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PROFESSOR Me. Adriano Ruy Matsuo Me. Fábio Luiz Iba Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. ATIVIDADES DE ACADEMIA Google Play App Store 2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Sabrina Novaes Designer Educacional Patrícia Ramos Peteck, Revisão Textual Meyre A. P. Barbosa, Ilustração André Azevedo, Bruno Pardinho, Welington Vainer Satin de Oliveira Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MATSUO, Adriano Ruy ; IBA, Fábio Luiz. Atividades de Academia. Adriano Ruy Matsuo; Fábio Luiz Iba. Maringá - PR.:Unicesumar, 2020. 210 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1.Atividade . 2.Academia . 3.Educação Física EaD. I. Título. ISBN 978-65-5615-039-0 CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Me. Adriano Ruy Matsuo Natural de Maringá, Paraná, Brasil. Possui graduaçãoem Bacharel em Educa- ção Física (2011), pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Especialização em Fisiologia Humana: Funcionamento do Organismo Humano no Contexto Interdisciplinar (2013), pela UEM. Mestrado em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física - UEM/UEL (CAPES 4), na área de Desempenho Humano e Atividade Física; linha de pesquisa em Atividade Física e Saúde (2018). Tem experiência na área de academia, atuando como personal trainer, professor na musculação e em diferentes modalidades de ginásticas de academia. Atualmente é professor do curso de Educação Física EAD da UniCesumar. http://lattes.cnpq.br/2456149959756244 Me. Fábio Luiz Iba Possui graduação em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (2005). MBA em Gestão Empresarial (2011) e MBA em Gerenciamento de Projetos (2014), ambos pela mesma Universidade. Mestrado em Administração pelo programa de pós-graduação oferecido pela Universidade Estadual de Maringá na linha de Organização e Mercado (2018). Atualmente é professor dos cursos de graduação e pós graduação EAD, na área de administração e gestão de projetos. http://lattes.cnpq.br/6939160957684922 apresentação do material ATIVIDADES DE ACADEMIA Adriano Ruy Matsuo e Fábio Luiz Iba Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao estudo das Atividades de Academia! Quando falamos: “atividades de academia”, os primeiros pensamentos que nos vêm à mente são, ati- vidades como a musculação e as ginásticas de academia. Isso é normal, visto que, estas foram e são ativi- dades que legitimam os espaços conhecidos como academias de ginástica. Porém, é importante destacar que, atualmente, muitas outras práticas corporais são oferecidas nesses ambientes. Nesse contexto, esta obra busca reunir e apresentar as principais atividades físicas ofertadas nas aca- demias nos dias de hoje, com uma especial ênfase nas ginásticas de academia. A escolha em destacar o conteúdo relativo as ginásticas é devido a sua importância histórica e da possibilidade de transpor seus conhecimentos para as demais atividades físicas da academia. Desta forma, o objetivo aqui é proporcionar bases teóricas e metodológicas para dar suporte a sua atuação nos estágios, no mercado de trabalho, bem como, em diversos outros espaços. Para isso, num primeiro momento, será tratado o conteúdo geral das atividades de academia. Faremos um breve resgate da construção histórica desse ambiente de exercícios físicos, discutiremos os termos fitness e wellness, tão comuns em nossa área, e para encerrar essa primeira parte, apresentaremos as principais atividades ofertadas em uma academia de ginástica. Num segundo momento, abordaremos os conteúdos pertinentes a ginástica de academia. Começare- mos esse estudo através da sua história, falando sobre a sua origem no movimento ginástico europeu até o seu apogeu enquanto atividade de academia. Na sequência, discutiremos seus aspectos fisiológicos em termos de sistemas de transferência de energia, monitoramento e modulação da intensidade das aulas, e, brevemente, da recuperação dos substratos energéticos. Em seguida, serão tratados alguns elementos da música, essenciais para a elaboração coreográfica e andamento de uma aula. Ainda neste contexto, apresentaremos algumas das principais modalidades de ginástica de academia, que fazem uso ou não de equipamentos específicos, e de seus movimentos básicos. Vamos finalizar o conteúdo da ginástica, abordando os aspectos do treinamento esportivo, métodos de treinamento, assim como, a apresentação de pontos essenciais para se ministrar uma aula com excelência. O último momento desta obra é destinado ao estudo dos conteúdos da administração, visto que, ao concluírem a sua formação, muitos profissionais da educação física abrem o próprio negócio. Assim, serão trabalhados componentes importantes para o exercício das atividades de gestão e empreendedorismo. Esperamos que este livro ajude a qualificar sua carreira profissional e acadêmica! Ótima leitura e bons estudos! sumário UNIDADE I A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS 14 História da Academia de Ginástica 20 Fitness e Wellness 24 Atividades ofertadas em uma Academia de Ginástica 50 Gabarito UNIDADE II INTRODUÇÃO A GINÁSTICA DE ACADEMIA 56 Aspectos Históricos da Ginástica de Academia 70 Ginástica de Academia e a Fisiologia do Exercício 84 Elementos Musicais na Ginástica de Academia 97 Gabarito UNIDADE III MODALIDADES DE GINÁSTICA DE ACADEMIA 104 Modalidades que não fazem o uso de equipamentos 116 Modalidades que fazem o uso de equipamentos 128 Modalidades Aquáticas de ginástica de academia 139 Gabarito UNIDADE IV PLANEJAMENTO DA AULA DE GINÁSTICA DE ACADEMIA 144 Treinamento Desportivo e a ginástica de aca- demia 150 Planejamento e Organização de uma aula de ginástica de academia 156 Elementos para um coaching de excelência 170 Gabarito UNIDADE V GESTÃO E EMPREENDEDORISMO 176 Administração e seus principais conceitos 180 Processo administrativo 184 Estrutura organizacional 188 Empreendedorismo e plano de negócios 198 Gabarito REFERÊNCIAS Me. Adriano Ruy Matsuo Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • História da Academia de ginástica • Fitness e Wellness • Atividades ofertadas em uma academia de ginástica Objetivos de Aprendizagem • Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da academia de ginástica. • Discutir sobre os termos fitness e o wellness no contexto da academia. • Apresentar as atividades comumente praticadas e oferecidas na academia. A ACADEMIA DE ATIVIDADES FÍSICAS unidade I INTRODUÇÃO O lá, aluno(a), para iniciarmos o estudo das atividades de aca- demia, nesta primeira unidade, trataremos deste nosso am- biente de trabalho, que é a academia de ginástica. Além disso, serão apresentadas as principais atividades que, atualmente, são desenvolvidas nela. Desta forma, primeiramente, faremos um sucinto resgate da história da academia de ginástica para que possamos compreender como ela se consolidou enquanto local de prática de exercícios físicos. Nesse sentido, veremos quem foram os pioneiros e quais foram as práticas que origina- ram e impulsionaram a globalização das academias de ginásticas. Na sequência, discutiremos sobre dois temas muito comuns no contexto das academias de ginástica, o Fitness e o Wellness. Veremos que o fitness está ligado a muitos outros aspectos para além da condição física apenas. Nesse contexto, trataremos das dimensões do fitness, em especial da dimensão físi- ca, onde encontramos os componentes da aptidão física. Veremos, também, que, o termo wellness surgirá como conceito paralelo à ideia de academia, meramente, com finalidade de desenvolvimento da aptidão física. Para encerrar a unidade, abordaremos as principais atividades ofer- tadas nas academias de ginástica. Partindo do entendimento de que estas vão além dos exercícios físicos desenvolvidos, categorizaremos, didatica- mente, as atividades ofertadas em dois tipos: modalidades de exercícios físicos e atividades complementares. Nessa perspectiva, serão apresentadas aquelas modalidades de exercí- cios físicos que, de certa forma, são práticas clássicas nas academias como a Musculação, o Treinamento funcional e o Treinamento individualiza- do ou Personal trainer. Já as atividades complementares retratadas serão aquelas oferecidas com o intuito de fornecer suporte e uma experiência melhor ao aluno, como a avaliação física. Com esses apontamentos iniciais estamos preparados para começar os estudos! Tenha uma ótima leitura! 14 Iniciaremos nosso estudo a respeito das atividades presentes na academia, realizando um sucinto res- gate histórico deste estabelecimento de atividades voltadas, principalmente, ao aprimoramento dos componentes da aptidão física. Contudo, antes de entrarmos nesta discussão, é importante entender a origem da expressão “academia de ginástica”, utilizada, aqui no Brasil,para designar estabeleci- mentos deste tipo. O termo “academia” tem origem na escola funda- da por Platão, chamada de Academia, devido ao local onde estava instalado o bosque de Academos (GA- ARDER, 1995). É relevante destacar que, juntamente com a educação do intelecto, o cuidado com o corpo e a boa forma faziam parte do pensamento grego da época. Já a palavra ginástica é utilizada, usualmente, para designar um conjunto de exercícios físicos que têm por objetivo a manutenção ou o aperfeiçoamento físico (FONTANA; REPPOLD, 2014). História da Academia de Ginástica 15 EDUCAÇÃO FÍSICA O movimento gerado por Sandow e Atlas se forta- leceu, na década de 70, com as publicações da The International Federation of Bodybuilding and Fitness (IFBB), em português “Federação Internacional de Bodybuilding e Fitness”, com o surgimento de ato- res, como Arnold Schwarzenegger e de franquias, como a, mundialmente conhecida, Gold´s Gym. O surgimento das academias de ginástica ocor- reu no século XIX, na Europa, mais precisamente na Alemanha (ANDREASSON; JOHANSSON, 2014) e na Bélgica (CAPINUSSU; COSTA, 1989). Estes espaços eram conhecidos como ginásios (ou Tur- nkunst na Alemanha) e tinham como objetivo edu- car e condicionar, fisicamente, homens e mulheres, por meio de exercícios físicos e aparelhos específi- cos. A partir do século XX, houve aumento e pro- pagação das academias tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, onde as práticas mais oferecidas eram o halterofilismo e a ginástica. Apesar do grande destaque que a ginástica rece- beu no século XIX, em decorrência do movimento ginástico europeu, foi por meio de dois fisiculturis- tas, Eugen Sandow (1867-1925) e Char- les Atlas (1892- 1972), que se ini- ciou a globalização da academia e da cultura fitness, no começo do século XX (ANDREAS- SON; JOHANSSON, 2014). Essa globali- zação ocorreu, por meio de palestras internacionais, revis- tas e materiais sobre técnicas e treinamen- to físico, promovidos por ambos os atletas. Figura 1 - Eugen Sandow. Fonte: Wikimedia (2006, on-line)1. Figura 2 - Charles Atlas. Fonte: Wikimedia (2019, on-line)2. Figura 3 - Logomarca mundialmente conhecida da Gold´s Gym 16 Paralelamente ao desenvolvimento do halterofilismo, ainda na década de 70, os exercícios aeróbicos, suge- ridos pelo pesquisador norte americano Dr. Kenneth H. Cooper, passaram a ter notoriedade e serviram de estímulo para o desenvolvimento de uma forma específica de ginástica, que envolvia a música com movimentos coreografados, denominada de Aerobic Dancing (SORENSEN, 2019, on-line)5. Podemos di- zer que esta forma de ginástica deu origem às mo- dalidades de ginástica de academia contemporâneas. Uma clássica academia de ginástica entre os anos 1980 e 1990 consistia em uma sala com di- ferentes tipos de máquinas e equipamentos de treinamento, um espaço com pesos livres (barras, anilhas e halteres) e uma sala para atividades de gi- nástica em grupo. De modo geral, atualmente, as academias seguem este mesmo padrão, contudo, é possível observar aquelas que oferecem, ainda, di- ferentes espaços, como piscinas, tatames, quadras esportivas, entre outros. Figura 5 - Anilhas de diferentes pesos Figura 6 - Halteres de diferentes medidas Inaugurada no ano de 1965, em Venice Beach, na Califórnia (Estados Unidos), a Gold’s Gym era um local simples, com equipamentos caseiros, onde fisiculturistas podiam moldar seu físico. Seu aluno mais icônico foi o ator Arnold Schwarzene- gger, que, junto a seus amigos lideraram o movi- mento Bodybuilding, nos anos de 1970. A Gold’s Gym passou a ser reconhecida, mundialmente, a partir do ano de 1977, quando organizou o concurso Mister América e serviu de cenário para o filme Pumping Iron, em que Schwarzenegger e seus amigos mostraram seus treinamentos para os concursos Mister Universe e Mister Olympia. Atualmente, ela se tornou uma das maiores empresas do ramo do fitness, com mais de 700 academias em todo o mundo. Acompanhando a evolução das academias, a Gold’s Gym, oferece além do espaço da musculação (que foi seu cerne), uma variedade de programas de treinamento, como o Gold’s Burn, o Gold’s Fit e o Gold’s Cycle, visando abranger diferentes públicos. Fonte: Gold’s Gym (2019a; 2019b, on-line)3,4. SAIBA MAIS 17 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 4 - Barra 18 Foi a partir dos anos 1990 que houve a súbita expan- são das franquias de academias e das modalidades de exercícios, que têm atraído cada vez mais pessoas para a cultura fitness (ANDREASSON; JOHANS- SON, 2014). A dimensão do crescimento da cultura fitness pode ser observada pelo número de acade- mias em todo mundo, que já somam mais de 201 mil, onde, aproximadamente, 34 mil delas estão lo- calizadas no Brasil (CORONA, 2018, p. 23). A ACADEMIA DE GINÁSTICA NO BRASIL O modelo de academia de ginástica, semelhante ao atual, afirmou-se a partir do ano de 1940, no Brasil. Na época, as academias ofereciam ginástica, lutas e halterofilismo, sendo encontradas principalmente nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janei- ro. Com o desenvolvimento desses locais enquanto espaço de negócio lucrativo e a divulgação do hal- terofilismo, promovido por fisiculturistas e alguns atores de cinema, houve a expansão das academias de ginástica no Brasil, assim como aconteceu em todo o mundo (FURTADO, 2009). A ginástica de academia promoveu, nos anos de 1980, o aumento de adeptos à prática de exercícios fí- sicos nesses locais, principalmente das mulheres, que buscavam a ginástica aeróbica, divulgada pela atriz Jane Fonda. Foi nesta época, também, que ocorreu a remodelação das salas de halterofilismo, que passa- ram a ter máquinas e instrumentos de fácil manuseio e utilização, para aquelas pessoas que não tinham o hábito de treinar. Seguindo estas mudanças, o termo “halterofilismo” foi substituído por “musculação”, ob- jetivando incluir o público que não praticava a moda- lidade por competição (FURTADO, 2009). A partir da década de 1990, há uma grande di- versificação de modalidades e produtos oferecidos, sendo esta tendência ainda observada nos dias de hoje. As academias brasileiras procuram se atuali- zar oferecendo, além das tradicionais modalidades (musculação e ginástica de academia), espaços para práticas que integram força, equilíbrio e flexibilida- de, e que propiciam, além do condicionamento físi- co, também, a saúde e o equilíbrio mental. Dispo- nibilizam, também, equipamentos tecnológicos que fornecem informações detalhadas de performance, ou ainda, que simulam situações encontradas em diferentes práticas esportivas. Ofertam, juntamente, serviços, como avaliação física, acompanhamento nutricional, fisioterápico bem como programas de treinamento específicos, seja para uma população em especial (idosos por exemplo) seja para determi- nada finalidade (para ganho ou redução de peso). Figura 7 - Esteira ergométrica 19 EDUCAÇÃO FÍSICA Apesar de discutirmos, até aqui, a academia de gi- nástica enquanto local de pluralidade, no Brasil (e no mundo), existem aquelas que são especializa- das em atender determinado público, ou oferecer, exclusivamente, uma modalidade. Nesse sentido, é comum encontrar academias restritas ao atendi- mento a mulheres ou a idosos, bem como aquelas especializadas em lutas, danças ou qualquer outra prática. Focando em um único segmento, essas academias se capacitam para oferecer um trabalho de qualidade e garantem uma experiência próxima a que seus alunos desejam. Figura 8 - Simulador de escada Figura 9 - Atividades com recurso de realidade virtual 20 Recentemente, com o desenvolvimento do ramo da academia de ginástica enquanto negócio, a visão que antes se restringia ao fitness foi ampliada e, aos poucos, foram sendo agregadas outras concepções, buscando ampliar o público alvo e atingir o merca- do de maneira mais eficaz, surgindo assim, a ideia de wellness. Provavelmente, você já tenha visto ou escutado esses termosem algum lugar. Contudo você saberia conceituá-los? Fitness e Wellness 21 EDUCAÇÃO FÍSICA O FITNESS O termo fitness é empregado, comumente, para de- signar a aptidão ou condicionamento físico de um indivíduo. No entanto de acordo com a etimologia, esse termo de origem da língua inglesa é composto pela palavra Fit que significa “apto” ou “adaptado”, e o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de condição. Desta forma, fitness corresponde ao esta- do de se estar apto (ter aptidão) para responder às necessidades individuais. Portanto, não é um termo restrito apenas à condição física, mas à aptidão dos aspectos emocionais, intelectuais e sociais também (DANTAS et al., 2009). Nesse sentido, o fitness pode ser entendido em dimensões, as quais são influenciadas pelo ambiente e circunstâncias de vida, que contribuem para o es- tado de adaptação geral do indivíduo (ARMBRUS- TER; GLADWIN, 2001). Estas dimensões podem ser descritas como: Social, Emocional, Intelectual e Física. Veja a seguir uma breve explicação de cada uma delas (DANTAS et al., 2009). Social: re�ete-se na satisfação de necessidades básicas de afeto (aceitação e aprovação de indivíduos), realização (aprovação e aceitação recebidas do grupo) e integração (mutualidade, cooperação e lealdade do grupo). O �tness social é indicado pelo grau de harmonização de uma pessoa com os valores, a cultura, os costumes e os hábitos do grupo a que pertence. Emocional: corresponde ao grau de adequação das respostas comportamentais diante aos estímulos do meio ambiente, bem como, a habilidade de lidar com a tensão, ansiedade e a satisfação. O �tness emocional re�ete o equilíbrio emocional e a aceitação do próximo. Além disso, proporciona ao indivíduo disciplina, responsabilidade, determinação e autorrealização. Intelectual: consiste, basicamente, na capacidade de aprendizagem, na inteligência e na cultura. O �tness intelectual estimula o indivíduo a utilizar sua inteligência e criatividade para a resolução de problemas, bem como, a busca pelo conhecimento para satisfazer suas necessidades. Física: é constituída por um conjunto de fatores capazes de promover saúde, bem-estar físico e qualidade de vida. Dentre eles se encontra a aptidão física que pode ser entendida como sendo a capacidade de desenvolver as atividades físicas, sejam elas esportivas, ocupacionais ou diárias, de maneira plena. DIMENSÕES DO FITNESS A partir desta concepção sobre o fitness e as suas di- mensões, podemos dizer que, no contexto da acade- mia de ginástica, a expressão correta a ser utilizada seria physical fitness, em português “aptidão física”. 22 Aptidão física relacionada à saúde Os principais motivos pelos quais os indivíduos pro- curam uma academia de ginástica para realizar a sua prática de atividade física são a manutenção ou me- lhora da saúde e da qualidade de vida (PORTUGAL et al., 2017; VILELA; ROMBALDI, 2015; TAHARA; SCHWARTZ; SILVA, 2003). Isto porque a atividade física, juntamente com a aptidão física, tem sido as- sociada, positivamente, a estes fatores em indivíduos de todas as faixas etárias, mas, principalmente, em adultos e idosos, cujos potenciais riscos da inativi- dade se manifestam (NAHAS, 2013). A aptidão física relacionada à saúde inclui com- ponentes apontados como fundamentais para a lon- gevidade e autonomia, capazes de reduzir os riscos de doenças ou condições crônico-degenerativas ocasionadas por baixos níveis de atividade física habitual (NAHAS, 2013). Compreendem tais com- ponentes a aptidão cardiorrespiratória (ou aptidão aeróbica), a força e resistência muscular, a composi- ção corporal e a flexibilidade. Todos eles são impor- tantes e podem ser definidos como: • Aptidão cardiorrespiratória: é a capacidade de o organismo resistir à fadiga em esfor- ços de média e longa duração. Envolvendo os sistemas cardiovascular e respiratório, ela depende, essencialmente, da captação e dis- tribuição do oxigênio para os músculos em exercício físico. Também são determinantes desse componente a ineficiência dos múscu- los em utilizar do oxigênio transportado e a disponibilidade de substratos energéticos (glicose ou gordura). Baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória têm sido correlacionados a um risco muito elevado de morte prema- tura por qualquer causa, mas especialmente por doenças cardiovasculares. Por outro lado, aumentos no nível de aptidão cardiorrespira- tória estão associados à redução de morte por todas as causas (ACSM, 2016). • Força e resistência muscular: a força muscu- lar corresponde à quantidade de força exter- na que o músculo pode aplicar contra uma resistência (CASPERSEN et al., 1985). Já a resistência muscular é a capacidade de um músculo ou um grupo muscular executar re- petidas contrações sem reduzir a eficiência do trabalho realizado. Ambas contribuem para a melhora ou manutenção da massa óssea (a redução da massa óssea está diretamente associada à mortalidade), da tolerância à gli- cose (importante no estado pré-diabético e diabético), da integridade musculotendínea, da capacidade de realizar atividades diárias, e da massa livre de gordura (relacionada à massa corporal e a taxa metabólica de repou- so) (ACSM, 2016). • Composição corporal: basicamente, ela pode ser expressa como a porcentagem re- lativa dos tecidos adiposos e magros (mús- culos, ossos e água) que compõe a massa corporal (NIEMAN, 2011). Ela é um com- ponente crítico do perfil de saúde de um in- divíduo uma vez que o acúmulo excessivo de gordura corporal é considerado um pro- blema de ordem pública e está associado a diversas doenças, como a diabetes mellitus tipo II, as dislipidemias, as doenças cardio- vasculares, certos tipos de câncer, dentre outras (PERGHER et al., 2010; VAN GAAL; MERTENS; DE BLOCK, 2006; MOKDAD et al., 2001; OLIVEIRA; FISBERG, 2003). No entanto baixos níveis de gordura corpo- ral também representam risco à saúde, pois o organismo depende de certa quantidade de gordura para manter as funções fisioló- gicas normais (HEYWARD, 2004). 23 EDUCAÇÃO FÍSICA • Flexibilidade: diz respeito ao grau de ampli- tude nos movimentos de diversas partes do corpo. É dependente das estruturas articula- res e da elasticidade de músculos e tendões. Preservar a flexibilidade facilita os movimen- tos e mantém a independência funcional e o desempenho de atividades da vida diária (e esportivas também) (HEYWARD, 2004). Usualmente, então, os programas de exercícios físi- cos desenvolvidos na academia de ginástica são (e devem continuar sendo) direcionados à promoção desses componentes relacionados à saúde. Contudo isso não significa que os componentes relacionados à performance, como a agilidade e o equilíbrio, não são estimulados, muito pelo contrário, eles também fazem (e devem fazer) parte desses programas, mas com menor ênfase. O WELLNESS O fato de as primeiras academias de ginástica terem surgido com o propósito de aperfeiçoar o condicio- namento físico dos indivíduos e de seus fundadores terem sido, muitos deles, atletas ou pessoas envol- vidas em práticas corporais, fortaleceu e propagou a ideia do fitness (FURTADO, 2009). Com o desen- volvimento das academias, a visão antes restrita à aptidão física foi se ampliando e, aos poucos, assi- milando o ideal da saúde e bem-estar, disseminado fortemente, a partir dos anos de 1970. É nesse con- texto que aparece o termo wellness. De acordo com a etimologia, o termo wellness, de origem inglesa, é composto pela palavra Well, que sig- nifica “bem”, e o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de condição, conforme dito anteriormente. Portanto, wellness tem como significado o “estar bem” ou “bem-estar” (DANTAS et al., 2009). Sugerido pelo americano Charles B. Corbin, o termo wellness pode ser entendido como a integração de todos os aspectos da saúde e do fitness (com suas dimensões), que desenvolve um potencial para vi- ver e trabalhar plenamente, contribuindo, significa- tivamente,para a sociedade (SABA, 2006). Assim, se outrora o foco era o aperfeiçoamento do físico, agora, a busca é pela qualidade de vida. É importante destacar que o conceito de wellness não deixa de enfatizar o condicionamento físico, no entanto atribui a ele valores referentes à saúde e bem-estar (FURTADO, 2009). A educação para a saúde, visando às modi- ficações do comportamento que conduzem a um estilo de vida saudável, deve ser, a priori, em uma academia. Nesse sentido, além da atividade física, quais pontos de- vem ser de conhecimento do profissional de Educação Física? REFLITA 24 Ao falarmos em atividades de academia, o primeiro pensamento que surge é em relação às práticas cor- porais inerentes a este ambiente, como a musculação e as aulas de ginástica. No entanto, além de um es- paço adequado para a prática de exercícios físicos, uma academia oferece muitas outras atividades que visam complementar o serviço prestado, bem como, satisfazer as necessidades de seus clientes. Nessa perspectiva, as atividades ofertadas em uma academia de ginástica podem ser categoriza- das, de maneira simples, em dois tipos: modalidades de exercícios físicos e atividades complementares. Atividades ofertadas em uma Academia de Ginástica 25 EDUCAÇÃO FÍSICA MODALIDADES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS Em sua essência uma academia de ginástica é edifi- cada a partir da(s) modalidade(s) de exercício físico que esta oferece. Um grande desafio é elencar todas as modalidades existentes uma vez que elas variam de acordo com a época e região, assim como novas formas de exercício físico são frequentemente elabo- radas e lançadas. No entanto existem aquelas moda- lidades que, de certa forma, tornaram-se (ou estão se tornando) práticas clássicas nas academias. São al- gumas destas práticas que serão abordadas a seguir. Exercícios aeróbicos em aparelhos Exercícios aeróbicos, como a caminhada e a corrida, normalmente, demandam um espaço amplo para a sua realização, pois exigem que seus praticantes per- corram certa distância, ou mantenham o exercício por determinado tempo. É evidente que, por motivo de espaço e segurança, exercícios com movimentos cíclicos como estes não são passíveis de serem re- alizados, de forma tradicional, no interior de uma academia. Desta forma, estas práticas vêm sendo executadas com a ajuda de aparelhos específicos, que permitem a simulação dos gestos motores de maneira estacionária. Os aparelhos específicos para o desenvolvimen- to da aptidão cardiorrespiratória passaram a com- por o quadro de itens indispensáveis em uma aca- demia, a partir da década de 70, quando a prática do jogging (corrida) foi bastante difundida, por in- fluência dos estudos do Dr. Cooper. Neste contex- to, pode-se dizer que as treadmills, em português “esteiras”, foram os primeiros aparelhos deste tipo no ambiente da academia. O conceito da esteira surgiu com base em um me- canismo, criado no século XIX, para punir presidiá- rios na Inglaterra. Esse mecanismo era uma enorme roda com 24 raios estendidos em grandes pás, nas quais os presos realizavam o movimento em degraus, como uma escada. A máquina era grande e comprida, de maneira que vários prisioneiros eram colocados nela ao mesmo tempo (HEFFERNAN, 2015). Figura 10 - Treadmill para prisioneiros / Fonte: Wikimedia (2019, on-line)4. O movimento era constante, e a energia gerada era utilizada para bombear água, moer grãos ou fazer moinhos funcionarem, daí o nome treadmill, em que tread pode ser traduzido como “passo”, e mill como “usina” ou “moinho”. O esforço físico realizado pe- los presidiários era tão grande que o equipamento passou a ser visto como uma maneira eficiente de manter a aptidão física deles (HEFFERNAN, 2015). 26 A esteira no formato que conhecemos hoje, uma estrutura com rolamentos e uma lona, que permite o desenvolvimento de uma caminhada ou corrida estacionária, surgiu na década de 50. Desde então, ela tem passado por aprimoramentos e vem ganhan- do itens cada vez mais tecnológicos que auxiliam no controle, no deleite e na qualidade do exercício físico. Musculação A musculação é uma das principais modalidades de exercício físico em uma academia (ao menos, na maioria delas) e tem o treinamento resistido como guia para o desenvolvimento da sua prática. Os exer- cícios resistidos são, resumidamente, aqueles que exigem que a musculatura corporal se movimente (ou tente se mover) contra uma força oposta (no caso a resistência), normalmente, exercida por al- gum tipo de equipamento ou, até mesmo, pelo peso corporal (FLECK; KRAEMER, 2017). Com o advento da esteira, outros equipamentos foram elaborados com a mesma premissa, a de promover a aptidão cardiorrespiratória, por meio da simulação de movimentos esportivos. Nesse contexto, ao longo dos anos, surgiram bicicletas, remos e até máquinas que simulam os movimentos do esporte Esqui. Figura 12 - Elíptico Figura 11 - Remo ergométrico 27 EDUCAÇÃO FÍSICA Um programa de treinamento de musculação bem elaborado, coerente e executado de maneira correta, pode produzir benefícios à aptidão física e a saúde, tais como, aumento da massa muscular (hipertrofia), redução da gordura corporal, melhora da força e do desempenho físico em atividades da vida diária e esportivas. Outros benefícios à saúde também são observados, como melhora na pressão arterial, no perfil lipídico e na sensibilidade à insuli- na (FLECK; KRAEMER, 2017). Apesar de não ser uma modalidade esportiva, a musculação contribui para a preparação de atletas de diferentes modalidades, além de ser a base do fisiculturismo e de algumas modalidades, como o levantamento de peso olímpico. As rotinas de exer- cícios da musculação envolvem a manipulação de pesos, séries, repetições e pausas. Dependendo da forma como esses elementos são combinados, os re- sultados produzidos são diferentes. Nesse sentido, existem vários programas de trei- namento, cada qual com a sua finalidade (por exem- plo, emagrecimento, hipertrofia e ganho de força) e seu idealizador. Porém todos eles se alicerçam em seis princípios: o Princípio da especificidade, Princípio da sobrecarga progressiva, Princípio da individualidade, Princípio da variabilidade, Princípio da manutenção e o Princípio da reversibilidade (STOPPANI, 2017). Obser- ve, a seguir, um resumo de cada um desses princípios. Princípio da sobrecarga progressiva: é o contínuo aumento da intensidade do treino, ajustado de acordo com a adaptação do músculo ao estímulo dado, por meio do aumento na carga levantada, no número de repetições ou séries realizadas, ou ainda, na diminuição do tempo de descanso entre as séries. Princípio da especi�cidade: significa treinar de forma específica para produzir os efeitos específicos desejados. Princípio da individualidade: os programas de treinamento devem ser elaborados respeitando e considerando as necessidades específicas ou os objetivos e habilidades dos indivíduos. Princípio da manutenção: ao ser alcançado o objetivo do treinamento, esse pode ser mantido apenas com um programa voltado para a preservação das adaptações. Princípio da reversibilidade: quando um o programa de treinamento resistido é interrompido ou não é mantida uma frequência ou intensidade adequada, as adaptações na forca ou na hipertrofia, respectivamente, retornam à condição inicial ou deixam de progredir. Princípio da variabilidade: a adaptação do corpo, frente ao estímulo produzido pelos programas de treino, geralmente, cria um platô no processo evolutivo, que é quebrado apenas por novos estímulos. 28 Anilhas: são pesos, normalmen- te, em formato de discos e feitos de ferro fundido. Apresentam medidas variadas e um buraco no centro para serem encaixa- dos nas barras ou máquinas. Da mesma maneira que há diversos programas de treinamento, existem vários exercícios na muscula- ção para todos os segmentos corporais.Esses exercí- cios são executados utilizando-sede diferentes equi- pamentos, como: Barras: são cilindros de comprimento, diâme- tro e peso variável, feitas de diferentes ligas metálicas. Existem diferentes formatos de bar- ras, sendo as mais comuns a barra reta, em for- ma das letras “W” e “H”, e a barra hexagonal. Halteres: numa definição simples, halteres são pequenas barras, as quais possuem uma empunhadura com espaço para ape- nas uma mão. Possuem diversos formatos e tamanhos, com pesos fixos ou ajustáveis. Figura 13 - Barra hexagonal Figura 15 - Diferentes exercícios com halteres Figura 14 - Anilhas de levantamento de peso olímpico 29 EDUCAÇÃO FÍSICA Máquinas com ajuste de placas de peso: são conhecidas assim por utilizarem placas de metal, normalmente, retangulares, que ficam empilhadas em um compartimento e alinhadas por um trilho. Estas possuem um elaborado sistema de cabos e roldanas para o seu funcionamento. Máquinas com ajuste de anilhas: possuem um local específico para acoplar as anilhas. Geralmente, funcionam com um sistema sim- ples de alavanca. Máquinas monoarticulares: são máquinas cujos exer- cícios desenvolvidos envol- vem apenas uma articula- ção do corpo, isolando, ao máximo, o músculo agonis- ta do movimento. Figura 17 - Máquina com ajuste de anilhas Figura 18 - Máquina monoarticular Figura 16 - Máquina com ajuste de placas de peso 30 Embora, atualmente, existam inúmeros tipos de ati- vidades físicas nas academias, a grande parte das pessoas ainda adota a musculação como exercício físico para atingir seus objetivos de saúde, estética ou performance. Máquinas multiarticulares: são má- quinas em que os exercícios desen- volvidos envolvem mais de uma arti- culação do corpo, fazendo com que o músculo agonista do movimento seja auxiliado por outro grupo muscular. Figura 19 - Máquina multiarticular 31 EDUCAÇÃO FÍSICA Treinamento funcional Basicamente, treinamento funcional é treinar para uma finalidade. Sua gênese está ligada à medicina esportiva, quando se observou que, a eficiência dos exercícios utilizados na reabilitação de atletas po- deria ser transferida para os programas preparação física. Seu propósito residia em ensinar os atletas a lidar com o seu peso corporal, em todos os planos de movimento, nas diferentes exigências do esporte (BOYLE, 2018). Neste contexto, o treinamento fun- cional faz o uso de vários conceitos esportivos para trabalhar elementos, como a velocidade, força, po- tência, equilíbrio e propriocepção (consciência cor- poral), de modo a melhorar o desempenho atlético e reduzir a incidência de lesões (BOYLE, 2018). A partir da premissa de que, os exercícios usados para recuperar um atleta lesionado também poderiam ser os melhores exercícios para manter e melhorar a saúde, o treinamento funcional passou a fazer parte do quadro de atividades das academias de ginástica. Assim, em vez de preparar para o esporte, os exercí- cios passam a condicionar para as atividades diárias. Um programa de treinamento funcional é es- truturado para trabalhar movimentos, não múscu- los. Desta forma, os exercícios funcionais procu- ram envolver o máximo de movimento das várias articulações bem como a integração entre os gru- pos musculares de diferentes segmentos corporais. Para tanto, são utilizados movimentos de puxar, empurrar, estabilizar, levantar, agachar, arremessar, correr e saltar (D’ELIA, 2016). Figura 20 - Região do Core / Fonte: Ice Skating Sports ([2020, on-line)6. 32 Um ponto essencial é o treinamento do Core, que compreende a região central do corpo, abrangendo as costas, o abdômen e a região pélvica. A importân- cia do Core reside no fato de que ele oferece movi- mento e suporte para todas as regiões do corpo, além disso, é onde se localiza o centro de gravidade. Re- sumidamente, o Core assume as seguintes funções: • Estabilização da cintura escapular, cintura pélvica e coluna durante os movimentos. • Produz a força para os movimentos do tronco. • Transfere a energia (força) entre o tronco e os membros. • Conexão entre membros superiores e inferiores. • Prevenção de traumas, movimentos compen- satórios e lesões de um modo geral. A maioria dos exercícios funcionais é executa- da com o peso do próprio corpo, mas também podem ser realizados com acessórios e equipa- mentos específicos, tais como as que seguem nas figuras seguintes: Figura 21 - Medicine ball Figura 22 - Kettlebell Figura 23 - Escada de agilidade Figura 24 - Bosu 33 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 25 - Resistance band Figura 26 - Corda naval 34 Em síntese, o treinamento funcional busca tornar o corpo mais inteligente, equilibrado (lados, cadeias e extremidades) e preparado para as exigências mo- toras da vida diária, por meio de exercícios que es- timulam força, equilíbrio, velocidade, resistência, agilidade, potência, mobilidade e flexibilidade. Treinamento em suspensão O treinamento em suspensão consiste na execução de movimentos com determinados segmentos cor- porais suspensos. A ideia central deste método é uti- lizar o peso corporal e a gravidade como carga para os exercícios e, desta forma, estimular o aprimora- mento dos componentes da aptidão física. Este método de treino foi desenvolvido pelos soldados das Forças de Operações Especiais da Ma- rinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team), com o intuito de manter e auxiliar na progressão do condicionamento físico durante as missões, princi- palmente, quanto estavam embarcados em navios e submarinos (TRX, 2011). 2 3 5 4 6 7 1 13 9 8 10 11 12 1. Fita de ancoragem 2. Ajuste intermediário do mosquetão de ancoragem 3. Mosquetão de ancoragem 4. Laço de ancoragem inferior 5. Mosquetão principal 6. Laço de equalização 7. Trava de segurança 8. Marcas de regular a altura (pode ser baixa, intermediária ou alta) 9. Tiras de Ajuste 10. Fivelas 11. Manoplas 12. Apoio para os pés 13. Fita principal 2 3 5 4 6 7 1 13 9 8 10 11 12 1. Fita de ancoragem 2. Ajuste intermediário do mosquetão de ancoragem 3. Mosquetão de ancoragem 4. Laço de ancoragem inferior 5. Mosquetão principal 6. Laço de equalização 7. Trava de segurança 8. Marcas de regular a altura (pode ser baixa, intermediária ou alta) 9. Tiras de Ajuste 10. Fivelas 11. Manoplas 12. Apoio para os pés 13. Fita principal 2 3 5 4 6 7 1 13 9 8 10 11 12 1. Fita de ancoragem 2. Ajuste intermediário do mosquetão de ancoragem 3. Mosquetão de ancoragem 4. Laço de ancoragem inferior 5. Mosquetão principal 6. Laço de equalização 7. Trava de segurança 8. Marcas de regular a altura (pode ser baixa, intermediária ou alta) 9. Tiras de Ajuste 10. Fivelas 11. Manoplas 12. Apoio para os pés 13. Fita principal Figura 27 - Visão geral da fita de treinamento em suspensão. Fonte: o autor. 35 EDUCAÇÃO FÍSICA A partir de algumas tiras de paraquedas e pedaços de borracha nasceu o primeiro equipamento e um conjunto inicial de exercícios nele executados (TRX, 2011). O aprimoramento desse equipamento e a sis- Os programas de treinamento em suspensão abran- gem diversos métodos de treino, como as tradicio- nais séries e repetições separadas por determinado tempo de descanso, os treinos intervalados de alta tematização dos exercícios em suspensão deram ori- gem à marca TRX® (do inglês Total Body Resistance Exercise). Este é motivo da fita de treinamento em suspensão ser comumente chamada pela sigla TRX. intensidade e os circuitos. Todos esses são elabora- dos a partir das progressões de movimento em que as diferentes formas de posicionamento do corpo, num mesmo exercício, conferirão maior ou menor grau de dificuldade e intensidade. Figura 28 - Exercício de agachamento utili- zando a fita de treinamento em suspensão Figura 29 - Aulas coletivas de treinamento em suspensão 36 Como a fita é ancorada (fixada) em determinada altura (entre 2,10 m e 2,70 m), na parede ou em qualquer outra estrutura, os exercíciosexploram os diferentes ângulos e a estabilidade nas mais variadas posições que o corpo pode assumir. Nesse sentido, existem movimentos em que são assumidas posi- ções na vertical, diagonal e horizontal. Figura 30 - Posicionamento do corpo na diagonal, com apoio das mãos Figura 31 - Posicionamento do corpo na horizontal, com apoio dos pés. 37 EDUCAÇÃO FÍSICA Treinamento individualizado (Personal trainer) De acordo com a Resolução n° 327, de 10 de outu- bro de 2016, do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2016) uma das atribuições do profissional de Educação Física é a prescrição do treinamento físico in- dividualizado. Este serviço, em que se atende de forma individualizada, é conhecido, popularmente, como Per- sonal trainer (em português “treinador pessoal”). Por meio de programas de treinamentos pla- nejados e orientados, individualmente, o Personal trainer oferece atividades físicas direcionadas tanto para a qualidade de vida quanto para fins estéticos e de alto rendimento esportivo. Esse profissional co- meçou a se destacar a partir do momento em que os meios de comunicação colocaram em evidência o exercício físico personalizado e o tornaram um es- pecialista em forma física (BOSSLE, 2008). Figura 32 - Treinamento orientado e individualizado O treinamento individualizado é ofertado em di- ferentes locais, como os condomínios residenciais, clubes, parques e, com maior destaque, as academias de ginástica. Neste último, é possível trabalhar com a musculação, o treinamento funcional, o treinamen- to em suspensão, as lutas, entre outras atividades nas quais o profissional esteja qualificado. As academias de ginástica constituem um am- biente ótimo para a prestação do serviço Personal trainer, pois, além de fornecerem o espaço e os ma- teriais para as diferentes práticas físicas, elas dis- põem de salas de avaliação, que são fundamentais para a prescrição e acompanhamento do treino indi- vidualizado, assim como, conferem proteção diante as intempéries do clima e do tempo. 38 Lutas, Danças e Natação Geralmente, atividades, como as lutas, as dan- ças e a natação são praticadas em academias (ou escolas) específicas para elas, pois deman- dam de profissionais inerentes às áreas e/ou de estruturas específicas. O ensino das lutas e artes marciais compete aos profissionais da Educação Física, que possuem a ti- tulação de mestre ou o reconhecimento de treina- dor em uma ou mais práticas dessas. Geralmente, demandam um espaço especial, como o tatame ou o ringue, assim como, de materiais específicos, tais como sacos de pancada, manoplas de foco e apa- radores de chute. As lutas e as artes marciais mais comuns nas academias de ginástica são o Judô, o Jiu- -jitsu, o Muay Thay e o Boxe. A prática das diferentes danças também requer a presença do profissional graduado em Educação Físi- ca, e este deve ter formação específica em um ou mais estilos. Normalmente, não exigem um espaço espe- cífico para a sua prática, no entanto danças, como o Balé e o Pole dance, podem exigir estruturas carac- terística para o seu ensino. De modo geral, os esti- los de dança encontrados com mais frequências nas academias de ginástica são as danças de salão, como o samba de gafieira, o forró, o bolero e o soltinho. O ensino da Natação é feito pelos profissionais da Educação Física que possuem certa experiên- cia com a modalidade. Para oferecer uma prática significativa e segura, as academias de ginástica dispõem de uma estrutura com piscinas aqueci- das, raiadas e de metragem entre 20 e 50 metros. Além disso, vestiários apropriados e materiais es- pecíficos, como pranchas educativas, flutuadores, palmares e nadadeiras. Ginástica de academia A ginástica de academia é composta por um grande conjunto de modalidades, em que o exercício físico é executado em forma de coreografias e cadenciado por músicas de diferentes estilos. Este tipo de exer- cício será abordado com mais profundidade e deta- lhes nas Unidades 2, 3 e 4 deste livro didático. ATIVIDADES COMPLEMENTARES Com o intuito de oferecer suporte e experiência me- lhor ao aluno, assim como para a fidelização e cap- tação de novos clientes, as academias de ginástica disponibilizam muitas outras atividades que comple- mentam seus serviços. Estas atividades podem, ou não, conferir um custo adicional ao cliente, depen- dendo do tipo de serviço e por quem ele é prestado. Avaliação física A realização da avaliação física é essencial para uma intervenção segura e de qualidade, pois é por meio dela que são analisados os componentes da aptidão física, determinado o estado de saúde de um indi- víduo bem como o programa de exercícios físicos é prescrito e acompanhado. Uma academia de ginástica deve possuir um pro- tocolo de avaliação que contenha, minimamente, uma anamnese, a medida dos parâmetros antropométri- cos e da composição corporal, e uma análise postural. Os testes de avaliação da aptidão cardiorrespiratória, da força e resistência muscular, e da flexibilidade tam- bém podem compor os elementos analisados. Con- fira a seguir algumas informações a respeito dessas avaliações no contexto da academia de ginástica. 39 EDUCAÇÃO FÍSICA • Medidas antropométricas e da composição corporal: a medida das proporções do corpo são parâmetros de referência para os padrões de saúde, de beleza e para a performance es- portiva (NAHAS, 2013). Para a fidedignidade dos resultados, é importante que os protoco- los de avaliação sejam adequados ao avalia- do e, criteriosamente, seguidos. As medidas antropométricas são, facilmente, obtidas por meio de balança, estadiômetro e fita antropo- métrica. Já os constituintes da massa corpo- ral podem ser avaliados com técnicas e pro- tocolos simples, como as dobras cutâneas ou a bioimpedância (ROCHA; GUEDES, 2013). • Anamnese: o questionário aplicado deve ser es- truturado para determinar o perfil do indivíduo. Por meio dele, deve-se investigar, principalmen- te, os possíveis problemas de saúde (de todas as ordens), o uso de medicamentos, os riscos de doenças hereditárias bem como os hábitos diários de vida (atividade física, alimentação e sono). Além deste, é interessante que o Questio- nário de Prontidão para Atividade Física, conhe- cido como PAR-Q (Physical Activity Readiness Questionnaire), também faça parte do protocolo de avaliação. O PAR-Q tem como objetivo a de- tecção do risco cardiovascular e é considerado um padrão mínimo de avaliação pré-participa- ção em exercícios físicos (ACSM, 2018). 40 • Avaliação postural: o encurtamento e/ou a hipotonia muscular (baixo tônus muscular) podem gerar desequilíbrios entre pares an- tagônicos de músculos e, consequentemente, em desvios posturais. Esses desvios podem causar incômodos e dores aos seus portado- res bem como limitar a execução de certos movimentos do cotidiano e de alguns exercí- cios físicos. A utilização de um simetrógrafo para a avaliação da postura auxilia na seleção e prescrição de movimentos adequados. É im- portante destacar que, cabe ao profissional de Educação Física, apenas, prescrever exercícios que não agravem, ou evitem possíveis desvios posturais. E sempre que identificado um caso grave, encaminhá-lo aos especialistas. • Aptidão cardiorrespiratória: a capacidade cardiorrespiratória reflete o estado funcio- nal dos sistemas respiratório, cardiovascular, muscular e das suas relações fisiológicas e me- tabólicas (SILVA; DIEFENTHAELER, 2015). Ela é determinada pelo consumo máximo de oxigênio ou VO2máx., que é expresso, nor- malmente, em termos relativos (ml/kg/min) e, justamente, reflete a capacidade do organis- mo em captar, transportar e utilizar o oxigê- nio para a produção de energia (PRADO et al., 2011). O VO2máx. pode ser, facilmente, mensurado por meio de testes indiretos como o teste de banco de McArdle (1972). • Força e resistência muscular: a capacidade de produção de trabalho de um músculo ou um conjunto deles se reflete na medida da forçae resistência muscular. A força muscular pode ser medida, basicamente, de duas maneiras: estática e dinamicamente (ACSM, 2016). Es- taticamente ou de modo isométrico, a força pode ser avaliada por um dinamômetro. Dina- micamente, a força pode ser medida por meio do teste de uma repetição máxima (1 RM). Já a resistência muscular é facilmente avaliada por meio de um teste de repetições máximas em determinado tempo, como os testes de repeti- ções de abdominal e de flexão de braços. • Flexibilidade: reflete a funcionalidade dos componentes uma articulação, como os liga- mentos, tendões e músculos bem como a inte- ração entre uma série de articulações. Assim, a flexibilidade é específica para a articulação e, portanto, não existe um teste único que possa ser utilizado. No entanto um teste muito uti- lizado é o de sentar e alcançar, proposto por Wells e Dillon em que se avalia a flexibilidade da lombar, do quadril e de membros inferiores (POLLOCK; WILMORE, 1993). Tão importante quanto os dados das medidas e dos testes são as informações obtidas das análises, que permitem identificar deficiências, limitações e de- terminar as necessidades secundárias ao objetivo do aluno. Além disso, o procedimento de avaliação deve acontecer, periodicamente, para que sejam ana- lisados os efeitos decorrentes do(s) programa(s) de exercício físico e as devidas considerações e orienta- ções sejam feitas. Atendimento em primeiros socorros Pode parecer estranho, contudo o atendimento em primeiros socorros também faz parte da rotina de uma academia de ginástica. Afinal, acidentes são imprevisíveis e podem acontecer com qualquer pes- soa, em qualquer momento e em qualquer lugar. As adversidades mais comuns relacionadas à prática de atividades físicas podem ser diferenciadas em clíni- cas e traumáticas. Dentre as lesões clínicas se desta- cam o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o in- farto e a parada cardiorrespiratória. Já as principais lesões traumáticas correspondem às fraturas, aos ferimentos, às hemorragias, aos traumas de crânio, tórax e coluna (CREF4, 2014). 41 EDUCAÇÃO FÍSICA A demora que pode ocorrer no atendimento es- pecializado ou os danos e sequelas causadas por assis- tências inadequadas constituem algumas das preocu- pações em relação aos acidentes ocorridos, durante a prática de exercícios físicos. Desta forma, as principais maneiras de evitar complicações são: ter profissionais preparados, que sabem como agir quando adversida- des como as citadas, anteriormente, acontecem na aca- demia, e possuir protocolos, equipamentos e acessórios necessários para um primeiro atendimento eficiente. Os primeiros socorros compreendem ao trata- mento aplicado (medidas e procedimentos), imedia- tamente, ao acidentado ou portador de mal súbito, até a chegada da equipe de saúde (NOVAES, 2006). O objetivo deste é garantir a manutenção das fun- ções vitais e evitar o agravamento das condições de saúde do atendido (BRASIL, 2003). É relevante destacar que deixar de prestar o so- corro a alguma pessoa configura crime, segundo o artigo 135 do Código Penal brasileiro (BRASIL, 1940), com pena que varia de um a seis meses de detenção ou multa. Sendo assim, além de prestar a primeira assistência, a academia é responsável por chamar o socorro público, como o resgate do Corpo de Bombeiros (SIATE) ou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para atender a vítima. SAMU (192) O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, ou SAMU, atende pelo número de telefone 192 e presta socorro a vítimas de casos clínicos, como: - Dores no peito (podem ser sintomas de problemas cardíacos); - Intoxicação por diversos produtos; - Perda de consciência, desmaio e hemorragias; - Crises de convulsão. Os atendidos pelo SAMU são direcionados para as Unidades de Pronto Atendimento (UPA´s) SIATE (193) O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência, ou SIATE, atende, pelo número de telefone 193 e presta socorro a vítimas emergenciais do tipo: - Acidentes de trânsito com feridos; - Ferimentos com arma branca e de fogo; - Quedas com fraturas e ferimentos; - Choque elétrico grave; - Ataque de animais. Assim, o SIATE atende casos de alto risco de morte, de traumas, ferimentos por acidentes e fraturas expostas. Esses casos são encaminhados para os hospitais. Figura 33 - Relação dos casos atendimentos pelo SAMU e SIATE / Fonte: o autor. 42 Quanto à regulamentação e fiscalização, em re- lação à prestação de primeiros socorros na aca- demia, as leis podem variam em cada estado e município, por este motivo, cabe ao gestor buscar informações a respeito do assunto para manter o estabelecimento em ordem. De modo geral, a prevenção de fatores de risco ambientais, como a manutenção e o bom estado das instalações e dos equipamentos; também como, uma anamnese adequada com informações sobre o esta- do de saúde dos alunos, tornam a rotina da acade- mia mais segura, reduzindo, assim, a ocorrência de situações emergenciais. Promoção e participação em eventos Um evento pode ser considerado um acontecimento estratégico que ocorre a partir de determinado in- teresse (mercadológico ou não) e um público-alvo (MATIAS, 2013). Nesse contexto, pode, ainda, ser um plano de ação de Marketing de relacionamento uma vez que este representa uma tentativa das em- presas em desenvolver relações de longa duração com seus clientes (JACKSON, 1985). Existem dois fortes motivos para que uma aca- demia realize eventos. Primeiro, porque os eventos são um meio de gerar a sensação de acolhimento e comunidade. E isso pode reforçar a fidelidade dos alunos, à medida que os fazem sentir parte de um grupo. Segundo, porque são uma ótima forma de atrair novos clientes. Neste caso, tanto pela promo- ção de eventos internos, com a participação de con- vidados, quanto pelo apoio ou presença em eventos externos, tornando a marca da academia mais visí- vel. Além disso, eventos constituem uma maneira de romper com a monotonia causada pela rotina das aulas e dos exercícios, pois, normalmente, utilizam- -se de temáticas para gerar motivação. Alguns dos eventos mais comuns acontecem por: • Comemorações de datas específicas: Dia das Mães, Dia dos Pais, aniversário da academia e festas tradicionais (Festa Junina, Halloween, Natal, entre outras). • Competições: fazem parte do quadro de competições os eventos de modalidades es- portivas, como a natação, as lutas, o supino e as corridas rústicas. • Palestras: convidados especialistas apresen- tam e discutem temas relacionados aos exer- cícios físicos, a alimentação, hábitos saudá- veis de vida e afins. É válido ressaltar que as academias de ginástica, entre outras coisas, tornaram-se um espaço de convívio so- cial, de lazer e de entretenimento. Desta forma, o esta- belecimento de um cronograma de eventos baseados em datas comemorativas, eventos esportivos, assim como, na necessidade de diferentes ações com os clien- tes, faz parte do planejamento anual de uma academia. Serviços complementares Algumas academias estão se tornando grandes cen- tros multidisciplinares ao integrarem áreas afins à educação física para oferecerem serviços especiali- zados nas esferas da saúde, bem-estar e performan- ce. Deste modo, é comum verificar a parceria e cola- boração de profissionais das seguintes áreas: • Nutrição • Fisioterapia • Medicina do esporte • Estética 43 EDUCAÇÃO FÍSICA Esse movimento de integração confere praticidade ao cliente, pois este não precisará buscar tais servi- ços em outros locais. Em complemento, a integração da Educação Física com uma ou mais dessas áreas, num mesmo espaço, facilita a comunicação e a ar- ticulação das ações entre os profissionais, enrique- cendo o atendimento e podendo proporcionar me- lhores resultados. Porém é relevante destacar que o conjunto de serviços oferecidos e, consequentemen- te, o espaço e a estrutura, dependem, muitas vezes, do público alvo e da proposta de valor da academia (SABA,2012). 44 considerações finais Querido(a) aluno(a), finalizamos, aqui, nosso estudo sobre a academia de ginástica e apresentação de algumas das atividades que nela são desenvolvidas. Ao recordar os conteúdos desta primeira unidade, observamos que, apesar do gran- de destaque que a ginástica recebeu no século XIX, devido ao movimento ginástico europeu, a globalização (e popularização) da academia aconteceu em decorrência da ação de pioneiros do fisiculturismo, no século XX, como Eugen Sandow e Charles Atlas. A partir dessa época, houve muitas mudanças nas academias de ginástica que as direcionaram para o que são hoje, grandes centros especializados em atividades e serviços voltados ao desenvolvimento da aptidão física e da saúde. Falamos, ainda, sobre os conceitos de Fitness e Wellness, palavras essas de origem in- glesa que significam, em termos gerais, aptidão e bem-estar, respectivamente. O termo fitness é empregado, frequentemente, para designar o condicionamento físico de um indivíduo, no entanto verificamos que seu significado etimológico vai além de apenas aptidão física, abrangendo aspectos sociais, emocionais e intelectuais, também. Já o termo wellness surgiu da necessidade de relacionar a academia à saúde e ao bem-estar. Por fim, vimos que as atividades oferecidas em uma academia podem ser categorizadas em dois grupos: as modalidades de exercícios físicos e as atividades complementares. Entre as modalidades de exercícios físicos, foram abordadas algumas das práticas clássicas observadas nas academias, como os Exercícios aeróbicos em aparelhos, a Musculação, o Treinamento Funcional e em suspensão, e o Personal trainer. Entre as atividades complementares, destacamos a avaliação física, o atendimento em primei- ros socorros, a promoção e a participação em eventos bem como citamos alguns dos serviços especializados nas esferas da saúde, bem-estar e performance, que vêm sendo oferecidos com o intuito de complementar o atendimento ao cliente da academia. Com essas palavras encerramos nossa primeira unidade. Até a próxima! 45 atividades de estudo 1. A academia de ginástica, enquanto local específico para a execução de exercí- cios físicos, tem sua origem na Europa, no século XIX. Já no Brasil, as primeiras academias datam do início do século XX, num formato bem semelhante ao que conhecemos hoje. Com base nos estudos da história da academia de gi- nástica, assinale a alternativa correta. a. Os ginásios tinham como objetivo educar e preparar, fisicamente, apenas os ho- mens, por meio de exercícios físicos vigorosos sem o uso de qualquer aparelho. b. As tradicionais academias de ginástica, entre os anos 1980 e 1990, eram, basicamente, espaços com máquinas e equipamentos de treinamento e pesos livres. c. A expansão das academias e dos hábitos fitness pelo mundo aconteceu por influência dos movimentos ginásticos europeus, durante o século XIX. d. Academias especializadas em determinados públicos, como mulheres, idosos ou atletas, não são comuns. e. O termo musculação surgiu no Brasil em substituição ao termo halterofilismo. 2. O termo fitness corresponde ao estado de se estar apto para responder às ne- cessidades individuais de maneira geral, sendo assim, não se restringe apenas à condição física. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes e assinale “V” para verdadeira e “F” para Falsa: ( ) � A flexibilidade compreende um dos componentes da aptidão física. ( ) � O termo fitness faz referência apenas à aptidão física e aos hábitos alimentares. ( ) � O fitness possui dimensões descritas como física, social, emocional e intelectual. ( ) � A dimensão física do fitness é constituída por fatores capazes de promover a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar físico. a. V, F, V e V. b. F, F, V e V. c. V, V, F e V. d. F, V, V e F. e. V, F, F e F. 46 atividades de estudo 3. O termo wellness surge em meio ao desenvolvimento das academias, quando se passou a assimilar um ideal de qualidade de vida, difundido, fortemente, a partir dos anos de 1970. Nesse contexto, qual o significado desse termo? 4. Na atualidade, são diversas as atividades ofertadas em uma academia de gi- nástica e estas podem ser categorizadas, basicamente, em modalidades de exercícios físicos e atividades complementares. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes: I. O atendimento em primeiros socorros é de responsabilidade exclusiva do so- corro público. II. Uma rotina de treinamento funcional é estruturada para trabalhar movimen- tos, não músculos, especificamente. III. As esteiras foram baseadas em um mecanismo utilizado para punir presidiá- rios na Alemanha. IV. Os programas de musculação envolvem a manipulação de pesos, séries, re- petições e pausas. Assinale a alternativa correta. a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 5. O treinamento em suspensão foi desenvolvido por soldados da Forças de Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos (US Navy SEAL Team), com o intuito de manter e desenvolver o condicionamento físico, durante as missões. Nesse sentido, descreva em que consiste o treinamento em suspen- são e como funcionam as progressões do movimento. 47 LEITURA COMPLEMENTAR Há 14 anos, o Colégio Americano de Medicina do Esporte realiza a Worldwide Survey of Fitness Trends, uma pesquisa eletrônica com milhares de profissionais em todo o mundo, para determinar as tendências de saúde e fitness do ano seguinte. Essa inves- tigação é realizada anualmente e introduziu uma maneira sistemática de prever essas tendências na área do condicionamento físico. Essa pesquisa de tendências na área de condicionamento físico não procura avaliar propriamente produtos, serviços, aparelhos eletrônicos ou máquinas desenvolvidas para a prática de exercícios físicos, mas sim confirmar ou introduzir tendências que tenham um efeito positivo percebido no setor, de acordo com a opinião dos entrevis- tados. Nesse contexto, algumas das tendências identificadas em pesquisas anteriores podem aparecer por vários anos, consecutivos ou não. Normalmente a lista divulgada comtempla 20 tendências ao todo, e nos últimos anos, cinco delas tem se destacado entre as primeiras, sendo estas o High-intensity interval training (ou HIIT), os Wearables technology, o Treinamento com o peso corporal, o Trei- namento em grupo e o Personal trainer. O HIIT, em português “Treinamento intervalado de alta intensidade” é um método de treinamento onde os programas de exercícios envolvem a alternância de estímulos em alta intensidade, seguidos por um curto período de descanso (ativo ou passivo). O HIIT assumiu o primeiro lugar da lista apenas nos anos de 2014 e 2018, no entanto, sempre se mantém entre os dez primeiros. Apesar alguns profissionais do fitness alegarem potencial aumento das taxas de lesões devido ao HIIT, essa forma de exercício tem sido popular em academias de todo o mundo. Wearables technology correspondem as “Tecnologias vestíveis” como os monitores de frequência cardíaca, os dispositivos com GPS e os Smartwatches. Esses disposi- tivos permitem o controle das atividades e exercícios físico, das calorias, do tempo 48 LEITURA COMPLEMENTAR sentado, da qualidade do sono, entre outros. Desde o ano de 2016 as tecnologias vestíveis estão no topo da lista das tendências, com exceção do ano de 2018, onde assumiram a terceira colocação. O Treinamento com peso corporal é uma combinação entre exercícios com pesos livres e o peso do próprio corpo em movimentos em vários planos. Este tipo de trei- namento utiliza o mínimo de equipamentos possível, o que o torna uma maneira barata e eficaz de exercício físico. Um Treinamento em grupo é caracterizado por cinco ou mais participantes instruídos para um mesmo exercício. Os professores de exercícios em grupo ensinam, motivam e lideramaulas de movimentos coreografados. Os indivíduos, geralmente, apresentam diferentes níveis de condicionamento físico e conhecimento dos movimentos e equi- pamentos. Os programas de treinamento em grupo existem há muito tempo e têm se destacando como uma potencial tendência mundial desde as primeiras pesquisas do Colégio Americano de Medicina do Esporte. O Personal trainer continua a ser uma tendência, à medida que a profissão “treinador pessoal” se torna mais acessível, em academias, em casa e em locais de trabalho com academia. O treinamento individualizado inclui testes de condicionamento físico e o es- tabelecimento de metas para a prescrição de exercícios específicos. Desde que a Worl- dwide Survey of Fitness Trends foi publicada pela primeira vez em 2006, o Personal trainer tem sido uma das 10 principais tendências. Pesquisas como esta conferem dados importantes aos profissionais da educação física, pois os mantêm atualizados e informados sobre os exercícios, serviços e equipamentos que vêm sendo mais utilizados, e consequentemente, mais procurados pelos entusias- tas da atividade física. Implicando assim em novas possibilidades de intervenção. Fonte: Thompson (2019, p. 10-18). 49 material complementar Atividade física, saúde e qualidade de vida (sexta edição) Markus Vinícius Nahas Editora: Midiograf Sinopse: o livro Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida foi escrito com a intenção de propagar as informações ligadas ao tema da atividade física e dos exercícios físicos relacionados à saúde e à qualidade de vida. O autor utiliza uma linguagem menos técnica, traz sugestões para autoavaliações e ações que podem ser incluídas no cotidiano da maioria das pessoas. Gestão em atendimento: manual prático para academias e centros esportivos (segunda edição) Fabio Saba Editora: Manole Sinopse: o Manual Prático para Academias e Centros Esportivos utiliza uma lin- guagem clara, didática e objetiva para discutir, esclarecer e direcionar as funções do gestor no contexto da academia de ginástica. Além disso, aborda o modelo de relacionamento gerencial entre departamentos, colaboradores e clientes. Para o autor, uma academia, como qualquer outra empresa, pode ser duradoura se esti- ver dirigida às reais necessidades do seu público. Indicação para Ler Indicação para Ler 50 gabarito 1. E 2. A 3. De acordo com a etimologia, o termo wellness, de origem da língua inglesa, é composto pela palavra Well que significa “bem”, e o sufixo Ness formador de substantivos abstratos de condição, conforme dito, anteriormente. Por- tanto, wellness tem como significado o “estar bem” ou “bem-estar”. 4. D 5. O treinamento em suspensão consiste na exe- cução de movimentos com determinados seg- mentos corporais suspensos. A ideia central deste método é utilizar o peso corporal e a gra- vidade como carga para os exercícios e, desta forma, estimular o aprimoramento dos compo- nentes da aptidão física. Já as progressões de movimento, acontecem com as diferentes for- mas de posicionamento do corpo, num mesmo exercício, que conferem maior ou menor grau de dificuldade e intensidade. UNIDADE II Me. Adriano Ruy Matsuo Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Aspectos históricos da ginástica de academia • Ginástica de academia e a fisiologia do exercício • Elementos musicais na ginástica de academia Objetivos de Aprendizagem • Apresentar, brevemente, a trajetória histórica da ginástica de academia. • Discutir os conceitos básicos da fisiologia do exercício no âmbito da ginástica de academia. • Analisar alguns dos elementos da música no contexto da ginástica de academia. INTRODUÇÃO A GINÁSTICA DE ACADEMIA unidade II INTRODUÇÃO O lá aluno(a), a segunda unidade é destinada à sua imersão no universo da Ginástica de academia. O objetivo aqui será con- textualizar, histórica e cientificamente, esta atividade que está presente na maioria das academias e possui milhares de adep- tos em todo o mundo. Iniciaremos este estudo com um breve resgate histórico da ginástica para que possamos entender de que forma ela se consolidou enquanto mo- dalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Nesse sentido, veremos como os movimentos europeus, do século XIX desempenharam papel fundamental para a sistematização e propagação desta prática. Em seguida, discutiremos a Ginástica de academia sob a ótica da fi- siologia, procurando destacar as respostas do corpo humano diante dos estímulos oferecidos pela prática de exercícios físicos. Neste contexto, veremos que, para cada intensidade do exercício (leve, moderada ou vi- gorosa) haverá a prevalência de um dos sistemas responsáveis pelo for- necimento de energia. Assim, o sistema aeróbico capaz de suprir, prati- camente, toda a necessidade energética gerada por atividades físicas de duração prolongada, como as modalidades de ginástica praticadas na academia. Estudaremos, ainda, como a intensidade do exercício pode ser controlada nas aulas, apresentando duas ferramentas práticas e acessí- veis, que auxiliam o professor a modular o esforço dos alunos. Para finalizar a unidade, abordaremos um dos aspectos mais marcantes das modalidades de Ginástica de academia, a musicalidade. A música cons- titui uma importante ferramenta para a condução dos movimentos, gerar motivação e modular a intensidade da aula. O ritmo que surge das batidas da música é o estímulo essencial para despertar o prazer pela atividade. Feitas as considerações iniciais, estamos prontos para começar os estudos! Tenha uma ótima leitura! 56 Neste primeiro momento, realizaremos um breve resgate histórico da ginástica para que possamos en- tender de que maneira ela se consolidou enquanto modalidade de exercício físico nas academias, como um meio de aprimorar os componentes da aptidão física por meio de aulas coletivas. Aspectos Históricos da Ginástica de Academia 57 EDUCAÇÃO FÍSICA como objetivo a preparação militar. Assim, práticas, como a esgrima, a equitação, o manejo de arco e fle- cha, a luta, a escalada, a marcha, a corrida e o salto faziam parte do treinamento dos soldados. Em com- plemento, a nobreza participava de competições de esgrima e equitação nos torneios e justas (duelo en- tre dois cavaleiros), além disso, exercícios naturais, como jogos simples e de caça e pesca, também eram praticados nesse período (RAMOS, 1982). No período do Renascimento, o exercício físico começou a ser pensado de outra forma, estabelecen- do novas concepções a respeito do corpo e seus cui- dados. De acordo com Langlade e Langlade (1970), as escolas renascentistas trouxeram uma nova ten- dência para a educação física, ao considerá-la con- teúdo da educação. Em seus programas estavam in- cluídas atividades, como equitação, corridas, saltos, esgrimas, jogos com bola entre outras, as quais eram praticadas, ao ar livre, todos os dias pelos alunos. Os renascentistas foram influenciados pelos ideais gregos e, é importante lembrar que, na anti- guidade grega, skholé correspondia ao tempo livre considerado como valioso para o aprimoramento do cidadão que se amparava, não apenas no aspecto cognitivo, mas também na dimensão estética e atlé- tica do corpo treinado. Na Grécia Antiga, todas as formas de exercício físico eram chamadas de Ginás- tica que, de modo implícito, significava treinamento ou preparação para um esforço físico. Na Era Moderna, o exercício físico consolida-se como elemento da educação, devido à evolução do conhecimento na área da Educação Física, com a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fi- siologia e à técnica (SOUZA, 1997). Nesse contexto, foi a ginástica que introduziu o exercício físico como possibilidade de educação do corpo. Partindo da concepção de ginástica como todo e qualquer exercício físico realizado pelos seres hu- manos, veremos que ela se
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