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1 Tutoria III – M2 P5 Gabriella Almeida XXIV PROBLEMA 5 – “FRAQUINHA, FRAQUINHA...” Conforme a orientação, Jerusa retorna à consulta agendada. Em um mês de ajuste da dieta, Jéssica apresentou uma melhora considerável nas curvas de peso e IMC/idade, e retornou para o intervalo eutrófico. Nesta consulta, Jerusa relata estar muito preocupada com o desenvolvimento da filha, pois acredita que o mesmo está atrasado. Com sete meses de idade, Jéssica ainda não se senta sem apoio, mas rola e emite balbucios. Relata que sua mãe a orientou a não deixar Jéssica sentada para não “forçar o pescoço”. Então, mantém a criança deitada no berço, na maior parte do tempo, apesar de a criança não gostar muito. Jerusa comenta sobre a escala de Denver e quer saber a sua finalidade. Jerusa também relata que Jéssica está muito fraquinha. Solicita ao médico que prescreva uma vitamina para sua pequena, para “melhorar a imunidade”. Ao exame neurológico, Jéssica ajuda com o corpo quando é levantada pelos braços, vira a cabeça na direção de uma voz ou objeto sonoro, e reconhece quando se dirigem a ela. O pediatra tranquiliza Jerusa, em relação ao desenvolvimento neuropsicomotor de Jéssica, mas faz orientações para a estimulação motora da criança. Objetivos: 1. Conceituar desenvolvimento; 2. Descrever os marcos do desenvolvimento conforme a idade; 3. Descrever o exame neurológico; 4. Identificar os métodos de avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor; 5. Identificar os fatores de estímulos para desenvolvimento psicomotor. Referências: • Caderno de Atenção Básica, n. 11 – Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento Infantil – MS [1] • Tratado de Pediatria – Nelson 20ª edição [2] • Tratado de Pediatria – SBP 4ª edição – Vol. 1 [3] • Caderno de Atenção Básica, n. 33 – Saúde da Criança, Crescimento e Desenvolvimento – MS [4] 1. CONCEITUAR DESENVOLVIMENTO Referência [1] e [3] Desenvolvimento é o um conceito amplo que se refere a uma transformação complexa, contínua, dinâmica e progressiva, que inclui, além do crescimento, a maturação, a aprendizagem e os aspectos psicossociais. [1] O desenvolvimento humano emerge a partir da interação com os fatores ambientais, ou seja, é fundamental que ocorra uma ampla e adequada variação de estímulos e experiências, para favorecer todo o seu potencial. Do ponto de vista biológico, o sucesso do desenvolvimento depende da integridade dos vários órgãos e sistemas que concorrem para lhe condicionar, principalmente o sistema nervoso, que participa de toda ordenação funcional do indivíduo. O tecido nervoso cresce e amadurece sobretudo nos primeiros anos de vida, ou seja, nesse período é mais vulnerável aos agravos de natureza diversa e às adversidades das condições ambientais que podem ocasionar prejuízos relacionados aos processos em desenvolvimento. Por outro lado, por sua grande plasticidade, é também nessa época que a criança melhor responde aos estímulos que recebe e às intervenções, quando necessárias. O estudo do desenvolvimento compreende alguns domínios de função interligados: o Sensorial; o Motor (habilidades motoras grosseiras e habilidades motoras finas); o Da Linguagem; o Social; o Adaptativo; o Emocional; o Cognitivo. o Esses domínios influenciam entre si e têm como eixo integrador a subjetividade, função de dimensão psíquica que se particulariza e possibilita a singularidade de cada um dos seres humanos. 2 Tutoria III – M2 P5 Gabriella Almeida XXIV Avaliação do Desenvolvimento: Deve ser um processo contínuo de acompanhamento das atividades relativas ao potencial de cada criança, com o intuito de detecção precoce de desvios ou atrasos. Essa verificação pode ser realizada por meio de alguns testes e/ou escalas como: o teste de Gesell, o teste de triagem de Denver II, a escala de desenvolvimento infantil de Bayley, o Albert Infant Motor Scale, entre outros. (O uso de uma ferramenta sistematizada pode facilitar a lembrança das diferentes áreas que precisam ser abordadas). No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança, utilizada para o registro dos atendimentos nos serviços de saúde, disponibiliza uma sistematização para a vigilância do desenvolvimento infantil até os 3 anos de idade. Essa ferramenta permite acompanhar a aquisição dos principais marcos do desenvolvimento. Além disso, com base na presença ou ausência de alguns fatores de risco e de alterações fenotípicas, a caderneta orienta para tomadas de decisão. As avaliações do desenvolvimento devem acontecer em todas as visitas de puericultura (subespecialidade da pediatria que se preocupa com o acompanhamento integral do processo de desenvolvimento infantil) de forma individualizada e compartilhada com a família. É fundamental o conhecimento do contexto familiar e social no qual a criança está inserida: o Desde quando foi gerada, se planejada ou não; o As fantasias da mãe durante a gestação; o Quem é responsável pelos seus cuidados; o Como é a rotina da criança; o e quais mudanças ocorreram nas relações familiares após seu nascimento. É importante também obter dados relacionados a possíveis fatores de risco para distúrbios do desenvolvimento, como: o Ausência de pré-natal; o Dificuldades no nascimento; o Baixo peso ao nascer; o Prematuridade; o Intercorrências neonatais; o Uso de drogas ou álcool; o Infecções e depressão durante a gestação. Durante toda a duração do atendimento, observar o comportamento da família e da criança: o Quem traz a criança; o Como ela é carregada; o Sua postura; o Seu interesse pelo ambiente o A interação com as pessoas; o Reciprocidade estabelecida na relação com sua mãe ou substituta (vínculo entre ambas). Evolução do sistema motor: o Percebe-se no recém-nascido um padrão motor muito imaturo, com a presença do reflexo tônico cervical assimétrico, que lhe confere uma postura assimétrica, com predomínio do tônus flexor nos membros e intensa hipotonia na musculatura paravertebral. 3 Tutoria III – M2 P5 Gabriella Almeida XXIV o Seus movimentos são, geralmente, reflexos, controlados por partes primitivas do cérebro. Assim, reflexos como sucção, preensão palmar, plantar e marcha passarão em poucos meses a ser atividades voluntárias. o Outros reflexos como o de Moro (reflexo de sobressalto – o bebê estica a perna e abre os braços) e o tônico cervical assimétrico, desaparecerão em breve, sendo que, dentro do padrão de desenvolvimento normal, não devem persistir no 2º semestre de vida. o Durante os primeiros meses de vida, há uma diminuição progressiva do tônus flexor e substituição pelo padrão extensões. Amadurecimento na direção craniocaudal, sendo o quadril e os membros inferiores os últimos a adquiri-lo. o A partir do 2º semestre, não ocorre mais predomínio de padrão flexor ou extensor, e assim, a criança, por meio de alternância entre o tônus, consegue, primeiramente, rolar e, posteriormente, já tendo dissociado os movimentos entre as cinturas escapular e pélvica, consegue mudar da posição deitada para sentada. o A regra do desenvolvimento motor é que ocorra no sentido craniocaudal e proximodistal e, por meio de aquisições mais simples para mais complexas. ▪ A primeira musculatura a ser controlada é a ocular. ▪ Depois há o controle progressivo da musculatura para a sustentação da cabeça e depois do tronco. ▪ Finalmente, durante o 3º trimestre, a criança adquire a posição ortostática. o O desenvolvimento motor fino se dá no sentido próximo distal. ▪ Ao nascimento, a criança fica com as mãos fechadas na maior parte do tempo. ▪ Por volta do 3º mês, em decorrência da redução do tônus flexor, as mãos ficam abertas por período maior de tempo, e as crianças conseguem agarrar objetos, embora ainda sejam incapazes de soltá-los. ▪ Entre o 5º e o 6º mês, conseguem apreender um objeto voluntariamentee iniciam o movimento de pinça, que será aprimorado progressivamente até se tornar completo, polpa com polpa. A avaliação do sistema sensorial, principalmente da audição e da visão, deve ser feita desde os primeiros atendimentos. o O RN é capaz de focalizar um objeto a poucos centímetros de seu campo visual e detém nítida preferência pelo rosto humano. o A audição inicia-se por volta do 5º mês de gestação, portanto, ao nascimento, a criança já está familiarizada com os ruídos do organismo maternos e com as vozes de seus familiares. Quanto à interação social, o olhar e o sorriso, presentes desde o nascimento, representam formas de comunicação, mas, entre 4ª e a 6ª semana de vida surge o “sorriso social” desencadeado por estímulo, principalmente pela face humana. o A partir do 2º semestre de vida, a criança não responde mais com um sorriso a qualquer adulto, pois passa a distinguir o familiar do estranho. Relativo à linguagem, durante os primeiro meses de vida, o bebê expressa-se por meio de sua mímica facial e, principalmente, pelo choro. o Entre o 2º e o 3º mês, a criança inicia a emissão de arrulhos e, por volta do 6º mês, de balbucio ou sons bilabiais, cujas repetições são realizadas pelo simples prazer de escutar. o Entre 9 e 10 meses, emite balbucios com padrão de entonação semelhantes à linguagem de seu meio cultural. A primeira palavra corresponde a um encontro silábico reconhecido que se inicia com sons de m, n, p, d ou t, como “mama”, “papa” e “dada”. 4 Tutoria III – M2 P5 Gabriella Almeida XXIV o A linguagem gestual também aparece no 2º semestre de vida e é fruto da significação dada pelos adultos ao seu meio. 2. DESCREVER OS MARCOS DO DESENVOLVIMENTO CONFORME A IDADE E ESCALA DE DENVER Referência [1], [2], [3] e [4] Referência 1 5 Tutoria III – M2 P5 Gabriella Almeida XXIV Referência 2 6 Tutoria III – M2 P5 Gabriella Almeida XXIV Referência 3 Aspectos do Desenvolvimento da Criança de 0 a 10 anos: [4] Material Complementar: Marcos do Desenvolvimento do Cartão da Criança – Anexo 2 (Caderno 11) pág. 96 7 Tutoria III – M2 P5 Gabriella Almeida XXIV 3. DESCREVER O EXAME NEUROLÓGICO Referência [3] O exame neurológico começa desde o início da entrevista. A observação indireta do aspecto e movimentos da criança pode produzir informações valiosas sobre a presença de um transtorno subjacente. O comportamento da criança enquanto brinca e interage com os pais também pode ser revelador. Uma criança normal geralmente brinca independentemente desde o início da consulta, mas então se envolve no processo da entrevista. Uma criança com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade pode exibir comportamento impulsivo na sala de exame, e uma criança com comprometimento neurológio pode exibir completa falta de conscientização sobre o ambiente. Deve-se observar também qualquer odor incomum no paciente porque alguns transtornos metabólicos produzem odores característicos (ex.: odor “bolorento” na fenilcetonúria ou o odor de “pés suados” da acidemia isovalérica). O exame deve ser conduzido em ambiente amigável para a criança, em que ela não se sinta ameaçada. Deve-se permitir que ela se sente onde fique mais confortável, seja no colo de um dos pais ou no chão da sala de exame. O médico deve abordar a criança lentamente, reservando qualquer teste invasivo ou doloroso para o final do exame. 0-2 anos: Os bebês podem diferenciar entre padrões, cores e consoantes. Podem reconhecer expressões faciais (sorrisos) como semelhantes. Podem combinar propriedades abstratas dos estímulos, como contorno, intensidade ou padrão temporal, por meio de modalidades sensoriais. Geralmente buscam ativamente por estímulos. Os cuidados pelos pais e cuidadores fornecem estímulos visuais, táteis, olfativos e auditivos; todos auxiliam o desenvolvimento da cognição. 2- 6 meses: Aos 4 meses de idade, os lactentes são descritos como em um período de incubação social, cada vez mais interessados em um mundo mais amplo. Durante a amamentação, os bebês não se concentram exclusivamente na mãe, mas se distraem. Exploram seus próprios corpos, olhando fixamente para suas mãos, vocalizando, soprando bolhas, tocando suas orelhas, bochechas, genitais. 6-12 meses: O bebê já descobriu suas mãos e logo aprenderá a manipular objetos. No início tudo é levado à boca. Com o tempo, novos objetos são apanhados, examinados, passados de mão em mão, batidos, derrubados para, em seguida, serem levados à boca. 8 Tutoria III – M2 P5 Gabriella Almeida XXIV A complexidade da brincadeira de um bebê, quantos esquemas diferentes são exercidos, é um indicador útil do desenvolvimento cognitivo nessa idade. O prazer, a persistência e a energia com a qual os lactentes enfrentam esses desafios sugerem a existência de um impulso intrínseco ou uma motivação para o domínio de habilidades. O comportamento para o domínio de habilidades motoras ocorre quando os bebês se sentem seguros; aqueles com relacionamentos menos seguros demonstram limitações na experimentação e menor competência. Um marco importante é a conquista aos 9 meses da permanência do objeto (constância), o entendimento de que os objetos continuam a existir, mesmo quando não são vistos. Dos 4 aos 7 meses de vida, os bebês olham para baixo à procura de uma bola que caiu, mas rapidamente desistem se não a encontrarem. Com a constância do objeto, os lactentes persistem na busca. Eles vão encontrar objetos escondidos sob um pano ou atrás do examinador. Brincar de esconder traz prazer ilimitado na medida em que o bebê magicamente traz de volta o outro jogador. 12-18 meses: A exploração do ambiente aumenta em paralelo com a melhora na destreza (apanhar, agarrar, liberar) e na mobilidade. O aprendizado segue os preceitos do estágio sensório-motor de Piaget. As crianças pequenas manipulam os objetos de maneiras novas para criar efeitos interessantes, como empilhar blocos ou colocar coisas dentro da unidade de DVD de um computador. Os objetos que são usados como brinquedo também apresentam maior probabilidade de serem usados para seus propósitos apropriados (pentes para o cabelo, copos para beber). 18-24 meses: Várias alterações cognitivas coalescem, marcando a conclusão do período sensório-motor. A permanência de um objeto está firmemente estabelecida; as crianças pequenas antecipam onde um objeto chegará, mesmo quando o objeto não estava visível aos ser movido. A causa e o efeito são mais bem compreendidos, e as crianças pequenas demonstram flexibilidade na solução de problemas. A transformação simbólica em jogo não está mais ligada ao próprio corpo da criança pequena, de modo que uma boneca pode ser “alimentada” utilizando um prato vazio. Como a reorganização que ocorre aos 9 meses, as alterações cognitivas aos 18 meses se correlacionam com alterações importantes nos domínios emocional e linguístico. 4. IDENTIFICAR OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 5. IDENTIFICAR OS FATORES DE ESTÍMULOS PARA DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 9 Tutoria III – M2 P5 Gabriella Almeida XXIV Referências para MARCOS DE DESENVOLVIMENTO: Marostica PJC, Villetti MC, Ferrelli RS, Barros E. Pediatria – Consulta Rápida. 2ª ed. Artmed, 2018. Referência para Escala de Denver: Ministério da Saúde, Cad. de Atenção Básica, caderno n. 11, 2002. p. 93 TUTORIA INCOMPLETA
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