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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESTEFANY PEREIRA DA SILVA DIRK EMPREENDEDORISMO FEMININO NO BRASIL: UMA ANÁLISE SOBRE AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DA MULHER EMPREENDEDORA NO ESTÁGIO INICIAL NITERÓI 2022 Orientadora: Prof.ª Agatha Justen Gonçalves Ribeiro UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS – EST DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO – STA ESTEFANY PEREIRA DA SILVA DIRK EMPREENDEDORISMO FEMININO NO BRASIL: UMA ANÁLISE SOBRE AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DA MULHER EMPREENDEDORA NO ESTÁGIO INICIAL Monografia submetida ao corpo docente do Departamento de Administração da Universidade Federal Fluminense como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Bacharel. Área de concentração: Administração Orientadora: Profª Agatha Justen Gonlçalvez Ribeiro NITERÓI, 2022 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS – EST DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO – STA ESTEFANY PEREIRA DA SILVA DIRK EMPREENDEDORISMO FEMININO NO BRASIL: UMA ANÁLISE SOBRE AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DA MULHER EMPREENDEDORA NO ESTÁGIO INICIAL Monografia submetida ao corpo docente do Departamento de Administração da Universidade Federal Fluminense como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Bacharel. Área de concentração: Administração Examinada por: ________________________________ Prof.ª Agatha Justen Gonçalvez Ribeiro Universidade Federal Fluminense ________________________________ Prof.ª Andrea Oliveira Ribeiro Universidade Federal Fluminense ________________________________ Prof.ª Flávia Manuella Uchôa de Oliveira Universidade Federal Fluminense NITERÓI, 2022 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço à minha mãe, a famosa dona Vilma, por todo amor incondicional que me dá desde o meu nascimento, e por ter acreditado em mim nessa tragetória acadêmmica, mesmo não entendendo do assunto pois não teve condições de chegar aonde eu estou. Sem ela, eu não teria conseguido. Você é meu principal combustível para seguir e sou extremamente grata por ser sua filha. Agradeço a minha orientadora, Agatha Justen, por ter me ajudado nos momentos que tive dificuldade, por ter me aconselhado nos momentos que pensei em desistir e, acima de tudo, por ter me entendido e buscado o melhor para o meu trabalho. Agradeço ao meu companheiro, Samuel, por me apoiar diariamente e me incentivar a conquistar meus objetivos não só acadêmicos, mas em tudo na vida. Sem ele, eu não conseguia parar pelos momentos desanimadores que passei, não acreditaria tanto no meu potencial quanto ele acreditou. Obrigada por me fazer sorrir nos momentos onde eu quase surtei e por me fazer chegar até aqui. Agradeço as melhores amigas que a UFF me deu, Bruna e Victoria Lacerda, que compartilharam momentos bons e ruins comigo, mas se mantiveram ao meu lado por toda a tragetória na uff, e também nas choppadas e jogos universitários. Vocês me ajudaram nas matérias, me ajudaram nas situações da vida, fizeram com que o nosso trio ficasse conhecido como o melhor grupo em apresentação de trabalho da UFF. Sem vocês, a uff não teria graça. Agradeço ao meu amigo, Antonio, que foi muito mais que a minha carona diária nas aulas, foi um amigo que me ajudou com muitos conselhos, que esteve comigo em momentos incriveis e, com certeza, vai compartilhar comigo momentos incriveis fora da uff também. Agradeço ao Diretório Acadêmico de Administração, onde fui representante durante toda a graduação. O DACAD me formou como uma cidadã crítica, que busca resolver os problema e lutar pelo direito dos estudantes. Meus companheiros do DACAD, Elias, Carla, Felipe, Gabriel e João Volpi, que foram cruciais para que eu me desenvolvesse e para que, juntos, conseguissemos lutar pelo direito dos estudantes na UFF. “Se uma mulher tem poder, por que é que é preciso disfarçar que tem poder? Mas a triste verdade é que o nosso mundo está cheio de homens e de mulheres que não gostam de mulheres poderosas. Fomos tão condicionados a pensar no poder como masculino, que uma mulher poderosa é considerada uma aberração.” (Chimamanda Ngozi Adichie) RESUMO O Empreendedorismo Feminino no Brasil é um movimento que vem crescendo ao longo do tempo, sendo necessário entender as principais caracteristicas das empreendedoras em estágio inicial. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é identificar as principais características do empreendedorismo feminino em sua fase inicial no Brasil.. Por meio de uma análise qualitativa, com pesquisa bibliográfica e documental, o que nos permitiu analisar a origem do empreendedorismo no Brasil, a realidade da mulher no mercado de trabalho e no empreendedoirmo. Verificou-se características do empreendedorismo feminino como: começar a empreender por conta da necessidade de geração de renda, não ter a mesma longevidade do que homens no mesmo cenário; quantidade de horas utilizadas para atividades domésticas maior que as dos homens estando na mesma ocupação e, por fim, falta de diversidade nas atividades exercidas no empreendimento. Portanto, as mulheres empreendedoras não estão conseguindo ter longevidade em seus empreendimentos por conta das dificuldades citadas, sendo necessário a implementação de medidas focadas no incentivo de crescimento econoômmico das mulheres empreendedoras em estágio incial, fomentando o investimento em seus negócios, a educação para que as mesmas consigam se planejar melhor e novas práticas governamentais que deem suporte para a mulher nesse momento crítico. Palavras-chave: Empreendedorismo; Empreendedorismo Feminino; Mercado de trabalho feminino; Principais Dificuldades. ABSTRACT Female Entrepreneurship in Brazil is a movement that has been growing over time, and it is necessary to understand the main characteristics of early-stage female entrepreneurs. In this context, the objective of the present work is to identify the main characteristics of female entrepreneurship in its initial phase in Brazil. reality of women in the labor market and in the entrepreneurial brother. Characteristics of female entrepreneurship were verified, such as: starting to undertake due to the need to generate income, not having the same longevity as men in the same scenario; number of hours used for domestic activities greater than those of men being in the same occupation and, finally, lack of diversity in the activities carried out in the enterprise. Therefore, women entrepreneurs are not managing to have longevity in their ventures due to the aforementioned difficulties, making it necessary to implement measures focused on encouraging the economic growth of women entrepreneurs in the initial stage, encouraging investment in their businesses, education so that women they can better plan themselves and new government practices that support women in this critical moment. Keywords: Entrepreneurship; Female Entrepreneurship; Female labor market; Main Difficulties LISTA DE SIGLAS CNAE - Instituto Rede Mulher Empreendedora CNPJ - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica GEM – Global Entrepreneurship Monitor IBGE - Instituto Rede Mulher Empreendedora IRME - Instituto Rede Mulher Empreendedora MEI - Microempreendedor Individual PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas TEA - Empreendedorismo Inicial TEE - Empreendedorismo Estabelecido TTE - EmpreendedorismoTotal 1 SUMÁRIO 1 SUMÁRIO ................................................................................................................................. 1-10 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 11 1.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................................. 12 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................ 13 1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ........................................................................................ 13 1.4 METODOLOGIA .................................................................................................................. 13 2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O EMPREENDEDORISMO .......................................... 14 2.1 EMPREENDEDORISMO ..................................................................................................... 14 2.2 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL................................................................................ 17 3 EMPREENDEDORISMO E A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO ............................ 25 3.1 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO .................................................................. 25 3.2 O EMPREENDEDORISMO FEMININO NO BRASIL ....................................................... 29 3.3 A MULHER EMPREENDEDORA EM ESTÁGIO INICIAL .............................................. 32 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 36 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 38 11 1. INTRODUÇÃO O Empreendedorismo é um assunto que vem ganhando cada vez mais atenção, tanto no meio jornalístico, quanto no meio acadêmico. Foi muito difundido nos últimos anos, sendo pauta de políticas públicas, como, por exemplo, a Lei complementar nº 128 de 19 de dezembro de 2008 e até programas de incentivo, muitas vezes criados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2018, o Brasil hoje ocupa a 11º posição no ranking global de empreendedores que estão em sua fase inicial, estando à frente de potências como Estados Unidos, China e Índia, que respectivamente estão nas posições 13º, 22º e 46º. Diante do crescimento desse movimento, foram surgindo subcategorias que expressam suas particularidades, como, por exemplo, o empreendedorismo social e o empreendedorismo feminino. No que diz respeito ao empreendedorismo feminino, existem diversas questões além do empreendedorismo que devem ser melhor pesquisadas. De acordo com o GEM (2019), o número de mulheres que, em 2018, estavam empreendendo no estágio inicial foi de cerca de 16,1 milhões, número muito parecido com a quantidade de homens que estavam no mesmo cenário. Porém, de acordo com o mesmo órgão, as mulheres não conseguem ter longevidade em seus empreendimentos, pois apenas 9 milhões de mulheres estavam em empreendimentos que passaram de 3,5 anos, 29% a menos que os homens no mesmo cenário. Ainda há uma tratativa diferente entre o empreendedorismo masculino para o feminino, por conta do desequilíbrio de oportunidade para ambos na sociedade (WU e CHUA, 2012 apud FLORENCIO, 2021 , p 14). É de grande importância entender a fundo o empreendedorismo feminino no Brasil por conta de diversas situações de desigualdade de gênero onde as mulheres saem em desvantagem no mercado de trabalho atual. De acordo com uma pesquisa feita por Carmo (2020), que busca analisar o panorama das mulheres no mercado de trabalho na década de 20 no século XXI, as mulheres estão em desigualdade quando falamos de remuneração salarial. Em sua pesquisa, a autora retrata que as mulheres recebem 20,5% a menos que os homens, e esse dado fica mais explícito quando comparamos o nível de remuneração correlacionado com o nível de escolaridade, pois 30% das mulheres possuem ensino superior e pós graduação e os homens possuem 24%, mas os mesmos podem receber até 52% a mais estando nas mesmas posições que as mulheres. A pesquisa também aponta cargos que não são necessariamente ocupados por pessoas pós graduadas, como, por exemplo, os cargos de assistente, nos quais 66% são mulheres, mas ainda assim existe um desequilíbrio salarial de 8%. 12 Além dos dados das mulheres no mercado de trabalho, também há desigualdade quando falamos de taxa de ocupação e desemprego em relação ao gênero. Segundo a pesquisa, as mulheres correspondem a 53,8% da taxa de desempregados no país, ou seja, são maioria. O índice de homens que estão no mercado de trabalho é de 65%, em contrapartida das mulheres, que se encontravam na taxa de 46,2%. Quando se trata do universo da mulher empreendedora que administra seu próprio negócio, o cenário não muda tanto. Sendo um relatório feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (2019), as mulheres buscam empreender por conta da necessidade de ter uma fonte de renda, cerca de 40% delas na pesquisa responderam que precisam de uma fonte de renda para o sustento do lar, e precisam buscar empreender pois, como citado no parágrafo anterior, elas são a maioria na taxa de desempregadas no brasil A pesquisa do SEBRAE (2019) ainda fala sobre características principais dos empreendimentos chefiados majoritariamente por mulheres, e, nesses negócios as mulheres faturam e 22% a menos que os homens e, mesmo tendo uma porcentagem menor de pedidos de empréstimos em bancos e instituições financeiras, as mesmas pagam taxas de juros maiores que os homens, cerca de 34,6% ao ano, contra 31,1% dos homens, mesmo tendo uma taxa de inadimplência menor que os mesmos. Essas são algumas características que percorrem a desigualdade de gênero entre homens e mulheres no mercado de trabalho em geral e no empreendedorismo. Porém, para conseguirmos entender melhor o cenário do empreendedorismo feminino no brasil e traçar futuros pontos para diminuir essa desigualdade, se faz necessário trazer o contexto histórico do empreendedorismo e suas mudanças ao longo do tempo e uma análise sobre a mulher no mercado de trabalho, percorrendo os desafios do seu dia a dia que podem refletir e explicar esse fenômeno que acontece no empreendedorismo feminino, tanto no geral quanto nas mulheres que estão em seu estágio inicial no empreendimento Com base no contexto acima, foi definido como problema desta pesquisa: quais são os principais desafios enfrentados pela mulher empreendedora inicial no Brasil? 1.1 OBJETIVO GERAL Para esta pesquisa conseguir chegar na problemática citada, o objetivo geral é: Identificar as principais características do empreendedorismo feminino em sua fase inicial no Brasil. 13 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Como objetivos específicos da pesquisa, destacam-se: - Identificar a evolução histórica do empreendedorismo no Brasil. - Comparar dados sobre o empreendedorismo inicial entre homens e mulheres no Brasil. - Identificar, com base na literatura, as dificuldades da mulher no mercado de trabalho. - Identificar o perfil das mulheres empreendedoras em fase inicial. 1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA O Empreendedorismo é um assunto muito importante na economia brasileira. Sendo assim, é um tema fundamental para pesquisar, e, acima de tudo, entender um pouco mais sobre a influência desse fenômeno no dia a dia. Dentro desse contexto, o empreendedorismo feminino também precisa ser estudado para que possamos entender melhor esse cenário e propor melhorias. Essa pesquisa busca estudar as principais características do empreendedorismo feminino, focando nas suas dificuldades do dia a dia. Trazendoesse assunto, poderemos identificar quais são os principais problemas que as mulheres passam no mercado, que muitas vezes podem estar disfarçados em um discurso positivista diante ao empreendedorismo. Entender essas dificuldades que elas enfrentam no percurso inicial de seus empreendimentos tem relevante importância, para que, a partir dessa análise, possam ser criadas medidas que as ajudem nesse percurso e facilitem o caminho para um empreendimento sólido no mercado. 1.4 METODOLOGIA A metodologia utilizada nessa pesquisa é baseada nos critérios estabelecidos por Vergara (2010), que caracteriza a pesquisa quanto aos fins e quanto aos meios: Quanto aos fins: A pesquisa é exploratória, pois busca analisar características do empreendedorismo no estágio inicial, assunto que não é tão difundido hoje. Por ainda ter pouca informação acerca desse assunto, a pesquisa se caracteriza como exploratória. Quanto aos meios A pesquisa é caracterizada como pesquisa bibliográfica e documental. De forma qualitativa, a pesquisa analisou o contexto histórico do empreendedorismo geral e feminino, e introduziu informações de documentos e sites de instituições relevantes do assunto, como por 14 exemplo: o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), onde foram retiradas informações do Relatório feito pela instituição no Brasil; o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), sendo fonte de pesquisas sobre o empreendedorismo geral e feminino; o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que trás informaçoes sobre a taxa de ocupados no brasil, pesquisas sobre salários e empreendedorismo, além de outras instituições econômicas. 2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O EMPREENDEDORISMO 2.1 EMPREENDEDORISMO O Empreendedorismo tem sido propagado com mais frequência no Brasil e no mundo nas últimas décadas. O sonho de deixar de ser empregado para ser “patrão de si mesmo” perpassa o ideário de grande parte da população. Dentro do que é vendido como o conceito de empreendedor, vem a ideia de que é o ser altamente ligado à criatividade. Pode ser a pessoa que cria seu próprio negócio ou a pessoa que atua em uma empresa e cria formas de lidar com os problemas, utilizando as suas visões diferenciadas e aproveitando as oportunidades; podem ser até as pessoas que são autônomas (PRADO, 2019). Porém, essa ideia é diferente do conceito acadêmico, original, de empreendedorismo. A definição de empreendedor foi trazida por Schumpeter (1934) em seu livro chamado a Teoria do Desenvolvimento Econômico. Um dos primeiros autores a se debruçar sobre o tema, Schumpeter define o empreendedor como um ser inovador, diferente do empresário, que tem capacidade de efetivamente construir o novo. Traduzido da sua obra em inglês, a definição dele diz: Empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente, pela introdução de novos produtos e serviços e pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos materiais. O empreendedor é aquele que realiza coisas novas e não necessariamente aquele que inventa (SCHUMPETER, 1939, p 65). Em sua colocação, a atividade empreendedora vem do termo inovar e, em seu livro O Fenômeno Fundamental do Desenvolvimento Econômico, Schumpeter (1985) trás uma comparação entre o que é ser empreendedor e o que não é. Basicamente, quando se trata de um regime capitalista, o autor retrata que a mudança e evolução do negócio por conta da competitividade não torna o dono do negócio um empreendedor, pois esse é o movimento 15 comum do mercado, que está em constante mudança e evolução. Empreender, no caso, seria romper com a economia atual, propondo soluções inovadoras no mercado, mudando o rumo do negócio. Schumpeter (1895) define quais são as possíveis atividades que possibilitariam movimentações no mercado como as listadas: 1) “introdução de um novo bem”; “introdução de um novo método de produção” 3) “abertura de um novo mercado” 6) “conquista de uma nova fonte de oferta de matérias primas ou bens semimanufaturados; 7) constituição ou fragmentação de posição de monopólio” (Schumpeter, 1985, p. 49). Essa concepção de empreendedor, que Schumpeter difere de empresário – empreendedor pode ser empresário, mas empresário não necessariamente é um empreendedor – vai estar na base do conceito de “destruição criadora”, que o autor traz no livro Capitalismo, Socialismo e Democracia (1961). Com esse conceito, Schumpeter mostra que a ação de constantemente destruir o existe e criar algo novo é uma condição fundamental para a sobrevivência do capitalismo, pois é o que permite a manutenção de taxas mínimas de consumo de massa. Quem é capaz de fazer isso? O empreendedor, agente de inovação no sistema capitalista. Portanto, essa figura, na teoria de Schumpeter tem uma relevância significativa e não se confunde com o conceito de empresário ou de capitalista. O conceito de empreendedorismo corrente, vulgar, é bem diferente do conceito de Schumpeter listado acima, veio à tona em um período da história em que havia mudanças na estrutura do modelo de trabalho e de produção (JUSTEN, 2015). Esse momento foi marcado pela reestruturação produtiva, trazendo com ele a flexibilidade e precarização das relações de trabalho, marcas do modelo toyotista de produção. O empreendedorismo, que atribui ao indivíduo a responsabilidade do seu “sucesso” ou “fracasso” profissional, surge, então, como a alternativa vendida à precarização do trabalho formal. Mais recentemente, Fernando Dolabela (2008), um dos propagadores mais conhecidos desse conceito vulgar, vai se centrar no “eu empreendedor”, utilizando o termo ‘empreendedor’ como qualificação de uma pessoa que tem visão de novas oportunidades e ideias. Segundo o autor no seu livro Oficiona do empreendedor: “O empreeodedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade.” (DOLABELA, 2008 p.23). Alguns anos antres, em seu livro O Segredo de Luzia, o autor traz novamente uma explicação, só que mais ampla, do que entende como empreendedorismo: A minha visão de empreendedorismo é abrangente, contempla toda e qualquer atividade humana e, portanto, inclui empreendedores na pesquisa, no governo, no terceiro setor, nas artes, em qualquer lugar. O empreendedor é definido pela forma de ser, e não pela maneira de fazer. A meta é que todos se preparem 16 para empreender na vida (DOLABELA, 2006, p.19). Juntamente com esse significado trazido pelo autor, vemos o pensamento do empreendedor como figura visionária que pode trazer seus pensamentos e sonhos e fazê-los tornar realidade para ajudar os possíveis clientes, e assim, há uma construção de uma ideologia que valoriza o empreendedorismo como o caminho da ‘liberdade’, algo que qualquer pessoa pode alcançar (bastando querer), uma visão de um sonho que seria a montagem da própria empresa, ser “patrão de si mesmo”. Começa aí um sentimento de diferença da figura do eu proletariado e o eu empreendedor Diante do movimento de “modernização” do sentido de empreendedorismo, ser empreendedor passa a não ser entendido só como uma característica de um ser humano específico, mas também uma escolha. Os autores Dias e Wetzel (2010) fizeram uma análise com 10 publicações na revista EXAME entre 1990 e 1999 e analisaram que existe um estímulo para que se empreenda, mostrando uma diferenciação positiva entre as pessoas que empreendem e os assalariados, as facilidades de empreender e ser dono do seu próprio negócio e, por fim, orientações de como entrar no mundo dos negócios. Essas publicações analisadas pelos referidos autores trazem fundamentalmente o pensamento de que agora todos podem ser empreendedores, tanto as pessoas que decidem investir em um negócio, que seriam os empreendedores por opção/oportunidade, ou as pessoas que ficaram desempregadas ou não conseguiram um emprego, queseriam os empreendedores por necessidade. Com as mudanças nas organizações de trabalho, reestruturação produtiva e a globalização, a partir da década de 90 no Brasil, as condições de trabalho assalariado ficaram bastante precarizadas. Trabalhadores, demitidos dos seus empregos e sem perspectiva de uma nova inserção em condições assalariadas razoáveis, passam a buscar o empreendedorismo para suprir a necessidade do seu trabalho. Porém, são muitos os empecílios presentes, a despeito do “sonho de empreender” vendido pelos meios de comunicação. Além do fato de não haver qualquer possibilidade real de todos se tornarem ‘patrões de si mesmos’, de só haver empresários no mundo capitalista, uma grande quantidade de pessoas vão sendo levadas a buscar essa alternativa sem qualquer conhecimento administrativo e financeiro sobre como empreender, gerando inclusive irregularidas tributárias. Também não se tinha um incentivo financeiro de mobilidade de crédito da mesma forma que as grandes empresas recebiam (Dornelas, 2001). 17 Em 1999, diante do aumento do fenômeno do empreendedorismo no mundo, surgiu o GEM (Global Entrepreneurship Monitor), um programa criado pelas Universidades Babson College e London Business School, respectivamente dos Estados Unidos e do Reino Unido, que faz pesquisas e estuda a atividade empreendedora de vários países e busca analisar, através de métricas, a diferença das atividades empreendedoras de cada país e o seu respectivo grau de empreendimento. Realizando pesquisas anuais com diversos países no mundo, hoje o GEM é a principal fonte de dados do tema empreendedorismo e, através das publicações globais, relata dados importantes sobre os possíveis avanços do empreendedorismo. Em seu site, eles definem empreendedorismo como: Qualquer tentativa de criação e desenvolvimento de novos negócios ou criação de novas empresas, como o trabalho por conta própria, uma nova organização empresarial, ou a expansão de uma empresa já existente, por um indivíduo, uma equipe de pessoas, ou um negócio estabelecido (GEM, 2018). Essa definição é diferente da teoria schumpeteriana que trás o empreendedorismo como inovação , de empreendedor como aquele que destrói o existente para criar o novo, e mostra a necessidade de se pensar diferente para a sustentabilidade do capitalismo. A falta de uma definição concreta do empreendedorismo hoje é presente em várias pesquisas, trazendo a dúvida de que o empreendedor pode escolher ser, ou precisa ter a característica inovadora. Nesta pesquisa, usaremos como fonte de dados as pesquisas realizadas pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que adota a definição do empreendedor como desenvolvedor de um novo negócio. 2.2 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL Como vimos acima, o empreendedorismo se difundiu com força no Brasil a partir dos anos 1990, devido às mudanças no mercado de trabalho, precarização do trabalho assalariado, desregulamentação das leis de proteção ao trabalho, etc (JUSTEN, 2015). No entanto, é nos anos 2000, que o tema se torna objeto de política pública. Em 2006 foi criada a Lei da Micro e Pequena Empresa, numerada 123/2006 e, em 2008, a Lei do Microempreendedor individual, numerada 128/2008. Desde então, surgiu o termo que conhecemos como Microempreendedor Individual (MEI). Com a Lei do Microempreendedor Individual, os trabalhadores informais e os indivíduos que não obtiam o faturamento e regulamentação do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da forma como as leis de pequenas empresas anteriores pediam, conseguem 18 agora ter um registro profissional, apoio governamental para a abertura do seu negócio e benefícios previdenciários que o Microempreendedor tem como direito. Para ser MEI, é necessário ter um faturamento anual de até 87 mil reais, ou faturamento mensal de até 6.700 reais. Além disso, o indivíduo não pode ser sócio de outra empresa, e pode ter apenas um empregado que deverá ganhar até um salário mínimo, ou o piso do salário da profissão praticada no MEI (SEBRAE,2022). O Microempreendedor, quando cria o seu cadastro, precisa escolher uma atividade principal e pode escolher até 15 atividades secundárias. Dentre as atividades, podemos citar algumas que são: Agente de viagens independente, Baileiro(a) Independente, Cabeleireiro(a) independente, Diarista independente, Editor(a) de vídeo independente, Fotógrafo(a) aéreo independente, Reciclador(a) de materiais plásticos independente, Vendedor(a) ambulante de produtos alimentícios independente, dentre outros (Gov, 2022). Dentre as atividades citadas, fica evidente que a criação do Micro Empreendedor Individual é uma política pública que veio para regulamentar profissões que, antes dessa implementação, eram trabalhos informais. Com isso, o foco da política não é apenas a criação de novas empresas, mas diminuir a quantidade de pessoas que estavam em trabalhos informais, e que hoje são legalizados perante a lei, mesmo não havendo nenhuma mudança salarial, social e de vulnerabilidade. São as mesmas pessoas, com as mesmas atividades, sofrendo dos mesmos problemas, mas agora “regulamentadas” por um registro de pessoa jurídica. O assunto empreendedorismo, de fato, ganhou mais repercussão a partir de tais leis criadas, porém, mesmo com o foco sendo regulamentar cargos que eram vistos como informais, o conceito de empreendedorismo atingiu as classes assalariadas, trabalhadores e donos de pequenas empresas que foram fortemente influenciados por essa ideologia (JUSTEN, 2015). Assim, a ideologia do empreendedorismo sai da esfera de trabalhadores informais e vai para uma esfera que permite transacionar entre o empresarial, que seria o empreendedor montando a sua própria empresa, e o “jeito de ser”, que pode ser um assalariado com características inovadoras para propor soluções em suas ações cotidianas no trabalho. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, cita em seu site que os empreendedores são "visionários, dotados de ideias realistas e inovadoras. Além disso, desenvolvem um papel otimista dentro da organização, capaz de enfrentar obstáculos internos e externos” (Idem). Essa reflexão no termo mostra que o sentido do empreendedorismo, para um dos maiores serviços às micro e pequenas empresas do Brasil, 19 foi transformado em relação ao significado trazido por Schumpeter. Sendo um dos maiores influenciadores na propagação da ideia central do Microempreendedor Individual na economia brasileira, o SEBRAE reúne todo o acervo de conteúdos necessários para a regulamentação de tal serviço, desde a criação do CNPJ de microempreendedor individual, até cursos livres de especialização na área. Esse acesso à informações com facilidades faz com que o empreendedor consiga ter acesso, mesmo sem comprovar que entende dos assuntos empresariais e burocráticos. Além do Sebrae ser um forte aliado na propagação do Microempreendedor individual, de fato a mídia consegue propagar a ideologia do empreendedorismo de uma forma mais imensurável, trazendo a ideia de “sonho” em construir um novo negócio para chamar de seu (JUSTEN, 2015) O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) teve seu último relatório global no primeiro semestre de 2022, e seu último relatório nacional, que abrange o Brasil, em 2019. Utilizado como referência nesta pesquisa, traz dados relevantes sobre o aumento do empreendedorismo no Brasil nesses últimos anos. O GEM trás em seus relatórios os dois principais motivos para se empreender: por oportunidade, que seria o empreendedor que, mesmo tendo alternativas, escolheu empreender, pois visualizou uma oportunidade de mercado e, motivado a elaborar essa ideia, criou seu próprio negócio; e por necessidade: que seriam os que são levados a empreender, pois não tem outra fonte de renda, ou não as julgam suficientes, e buscam através de atividades empreendedoras, obter oucomplementar essa renda. O GEM também classifica os empreendimentos como iniciais e estabelecidos. Os iniciais, que são representados pela sigla TEA, são compostos pelos empreendedores nascentes, cujo empreendimento não trouxe remuneração para os donos por mais de 3 meses; e os novos, cujo empreendimento trouxe remuneração para os seus proprietários entre 3 a 42 meses. Os estabelecidos, que são representados pela sigla TEE, são compostos pelos empreendimentos que trouxeram alguma remuneração aos proprietários por mais de 42 meses. O GEM também trás a taxa de empreendedores totais (TTE), que é a junção de todas as pessoas que estão empreendendo, trazendo um total da população adulta (18 a 64 anos). Embora o GEM classifique os empreendedores conforme os meses de atuação para estabelecer a clsssificação dos mesmos, há uma critica atrelada a informalidade. No brasil, como foi retratado nesse artigo, há uma relação de regulamentação das atividades que, antes da Lei do Micro empreendedor, eram atividades exercidas informalmente pela sociedade. Sendo assim, algumas atividades empreendedores, por mais que regulamentadas pela lei do 20 micro empreendedor, ainda são as mesmas atividades exercidas. Sendo assim, essa classificação deveria ser volátil para tipos de empreendimentos, visto que o tempo para que o empreendimento possa crescer depende de fatores como: cenário econômico, social e até demográfico. Porém, mesmo com essa reflexão a respeito da classificação do GEM, o presente trabalho utiliza essa definição por conta do relatório feito no brasil pela instituição, mas trazendo resalvas sobre a realidade da empreendedora no Brasil. Em 2019, o Brasil atingiu a sua 2ª maior taxa de empreendedores totais em 20 anos, que são cerca de 38,7% da população adulta, o que mostra um aumento de empreendedores em relação aos últimos anos. Esse dado ficou atrás apensas da maior taxa de empreendedores totais no Brasil em 2015, onde 39,3% da população adulta tinha alguma atividade empreendedora.Um dos principais fatores para esse aumento, segundo a GEM, foi a recuperação da economia brasileira em 2019, que incentivou um aumento gradual no consumo, e a liberação dos valores do Fundo de Garantia do tempo de serviço (FGTS), no qual os valores podem ser utilizados para abrir ou investir no novo negócio. Porém, há dúvidas sobre essa afirmação do GEM, visto que os próximos gráficos apresentados demonstram uma queda no número de empreendedores estabelecidos, que em 2018 eram aproximadamente 20 milhoeres de pessoas, e esse número caiu para 16 milhões em 2019. Essa diminuição reflete não longevidade dos empreendimentos, que podem ter fechado dentre os anos. Além do Gráfico 1, o Gráfico 2 também mostra a curva de desempregados em 2019, que estava maior que em 2018. Sendo assim, o argumento da melhora do ambiente econômico dito pela GEM não é tão realista, conforme os dados, e pode na verdade trazer uma reflexão as reformas trabalhistas que cercaram durantes os anos citados, que não foi benéfica para a sociedade. O Gráfico abaixo mostra o crescimento do empreendedorismo entre os anos de 2002 e 2019. Gráfico 1 - Taxas1 de empreendedorismo segundo o estágio do empreendimento TEA, TEE, TTE – Brasil 2002: 2019 1 Percentual da população entre 18 a 64 anos. 21 Fonte: GEM Brasil, 2019, p 29. De acordo com a evolução do gráfico do GEM, em 2018, o número de empreendedores iniciais foi de 17,9 %, cerca de 24 milhões de pessoas. Em contrapartida, em 2019, 23,3% equivale a cerca de 32 milhões de pessoas nesse segmento. Esse aumento reflete o momento no Brasil nesses dois anos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, o número de desempregados atingiu 13,7 milhões de pessoas. Em contrapartida, em 2019, o número de desempregados foi de 11,9 milhões de pessoas. A seguir, o gráfico mostra a variação da taxa de desempregados no Brasil. Gráfico 2 - Taxa de desocupação entre 2012-2019 no Brasil Fonte: IBGE, 2022. Ao analisar as taxas de empreendedores iniciais com as taxas de desemprego no Brasil, pode haver uma relação entre o aumento do empreendedorismo e a diminuição da taxa de desocupação, dado que as pessoas que saíram da contabilidade de desocupadas podem ter criado seu próprio negócio. No cenário brasileiro existem alguns fatores que motivam as pessoas a serem 22 empreendedoras e, por sua vez, podem estar relacionadas ao momento do desemprego relatado em 2018 e 2019. Porém, em 2019, a pesquisa sobre os fatores que motivaram a criação de empreendimento mudaram, uma vez que “[...] essas duas alternativas podem não exprimir efetivamente uma tomada de decisão refletida e consciente de acordo com o espírito do empreendedorismo, pois do modo como são apresentadas podem sugerir uma indução ao engajamento por uma atividade empreendedora já que, na ausência de alternativas, empreende-se por necessidade” (GEM, 2019, p. 56). Diante dssa justificativa, o GEM, em 2019, trouxe quatro afirmações para empreender, que são: “para ganhar a vida porque os empregos são escassos”, “para fazer diferença no mundo”, “para constituir uma grande riqueza ou uma renda muito alta” e “para continuar uma tradição familiar”. A Tabela a seguir mostra quais foram os resultados dessa pesquisa em relação aos empreendedores iniciais. Tabela 1 - Percentual dos empreendedores iniciais segundo as motivações2 para começarem um negócio - Brasil 2019 Fonte: GEM, 2019, p 12. Os resultados dessa tabela mostram que quase 90% dos empreendedores têm como motivo principal o início do empreendimento para ganhar a vida porque os empregos são escassos, o que reflete a tendência do cenário brasileiro: empreendedorismo por necessidade. O GEM trás uma reflexão sobre essa motivação como uma subcategoria do motivo ‘por necessidade’. Em relação às principais características das atividades do Microempreendedor Individual no Brasil, a GEM estabelece os setores em que essas pessoas estão incluídas. A Tabela a seguir trás, em porcentagem, os setores entre os empreendedores iniciais e estabelecidos. Tabela 2 - Distribuição percentual dos empreendedores iniciais e estabelecidos 2 As questões não são excludentes, ou seja, o empreendedor pode ter respondido afirmativamente para mais de uma opção da tabela. 23 conforme suas atividades Fonte: GEM, 2019, p 18. Nessa análise podemos avaliar que mais de 70% dos empreendedores iniciais estão no ramo de serviços, e a grande maioria voltada para o consumidor final. De acordo com o GEM, os serviços orientados para o consumidor são, por exemplo, cabeleireiros, serviços de táxi, alfaiatarias e etc, e esses serviços tendem a ter um baixo custo e trazer menos lucro para o empreendedor por terem uma margem muito competitiva. Os serviços orientados para negócios tendem a ter mais tecnologia e costumam trazer mais lucro ao empreendedor, porém, de acordo com a tabela acima, vemos que ainda não é uma realidade tão explorada nos empreendimentos. Por fim, as atividades industriais são exemplificadas como atividades manuais, basicamente umprocesso de transformação de matéria-prima em um produto/serviço. Com o intúito de entender o cenário brasileiro do Micro Empreendedor Individual, se faz necessário identificar a diferença dos empreendimentos em relação ao sexo dos empreendedores. O número de mulheres e homens que entram no universo empreendedor, em 2019, é basicamente igual, trazendo uma análise que ambos estão buscando o empreendedorismo como renda. Porém, quando falamos de empreendedores estabelecidos, essa realidade muda, e os homens permanecem na liderança dos empreendimentos com cerca de 6% a mais de permanência do que as mulheres. A tabela a seguir mostra essa disparidade. Tabela 3 - Tabela em Percentual sobre as características sociodemográficasdos empreendedores iniciais e estabelecidos no Brasil em 2019 24 Fonte: GEM, 2019, p. 14. Para entender esse cenário de desigualdade entre o estabelecimento dos empreendimentos comandados por homens em relação aos comandados por mulheres, é necessário não só entender as diferenças em relação aos serviços prestados, a escolaridade ou a idade, mas também entender o contexto histórico da mulher no mercado de trabalho para traçar formas que possam ajudar a permanência dos empreendimentos femininos no Brasil. Com isso, irei retratar esse contexto feminino no próximo capítulo deste trabalho. 25 3 EMPREENDEDORISMO E A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO 3.1 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO A História da inserção feminina no mercado de trabalho tem uma trajetória repleta de desafios e lutas de classe. No livro “O Feminismo é para todo mundo”, de Bell Hooks (ano?), a autora retrata o começo das lutas de classe das mulheres trabalhadoras e como a diferença de classes influenciava na conquista de igualdade de direitos concedidos entre homens e mulheres. Segundo Hooks (2018), na década de 70, o movimento feminista era composto de mulheres das altas e baixas classes Porém, as mulheres de alta classe, por terem maiores condições e deter do conhecimento que era escasso na época, tinham mais poder de fala, mas não tinham a visão de mundo das mulheres de baixa classe, que tinham que enfrentar, muitas vezes, os trabalhos que tinham condições precárias e baixa remuneração. A alta classe feminina, então, teve de trazer ao debate as mulheres da baixa classe, a fim de entender a realidade e lutar não só por igualdade, mas por melhores condições de trabalho, salários melhores e benefícios. De acordo com a autora, as más condições de trabalho e baixa remuneração dificultam o processo de liberdade financeira das mulheres, ou seja, muitas delas se tornam dependendes de seus companheiros, em uma relação que impossibilita a mulher a fazer suas escolhas individuais, pois os trabalhos disponíveis nesse contexto não dão o mímino para que a mulher conquiste a sua liberdade financeira , consequentemente, a liberdade de uma relação de patriarcado, onde os homens permanecem como figura financeira central da família. Com o movimento feminista trazendo essa realidade da falta retratada pelas mulheres que não conseguem alcançar a mesma condição financeira que os homens e, consequentemente, precisam que os mesmos sustentem o domicílio, ficou mais palpável levantar propostas que auxiliem as mulheres de baixa renda a buscarem sua “liberdade”, tendo melhores salários e condições de trabalho que permitam o sustento. Contudo, ainda há uma longa trajetória para essa relação de igualdade aconteça com todas as mulheres. Diante da análise no mercado de trabalho, surge o termo segregação no mercado de trabalho que, segundo Omizzolo E Baltar (2020, p. 4), “significa uma assimetria na contratação de trabalhadores pelas empresas, baseada em certas características, como sexo, cor, nacionalidade e qualificação profissional”. Com isso, uma das caracteristicas da segregação pode ser o sexo e, quando o ambiente da organização se torna desigual ao ambiente da sociedade, ou seja, quando há menos mulheres no ambiente organizacional, em contra partida que há mais mulheres na sociedade, certifica-se que há uma segregação 26 ocupacional, pois há diferenças entre a dimensão da quantidade de pessoas do sexo entre a esfera organizacional e social. (Oliveira, 1998 ). Sobre a segregação ocupacional entre homens e mulheres, um estudo feito no Brasil por Madalozzo (2010) analisou a segregação ocupacional e a diferença salarial de homens e mulheres de 1987 até 2007. Nessa análise, ele descobriu que, nesses 30 anos, as mulheres conseguiram entrar em atividades antes exclusivas aos homens. Porém, o movimento inverso não aconteceu, ou seja, os homens não adentraram em atividades, antes exclusivas das mulheres, como por exemplos cuidados domésticos e atividades de cuidados médicos . Por mais que tenha havido essa mudança e a melhoria nas condições de trabalho para as mulheres, as mesmas recebiam uma remuneração menor que as dos homens atuando na mesma área. A cultura patriarcal vivida na realidade feminina trás a perceção que as atividades femininas remetem as atividades maternas, domésticas e de cuidados, pois as mulheres nessa cultura, são vistas como pessoas que não trabalham, ou não trazem fonte de renda suficiente para o sustento familiar e, com isso, utilizam desse tempo para cuidar da família, filhos e pessoas doentes em casa. Se faz uma reflexão a respeito do aumento de ofertas de emprego para as mulheres causados pela globalização interfere diferentemente entre elas por conta das diferentes culturas, condições financeiras e condições de estudo. Com isso, se evidencia que a globalização pode influenciar ainda mais a desigualdade, visto que não atinge da mesma forma as mulheres de diferentes classes, prejudicando ainda mais as mulheres mais pobres que são chefes de uma família monoparental, onde só ela trás o sustento. (D’Ávila Neto e Nazareth, 2005) No entando, no cenário da industrialização no Brasil, existiam mulheres que trabalhavam no chão de fábrica. Há relatos de que, no começo das primeiras fábricas no século XIX, as mulheres eram maioria no setor têxtil. Geralmente, as atividades desse setor eram manuais, como a construção de bolsas e sapatos. Isso se justifica pelo fato de que as atividades manuais já eram feitas pelas mulheres antes, em casa e, por isso, foram alocadas para o trabalho industrial. Porém, com o aumento da industrialização e a vinda das máquinas para o chão de fábrica, as mulheres perderam seus postos de trabalho manual e eram vistas como incapazes de manusear as máquinas por conta da baixa escolaridade. Sendo assim, os homens tiveram mais chances sobre o uso das máquinas. Porém, mesmo com a entrada dos homens na indústria, as mulheres até a década de 1970 eram majoritárias nas empresas têxteis e de confecção. A partir da década de 70, as mulheres começaram a ir para áreas antes relacionadas aos homens, como o setor de construção e transporte. (PENA, 1981 Apud Daniel, 2011. p 331 ) 27 A situação do trabalho feminino, percorrendo os anos até 2005, não é muito otimista, a perspectiva é de que se mantenham as profissões predominantemente femininas do século XX, voltadas para áreas como, por exemplo, nutrição e educação, ainda com salários inferiores aos homens. Porém, algumas mulheres mais instruídas academicamente estão buscando cargos mais altos, como gerências e presidências. Além das atividades de trabalho, um dado importante a ser listado é o perfil familiar da mulher proletária. Até a década de 70, as mulheres que ingressaram no mercado de trabalho eram mulheres solteiras e sem filhos. Porém, a partir da década de 80, esse cenário mudou, e a busca de trabalho das mulheres que construíram suas famílias e têm filhos aumentou. O perfil da mulher cuidadora dos seus filhos muda para o perfil da mulher que pode ajudar financeiramente em casa (Bruschini, 2007; Lavinas, 2001 Apud Daniel, 2011, p 333-334). A participação da mulher no mercado, segundo uma pesquisa do Ministério do Trabalho e Previdência, está em crescimento. Segundo a pesquisa, a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), em 2004, tinha cerca de 12,5 milhões de mulheres trabalhando com carteira assinada e, em 2014, esse número foi para 21,4 milhões de mulheres, em contrapartida, existiam 98,6 milhões de pessoas economicamente ativas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Continua de 2014. Infelizmente, ainda não há igualdade salarial entre homens e mulheres. As mulheres ainda estão nas atividades em que há um esteriótipo feminino, onde a grande parte está no ramo doméstico (cerca de 92%) e em outras áreas como saúde,comércio e a indústria de transformação. Algumas mulheres estão conseguindo conquistar cargos de liderança na esfera pública, como conta o relato de uma entrevista pela Agência Brasilia da tenente-coronel, Sheila Sampaio, comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (BPMDF). Ela relatou na pesquisa que no começo da sua trajetória nesse cargo, que não tem muitas mulheres, a mesma enfrentou dificuldade em trazer autoridade aos homens policiais que ela chefiava, e teve que mostrar sua imponência no serviço para gerar confiança.( GOV, 2016). De acordo com a PNAD Contínua, em 2018, ainda há diferença entre a média salarial nacional entre homens e mulheres. Segundo a análise, porém, a média salarial brasileira dos homens nesse período foi de R$2579,00, enquanto as das mulheres foi de R$2050,00 reais, no mesmo cenário. Além da diferença salarial média, a PNAD Contínua trás uma análise sobre os grupamentos ocupacionais, com suas diferenças salariais, mostrando a participação das mulheres na população ocupada. A Tabela a seguir mostra as diferenças salariais analisadas no 4º Semestre de 2018 28 Tabela 4 - Rendimento médio da população3 ocupada nos grupos ocupacionais por sexo, participação de mulheres na ocupação e razão (%) do rendimento de mulheres em relação ao de homens - Brasil - 4º trimestre -2018 Fonte: PNAD Continua 2019, IBGE. Analisando as informações da tabela, pode-se trazer uma análise que, em quase todos os cenários, as mulheres ganham menos que os homens, mesmo nos grupos organizacionais em que elas correspondem a mais da metade da população ocupada, como podemos ver no grupo ocupacional de trabalhadores de apoio administrativo, aonde as mulheres representam cera cde 64,5% da ocupação nesse grupo, e ganham 286 reais a menos que os homens no mesmo cenário. Porém, existe um grupo ocupacional onde as mulheres receberam em 2018 um salario maior que a população masculina, que foi o grupo formado por membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares. A diferença salarial entre eles foi de 37 reais, mas vale considerar que existe uma parcela bem pequena de mulheres nessa ocupação, cerca de 13,2% desse cenário são do sexo feminino. Todavia, a diferença salarial positiva para as mulheres nesse ramo não apaga o fato de que as mesmas estão enfrentando uma desiqualdade salarial de 71% em relações aos homens em cargos de liderença e diretoria, tendo ciência que as mesmas representam quase 50% das pessoas nesse cargo. As mesmas também enfrentaram 3 A população analisada corresponde ao percentual de pessoas de 25 a 49 anos de idade ocupada na semana de referência. 29 em 2018 uma desigualdade salarial de 64% nas profissões das ciências intelectuais, mesmo sendo representando 60% da profissão. Existe desiqualdade salarial que desfavorece as mulheres em quaisquer áreas que as mesmas estão, mesmo sendo maioria em alguns casos, o que mostra que a questão salarial é muito mais um preconceito estabelecido na sociedade. Além de fatores relacionados a salário, um dado crítico vem sito encontrado no brasil, que são os dados da informalidade no cenário econômico. De acordo com a PNAD (2021) analisada no segundo semestre do ano, a taxa de trabalhadores informais eram de 40% em relação as pessoas ocupadas. A classificação de trabalhadores informais se refere a pessoas que trabalham sem carteira assinada, que trabalham por conta conta sem ter um cnpj e as pessoas que buscam trabalho auxiliando a sua família. De acordo com a pesquisa, o dado alarmante mostra que, dentre 86,7 milhões de pessoas ocupadas no brasil, 34,7 milhões deram pessoas em situação de informalidade. A informalidade é um indíce que vem impactando o empreendedorismo, no sentido que muitas pessoas estão sendo vistas como empreendedores, mas, na verdade, são profissões informais que sairam do mapeamento da informalidade porque portam um cnpj. Mas, as atividades são as mesmas, as condições de trabalho também são as mesmas e, por muitas vezes, precisam trabalhar mais para trazer o sustento familiar. Nesse sentido, tanto homens quanto mulheres se encontram nesse ambiente informal que, ao longo dos ultimos anos, vem buscando o empreendedorismo não por opção, e sim por necessidade. Porém, a desigualdade de gênero se encontra também no segmento informal, trazendo um reflexo do que a mulher passa dentro do mercado de trabalho em geral, sendo formal ou informal. Como dito acima, as mulheres ainda enfrentam inferiorização de seus cargos em atividades de liderança , não só na esfera pública, mas na privada também. Sendo assim, no próximo capítulo desta pesquisa iremos retratar a realidade da mulher como liderança no empreendedorismo geral. 3.2 O EMPREENDEDORISMO FEMININO NO BRASIL A análise do empreendedorismo feminino no Brasil é um tema que vem sendo estudado e desenvolvido ao longo dos últimos anos, com o intuito inclusive de entender os principais motivos para o crescimento do empreendedorismo no Brasil. O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) como vimos acima, trás o informativo sobre o empreendedorismo de uma forma geral, mas também engloba o empreendedorismo no contexto de diferença de sexo. Segundo o GEM (2018), que analisa os dados de 2018, as mulheres representavam cerca de 30 45,79% da população empreendedora no Brasil, contra 54,45% dos homens. Em 2019, o GEM trás uma mudança nesse cenário, onde as mulheres representam 48,28% dos empreendimentos, em contrapartida dos homens, que representam 53,71%. Essa discrepância de gênero nos empreendimentos pode ser justificado pela conjuntura da estrutura de trabalho no Brasil, já retratado neste trabalho. Porém, para analisarmos melhor o contexto, devemos olhar outros dados que o GEM, o SEBRAE e outras instituições analisam sobre o empreendedorismo no Brasil. Para entender a diferença dos empreendimentos femininos e masculinos, é importante identificar a diferença entre as motivações pessoais que os fizeram empreender. Segundo o GEM (2019), os empreendedores que começaram a empreender em 2019 tem possíveis quatro motivos para escolher na pesquisa, que são: Para ganhar a vida porque os empregos são escassos, para fazer a diferença no mundo, para construir uma grande riqueza ou uma renda muito alta e, por fim, para continuar uma tradição familiar. A tabela a seguir mostra os dados dessa pesquisa. Tabela 4 - Porcentagem dos empreendedores iniciais (masculino ou feminino) segundo as motivações para começar um novo negócio no Brasil - 2019 Fonte: GEM Brasil, 2019, p. 69. Nessa pesquisa, os empreendedores poderiam marcar mais de uma opção, mas o dado que chama mais atenção é que mais 90% das mulheres escolheram a motivação de empreender, pois os empregos são escassos. Embora entre os homens esse índice seja também alto, se comparamos com as opções que se referem ao empreendedorismo por oportunidade (segunda e terceira), podemos concluir que as mulheres que são levadas ao empreendedorismo, se encontram em condições gerais mais difíceis. Tal quadro é corroborado por outros dados apresentados pelo GEM. No que concerne aos tipos de empreendimentos. A referida organziação constatou que, enquanto os empreendedores do sexo masculino têm cerca de 10 principais atividades exercidas que são: Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas; Cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza; Serviços especializados para construção; Manutenção e reparação de veículos automotores; Serviços de catering, bufê e outros serviços 31 de comida preparada; Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios; Comércio varejista de mercadorias em geral com predominância de produtos alimentícios, minimercados, mercearias e armazéns; Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas; Atividades de organização de eventos exceto culturaise esportivos; Obras de acabamento; Reparação e manutenção de equipamentos eletroeletrônicos de usopessoal e doméstico; Transporte rodoviário de carga e Atividades de publicidade não especificadas anteriormente.As mulheres têm apenas 5 atividades principais que são: Serviços domésticos (diaristas, cuidadores de crianças e idosos, jardineiros, camareiros, caseiros, cozinheiros, etc.); Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios; Cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza; Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas; Serviços especializados para construção; Serviços de catering, bufê e outros serviços de comida preparada; Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas; Comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal. Das cinco atividades feitas pelas mulheres, 4 também são feitas por homens. A única atividade que existe predominância feminina são os serviços domésticos, que incluem diaristas, cuidadoras de crianças e idosos, cozinheiras e cuidadoras de casa em geral, e a atividade de serviços domésticos é a maior taxa de atividade do público feminino empreendedor, cerca de 13,7%. O ramo da construção civil foi majoritariamente masculino, tendo a maior porcentagem de atividade exercida, cerca de 11%. Além da principal atividade entre os empreendedores e empreendedoras, é válido destacar que no ramo de tratamento da beleza, há cerca de 10,7% de empreendedoras, em contrapartida de 3,4% de empreendedores. No ramo varejista de artigos de vestuário e acessórios, essa diferença é ainda mais brusca, pois cerca de 10,1% são empreendedoras e 2,9% são empreendedores. No serviço alimentício de comida preparada, as mulheres empreendedoras representam 8,5%, contra 2,7% dos homens. Por fim, na confecção de peças de vestuário feminino exceto peças íntimas, as mulheres representam 7,5% contra 2,2% dos homens. Além dessas atividades, que são em sua maior parte realizadas por mulheres, é válido destacar que atividades no ramo de estabelecimentos de bebidas, manutenção de veículos, transporte logístico e de construção civil não tem uma porcentagem significativa de mulheres executando. Essa análise de dados sobre as atividades exercidas também é um retrato da realidade do trabalho feminino no Brasil, retratada no capítulo anterior “A mulher no mercado de trabalho''. No Contexto Histórico, a mulher foi vista muitas vezes pelo senso comum como uma pessoa que não poderia fazer as mesmas atividades que os homens por conta de um intelecto inferior, impossibilitando o trabalho das mulheres em cargos técnicos. Porém os dados da pesquisa da professora Hildete Pereira e publicada em uma reportagem da Cristina Indio (2019) 32 refutam esse pensamento e trazem que, em relação ao nível educacionl, as empreendedoras femininas cresceram um ano a escolaridade média em relação aos homens empreendedores. Sendo assim, o paradigma da mulher não conseguir fazer os mesmos serviços que o homem como forma da falta de conhecimento não é tão válido hoje, mostrando que podem ter outras características que envolvem essa desigualdade entre os sexos. Dentro do empreendedorismo, segundo o GEM (2019), temos os investidores informais, que são pessoas que investem com ajuda financeira em empreendimentos sem vínculos formais (compra de ações, compra de partes da empresa etc). São, basicamente, pessoas que ajudaram financeiramente nos últimos 3 anos empreendimentos que não são seus (podem ser de amigos, conhecidos ou desconhecidos). Segundo a pesquisa, cerca de 4 milhões de pessoas eram investidores informais em 2018, levando em consideração o público da pesquisa, que são pessoas de 18 a 64 anos. Porém, quando dividimos essa pesquisa entre homens e mulheres, cerca de 4,3% dos homens em todo o Brasil eram investidores informais em 2019, contra 2,1% das mulheres como investidoras informais. Sendo assim, existem menos mulheres invesditoras informais no Brasil, impactando negativamente nos enpreendimentos chefiados por mulhares pois, de acordo com a Simonetti (2019), as mulheres preferem investir/contratar mulheres para seus projetos. Entender as características e singularidades do empreendedorismo é de extrema importância para que se identifique quais são as demandas que colocam as mulheres em dados inferiores aos homens em alguns aspectos relatados anteriormente para que seja conquistado a igualdade entre homens e mulheres. Porém, ainda precisamos trazer o entendimento da realidade da mulher empreendedora em seus estágios iniciais no empreendedorismo, e o próximo capítulo irá tratar desse estágio inicial, segundo o GEM. 3.3 A MULHER EMPREENDEDORA EM ESTÁGIO INICIAL Reiterando o assunto do empreendedorismo inicial citado no começo do texto, o GEM define como indivíduos que estão à frente de um negócio com até 42 meses (cerca de 3,5 anos) que, segundo eles, é o tempo em que um negócio se constrói e tenta crescer. A pesquisa feita pelo GEM (2018) fala que, em 2018, o número de empreendedoras femininas em estágio inicial foi 11,9 milhões, e os dados do GEM (2019) mostram cerca de 16,1 milhões de mulheres em estágio inicial em 2019. Por mais que esse dado seja otimista, a quantidade de mulheres que conseguiram passar do estágio inicial diminuiu. Em 2018, eram também cerca de 11 milhões de empreendedoras estabelecidas, mas esse número foi para 9,7 milhões em 2019. 33 De acordo com a GEM (2019), existem alguns fatores que podem estar influenciando essa queda, como por exemplo a concentração maior das mulheres em atividades de serviços domésticos, que tendem a ter uma concorrência muito alta pelo tamanho da popoulação feminina nesse cenário. A GEM também fala que possivelmente as mulheres buscam o empreendedorismo como algo provisório em momentos de necessidade e, quando a situação melhora, elas saem do movimento. Além desses fatores voltados a realidade feminina, consta- se as dificuldades, a pesquisa trás o pensamento que há mais homens que mulheres em empreendimentos estabelecidos , de scordo com o passado do empreendedorismo, existia uma atuação maior de homens nesse segmento,e, por conta desse tempo a mais que as mulheres, há um estoque maior de empreendedores masculinos estabelecidos. Todavia, nenhuma das afirmações citadas na gem tem uma fundamentação qualitativa, sendo apenas hipóteses. Uma das características que o GEM (2019) trás como ponto é a diferença entre as faixas etárias dos empreendedores iniciais e estabelecidos. O Tabela a seguir demonstra essa diferença. Gráfico 3 – Porcentagem e estimativas de empreendimentos segundo a idade no Brasil em 2019 Fonte: GEM , 2019. P 44 Esse gráfico aponta um perfil no empreendedorismo inicial muito parecido nas primeiras 4 faixas de idade, porém, as pessoas com idade apartir de 55 anos estão em sua miniotia inseridas no empreendedorismo. Porém, os com mais idade mostram um grande número do empreendedorismo estabelecido, trazendo uma reflexão que os mais jovens estão iniciando o empreendimento, mas não estão se tornando estabelecidos em seus 3,5 anos de empreendimento. Além da idade, que pode estar impactando também as mulheres empreendedoras iniciais nesse cenário, o GEM (2019) trás dados em relação a escolaridade. Cerca de 60% dos empreendedores iniciais tinham ao menos o ensino médio completo. Desses, 15,6% tem o ensino superior completo também. Esse cenário é diferente dos empreendimentos estabelecidos, 34 pois cerca de 40% deles possuem no mínimo o ensino médio completo. Essas análises em relação a faixa etárea e escolaridade demonstram que muitas pessoas com grande escolaridade estão migrando para o empreendedorismo e, como vimos, grande parte vem por necessidade. Dentre essas pessoas, mulheres capacidadas que não conseguiram seu espaço no mercado de trabalho com carteira assinada ou, muitas vezes,não recebem o mesmo salário que os homens, e precisam começar a empreender para gerar renda. O Instituto Rede Mulher Empreendedora, fundado por Ana Fontes, fez uma pesquisa em 2019 que retrata alguns aspectos e dificuldades da mulher empreendedora no Brasil. Nessa pesquisa, foram entrevistadas cerca de 1930 mulheres e 624 homens e foram feitos alguns questionamentos para se entender o cenário do negócio inserido. Segundo essa pesquisa, 49% das mulheres que abriram um negócio não conseguiram ter um planejamento para essa abertura, o que pode ser vinculado ao fato de que a maior parte das mulheres, ainda segundo a pesquisa, empreende por necessidade. Cerca de 41% das mulheres misturam o dinheiro de casa com o negócio, também vindo da falta de planejamento do negócio. Por fim, em relação ao assunto de planejamento do empreendimento feminino, cerca de 40% dos empreendimentos começam sem capital. Um estudo feito por Alperstedt, Ferreira e Serafim (2014) também reforçam essa questão com a pesquisa que fizeram com as participantes do Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios, de Santa Catarina, em 2010. Nessa pesquisa, 57% das empreendedoras utilizam recursos próprios para o estabelecimento, cerca de 43% utilizam recursos de terceiros, como familiares, companheiros e conhecidos, e 8% buscam em instituições bancárias e financeiras. Sendo assim, podemos analisar que poucas mulheres buscam instituições bancarias para o financiamento do seu empreendimento pois, segundo o SEBRAE(2019), as mulheres pagam taxas de juros maiores que os homens. De acordo com a pesquisa, as mulheres pagaram uma taxa de juros anual de 34,6%, diferente dos homens que, no mesmo periodo, tiveram taxas de juros anual de 31,1%. Mesmo assim, as mulheres tem uma taxa de inadimplência menor que os homens, onde a taxa de inadimplência feminina é de 3,7%, contra 4,2% dos homens. Mesmo com o ambiente financeiro sendo desfavorável, as empreendedoras buscam formas alternativas de conseguirem investimentos e tirarem suas ideias do papel. Outra característica do cenário feminino é que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ficam mais tempo realizando atividades domésticas em relação aos homens. Segundo a pesquisa, as mulheres que têm alguma ocupação dedicam, em média, 18,5 horas para os afazeres domésticos e cuidados da casa e dos filhos semanalmente, porém, os homens dedicam metade desse tempo, cerca de 10,3 horas. Essa dificuldade retratada pelo tempo utilizado nos afazeres domésticos das mulheres foi citada na pesquisa de feita por 35 Alperstedt, Ferreira e Serafim, onde as mulheres que tiveram suas histórias pesquisadas pelos autores falaram que as múltiplas atividades de mãe, companheira, e empresária pesam muito em seu dia de trabalho, e o maior ponto que pesou nessas atividades, segundo elas, foi a questão do cuidado dos filhos, com atividades maternas. Algumas mães, com filhos menores, relataram que a amamentação e o cuidado próximo precisam de mais atenção e, muitas vezes, precisam ser levados ao empreendimento junto com a mãe. O IRME também traz essa análise com as mulheres entrevistadas, mostrando que as mulheres têm menos tempo em relação aos homens para se dedicar à empresa e cerca de 24% das mulheres sentem a necessidade de investir mais tempo na família. O Instituto também aponta que 60% das mulheres entrevistadas não têm funcionários. Ou seja, as mesmas precisam fazer todas as atividades administrativas, financeiras, comerciais entre outras, e ainda possuem uma carga horária maior de atividades externas em comparação ao cenário masculino. Uma das dificuldades que as mulheres também relataram na pesquisa de Alperstedt, Ferreira e Serafim e que pode ocasionar a não longevidade dos empreendimentos femininos é por conta da visão dos clientes e fornecedores em relação a uma figura feminina que está a frente de um negócio tradicionalmente dominado por homens. Como foi citado na pesquisa sobre os tipos de CNAE’s dos empreendedores no Brasil, as mulheres tem cinco atividades principais e, dentre essas atividades, quatro também tem uma grande porcentagem de empreendedores masculinos e, nessas atividades, os clientes podem preferir compras de empreendimentos masculinos por enxergarem que eles tem mais poder técnico e vão ter mais qualidade no serviço. Em contrapartida, o GEM cita uma hipótese que a diminuição das mulheres em estágio inicial para estabelecido pode estar relacionada a falta de diversidade das atividades dos CNPJ pois, segundo tratamos no capítulo Empreendedoras no Brasil, a maior parte das mulheres empreendedoras tem suas atividades voltadas para o serviço doméstico e, por conta disso, há uma concorrência muito grande entre as mulheres e isso pode acarretar o fechamento do CNPJ, visto que a mesma não faz outra atividade, e assim o seu negócio não tem longevidade e não consegue chegar a etapa de empreendedimento estabelecido. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para o Brasil é trazer a igualdade de gênero, trazendo com essa proposta formas de dar às mulheres chances de investimento financeiro com instituições, a disponibilização de lugares para que elas abram seus negócios e também terras, caso as mesmas trabalhem com o cultivo e que consigam criar as suas empresas e, por fim, toda a ajuda necessária de acordo com as leis da região. 36 Nesse capítulo, foram analisadas as características das mulheres empreendedoras em estágio inicial e,com elas, vieram os principais motivos pelos quais as mesmas não estão conseguindo manter a longevidade do seu empreendimento, passsando do estagio inicial para o estabelecido. São dificuldades passadas no dia a dia por conta do preconceiro em relação ao gênero, o tempo utilizado em atividades domésticas que as impossibilita de se dedicar ao empreendimento, a falta de diversidade das atividades realizadas pelas mesmas, causando concorrência excessiva e, por fim, a disputa pela legitimidade do serviço por conta de estar divivido o ambiente com empreendedores masculinos. Todavia, as mulheres ao longo da sua trajetória ven lutando contra as adversidades da rotina para conseguir manter o seu empreendimento aberto, buscando investimentos e inovando no serviço, para conseguir trazer mais fonte de renda maior e alavancar o seu empreendimento. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve como objetivo mapear as principais características da mulher empreendedora no estágio inicial no Brasil, e com isso, foi necessário estudar o contexto do empreendedorismo geral no Brasil e, também, e realdiade das mulheres no mercado de trabalho e, também, no empreendedorismo, para assim conseguir a tratejória da figura feminina até o empreendedorismo inicial. No Capitulo 1 vimos que o significado do empreendedorismo pesquisado por Schumpeter sofreu mudanças ao decorrer do tempo, por conta de novos pensamentos trazidos muitas vezes do senso comum, que mudaram o entendimento do que é ser um empreendedor. Com isso, o significado de empreendedor se tornou amplo, sendo classificado pelo GEM como a pessoa que é dona do seu próprio negócio, tendo inovação ou não. Isso nos trouxe a necessidade de analisar o contexto histórico do empreendedorismo no Brasil no capitulo 2, onde retratamos a regularização do empreendedorismo, com a criação da Lei 128/2008. Junto a isso, foi analisado o contexto do empreendedor no Brasil, os nímeros que mostravam os empreendedores em estágio inicial em relação aos estabelecidos, as diferenças nos ramos de serviços e, por fim , a diferença entre os homens e mulheres nesse ramo. Entendendo sobre o empreendedorismo no Brasil e uma suposta diferença entre homens e mulheres nesse cenário, se fez necessário entender sobre o contexto histórico da Mulher no mercado de trabalho, trazendo esse assunto no Capítulo3, que retratou os percarusos na construção de uma sociedade aonde existe desiqualdade entre homens e mulheres no trabalho, seja por atividades, salário e até direitos. Os 3 primeiros capítulos desse trabalho nos oferecem elementos fundamentais para 37 analisar o empreendedorimo feminino no Brasil, assunto que foi tratado no 4 capítulo. Por fim, no capítulo 5, foi retratado as principais caracteristicas da mulher empreendedora em estagio inicial, onde podemos retratar as principais diferenças e desafios que as mesmas enfrentam. Assim, o resultado da nossa pesquisa mostra as mulheres buscam empreender no Brasil, em sua grande parte, pela necessidade de geração de renda para a família. Porém, as empreendedoras em estágio inicial não tem uma longevidade em seu negócio da mesma forma que os homens no mesmo cenário, ou seja, os empreendedimentos não passam da fase inicial para a estabelecida. Também foi evidenciado que os serviços prestados pelos empreendimentos femininos não são tão diversos quanto os masculinos, trazendo um impacto maior para as mulheres que sofrem com maiores concorrências. Todavia, as mulheres também sofrem com questões de planejamento financeiro e dificuldade na arrecadação de fundos com instituições bancárias, pois as mesmas sofrem com taxas de juros maiores que os homens. Por fim, as mulheres passam mais tempo fazendo atividades domésticas que os homens, mesmo ambos tendo as mesmas atividades empreendedoras, mostrando uma desigualdade entre eles que pode dificultar o envolvimento da mulher em seu empreendimento. Portanto, os objetivos da pesquisa em mapear as principais característas do emprendedorismo feminino em estágio inicial no Brasil foram conquistados. Apesar do estudo ter se limitado aos dados históricos, instituições de pesquisa como o GEM, o IRME e o IBGE e um contexto até o ano de 2021, ele contribui para pesquisas futuras a fim de ajudar o entendimento da longevidade do empreendedorismo feminino, entender sobre as características dos empreendimentos e conseguir criar políticas específicas paras as faixas menos favorecidas, e agregar em leis de incentivos com o objetivo principal de ajudar as mulheres empreendedoras para que as mesmas tenham mais visibilidade e que conquistem a igualdade perante aos empreendimentos masculinos e oportunidades justas em seus empreendimentos. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALPERSTEDT, Graziela Dias; FERREIRA, Juliane Borges; SERAFIM, Maurício Custódio. Empreendedorismo Feminino: dificuldades relatadas em histórias de vida. 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