusoidal Exponencial Fonte: Robinson, Snyder-Mackler, (2001) 6.2.1 NÚMERO DE FASE EM UMA FORMA DE ONDA O termo fase refere-se ao fluxo de corrente unidirecional em um diagrama corrente/tempo. Um pulso que se afasta da linha de corrente zero (linha base) em apenas uma direção, como aquela mostrada na figura 10A, é chamada de 27 monofásico. Tal pulso pode ser produzido pela interrupção intermitente de uma fonte de voltagem constante aplicada a um condutor. Em um pulso monofásico, as partículas carregadas no meio condutor movem-se brevemente em uma direção, de acordo com sua carga, depois param. Um pulso que se afasta da linha base primeiro em uma direção e depois na direção oposta é chamado bifásico, figura10A. Este tipo de pulso pode ser produzido pela interrupção intermitente de uma fonte de voltagem alternada, aplicada a um circuito elétrico. Em um pulso bifásico, as partículas carregadas movem-se primeiro em uma direção e depois se movem para trás na direção oposta (KASATKIN; PEREKALIN, 1960). Figura 10 Características de forma de onda de corrente pulsada e alternada. (ROBINSON, SNYDER- MACKLER, 2001). 28 Formas de onda com três fases são chamadas trifásicas, e aquelas com mais de três, polifásicas. Algumas formas de onda produzida comercialmente, que foram referidas por outros autores como polifásicas, podem de fato ser uma série ininterrupta de formas de onda bifásicas, quando reduzidas ao evento elétrico comum ou mais simples (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001, NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; SCOTT, 1972). 6.2.2 SIMETRIA NAS FORMAS DE ONDA BIFÁSICAS Para pulsos bifásicos ou ciclos de CA, a maneira na qual a cargas se move para trás e para frente pode ou não ser a mesma. Se a maneira na qual, a amplitude de corrente varia durante o tempo para a primeira fase de uma forma de onda bifásica, é idêntica em natureza, mas oposta na direção daquela da segunda fase, a forma de onda bifásica é descrita como simétrica. Figura 10B. Isto é, uma forma de onda é descrita como simétrica se a primeira fase é a imagem de espelho da segunda fase, de um pulso bifásico ou ciclo único de CA. Por outro lado, uma forma de onda é referida como assimétrica, se a maneira na qual a amplitude de corrente varia na primeira fase de um pulso bifásico, não é a imagem de espelho da segunda fase. Figura10B. Para formas de onda bifásicas simétricas, a quantidade total de corrente para uma fase é igual ao valor absoluto da corrente total que flui na segunda fase. Essa condição pode ou não ser verdadeira para formas de onda bifásicas assimétricas. Se para uma forma de onda bifásica assimétrica o tempo integral para a corrente na primeira fase não for igual, em magnitudeao tempo integral na segunda fase, então a forma de onda é chamada de desequilibrada. Dito de forma mais simples, se a área sob a primeira fase de uma forma de onda bifásica não é a mesma que a área sob a segunda fase, a forma de onda é chamada desequilibrada. Se a área sob a primeira fase de uma forma de onda bifásica for igual à área sob a segunda fase, a forma de onda é descrita como equilibrada. Exemplos de formas de ondas bifásicas equilibradas e desequilibradas são mostrados na figura 10C. A partir de uma perspectiva clínica, o uso de formas de onda desequilibradas pode resultar em 29 diferenças notáveis na sensação de estimulação sob eletrodos de superfície (HAAR, 2003; ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 6.2.3 FORMA DE ONDA Uma abordagem descritiva muito comum para a caracterização de formas de ondas pulsadas e CA é o uso de termos para indicar a forma geométrica das fases do pulso, ou do ciclo como elas aparecem no gráfico da corrente (ou voltagem), versus tempo. Designação de formas freqüentemente encontradas na literatura profissional e comercial inclui retangular, quadrada, triangular, dente de serra e pontiaguda. Alternativamente, as formas podem ser baseadas na função matemática que daria origem a um gráfico (ou parte de um gráfico) de forma similar. Dois exemplos de tais designações são formas de onda baseadas em mudanças sinusoidal ou exponencial na corrente (ou voltagem) durante o tempo. A figura 10D ilustra várias formas de onda comuns (MILLMAN; TAUB, 1965; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 6.2.4 TERMOS QUALITATIVOS PARA DESCREVER CORRENTES PULSADAS OU ALTERNADAS Os termos descritivos definidos anteriormente neste capítulo, são de valor limitado, a menos que um sistema seja desenvolvido para ligar esses termos de uma maneira consistente. A figura 11 mostra um gráfico organizacional, que pode ser usado para nomear descrições qualitativas para formas de onda de corrente pulsada ou CA. A partir do exame das formas de onda, primeiro determina-se que tipo de corrente é mostrada. Depois, o número de fases da forma de onda é determinado, seguindo pela simetria e pelo equilíbrio de carga para formas de onda bifásicas. Finalmente, uma designação de forma pode ser nomeada para todo pulso ou muitas vezes para a primeira fase de pulsos bifásicos. 30 Figura 11 Diagrama do sistema para combinar designações de corrente descritivas na nomeação de formas de ondas de correntes alternadas ou pulsadas (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). A nomeação da forma de onda de corrente então se origina da esquerda para a direita, ao longo do gráfico. A Figura12 mostra várias formas de onda de correntes e indica a descrição qualitativa dessas correntes usando o sistema mostrado na Figura11. Observe que esse sistema proposto para nomear correntes eletroterapêuticas pode não ser suficiente para descrever todos os tipos de correntes possíveis, mas permite que os fisioterapeutas e outros profissionais descrevam consistentemente a maioria das correntes usadas na prática contemporânea. 31 Figura 12 Representação gráfica de várias formas comuns de corrente de pulso classificado com designações “descritivas” apropriadas. As formas de onda representadas em (B) e (D) foram anteriormente chamadas galvânica de pulso de alta voltagem e farádica, respectivamente (ROBINSON, SNYDER- MACKLER, 2001). 6.3 CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CORRENTES PULSADAS E ALTERNADAS As formas de onda de corrente pulsada ou CA podem ser caracterizadas quantitativamente por suas características dependentes da amplitude e do tempo (Tabela 2). A amplitude é uma medida da magnitude de corrente, com referência à linha base de corrente zero em qualquer momento no tempo em um gráfico de 32 corrente versus tempo. Alternativamente, a amplitude pode ser uma medida da força motriz, (voltagem) aplicada para induzir uma corrente quando uma forma de onda é traçada como um gráfico de voltagem versus tempo Figura 13. As propriedades dependentes de amplitude dos pulsos de corrente (ou pulsos de voltagem) podem ser caracterizadas pela medida do seguinte (ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990). Tabela 2 - Características quantitativas de correntes pulsadas e alternadas. Características Dependentes da Amplitude Características Dependentes do Tempo Características Dependentes da Amplitude e do Tempo Amplitude máxima Duração de fase Carga de fase Amplitude entre picos Duração de pulso Carga de pulso Amplitude eficaz Tempo de transição Amplitude média Tempo de extinção Intervalo interpulso Período Freqüência Fonte: Robinson, Snyder-Mackler, (2001) e ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, (1990). Amplitude Máxima: a corrente (voltagem) máxima alcançada em um pulso monofásico ou para cada fase em um pulso bifásico. Amplitude entre picos: a corrente (voltagem) máxima medida do pico da primeira fase até o pico da segunda fase de um pulso bifásico. 33 Figura13 Forma de onda CA sinusoidal e suas características dependentes da amplitude. As amplitudes podem ser expressas como amplitudes máximas para cada fase ou amplitude de pulso entre picos (A). Alternativamente, amplitudes eficazes (RMS) ou médias podem ser usadas para descrever a magnitude de correntes ou voltagens (B) (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). Desses dois métodos de medir amplitude de corrente (voltagem), a amplitude máxima de cada fase é recomendada. Outras maneiras para descrever amplitude de corrente, tal como amplitude eficaz (RMS ou eficaz) ou corrente média por unidade de tempo, depende da forma de onda particular examinada (LANGFORD-SMITH, 1953). Por exemplo, o valor da amplitude eficaz, para uma forma de onda sinusoidal pura equivale aproximadamente a 70% do valor da amplitude máxima, enquanto que, a corrente média para a mesma forma de onda é de aproximadamente 64% do valor máximo. Ilustrações dessas medidas de amplitude de corrente são dadas na Figura13. As medidas de corrente média e de corrente eficaz em conta a forma do pulso, podem refletir mais precisamente, a força estimulante da forma de onda, que as medidas de amplitude máximas. A amplitude das correntes aplicadas usando estimuladores é às vezes referida como a intensidade de estimulação. Portanto, os controles nos geradores clínicos que regulam a amplitude de corrente induzida (voltagem) são freqüentemente rotulados de ¨intensidade¨. Já que o termo intensidade é também freqüentemente usado para descrever carga de pulso, é recomendado que ele não seja usado de modo algum para descrever, características de amplitude de forma de onda de corrente pulsada ou CA. 34 Uma variedade de características, dependentes do tempo é usada para quantificar o pulso de corrente com mostra a Figura 14. As características de correntes pulsadas dependentes do tempo incluem o seguinte: Duração da fase: o tempo decorrido entre o início e o término de uma fase. Duração do pulso: o tempo decorrido entre o início e o término de todas as fases em um pulso único; em estimuladores clínicos a duração de pulso é muitas vezes incorretamente classificada de ¨largura do pulso¨. Período: o tempo decorrido de um ponto de referência em uma forma de onda de pulso ou ciclo de CA, até o pontoidêntico no próximo pulso sucessivo, a recíproca de freqüência (Período=1/f). Para corrente pulsada o período é igual à duração do pulso mais o intervalo interpulso. Intervalo interfase: o tempo decorrido entre duas fases sucessivas de um pulso, também conhecido como o intervalo intrapulso. Tempo de transição: o tempo para a borda de entrada de a fase aumentar na amplitude, a partir da linha base de corrente zero até a amplitude máxima de uma fase. Tempo de extinção: o tempo para o bordo de fuga, para fase retornar à linha base de corrente zero, a partir da amplitude máxima da fase. Essas características de pulso dependentes do tempo são geralmente expressas em microssegundo (mseg, ms, 10¯6 s, milionésimos de um segundo), ou milissegundos (mseg, ms, 10¯3 s, miléssimos de um segundo), quando se tratar de aplicações de correntes pulsáteis na eletroterapia clínica. Uma das características quantitativas de pulsos mais importantes do ponto de vista fisiológico é a carga carregada por um pulso individual, ou fase de um pulso. A carga de fase é definida como o tempo integral de corrente para uma fase única. Isto é, a carga de fase é representada pela área sob uma forma de onda de fase única. Figura 14. Como tal, a carga de fase é determinada pela amplitude da fase e pela duração da fase. A magnitude da carga de fase fornecerá uma indicação da influência relativa que um pulso e terá produzido mudanças nos sistemas biológicos. A carga de pulso de um pulso único é o tempo integral para a forma de onda de corrente sobre todo o pulso (Figura 14). Para um pulso bifásico típico, a carga de pulso é a soma da área sob cada fase. Para formas de ondas monofásicas, 35 a carga de pulso e a carga de fase são iguais. As cargas de fase e as de pulso são expressas em coulombs, e as cargas de pulsos comumente encontradas nas estimulações elétricas é denominada de microcoulomb (mC, 10¯6, milionésimos de um Coulomb) ( MILLMAN; TAUB; 1965; ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). Figura 14 Características dependentes do tempo das formas de ondas pulsada ou alternada. (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). 6.3.1 CARACTERÍSTICAS DE UMA SÉRIE DE PULSOS Além daqueles termos usados para quantificar as características de pulsos individuais, vários termos importantes são usados para descrever uma série de pulsos, a maneira usual na qual as correntes elétricas são induzidas nos tecidos biológicos para seus efeitos terapêuticos. Entre esses termos estão os dois a seguir. 36 Intervalo interpulso: o tempo entre o término de um pulso e o início do próximo pulso em uma série; tempo entre pulsos sucessivos, Figura 14. Freqüência(f): o número de pulsos por unidade de tempo para corrente pulsada expressa como pulsos por segundo (pps), o número de ciclos de CA por segundo expresso em ciclos por segundo (cps) ou Hertz (Hz), muitas vezes em estimuladores clínicos a freqüência do controle de estimulação é classificada de “variação”. Já que a voltagem e a corrente são diretamente proporcionais, muitos dos termos usados para descrever as características das correntes dependentes da amplitude e do tempo, também podem ser usados para descrever as características do pulso de voltagem que induzem essas formas de onda de corrente (KAHN, 1994; NELSON; HAYES; CURRIER, 2003, ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001; SCOTT, 1972). 6.3.2 MODULAÇÃO DE CORRENTE 6.3.2.1 MODULAÇÃO DE AMPLITUDE E DE DURAÇÃO No uso de estimulação elétrica para tratamento de distúrbios neuro-muscular, as características das correntes relacionadas com a amplitude e com o tempo são muitas vezes variadas de uma maneira determinada. As mudanças nas características da corrente podem ser seqüenciais, intermitentes ou variáveis em natureza e são referidas como modulações. Várias das características quantitativas da corrente pulsada e da CA são moduladas em aplicações clínicas selecionadas. Variações na amplitude máxima de uma série de pulsos são chamadas modulações de amplitude Figura 15A. Mudanças regulares no tempo sobre o qual, cada pulso em uma série se altera, são referidas como modulações de duração pulso ou da fase Figura 15B. As modulações de freqüência consistem de variações cíclicas, no número de pulsos aplicados por unidade de tempo Figura15C. Modulações na amplitude, na duração do pulso ou na freqüência também podem ser fornecidas aleatoriamente. Uma outra modulação encontrada mais freqüentemente na estimulação elétrica clínica é a modulação de rampa (oscilação). As modulações de rampa são caracterizadas, por aumento (rampa de subida) ou diminuição (rampa de descida) da amplitude de pulso, da 37 duração do pulso, ou ambos, durante o tempo. No passado, as modulações de rampa eram referidas como tempo de transição e tempo de queda. Contudo, esses dois termos são usados hoje para descrever características de pulso único, não as variações nas características de uma série de pulsos. (GRACANIN, 1984; ROBINSON, SNYDER- MACKLER, 2001; ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990). Figura 15 Exemplo de modulações automáticas de características de estimulação: (A) Modulação de amplitude. (B) Modulação de duração do pulso. (C) Modulação de freqüência (ROBINSON, SNYDER-MACKLER, 2001). 6.4 CORRENTE EXCITOMOTORA A eletroterapia excitomotora usada para melhorar o desempenho muscular, teve uma grande evolução nos últimos 20 anos. Antes disto a estimulação elétrica era usada apenas para estimular eletricamente atrofia por denervação dos músculos esqueléticos, sendo necessário o uso de correntes específicas para músculos denervado. 38 Durante este período houve uma grande proliferação de equipamentos, com uma gama de características de correntes de estimulação. Com isto, os equipamentos que realizavam tratamentos padronizados estão desatualizados. Atualmente, os equipamentos proporcionam ao terapeuta, a opção de programar as formas de onda de corrente mais adequada para produzir os efeitos tissulares associados às respostas desejadas. Conhecendo as características das respostas celulares dos nervos e dos músculos a um impulso elétrico e os princípios da função neurofisiológica, o terapeuta pode utilizar-se de um processo sistêmico de escolha das melhores características de estimulação para alcançar a resposta desejada. (GRACANIN, 1984; KAHN, 1994; LONGO; FUIRINI, 2001). 6.4.1 FORMA DE ONDA PARA ESTIMULAÇÃO NEURO-MUSCULAR Existe uma grande variedade de correntes excitomotoras, com diferenças pequenas em suas forma de ondas, o que oferece ao terapeuta uma grande variedade de escolha ao selecionar as características de estímulo mais adequadas, para a obtenção das respostas terapêuticas desejadas. Com a escolha das opções que as correntes oferecem, terapeuta pode teoricamente aumentar a efetividade por meio do ajuste das características da corrente de estimulação e, desse modo, otimizar o resultado terapêutico e garantir o conforto e a satisfação do paciente (ELECTROTHERAPY STANDARDS COMMITTEE, 1990; LOW; REED, 2001, NELSON; HAYES; CURRIER, 2003). 6.4.2 REDUZIR A DEBILIDADE DA FORÇA MUSCULAR O aumento da força muscular é conseguido mais facilmente, por meio de contrações musculares tetânicas intensas. A força de contração muscular é produzida com o número máximo de unidades motoras respondendo e disparando na maior taxa de ativação possível.(TRIMBLE; et. al 1991, PECKHAM; KNUTSON, 2004) Uma forma de onda, com uma
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