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Unidade 03 Desenvolvimento Econômico e o Estado Orçamentos e Finanças Públicas Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ÁDRIA OLIVEIRA SANTOS MACIEL AUTORIA Ádria Oliveira Santos Maciel Sou formada em Licenciatura em Química com mestrado em Educação em Ciências. Possuo experiência na área de docência há pelo menos 5 anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro auxiliar, com minha experiência de vida, aqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Hipótese dos mercados eficientes e as finanças comportamen- tais ......................................................................................................................12 Teoria de carteiras .......................................................................................................................... 12 Hipótese dos mercados eficientes ..................................................................................... 14 Bolhas econômicas ....................................................................................................................... 16 Finanças comportamentais ..................................................................................................... 18 Administração financeira e o gestor público .................................. 22 O papel do administrador financeiro .................................................................................22 As áreas de responsabilidade e suas principais funções...............23 Gestor público ................................................................................................................26 Contabilidade nacional ............................................................................................26 Valor do dinheiro no tempo .....................................................................................................27 Risco versus retorno .......................................................................................................................28 Análise de fluxos e orçamentos de investimentos .......................32 Fluxos de caixa .................................................................................................................................32 Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) .....................................................................33 Despesa pública ..............................................................................................................................35 Gasto público sustentável .................................................................................... 36 Contabilidade pública: o plano de contas aplicado ao setor público (PCASP) ...................................................................................................................................................37 Orçamento de capital .................................................................................................................. 39 Normas de finanças públicas ................................................................................................ 40 Planejamento estatal e o desenvolvimento econômico ........... 42 Planejamento estatal ....................................................................................................................42 Orçamento-programa ................................................................................................................. 46 Natureza da despesa pública ............................................................................................... 49 9 UNIDADE 03 Orçamentos e Finanças Públicas 10 INTRODUÇÃO Você sabia que a área da Administração Pública apresenta diversas nuances interessantes que estão bem presentes em seu cotidiano? Você já deve ter assistido a muitas informações no noticiário apresentando, por exemplo, a importância da transparência pública e de outros tantos assuntos inerentes ao orçamento e às finanças públicas. Apesar de nem sempre ser totalmente esclarecido, toda a população deveria conhecer todos os encaminhamentos e decisões tomadas pelo Estado em suas mais diversas esferas, sobretudo no que se refere às finanças, uma vez que a base das receitas provém da população. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar nesse universo! Orçamentos e Finanças Públicas 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Entender a hipótese dos mercados eficientes e as finanças comportamentais. 2. Discernir sobre o papel das finanças e do administrador financeiro público. 3. Entender as técnicas de gerenciamento do fluxo de caixa e orçamento de capital na máquina pública. 4. Identificar e diferenciar os fundamentos do planejamento estatal e sua relação com o desenvolvimento econômico. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Orçamentos e Finanças Públicas 12 Hipótese dos mercados eficientes e as finanças comportamentais OBJETIVO: Caro estudante, ao longo deste novo capítulo, você estudará sobre os fundamentos do mercado financeiro. A partir desse conhecimento, você será capaz de entender a hipótese dos mercados eficientes e de que forma as finanças comportamentais influenciam as decisões e afetam as finanças. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então vamos lá. Avante! Teoria de carteiras Um economista muito importante para o nosso estudo foi Harry Max Markowitz, pois, em 1952, após publicar seu estudo em um artigo, o qual foi responsável pela ideia inicial do que tem se chamado de diversificação de ações, compreendeu uma relação muito importante no mundo dos investimentos: as chances de retorno. Mas ele também compreendia que havia um risco envolvido. Esse estudo acabou se tornando um dos pilares da teoria das carteiras, conforme podemos observar no gráfico (Figura 1) a seguir: Figura 1 – Risco e retorno Fonte: Wikimedia Commons. Orçamentos e Finanças Públicas 13 O gráfico (figura 1) relaciona, portanto, o risco (horizontal) e retorno esperado (vertical). De antemão, sabe-se que existem investimentos que consideram um alto retorno e que, em contrapartida, colocam o investidor em um risco alto de perder. De forma análoga, o contrário também é verdadeiro. Foi por considerar esses aspectos que Harry Markowitz propôs a ideia de construção de uma carteira, que inclui alguns tipos de açõese alguns tipos de investimentos com baixo risco e, dessa forma, ele chegou ao modelo chamado de fronteira eficiente (figura 1). Note que o ponto *T (linha azul) representado na figura trata-se do então chamado portfólio de mercado (composição de carteira). Uma carteira de investimentos é: um grupo de ativos pertencente a um investidor. A escolha de investimento através de uma carteira ao invés de um ativo individual se dá principalmente pela possibilidade de diversificação dos ativos e consequentemente, diminuição do risco (desvio-padrão). (FONSECA, 2011, p. 13) Dessa forma, o economista criou uma fronteira, em que é possível visualizar as melhores possibilidades de investimentos. Assim, todos os investimentos que estiverem abaixo da fronteira serão considerados como ruins e, portanto, o que estiver acima será praticamente impossível de conseguir realizar. Assim, os melhores resultados (carteiras mais eficientes) são os mais próximos da linha da fronteira (figura 1). Note que, em continuação à linha azul, há uma parte vermelha. Esse trecho está em vermelho indicando que não faz parte da linha da fronteira, pois, se observarmos com mais atenção, trata-se de um baixo risco, mas também um baixo retorno, sendo que poderia ser utilizado o mesmo baixo risco para um retorno mais elevado que é, justamente, a linha da fronteira. SAIBA MAIS: Para ampliar seus conhecimentos, sugerimos a leitura do artigo “Um estudo sobre a utilização de dados históricos no modelo de Markowitz aplicado à bolsa de valores de São Paulo” (HIEDA; ODA, 1998). Disponível aqui. Orçamentos e Finanças Públicas http://sistema.semead.com.br/3semead/pdf/Finan%E7as/Art111.PDF 14 Por fim, temos que: um portfólio eficiente deverá conter uma combinação de ativos que tenha o máximo retorno para um certo nível de risco, ou o mínimo risco para um certo retorno. A diversificação, introduzida por Markowitz (1952) no processo de alocação dos recursos é importante para que o risco dos investimentos seja diluído de forma consistente. (FONSECA, 2011, p. 13) Hipótese dos mercados eficientes A referida hipótese foi inicialmente proposta pelo estudioso Eugine Fama durante a década de 1960. A partir desse estudo, começou-se a pensar principalmente a respeito de dois fatores: a. Mercado. b. Preço. Seria possível compreender a racionalidade dos preços? Esse foi um dos fatores levantados e questionados. De acordo com esse princípio, todo preço é considerado válido, sobretudo porque o preço está intrínseco, e é praticamente impossível conhecer o preço real de uma ação. IMPORTANTE: Aqui é importante que fique claro que se trata de uma hipótese, e não de uma teoria. Isso porque ela não pode ser comprovada. Figura 2 - Economia Fonte: Pixabay. Orçamentos e Finanças Públicas 15 A segunda componente da teoria e que merece nosso estudo é a possibilidade de vencer o mercado, que é, basicamente, compreender que os agentes de mercado conhecer muito bem a “dinâmica do jogo”, tais como objetivos, modelos de análise e outros aspectos. Seguindo essa linha de pensamento, todas as informações que o público conhece refletem-se no preço das ações. Tanto é verdade, que as grandes empresas buscam celebridades para vincular-se aos seus nomes e, com isso, aumentar as ações relacionadas. Mas essa é uma dinâmica muito conhecida dos agentes. Então, as informações públicas não trazem confiabilidade sobre a real situação. Vamos considerar uma situação em que uma ação encontra-se a um valor igual a R$ 30,00. Uma pessoa que compreende minimamente o assunto pensa em comprar e considera que, futuramente, essa ação irá valorizar para R$ 35,00. Essa conclusão é baseada nas informações públicas disponíveis. Da mesma forma, outras milhares de pessoas pensaram o mesmo com base nas mesmas informações. Esse pensamento coletivo faz com que o valor da ação realmente valorize. IMPORTANTE: Com base nesses aspectos, algumas pesquisas baseadas na hipótese dos mercados eficientes evidenciaram que diversos profissionais da área jamais poderiam apresentar desempenho superior ao mercado. De acordo com essa hipótese, existem três níveis de eficiência relacionada ao mercado. Vejamos: Orçamentos e Finanças Públicas 16 Quadro 1 - Formas de eficiência de mercado Fonte: Forti, Peixoto e Santiago (2009, p. 48). Em geral, pode-se considerar que o preço será classificado como eficiente quando refletirem todas as informações disponibilizadas. Bolhas econômicas Basicamente, chama-se de bolha econômica a uma série de ações realizadas com base em escolhas compreendidas como errôneas e de formas indevidas, a partir de informações erradas. No caso do Brasil, por exemplo, houve um momento histórico em que a facilidade de adquirir empréstimos era considerável e, com isso, sobretudo o crédito facilitado para compra de imóveis. Assim, pessoas compravam com o intuito de investimento para futuros lucros. Orçamentos e Finanças Públicas 17 SAIBA MAIS: Para melhor compreensão sobre as famosas bolhas econômicas (ou financeiras), sugerimos que você assista ao vídeo disponível a seguir: “O que é uma bolha financeira? saiba identificar bolhas financeiras”. Disponível aqui. Após essas considerações, podemos afirmar que os preços aumentam e diminuem com base na relação entre a oferta e a procura. Por isso, é muito difícil realizar decisões a longo prazo, pois os preços e estimativas futuras são um tanto quanto incertas. Dessa forma, quando há muita procura, os preços aumentam consideravelmente, o que faz aumentar a bolha. Porém, todos já devem imaginar o que acontece com a bolha... isso mesmo, ela estoura. Mas quando isso ocorrerá? Quando o contexto consegue notar que o valor está muito superior ao que seria considerado aceitável. E, quando isso ocorre, os preços voltam a ser corrigidos, fazendo com que os investidores iniciais percebam uma decisão errônea. Figura 3 – Bolha econômica Fonte: Pixabay. A ocorrência de bolhas econômicas traz diversos problemas de ordem econômica para o país. O Japão, por exemplo, na década de 1990, Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=wWXyAbZlkZ0 18 foi marcado por uma recessão. Trata-se, portanto, de um processo que gera diversas dificuldades, sobretudo no contexto imobiliário, uma vez que acaba limitando ou impedindo que diversas famílias consigam crédito para a compra de imóveis. Uma outra possibilidade que pode acontecer é o estouro da bolha, o qual, quando ocorre, acaba elevando a quantidade de endividados (FERREIRA, 2018). Finanças comportamentais Inicialmente faremos o exercício de nos imaginar frente à seguinte situação: Você está prestes a realizar um sonho material, como a compra de um automóvel, imóvel (apartamento, casa ou terreno), ou ainda a realização de um empréstimo para a compra de algo que seja bastante significativo para você. Antes de fechar essa compra ou aquisição, tente imaginar como você está se sentindo. Agora busque imaginar como está se sentindo após a finalização desse sonho. Provavelmente, frente a situações como essas, algumas sensações como: felicidade, alegria, poder e prazer aparecerão em sua zona de sentimentos, e isso é bastante natural, mas será que a busca por essas sensações tende a influenciar suas decisões? Podemos dizer que é praticamente impossível separar as emoções das decisões. No entanto, deve-se buscar, ao máximo, fazer com que as decisões sejam tomadas com o maior nível de racionalidade quanto for possível, especialmente quando tratamos sobre os aspectos econômicos e financeiros. Figura 4 – Relações sociais Fonte: Pixabay. Orçamentos e Finanças Públicas 19 Essa mesma compreensão deve ser levada para o campo das compras de ações e investimentos diversos, sobretudo porque, de maneira inconsciente, o meio social no qual estamos imersos também influencia nossas decisões, e conhecer essas informaçõesé fundamental para que tais ações sejam menos mecânicas e mais conscientes. SAIBA MAIS: Você já ouvir falar sobre o efeito manada? Convidamos você a assistir ao vídeo que explica esse conceito aplicado ao contexto econômico. Assista e depois analise se seus comportamentos estão alinhados a essa mesma perspectiva. Faça uma autoanálise. Disponível aqui. Mas o grande questionamento a ser feito é: como as relações sociais, emocionais e psicológicas influenciam a postura comportamental junto aos investimentos? Existe um fator chamado de disponibilidade, isto é, o quanto as informações estão mais próximas ao investidor e como esse aspecto o influencia. A disponibilidade se relaciona a informações recentes. Vamos imaginar a situação: durante um dia da semana, vários jornais começaram a divulgar que uma determinada ação estava em queda. O investidor, que possui tal ação, ao ler as informações, acaba tomando a decisão de vender. Mas, a partir disso, emergem alguns questionamentos. Vejamos: a. Será que essa ação foi sensata? b. Quais foram os critérios de análise anteriores à venda? c. Será que a divulgação dessas informações possui uma intencionalidade? Racionalmente, não faz sentido que se venda uma ação ou que a tomada de decisão seja realizada com base, exclusivamente, em um único critério. Nesse caso, podemos visualizar, de maneira mais clara, o quanto esses fatores interferem na tomada de decisões, o que pode representar prejuízos. Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=gJnfi5KWaEo 20 Outro aspecto que interfere nas decisões é a representatividade, isto é, o quanto tais informações são importantes para o indivíduo. Geralmente essas informações estão relacionadas à cultura. Assim, são informações mais sólidas e distantes. Então, diferentemente da disponibilidade, agora estamos tratando de informações mais antigas. Alguns comportamentos também comuns são aqueles relacionados à ancoragem. Geralmente são pensamentos do tipo: “Apenas será interessante a compra do dólar quando atingir o valor de R$ 4,00.” “Apenas compro ações com valor médio de R$ 13,50.” Apesar de os pensamentos representados serem âncoras difíceis de serem modificadas, é importante que os investidores tenham uma referência, para que não sejam sempre tomados pela ansiedade ou outras sensações e acabem tomando decisões baseadas em informações momentâneas (disponibilidade). SAIBA MAIS: Para aprofundar seus conhecimentos a esse respeito, sugerimos a leitura do artigo intitulado “Um estudo sobre finanças comportamentais” (LIMA, 2003). Disponível aqui. Orçamentos e Finanças Públicas https://www.scielo.br/j/raeel/a/4VRqLpgZyFScttVyJGzcB6b/?format=pdf&lang=pt 21 RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, obtivemos juntos diversos conhecimentos sobre os orçamentos e finanças voltados para o estudo do mercado financeiro. Conforme estudamos juntos, esse é um conhecimento bastante abrangente. Agora você já sabe que existem diversas limitações para esses conhecimentos. É importante que você saiba que a precificação das ações do mercado não é aleatória, e alguns aspectos devem ser garantidos para que ela seja considerada eficiente. Além disso, você também deve recordar que o comportamento dos indivíduos é um fator muito importante para a organização das finanças e também junto à tomada de decisões. Para complementar seus estudos, indicamos que você acesse o material que disponibilizamos ao longo do capítulo. Consideramos que esses conhecimentos são fundamentais para o exercício pleno da sua profissão. Bons estudos! Orçamentos e Finanças Públicas 22 Administração financeira e o gestor público OBJETIVO: Caro estudante, ao longo deste novo capítulo, você estudará sobre os fundamentos do mercado financeiro. A partir desse conhecimento, você será capaz de discernir sobre o papel das finanças e do administrador financeiro público, bem como suas principais competências. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então vamos lá. Avante! O papel do administrador financeiro Inicialmente precisamos compreender o que é a administração financeira e qual é sua importância. Trata-se, portanto, de alternativas utilizadas a fim de organizar e controlar empresas e instituições sob a perspectiva das finanças. Essa organização geralmente considera alguns aspectos, tais como: a. Análise de investimentos: estudar o percentual de juros, retorno e tempo envolvido. b. Planejamento de gastos. c. Concessão de crédito e outros. Esses fatores são muito importantes, sobretudo porque, “quando uma empresa tem a capacidade de obter recursos com taxa e prazos compatíveis, ela consegue viabilizar bons projetos de investimento, consequentemente trazendo maior valor para seus acionistas” (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010, p. 9). De forma geral, compreende-se que uma boa gestão financeira de empresas privadas é aquela que busca aumentar o capital, e o principal responsável para que isso ocorra é o gestor ou administrador financeiro (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). Orçamentos e Finanças Públicas 23 Figura 5 – Administração Fonte: Pixabay. SAIBA MAIS: Quer saber mais sobre o que faz um administrador financeiro? Sugerimos que assista ao vídeo “O que é administração financeira”. Disponível aqui. As áreas de responsabilidade e suas principais funções Podemos considerar que a administração financeira perpassa por três áreas. As seguintes: a. Tesouraria: está relacionada à administração do fluxo de caixa e a suas relações com o possíveis financiamentos e investimentos. Algumas atividades envolvidas são: planejamento financeiro, contas a pagar, câmbio, administração de caixa, crédito e contas a receber. b. Controladoria: atua de forma conjunta com a contabilidade, controlando o orçamento e as finanças. Algumas atividades Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=3oUVmtc-Fow 24 envolvidas são: orçamentos, administração de tributos, contabilidade financeira e de custos. c. Fiscal: está relacionada à fiscalização sob o aspecto da legislação e emissão de notas fiscais. Diz-se que todos esses aspectos são fundamentais para manter uma empresa/entidade, sobretudo porque compreende-se que toda instituição possui um papel social, isto é, quando cresce, toda a sociedade tende a se beneficiar de algum modo. E quando falamos sobre a administração do Estado, como ficam os aspectos orçamentários? Uma entidade pública é “todo serviço prestado pela administração, direta ou indireta, ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer a necessidades essenciais ou secundárias da coletividade” (ANDRADE, 2002, p. 35). Assim, diferentemente da organização das empresas privadas, o setor público possui seu funcionamento de orçamentos e finanças pautado em algumas leis, as quais encontram amparo na Constituição Federal de 1988. Por isso, todas as decisões orçamentárias devem ser baseadas nas seguintes leis: a. Plano Plurianual (PPA). b. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). c. Lei Orçamentária Anual (LOA). De acordo com a Câmara dos Deputados: A Lei Orçamentária Anual (LOA) estabelece os Orçamentos da União, por intermédio dos quais são estimadas as receitas e fixadas as despesas do governo federal. Na sua elaboração, cabe ao Congresso Nacional avaliar e ajustar a proposta do Poder Executivo, assim como faz com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o Plano Plurianual (PPA). Os Orçamentos da União dizem respeito a todos nós, pois geram impactos diretos na vida dos brasileiros. O Orçamento Brasil é um instrumento que ajuda na transparência das contas públicas ao permitir que todo Orçamentos e Finanças Públicas 25 cidadão acompanhe e fiscalize a correta aplicação dos recursos públicos. (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2022) Figura 6 – Organizaçãodos instrumentos LOA LDO PPA Fonte: Elaborada pela autora (2021). SAIBA MAIS: Para melhor compreender quais são os objetivos e conceitos dos instrumentos de planejamento orçamentário, sugerimos que assista ao vídeo “Noções básicas de Orçamento Público - PPA, LDO e LOA”. Compreendemos que ampliar esse estudo será bastante relevante para auxiliar em seu aprendizado. Disponível aqui. Assim, podemos inferir que os orçamentos públicos estão alicerçados em três instrumentos: Plano plurianual (PPA), Lei Orçamentária Anual (LOA) e Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDA). Todas essas são leis ordinárias e estão associadas umas às outras, isto é, são dependentes entre si. Em geral, a necessidade do orçamento é, basicamente, fazer com que os pilares de receita e despesa estejam em equilíbrio para que o país não entre em colapso financeiro. No caso da máquina pública, diferentemente das empresas, o objetivo principal não é o lucro, mas, sim, manter o funcionamento da máquina pública, equilibrando receitas e despesas e garantindo, com isso, o bem-estar da sociedade dentro de suas necessidades básicas. No entanto, o lucro é uma consequência. Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=ZfECBTbuDsU 26 Gestor público Quando falamos sobre o gestor público, é muito comum associar esse conceito à figura de um agente político que foi eleito pela população. E, na realidade, para que o político, seja ele um prefeito, presidente ou governador, por exemplo, possa atuar, faz-se necessário o trabalho de toda uma equipe no processo de gestão. A área de administração e finanças na administração pública é muito importante, pois é ela quem cuida da execução das ações planejadas. Então, o gestor será responsável pela definição das necessidades, prestando contas, realizando a fiscalização e garantindo que esteja dentro de uma organização. Figura 7 – Gestor público Fonte: Pixabay. Contabilidade nacional A contabilidade nacional será responsável por apresentar um panorama das operações efetuadas pelos agentes econômicos ao longo de um período temporal. Nesse caso, podemos ampliar essa visão para o contexto do Estado, da iniciativa privada ou até mesmo dentro de uma família. Será a partir dessa contabilidade que será possível quantificar as relações entre os agentes econômicos. Orçamentos e Finanças Públicas 27 SAIBA MAIS: Quer saber mais sobre a relação entre a macroeconomia e a contabilidade nacional? Então sugerimos que assista a este vídeo. Disponível aqui. Este estudo permite maior compreensão sobre o comportamento da sociedade em termos de economia, uma vez que, por meio dela, pode-se obter um panorama não apenas quantitativo (numérico), mas também qualitativo (comportamental). Algumas competências devem ser inerentes ao gestor financeiro, seja ele público ou privado. A seguir, estudaremos algumas delas, as quais estão associadas à relação com o dinheiro e como essa relação influencia a atuação profissional desses agentes. Valor do dinheiro no tempo Provavelmente você já ouviu o seguinte ditado popular: “Mais vale um pássaro na mão que dois voando.” Basicamente, esse ditado se relaciona à segurança de ter algo no presente à insegurança de ter mais no futuro. Aqui, nosso objetivo é trazer esse diálogo relacionado aos aspectos das finanças. Mas será que é preferível o dinheiro atual ou no futuro? Existe alguma diferença? SAIBA MAIS: Você sabe o valor do dinheiro? Quer saber mais sobre esse assunto? Então sugerimos que assista ao vídeo “A Gente Explica: Valor do Dinheiro”. Disponível aqui. Vejamos algumas possibilidades de pensamento em relação a esses questionamentos: Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=_702JVb76JI https://www.youtube.com/watch?v=ZsGOJ9qSoDE 28 a. A inflação faz com que o valor do dinheiro seja modificado ao longo de um período. b. Existe a possibilidade de realizar aplicações/investimentos para receber de forma corrigida (juros). c. O futuro é incerto em todos os sentidos, sobretudo no que se refere à economia. Para prosseguir com nossos estudos, é importante que você compreenda alguns conceitos básicos, tais como os juros. Para compreender os juros, eles serão vistos sob duas perspectivas: a) de quem empresta e b) de quem pegará emprestado. Quem empresta dinheiro (banco) receberá, ao final do período combinado, o valor emprestado com o acréscimo por ter o capital disponível para o ato. De forma contrária, quem pega um capital emprestado, ao fim de um período, deverá pagar o valor acrescido, o qual se relaciona à disponibilidade do capital, isto é, são os custos do capital de quem recebe. Quando realizamos uma análise sobre os valores do presente e do futuro, essa comparação só faz sentido se for com base em uma taxa de juros a ser analisada. Do contrário, serão meras opiniões sem fundamentos plausíveis. Risco versus retorno Para avaliar a relação entre risco e retorno, daremos um exemplo clássico que você já deve conhecer: a poupança. Muitos brasileiros optam pela poupança por dois motivos: • Desconhecerem outras formas de obter retorno financeiro de seu capital. • Receio de perder parte do capital pela ausência de conhecimento específico. Orçamentos e Finanças Públicas 29 SAIBA MAIS: É importante que você saiba que os investimentos em poupança, apesar de serem os mais utilizados, não compensam o aumento da inflação ao longo de um tempo, podendo implicar, consequentemente, a perda de capital. Acesse o vídeo para compreender como isso funciona. Disponível aqui. Diante disso, existem outras opções de investimentos que ofereçam um retorno mais viável? A resposta é “sim”. No entanto, é fundamental que o investidor conheça o caminho para que não tome decisões errôneas por desconhecer. O investimento em ações é um mercado que tem crescido bastante nos últimos anos e se tornado bastante popular e acessível. É um assunto cada vez mais comum, e isso se deve também à facilidade de compartilhamento de informações. Figura 8 – Investimento de risco Fonte: Pixabay. No caso de empresas e entidades públicas ou privadas, os investimentos ocorrem de outras formas: na compra de novas máquinas, contratação de funcionários especializados, manutenção de estruturas e outas tantas possibilidades, com as quais nem sempre há a garantia de Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=Rkck63eYYr8 30 retorno financeiro. Trata-se, portanto, de um investimento que apresenta seus riscos e que, justamente por isso, deve ser realizado com base em estudos prévios. Assim, podemos dizer que os investimentos, nesses casos, são aplicações de recursos, os quais podem ser temporários ou permanentes a fim de dar suporte para as atividades operacionais. Você já deve ter ouvido falar de empresas que compram outras e se fundem. Esse é um investimento arriscado que pode ou não ter êxito. De forma análoga, você também já deve saber de situações em que o Estado adquire imóveis já existentes para utilizar o espaço como escola, creche ou até mesmo hospitais. Essas também são formas de investimentos realizados para atendimento das necessidades da população. Figura 9 – Hospital Municipal de Paratinga Fonte: Wikimedia Commons. Mas será que esse tipo de investimento com o dinheiro público também pode ser de risco? Suponha que o prédio seja antigo e que foi comprado pela prefeitura de uma cidade. Antes de ser utilizado como hospital, passou por reformas. No entanto, por negligência da administração, não foi realizado um estudo estrutural e, no meio do processo, o prédio começou a apresentar problemas em sua estrutura, Orçamentos e Finanças Públicas 31 sendo necessário, portanto, sua demolição. Note que esse é um caso claro de um investimento que trouxe diversos prejuízos financeiros para os cofres públicos. É claro que, nesse quesito, estamos tratando de situaçõesbem simples, mas, na prática, os riscos dos investimentos são muito mais amplos e estão relacionados a situações muito mais complexas. RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, obtivemos juntos diversos conhecimentos sobre os orçamentos e finanças voltados para o estudo do mercado financeiro. Você estudou que a Administração Pública precisa de agentes ou gestores financeiros para auxiliar na organização das finanças. Essa mesma necessidade também se faz para os setores privados. No entanto, essa organização não é um processo simples, sobretudo porque nossa cultura possui muitos traços de corrupção e de comportamentos ruins em relação às finanças. Conforme estudamos juntos, esse é um conhecimento bastante abrangente. Para complementar seus estudos, indicamos que você acesse o material que disponibilizamos ao longo do capítulo. Consideramos que esses conhecimentos são fundamentais para o exercício pleno da sua profissão. Bons estudos! Orçamentos e Finanças Públicas 32 Análise de fluxos e orçamentos de investimentos OBJETIVO: Caro estudante, ao longo deste novo capítulo, você estudará sobre os fundamentos do mercado financeiro. A partir desse conhecimento, você será capaz de entender as técnicas de gerenciamento do fluxo de caixa e orçamento de capital na máquina pública. Você verá que os procedimentos na administração pública são bastante específicos. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então vamos lá. Avante! Fluxos de caixa É muito comum ouvirmos falar sobre a expressão “fluxo de caixa” quando nos referimos a uma empresa e, mais especificamente, à quantidade de dinheiro que entra e sai. Figura 10 – Caixa registradora Fonte: Pixabay. Mas será que esse conceito também se aplica ao setor público? É o que veremos neste capítulo! Orçamentos e Finanças Públicas 33 Inicialmente, veremos algumas definições importantes sobre: caixa e equivalentes de caixa. O caixa pode ser compreendido, de forma quantitativa, como o numerário em espécie, além dos depósitos bancários disponíveis, enquanto os equivalentes de caixa são as aplicações financeiras realizadas de curto prazo, as quais podem ser convertidas em valor e sofrer alterações consideradas como insignificantes. Em geral, podemos dizer que os equivalentes de caixas não são utilizados para realizar investimentos ou aplicações, mas, sim, para atender a demandas mais emergentes, consideradas de curto prazo. Assim, tendo compreendido esses dois conceitos, temos que: o fluxo de caixa está relacionado às entradas e saídas de caixa e equivalente de caixa. Apesar disso, é importante que você esteja atento e seja capaz de diferenciar que, quando tratamos sobre os fluxos de caixa, não estão incluídas as movimentações que podem, naturalmente, ocorrer entre o caixa e o equivalente de caixa. Essa ação corresponde à gestão de caixa. Com isso, podemos concluir que a função de gerir o caixa corresponde ao ato de investir o excesso de caixa em equivalente de caixa. Portanto, é importante diferenciar gestão de caixa e fluxo de caixa. Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) A demonstração dos fluxos de caixa trata-se de um documento que apresenta as entradas (receitas) e saídas (despesas) do caixa público. Para isso, existem três classificações no que se refere aos fluxos. Vejamos a seguir as definições apontadas pela Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TSP 12): a. Investimentos: são aquelas relacionadas à aquisição e venda de ativos a longo prazo. b. Financiamentos: são aquelas que tendem a trazer alterações no tamanho e na composição do capital e do endividamento da entidade em questão. Orçamentos e Finanças Públicas 34 c. Operacional: são as atividades da entidade que não as de investimento e de financiamento. SAIBA MAIS: Para aprofundar seus conhecimentos no que se refere ao fluxo de caixa, sugerimos a leitura da Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TSP 12, de 18 de outubro de 2018. Disponível aqui. Em geral, a DFC identificará os seguintes aspectos: • De onde originaram os fluxos de entrada no caixa. • Os itens de consumo. • O saldo do caixa na data em questão. Figura 11 - Contabilidade Fonte: Pixabay. As informações referentes ao fluxo de caixa são fundamentais para que a população possa avaliar de que forma o setor público adquiriu os recursos para o custeio de suas atividades. Esses são fatores muito importantes para a garantia de um dos princípios: a transparência. Além do aspecto relacionado à transparência, as informações de fluxo de caixa são importantes também para a tomada de decisões. É com base nas informações das demonstrações contáveis que os Orçamentos e Finanças Públicas https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/47983559/do1-2018-10-31-norma-brasileira-de-contabilidade-nbc-tsp-12-de-18-de-outubro-de-2018-47983302 35 administradores podem ter uma real configuração do contexto, o que auxilia a tomar os próximos passos no planejamento. Despesa pública Durante o ciclo de elaboração e aprovação do orçamento, por meio de Leis orçamentárias, será previsto pelos Poderes Executivo e Legislativo o conjunto de gastos do Estado durante um exercício de execução. Qualquer outra despesa que esteja fora das leis orçamentárias será considerada como inválida, atendendo, portanto, ao princípio da legalidade. Além da legalidade, existem outros princípios que devem nortear os rumos da despesa pública, tais como: impessoalidade, imoralidade, eficiência e outros. A respeito da legalidade, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo nº 167, determina em, seus incisos, que são vedados: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais. (BRASIL, 1988) Assim, para a realização de programa ou política pública, por exemplo, esta deve estar incluída na lei orçamentária. A mesma compreensão está relacionada às demais despesas sem que haja crédito orçamentário ou algum adicional. Ainda que não haja previsão, é possível que, por situações diversas, incida a necessidade de realização de gastos. Para isso, será necessária a aprovação dessa despesa e, a partir disso, a lei orçamentária deverá ser alterada ao longo do processo, e será utilizado o crédito adicional, conforme estabelecido na Constituição Federal. Orçamentos e Finanças Públicas 36 IMPORTANTE: O crédito adicional é um tipo de autorização, dentro dos aspectos legais, para serem adicionadas despesas ao longo de um exercício, as quais não haviam sido previstas com antecedência na lei orçamentária. Por outro lado, o crédito orçamentário trata-se da utilização do crédito já previsto em lei orçamentária inicial. Entre as classificações do crédito adicional, destacam-se os três tipos. Vejamos a seguir: a. Crédito adicional suplementar: quando uma dotação já havia sido prevista na lei orçamentária, mas não houve crédito suficiente para realizá-la. b. Crédito adicional especial: quando houver necessidade de um recurso não previsto na lei orçamentária. c. Crédito adicional extraordinário: quando a despesa for necessária para cobrir situações de emergência não previstas, tais como os casos de: • Calamidade pública. • Guerra. • Comoção interna. Gasto público sustentável Quando dialogamos sobre o orçamento público e suas previsões, deve-se sempre pensar sobre os impactos a longo prazo, sobretudo porque, nesse caso em específico, os aspectos financeiros impactam também a dinâmica de diversos setores no país de forma mais ampliada. Por isso, é preciso garantir que os gastos sejam sustentáveis, apesar de compreender-se que existem muitas demandas emergentes, tais como construções de creches, escolas, postos de saúde e outras necessidades básicas da população.Escolhas mal planejadas podem refletir em graves Orçamentos e Finanças Públicas 37 problemas no futuro, desde a ausência de atendimento à população até o endividamento exacerbado do Estado. SAIBA MAIS: Seria possível tornar as finanças públicas mais sustentáveis? Quer saber mais sobre esse assunto? Sugerimos a leitura do artigo “Orçamento Público Sustentável” (SILVA, 2019). Essa pesquisa buscou demonstrar se as dimensões da sustentabilidade no âmbito da aplicação dos recursos públicos estão sendo evidenciadas. E, para isso, analisou as informações do estado do Rio de Janeiro. Disponível aqui. Contabilidade pública: o plano de contas aplicado ao setor público (PCASP) Para iniciarmos nosso estudo, é importante que você saiba que a Secretaria do Tesouro Nacional é o órgão central de contabilidade federal. A fim de padronizar e consolidar as contas, foi necessário elaborar um plano de contas aplicado ao setor público (PCASP), o qual deverá ser seguido por toda a Administração Pública. Deve-se ainda garantir que o PCASP atenda, basicamente, aos três pilares (ou natureza de informação). São eles: patrimonial, controle e orçamentária (Quadro 2): Orçamentos e Finanças Públicas https://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/ragc/article/view/1887/1210 38 Quadro 2 – Natureza da informação Fonte: PCASP (2016). É importante considerar que todas as classes ímpares (1, 3, 5 e 7) possuem natureza devedora, enquanto as classes pares (2, 4, 6 e 8) apresentam natureza credora. SAIBA MAIS: Como possibilidade para ampliar sua compreensão e conhecimento sobre o PCASP, julgamos relevante que você conheça o documento em sua íntegra para que possa se familiarizar. Disponível aqui. Uma das principais regras estabelecidas pela PCASP é que os débitos e créditos devem ocorrer dentro da mesma natureza de informação (Quadro 1). Por exemplo: note que as classes de 1 a 4 pertencem à mesma natureza. Dessa forma, é possível debitar 1 e creditar 3. No entanto, não é possível debitar 1 e creditar 7. Esse é um aspecto muito importante que carece de atenção. Essas classes são, portanto, tipos de códigos específicos, os quais, neste momento, não são objetivo de nosso estudo, mas, caso você Orçamentos e Finanças Públicas https://www.cnm.org.br/cms/images/stories/Links/06072016_MCASP_7_Parte_IV_PCASP.pdf 39 tenha maiores interesses de aprofundamento, poderá utilizar o material disponibilizado para estudos. Orçamento de capital Um dois papéis mais importantes relacionados ao gestor financeiro diz respeito à tomada de decisões. Uma das decisões mais relevantes é aquela do investimento. Figura 12 – Orçamento de capital Decisões de investimento Poupança De longo prazo Fonte: Elaborado pela autora (2021). Conforme podemos observar no esquema acima, basicamente existem dois caminhos: a. Poupança: são aqueles investimentos realizados, geralmente, no mercado financeiro. b. Investimentos de longo prazo: são aqueles investimentos realizados, geralmente, em ativos reais, como, por exemplo, as reformas de escolas, creches e hospitais ou ainda a compra de computadores para o uso de uma instituição. Conforme temos apontado em nosso estudo, os investimentos de longo prazo são muito importantes para promover a sustentabilidade de uma entidade. IMPORTANTE: Geralmente esse tipo de ação é amplamente utilizado por empresas privadas, pois o interesse é que os ativos atuais gerem uma rentabilidade, aumentando o retorno gerado para os sócios. Orçamentos e Finanças Públicas 40 Normas de finanças públicas A partir de agora, nosso estudo será destinado ao que pauta a Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964. A referida lei aponta normas gerais para a execução e controle de orçamentos e balanço da União, estados, municípios e Distrito Federal. Em outras palavras, sua principal função é o estabelecimento de receitas e despesas públicas. Para isso, as receitas e despesas são classificadas em: a. Receitas correntes: são as receitas efetivas, as quais fazem com que o patrimônio aumente, tais como os tributos, que são impostos e taxas. Nesse mesmo grupo, destacam-se ainda as receitas de agropecuária, industrial, contribuições, serviços, patrimoniais e outras. b. Receitas de capital: trata-se de uma receita não efetiva, isto é, não é capaz de causar uma mudança no patrimônio líquido da administração pública, pois há uma compensação em relação à despesa. São as operações de crédito (empréstimos), alienação de bens, transferências de capital, amortização de empréstimos e outros. c. Despesas correntes: são as despesas de custeio (as corriqueiras) e transferências correntes. d. Despesas de capital: trata-se das despesas não efetivas, isto é, que não causam mudança que reduza o patrimônio líquido da administração pública. São exemplos de despesas de capital os seguintes: investimentos, inversões financeiras e transferências de capital. Figura 13 – Esquema receita e despesa Fonte: Elaborado pela autora (2021). Orçamentos e Finanças Públicas 41 IMPORTANTE: Para cada receita, haverá uma previsão de despesas e, por consequência, haverá a fixação dessas despesas, por meio de leis orçamentárias, as quais mencionamos anteriormente. RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, obtivemos juntos diversos conhecimentos sobre os orçamentos e finanças voltados para o estudo do mercado financeiro. Você estudou neste capítulo a definição do que significa o fluxo de caixa para o setor público e também aprendeu a diferenciá-lo da gestão de caixa, bem como quais aspectos estão incluídos em cada um deles. Conforme estudamos juntos, vimos que esse é um conhecimento bastante abrangente. Portanto, a fim de complementar seus estudos, indicamos que você acesse o material que disponibilizamos ao longo do capítulo. Consideramos que esses conhecimentos são fundamentais para o exercício pleno da sua profissão. Bons estudos! Orçamentos e Finanças Públicas 42 Planejamento estatal e o desenvolvimento econômico OBJETIVO: Caro estudante, ao longo deste novo capítulo, você estudará sobre os fundamentos do mercado financeiro. A partir desse conhecimento, você será capaz de identificar e diferenciar os fundamentos do planejamento estatal e sua relação com o desenvolvimento econômico. A partir desse estudo, será possível compreender de que forma o Estado se organiza economicamente para auxiliar o desenvolvimento em suas diversas esferas. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Então vamos lá. Avante! Planejamento estatal A esta altura, você já deve saber que, para garantir o funcionamento do Estado, faz-se necessária a arrecadação de receitas diversas, tais como os tributos pagos pelos cidadãos. Dessa forma, podemos concluir que, se não fosse a contribuição econômica da população, pouco ou nada poderia ser feito para o desenvolvimento social, tais como construções e reformas de escolas, hospitais, creches e outros. O orçamento público é considerado um instrumento de planeja- mento, que também é uma Lei, por meio do qual são identificados os re- cursos a serem utilizados pelo Estado, os quais são oriundos de tributos, tais como os impostos, taxas e contribuições. A partir dessa arrecadação, ela será revertida em obras, pagamento de servidores públicos, aquisi- ção de medicamentos, manutenção de prédios, entre outras coisas. Orçamentos e Finanças Públicas 43 Figura 14 – Operação tapa-buracos Fonte: Wikimedia Commons. Dessa forma, podemos inferir que: o Estado, para alcançar os seus objetivos, arrecada tributos dos seus cidadãos, com o fim de obter recursos financeiros que possam custear os seus fins sociais. Entretanto, a obtenção, a gestão e a aplicação dos recursos não é uma tarefa simples, pois exigem do Estado um planejamento estratégico e acompanhamento constante, com o fim de se verificar o atingimento de metas. (OLIVEIRA,2019, p. 18) Ainda assim, por mais que o Estado possua diversas demandas das mais diversas ordens, nem sempre será possível realizar todas as necessidades. Nesse sentido, o planejamento do Estado é fundamental. SAIBA MAIS: Para aprofundamento teórico e aplicação prática, sugerimos que você faça a leitura do artigo “O planejamento estatal e a região metropolitana de Belo Horizonte” (CLARK; REIS, 2011). Disponível aqui. Utilizaremos a China como um exemplo de planejamento. Aqui, estaremos desconsiderando os fatores proporcionais e políticos, mas trata-se de um país que consegue projetar seus próximos 10 anos com Orçamentos e Finanças Públicas https://revista.direito.ufmg.br/index.php/revista/article/view/160/148 44 tranquilidade e desenvolver uma base econômica, tecnológica e científica a longo prazo, comparado a demais países. Conforme temos visto, o orçamento trata-se de uma lei, a qual deve ser elaborada em consonância com uma base legal. O Poder Legislativo será responsável por aprovar e autorizar a realização de despesas pelos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo. Tais despesas devem ser destinadas para o funcionamento da máquina pública de forma mais geral. É importante considerar que o orçamento público não identifica apenas as despesas, como também define a previsão de receitas a serem arrecadadas ao longo de um exercício, os quais, por diversos fatores, podem ser menores que o previsto, o que, nesse caso, comprometerá o planejamento de despesas. Neste momento do estudo, você já deve saber que, por meio da Constituição Federal de 1988, foi estabelecida a obrigatoriedade das seguintes leis: a. Lei Plurianual. b. Lei Orçamentária Anual. c. Lei de Diretrizes Orçamentárias. Podemos afirmar que o objetivo desses instrumentos é instituir os objetivos constitucionais que tratam do caráter orçamentário. Eles são responsáveis por dar suporte à elaboração e execução orçamentária brasileira. Esses instrumentos regem o ciclo orçamentário no Brasil, os quais estão amplamente relacionados entre si, formando um sistema integrado de planejamento e orçamento, o qual deverá ser adotado por todos os entes da federação. Esses instrumentos encontram-se organizados, verdadeiramente, como uma pirâmide: Orçamentos e Finanças Públicas 45 Figura 15 – Organização dos instrumentos LOA LDO PPA Fonte: Elaborada pela autora (2021). No estudo da administração, existe um planejamento estratégico (de longo prazo), bem como aqueles táticos e operacionais. No contexto da administração pública, essa divisão é bastante similar: • O PPA, por exemplo, é considerado o planejamento estratégico, apesar de ser considerado de médio prazo. • O planejamento tático apresenta grande relação com a LDO, que se refere à tática de verificação das metas e prioridades do orçamento. • O planejamento operacional apresenta grande relação com a LOA, uma vez que ambos estão relacionados à execução. SAIBA MAIS: A Lei de Responsabilidade Fiscal trata-se de uma Lei complementar nº 101 de 4 de maio de 2000 e, por meio dela, são estabelecidas normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Para a continuação e aprofundamento dos estudos, sugerimos que você comece a se familiarizar com ela. Disponível aqui. De acordo com a recomendação fiscal da Constituição Federal de 1988, existe a necessidade de estabelecer as finanças e normas orçamentárias do país, com o objetivo de controlar a ação dos governantes Orçamentos e Finanças Públicas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm 46 e a efetiva capacidade de gastos do Estado, considerando os aspectos relevantes para a prevenção de gastos e, consequentemente, um possível descontrole das contas. Uma outra lei muito importante foi a 4.320 de 1964, que foi também recepcionada pela Constituição de 1988. Essa lei institui normas gerais de direitos financeiros cujo objetivo é a elaboração e controle dos orçamentos, bem como o balanço da União, estados, municípios e Distrito Federal para alcançar um efetivo planejamento, controle e transparência apresentada nas informações contábeis, orçamentárias, financeiras e patrimoniais, sobre as operações realizadas pelas entidades governamentais, bem como sobre as responsabilidades dos agentes envolvidos. Orçamento-programa Considera-se que o modelo de orçamento baseado em programas se trata do tipo mais moderno que existe nos dias atuais, sendo, inclusive, adotado pela legislação brasileira. O orçamento-programa trata-se, portanto, de um modelo de programa cujo interesse está relacionado à identificação e demonstração das ações realizadas pelo governo em sua forma mais ampla. Um outro aspecto que marca muito as características desse modelo é a questão do planejamento orçamentário, que se encontra diretamente associado ao estabelecimento de objetivos. Esse modelo de orçamento foi conceituado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 1959, tendo sofrido algumas adaptações em relação ao modelo orçamentário americano, conhecido como performance budget ou orçamento de desempenho. De acordo com a Lei nº 200, de 23 de fevereiro de 1967, a qual trata sobre o orçamento-programa, tem-se que “em cada ano será elaborado um orçamento-programa que pormenorizará a etapa do programa plurianual a ser realizado no exercício seguinte e que servirá de roteiro à execução coordenada do programa anual”. Orçamentos e Finanças Públicas 47 Quadro 3 - Vantagens do orçamento-programa Fonte: ENAP (2014, p. 9). Basicamente antes do início de um exercício, o governo define uma série de objetivos a fim de serem realizados ao longo dos 4 anos seguintes. Alguns exemplos são a distribuição de renda para reduzir a desigualdade social ou erradicar o analfabetismo no país. A partir do estabelecimento dos objetivos, devem-se construir e planejar os passos seguintes, que são os programas. São exemplos de programas: a. Bolsa-família. b. Auxílio-Brasil. c. Bolsa-escola. A partir da definição do programa, será possível definir o valor necessário a ser investido para a realização. Posteriormente, é possível ainda medir o alcance, por exemplo, de quantidade de famílias ou pessoas beneficiadas ao longo do programa. Assim, parâmetros poderão ser utilizados para avaliar um possível alcance (ou não) dos objetivos previamente estabelecidos. Orçamentos e Finanças Públicas 48 SAIBA MAIS: Devido à limitação do nosso estudo em termos de aprofundamento teórico, sugerimos que você faça a leitura do artigo “O orçamento-programa no contexto da gestão pública” (NUNES; OLIVEIRA; BEÚ, 2015). Disponível aqui. Quadro 4 – Fases e características do orçamento-programa Fonte: ENAP (2014, p. 8). Orçamentos e Finanças Públicas https://periodicos.ufsm.br/reget/article/download/18883/pdf 49 Natureza da despesa pública É importante que você saiba que a atividade financeira do Estado encontra-se estruturada da seguinte forma (Figura 3): Figura 16 – Atividade financeira do Estado ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO ORÇAMENTO PÚBLICO CRÉDITO PÚBLICO RECEITA PÚBLICA DESPESA PÚBLICA Fonte: Elaborada pela autora (2021). Neste estudo, enfatizaremos os aspectos que concernem, especificamente, a despesa pública. A despesa pública é classificada em dois grandes grupos. A saber: a. Despesa orçamentária: são aquelas que estão previstas no orçamento vigente, além daquelas a serem inseridas por meio de créditos adicionais. b. Despesa extra orçamentária: trata-se das despesas que não estavam no orçamento vigente, nem nas leis orçamentárias correspondentes ao exercício em questão. Como exemplo dessas situações, destacam-se os valores descontados dos servidores aos seus respectivos consignatários. Figura 17 – Gasto público Fonte: Pixabay. Orçamentos e Finanças Públicas 50 SAIBA MAIS: Quer saber mais sobre a natureza do gasto público e seus conceitos fundamentais?Sugerimos que assista ao vídeo “Orçamento público – conceito e natureza” publicado pelo canal Trilhante. Disponível aqui. É importante considerar que o crédito adicional é a despesa que representa um tipo de crédito: a. Suplementar. b. Especial. c. Extraordinário. Esses créditos, geralmente, não estavam previstos em orçamento ou até estavam, mas não havia capital suficiente para sua realização. RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, obtivemos juntos diversos conhecimentos sobre a necessidade de conhecer e aprofundar seus conhecimentos acerca da organização do Estado e da Administração Pública. Você estudou acerca dos fundamentos do planejamento estatal e sua relação com o desenvolvimento econômico. Essa compreensão foi fundamental para que você pudesse perceber de que forma o Estado se organiza economicamente para auxiliar o desenvolvimento em suas diversas esferas. Ah, e não se esqueça de acessar todos os links de estudos complementares que deixamos ao longo do seu material. Esse estudo ajudará a melhor desempenhar as atividades relacionadas à sua profissão. Bons estudos! Orçamentos e Finanças Públicas https://www.youtube.com/watch?v=pJWDURgTR2o 51 REFERÊNCIAS ANDRADE, N. A. Contabilidade pública na gestão municipal. São Paulo: Atlas, 2002. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2022]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm Acesso em: 11 jan 2022. BRASIL. Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público. Brasília, DF: Secretaria do Tesouro Nacional, 2019. Disponível em: https:// sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:31484. Acesso em: 11 jan 2022. FORTI, C. A. B.; PEIXOTO, F. M.; SANTIAGO, W. P. Hipótese da eficiência de mercado: um estudo exploratório no mercado de capitais brasileiro. Gestão & Regionalidade, São Caetano do Sul, v. 25, n. 75, set.- dez., 2009. FONSECA, C. G. Aplicação do modelo de markowitz na seleção de carteiras eficientes: uma análise da relação entre risco e retorno. 2011. Trabalho de conclusão de curso (MBA em Finanças e Gestão de Riscos) – Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://modelosfinanceiros.com.br/assets/ documentos/selecao_de_carteiras_eficientes.PDF. Acesso em: 26 nov 2021. LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. OLIVEIRA, M. A. S. O planejamento estatal como instrumento para a efetividade da política pública de saneamento básico: um estudo sobre os serviços de esgotamento sanitário no município de Fortaleza/ CE. 2019. Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2019. Disponível em: http:// www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/48977/1/2019_dis_masoliveira. pdf. Acesso em: 11 jan 2022. Orçamentos e Finanças Públicas Hipótese dos mercados eficientes e as finanças comportamentais Teoria de carteiras Hipótese dos mercados eficientes Bolhas econômicas Finanças comportamentais Administração financeira e o gestor público O papel do administrador financeiro As áreas de responsabilidade e suas principais funções Gestor público Contabilidade nacional Valor do dinheiro no tempo Risco versus retorno Análise de fluxos e orçamentos de investimentos Fluxos de caixa Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) Despesa pública Gasto público sustentável Contabilidade pública: o plano de contas aplicado ao setor público (PCASP) Orçamento de capital Normas de finanças públicas Planejamento estatal e o desenvolvimento econômico Planejamento estatal Orçamento-programa Natureza da despesa pública
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