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Tópico 03 Química Geral e Inorgânica Tabela Periódica e Propriedades Periódicas 1. Introdução Tudo na vida, quando organizado, é mais fácil para achar (por exemplo, a sua gaveta ou seu guarda-roupa… ou não? rs), é mais fácil entender e mais fácil para prever algum comportamento. Para a Química esta necessidade de organização também ocorre. E para a organização dos elementos químicos, a grande ferramenta de organização para estudos se chama Tabela Periódica (também chamada, em menor escala, de “Classificação Periódica dos Elementos”). Neste segundo tópico, vamos mergulhar na tabela periódica, enxergá-la com outros olhos. Por que não, ficarmos íntimos desta tabela e conseguir extrair suas informações simples e importantes e ainda vamos conhecer as propriedades periódicas dos elementos químicos, ok? Acomode-se na cadeira, ou onde você preferir, e vamos lá!!! 2. A Tabela Periódica Tabela Periódica ilustrada – A classificação periódica dos elementos e seus usos. À medida que os cientistas foram desenvolvendo os seus trabalhos e descobrindo novos elementos químicos, foram percebendo a necessidade de organizar esses elementos de acordo com as suas características ou propriedades químicas. Ao longo de 200 anos, vários foram os cientistas que procuraram propor formas de organizar os elementos químicos. Na verdade, a Tabela Periódica que conhecemos hoje, teve várias contribuições, pois ao longo da história muitas tentativas foram realizadas. A partir do início do século XIX, os cientistas começaram a realmente buscar organizar os elementos químicos em grupos, de acordo com suas propriedades. O químico alemão Dobereiner, em 1817, organizou a primeira tabela periódica da história. Ela apresentava os trinta elementos químicos conhecidos na época e foi batizada por ele de “tríades de Dobereiner”. Este nome foi dado porque os elementos foram organizados em grupos de três. Cada grupo apresentava elementos que possuíam características químicas semelhantes. Em 1862, o cientista francês Chancourtois propôs uma organização dos elementos químicos denominada de “parafuso telúrico” (ou hélice). Este cientista foi o primeiro a notar a periodicidade dos elementos. Com um arranjo em espiral ordenado por massa atômica relativa em um cilindro, ele demonstrou que os elementos tinham propriedades similares que pareciam ocorrer em intervalos regulares. Já em 1863, o cientista inglês Newlands observou que quando os elementos eram listados em ordem crescente de massa atômica, as propriedades físicas e químicas ocorriam em intervalos de oito, o que ele ligou a periodicidade das oitavas na escala musical, vindo daí o nome de “lei das oitavas”. Em 1864, o químico alemão Lothar Meyer publicou uma tabela com 44 elementos arranjados pelo conceito da valência (já ouviu falar? Tá lá no Tópico 1, ok?). Esta tabela demonstrou que os elementos com propriedades similares, às vezes, compartilhavam a mesma valência. No mesmo ano, o químico inglês William Odling publicou um arranjo com 57 elementos ordenados, com base em suas massas atômicas relativas. Apesar de algumas irregularidades e espaços, ele notou que parecia haver uma periodicidade de massas atômicas entre os elementos. Finalmente, em 1869, surgiu uma tabela que atendia as necessidades dos químicos e que se tornou a base da tabela periódica atual. O químico russo Dmitri Mendeleev tinha o hábito de anotar as propriedades dos elementos químicos em fichas. Ele, buscando padrões de comportamento, colocou essas fichas em ordem crescente de massa atômica e as organizou em linhas e colunas, respeitando as características e semelhanças dos elementos, começando uma nova coluna ou linha quando as características dos elementos começavam a se repetir. https://pt.wikipedia.org/wiki/Val%C3%AAncia_(qu%C3%ADmica) Tabela periódica de Mendeleev em ordem crescente de massa atômica. A partir deste modelo, a tabela periódica foi sendo consolidada e, por isto, Mendeleev é considerado o “pai da Tabela Periódica”. Em 1913, o químico inglês Henry Moseley, a partir da tabela proposta por Mendeleev, montou a tabela periódica nos padrões que conhecemos hoje. Diferentemente de Mendeleev, Moseley organizou os elementos em ordem crescente de número atômico, mantendo a organização em linhas e colunas, porém posicionou os elementos de mesmas características químicas nas mesmas colunas. Resumindo: a Tabela Periódica agrupa, de maneira organizada, todos os elementos químicos conhecidos e suas propriedades. Eles estão organizados em ordem crescente de seus números atômicos (lembrando, Z = número de prótons). No total, a Tabela Periódica atual possui 118 elementos químicos (92 naturais e 26 artificiais). Cada quadrado especifica o símbolo do elemento químico e, pelo menos, seu número atômico, podendo vir, ainda, a massa atômica, o nome e até a configuração eletrônica, como, por exemplo, a figura a seguir. Exemplo da tabela periódica atual. Perceba que você não tem que decorar a história da tabela periódica e nem todos os elementos de todas as famílias. A tabela periódica é uma fonte de informação por consulta. O que você precisa saber é extrair as informações dela, ok? Então, preste atenção! Na tabela periódica atual, tem-se: 118 elementos químicos dispostos em ordem crescente de número atômico (Z). 7 linhas (horizontal), que correspondem aos “Períodos”. Vale ressaltar que o Período no qual um elemento é encontrado nos informa o número total de camadas deste elemento. Por exemplo: se um elemento se encontra no 4º período (4ª linha) da Tabela Periódica, podemos afirmar que ele tem, em sua configuração eletrônica, 4 camadas (ou níveis de energia). Resumindo: o período corresponde ao número de camadas do átomo (informação muito importante para termos uma ideia do tamanho do átomo, ou seja, seu Raio Atômico…). 18 colunas (vertical), que correspondem às “Famílias” ou “Grupos. Vale ressaltar que se um elemento está agrupado em determinada Família, pode-se afirmar que ele tem comportamento semelhante a todos os elementos da mesma Família, pois apresentará o mesmo número de elétrons de valência (já “ouviu falar” disto? Tá lá no Tópico 1, ok?). Daí o nome “Família”. Veja a figura a seguir. Tabela periódica atual, com informações importantes. A Tabela Periódica é, sem dúvida, a ferramenta mais importante que existe para quem estuda Química. Basta saber enxergar as informações que estão nela, devidamente organizadas. Algumas muito óbvias, escritas, outras nem tanto. Fique sempre de olho nas cores e legendas das tabelas que for usar. Por exemplo, existe uma classificação muito importante demonstrada na Tabela Periódica, que divide os elementos químicos em dois grandes grupos: os METAIS (são 95 elementos metálicos) e os AMETAIS (ou NÃO METAIS) (são 23 elementos ametálicos). Divisão moderna da Tabela periódica, separando Metais e Ametais. Observe que não precisa “decorar”, pois a informação está dada! E, com esta informação você já tem várias outras informações sobre as propriedades. Por exemplo, só de saber que o elemento é um metal, você já sabe que se trata de um sólido (o único metal que não é sólido é o mercúrio, que é líquido). E outra propriedade que você já saberia é a de que o elemento observado, por ser metal, tende a doar elétrons e, por conseguinte, formar cátion. Ah, veja que, apesar de o Hidrogênio (H) estar à esquerda na Tabela Periódica, ele não é um metal, ok? Aprendendo mais uma! Comparação entre as características e propriedades gerais dos Metais e dos Ametais: METAIS NÃO METAIS Geralmente, são sólidos à temperatura ambiente Podem ser sólidos, líquidos ou gasosos Outra forma de “enxergar” a Tabela Periódica é observar os dois tipos de Família, chamadas de Família A (em desuso, mas fácil de usar), que são os “Elementos Representativos”, e Família B (também em desuso), chamados de “Elementos de Transição”. Observe. Divisão da Tabela periódica atual,com os elementos representativos e elementos de transição. METAIS NÃO METAIS Apresentam brilho característico Não apresentam brilho característico São bons condutores de calor e eletricidade São maus condutores de calor e eletricidade São maleáveis e dúcteis Não são maleáveis e nem dúcteis Tendem a doar elétrons Tendem a receber elétrons Geralmente, formam cátions Geralmente, formam ânions Fazem ligações iônicas ou metálicas Fazem ligações iônicas ou covalentes a – Maleabilidade: capacidade de ser transformado em lâminas. b – Ductibilidade: capacidade de ser estirado em fios. a b Enxergou? Visualizar isto é importante, pois, mais uma vez teremos informações importantes. Os elementos que constituem as Famílias A (elementos representativos) possuem seus elétrons mais energéticos situados em subníveis s ou p. Eles compõem os chamados blocos “s” e “p” (isto não vem escrito na Tabela, ok?). No chamado bloco “s”, todos os elementos são metais, exceto o Hidrogênio (H). Já no bloco “p”, estão localizados todos os ametais (exceto o Hidrogênio) e ainda alguns metais. Além disto, nas Famílias A o número da família indica a quantidade de elétrons na camada de valência. Ou seja, se um elemento pertence à Família IA, significa que este elemento tem 1é de valência (logo, ele é do bloco “s”, pois termina em s ). Se outro elemento pertence à Família VIA, significa que este elemento tem 6 é de valência (então, ele é do bloco “p”, pois terminará em s p ). Já os elementos das Famílias B (elementos de transição) têm, como principal informação, o fato de todos serem metais (sem exceção) e possuírem seus elétrons mais energéticos situados nos subníveis d (os elementos de transição externa) ou f (os elementos de transição interna). Eles compõem os chamados blocos “d” e “f” (óbvio, né?). Veja a ilustração abaixo. Divisão da Tabela periódica atual em blocos. Cada um dos blocos refere-se ao orbital atômico onde se encontra o(s) último(s) elétron(s) 1 2 4 de cada elemento. Deu para perceber que há uma relação direta entre a posição do elemento químico na Tabela Periódica e a sua configuração eletrônica, não é? É claro que isto não é apenas uma coincidência! A Tabela Periódica foi organizada assim. É por isto que o Hidrogênio (H) fica à esquerda na Tabela Periódica. Ele não é um metal e não pertence à Família IA, mas pertence ao bloco “s” e termina em s (só tem 1é!), ok? Para finalizar esta “viagem” por dentro da Tabela Periódica, tem mais uma informação bem legal. Algumas Famílias, ao longo do tempo, receberam nomes especiais e esta nomenclatura, muitas vezes, é importante. Vamos ver estes nomes: Tabela: nomes das Famílias dos elementos representativos (“Famílias A”) FAMÍLIA NOME CONFIGURAÇÃO DA ÚLTIMA CAMADA ELEMENTOS DA FAMÍLIA IA METAIS ALCALINOS ns (1é de valência) Li, Na, K, Rb, Cs, Fr IIA METAIS ALCALINO- TERROSOS ns (2é de valência) Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra IIIA FAMÍLIA DO BORO ns np (3é de valência) B, Al, Ga, In, Tl, Uut IVA FAMÍLIA DO CARBONO ns np (4é de valência) C, Si, Ge, Sn, Pb, Uuq VA FAMÍLIA DO NITROGÊNIO ns np (5é de valência) N, P, As, Sb, Bi, Uup VIA CALCOGÊNIOS ns np (6é de valência) O, S, Se, Te, Po, Uuh VIIA HALOGÊNIOS ns np (7é de valência) F, Cl, Br, I, At, Uus 1 1 2 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 FAMÍLIA NOME CONFIGURAÇÃO DA ÚLTIMA CAMADA ELEMENTOS DA FAMÍLIA VIIIA (ou “Zero”) GASES NOBRES ns np (8é de valência) He, Ne, Ar, Kr, Xe, Rn, Uuo Já as famílias dos elementos de transição (“Famílias B”) não recebem nomes especiais. Ok? Você agora conseguiu ver a Tabela Periódica com outros olhos? Espero que sim! Nada de querer decorá-la. O importante é entendê-la e saber utilizá-la, ok? Show! Vamos, então, a outro tema muito importante, ainda usando a Tabela Periódica, que são as propriedades periódicas. 3. Propriedades Periódicas Muitas propriedades das substâncias e dos materiais que usamos em nosso dia a dia são observáveis e fica mais fácil a interpretação. Mas estas propriedades ditas macroscópicas (ou seja, que podemos enxergar) precisam, na maioria das vezes, serem discutidas a partir de propriedades microscópicas, em nível atômico. Dentre estas propriedades microscópicas, as mais importantes são as chamadas “Propriedades Periódicas”. Vamos usar um pouco mais a Tabela Periódica, tá? Chamamos de Propriedades Periódicas aquelas que tendem a crescer ou a decrescer com o aumento dos números atômicos dos elementos químicos ao longo dos períodos da Tabela Periódica. 2 6 (obs.: existem também as propriedades chamadas de “aperiódicas”, que não serão nosso objeto de estudo neste momento, ok?). Para terminarmos este 2º tópico, nós vamos discutir aqui as quatro principais propriedades periódicas, que responderão a “perguntas futuras”. São elas: A – RAIO ATÔMICO B – ENERGIA (OU POTENCIAL) DE IONIZAÇÃO C – AFINIDADE ELETRÔNICA (OU ELETROAFINIDADE) D – ELETRONEGATIVIDADE Então vamos lá! A – RAIO ATÔMICO (RA) O raio atômico consiste na distância do núcleo de um átomo à sua camada mais externa na eletrosfera. Porém, como a teoria do orbital atômico afirma que os átomos não possuem órbitas definidas, o raio atômico é medido e definido como a metade da distância entre os centros dos núcleos de dois átomos iguais em uma ligação química, em estado sólido. Observe a ilustração a seguir. Determinação do raio atômico do Cloro (Cl). O tamanho dos átomos tem grande influência nas propriedades dos mesmos. Deste modo, o conhecimento da variação dos raios atômicos na Tabela Periódica é algo imprescindível. De maneira geral, para pensarmos nas propriedades periódicas é interessante raciocinar observando duas situações distintas: primeiro observa-se em relação ao número de camadas (basta olhar o período no qual o elemento está, não é?). Em termos de configuração eletrônica, basta verificar o maior “n” do elemento em questão. Mas, caso existam elementos com número de camadas semelhantes, deve-se olhar a capacidade do núcleo do átomo em atrair os elétrons da sua própria eletrosfera, principalmente os elétrons da última camada. Ou seja, verificar quantos prótons (Z) tem o átomo. Voltando para o raio atômico, com base nestes conceitos prévios, podemos afirmar que: Quanto MAIOR o número de camadas do elemento, MAIOR será a distância entre o núcleo do átomo e a sua última camada. Logo, MAIOR será seu raio atômico. Veja a comparação entre o Lítio (Z = 3; 2º período) e o Sódio (Z = 11; 3º período), ambos da Família IA. Comparação do raio atômico entre dois elementos da Família IA, Lítio e Sódio. Quanto maior o número de camadas, maior o raio atômico. Fácil, não é? Mas, e se os elementos estiverem em um mesmo período, ou seja, tiverem o mesmo número de camadas, quem terá o maior raio atômico? Cuidado! Aqui há uma situação diferente. Quanto MAIOR o número atômico (Z), MENOR será o raio atômico. Observe a comparação entre o Sódio (Fam. IA; Z = 11) e o Cloro (Fam. VIIA; Z = 17); ambos do 3º período. Comparação do raio atômico entre dois elementos do 3º período, Sódio e Cloro. Quanto maior o número atômico, menor o raio atômico. O átomo de Sódio (Z = 11) é maior que o átomo de Cloro (Z = 17). Por que isto acontece? Neste caso, como o Cloro tem mais prótons que o Sódio (+17 > +11), o núcleo do átomo de Cloro tem mais carga positiva para atrair os elétrons (negativos), incluindo a última camada e seus elétrons. Esta maior atração “puxa” os elétrons para mais perto do núcleo, diminuindo a distância núcleo-última camada, consequentemente, o raio atômico diminui. Vale ressaltar a importância desta 1ª propriedade periódica, o raio atômico. O tamanho dos átomos é uma característica determinante para as outras três propriedades periódicas, pois a distância entre o núcleo (e sua carga positiva) e a última camada (e seus elétrons) é fundamental no comportamento destas propriedades. Além disto, a reatividade dos elementos químicostambém é definida pelo tamanho dos átomos. Metais com raios atômicos maiores são mais reativos. Já para os ametais, os mais reativos são os que apresentam menor raio atômico. Se formos resumir o comportamento, poderíamos dizer que o raio atômico cresce de cima para baixo e da direita para a esquerda, conforme a figura a seguir. Resumo da variação do raio atômico na Tabela Periódica. No detalhe, os elementos com maior (Frâncio – Fr) e menor raio atômico (Hélio – He) da Tabela Periódica. Vale ressaltar que o importante não é “decorar” esta figura com o comportamento do raio atômico e sim entender os conceitos e como e por que há a variação do raio atômico. O vídeo a seguir mostra, de maneira bem-humorada, a variação na reatividade dos Metais da Família IA. Reatividade dos metais alcalinos com a águaReatividade dos metais alcalinos com a água Aprendendo mais uma! https://www.youtube.com/watch?v=TyIvLH4981c B – ENERGIA (OU POTENCIAL) DE IONIZAÇÃO (E ) A energia de ionização, também conhecida como potencial de ionização, é definida como a energia mínima necessária para retirar um elétron de um átomo isolado, no estado gasoso. É uma propriedade também definida experimentalmente, pois esta energia é medida, conforme o esquema abaixo: Análogo ao raio atômico, existe o conceito de RAIO IÔNICO, que é definido como o tamanho do íon, medido pela distância entre os íons em um composto iônico. O tamanho do íon também dependerá, primeiramente, do número de camadas do íon. Quanto maior o número de camadas, maior o íon. No caso de íons com mesmo número de camadas, o íon que tiver maior carga nuclear será menor, pois haverá maior atração entre seu núcleo e a última camada, diminuindo a distância núcleo-última camada, gerando uma espécie com menor raio. Considerando cátions e ânions, uma espécie, ao doar elétrons e gerar um cátion, fica menor que o átomo de origem. Já, se uma espécie receber elétrons e se transformar em um ânion, esta adição de elétrons torna este íon maior do que o átomo de origem. RAIO ATÔMICO (X) > RAIO IÔNICO (X ) (Raio catiônico) RAIO ATÔMICO (Y) < RAIO IÔNICO (Y ) (Raio aniônico) n+ n- I A energia de ionização é uma propriedade periódica, pois quanto maior o tamanho do átomo (raio atômico), menor será a energia de ionização, porque os elétrons estarão mais afastados do núcleo e a força de atração do núcleo sobre eles será menor, gastando-se menos energia para remover estes elétrons de valência. No caso de átomos com o mesmo número de camadas (pertencentes a um mesmo período), terá maior energia de ionização o elemento que tiver maior número atômico, ou seja, o átomo que tiver mais prótons. Por que isto acontece? Neste caso, o núcleo de um átomo com mais prótons (ou seja, com mais carga positiva) atrai mais os elétrons. Deste modo, fica mais difícil remover o elétron da última camada. Consequentemente, se gasta mais energia para se retirar o elétron. Ou seja, maior energia de ionização. Três observações devem ser feitas com relação à energia de ionização: Experimentalmente, podemos retirar mais de um elétron de um átomo. Para retirar o 1º elétron, a energia é chamada de “1ª energia de ionização”, que é a energia estudada neste tópico. Para retirar o 2º elétron da mesma espécie, tem-se a “2ª energia de ionização”. E assim sucessivamente. De maneira geral, raio atômico e energia de ionização são inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior o raio atômico, menor a energia de ionização. Com um detalhe: não se deve pensar na ordem inversa (que a energia de ionização “afeta” o raio atômico), pois, conceitualmente, não tem sentido. A energia de ionização é consequência do tamanho do átomo e não o inverso. Os metais apresentam baixa energia de ionização (tendem a doar elétrons, ficando mais fácil retirar elétrons destas espécies). Por conseguinte, os ametais apresentam maior energia de ionização que os metais. Resumidamente, de maneira bem simplória, podemos dizer que a energia de ionização cresce de baixo para cima e da esquerda para a direita, conforme a figura a seguir. Resumo da variação da energia de ionização na Tabela Periódica. VEJA ESTE VÍDEO! Assista ao vídeo abaixo, que faz um breve resumo sobre esta propriedade – energia de ionização. C – AFINIDADE ELETRÔNICA (OU ELETROAFINIDADE) (E ) A afinidade eletrônica, também chamada de eletroafinidade, é definida como a energia liberada por um átomo isolado, no estado gasoso, ao receber um elétron. É uma propriedade também definida experimentalmente, pois esta energia é medida, conforme o esquema abaixo: A afinidade eletrônica é uma propriedade periódica, pois quanto maior o tamanho do átomo (raio atômico), menor será a afinidade eletrônica, porque a distância entre o núcleo e a última camada será maior, diminuindo a força de atração do núcleo sobre o elétron a ser recebido, tornando o processo de receber um elétron menos favorável, liberando menor quantidade de energia. No caso de átomos com o mesmo número de camadas (pertencentes a um mesmo período), terá maior afinidade eletrônica o elemento que tiver maior número atômico, ou seja, o Propriedades periódicas: energia de ionizaçãPropriedades periódicas: energia de ionizaçã…… AF https://www.youtube.com/watch?v=k31fhu8ilP4 átomo que tiver mais prótons. Por que isto acontece? Neste caso, o núcleo de um átomo com mais prótons (ou seja, com mais carga positiva) terá maior capacidade de atrair elétrons. Deste modo, para receber um elétron é mais favorável, pois a atração é maior. Consequentemente, haverá maior liberação de energia ao receber este elétron. Ou seja, maior afinidade eletrônica. Três observações devem ser feitas com relação à afinidade eletrônica: De maneira geral, raio atômico e afinidade eletrônica são inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior o raio atômico, menor a afinidade eletrônica. Com um detalhe: não se deve pensar na ordem inversa (que a afinidade eletrônica “afeta” o raio atômico), pois, conceitualmente, não tem sentido. A afinidade eletrônica também é consequência do tamanho do átomo e não o inverso. Os ametais apresentam alta afinidade eletrônica (tendem a receber elétrons, sendo mais favorável o processo, liberando mais energia). Por conseguinte, os metais apresentam menores valores de afinidade eletrônica que os ametais. Comparando as definições, podemos perceber que a afinidade eletrônica (energia liberada ao receber um elétron…) é o contrário da energia de ionização (energia gasta para se retirar um elétron…). Mas a variação destas duas propriedades periódicas é similar na Tabela Periódica. Resumidamente, de maneira bem simplória, podemos dizer que a afinidade eletrônica cresce de baixo para cima e da esquerda para a direita, conforme a figura a seguir. Resumo da variação da afinidade eletrônica na Tabela Periódica. No detalhe, os elementos com maior afinidade eletrônica (Flúor – F e Cloro – Cl) da Tabela Periódica. Ressalta-se que os gases nobres (Família VIIIA, grupo 18) não apresentam afinidade eletrônica (têm os chamados valores positivos de E ), pois como possuem seus orbitais totalmente preenchidos, para receber um novo elétron, este teria que ocupar um novo subnível, de mais alta energia, o que é altamente desfavorável. RELAÇÃO ENTRE ENERGIA DE IONIZAÇÃO (E ) E AFINIDADE ELETRÔNICA (E ) COM AS LIGAÇÕES QUÍMICAS: As propriedades periódicas energia de ionização e afinidade eletrônica são muito importantes para o estudo das ligações químicas (nosso próximo tópico), pois a 1ª propriedade (E ) nos informa a tendência que um átomo tem de DOAR elétrons (quanto menor a E , maior a tendência do átomo em doar elétrons). Já a 2ª propriedade (E ) nos informa a tendência que um átomo tem de RECEBER elétrons (quanto maior a E , maior a tendência do átomo em receber elétrons). Estes comportamentos definem a natureza das ligações químicas. D – ELETRONEGATIVIDADE (E ) A eletronegatividade é definidacomo a capacidade que um átomo tem de, em uma ligação química, atrair para si os elétrons desta ligação. Ou seja, trata-se de uma propriedade relativa (é por comparação) e, diferentemente das três propriedades AF I AF I I AF AF N anteriores, a eletronegatividade não foi medida experimentalmente. Na verdade, esta propriedade é baseada nas outras propriedades periódicas. Podemos fazer a seguinte relação: elementos com raios menores e energias de ionização e afinidades eletrônicas elevadas terão maior eletronegatividade. Por que podemos afirmar isto? Pense na informação dada por cada uma destas propriedades: ↓ RA: menor distância núcleo-última camada ⇒ maior capacidade do núcleo em atrair elétrons na última camada. ↑ E : elemento não tende a doar elétrons ⇒ maior capacidade de atrair elétrons. ↑ E : elemento tende a receber elétrons ⇒ maior capacidade de atrair elétrons. Ora, como, por definição, eletronegatividade é a capacidade que um átomo tem de, em uma ligação química, atrair para si os elétrons, fica óbvia esta relação, não é? A variação da eletronegatividade na Tabela Periódica é similar à E e à E : quanto menor o número de camadas, maior a eletronegatividade. No caso de elementos com igual número de camadas (elementos de um mesmo período), quanto maior o número de prótons (maior Z), maior a capacidade de atração, maior a eletronegatividade. Resumo da variação da eletronegatividade na Tabela Periódica. No detalhe, os elementos com maior (Flúor – F) e menor I AF I AF eletronegatividade (Frâncio – Fr) da Tabela Periódica. (*Obs. Para os Gases Nobres, coluna em vermelho, a eletronegatividade não foi definida). Como a eletronegatividade não foi medida, foi necessário definir valores desta propriedade para os elementos químicos. Mais de um cientista se incumbiu desta missão, mas a escala mais difundida para a eletronegatividade foi a escala de Linus Pauling (aquele mesmo do “Diagrama de Pauling”, lembra?). Em sua escala, Pauling definiu o Flúor (Ametal; Z = 9; Fam. VIIA; 2º período) como sendo o elemento mais eletronegativo com valor igual a 4,0, e definiu o Frâncio (Metal; Z = 87; Fam. IA; 7º período) como sendo o elemento menos eletronegativo com valor igual a 0,7. Os demais elementos têm valores intermediários entre 0,7 e 4,0. Valores de eletronegatividade dos elementos representativos pela escala de Pauling. (Detalhe: Em azul são os metais e em preto são os ametais). A eletronegatividade é uma propriedade muito importante nos conceitos envolvendo ligações químicas, principalmente em se tratando dos ametais e de suas ligações covalentes, que veremos no próximo tópico. 4. Conclusão O Tópico 2 é sobre o conhecimento da ferramenta mais importante para a ciência chamada Química. Toda e qualquer matéria que conhecemos é formada, de algum modo, pelos elementos que aparecem listados na Tabela Periódica. Daí a importância de se tentar entender como os elementos foram organizados na Tabela Periódica, para extrairmos as informações mais importantes, que nos proporcionará fazer previsões e sistematizações acerca dos conhecimentos da Química e de suas substâncias maravilhosas. 5. Referências ATKINS, P., JONES, L. Princípios de química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2001. PARA REFLETIR Qual a relação entre eletronegatividade e a polaridade das moléculas? Veremos no próximo Tópico (o Tópico 3), um conceito muito importante que é a “polaridade das moléculas”. Se polaridade significa a existência de polos e esta existência de polos em uma molécula está associada à diferença na eletronegatividade entre os ametais envolvidos na ligação química, pensando na definição de eletronegatividade, como será que esta propriedade influencia a polaridade? BROWN, T.L., LeMAY, Jr., H.E., BURSTEN, B.E. Química: ciência central. 9ª ed., São Paulo: Pearson, 2005. MAIA, D. J., BIANCHI, J. C. de A. Química Geral – Fundamentos. São Paulo: Pearson Prentice hall, 2007. YouTube. (2016, Fevereiro, 06). Química Física. Reatividade dos metais alcalinos com a água. 3min16. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TyIvLH4981c>. Acesso em: 03 Jun. 2018. YouTube. (2011, Abril, 30). Globo Ciência. Dimitri Mendeleev e a Tabela Periódica dos Elementos Químicos. 19min54. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=zcONtQeNfm0>. Acesso em: 07 Jun. 2018. YouTube. (2014). Khan Academy. Propriedades periódicas: energia de ionização – Khan Academy em Português (10º ano). 12min03. Disponível em:> https://www.youtube.com/watch?v=k31fhu8ilP4> Parabéns, esta aula foi concluída! O que achou do conteúdo estudado? https://www.youtube.com/watch?v=TyIvLH4981c Mínimo de caracteres: 0/150 Péssimo Ruim Normal Bom Excelente Deixe aqui seu comentário Enviar
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