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PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA POR AFOGAMENTO INTRODUÇÃO • Em 2019, no Brasil, afogamento foi a 2ª causa de óbito em crianças de 1 a 4 anos, 3ª causa de 5 a 14 anos e 4ª causa de 15 a 24 anos. • Crianças menores de 9 anos se afogam mais em piscinas e residências. Já crianças maiores de 10 anos e adultos se afogam mais em águas naturais. Crianças de 4 a 12 anos que sabem nadar se afogam mais pela sucção da bomba em piscinas. • A prevenção é a ferramenta mais eficaz na luta contra os afogamentos. • Afogamento é a aspiração de líquido não corporal por submersão ou imersão. A aspiração de água doce ou salgada produz destruição de surfactante, alveolite e edema pulmonar não-cardiogênico, resultando em um aumento do shunt pulmonar e da hipóxia. A alteração fisiopatológica mais importante é a hipóxia. Quando não há alternativa para manter as vias aéreas fora da água, a apnéia é a primeira resposta automática quando ainda não há hipóxia e a consciência está preservada. A água na boca é ativamente cuspida ou engolida. A primeira aspiração involuntária de água, quando ocorre, provoca freqüentemente tosse ou, mais raramente, laringoespasmo, levando à hipóxia. No caso de laringoespasmo, a hipóxia gerada provocará seu relaxamento em alguns segundos ou minutos. Então, mais água será rapidamente aspirada para os pulmões, tornando ineficaz a obtenção de oxigênio, instituindo-se torpor ou perda de consciência, com evolução rápida para a apnéia e, finalmente, assistolia CADEIA DO ATENDIMENTO • Sempre devemos avaliar o paciente pelo triângulo da avaliação pediátrica (TAP). Dessa forma, avaliamos a aparência, respiração e coloração da criança. • Devemos distribuir as funções para os membros da equipe (líder, monitorização, desfibrilador, via aérea, massagem cardíaca, medicações e cronometrista). • Deixar todo o material de intubação já preparado: o Laringoscópio com lâmina reta é usada até 04 anos e o tamanho adequado é medido pela distância do lóbulo da orelha até a rima labial o Para escolha do tubo devemos usar o cálculo IDADE/4 + 3,5, com cuff. Reservar um tamanho acima e abaixo. A profundidade de fixação do tubo já é calculada por PESO + 6. o Preparar medicações, seringas, agulhas. • Verificar a responsividade do paciente com toque no ombro e perguntando se está bem em voz alta. • Checar pulso (carotídeo ou femoral, e se < 1 ano checar o braquial). Avaliar respiração com inspeção da elevação do tórax e se há padrão irregular (gasping), por no máximo 10 segundos. • Paciente apresenta sem pulso e respiração = PCR → acionar sistema de alta resposta e iniciar RCP de alta qualidade. • RCP de alta qualidade: o Um socorrista: 30 compressões para 2 ventilações. o Dois socorristas: 15 compressões para 2 ventilações. o Comprimir 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax, cerca de 5cm em criança e 4cm em bebês. o Comprimir com uma velocidade 100 a 120 compressões por minuto. o Permitir o retorno total do tórax após cada compressão. o Minimizar as interrupções nas compressões torácicas, não excedendo 10 segundos. o Evitar ventilação excessiva. o Se possível, massagear em superfície rígida. Lembrar que no carrinho de parada tem prancha rígida. • A ventilação deve ser feita com bolsa-válvula-máscara (AMBU) com O2 em fluxo de 10 – 15 L por minuto. o Em PCR por afogamento, a instalação de via aérea invasiva como IOT é preconizado pois aumenta a pressão dentro da árvore brônquica e protege do risco de broncoaspiração. o Lembrar de abrir via aérea, aspirar se tiver secreção. Passar sonda nasogástrica. Se vomitar, lateralizar e aspirar novamente. OBS: a sequencia é CAB, porém em PCR devido afogamento (hipóxia) devemos iniciar ABC, podendo realizar 05 ventilações antes de iniciar as compressões. • Solicitar monitorização (eletrodos ou desfibrilador) e verificar precocemente o ritmo de parada. ASSISTOLIA OU AESP • Após verificação do ritmo e diagnostico de AESP ou assistolia devemos reiniciar a RCP com verificação do ritmo a cada 02 minutos. • O acesso venoso periférico é preferencial, se não disponível, podemos optar pelo intraósseo. Assim acesso venoso disponível, devemos realizar ADRENALINA 0,01mg/kg a cada 3 – 5 minutos (ciclo sim, ciclo não). Nesse caso, a diluição será feita com 01 ampola (1mg/ml) + 09ml de SF 0,9% ou AD, assim transforma 1:1000 para 1:10.000. Dessa solução devemos fazer 0,1ml/kg seguida de flush de 5 – 10ml de SF 0,9% e elevação do membro. • Considerar via aérea avançada para melhor ventilação. • Buscar diagnosticar as causas reversíveis: o Hipoxemia. o Hipovolemia. o Hipercalemia ou hipocalemia. o Hipotermia. o H+ - acidose metabólica. o Tensão no tórax (pneumotórax hipertensivo). o Tóxicos. o Tamponamento cardíaco. o TEP. o IAM. • Em pacientes com assistolia, devemos realizar o protocolo de linha reta ou cagada. • No ritmo de AESP é a única condição que checamos pulso entre os intervalos de cada ciclo. FIBRILAÇÃO VENTRICULAR OU TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO • Após o reconhecimento, devemos administrar o choque. A carga deve ser calculada em 2J/kg. Reiniciar RCP por mais 2 minutos. • O posicionamento das pás deve ser anteroposterior em crianças menores que 1 ano. • Após o 2° ciclo de RCP, avaliar o ritmo novamente, se chocável, administrar o 2° choque na carga de 4J/kg. E cada choque posterior, aumentar 2J/kg. A carga máxima é 10J/kg. • A adrenalina 0,01mg/kg deve ser realizada após o 2° choque, e após a cada 3 – 5 minutos. Já o terceiro choque é feito com 6J/kg. Após, devemos realizar amiodarona 5mg/kg ou lidocaína 1mg/kg. • Buscar e corrigir causar reversíveis. INTUBAÇÃO • Lâmina do laringoscópio: 0 (termo) 1 até 03 anos. Após essa idade, fazemos a medida do lóbulo da orelha até a rima labial. • Tubo: para RN (até 28 dias) não pode ter cuff. Após todos devem ter cuff para evitar broncoaspiração e extubação acidental. O tamanho do tubo é calculado por idade/4 + 3,5. • A fixação do tubo deve ser feita 3x o diâmetro do tubo. • AMBU pediátrico é usado até 01 ano. Após é o AMBU de adulto. • Após a definição de via aérea avançada, as compressões são ininterruptas e as ventilações são realizadas a cada 2- 3 segundos. OBS: A hipoglicemia deve ser tratada com glicose a 25% na dose de 2 a 4 mL/kg (0,5 a 1 g/kg). OBS: compressões em bebês é feito com 2 dedos se 1 socorrista e se 2 socorristas devem ser feita com os dois polegares, envolvendo o tórax do bebê com as mãos.