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Microbiota vaginal, imunidade, COP.

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1 Tutoria III – M1 P2 Gabriella Almeida XXIV 
PROBLEMA 2 “SINAL DE COISA RUIM” 
Josilete também aguarda uma consulta na unidade básica da estratégia de saúde da família para sua mocinha, Josilene, 
que está preocupada e não sabe se terá que fazer algum exame e como será. Josilene tem 12 anos e está apresentando 
“corrimento” vaginal, esbranquiçado, em pequena quantidade, há uma semana. Segundo a mãe, a adolescente ainda 
não menstruou. Nunca ficou doente, não bebe, não fuma e não usa nenhum medicamento. Questionada sobre a 
atividade sexual, informa que nem namorado a menina tem. Josilete está muito preocupada, pois ouviu de suas 
vizinhas que isto pode ser sinal de “doença ruim”. A médica realizou um exame ginecológico para avaliar o corrimento 
e tranquilizou Josilete explicando que se trata de uma situação normal. 
 
Objetivos: 
1. Caracterizar a microbiota vaginal e os fatores que podem alterá-la; 
2. Compreender a imunidade da vagina; 
3. Explicar o exame colpocitológico; 
4. Diferenciar a microbiota vaginal nas diversas faixas etárias. 
 
1. CARACTERIZAR A MICROBIOTA VAGINAL E OS FATORES QUE PODEM ALTERÁ-LA 
(Artigo de revisão: Novos Conhecimentos sobre a Flora Bacteriana Vaginal // Ginecologia de Willians) 
 O trato genital feminino é constituído por uma sucessão de cavidades que se comunicam com o exterior 
através da fenda vulvas, isso permite a saída do fluxo menstrual e a passagem do feto, assim como possibilita 
o coito e a entrada de microrganismos patogênicos. 
 A microflora vaginal é um dos mecanismos de defesa da função reprodutora que mantém o meio saudável e 
impede a proliferação de microrganismos estranhos. 
 Lactobacillus são constituintes da microbiota saudável. 
 A microbiota de uma mulher normal, em idade reprodutiva, assintomática, inclui várias espécies aeróbicas ou 
facultativas, bem como espécies anaeróbicas obrigatórias. A anaeróbicas predominam. 
 
 Bactérias produtoras de ácido lático: 
o Em mulheres cuja flora é dominada por Lactobacillus, as espécies mais frequentes detectadas através da 
amplificação gênica são L. crispatus e L. inners ou L. crispatus e L. gasseri. Outras espécies como l. jensinii, 
L. gallinarum e L. vaginallis também têm sido identificadas em algumas mulheres. Sendo as dominantes: 
L. cristapus, L. gasseri e L. jensinii. 
o No estudo verificou-se que em algumas mulheres o ecossistema normal é mantido na ausência de 
Lactobacillus, sendo que em uma mulher, o Atopobium vaginae estava presente como microrganismo 
dominante da microbiota, e em outras duas mulheres, as bactérias Atopobium, Megasphaera e 
Leptotrichia eram todas produtoras ácido lático, de maneira semelhante ao Lactobacillus. 
o Isso significa que o ambiente ácido da vagina, importante mecanismo de defesa contra os patógenos, pode 
ser mantido por outras bactérias além dos Lactobacillus. 
o A detecção de odor vaginal em mulheres que não possuem microbiota vaginal dominada por Lactobacillus 
não é conclusiva o diagnóstico de entidades patológicas como a vaginose bacteriana, já que bactérias 
como Megaesphaera e Laptotrichia são também capazes de produzir metabólitos com odor desagradável. 
 
 Biofilmes 
o São formados por colônias de microrganismos que aderem entre si e recobrem uma superfície sólida. 
o São mais comuns em mulheres com vaginose bacteriana, onde espécies de Gardnerella vaginallis e 
Atopobium predominam. 
 
 
 
2 Tutoria III – M1 P2 Gabriella Almeida XXIV 
 Raça/Etnicidade 
o Espécies de Lactobacillus produtoras de peróxido de hidrogênio parecem ser menos frequentes em 
mulheres negras. 
 Flutuações na microbiota vaginal (Fatores que podem alterar a microbiota vaginal) 
o A composição da microbiota vaginal sofre variações em resposta a fatores exógenos e endógenos, como: 
▪ As diferentes fases do ciclo menstrual; 
▪ Gestação; 
▪ Uso de contraceptivos; 
▪ Frequência do ato sexual; 
▪ Uso de duchas ou produtos desodorantes; 
▪ Utilização de antibióticos e outras medicações com propriedades imunossupressivas. 
o As alterações que ocorrem no meio vaginal podem ter vantagens ou desvantagens para microrganismos 
específicos. Por exemplo, estudos relacionaram a perda de Lactobacillus às relações sexuais ou ao uso de 
antibióticos. No entanto, outro estudo demonstrou que o coito sem uso de preservativos não teve efeito 
sobre o Lactobacillus, mas elevou os níveis de Escherichia coli e bacilos gram-negativos facultativos. 
o No ciclo menstrual, as variações hormonais interferem no substrato de diferentes microrganismos, além 
da mudança no pH vaginal devido à presença do sangue menstrual. 
▪ Os níveis de Lactobacillus permanecem constantes, e os não-Lactobacillus aumentam durante a 
fase proliferativa e as concentrações de Candida albicans aumentam no período pré-menstrual. 
o Os antibióticos podem alterar a microbiota. 
o A cândida albicans é tolerante ao meio ácido, sendo encontrada em aproximadamente 10% a 20% das 
mulheres em idade reprodutiva. 
▪ Sua concentração é baixa, portanto a mulher portadora é assintomática. No entanto, um estado 
de imunossupressão local pode possibilitar a proliferação do microrganismo facilitando sua 
transformação para a forma de hifas, mais invasivas, que causam o aparecimento de vaginite 
sintomática. 
o A produção de ácido lático parece ser essencial para a manutenção de um ecossistema saudável, 
independente das espécies bacterianas que possam estar presentes na vagina. 
o O pH ácido previne a proliferação excessiva de microrganismos que podem ser patogênicos. 
o A predominância de Lactobacillus é benéfica para o hospedeiro (podem produzir peróxido de hidrogênio 
e bacteriocinas, que dificultam a proliferação de outros microrganismos). 
 
 Polimorfismos Genéticos: São pequenas mudanças na sequência de DNA de um gene, que ocorre em 
indivíduos saudáveis. 
o Podem ser alteração em um único par de bases ou variação no comprimento de uma sequência repetitiva 
de DNA. 
o Pode ocorrer na região promotora do gene (parte do gene que não é transcrito em proteína, mas influencia 
na taxa de transcrição) ou na região codificadora do gene (região que influencia a composição final da 
proteína, determinando a substituição de um a.a. por outro). Essas mudanças podem alterar a 
conformação da composição ou atividade da proteína. 
 
(Ginecologia de Willians) 
pH vaginal 
 Varia entre 4 e 4,5. 
 Acredita-se que tal pH resulte da produção de ácido lático, ácidos graxos e outros ácidos orgânicos por 
espécies de Lactobacillus. 
 O glicogênio presente na mucosa vaginal saudável fornece nutrientes para muitas espécies no ecossistema 
vaginal e é metabolizado produzindo ácido lático. Ou seja, à medida que o conteúdo de glicogênio dentro das 
células epiteliais vaginais diminui após a menopausa, essa redução do substrato para a produção de ácido leva 
à elevação do pH vaginal. 
 
3 Tutoria III – M1 P2 Gabriella Almeida XXIV 
 O pH vaginal de 6 a 7,5 é bastante sugestivo de menopausa. Além disso, níveis séricos do hormônio folículo-
estimulante e do pH vaginal mostraram-se diretamente relacionados. Contudo, observou-se a relação 
inversamente proporcional entre pH e FSH e níveis séricos de estradiol. 
Flora alterada 
A alteração em qualquer elemento dessa ecologia pode modificar a prevalência de várias espécies. Por exemplo, 
meninas jovens e mulheres pós-menopáusicas que não fazem reposição de estrogênio apresentam menor prevalência 
de espécies de Lactobacillus comparadas com mulheres em idade reprodutiva. Devillard e colaboradores (2004) 
relataram que a terapia com reposição hormonal restaurou as populações de lactobacilos vaginais, que têm efeito 
protetivo contra os patógenos do trato reprodutivo. Há outros eventos que previsivelmente alteram a flora do trato 
reprodutivo e podem induzir infecção na paciente. Com o ciclo menstrual, observam-se alterações transitórias na flora. 
Tais alterações são observadaspredominantemente nos primeiros dias do ciclo menstrual, e presume-se que estejam 
associadas a alterações hormonais (Keane, 1997). O fluxo menstrual também pode servir como fonte de nutrientes 
para várias espécies de bactérias, resultando em aumento do seu crescimento. O papel que esse fato desempenha no 
desenvolvimento de infecção no trato reprodutivo superior após a menstruação é obscuro, mas é possível que haja 
associação. Por exemplo, pacientes sintomáticas com infecção gonocócica aguda do trato reprodutivo superior 
normalmente estão menstruadas ou acabaram de terminar a menstruação. O papel exato desta sequência ou da 
abertura do canal cervical não foi esclarecido. Finalmente, o tratamento com antibióticos de amplo espectro pode 
produzir sintomas atribuídos à infecção por Candida albicans ou outras espécies de Candida ao eliminar outras 
espécies competitivas da flora. A histerectomia com remoção do colo uterino altera a flora do trato reprodutivo 
inferior, com ou sem administração profilática de antimicrobianos. Em geral, mais espécies anaeróbias são 
identificadas na vagina no período pós-operatório, com aumento particular na prevalência de bacteroides fragilis. 
Entre as aeróbias, observa-se aumento da prevalência de Escherichia coli e Enterococcus. Essas três espécies são 
constantemente encontradas em culturas obtidas de mulheres que desenvolveram infecções pélvicas após 
histerectomia. Entretanto, aumentos similares também são encontrados nas culturas vaginais obtidas após 
histerectomia em pacientes assintomáticas. 
 
2. COMPREENDER A IMUNIDADE DA VAGINA 
(Imunologia Celular e Molecular – Abbas) 
 A defesa imune inata contra invasão e infecção microbianas na mucosa da vagina recai principalmente sobre 
o revestimento epitelial, assim como em outras barreiras mucosas. 
 O epitélio escamoso estratificado reveste a mucosa vaginal e uma única camada de epitélio colunar secretor 
de muco reveste o trato genital feminino superior. 
 O epitélio vaginal contém células de Langerhans, e abaixo do epitélio vaginal, endocérvice e uretra há uma 
variedade de DC e macrófagos. 
 Células B e T também residem na mucosa genital. 
 Diferenças no fenótipo das DCs e dos macrófagos na mucosa genital feminina em relação ao trato 
gastrointestinal podem ser a base para a maior susceptibilidade à infecção de HIV. 
 Diferentemente de outras mucosas, nas quais a IgA é o isótipo de anticorpo dominante, a maior parte dos 
anticorpos nas secreções genitais é constituída de IgG, e cerca de metade disso é produzida pelos plasmócitos 
na mucosa do trato genital; o restante provém da circulação. 
 
(Artigo de revisão: Novos Conhecimentos sobre a Flora Bacteriana Vaginal) 
 Imunidade Vaginal 
o Componentes da Imunidade Inata e Imunidade Adquirida. 
o Os fatores da imunidade inata que atuam na vagina são representados por: 
▪ Fatores solúveis: lectina ligadora de manose (MBL), componentes do complemento, 
defensinas, inibidor de protease secretória dos leucócitos (SLPI), óxido nítrico; 
 
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▪ Componentes associados a membranas TLR (Toll-like receptors); 
▪ Células fagocitárias. 
o Citocinas pró-inflamatórias são liberadas após o reconhecimento de um PAMP (Padrão Molecular 
Associado a Patógeno), e ativam o sistema imune adquirido, ou seja, ativação de linfócitos T e B. 
o Os linfócitos T e B, ao serem ativados iniciam a imunidade mediada por células e a imunidade humoral. 
o A camada de células epiteliais da vagina é o ponto inicial de contato entre os microrganismos e o trato 
genital. Essas células epiteliais possem TLR em sua superfície e são importantes componentes da 
imunidade vaginal inata. 
o TLR1 e TLR2 reconhecem lipoproteínas e peptídeoglicanos presentes nas superfícies de bactérias 
gram-positivas. 
o TLR3 é específico para a dupla cadeia de DNA, que é um intermediário no ciclo de replicação de muitos 
vírus. 
o TLR-4 reconhece o lipopolissacarídeo componente da parede de bactérias gram-negativas. 
o TLR-5 reage com flagelinas, componentes dos flagelos bacterianos. 
o TLR-9 tem capacidade de distinguir as sequências de DNA que contém o dinucleotídeo CpG no estado 
não metilado (em humanos a sequência de DNA é altamente metilada, mas o TLR9 reage apenas com 
CpG de bactérias, que é não-metilado). 
o Moléculas com potente atividade antimicrobiana não específica como as Defensinas, incluem 
peptídeos carregados positivamente, que se ligam com rapidez a superfícies bacterianas com cargas 
negativas, resultando na disruptura membranar do microrganismo e lise celular. 
o Defensinas HBD-1 e HBD-2 são produzidas pelas células epiteliais vaginais. Em mulheres com 
infecções, a produção de HBD-2 é estimulada pelos estrogênios e inibida pela progesterona. Ou seja, 
o uso de contraceptivos orais pode diminuir a liberação de HBD-2, aumentando a susceptibilidade às 
infecções. 
o SLPI (Inibidor da protease secretória de leucócitos) representa outra classe de moléculas que possui a 
capacidade de inibir enzimas que degradam proteínas (proteases), destruindo bactérias gram-
positivas e gram-negativas e bloqueando a ação do vírus da imunodeficiência humana. A produção de 
SLPI também ocorre na tuba uterina. Os níveis vaginais dessa proteínas encontram-se diminuídos em 
mulheres com vaginose bacteriana, sugerindo que o SLPI, como componente do sistema imune inato, 
teria papel importante na manutenção da homeostase vaginal. 
o A MBL (Lectina ligadora de manose) é uma proteína anti-microbiana presente na circulação e na 
secreção vaginal, reconhece e liga-se a resíduos de manose, N-acetilglicosamina e fucosa presentes 
nas superfícies dos microrganismos. Essa ligação induz a ativação do sistema de complemento, 
fazendo com que ocorra a lise direta das bactérias sensíveis ou a sua opsonização. Mulheres com 
deficiência na MBL devido a um polimorfismo na região codificadora do gene que regula a produção 
dessa proteína são mais susceptíveis a infecções recorrentes por Candida albicans. 
o A proteína de choque térmico (“heat shock proteins”) HSP-70kDa (hsp70) é umas das proteínas 
antimicrobianas presentes na vagina. Sua síntese é intensamente estimulada em resposta à 
inflamação e infecção, podendo localizar-se extra e/ou intracelularmente. 
▪ A hsp70 intracelular liga-se a outras proteínas (que estão sob condições adversas) e evita a 
degradação delas. 
▪ A hsp70 extracelular liga-se aos “toll like receptors” estimulando a resposta imune aos 
patógenos. 
▪ Pode induzir a liberação de ácido nítrico na vagina, que possui atividade antimicrobiana. 
o Além do SLPI outros componentes do sistema imune inato que protegem contra as infecções por 
retrovírus, particularmente o HIV, têm sido caracterizados no trato genital feminino. A quemoquina 
CCL20/MIP3 alfa é produzida pelas células uterinas e tubárias; estudos in vitro com culturas de células 
demonstraram aumento da produção dessa proteína após estimulação com cadeia dupla de DNA 
sintético homólogo à cadeia de RNA viral. 
o Anticorpos com capacidade de reconhecer e ligar-se a antígenos microbianos específicos encontram-
se na vagina por meio de transudação da circulação sistêmica; após a ligação ocorre a morte 
microbiana, por mecanismo complemento-dependente ou por opsonização. Além disso, um 
 
5 Tutoria III – M1 P2 Gabriella Almeida XXIV 
componente do sistema imune das mucosas localiza-se no trato reprodutivo. Assim, linfócitos B 
produtores de anticorpos estão presentes na endocérvice e na vagina, produzindo localmente ambas 
as classes de anticorpos, IgG e IgA. A elaboração local de anticorpos representa um rápido mecanismo 
para o combate aos microrganismos patogênicos, sem a necessidade de aguardar pelo início da 
resposta imune sistêmica. Os anticorpos formados localmente e presentes na vagina provavelmente 
diferem dos sistêmicos; além disso, é possível identificar anticorpos na secreçãocérvicovaginal que 
não são detectáveis no sangue periférico. 
 
(Ginecologia de Willians) 
Flora vaginal normal 
 No ecossistema vaginal, alguns microrganismos produzem 
substâncias, como o ácido láctico e o peróxido de hidrogênio, que 
inibem os organismos não nativos. 
 Para a proteção contra muitas substâncias tóxicas, a vagina secreta 
o inibidor de protease dos leucócitos (SLPI). Essa proteína protege os 
tecidos locais contra produtos inflamatórios tóxicos e infecções. 
 
 
 
3. EXPLICAR O EXAME COLPOCITOLÓGICO 
(Descritores em Ciências da Saúde – DeCS) 
Teste de Papanicolaou – Preparação citológica de células coletadas da 
superfície de uma mucosa e coradas com coloração de Papanicolaou. 
(Ginecologia – Willians) 
Exame Ginecológico Pediátrico (Não é colpocitológico) 
 O exame anual de rotina de uma menina em geral inclui exame breve das mamas e da genitália externa. 
 Em caso de anormalidades congênitas visíveis externamente, como hímen imperfurado, a identificação é 
possível durante esse exame. Ou em caso de o responsável ou a menina tiverem uma queixa específica o 
exame ginecológico será direcionado para a área de preocupação. 
 É importante a presença dos pais ou responsáveis para que a menina compreenda que o exame está 
autorizado, desde que ela assim prefira. 
 Com a criança bem-posicionada, os grandes lábios são gentilmente afastados, mantidos com o indicados e o 
dedo médio e puxados para fora e para trás. Dessa maneira, o introito, o hímen e a porção inferior da vagina 
podem ser examinados. 
 O exame interno só é necessário se houver suspeita de corpo estranho, tumor ou sangramento vaginal e é 
mais bem efetuado sob anestesia geral em um centro de atendimento ambulatorial. 
 
Exame Pélvico 
 Exame realizado com a paciente em posição supina, com as pernas na posição de litotomia dorsal e os pés 
apoiados nos estribos. A cabeceira da cama é elevada em 30°, relaxando os músculos da parede abdominal 
para exame bimanual. A paciente deve estar ciente de que poderá interromper ou pedir uma pausa no exame 
a qualquer momento. Além disso, cada etapa da avaliação deve ser informada ou descrita antes da sua 
realização. 
 
6 Tutoria III – M1 P2 Gabriella Almeida XXIV 
 Linfonodos inguinais e inspeção perineal: Devem ser palpados durante o exame, em seguida deve ser 
realizada inspeção metódica do períneo, desde o monte do púbis, ventralmente, e as pregas genitocrurais, 
lateralmente, até o ânus. 
 Exame ginecológico especular: Usam-se espéculos metálicos ou plásticos, cada um em seus diversos 
tamanhos para se adequarem ao comprimento e à flexibilidade da vagina. De modo geral, a vagina e o cérvice 
são examinadas após a colocação do espéculo de Graves ou de Peterson. 
 
(Tratado de Ginecologia – Berek & Novak) 
Ordem de procedimento: 
1. Inspeção da genitália externa 
a. Pequenos lábios 
b. Clitóris 
c. Orifício uretral 
d. Introito 
e. Hímen 
f. Corpo perineal 
g. Ânus 
2. Introito 
3. Vagina e Cérvice 
4. Palpação bimanual 
5. Exame retal 
 
(Papanicolau: Exame Preventivo de colo de útero) BVS MS https://bvsms.saude.gov.br/papanicolau 
 O que é? 
o Teste realizado para detectar alterações nas células do colo do útero. 
o É a principal estratégia para detectar lesões precocemente e fazer o diagnóstico da doença bem no 
início, antes que a mulher tenha sintomas. 
o Sua realização periódica permite que o diagnóstico seja feito cedo e reduza a mortalidade por câncer 
do colo do útero. 
o O exame é indolor, simples e rápido. 
 Como é feito? 
o É introduzido o espéculo na vagina; 
o O médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero; 
o A seguir o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do 
útero com uma espátula de madeira e uma escovinha; 
o As células colhidas são colocadas numa lâmina para análise em laboratório especializado em 
citopatologia. 
o Toda mulher que tem ou já teve vida sexual deve submeter-se ao exame preventivo periódico, 
especialmente as que têm entre 25 e 59 anos. Inicialmente o exame deve ser feito anualmente. Após 
dois exames seguidos (com intervalo de um ano) apresentando resultados negativos, o preventivo 
pode passar a ser feito a cada três anos. 
 Resultado: 
o Negativo: Se esse for o primeiro resultado negativo, deverá ser feito novo exame preventivo daqui a 
um ano. Se já tem um resultado negativo no ano anterior, deverá ser feito o próximo exame 
preventivo daqui a três anos; 
o Infecção pelo HPV ou lesão de baixo grau: Deve ser repetido o exame daqui a seis meses; 
o Lesão de alto grau: o médico decidirá a melhor conduta. É preciso fazer outros exames, como a 
colposcopia; 
https://bvsms.saude.gov.br/papanicolau-exame-preventivo-de-colo-de-utero/
 
7 Tutoria III – M1 P2 Gabriella Almeida XXIV 
o Amostra insatisfatória: a quantidade de material não deu para fazer o exame. É necessário repetir o 
exame logo que for possível. 
Além de servir para a detecção de lesões precursoras do câncer do colo do útero e da infecção pelo HPV, o 
Papanicolaou indica se tem alguma outra infecção que precisa ser tratada. 
 
Classificação de Papanicolaou: 
 Classe I: células normais; 
 Classe II: Células atípicas sem evidências de malignidade; 
 Classe III: Células atípicas sugestivas de malignidade; 
 Classe IV: Células muito sugestivas de malignidade; 
 Classe V: Células com evidências conclusivas de malignidade. 
 
 
4. DIFERENCIAR A MICROBIOTA VAGINAL NAS DIVERSAS FAIXAS ETÁRIAS 
Possível referência: Fundamentos de Enfermagem - Potter 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 Tutoria III – M1 P2 Gabriella Almeida XXIV 
Conclusões 
1) A flora bacteriana vaginal, associada à presença de diversos componentes da imunidade inata e adquirida, 
constituem importante mecanismo de defesa para evitar a invasão/proliferação de patógenos microbianos 
nos locais expostos ao meio ambiente externo. 
2) Os avanços nos métodos não cultiváveis de amplificação de genes para a identificação de bactérias têm 
possibilitado tentativas de caracterizar um quadro mais definitivo da composição do ecossistema vaginal. Até 
o início de tais estudos, a flora vaginal era classificada em duas categorias: “flora normal”, dominada por 
Lactobacillus e “flora anormal”, com predomínio de outras espécies bacterianas. Entretanto, as novas técnicas 
de identificação de micro-organismos têm possibilitado a compreensão de que, em algumas mulheres, uma 
flora vaginal não dominada por Lactobacillus pode ser “normal” e não necessariamente patogênica. 
3) Os avanços no estudo dos polimorfismos genéticos explicam variações no funcionamento individual na 
produção, concentração ou efetividade dos componentes do sistema imune inato. Portanto, se as 
características genéticas da mulher estudada não forem levadas em consideração, os estudos observacionais 
e ensaios clínicos realizados considerando-se uma flora vaginal específica serão de utilidade bastante limitada, 
especialmente aqueles baseados nos esfregaços com coloração pelo método de Gram ou outras 
características morfológicas. 
4) As sequências de eventos que culminam com o desenvolvimento da vaginose bacteriana, entidade 
caracterizada por profunda alteração na flora vaginal fisiológica, ainda necessitam ser determinadas. Frente 
aos novos estudos de genética bacteriana, questiona-se se todas as mulheres com diagnóstico de “vaginose 
bacteriana assintomática”, realizado apenas com base nas características morfológicas dos micro-organismos, 
são realmente portadoras de um distúrbio de flora ou se simplesmente possuem um ecossistema vaginal 
normal que não é dominado por Lactobacillus. Tal fato deve ser cuidadosamente determinado com base em 
características individuais, ao invés de meramente submeter tais mulheres a tratamentos desnecessários e 
provavelmente prejudiciais ao particular equilíbrio de sua flora vaginal.5) É fundamental que os ginecologistas e obstetras ampliem seus conhecimentos sobre a microbiota vaginal e os 
estudos imunológicos recentes, trazendo os resultados das pesquisas atuais para a sua prática. Além disso, é 
importante que técnicas laboratoriais mais avançadas ultrapassem os limites dos laboratórios de pesquisa e 
se tornem rapidamente disponíveis na prática clínica, podendo assim ser utilizadas na melhoria do 
atendimento. A utilização dos novos conhecimentos e possibilidades diagnósticas mais avançadas contribuirão 
certamente para aprimorar as práticas em saúde reprodutiva, evitando tratamentos desnecessários e 
melhorando a qualidade de vida das mulheres. 
 
ESTUDAR NOVAMENTE 
 
• Predominância anaeróbicas na microbiota normal 
• Imunidade vaginal da recém-nascida

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