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SÍNDROME COLESTÁTICA - CSR COLESTASE Definida por diminuição ou interrupção do fluxo biliar para o duodeno, por obstrução da árvore biliar intra ou extra-hepática, ou por alteração funcional do hepatócito. A bile é produzida no fígado, armazenada na vesícula e liberada na 2a porção do duodeno através da árvore biliar. A redução no fluxo da bile pode ocorrer, em maior ou menor grau, em qualquer ponto entre as células hepáticas e o duodeno. Classificação da colestase em: Extra-hepática (CEH): obstrução da árvore biliar extra-hepática, nos ductos biliares principais, localizados fora do fígado ou ao nível do hilo hepático. Causa intrínseca ou extrínseca. Intra-hepática (CIH): defeitos funcionais do hepatócito (CIH hepatocelular) ou de obstrução do fluxo de bile da árvore biliar intra-hepática. ETIOLOGIA SINTOMAS DA SÍNDROME COLESTÁTICA Tríade: ICTERICIA + COLÚRIA E ACOLIA/HIPOCOLIA FECAL. Icterícia não é uma condição obrigatória para o seu diagnóstico, sendo, muitas vezes, diagnosticada somente pela elevação de enzimas hepáticas canaliculares. Crônica: > 6 meses. Laboratório: Fosfatase alcalina (FA) acima de 1,5 x LSN. Gama-glutamil transferase (GGT), acima de 3 x LSN. Elevação sérica de sais biliares (bilirrubinas). PROPEDÊUTICA COM IMAGEM USG de abdome: 1º exame a ser perdido na colestase. Visualizar os sistemas biliares intra e extra- hepáticos, fígado e pâncreas. Identifica muito bem a vesícula, e a precisão diagnóstica para a colelitíase é de aproximadamente 96% (exame mais sensível). OBS: O exame padrão-ouro para colelitíase é a cintilografia por DISIDA. Visualiza lesões neoplásicas e anomalias congênitas, como a doença de Caroli e cistos do colédoco. Colangiorressônancia magnética: Excelente definição anatômica da árvore biliar, sendo capaz de detectar pequenos cálculos. Sua sensibilidade é de 95%, com especificidade de 89%, no diagnóstico de coledocolitíase. É o exame de escolha para casos de risco moderado de coledocolitíase, tendo como vantagem o fato de ser um exame não invasivo e com elevada acurácia. Ecoendoscopia: Endoscópio especial que tem em sua extremidade distal um transdutor de ultrassom. Vantagem: excelente capacidade de detecção de lesões periampulares (colédoco distal) e microcálculos de vesícula biliar. Esse método também permite a realização de biópsias, o que o torna particularmente útil no diagnóstico das neoplasias periampulares, onde também permite uma maior definição da ressecabilidade. Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE): Consiste na passagem de um cateter através da ampola de Vater, com injeção de contraste, permitindo a visualização fluoroscópica e documentação radiológica das vias biliares e ducto pancreático principal. O contraste enche de forma retrógrada o colédoco, o ducto cístico, a vesícula e as vias biliares intra-hepáticas. Também faz o tratamento. É um procedimento invasivo, por isso, não pedimos de cara. A principal complicação é pancreatite (30% dos casos) e perfuração de duodeno. TUMOR PERIAMPULAR É um grupo de 04 tumores: CA Cabeça de Pâncreas (mais comum). CA Ampola de Vater. Colangiocarcinoma (CA de via biliar). CA de Duodeno. Fatores de risco: obesidade, tabagismo, etilismo, hereditariedade, sexo masculino, idade avançada. Quadro clínico: Icterícia colestática progressiva (CA de ampola de Vater -> flutuante). Vesícular de Courvosier-Terrier (palpávele indolor). Perda ponderal. Colangite (devido estase). Diagnóstico: Ultrassonografia abdominal (1º exame): Dilatação extrínseca do colédoco. TC abdome com contraste: padrão ouro para diagnóstico de tumor abdominal. Colangiorressonância. USG endoscópico. CPRE. Tratamento curativo (raro): Cirurgia de Whipple (duodenopancreatectomia). Alívio da icterícia: endoprótese ou derivação bileo-digestiva se já não for indicado a cirurgia de Whipple. COLANGIOCARCINOMA Colangiocarcinoma Perihilar:Colangiocarcinoma mais comum. Classificação de Bismuth: Tipo 1: Ducto Hepático Comum. Tipo 2: Junção dos Ductos Hepáticos. Tipo 3: Ductos Hepáticos. a. Direito b. Esquerdo Tipo 4: Ambos os hepáticos. COLELITÍASE Cálculo amarelo: é o mais comum (80%). É de colesterol. Os fatores de risco são: obesidade, sexo feminino, 40 anos, idade fértil, história familiar. Cálculo castanho: mais raro. Origem na via biliar (pós-colecistectomia, colangite esclerosante). Fatores de risco: colonização bacteriana por obstrução (cisto, tumor) ou parasita (Clonorchis sinensis). Cálculo preto: 2° mais comum. A composição é de bilirrubinato de cálcio. Os fatores de risco são: doenças hemolíticas, cirrose. Fatores de risco para colelitíase: Genético, obesidade, dsmotilidade biliar, idade, dieta, estrogênio e progesterona, uso de ceftriaxona. Sintomas: Dor aguda contínua no hipocôndrio direito e/ou epigastro, apresentando, às vezes, irradiação para à escápula. Náuseas e vômitos. Os episódios se repetem em intervalos de dias a meses. A dor muitas vezes ocorre após refeição com alimentos gordurosos. Dispepsia (eructações, plenitude, náuseas). Após refeição gordurosa. Diagnóstico: Ultrassom. As complicações da colelitíase são: Colecistite aguda. Coledocolitíase. Pancreatite aguda biliar. Colangite aguda. Íleo biliar (cálculo biliar desce para íleo vai aglutinando partículas e impacta na válvula íleocecal). Tratamento: colecistectomia por videolaparoscopia. SÍNDROME DE MIRIZZI Obstrução do ducto hepático comum causada por compressão de cálculo grande em infundíbulo ou ducto cístico. Sintomas de colecistite crônica. É comum a presença de icterícia e elevação da fosfatase alcalina. Ultrassonografia mostra dilatação do ducto biliar comum acima da inserção do ducto cístico, além da presença de cálculo no infundíbulo da vesícula. O diagnóstico geralmente é intraoperatório ou por CPRE. COLEDOCOLITÍASE Passagem de um cálculo formado na vesícula biliar através do ducto cístico (coledocolitíase secundária – 90% casos), num fenômeno experimentado por cerca de 6-12% dos portadores de colelitíase. Coledocolitíase 1ª: cálculos marrons (10% casos). Clínica: icterícia flutuante, colúria, acolia fecal e prurido. Laboratório: elevação da bilirrubina sérica (principalmente da fração direta) e enzimas canaliculares (FA e G-GT). Pode ocorrer elevação moderada das aminotransferases (> 100 U/L). Complicações: colangite, pancreatite e cirrose biliar secundária. Diagnóstico: depende do risco do paciente. Podem ser utilizados os seguintes exames: USG de abdome, colangiografia perioperatória, colangiorressonância magnética e CPRE. Tratamento: extração endoscópica do cálculo por CPRE x derivação cirúrgica biliodigestiva. PANCREATITE AGUDA BILIAR A pancreatite aguda é uma condição inflamatória do pâncreas caracterizada por dor abdominal e níveis elevados de enzimas pancreáticas no sangue (amilase e lipase). Os cálculos biliares (incluindo microlitíase) são a causa mais comum de pancreatite aguda, representando 40 a 70% dos casos. A 2a causa mais comum é a alcoólica. 3 a 7% dos pacientes com cálculos biliares desenvolvem pancreatite. Possível evento inicial na pancreatite biliar: refluxo da bile para o ducto pancreático devido à obstrução transitória da ampola durante a passagem dos cálculos biliares; ou obstrução na ampola secundária a cálculo(s) ou edema resultante da passagem de cálculo. O risco de desenvolver pancreatite aguda em pacientes com cálculos biliares é maior nos homens. A incidência de pancreatite por cálculos biliares é maior em mulheres devido a uma maior prevalência de cálculos biliares. Clínica: História prévia de sintomas de colecistopatia calculosa. Dor abdominal em hipocôndrio direito e mesogastro (em faixa), podendo irradiar- se para o dorso. Náuseas e vômitos. Febre. Icterícia. Sinal de gravidade: equimose periumbilical (Sinal de Cullen) / equimose em flanco(Sinal de Grey-Turner). E sinal de Fox (equimose em base do pênis). São sinais indicativos de hemorragia retroperitoneal (pancreatite necrohemorrágica). Exames laboratoriais: Elevação das enzimas pancreáticas (amilase e lipase) acima de 3x o valor de referência. Amilase é mais sensível, pico mais precoce. Lipase é mais específica, pico mais tardio, porém se mantém por mais tempo. Exames de imagem: USG abdome: é o 1° exame a ser pedido, pode visualizar cálculos biliares na vesícula biliar ou na via biliar principal, ou a dilatação das vias biliares. TC abdome com contraste: alterações pancreáticas, como áreas não captantes de contraste indicativas de necrose, borramento da gordura peripancreática e coleções líquidas peripancreáticas. Colangiorressonância. CPRE (vai atuar de maneira mais terapêutica). Um dos métodos mais utilizados para classificação da gravidade da pancreatite são os critérios Ranson. São avaliados critérios no momento da internação e após 48 horas. (LEGAL-FECHOU) A presença de três ou mais critérios define o caso como grave. Tratamento pancreatite leve: Unidade intermediária (enfermaria). Jejum (mantido até melhora do quadro clínico, principalmente da dor). Hidratação vigorosa (hipovolemia devido sequestro de líquidos): 1,5 mL / kg / hora com bolus de 10 mL / kg em pacientes com hipovolemia. Analgesia com analgésicos comuns. Colecistectomia na mesma internação. CPRE para retirar cálculo. OBS: critério para retornar com a dieta é fome e ausência de dor abdominal. Tratamento pancreatite grave: Unidades de Terapia Intensiva. Jejum. Analgesia (opiáceos). Hidratação. Dieta enteral: sonda no duodeno. Dieta parenteral: pacientes que não toleram a alimentação enteral. Antibiótico se necrose infectada (febre e piora de leucocitose e PCR). Colecistectomia na mesma internação. CPRE para retirar cálculo.
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