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L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - SIMULADO ENEM 2024 - VOLUME 1 - PROVA I C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 GAULD, T. Disponível em: <www.tomgauld.com>. Acesso em: 25 out. 2023. Na tirinha, a mensagem do balão é compartilhada por dois personagens diferentes e separa dois momentos distintos que evidenciam o A. empenho dos pais em melhorar as notas da filha. B. interesse da garota em participar dos afazeres escolares. C. tempo perdido pela observação minuciosa do espaço físico. D. reconhecimento diferente dado a um mesmo comportamento. E. cuidado do professor em garantir um futuro de sucesso da aluna. Alternativa D Resolução: Uma possível tradução da fala compartilhada entre os personagens da tirinha seria: “isto [nota / medalha] é por gastar todo o seu tempo olhando para o espaço”. No primeiro quadrinho, durante uma reunião escolar, a aluna recebe uma nota ruim por esse comportamento. Já no segundo quadrinho, durante uma conferência de astronomia, ela recebe uma medalha. Assim, a mesma fala separa dois momentos distintos da vida da garota que evidenciam o reconhecimento diferente dado a um mesmo comportamento: o de gastar todo o tempo observando o espaço. Portanto, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois o empenho dos pais em melhorar as notas da filha não está em evidência na tirinha nem tem relação com o balão compartilhado. A alternativa B está incorreta, pois depreende-se que, no período escolar, a menina gostava de passar o seu tempo observando o espaço, e não participando dos afazeres escolares. A alternativa C está incorreta, pois o tempo gasto observando o espaço rendeu à personagem uma medalha na vida adulta e, portanto, não pode ser considerado como um tempo perdido. A alternativa E está incorreta, pois o professor critica o comportamento da menina e lhe dá uma nota baixa por isso. Assim, ele não está preocupado com o futuro dela, pois poderia incentivá-la desde cedo a seguir estudando astronomia, já que era sua área de interesse. F5S1 ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa E está incorreta, pois, como anteriormente explicado, embora houvesse um temor da sexualização dos corpos femininos durante a corrida, não há informações no texto que liguem isso à utilização de qualquer traje. QUESTÃO 03 Disponível em: <https://www.dss.gov.au>. Acesso em: 25 out. 2023. Na campanha sobre violência doméstica realizada pelo governo australiano, o uso da expressão reach out sugere a ideia de que o interlocutor do texto deve A. entrar em contato com os meios informados para pedir ajuda. B. oferecer auxílio imediato às vítimas de violência da vizinhança. C. deixar sua residência o mais rápido possível em caso de agressão. D. mobilizar a sociedade para impedir novos casos de violência doméstica. E. alcançar a rede de apoio local através dos pontos de encontro anunciados. Alternativa A Resolução: O termo reach out tem o sentido, no contexto apresentado, de “entrar em contato com alguém”. Assim, o uso dessa expressão sugere que o interlocutor da campanha procure ajuda e entre em contato através dos meios informados no cartaz. Portanto, está correta a alternativa A, que contempla o sentido correto da expressão. A alternativa B está incorreta, pois oferecer auxílio imediato às vítimas de violência da vizinhança é uma afirmação que extrapola as informações contidas na campanha e o seu objetivo. Além disso, não tem relação com o termo em destaque no enunciado. A alternativa C está incorreta, pois não há informações na campanha que sugiram ao interlocutor que ele deixe sua residência o mais rápido possível em caso de agressão. A alternativa D está incorreta porque não há sugestão ao interlocutor no cartaz sobre mobilizar-se socialmente para impedir novos casos de violência doméstica, mas sim sobre entrar em contato caso sofra agressão. A alternativa E está incorreta, pois não há, no cartaz, informações ou anúncios de pontos de encontro que serviriam como rede de apoio local. 8O9P QUESTÃO 02 “Women are not physiologically capable of running a marathon.” Those nine words leapt off the paper like a slap to the face. The letter she held was the response to her request for an official entry to run the 1966 Boston Marathon – a flat-out refusal, but also a derogatory sideswipe of her capabilities as a woman, particularly given she was now running up to 40 miles at a stretch. In the mid-1960s, women’s long-distance running was still considered dangerously radical. Female runners had completed 26.2 miles many times, but groundless ideas lingered that a woman’s body was not built for such extreme exertion. It was feared that allowing women to take on the distance would lead to dangerous levels of indecency. GIBB, B. The Boston Marathon pioneer who raced a lie. Disponível em: <www.bbc.com>. Acesso em: 19 out. 2023 (Adaptação). No texto, a resposta oficial da Maratona de Boston, nos Estados Unidos, em 1966, expõe um caráter discriminatório perante as mulheres. Nesse sentido, entre as razões dadas às mulheres como impeditivas para competir, destaca-se a A. inexistência de coletivos femininos organizados nas corridas. B. impossibilidade de elas disputarem o pódio com outros homens. C. falsa ideia de que elas não tinham o biotipo recomendado para correr. D. proibição da prática de atividades físicas pelo grau de periculosidade. E. inadequação moral dos trajes utilizados nas competições da época. Alternativa C Resolução: A notícia trata sobre uma maratonista que, nos anos 1960, quando mulheres já corriam maratonas, foi impedida de competir em uma delas com a alegação de que “mulheres não são fisiologicamente capazes de correr”. A notícia apresenta outros pensamentos da época que foram empecilhos para uma mulher competir em maratonas, todos relacionados a uma suposta incapacidade física feminina, inclusive temendo uma sexualização do corpo da mulher. Portanto, a alternativa correta é a C, referente a essas razões preconceituosas citadas pela notícia. A alternativa A está incorreta, pois não há informações no texto sobre coletivos femininos organizados. A alternativa B está incorreta porque o texto não informa que as mulheres eram impossibilitadas de competir e disputar o pódio com outros homens. O fato de elas não poderem competir não é uma razão, mas sim uma consequência do pensamento preconceituoso da época. A alternativa D está incorreta, pois o texto não menciona a proibição de práticas de atividades físicas pelo seu grau de periculosidade. O que o texto informa é que o pedido de participação de uma mulher na Maratona de Boston foi recusado e que, na época, a corrida de longa distância feminina era considerada um esporte perigosamente radical. 1OF3 LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 04 poem where no one is deported now i like to imagine la migra running into the sock factory where my mom & her friends worked. it was all women who worked there. women who braided each other’s hair during breaks. women who wore rosaries, & never had a hair out of place. women who were ready for cameras or for God, who ended all theirsentences with si dios quiere. as in: the day before this god was the god that woke me up at 7am every day for school to let me know there was food in the fridge for me & my brothers. i never asked my mom where the food came from, but she told me anyway: gracias a dios. gracias a dios del chisme, who heard all la migra’s plans & whispered them into the right ears to keep our families safe. OLIVAREZ, J. Disponível em: <https://poets.org>. Acesso em: 21 set. 2023. [Fragmento] O poema de José Olivarez estrutura-se a partir de um recurso linguístico que destaca o(a) A. efeito negativo da fome. B. falta de direitos nas fábricas. C. isolamento das trabalhadoras. D. vínculo entre desconhecidas. E. origem de uma comunidade. Alternativa E Resolução: A partir da leitura do poema, é possível inferir que o autor utiliza o recurso linguístico da mescla de dois idiomas (inglês e espanhol) como forma de destacar as origens e os costumes da comunidade do eu lírico. Embora não se saiba exatamente sua nacionalidade, infere-se que é latino-americano. O eu lírico conta sua história em língua inglesa e resgata as falas que ouvia e com as quais estava acostumado em espanhol. Assim, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o eu lírico relata que não faltava comida na geladeira e, portanto, é incorreto dizer que ele utiliza recurso linguístico para destacar o efeito negativo da fome. A alternativa B está incorreta, pois, em momento algum, o poema apresenta a informação sobre falta de direitos trabalhistas. A alternativa C está incorreta, pois não é possível inferir que as mulheres estivessem isoladas umas das outras ou de outros grupos. Na verdade, o texto menciona que as mulheres eram amigas. A alternativa D está incorreta porque não se pode afirmar que as mulheres eram desconhecidas, uma vez que trabalhavam juntas na fábrica e o eu lírico afirma que a mãe trabalhava com as amigas. EZRS QUESTÃO 05 People’s beliefs and attitudes to work will have a big impact on their creative development. Some are “performance-oriented”: they are very concerned about how they compare to others. In general, they see their talents as fixed, and so prefer to stick to tasks that will consistently result in success. They tend to take feedback more personally. They think that if you are unable to perform well, it’s because of the lack of capability – and it’s not something you can develop. Others are “learning-oriented”: they tend to be more focused on the opportunity to increase their skills and broaden their knowledge. They are also more resilient in the face of failure, since they analyse what went wrong and use those lessons as an opportunity for growth. To see whether these mindsets could influence people’s creativity, employees of a large electro-optical manufacturer in Israel were examined. Overall, it was found that the learning-oriented employees showed greater improvement in the number and quality of ideas they contributed to the scheme, compared to those who were performance-oriented, who tended to give up and stop trying after they had faced a disappointment. ROBSON, D. Disponível em: <www.bbc.com>. Acesso em: 12 jun. 2021. [Fragmento adaptado] Ao comparar as características de pessoas learning- oriented e performance-oriented, o texto sugere que, para desenvolver a criatividade, aqueles com o perfil voltado para o desempenho deveriam A. aprimorar a maneira de lidar com a frustração. B. realizar tarefas corriqueiras com mais precisão. C. combater a propensão a cometer os mesmos erros. D. explorar seus pontos fortes para lidar com suas limitações. E. investir na relação com os colegas de trabalho mais criativos. Alternativa A Resolução: Segundo o texto, pessoas com perfil voltado para o desempenho (performance-oriented) tendem a acreditar que não são capazes de desenvolver outros talentos e, por isso, preferem se concentrar em tarefas que executam bem. Essa crença prejudica o desenvolvimento da criatividade, já que essas pessoas não estão dispostas a experimentar situações novas. O texto afirma também que elas tendem a desistir depois de um fracasso ou decepção. Já as pessoas com perfil voltado para a aprendizagem (learning-oriented) são mais resilientes e receptivas a novas experiências, o que estimula sua criatividade e, consequentemente, sua atuação no mundo do trabalho. Isso está claro no último parágrafo, no qual se informa que estas contribuíram de forma mais significativa do que aquelas. Sendo assim, é correto afirmar que, para desenvolver a criatividade, as pessoas com perfil voltado para o desempenho deveriam aprimorar a maneira de lidar com a frustração, conforme indica a alternativa A. XWFV ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 Desde hace rato, cuando ustedes llegaron Ya estaban las huellas de nuestros zapatos Se robaron hasta la comida’e gato Y todavía se están lamiendo el plato Bien encabrona’o con estos ingratos Hoy le doy duro a los tambores Hasta que me acusen de maltrato Si no entiendes el dato Pues te lo tiro en cumbia Bossa nova, tango o vallenato Estos canallas se les olvidó que el calendario que usan Se lo inventaron los Mayas Con la Valdivia Precolombina desde hace tiempo, ah Este continente camina RESIDENTE. This is not America. Miami: Sony Music Latin, 2022. [Fragmento] Na letra da canção, o eu lírico expressa que a América Latina é uma região A. questionada por sua identidade. B. influenciada pelos países ricos. C. depreciada no aspecto musical. D. desapropriada de sua história. E. aprisionada ao passado opressor. Alternativa D Resolução: Na letra da canção “This is not America”, expressa-se que a América Latina tem uma história que antecede a chegada dos colonizadores (“Desde hace rato, cuando ustedes llegaron / Ya estaban las huellas de nuestros zapatos”). Porém, essa história não é reconhecida, sendo a região desapropriada do seu legado, como se a América Latina tivesse passado a existir apenas após a chegada dos europeus. As contribuições dos povos ameríndios, apesar de fundamentais, são desconsideradas (“Estos canallas se les olvidó que el calendario que usan / Se lo inventaron los Mayas”). Portanto, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque a letra da canção não expressa que a América Latina é questionada por sua identidade, mas, antes, é expropriada de seus elementos típicos (“Se robaron hasta la comida’e gato”). A alternativa B está incorreta porque a América Latina mostra-se uma região autônoma e que contribui cultural e intelectualmente com outras. ØIFV A alternativa C está incorreta porque, embora o eu lírico cite estilos musicais latino-americanos, não o faz com o intuito de demonstrar que esses estilos são depreciados, mas sim de mostrar a variedade e a riqueza artística. A alternativa E está incorreta porque, embora infira-se que o passado tenha sido opressor devido ao processo de colonização e subjugação dos povos ameríndios, não se pode afirmar, segundo a perspectiva do eu lírico, que a região esteja aprisionada, uma vez que o “continente camina”. QUESTÃO 02 El militarismo de la sociedad de la cultura azteca se reflejaba con gran claridad en la esfera religiosa. Los mitos de creación, por ejemplo, sacralizaban la guerra al sostener que la única forma de evitar la destrucción de la humanidad, como había sucedido a las cuatro anteriores, consistía en alimentar al Sol con la sangre de los enemigos prisioneros de guerra para fortalecerle y evitar así su muerte. Sin embargo, las creencias guerreras de los pipiltin mexicas no eran compartidas por la inmensa mayoría de los campesinos del México Central, sostén económico de Tenochtitlán, que seguían adorando a los viejos dioses de la vegetación y el agua. Estaoposición dio origen a una religión donde convivían en igualdad ambas tradiciones. La presencia de dos capillas gemelas en el Templo Mayor de Tenochtitlán, dedicada una a Tialoc, el dios acuático, y otra a Huitzilopochtli, la belicosa deidad de la cultura azteca, simbolizaba a la perfección el dualismo típico del pensamiento mexica. Los sacrificios humanos, punto culminante del complejo sistema ceremonial mexica, reproducían también la dualidad, ya que las técnicas empleadas en algunos de ellos (decapitación, flechamiento, inmersión en agua o desollamiento) tenían un claro simbolismo agrario. Sin embargo, todos finalizaban de la misma manera, que el sacrificio realizado en honor de Tonatiuh, la deidad solar: los sacerdotes abrían el pecho del cautivo con una gran navaja de piedra, sacaban el corazón y lo ofrecían al Sol. Disponível em: <http://lahistoriamexicana.mx>. Acesso em: 14 mar. 2017. A intenção comunicativa de um texto pode ser inferida, entre outros aspectos, por meio do conhecimento da informação veiculada e da identificação do público ao qual se dirige. Considerando-se as informações apresentadas e o provável público-alvo, o texto foi construído principalmente com a intenção de A. pormenorizar os sacrifícios humanos realizados pelos astecas em honra ao deus sol. B. estabelecer que a religiosidade para os astecas se restringia a aspectos militares. C. discorrer sobre a relação entre a religião e outros aspectos da vida dos astecas. D. relatar a incorporação das crenças dos camponeses por parte dos guerreiros astecas. E. descrever a existência de uma capela construída para o culto de duas divindades. L7E5 LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: A alternativa correta é a C, pois o texto relaciona a religião com tipos de atividade profissional (camponeses, guerreiros), indicando que essa atividade está de acordo com várias esferas da vida dos astecas. A alternativa A está incorreta porque a descrição dos sacrifícios é apenas ilustrativa, não podendo ser considerada a intenção comunicativa principal do texto. A alternativa B está incorreta porque a religião para os astecas também estava relacionada ao universo campesino, como se observa na adoração aos deuses da vegetação e da água. A alternativa D está incorreta porque o texto relata uma separação entre as crenças dos camponeses e dos guerreiros. A alternativa E está incorreta, pois, segundo o texto, há duas capelas no Templo Mayor de Tenochtitlán. QUESTÃO 03 La sequía no es la única amenaza que acecha a los delfines del Amazonas En su astucia e inteligencia, los delfines han aprendido cómo romper las mallas de los pescadores para quedarse con los peces, generando un conflicto con los humanos que se ha sumado a sus múltiples amenazas. No solo es que los maten. También está, claro, la sequía. Aquí, en el lado colombiano del río Amazonas, este y sus tributarios permanecen con aguas bajas a pesar de que, según la comunidad, los caudales ya deberían estar subiendo desde octubre. Pero hay otros factores que mantienen en vilo su supervivencia, como la contaminación por mercurio dejada atrás por la minería. MONSALVE, M. M. Disponível em: <https://elpais.com>. Acesso em: 20 out. 2023. [Fragmento] No contexto de ameaça aos botos, a expressão en vilo destaca que a A. multiplicidade de fatores causa dúvida quanto à vida dos animais. B. inteligência animal tem impedido a degradação das espécies. C. sobrevivência dos animais depende da ação objetiva humana. D. seca prejudica tanto os animais quanto o grupo de pescadores. E. contaminação por mercúrio é um fator menos preponderante. Alternativa A Resolução: No texto sobre as ameaças à vida dos botos, a expressão en vilo é utilizada para relatar que, além dos fatores mencionados pelo trecho, há outros que mantêm em dúvida ou põem em xeque a sobrevivência dos animais. A expressão, segundo o Diccionario de la Lengua Española, significa “con indecisión, inquietud” (com indecisão, inquietude). Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque, embora se mencione que os animais sejam inteligentes, não se afirma que isso esteja impedindo a degradação das espécies, mas sim que, ao utilizar a inteligência para romper a rede dos pescadores e ficar com os peixes deles, tornam-se alvo dos seres humanos. NØ2X A alternativa C está incorreta porque, ainda que se saiba que a ação humana pode impedir a extinção dos botos, o texto não afirma isso, tampouco a expressão en vilo tem esse significado. A alternativa D está incorreta porque o texto não relaciona os pescadores à seca. A alternativa E está incorreta porque não se informa que a contaminação por mercúrio seja menos preponderante que os demais fatores na extinção da vida dos botos. QUESTÃO 04 Resulta evidente cuando un autor entra en edad avanzada y empieza a ver su vida y su obra con perspectiva. Un sentimiento recurrente es el arrepentimiento, a menudo por considerar que tiene todavía mucho que ofrecer al arte que le llena, pero cada vez menos tiempo que dedicarle. Con la edad, Pedro Almodóvar ha ido desprendiéndose de excentricidades visuales, con colores ligeramente más neutrales (siguen siendo más vivos que los de la mayoría de las películas que se estrenan) y puesta en escena más austera, aunque elegante. Eso parece venir bien en su salto al cine en inglés, haciendo una transición más fluida aquí que en La voz humana, dando a este wéstern un aroma reposado exquisito. GALLEGO, P. Disponível em: <www.espinof.com>. Acesso em: 19 out. 2023. [Fragmento] No trecho da resenha anterior, o autor defende que a obra fílmica analisada A. atualiza o que o cineasta chama de excentricidade visual. B. reflete sobre a postura infantil assumida nos primeiros filmes. C. mostra a adoção do estilo fluido próprio do cinema em inglês. D. revela uma retomada cinematográfica de recursos tradicionais. E. apresenta uma evolução elegante na cinematografia do espanhol. Alternativa E Resolução: No trecho da resenha em análise, o autor demonstra como o filme resenhado revela uma mudança no estilo cinematográfico de Pedro Almodóvar, que deixou excentricidades visuais para chegar a cenas mais austeras, embora elegantes. Desse modo, compreende-se que houve uma evolução na elegância da cinematografia de Almodóvar. Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque a excentricidade visual não é atualizada, mas deixada de lado. A alternativa B está incorreta porque não se informa que Almodóvar tinha uma postura infantil nos primeiros filmes. A alternativa C está incorreta porque o trecho não afirma que Almodóvar tenha adotado o estilo fluido do cinema em inglês, mas sim que deu um salto ao cinema em inglês de forma fluida. A alternativa D está incorreta porque Almodóvar tem proposto mudanças em sua cinematografia, e não retomado recursos tradicionais. F49S ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 05 Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 20 out. 2023. O território das Ilhas Malvinas, há anos, está em disputa entre o Reino Unido e a Argentina. Nesse sentido, a função do post do governo argentino é A. reafirmar a posição de reivindicação pela localidade. B. apresentar as pautas do diálogo mediado pela ONU. C. questionar o projeto de resolução do Comitê Especial. D. parabenizar a ONU pela busca da resolução do conflito. E. divulgar informações sobre o Comitê e seu funcionamento. Alternativa A Resolução: O post do governo argentino informa sobre a participação da delegação argentina na sessão anual do Comitê Especial de Descolonização das Nações Unidas para negociações sobre as Ilhas Malvinas. No texto, fica explícito que a Argentina reiterará sua petição sobre o território, uma vez que o país tem disputado com o Reino Unido a possedas ilhas (“Argentina reiterará ante la ONU su reclamo sobre la cuestión de las Islas Malvinas”). Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque não são apresentadas as pautas da sessão anual. As alternativas C e D estão incorretas porque não há nem questionamento ao projeto das Nações Unidas nem parabenização. A alternativa E está incorreta porque, no post, há apenas um direcionamento para informações sobre o Comitê, indicado pela frase “Conocé cómo funciona el comité” e pelo símbolo de uma mão apontando para a direita. 78FN LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 A CERTA PERSONAGEM DESVANECIDA... Um soneto começo em vosso gabo Contemos esta regra por primeira, Já lá vão duas, e esta é a terceira, Já este quartetinho está no cabo. Na quinta torce agora a porca o rabo: A sexta vá também desta maneira, Na sétima entro já com grã canseira, E saio dos quartetos muito brabo. Agora nos tercetos que direi? Direi, que vós, Senhor, a mim me honrais, Gabando-vos a vós, e eu fico um Rei. Nesta vida um soneto já ditei, Se desta agora escapo, nunca mais; Louvado seja Deus, que o acabei. MATOS, G. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 166. A comicidade é um elemento muitas vezes utilizado na construção de textos literários. Nesse soneto, o que provoca o riso é o(a) A. forma debochada como o sujeito lida com a construção do próprio poema. B. tom hostil desenvolvido ao longo dos versos que satirizam o fazer poético. C. arquitetura simplória de um manifesto proferido como um ato político. D. maneira perspicaz como o eu lírico valoriza os seus próprios atos. E. tratamento trivial dado às indagações filosóficas de um escritor. Alternativa A Resolução: No poema em análise, o recurso metalinguístico está associado ao tom humorístico para a construção textual. O eu lírico, ao comentar o início do soneto (“Um soneto começo em vosso gabo”) e como cada verso está estruturado (“Na quinta torce agora a porca o rabo”), debocha do próprio processo criativo e insere comicidade na situação. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque o poema não apresenta tom hostil, mas humorístico e debochado. A alternativa C está incorreta porque o texto não tem a arquitetura de um manifesto, tampouco há uma abordagem política. A alternativa D está incorreta porque o eu lírico não valoriza os próprios atos, mas caçoa da própria produção poética, ridicularizando-a, como em “Já este quartetinho está no cabo”. A alternativa E está incorreta porque o poema não trata de indagações filosóficas, mas da própria construção poética. BB1H QUESTÃO 07 Professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no Colégio Lauro Farani Pedreira de Freitas, no município baiano de Iaçu, Elisabeth Amorim incentiva o hábito da leitura e sempre busca novas ideias para estimular os alunos a apreciarem a atividade. Assim, para combater a resistência dos estudantes em relação à leitura, ela resolveu promover oficinas, na sala de aula, para “desmontar” a literatura. “Isso significa dizer desconstruir o texto, mudando de uma série discursiva para outra”, explica Elisabeth. Segundo ela, os alunos passaram a transformar contos ou romances em charges, bilhetes, cartas, cartazes, cartuns, histórias em quadrinhos ou grafites em tamanho gigante. Os registros tiveram início em 2007. “Vejo tanta riqueza na produção desses estudantes que não consigo desistir de investir em uma educação de qualidade”, afirma. SCHENINI, F. “Desmonte” da literatura incentiva hábito da leitura em escola baiana. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2023. [Fragmento] A partir da exposição sobre o projeto desenvolvido pela professora, entende-se que a proposta de levar os alunos a “desconstruírem” os textos incentiva a leitura ao A. refletir sobre a atemporalidade das obras literárias. B. realizar adequação textual a gêneros do cotidiano. C. facilitar o conteúdo narrativo ao público infantil. D. requisitar a participação ativa da comunidade. E. valorizar as produções do ambiente escolar. Alternativa B Resolução: Os termos “desmontar”, “desconstrução” e “desmonte” que aparecem no texto, na fonte e no enunciado da questão traduzem o projeto da professora Elisabeth Amorim. Esse projeto consiste na apresentação de textos aos alunos em um determinado gênero e serão transformados por eles em outros. As palavras “desmontar”, “desconstrução”, “desmonte” e “transformação” são sinônimos contextuais de “adequação”, vocábulo presente na assertiva correta, alternativa B. A alternativa A está incorreta: a proposta da professora não está relacionada a pensar o conteúdo das obras literárias em relação a sua permanência ao longo do tempo, mas sim adaptá-lo a outro formato, outro gênero. A alternativa C está incorreta: não há dados na notícia a respeito da amenização de dificuldade dos textos que são recebidos pelos alunos a partir de sua transformação em outra série discursiva. O propósito da professora é combater a resistência à leitura, e não à dificuldade implicada por ela. A alternativa D está incorreta: ainda que a participação dos alunos seja um fator importante para a concretização do projeto, ela não é a atividade proposta. A alternativa E está incorreta: a valorização das produções dos alunos é um fato explicitado no texto que se relaciona com a professora, e não como parte do projeto de incentivo à leitura. ØWOW ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 08 A eletricidade é o que dá choque. No fio lá de casa é só o susto. Agora nos da rua muita gente morre a não ser os passarinhos que nem ligam. A eletricidade é também o que dá a luz elétrica que papai sempre diz que se esqueceu de pagar ela quando o homem vem cortar. A luz elétrica não é como a luz do Sol pois precisa de lâmpada pra acender e pra queimar. Fora isso eu não sei mais nada de eletricidade a não ser a televisão mas essa até mesmo o papai diz que ninguém entende. FERNANDES, M. Disponível em: <http://www2.uol.com.br>. Acesso em: 19 abr. 2017. A coesão é o processo que estabelece, linguisticamente, a ligação entre palavras, orações, períodos e parágrafos em um texto. Considerando os recursos empregados por Millôr Fernandes, contribui para a coesão do texto A. a elipse em “No fio lá de casa é só o susto”, que dá progressão textual ao trecho por meio da retomada do sujeito da oração anterior. B. a hiponímia em “muita gente”, que ocorre como forma de fazer referência à população em geral sem que haja repetição de termos. C. a locução concessiva em “Fora isso eu não sei mais nada de eletricidade a não ser a televisão”, que estabelece contradição. D. o advérbio “agora”, na terceira frase, que é responsável por estabelecer a relação de sequenciamento temporal entre as ações. E. o pronome demonstrativo “essa”, na última frase, que mantém a temática sobre a qual se discorre, retomando o termo “eletricidade”. Alternativa A Resolução: Em “No fio lá de casa é só o susto”, há elipse do sujeito “A eletricidade”, que é subentendido com base no período anterior: “A eletricidade é o que dá choque”. Assim, pode-se reescrever o segundo período do texto da seguinte maneira: “No fio lá de casa, a eletricidade é só o susto”. Isso acontece por causa da coesão referencial existente nesse trecho, que possibilita aos leitores identificar sobre o que se faz a declaração, ainda que esse termo não seja mencionado. O adjunto adverbial “no fio lá de casa” é também responsável por manter a referência, já que carrega o foco da declaração e impõe nova circunstância de lugar. Está correta, portanto, a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque “muita gente” não faz referência à população em geral, mas às pessoas “da rua”, aquelas que lidam com a eletricidade dos postes,de acordo com as ideias do narrador. A alternativa C está incorreta porque, no fragmento mencionado, o trecho “a não ser” é concessivo, portanto, não tem valor de contradição. 6CO3 A alternativa D está incorreta porque esse emprego de “agora” tem sentido de adversidade, podendo ser substituído, sem prejuízo à semântica do texto, por “já” ou “mas”; sua significação, então, não está associada à indicação de tempo. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque “essa” retoma “televisão”, tirando o foco de “eletricidade”. QUESTÃO 09 Thauane, Em 4 de fevereiro, você postou o seguinte texto em sua página no Facebook: “Vou contar o que houve ontem, pra entenderem o porquê de eu estar brava com esse lance de apropriação cultural: eu estava na estação com o turbante toda linda, me sentindo diva. E eu comecei a reparar que tinha bastante mulheres negras, lindas aliás, que tavam me olhando torto, tipo ‘olha lá a branquinha se apropriando da nossa cultura’, enfim, veio uma falar comigo e dizer que eu não deveria usar turbante porque eu era branca. Tirei o turbante e falei ‘tá vendo essa careca, isso se chama câncer, então eu uso o que eu quero! Adeus’. Peguei e saí e ela ficou com cara de tacho. E, sinceramente, não vejo qual o PROBLEMA dessa nossa sociedade, meu Deus”. Ao final, você fez a hashtag: #VaiTerTodosDeTurbanteSim. Se esse episódio acontecesse alguns anos atrás, Thauane, eu talvez aderisse à sua hashtag #VaiTerTodosDeTurbanteSim. Porque acharia uma convocação mais igualitária. Até alguns anos atrás eu acreditava que era suficiente não ser racista. Eu me achava bacana por defender os direitos humanos e denunciar a violência contra as minorias. Eu me achava legal por não distinguir raça, mas enxergar pessoas. Eu teria convicção de que, ao usar um turbante, estaria fazendo um reconhecimento e uma homenagem à outra cultura. Até alguns anos atrás eu acreditava que era isso o que eu poderia fazer de melhor como branca num país racista. BRUM, E. Disponível em: <http://brasil.elpais.com>. Acesso em: 04 abr. 2017. [Fragmento] A articulista aborda o uso de turbantes por mulheres brancas direcionando seu texto a Thauane, jovem que alegou ter sofrido preconceito por usar o acessório. Para expor o que pensa, a autora utiliza A. nomes históricos, referindo-se a fatos relevantes na história do país. B. ideias hipotéticas, elencando possíveis reações pessoais ao ocorrido. C. verbos no pretérito, indicando atitudes tomadas em situação semelhante. D. circunstâncias de tempo, destacando a luta antirracismo dos brancos. E. trechos de outros autores, refletindo sobre possíveis reações à polêmica. FW5F LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: No segundo parágrafo do fragmento, Eliane Brum elenca reações que hipoteticamente teria se, no passado, tivesse experienciado a mesma situação vivenciada por Thauane. A ideia de hipótese pode ser reconhecida no uso do futuro do pretérito, que indica possibilidade, probabilidade: “acharia uma convocação mais igualitária” e “eu teria convicção de que, ao usar um turbante, estaria fazendo um reconhecimento e uma homenagem à outra cultura”. Está correta, assim, a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque a autora não faz uso de nomes históricos nem se refere a fatos relevantes na história do país, apenas retoma uma situação ocorrida no momento presente. A alternativa C está incorreta porque os verbos usados no texto não indicam as atitudes tomadas em situação semelhante à que Thauane viveu; a autora, na verdade, nunca passou por essa situação. A alternativa D está incorreta porque a autora não discorre sobre uma suposta “luta antirracista dos brancos”. A utilização de termos que indicam tempo serve para localizar o fato a que a autora se refere e, ainda, para elencar suas possíveis reações no passado, numa época em que “acreditava que era suficiente não ser racista”. Por fim, a alternativa E está incorreta porque a autora não cita trechos de outros autores para refletir acerca de possíveis reações à polêmica do uso do turbante, mas apenas cita o post de Thauane em uma rede social para contextualizar o assunto, respondendo-a, além de refletir sobre possíveis reações que, no passado, ela mesma teria diante da polêmica. QUESTÃO 10 A leitura, enquanto construção de sentido, apresenta-se como um fenômeno muito singular por ser um acontecimento somente concretizado quando há a reconstrução significativa de um dizer, situado em uma interação social. Bakhtin, teórico russo, defende que a construção de significados depende da inserção da palavra em uma situação enunciativa, na qual um indivíduo assume a posição de enunciador. Isso significa que os signos que compõem um dado enunciado não significam por si só e nem a língua pode ser concebida apenas como um sistema de signos, mas como o lugar de constituição da subjetividade, lugar da interação. SANTOS, V.; CAMPELO, S. Leitura e construção de sentido: uma experiência com o gênero frase. In: Anais do IV COGITE: Colóquio sobre gêneros e textos. 2014. Disponível em: <https://revistas.ufpi.br>. Acesso em: 18 out. 2023. [Fragmento adaptado] A partir das ideias de Bakhtin, entende-se que o processamento de sentido da leitura é A. baseado nas relações linguísticas e sociais. B. revelado através das seleções vocabulares. C. inferido a partir das construções sintáticas. D. apoiado em uma situação enunciativa prévia. E. estruturado na construção objetiva do receptor. IWKO Alternativa A Resolução: No texto, há a informação de que a língua não pode ser “concebida apenas como um sistema de signos, mas como um lugar de constituição da subjetividade, lugar da interação”, a partir disso, entende-se que o processamento de sentido na leitura depende tanto do sistema de signos quanto da interação social a qual está inserido. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta: a seleção dos vocábulos não engloba a totalidade do processamento de sentido da leitura. A alternativa C está incorreta: as construções sintáticas são apenas uma parte do processamento, uma vez que o texto indica, também, o local das interações como fator necessário. A alternativa D está incorreta: não é preciso, necessariamente, de uma situação enunciativa prévia, tão menos o processamento de sentido de leitura se apoia totalmente nela. Por fim, a alternativa E está incorreta: o processamento de sentido de leitura é pautado tanto no aspecto linguístico quanto na interação social entre enunciado e receptor, não sendo, portanto, fundamentado apenas no receptor. QUESTÃO 11 TEXTO I A alfabetização é um pilar fundamental, ao longo da vida, para o desenvolvimento pleno das crianças. A alfabetização com qualidade é um direito de todas elas. Pessoas que têm um nível insuficiente de alfabetização ficam à margem da sociedade, possuem menos oportunidades profissionais ou pessoais e não têm acesso aos seus direitos. O analfabetismo exclui uma parcela da população do acesso às informações mais básicas. FUTURA. Disponível em: <https://futura.frm.org.br>. Acesso em: 19 out. 2023. [Fragmento] TEXTO II A alfabetização de crianças e adultos pode mudar de maneira significativa os rumos de um país, uma vez que, quanto maior o acesso do indivíduo a tudo o que a leitura oferece, seja por via cultural, lazer ou até mesmo pela própria educação, maiores são as chances de conquistar melhores oportunidades no mercado de trabalho e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida e acesso a novos caminhos. FUNDAÇÃO Abrinq. Disponível em: <www.fadc.org.br>. Acesso em: 19 out. 2023. [Fragmento] O texto I compartilha da mesma ideia do texto II ao argumentar que a alfabetização A. possibilita a ampliação de contextos transformadores. B. aumenta o distanciamento entre as camadas sociais. C. permite a participação popular nas decisões do país.D. coopera com a criação de uma sociedade justa. E. precisa ser inserida nos anos escolares iniciais. AØQJ ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: Ambos os textos utilizam como argumento em defesa da alfabetização a possibilidade de modificar a realidade econômica daqueles que sabem ler e escrever. No texto I, isso ocorre através de uma formulação negativa que permite inferir o posicionamento favorável do editorial à alfabetização em: “Pessoas que têm um nível insuficiente de alfabetização ficam à margem da sociedade”. No texto II, a mesma ideia surge explicitamente em “maiores são as chances de conquistar melhores oportunidades no mercado de trabalho e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida e acesso a novos caminhos.” Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: apenas o texto I aborda o tema da desigualdade social ao mencionar “pessoas que têm um nível insuficiente de alfabetização ficam à margem da sociedade”. A alternativa C está incorreta: a informação que relaciona a alfabetização a um impacto de nível nacional está presente apenas no texto II e não aborda um aspecto prático como a participação popular na tomada de decisões, ao contrário, discute subjetivamente o potencial modificador da alfabetização nos rumos de um país. A alternativa D está incorreta: apenas o texto I cria a relação entre a alfabetização e a justiça social quando cita o acesso dos cidadãos alfabetizados a seus direitos. A alternativa E está incorreta: não se menciona, em nenhum dos textos, em que etapa do processo de formação educacional a alfabetização deve se concretizar. QUESTÃO 12 Eram exatamente como a parentada da qual eu tinha fugido quando garota. Eu não os suportava e, no entanto, eles não me largavam, estavam todos dentro de mim. A existência às vezes tem uma geometria irônica. Desde os treze, quatorze anos, eu tinha aspirado um decoro burguês, a um bom italiano, a uma vida culta e reflexiva. Nápoles me parecera uma onda que me afogaria. Eu não acreditava que a cidade jamais pudesse conter formas de vida diferentes das que eu havia conhecido quando criança, violentas ou sensualmente indolentes, tingidas com uma vulgaridade sentimental ou obtusamente entrincheiradas na defesa da própria degradação miserável. Eu sequer procurava aquelas formas, nem no passado nem em um possível futuro. Tinha ido embora como uma pessoa queimada que, aos gritos, arranca do corpo a pele carbonizada acreditando estar arrancando do corpo a própria queimadura. FERRANTE, E. A filha perdida. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. A símile que conclui o excerto do livro de Elena Ferrante procura retomar a ideia de que o(a) A. vulgaridade com a qual as pessoas se portam causa estranhamento à personagem. B. difícil relação familiar da narradora marcou dolorosamente sua trajetória de vida. C. intelectualidade da personagem reafirma seu desprezo nas relações familiares. D. desamparo experienciado na infância e adolescência desfez-se na vida adulta. E. violenta cidade de origem marcou negativamente a narradora-personagem. Alternativa B Resolução: O fragmento da obra aborda as reflexões da narradora a respeito da sua tentativa de separar-se do seio familiar. Na primeira frase, ela deixa esse movimento de separação explícito em “parentada” e “fugido” e seus sentimentos de aversão são verificados na declaração objetiva “Eu não os suportava” e no símile presente nas linhas finais do texto. A comparação entre a pele queimada e a queimadura, mais interna, ilustra a impossibilidade de separação em causa e efeito. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: o termo “vulgaridade”, usado pela personagem, refere-se a sentimentos, e não a maneira de portar-se fisicamente em sociedade. A alternativa C está incorreta: a intelectualidade é pretendida pela personagem como uma aspiração futura. Os fatores que motivam seu desprezo estão listados no texto da seguinte forma “(pessoas) violentas ou sensualmente indolentes, tingidas com uma vulgaridade sentimental ou obtusamente entrincheiradas na defesa da própria degradação miserável”. A alternativa D está incorreta: não há informações que nos permitam verificar no texto que a personagem tenha tido uma infância ou adolescência desprotegida. A alternativa E está incorreta: a violência não é uma característica associada à cidade, mas sim às pessoas com as quais a personagem teve contato na infância. WIEL LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa E está incorreta: o casamento infantil foi apenas um dos fatores mencionados como parte do todo que compõe as experiências desencadeadoras de danos psicológicos de Isabel. Portanto, ela é restritiva e não engloba todas as experiências negativas que causam os problemas psicológicos. QUESTÃO 14 TEXTO I Pesquisa inédita mostra que formados em escolas de tempo integral têm 63% de chance de entrar no ensino superior, enquanto os demais têm 46%. Passar mais tempo na escola participando de atividades como teatro, dança e reforço escolar aumenta a chance de estudantes do Ensino Médio serem aprovados no vestibular. Além disso, eles terão, em média, um salário maior do que os demais ao ingressar no mercado de trabalho. Educação em tempo integral garante diminuição das diferenças sociais. Disponível em: <https://eesp.fgv.br>. Acesso em: 22 out. 2023. [Fragmento adaptado] TEXTO II Uma pesquisa de opinião intitulada “Percepções sobre a Educação Pública e o Ensino Médio no Brasil” apontou que 84% dos entrevistados avaliam o Ensino Médio Integral de forma positiva e associam esse modelo aos bons resultados educacionais. Para o pesquisador e ex-secretário de Educação de São Paulo, Alexandre Schneider, essa modalidade de ensino é a melhor saída para a educação do país. “O tempo integral faz com que os alunos tenham o maior número de estímulos possível, não só pelo olhar educacional, mas também pelo profissionalizante”, avalia. SALES, B.; CAMPOS, B. Ensino integral é a melhor alternativa para a educação do país, avalia pesquisador. Disponível em: <www.cnnbrasil.com.br>. Acesso em: 22 out. 2023. [Fragmento] Os fragmentos apresentam um ponto de vista favorável ao modelo de educação em tempo integral, tendo em comum o argumento de que um dos benefícios é a A. indução à prática de habilidades sociais. B. preparação para o mercado de trabalho. C. ampliação do ingresso nas universidades. D. capacitação em múltiplas áreas do saber. E. aprovação popular do novo modelo escolar. VX2J QUESTÃO 13 A juventude de Isabel foi marcada pela vulnerabilidade extrema durante os anos em que viveu em situação de rua na capital, após ser violentada dentro de casa pelo ex-marido, com quem se casou aos 10 anos de idade, depois de ser expulsa de casa pelo pai. “Como eu morei na rua e perdi duas filhas de fome e frio, quando meus netos me pedem algo de comer que eu não posso dar, isso me assusta e machuca muito”, desabafa ela, aos prantos. “Eles já falaram para mim que eu tinha que passar no posto de saúde por causa desses choros. O mais velho fala: ‘Vó, você tem tanta preocupação, a senhora tem que passar no psicólogo do posto’, mas eu falo: ‘Eu tô bem’. Nem comento muito com ele essas coisas.” PEREIRA, M.; LOTH, L. Loucura como diagnóstico da fome? Como a insegurança alimentar afeta a saúde mental entre os mais vulneráveis no Brasil. Disponível em: <https://ojoioeotrigo.com.br>. Acesso em: 28 nov. 2023. [Fragmento adaptado] A partir da análise do texto, entende-se o objetivo da reportagem de A. pautar a desigualdade social como elemento de adoecimento. B. reforçar a importância da oferta de tratamento psíquico no SUS. C. indicar os reflexos da violência contra a mulher para o psicológico. D. denunciar a omissão do Estado em casos de insegurança de moradia. E.evidenciar o casamento infantil como forma de violação de segurança. Alternativa A Resolução: O fragmento da reportagem encadeia experiências de vulnerabilidade social sofridas por Isabel. As situações listadas afetam as pessoas de menor poder econômico da sociedade e estão postas como geradoras de danos psicológicos. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: o texto não se constrói de forma a reiterar a importância da oferta de tratamentos psicológicos no SUS, não há construção de argumentos para defender sua importância, apenas a menção à necessidade de Isabel consultar um psicólogo no posto de saúde. A alternativa C está incorreta: a violência física sofrida por Isabel é apenas um dos fatores que contribuem para a formação de seus traumas psicológicos, impossibilitando esta alternativa de resumir a totalidade do objetivo do texto. A alternativa D está incorreta: não é possível identificar, no fragmento, a responsabilização do Estado em qualquer uma das situações de vulnerabilidade extrema sofridas por Isabel, essa instância do poder público não é mencionada. VQ82 ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa A está incorreta, pois é abordado o sentimento, e não o anseio por encontrar o ser amado. A alternativa B está incorreta, pois não há menção de um amor perdido pelo eu lírico. A alternativa C está incorreta, pois não há referências à busca por bens materiais. A alternativa D está incorreta, pois o trecho não traz informação de que o amor seria não correspondido, só se pode verificar que o sentimento do eu lírico é intenso. QUESTÃO 16 A dança e a alma A dança? Não é movimento súbito gesto musical É concentração, num momento, da humana graça natural No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar. A dança – não vento nos ramos: seiva, força, perene estar Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado... Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir a forma do ser por sobre o mistério das fábulas. ANDRADE, C. D. Obra completa. Rio de Janeiro: Editora Aguilar, 1964. No poema de Carlos Drummond de Andrade, o eu lírico dedica sua reflexão para a A. imaginação de um movimento de formas ideais. B. desconstrução do aspecto metódico da dança. C. definição do dançar a partir de uma parábola. D. observação do bailar por imagens oníricas. E. descrição da intimidade entre dançarinos. Alternativa B Resolução: A dança é tematizada no poema de Drummond como uma experiência de liberdade e integração com a alma. Para descrever a dança, o poeta usa linguagem figurada, com imagens e caracterizações que atribuem a ela um caráter livre, expressivo, desprendido, fazendo com que a ideia de dançar esteja veiculada aos sentimentos e às várias possibilidades de transpassá-los através da movimentação do corpo. 4RJ6 Alternativa B Resolução: Ambos os textos utilizam como argumento em defesa do ensino integral a inserção dos alunos futuramente no mercado de trabalho. No texto I, o posicionamento surge de forma explícita em “um salário maior do que os demais ao ingressar no mercado de trabalho.” No texto II, a mesma ideia aparece numa reformulação positiva “não só pelo olhar educacional, mas também pelo profissionalizante”. O termo “profissionalizante” faz referência ao mercado de trabalho, já que ambos pertencem ao mesmo campo semântico. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: não se menciona, em nenhum dos textos, a prática de habilidades sociais como um benefício ao modelo de educação em tempo integral. A alternativa C está incorreta: apenas o texto I apresenta um comparativo de porcentagens sobre o ingresso de estudantes no ensino superior. A alternativa D está incorreta: o texto I menciona duas áreas do saber: o teatro e a dança. Esse dado não é apresentado para chamar a atenção à capacitação nessas áreas, mas citá-las como um caminho para alcançar outro objetivo, a aprovação em vestibulares. A alternativa E está incorreta: apenas o texto II propõe dados estatísticos a respeito da aprovação popular do modelo escolar integral. QUESTÃO 15 Ando tão à flor da pele, Que qualquer beijo de novela me faz chorar, Ando tão à flor da pele, Que teu olhar flor na janela me faz morrer, Ando tão à flor da pele, Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser, Ando tão à flor da pele, Que a minha pele tem o fogo do juízo final. BALEIRO, Z. Flor da pele. In: ______. Por onde andará Stephen Fry. 1997. [Fragmento] Para construir a mensagem comunicativa da voz poética, na canção, foi utilizada uma expressão popular cujo sentido remete ao(à) A. anseio pelo encontro do ser amado. B. sofrimento pela perda de um amor. C. modo de viver sem apegos materiais. D. luta por uma paixão não correspondida. E. emoção incontrolável que afeta o sujeito. Alternativa E Resolução: A expressão “à flor da pele” sugere a extrapolação das emoções, um sentimento intenso quase incontrolável, de forma que qualquer manifestação de emoção será intensificada, até mesmo exagerada. Assim, a alternativa E está correta. 8NDG LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO – Jamais saberemos... VERISSIMO, L. F. Dois mais dois. In: Verissimo antológico: Meio século de crônicas, ou coisa parecida. Rio de Janeiro: Objetiva, 2020. Na crônica de Luis Fernando Verissimo, a escolha da história contada pela professora serve ao propósito de A. justificar o ensino de ciências exatas. B. criticar o posicionamento do estudante. C. ilustrar o futuro do aluno desinteressado. D. pautar o problema da alienação estudantil. E. transmitir lição moralizante típica do gênero. Alternativa A Resolução: A professora optou por contar ao seu aluno uma história que comprovasse seu ponto de vista a respeito da necessidade do aprendizado de Matemática. De forma didática, incluiu o argumento que seu aluno estava utilizando para não aprender e o refutou ao mostrar a dependência dos aparatos eletrônicos e nossa incerteza diante das informações transmitidas por eles. Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: para que houvesse uma crítica ao posicionamento do estudante, seria necessário que a professora tivesse explicitado um julgamento, positivo ou negativo, à fala de seu aluno. A alternativa C está incorreta: a professora não define o garoto que protagoniza a história que conta, ela se refere ao personagem como “um garoto”, assim, ainda que relate um acontecimento futuro, este não pertence ao seu aluno. A alternativa D está incorreta: a alternativa supõe o debate de uma situação abrangente, já que “alienação estudantil” engloba a falta de interesse generalizada ao campo da educação e a história serve como argumento para convencer o aluno a estudar pontualmente uma disciplina. A alternativa E está incorreta: lições moralizantes não são características intrínsecas aos gêneros narrativos da questão (ficção e crônica), elas estão presentes especificamente em fábulas e provérbios. QUESTÃO 18 Então, adeus! Isto aconteceu na Bahia, numa tarde em que eu visitava a mais antiga e arruinada igreja que encontrei por lá, perdida na última rua do último bairro. Aproximou-se de mim um padre velhinho, mas tão velhinho, tão velhinho que mais parecia feito de cinza, de teia, de bruma, de sopro do que de carne e osso. Aproximou-se e tocou o meu ombro: – Vejo que aprecia essas imagens antigas – sussurrou-me com sua voz débil. E descerrando os lábios murchos num sorriso amável: – Tenho na sacristia algumas preciosidades. Quer vê-las? TV2G Essa percepção, portanto, desconstrói a ideia de método da dança, ou seja, a ideia de que para dançar é preciso seguir regras específicas, fazer passos específicos, etc. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta:ao associar o movimento da dança à expressão de uma alma, os movimentos tornam-se subjetivos, próprios de cada ser, sem padronizações ou formas ideais. A alternativa C está incorreta: a palavra parábola está relacionada à alma, e não à dança. A dança está definida no poema na primeira estrofe como “concentração da humana graça natural”. A alternativa D está incorreta: as imagens utilizadas para caracterizar a dança não fazem parte do universo dos sonhos, elas se dão da forma como estão descritas na realidade. A alternativa E está incorreta: o eu lírico dedica sua reflexão à interação entre a dança e a alma de quem está dançando, ou seja, a descrição focaliza o dançarino consigo mesmo, e não com outro. QUESTÃO 17 O Rodrigo não entendia por que precisava aprender Matemática, já que a sua minicalculadora faria todas as contas por ele, pelo resto da vida, e então a professora resolveu contar uma história. Um dia, disse a professora, todos os computadores do mundo serão unificados num único sistema. Todas as casas do mundo, todos os lugares do mundo terão terminais do Supercomputador. As pessoas usarão o Supercomputador para compras, para recados, para reservas de avião, para consultas sentimentais. Para tudo. Um dia, um garoto perguntará ao pai: – Pai, quanto é dois mais dois? – Não pergunte a mim – dirá o pai –, pergunte a Ele. – Como é que sei que a resposta é certa? – Porque Ele disse que é certa – responderá o pai. – E se Ele estiver errado? – Ele nunca erra. – Mas se estiver? – Sempre podemos contar nos dedos. – O quê? – Contar nos dedos, como faziam os antigos. Levante dois dedos. Agora mais dois. Viu? Um, dois, três, quatro. O computador está certo. – Mas, pai, e 362 vezes 17? Não dá para contar nos dedos. A não ser reunindo muita gente e usando os dedos das mãos e dos pés. Como saber se a resposta d’Ele está certa? Aí o pai suspirou e disse: 9KWG ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Solícito e trêmulo, foi-me mostrando os pequenos tesouros da sua igreja: um mural de cores remotas e tênues como as de um pobre véu esgarçado na distância; uma Nossa Senhora de mãos carunchadas e grandes olhos cheios de lágrimas; dois anjos tocheiros que teriam sido esculpidos por Aleijadinho, pois dele tinham a inconfundível marca nos traços dos rostos severos e nobres, de narizes já carcomidos… Mostrou-me todas as raridades, tão velhas e tão gastas quanto ele próprio. Em seguida, desvanecido com o interesse que demonstrei por tudo, acompanhou-me cheio de gratidão até a porta. – Volte sempre – pediu-me. – Impossível – eu disse. – Não moro aqui, mas, em todo o caso, quem sabe um dia… – acrescentei sem nenhuma esperança. – E então, até logo! – ele murmurou descerrando os lábios num sorriso que me pareceu melancólico como o destroço de um naufrágio. Olhei-o. Sob a luz azulada do crepúsculo, aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade, que cheguei a me comover. Até logo?… “Então, adeus!”, ele deveria ter dito. Eu ia embarcar para o Rio no dia seguinte e não tinha nenhuma ideia de voltar tão cedo à Bahia. TELLES, L. F. Então, adeus! Disponível em: <https://literaturaemcontagotas.wordpress.com>. Acesso em: 29 abr. 2021. [Fragmento] No fragmento da crônica, a narradora expressa seu olhar subjetivo sobre a experiência, o qual é demarcado pelos(as) A. comparações para a construção da descrição. B. diálogos, com a valorização do discurso direto. C. termos de exagero para apresentar a narrativa. D. menções religiosas sobre os detalhes percebidos. E. interrogações que ilustram as dúvidas levantadas. Alternativa A Resolução: No fragmento da crônica em análise, a narradora compara o padre a alguém feito “de cinza, de teia, de bruma, de sopro [mais] do que de carne e osso”, seu sorriso ao destroço de um naufrágio (“ele murmurou descerrando os lábios num sorriso que me pareceu melancólico como o destroço de um naufrágio”) e os objetos da igreja ao padre (“Mostrou-me todas as raridades, tão velhas e tão gastas quanto ele próprio”), formando analogias para expressar seu olhar subjetivo a respeito da situação. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B é incorreta, pois os diálogos, representados pelo discurso direto, colaboram para demonstrar certa objetividade, já que reproduzem as falas da narradora e do padre de forma literal. A alternativa C é incorreta, pois os termos de exagero que revelam certa subjetividade da narradora, como “mas tão velhinho, tão velhinho”, “tão velhas e tão gastas” e “aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade”, não servem ao propósito de apresentar a narrativa, mas demarcam o aspecto descritivo do texto. A alternativa D é incorreta, pois as menções religiosas não são uma expressão da subjetividade da autora, mas um aspecto necessário para especificar os objetos vistos na sacristia. A alternativa E é incorreta, pois nem todas as interrogações do texto referem-se a dúvidas subjetivas da autora, como em “Quer vê-las?”, que é um convite do padre para que a narradora conheça as preciosidades que há na sacristia. QUESTÃO 19 ATO PRIMEIRO Sala ricamente adornada: mesa, consolos, mangas de vidro, jarras com flores, cortinas, etc., etc. No fundo, porta de saída, uma janela, etc., etc. CENA I AMBRÓSIO, só de calça preta e chambre – No mundo a fortuna é para quem sabe adquiri-la. Pintam-na cega... Que simplicidade! Cego é aquele que não tem inteligência para vê-la e a alcançar. Todo homem pode ser rico, se atinar com o verdadeiro caminho da fortuna. Vontade forte, perseverança e pertinácia são poderosos auxiliares. Qual o homem que, resolvido a empregar todos os meios, não consegue enriquecer-se? Em mim se vê o exemplo. Há oito anos, eu era pobre e miserável, e hoje sou rico, e mais ainda serei. O como não importa; no bom resultado está o mérito... Mas um dia pode tudo mudar. Oh, que temo eu? Se em algum tempo tiver que responder pelos meus atos, o ouro justificar-me-á e serei limpo de culpa. PENA, M. O noviço. Porto Alegre: L&PM, 1999. No excerto da peça de Martins Pena, a cobiça do personagem Ambrósio é reforçada, em seu discurso, pelo(a) A. tratamento do ouro como libertador de condutas repreensíveis dos homens. B. concepção da fortuna como representação metonímica da alma humana. C. jogo entre ideias antagônicas, polarizadas entre ganância e perseverança. D. tom irônico que visa descredibilizar o pensamento materialista. E. comparação da usura com uma espécie de pecado. W3KI LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: Inserido num ambiente de riqueza, o personagem Ambrósio discursa sobre todos os meios serem viáveis se o objetivo for conquistar uma grande fortuna. Nas últimas linhas do fragmento deixa claro seu pensamento a respeito do dinheiro ser capaz de isentá-lo de qualquer culpa, caso tenha que responder pelas ações que o levaram a enriquecer. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: a relação metonímica estabelecida no texto se dá na relação entre matéria e objeto: “ouro” por “dinheiro”, e não por “alma”. A alternativa C está incorreta: o personagem não se contradiz, não constrói seu discurso baseando-se em ideias opostas. Sua linha de raciocínio é coerente, linear, dentro dos ideais que propõe. A alternativa D está incorreta: os adornos que compõem o lugar em que este personagem está reforçam, junto a seu discurso avarento, um pensamento em acordo ao materialismo, e não contrário a ele. A alternativa E está incorreta: ainda que o pensamento religioso não esteja posto no texto de forma explícita, nas últimas duas linhas é possível verificar a amplitude do pensamento do personagem, caso ele venha ser cobrado algum dia, em qualquer instância, o dinheiro justificará sua culpa. Assim, o acúmulo de renda não é visto por ele como um pecado.QUESTÃO 20 Pintura Eu sei que se tocasse com as mãos aquele canto do quadro onde um amarelo arde me queimaria nele ou teria manchado para sempre de delírio a ponta dos meus dedos GULLAR, F. Pintura. In: Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2021. No poema de Ferreira Gullar, há uma dualidade apresentada pelo eu lírico, de forma que materializar o desejo do toque na pintura significaria, para ele, A. entender as ilusões que norteiam seu cotidiano. B. definir a matéria-prima da composição da obra. C. reconhecer as dimensões de sua percepção. D. delimitar a legítima significação do quadro. E. realizar a intenção inconsciente de pintar. Alternativa C Resolução: O eu lírico tem o desejo de tocar uma parte de uma pintura com as mãos. Ele supõe o que pode acontecer caso seu desejo seja atendido e as possíveis consequências que apresenta podem reafirmar ou desmistificar sua percepção diante da cor amarela da obra. O7QD Na poesia, ele propõe as duas possibilidades: queimar-se no amarelo da pintura (que é o que ele imagina acontecer) e a possível frustração caso isso não ocorra, marcando essa percepção da ausência da queimadura da cor amarela como um delírio (“ou teria manchado para sempre de delírio / a ponta dos meus dedos”), nesse sentido, o toque na pintura apresenta dois cenários possíveis para o eu lírico: ou ele estaria correto em sua percepção (e queimaria os dedos) ou ficaria frente a frente a sua desilusão pela não queimadura, ou seja, o toque na pintura responderia se o eu lírico está correto ou delirante em sua percepção. Por isso, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta: o toque na pintura permitiria ao eu lírico compreender seus pensamentos relacionados à própria obra, e não a algo externo a ela. A alternativa B está incorreta: o desejo do eu lírico não possui relação com aspectos práticos, objetivos, como o tipo de tinta ou outro material utilizado para dar o tom amarelo. Sua necessidade está vinculada à esfera do significado, e não do físico. A alternativa D está incorreta: a perspectiva do eu lírico sobre o significado da obra não se resume a esta parte do quadro. Não há versos, no poema, que permitam sustentar uma busca pela significação do todo a partir do pedaço amarelo mencionado. A alternativa E está incorreta: tocar com os dedos aquele pedaço do quadro não parte de uma necessidade de praticar a atividade da pintura, mas verificar um pensamento. QUESTÃO 21 O esporte radical é a prática de atividade física em que prevalece o risco e, apesar de existir há muito tempo, foi no início do século XXI que essa prática se consolidou, sendo estudado pela Educação Física. [...] Como metodologia, usamos o método filosófico dedutivo de pesquisa. Assumimos o conceito de esporte baseado nas suas dimensões sociais como: esporte de rendimento, participação e educação. [...] como acreditamos em um pensamento complexo para explicar os fenômenos sociais estudados, fomos encontrar as diversas características dessas atividades, o que nos levou a classificá-las em esportes radicais de ação, que são aqueles em que predominam a busca da manobra perfeita, ou esportes radicais de aventura, em que o predomínio é a superação de determinados desafios geográficos. Disponível em: <http://artigocientifico.com.br. Acesso em: 14 maio 2014. Segundo o texto, a definição de “esporte radical” se constrói por meio de métodos filosóficos dedutivos. Segundo ele, o esporte radical tem como elemento principal a A consciência acerca do limite a ser alcançado pelo atleta. B efetividade da conquista do sucesso a qualquer preço. C obrigatoriedade de ser praticado em grupo. D possibilidade de risco iminente. E presença de superação de obstáculos criados pelo atleta. H4PU ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa B está incorreta: é um fato que a leitura está intimamente associada ao desenvolvimento de conhecimento e bagagem cultural, porém, o foco do texto não está em chamar a atenção para o caráter instrutivo da leitura. A alternativa C está incorreta: o texto-base não trata da divisão dos indivíduos em grupos de hierarquia por fatores econômicos ou educacionais. A alternativa E está incorreta: mesmo que seja um importante veículo de cultura, a leitura não está relacionada, no texto, à propagação de costumes, atividades, produções artísticas ou qualquer tipo de manifestação cultural de uma comunidade. QUESTÃO 23 A sociedade vive o “tempo” em que a tecnologia se tornou praticamente essencial para o desenvolvimento de grande parte das atividades cotidianas. As redes sociais permitiram uma maior conexão entre as pessoas, visto que é possível conversar com quem está a quilômetros de distância em questão de instantes. Contudo, essas redes sociais que aproximam quem está longe são as mesmas responsáveis por trazerem grandes malefícios, principalmente entre a população mais jovem. Um estudo da Royal Society for Public Health (RSPH) apontou que as redes sociais podem provocar efeitos positivos ou nocivos à saúde humana. O resultado dos estudos indicou que o Instagram fez com que cerca de 70% dos jovens se sentissem pior em relação à própria autoimagem. O estudo também apontou que as taxas de ansiedade e sintomas de depressão aumentaram em 70% entre o público jovem nos últimos 25 anos. A internet trouxe, sim, muitos benefícios, no entanto, quando mal utilizada, pode gerar traumas, fobias, ódio e desunião. A realidade, às vezes, não é fácil, mas como diz o escritor Machado de Assis: “é melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é tão brilhante como os sonhos, tem, pelo menos, a vantagem de existir”. VIEIRA, K. A tecnologia na sociedade contemporânea. Disponível em: <https://faesadigital.com>. Acesso em: 22 out. 2023. [Fragmento adaptado] A partir da análise dos impactos da tecnologia nos jovens, compreende-se que os malefícios do uso das redes sociais estão vinculados à A. exclusão social daqueles sem meios de integrarem as redes. B. compreensão das dificuldades existentes nas camadas sociais. C. tendência de avaliar a realidade individual a partir de comparações. D. inocência em relação aos vieses inconscientes presentes na internet. E. facilidade de acesso a informações que contestam crenças estabelecidas. W81H Alternativa D Resolução: O texto aponta que o esporte radical é a atividade física em que prevalece o risco. Dessa forma, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois não é apontado que o esporte radical tenha que se basear em limites a serem superados. A alternativa B está incorreta, pois alcançar o sucesso não é algo essencial na construção do conceito de esporte radical. A alternativa C está incorreta, pois o texto não aborda a necessidade da prática dos esportes radicais ser em grupo. A alternativa E está incorreta, pois a existência de obstáculos não é apontada como característica essencial dos esportes radicais. QUESTÃO 22 MORAIS, S. Leitura: uma janela para o mundo. Disponível em: <www.facebook.com>. Acesso em: 18 out. 2023. Na publicação anterior, o ato de ler é apresentado pela cordelista Susana Morais como um(a) A. elemento de construção de relacionamentos. B. instrumento para desenvolver a erudição. C. meio de diminuir a separação de classes. D. ferramenta para ampliar a visão social. E. alternativa para difundir uma cultura. Alternativa D Resolução: No cordel, o ato de ler é descrito como algo que permite ver um mundo sem limites, sem distinção de raça, como algo que derruba barreiras. Nesse sentido, a leitura é colocada como uma ferramenta que amplia a visão social, uma vez que as limitações mencionadas são substituídas por uma perspectiva social mais abrangente. Portanto, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta: ainda que a leitura permita observar o mundo através de uma perspectivasocial, o texto-base não atribui ao ato de ler características facilitadoras à construção de relacionamentos, como gerador, por exemplo, de empatia, honestidade, fraternidade, entre outros atributos necessários a relacionamentos interpessoais. APDF LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: O texto indica que o Instagram – rede social em que se compartilham fotos e vídeos – é responsável pela assustadora porcentagem de 70% do público jovem ter problemas de autoimagem, ansiedade e depressão. A partir da análise desses dados e da dinâmica da rede social em questão, infere-se que esses problemas têm raiz nas comparações promovidas pelo Instagram, logo, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois o texto não pauta a exclusão das pessoas sem acesso a redes sociais. A alternativa B está incorreta: o texto não pauta as diferentes camadas sociais, uma vez que o recorte feito é apenas etário. A alternativa D está incorreta: o texto não pauta o enviesamento da internet. A alternativa E está incorreta: o texto não aborda a questão de crença e de sua possível contestação. QUESTÃO 24 Popular no Rio Grande do Sul, a chula é uma dança típica de Portugal. Desde sua origem, movimenta milhares de apaixonados que buscam acompanhar, nos festivais, passos aparentemente difíceis. Recorrendo ao Manual de Danças Gaúchas, de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, a chula foi introduzida pelos tropeiros, é dançada em desafios e praticada, preferencialmente, por homens. Ela tem bastante semelhança com o lundu sapateado, encontrada em outros estados brasileiros, pois é caracterizada pelas batidas dos pés. Durante a dança, um peão desafia o outro a realizar uma sequência de movimentos como floreios de taco, bico, joelho e pulos ao redor de uma lança no chão, com acompanhamento musical. Para a realização da chula, os homens vestem a pilcha, tradicional vestimenta gaúcha. A indumentária completa inclui botas de cano mole e grandes esporas, bombacha, guaiaca, camisa de cor única, lenço de seda no pescoço e chapéu, além de acessórios que podem variar, como colete e faixa na cintura. As cores escolhidas para os lenços representam os ideais políticos e sociais do gaúcho na época da Revolução Farroupilha. A cor preta, por exemplo, significa, tradicionalmente, o sentimento de luto por algo que o peão está enfrentando. Recentemente, Izidoro perdeu seu pai por conta da covid-19 e, em sua homenagem, mudou o lenço. – Estou em luto pelo falecimento de meu pai. Por isso, pretendo usar o preto durante um ano, sempre que me pilchar – destaca Izidoro. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br>. Acesso em: 1 nov. 2023. [Fragmento adaptado] EIUA O texto sobre a chula traz informações com a função de A. precisar as regras que devem ser seguidas pelos dançarinos. B. educar os dançarinos que precisam ajustar suas indumentárias. C. apresentar as origens e os fundamentos norteadores dessa prática. D. contrastar as danças de outras regiões do Brasil com essa coreografia. E. caracterizar as adaptações da tradição em relação à dança portuguesa. Alternativa C Resolução: O texto possui caráter descritivo, ou seja, faz uma listagem das principais características da manifestação cultural que pretende apresentar: a chula. Com o objetivo de formar uma imagem clara da dança típica de Portugal, o texto destaca os movimentos que a compõe, sua vestimenta e seu aspecto histórico. Portanto, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta: não são listadas proibições nem recomendações de movimentos a serem seguidos pelos dançarinos. A alternativa B está incorreta: a menção à possibilidade de adaptar suas indumentárias é um dos elementos discutidos pelo texto, não sendo a educação a respeito desse tema a função prioritária do texto. A alternativa D está incorreta: o Iundu, dança de outras regiões brasileiras, foi mencionada para que o leitor pudesse realizar uma comparação mental de um traço comum às duas danças. A alternativa E está incorreta: não há no texto adaptações explícitas da dança tradicional portuguesa para a versão que é praticada no Brasil. Assim, não é possível observar fragmentos que delimitem traços pertencentes a apenas uma das culturas em oposição a outra. QUESTÃO 25 Disponível em: <https://labpasteur.com.br>. Acesso em: 18 out. 2023. Essa campanha de conscientização busca apontar para o público leitor que o(a) A. criança está protegida de doenças pela vacina. B. imunização protege o indivíduo da ação viral. C. barreira vacinal garante uma vida saudável. D. imunizante impede o ataque bacteriano. E. organismo infantil é resistente à doença. F8UK ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: A criança presente na campanha está envolvida por uma bolha, a qual o agente viral (representado pelo desenho azul) não consegue acessar. O texto da campanha “Vacina contra a gripe” indica, então, a responsabilidade pela criação dessa redoma à vacina. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: o texto especifica a doença a qual ela será protegida (gripe), portanto, não é correto afirmar que ela estaria protegida de “doenças”, mas sim protegida de uma em específico. A alternativa C está incorreta: a barreira vacinal garante a proteção contra a gripe, mas não é um fator determinante para uma vida saudável como um todo. A alternativa D está incorreta: a vacina protege contra a gripe, doença viral, não bacteriana. Por fim, a alternativa E está incorreta: o organismo infantil, por si só, não é resistente à doença, para isso é necessária a vacinação, ato proposto pela campanha. QUESTÃO 26 Era uma vez dois pobres lenhadores, que voltavam para casa através de um grande pinheiral. Era inverno, e a noite estava extremamente fria. A neve jazia espessa no solo e sobre os galhos das árvores: a geada fazia estalar os tenros ramos por onde eles passavam; e quando chegaram à Cachoeira da Montanha, viram-na suspensa, imóvel no ar, pois o Rei Gelo a beijara. O frio era tamanho que nem mesmo os animais e os pássaros sabiam como se arranjar. – Ufa! – rosnou o lobo, ao passar vacilante, pelo mato, com a cauda entre as pernas. – Este tempo é terrivelmente monstruoso. Por que o governo não toma alguma providência? – Piu, piu, piu! – pipilaram os pintarroxos verdes. – A velha terra está morta, e cobriram-na com sua mortalha branca. – A terra vai se casar, e este é o seu vestido de noiva – murmuraram as rolas entre si. Seus pezinhos cor-de-rosa estavam inteiramente gelados pela neve, mas elas achavam que deveriam dar à situação uma nota romântica. WILDE, O. O menino e a estrela. In: Contos e novelas de Oscar Wilde. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. p. 143. A expressão que abre o conto marca, na cultura eurocêntrica, o modo de construção temporal de muitos gêneros narrativos. No fragmento do autor irlandês Oscar Wilde, o tempo é apresentado como momento impreciso, vinculando-se a uma representação A. fantástica e transgressora dos contos populares. B. mágica e longínqua da paisagem e dos animais. C. objetiva e moralizante das relações pessoais. D. inverossímil e infantilizada da natureza. E. bem-humorada e irônica da vida rural. HPG6 Alternativa B Resolução: A expressão “Era uma vez”, que abre o conto de Oscar Wilde, marca a imprecisão do tempo da narrativa, vinculando-se a uma representação mágica e longínqua da paisagem e das personagens. Corrobora essa ideia o trecho em que é informado que o Rei Gelo beijou a cachoeira, mencionando uma personagem de característica fantástica. Igualmente, o fato de os animais falarem também marca essa representação mágica do conto. Está correta, assim, a alternativa B. Improcede a alternativa A, pois, na narrativa, não há uma representação transgressora dos contos populares.Do mesmo modo, a alternativa C não procede, pois não se verifica no conto uma representação moralizante ou mesmo objetiva das relações pessoais. Ainda, no conto, não há uma representação inverossímil ou infantilizada da natureza, tampouco bem-humorada e irônica da vida rural, estando incorretas as alternativas D e E. QUESTÃO 27 Após o percurso teórico construído pela Linguística Textual nas décadas de 1980 e 1990, ela foi definida, de acordo com Luiz Antônio Marcuschi, como “o estudo das operações linguísticas, discursivas e cognitivas reguladoras e controladoras da produção, construção e processamento de textos escritos ou orais em contextos naturais de uso.” Ou seja, a língua começou a ser analisada em unidades de sentido chamadas texto e não mais em frases soltas, observando, assim, aspectos mais internos e construtivos. Dessa maneira, nota-se que o texto é um sistema de combinação e ligação entre enunciados, palavras, contextos com o intuito de construir sentido. Por isso, afirma-se que o texto é um evento que envolve diversos elementos que, unidos, pretendem construir relações de sentido de modo a formar a tessitura textual. O fator da textualidade corresponde a um conjunto de características que nos possibilita conhecer um texto e distingui-lo de um amontoado de frases. Dito de outro modo, a textualidade faz de um texto, um texto. PIOVESAN, V.; TOLDO, C. Os fatores de textualidade e a construção de sentidos no texto. Entretextos, Londrina, v. 23, n. 2, p. 83-103, 2023. [Fragmento adaptado] Ao definir o que são as unidades linguísticas denominadas “texto”, o fragmento ressalta que os fatores de textualidade A. apresentam um sistema para regulação de ideias. B. garantem a construção e a transmissão de sentido. C. adequam contextos orais às características escritas. D. descrevem a elaboração de construções linguísticas. E. dependem da capacidade de comunicação individual. R4VG LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: No segundo parágrafo do texto-base há duas definições para o termo “texto”, ambas formam-se a partir de uma estrutura com o verbo “ser” na terceira pessoa do singular e, utilizando diferentes palavras, compartilham uma característica importante: o intuito ou a pretensão de construir sentido. O sentido de um texto, de acordo com o fragmento, é construído por meio da textualidade, da “tessitura textual”, descrita como “combinação e ligação entre enunciados, palavras, contextos com o intuito de construir sentido.” Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: o termo “regulação” refere-se no texto a um campo de estudo da Linguística Textual, os fatores de textualidade permitem reconhecer um texto como uma unidade de sentido, e não regulador de ideias que o compõe. A alternativa C está incorreta: os fatores de textualidade não têm como objetivo adaptar a fala à escrita, eles são, na verdade, um conjunto de características perceptíveis, capazes de diferenciar frases soltas de um texto com unidade de sentido. A alternativa D está incorreta: o que descreve a elaboração de construções linguísticas são os estudos linguísticos, e não os fatores de textualidade. A alternativa E está incorreta: o texto-base não menciona a capacidade de comunicação individual como uma variável que influencie os fatores de textualidade, já que esses são postos como aspectos comuns, observáveis em todas as composições textuais. QUESTÃO 28 Quem quer fazer boa música Sabe a importância da pausa Traído ou bem-amado Tem que forjar ferro-gusa Quem quer fazer boa música Tem que entender quando cruza Tem que ter muito cuidado Tentar cigarra e saúva Quem quer fazer boa música Tem que pisar ovos e uvas Tem que obrigar o diabo Sair debaixo da chuva Quem quer fazer boa música Dispensa coisa confusa Além de tocar dobrado Tem que ter uma ou mais musas ASSUMPÇÃO, I. Variações. Petrobrás III - Devia ser Proibido. SESC-SP, 2010. CD. [Fragmento adaptado] A canção de Itamar Assumpção sugere ideias para a elaboração de uma boa música. Para isso, mescla elementos do gênero canção a características textuais advindas de um gênero A. épico, enfatizando o heroísmo do compositor. B. noticioso, destacando o tempo para divulgá-la. C. cordelístico, pautando a sonoridade como fundamento. D. instrutivo, indicando a justa medida entre método e dom. E. documental, demonstrando apreço pela objetividade dos fatos. XFDK ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: O gênero infográfico coordena informações escritas a desenhos, ilustrações, elementos visuais que facilitam a compreensão da mensagem. Nesse caso, o infográfico organiza em três colunas as regiões de moradia e os respectivos danos sofridos por cada uma delas em consequência das mudanças climáticas. Assim, os desenhos indicam as regiões e o texto abaixo deles, as consequências previstas. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: uma representação caricata acontece quando há deformações ou exageros daquilo que se busca representar. No infográfico, há apenas uma representação de cidadãos genéricos que podem corresponder a qualquer um dos ambientes. A alternativa C está incorreta: o infográfico não apresenta argumentos a respeito dos problemas ambientais, ele traz fatos que serão respostas a mudanças climáticas numa linguagem que segue a norma-padrão, acessível a grupos de leitores não especializados no tema. A alternativa D está incorreta: apesar de as informações descreverem perigos para a sociedade, o tema não foi abordado através de adjetivações ou construções com o objetivo de assustar os leitores. A alternativa E está incorreta: o infográfico se limita a relacionar os ambientes às mudanças climáticas relacionadas a eles e o consequente aumento no número de mortes. Assim, não há listagem de fatos que responsabilizem os indivíduos pelas mudanças climáticas nessa abordagem. QUESTÃO 30 Meu pai citou É isto um homem? na primeira briga séria que tivemos. Foi no segundo semestre do ano em que fiz Bar Mitzvah, quando disse a ele que queria deixar a escola. Naquela época as coisas já eram diferentes, eu não andava mais com os amigos de antes, não falava mais com eles e já havia me acostumado quando eles passaram também a me hostilizar: de um dia para o outro as pessoas começam a virar as costas, e param de telefonar e se dirigir a você para pedir um lápis emprestado que seja, e em uma semana você já não se sente confiante para conversar sobre isso com ninguém, a condenação que pode muito bem durar a sua vida dentro da escola porque não há nada mais difícil aos treze anos do que mudar um rótulo. LAUB, M. Diário da queda. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. No fragmento, o drama do narrador-personagem está baseado no(a) A. indiferença paterna às solicitações do filho. B. frustração juvenil com os deveres estudantis. C. receio do narrador em expor sua autenticidade. D. despreparo do pai para lidar com o adolescente. E. angústia do rapaz com as adversidades escolares. PREW Alternativa D Resolução: Nas quatro estrofes da canção repete-se no primeiro verso a frase: “Quem quer fazer boa música”. Seguido dele há diversos verbos de ação e perífrases que indicam respectivamente pré-requisitos e obrigações para conquistar o objetivo de fazer uma boa música. Essa listagem serve como auxílio a quem pretende tentar compor. Portanto, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta: para enquadrar-se no gênero épico, seria necessário encontrar na canção narrativas sobre os feitos heroicos do compositor. A alternativa B está incorreta: não se encontram na canção elementos básicos característicos do gênero notícia, como o objeto da informação, o tempo e lugar em que se dá a composição ou os agentes envolvidos. A alternativa C está incorreta:a sonoridade é fundamental ao gênero cordel, porém, mais que ritmo e rimas, esses efeitos sonoros seguem um enredo que não podemos observar na canção. A alternativa E está incorreta: muitas das informações transmitidas a respeito da criação de uma boa composição são dadas de forma subjetiva, com linguagem figurada, como em “tem que forjar ferro-gusa” e “tem que pisar em ovos e uvas”. QUESTÃO 29 WORLD Health Organization. Disponível em: <https://portal.fiocruz. br>. Acesso em: 23 out. 2023. Para a transmissão de informações do infográfico, optou-se pela utilização de A. elementos designativos das situações e consequências. B. representações caricatas dos cidadãos e ambientes. C. linguagem científica que sustenta os argumentos. D. abordagem alarmista para convencer os leitores. E. fatos que levam à culpabilização do indivíduo. JY1M LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: O parágrafo se inicia com a problemática da recepção do pai à solicitação do filho de deixar a escola e tem seu desenvolvimento com as justificativas do menino, que apresenta os fatores que o levaram a ter esse desejo: a dificuldade de relacionar-se com os colegas. Por isso, a alternativa correta é a E, já que ela resume o estado emocional e a variedade de problemas vividos pelo personagem. A alternativa A está incorreta: o drama do fragmento se desenvolve na descrição do cotidiano escolar do personagem, não enfoca a resposta negativa do pai ao seu pedido. A alternativa B está incorreta: a frustração do personagem se direciona aos problemas interpessoais que vive em ambiente escolar, não a seus deveres e tarefas como estudante. A alternativa C está incorreta: não há fragmentos no texto que ajudem a sustentar a ideia de que o personagem está escondendo sua personalidade, o drama está relacionado à sua interação com os colegas de classe, e não consigo mesmo. A alternativa D está incorreta: o fragmento não fundamenta o diálogo ou a relação do pai com o personagem, tudo que está disponível a seu respeito é um questionamento, que, aliás, não sofre nenhum tipo de análise que permita ao leitor inferir se a perspectiva da narrativa associa essa pergunta a um “despreparo”. QUESTÃO 31 FIDELINO A amargura do povo é difusa e mal orientada, quase cômica na sua desinformação? Cabe a nós colocá-la nos trilhos, é da nossa responsabilidade. Eles pensam que a causa da desgraça geral somos nós? Temos que contradizê-los com coragem e lhes explicar que a verdade pela televisão, na hora da janta, quando as famílias estão reunidas e são mais receptivas. Contratar locutores bem- -apessoados, de voz grave, do tipo que inspira confiança, para que expliquem aos idiotas que a vítima da exploração na Brazulândia são os empresários, e não os trabalhadores, que aliás têm pouco a perder (quase nada, uma miséria). Como salta aos olhos das pessoas de boa-fé, o grosso do prejuízo quem sofre somos nós, as classes proprietárias, de cujo capital a roubalheira de Sua Majestade arranca o filé-mignon, derrubando nosso ânimo de criar emprego. É por isso que pobres e proprietários devemos marchar juntos, fazer causa comum contra a rainha ladra. Enfim, tudo isso não passa de um esboço improvisado, mas acho que no geral tem que ser por aí. SCHWARZ, R. Rainha Lira. São Paulo: Editora 34, 2022. YKVJ A peça teatral Rainha Lira, de Roberto Schwarz, transforma o cenário político brasileiro em uma grande alegoria, construindo-a a partir do reino da Brazulândia e seus personagens. O caráter alegórico do trecho é observado a partir da A. concepção da ideia de “roubalheira” como metáfora para a corrupção. B. responsabilização do desemprego das massas aos empresários do reino. C. utilização de adjetivos pejorativos para caracterizar a classe trabalhadora. D. união das classes proprietárias e trabalhadoras em prol do bem-estar social. E. representação simbólica de um jogo de poder reconhecível na realidade nacional. Alternativa E Resolução: A alegoria consiste na expressão figurada de um pensamento ou sentimento. Nesse caso, a exploração da força de trabalho e o posicionamento irônico da classe dos empresários (que propõe, inclusive, o modo de manipular as informações) são características compartilhadas com a realidade do nosso país e faz com que Brazulândia seja uma representação do Brasil. Portanto, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta: a “roubalheira” não se constrói a partir de uma metáfora para a corrupção, a concepção do termo é literal, e não figurada. A alternativa B está incorreta: a responsabilização para o desemprego é de Sua Majestade, que desanima os empresários do reino. A alternativa C está incorreta: um adjetivo foi utilizado em tom pejorativo para caracterizar a classe trabalhadora (idiotas), no entanto, o sentido dado a essa palavra não foi alegórico, mas sim literal. A alternativa D está incorreta: a união proposta pela classe proprietária à trabalhadora não tem como objetivo o bem-estar social, mas sim o bem-estar unilateral da primeira. QUESTÃO 32 Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu desvairado em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três dias depois. Mas, vendo a morte do cão narrada em capítulo especial, é provável que me perguntes se ele, se o seu defunto homônimo é que dá o título ao livro, e por que antes um que outro, – questão prenhe de questões, que nos levariam longe... Eia! chora os dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso, ri-te! É a mesma coisa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens. ASSIS, M. Quincas Borba. Belo Horizonte: Itatiaia, 2023. K3IL ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO No desfecho do romance Quincas Borba, o narrador machadiano revela seu conhecido pessimismo quanto à interpretação da realidade. Na concepção do narrador, os dramas humanos A. são suavizados e camuflados pela possibilidade do riso. B. precisam ser compreendidos em uma perspectiva sinestésica. C. devem, ironicamente, ser percebidos como armadilhas do destino. D. são consolidados e reforçados pela imensidão cósmica que cerca o planeta Terra. E. trazem uma dimensão reflexiva, marcada pela dualidade de emoções a respeito da existência. Alternativa E Resolução: O parágrafo traz a informação do falecimento do cachorro chamado “Quincas Borba” e, a partir dela, propõe uma reflexão acerca das possibilidades de percepção frente a vida, tendo em vista que não esclarece se o título do livro faz referência ao cão ou ao dono, uma vez que ambos possuem o mesmo nome. O narrador dirige-se ao leitor, então, com uma postura de indiferença, tanto em relação ao questionamento do título do livro quanto às possíveis reações frente às mortes narradas ao longo da história. Dessa forma, ele indica as possibilidades de recepção: lágrimas ou risos, ao que diz ser “a mesma coisa”. Nesse sentido, então, relativiza a reação do leitor, porque sua reação, qualquer que seja, é perfeitamente possível e igualmente insignificante. Portanto, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta: os dramas humanos são reduzidos a um patamar inferior quando as reações de riso e choro são igualmente aceitas numa situação de morte. A alternativa B está incorreta: uma perspectiva sinestésica implica o cruzamento de sensações em uma só impressão. O que é mencionado no texto não é a experiência de sensações simultâneas, mas a possibilidade de viver uma ou outra. A alternativa C está incorreta: não há no texto uma perspectiva que eleve o ser humano a uma posição central, como o destino. Ao contrário, a razão que justificaria o título do livro ou que selecionaria uma emoção para reagir à morte é irrelevante. A alternativa D está incorreta: os dramas humanossão reduzidos quando comparados à imensidão cósmica que cerca o planeta Terra. QUESTÃO 33 Eu estava estonteada, e assim recebi o livro [Reinações de Narizinho] na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. LISPECTOR, C. Felicidade clandestina. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br>. Acesso em: 23 out. 2023. [Fragmento adaptado] Entre os recursos estilísticos utilizados no texto, destaca-se a presença do paradoxo de A. evitar a leitura como meio de aproveitar o mundo a sua volta. B. retardar a alegria como estratégia de aumentar sua durabilidade. C. fugir da euforia como método de punir-se pela culpa que ela traz. D. criar obstáculos para a leitura como forma de torná-la mais lúdica. E. impedir o prazer que sente com a obra como forma de preservá-la. Alternativa B Resolução: O fragmento do conto evidencia a felicidade sentida pela personagem ao ter contato com um livro. Essa personagem estabeleceu uma rotina de aproximar-se e distanciar-se do livro para que a felicidade de tê-lo fosse mais duradoura. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: o distanciamento que estipula entre si mesma e o livro não parte do desejo da personagem de desfrutar outros elementos do mundo a sua volta. Evitar a leitura tinha como propósito prolongar a felicidade de estar em contato com o livro. A alternativa C está incorreta: a personagem não carrega culpa, os sentimentos mencionados no texto são orgulho, pudor e felicidade. A alternativa D está incorreta: a leitura não se tornava mais divertida à medida que a personagem a adiava, ela se tornava mais longa. A alternativa E está incorreta: o impedimento não está no prazer que sente com a obra, mas no contato físico que tem com ela. QWVV LCT – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 34 ITO, P. Painel na região do bairro Pompeia, em São Paulo. 2014. Disponível em: <www.vivadecora.com.br>. Acesso em: 25 out. 2023. O grafite de Paulo Ito foi realizado no contexto da Copa do Mundo de 2014, que foi sediada no Brasil. Os elementos inseridos pelo artista em sua obra compõem uma mensagem que busca demonstrar que a A. sociedade exige sacrifício dos jovens atletas. B. inclusão desportiva é essencial para o país. C. necessidade real da população é ignorada. D. prática esportiva nutre a formação infantil. E. ascensão social pelo esporte é uma ilusão. Alternativa C Resolução: O grafite de Paulo Ito representa uma criança, aparentemente desnutrida, chorando diante de um prato que não possui uma refeição, mas uma bola de futebol. Esse desenho, produzido no contexto da Copa do Mundo que ocorreu no Brasil em 2014, evidencia uma crítica às prioridades do governo naquele momento. Mesmo que para alguns a prioridade seja alimentação, o que é oferecido aos cidadãos não é o que eles precisam. Por isso, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta: a criança no grafite não representa um atleta, o sacrifício está sendo realizado por um cidadão comum. A alternativa B está incorreta: ao substituir a comida pela bola no prato, o receptor da mensagem traça uma comparação entre um elemento básico de subsistência e o esporte. Nessa comparação a comida é elevada ao grau essencial, e não o esporte. A alternativa D está incorreta: a alternativa aborda o tema a partir de uma metáfora. Ainda assim, a expressão facial do menino diante do elemento que remete ao esporte contradiz a ideia de alimentação ou nutrição infantil a partir dele, mostrando-o como insuficiente. A alternativa E está incorreta: não há elementos que se relacionem à ideia de ascensão social a partir do esporte ou que façam referência à impossibilidade de enriquecer. ZPCI QUESTÃO 35 Montenegro e Veloso formaram-se no mesmo dia, na Faculdade de Direito de São Paulo. Depois da cerimônia da colação do grau, foram ambos enterrar a vida acadêmica num restaurante, em companhia de outros colegas, e era noite fechada quando se recolheram ao quarto que, havia dois anos, ocupavam juntos em casa de umas velhotas na Rua de São José. Aí se entregaram à recordação da sua vida escolástica, e se enterneceram defronte um do outro, vendo aproximar-se a hora em que deviam separar-se, talvez para sempre. Montenegro era de Santa Catarina e Veloso do Rio de Janeiro; no dia seguinte aquele partiria para Santos e este para a capital do Império. As malas estavam feitas. AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em: <www.dominiopublico.gov. br>. Acesso em: 27 nov. 2023. Para entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída, entre outros recursos, pelo uso da elipse, que, no fragmento, é observada no trecho: A. “talvez para sempre”. B. “e este para a capital do Império”. C. “Montenegro era de Santa Catarina”. D. “na Faculdade de Direito de São Paulo”. E. “no dia seguinte aquele partiria para Santos”. Alternativa B Resolução: A elipse é o ocultamento de um termo numa frase que tenha sido anteriormente utilizado. Esse termo ocultado é facilmente localizado pelo contexto, como é o caso do verbo “partiria” no fragmento anterior. Para falar sobre o movimento dos dois personagens e evitar a repetição desnecessária do termo, o verbo “partiria” fica subentendido quando se refere ao destino de Veloso. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: esse fragmento do texto compõe uma informação acessória que complementa o período anterior com valor de dúvida e não faz referência a qualquer termo ocultado. A alternativa C está incorreta: essa oração está completa e possui os termos sujeito, verbo e complemento explícitos. Serve inclusive como referência à oração seguinte: “Veloso do Rio de Janeiro”. Apenas a oração seguinte a ela apresenta uma elipse: “Veloso (era) do Rio de Janeiro”. A alternativa D está incorreta: esse fragmento do texto compõe uma informação acessória que complementa o período anterior com valor locativo e não faz referência a qualquer termo ocultado. A alternativa E está incorreta: essa oração está completa e possui os termos sujeito, verbo e complemento explícitos. Serve como referência à oração seguinte: “e este para a capital do Império”. Apenas a oração seguinte a ela apresenta uma elipse: “e este (partiria) para a capital do Império”. 4IPS ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 23BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 36 No dia em que o Collor ganhou as eleições, todo mundo da vizinhança comemorou, dizendo que agora finalmente o Brasil ia pra frente. Na TV, o Collor fazia o pronunciamento de vencedor. Eu juro que fazia um grande esforço para entender o que ele dizia. Mas tinha impressão de que ninguém entendia muito bem o que ele falava, porque ele costumava utilizar palavras difíceis e esquisitas, mas podia ouvir a madrinha observar que ele falava bonito, era inteligente e tinha classe. A TV gritando Collor, Collor, como se fosse um grito de gol em copas do mundo. O fim do ano se aproximava e a nossa mãe viria passar o Natal com a gente, como ela havia prometido, e aquelafoi a notícia mais feliz que eu e Augusto tivemos desde que viemos para o Rio. Dali em diante passamos a contar os dias para que ela chegasse. E sempre que havia indícios de que eu estava esquecendo o seu rosto, eu olhava para uma foto dela. TENÓRIO, J. Estela sem Deus. Porto Alegre: Editora Zouk, 2018. No fragmento, o andamento da narrativa é apresentado a partir da A. mescla entre acontecimentos públicos e alegrias pessoais. B. narração de tom inocente em relação a um marco político. C. coloquialidade que revela um contexto de vulnerabilidade. D. lembrança de sentimentos contraditórios sobre a felicidade. E. memória sobre o rancor provocado pelo abandono materno. Alternativa A Resolução: O fragmento mostra a sucessão de acontecimentos passados vividos pelo narrador-personagem, ora narrando fatos ora fazendo digressões. Entre eles, a vitória do ex-presidente Collor e a visita que havia sido prometida pela mãe. Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: a perspectiva do narrador a respeito do marco político mencionado é ingênua, porque ressalta a dificuldade de compreensão do que o político dizia, por exemplo. No entanto, o andamento da narrativa compreende outro fato além desse: a espera pela visita da mãe, o que não está incluso no texto da alternativa. A alternativa C está incorreta: é possível inferir certo grau de vulnerabilidade emocional do personagem a partir da exposição de seus sentimentos em relação à mãe, ou seja, a vulnerabilidade se associa aos sentimentos, e não à construção linguística do texto. A alternativa D está incorreta: as lembranças em que menciona o sentimento de felicidade não são contraditórias, ao contrário, constituem-se a partir de situações das quais esperamos esse sentimento: a esperança do povo diante de uma promessa de avanço nacional e a visita de um parente amado. A alternativa E está incorreta: não é possível observar quaisquer indícios de que o personagem sente rancor ou que tenha sido abandonado pela mãe, o que é posto pelo texto em relação à figura materna são os sentimentos de saudade e felicidade. QUESTÃO 37 A mata inteira ri dele, a mata toda grita aquelas palavras, a mata toda aperta seu coração, dança na sua cabeça. Na frente dona Teresa, não é ela toda, é só o rosto. Isso é bruxaria, é praga que rogaram no negro. Damião sabe bem o que eles querem. Querem que ele não mate Firmo... Dona Teresa está pedindo, o que ele pode fazer? Sinhô Badaró é um homem direito, dona Teresa tem o rosto branco. Está chorando... Mas quem é? É dona Teresa com seu rosto no chão ou é o negro Damião? Está chorando... Dói mais que talho de facão, que brasa chiando na carne do negro... Prenderam seus braços, não pode matar. Prenderam seu coração, ele tem que matar... Pelo rosto negro de Damião choram os olhos azuis de dona Teresa... A mata se sacode em riso, se sacode em pranto, a bruxaria da noite rodeia o negro Damião. Ele sentou no chão e chora mansamente como uma criança castigada. AMADO, J. Terras do sem-fim. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. Para a caracterização da cena narrada, Jorge Amado faz uso da figura de linguagem A. hipérbole, exagerando a significação real dos atos de Damião. B. prosopopeia, transformando o ambiente em um personagem. C. pleonasmo, repetindo a angústia do cenário de forma enfática. D. metáfora, caracterizando o personagem enquanto uma criança. E. paradoxo, estabelecendo a dualidade entre vontade e obrigação. Q1DU QLF8 LCT – PROVA I – PÁGINA 24 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: Ao descrever o sofrimento do personagem em um ambiente de mata, o narrador atribui características humanas a ela: a mata ri, grita e aperta seu coração. Essa figura de linguagem é chamada de personificação ou prosopopeia. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: o conflito vivido pelo personagem envolve sua responsabilidade diante do assassinato de outro, tendo em vista esse contexto – cuja humanidade do personagem justifica seu sofrimento – e a seleção vocabular do fragmento, não se pode afirmar que houve um exagero para descrever os atos de Damião. A alternativa C está incorreta: a angústia do cenário se dá por diferentes descrições, sendo repetido apenas um termo, o riso da mata. A distância entre as ocorrências e as diversas formas de construir o sentimento não configuram pleonasmo. A alternativa D está incorreta: a última frase do fragmento compara o personagem a uma criança, mas, para isso, faz uso do conector “como”, manifestando assim outra figura de linguagem, a comparação, e não a metáfora. A alternativa E está incorreta: mesmo que haja oposição entre a vontade do personagem e sua obrigação, essa dualidade não se estabelece de forma a desafiar a lógica, não configura impossibilidade de coexistência. QUESTÃO 38 Vi por mandado da santa & geral inquisição estes dez Cantos dos Lusiadas de Luis de Camões, dos valerosos feitos em armas que os Portugueses fizerão em Asia & Europa, e não achey nelles cousa algűa escandalosa nem contrária â fe & bõs custumes, somente me pareceo que era necessario aduertir os Lectores que o Autor pera encarecer a difficuldade da nauegação & entrada dos Portugueses na India, usa de hűa fição dos Deoses dos Gentios. E ainda que sancto Augustinho nas sas Retractações se retracte de ter chamado nos liuros que compos de Ordine, aas Musas Deosas. Toda via como isto he Poesia & fingimento, & o Autor como poeta, não pretende mais que ornar o estilo Poetico não tiuemos por inconueniente yr esta fabula dos Deoses na obra, conhecendoa por tal, & ficando sempre salua a verdade de nossa sancta fe, que todos os Deoses dos Gentios sam Demonios. E por isso me pareceo o liuro digno de se imprimir, & o Autor mostra nelle muito engenho & muita erudição nas sciencias humanas. Em fe do qual assiney aqui. Frey Bertholameu Ferreira FERREIRA, F. B. Prefácio. In: CAMÕES, L. Os Lusíadas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. [Fragmento] Frey Bertholameu foi um censor do Santo Ofício, cuja função era apontar o posicionamento da Igreja Católica sobre o lançamento, no século XVI, do poema épico Os Lusíadas, de Luís de Camões. Apesar de seu posicionamento positivo, há um alerta aos leitores que recai sobre a característica do gênero épico de A. apresentar menção aos deuses e heróis clássicos. B. utilizar alegorias dos ensinos de Santo Agostinho. C. criticar a ocultação de informações pela Igreja. D. valorizar o poeta e a estética de suas obras. E. realçar na poesia relatos heroicos lusitanos. Alternativa A Resolução: O texto apresenta a análise do frei acerca da obra Os Lusíadas, apontando os motivos para sua liberação de acordo com os preceitos da Igreja. Apesar de aprovar o poema de Camões, o religioso afirma ser necessário alertar os leitores sobre a presença de elementos referentes à cultura dos “pagãos”, como deuses e musas, os quais, de acordo com o frei, foram utilizados como forma de incrementar a narrativa, sendo ficção e fingimento. Assim, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois a menção a Santo Agostinho é feita pelo frei, não sendo apontada como uma característica da obra analisada por ele. A alternativa C está incorreta, pois não há referência sobre críticas à Igreja, o que seria motivo para a censura do texto, e não sua liberação. A alternativa D está incorreta, pois é apontado que a menção aos deuses ocorre para valorizar as grandes conquistas lusitanas, não sendo isso característica do gênero épico, além de não ocorrer valorização da estética em si. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois há alusão à presença de uma exaltação dos relatos portugueses, mas não é o ponto de alerta referido por Frey Bertholameu, bem como não é característica do gênero. GA8U ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 25BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 39 Disponível em: <www.willtirando.com.br>. Acesso em: 31out. 2023. A coesão é um mecanismo de textualidade decisivo para a construção do texto. Nesse sentido, o questionamento do estudante mostra-se A. adequado, tendo em vista o duplo sentido do verbo “derrubou”. B. genérico, tendo em vista a falta de clareza da pergunta realizada. C. equivocado, tendo em vista que a chuva forte derrubou a dona aranha. D. pertinente, tendo em vista a imprecisão do termo “a” em “e a derrubou...”. E. apropriado, tendo em vista que a dúvida dele é comum aos demais colegas. Alternativa D Resolução: Na tirinha, a professora ensina uma cantiga brasileira amplamente difundida. Um aluno questiona o referente do pronome “a”, tendo em vista que há duas palavras femininas no singular que podem servir de referente contextual: “dona aranha” ou “parede”. Portanto, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta: o verbo “derrubar” não apresenta duplo sentido no contexto em que está inserido, independente do referente que possui, ele significará “levar ao chão”. A alternativa B está incorreta: o aluno organizou sua pergunta de forma objetiva e pontual. É possível, através de sua frase, compreender exatamente o que ele quis dizer, ele pergunta quem foi derrubada pela chuva forte. A alternativa C está incorreta: o senso comum nos leva a crer que a chuva forte derrubou a dona aranha por ser o sujeito da frase, sobre quem se declara algo. No entanto, a “parede” também pode ser o referente contextual do pronome “a”, por ser o primeiro termo que o antecede e compartilhar com ele gênero e número. A alternativa E está incorreta: não há informações que permitam verificar na tirinha que a dúvida do estudante é compartilhada pelos colegas de classe. QUESTÃO 40 Certa ocasião andava pelas ruas, era o início da noite, quando viu um homem deitado no chão, sob a marquise de uma agência bancária. Os desabrigados pareciam preferir como refúgio noturno as marquises das agências bancárias, talvez porque, por algum motivo, os gerentes dos bancos não se sentissem à vontade para expulsá-los. Os transeuntes normalmente fingiam não tomar conhecimento de um adulto ou uma criança naquela situação, mas nessa noite duas pessoas, um homem e uma mulher, estavam diligentemente curvadas sobre o corpo abandonado, como se tentassem reanimá-lo. FONSECA, R. Anjos das marquises. In: A confraria das espadas. São Paulo: Cia das Letras, 1998. As ideias veiculadas no texto dependem, para a efetiva construção de sentido, de estratégias coesivas voltadas à retomada de certos elementos. Com esse objetivo, resgata-se a referência aos desabrigados, feita no começo da narrativa, por meio do(a) A. omissão do sujeito do verbo “fingiam”. B. pronome agregado ao verbo “expulsar”. C. uso intencional de recursos de redundância. D. alusão a pessoas apresentadas posteriormente. E. menção do termo “transeuntes”, de igual valor semântico. C32A YMQC LCT – PROVA I – PÁGINA 26 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: Observa-se no texto a substituição do termo “desabrigados” por um pronome correspondente em gênero e número para fazer correta referenciação e evitar sua repetição desnecessária em um curto período. Isso acontece no segundo período do fragmento, quando o pronome “los”, anexado ao verbo expulsar, retoma o substantivo “desabrigados”. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: o sujeito do verbo “fingiam” está explícito, “Os transeuntes”, e não faz referência a “desabrigados”. A alternativa C está incorreta: a redundância é uma estratégia enfática que consiste na repetição excessiva de um termo, o contrário do que acontece com a palavra “desabrigados” no texto. A alternativa D está incorreta: a alusão é uma referência indireta a algo ou alguém de propósito comparativo. Nesse caso, há uma referência direta ao termo, literal. A alternativa E está incorreta: os termos “transeuntes” e “desabrigados” não possuem o mesmo significado. “Desabrigados” significa “pessoa sem abrigo” e “transeuntes”, “pessoa que vai caminhando”. QUESTÃO 41 Amanheci um dia pensando em casar. Foi uma ideia que me veio sem que nenhum rabo de saia a provocasse. Não me ocupo com amores, devem ter notado, e sempre me pareceu que mulher é bicho esquisito, difícil de governar. A que eu conhecia era a Rosa do Marciano, muito ordinária. Havia conhecido também a Germana e outras dessa laia. Por elas eu julgava todas. Não me sentia, pois, inclinado para nenhuma: o que sentia era desejo de preparar um herdeiro para as terras de São Bernardo. RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2020. No excerto do livro São Bernardo, de Graciliano Ramos, observa-se um narrador que, ao mesmo tempo que degrada as mulheres, revela seu desejo de casar-se. Assim, entende-se que esse desejo está vinculado à A. formalidade necessária para manter o regime de propriedade privada. B. idealização de uma mulher submissa para ocupar a posição de esposa. C. noção de que o pleno pertencimento social depende da união conjugal. D. ideia calculista de percepção da mulher apenas como agente reprodutor. E. apuração econômica e política das vantagens de se estar em um casamento. QQW7 Alternativa A Resolução: O fragmento do livro focaliza o pensamento do narrador a respeito do casamento, não como uma forma de experimentar a vida conjugal, nem motivada por qualquer figura feminina, mas como uma necessidade de garantir a herança de suas terras para alguém com laços sanguíneos. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: o narrador menciona dois perfis psicológicos de mulher com os quais teve contato, mas não tece considerações a respeito de um perfil ao qual tenha preferência. A alternativa C está incorreta: a preocupação do narrador não é pertencer à sociedade através do casamento, mas perpetuar suas posses a um herdeiro legal. A alternativa D está incorreta: o desejo expressado pelo personagem não está vinculado ao seu pensamento em relação às mulheres, mas a ter um herdeiro para o qual transpor suas terras. A alternativa E está incorreta: o narrador não faz nenhum tipo de listagem de benefícios garantidos pelo casamento, ao contrário, ele possui apenas um objetivo prático. QUESTÃO 42 CIÊNCIA, P. Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 23 out. 2023. A charge adota elementos do gênero cartaz de lançamento para criar uma reflexão sobre o(a) A. abundância de publicações sobre temas irrelevantes. B. incoerência entre o título e o volume da suposta obra. C. deboche do espaço dedicado às lamentações públicas. D. comparação entre o cartaz e a postagem dos “textões”. E. desatualização do livro físico como fonte de informação. D8K9 ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 27BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: A charge é um gênero que tem como objetivo realizar uma crítica. O título do livro “Eu não ligo pra o que os outros pensam de mim” apresenta a ideia de indiferença diante das relações interpessoais. No entanto, o número de páginas, imagens, traduções a outros idiomas, esmero na composição de uma capa dura e a possível existência de um “volume 2” vai contra a ideia defendida no título, já que, se ele não ligasse, não teria tanto a dizer. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: para que o foco da crítica estivesse voltado para a abundância de publicações, seria necessário haver referência a múltiplos livros com diferentes temas irrelevantes como título. A alternativa C está incorreta: o título do livro não apresenta sentimentos associados à lamentação, como sofrimento, angústia ou tristeza. Ele busca apresentar um fato. A alternativa D está incorreta: não há referências na charge que permitam ao leitor associar o livro desenhado a longos textos publicados em redes sociais, uma vez que a tecnologia não é mencionada. A alternativa E está incorreta: não há referências na chargeque permitam ao leitor realizar uma comparação entre o livro físico e o livro digital, uma vez que a tecnologia não é mencionada. QUESTÃO 43 – Não lerei esse livro. Sei que está cheio de injustiças e de mentiras perversas. Os senhores romancistas não perdoam às mulheres; fazem-nas responsáveis por tudo – como se não pagássemos caro a felicidade que fruímos! Nesses livros tenho sempre medo do fim; revolto-me contra os castigos que eles infligem às nossas culpas, e desespero-me por não poder gritar-lhes: hipócritas! hipócritas! Leve o seu livro; não me torne a trazer desses romances. Basta-me o nosso, para eu ter medo do fim. ALMEIDA, J. L. A falência. Jandira: Principis, 2019. [Fragmento adaptado] Lançado em 1901, o livro de Júlia Lopes de Almeida foi muito importante para transpor a voz feminina num meio majoritariamente masculino. No trecho, isso se dá em forma de A. crítica aos leitores de romancistas consagrados e excludentes. B. denúncia da misoginia intrínseca à literatura publicada na época. C. protesto da normalização da violência de gênero entre escritores. D. queixa do propósito pedagógico da prosa contemporânea a seu tempo. E. censura do meio editorial que não analisa criticamente suas publicações. Alternativa B Resolução: O fragmento do texto é um desabafo feminino a respeito da maneira como se constroem os romances publicados em seu contexto histórico. A personagem mostra-se revoltada com o tratamento dado às mulheres nesses romances, sempre culpadas e retratadas com desprezo. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: a crítica realizada pela personagem está direcionada aos romancistas, e não aos leitores. A alternativa C está incorreta: o protesto da personagem aponta para a problemática da construção de personagens femininas em romances, e não da violência de gênero sofrida pelas escritoras. A alternativa D está incorreta: o tema da educação, seja ela de qualquer nível, não é citado pela personagem. A alternativa E está incorreta: a queixa da personagem não se direciona ao meio editorial, mas sim aos autores dos romances. QUESTÃO 44 A vida é esta, descer Bahia e subir Floresta. Quem não morou em Belo Horizonte, ao ouvir o mineiro suspirar num momento de cansaço e bobice – a vida é esta, descer Bahia e subir Floresta – não há de entender, perdendo-se em noções de selva e estado. Nada disso. A vida é descer a Rua da Bahia, que tinha dois ou três quarteirões de cidade grande, de prazer; depois que se atravessava o estirão da Avenida Afonso Pena, a Rua da Bahia caía em um declive desagradável para o vale das estações de estrada de ferro, ficava desolada, cumprida, estéril, acabando por subir sem fôlego e sem esperança o bairro da Floresta. Era a vida. CAMPOS, P. M. Rua da Bahia. In: Cisne de feltro – crônicas autobiográficas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. A narrativa concentra sua força expressiva no desenvolvimento da afirmação contida na primeira frase do fragmento. Essa estratégia acaba por revelar o(a) A. caráter coloquial do cotidiano nos centros urbanos. B. traço subjetivo da identidade cultural dos brasileiros. C. tom crítico ao descaso público com as regiões centrais. D. atmosfera reflexiva a partir do cotidiano belo-horizontino. E. aspecto detalhado dos itinerários mais famosos da capital. ZR8B 64HX LCT – PROVA I – PÁGINA 28 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: O esforço do parágrafo está em explicar os termos e a simbologia que envolvem a primeira frase “A vida é esta, descer Bahia e subir Floresta”. Ao apresentar a geografia, a aparência e a economia da Rua Bahia e do bairro Floresta, localizados em Belo Horizonte, o narrador objetiva também o significado subjetivo por trás das associações: literal e figurativamente os altos e baixos da vida. Portanto, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta: parte da explicação da expressão linguística faz referência a uma rua de aspecto rústico que desemboca no bairro Floresta. A alternativa B está incorreta: o significado subjetivo referente às dificuldades enfrentadas ao longo da vida direciona-se a quem faz uso consciente da expressão, tendo morado em Belo Horizonte ou sendo mineiro. A alternativa C está incorreta: a descrição das regiões que envolvem a expressão não está acompanhada de construções que responsabilizem ou analisem de forma crítica o tratamento dado pelo poder público a elas. A alternativa E está incorreta: a expressão não reforça uma rota por ser comumente percorrida, mas pelo significado subjetivo que implica relacionar a alternância entre um ponto e outro, como etapas similares às dificuldades da vida. QUESTÃO 45 para o Carlinhos vou moer teu cérebro. vou retalhar tuas coxas imberbes & brancas. vou dilapidar a riqueza de tua adolescência. vou queimar teus olhos com ferro em brasa. vou incinerar teu coração de carne & de tuas cinzas vou fabricar a substância enlouquecida das cartas de amor. (música de Bach ao fundo) PIVA, R. XIV. In: Morda meu coração na esquina: Poesia reunida. São Paulo: Companhia das Letras, 2023. No poema de Roberto Piva, o eu lírico apresenta sua visão do amor de forma A. hiperbólica, pautando a violência ensandecida do sentimento. B. metafórica, abordando o absurdo através de imagens de rancor. C. anafórica, reforçando a brutalidade da expressão do ato de amar. D. alegórica, desenvolvendo uma representação grotesca da paixão. E. paradoxal, construindo a poesia por meio de ideias contraditórias. Alternativa A Resolução: O eu lírico apresenta sua visão de amor baseando-se em verbos e expressões agressivas e extremamente violentas. Ou seja, optou por uma seleção vocabular exagerada para descrever seus sentimentos. Esse exagero é chamado de “hipérbole”, figura de linguagem utilizada para expressar intensidade. No poema, a ideia de amor do eu lírico, a “substância enlouquecida” do amor, é retirada justamente dessa violência para com o amado. Dessa forma, o amor é apresentado a partir do viés de loucura e brutalidade que, para o eu lírico, caracteriza tal sentimento. Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: para que houvesse uma visão metafórica do sentimento do eu lírico, seria necessário construir os versos a partir de comparações mentais entre elementos que possuíssem um traço comum. Além disso, as imagens do poema não são de rancor, uma vez que indicam atos que objetivariam “fabricar” a substância do amor. A alternativa C está incorreta: a estratégia de composição dos versos não pode ser classificada como anafórica porque não há a recorrência de termos iguais ou referenciados através de pronomes. A alternativa D está incorreta: a alegoria é uma expressão figurada de um pensamento ou sentimento, facilmente associada ao elemento a que se faz referência. No poema, a linguagem não busca representar ou referenciar outro significado que fuja do que está posto. A alternativa E está incorreta: a visão brutal do eu lírico é coerente, ou seja, não está pautada em ideias opostas que desafiam a lógica. SN4Z ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 29BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TEXTO I A construção de uma sociedade justa e resiliente em meio às mudanças no clima passa pela justiça climática, como forma de enfrentamento à distribuição desigual de ônus e bônus ambientais entre pessoas ou comunidades a partir de suas dimensões de raça, gênero, etnia e origem, por exemplo. Esses são direitos humanos e fundamentais inter-relacionados, previstos na Constituição Federal, em tratados internacionais, bem como na legislação ambiental específica. Disponível em: <www.conectas.org>. Acesso em: 20 out. 2023. [Fragmento adaptado] TEXTO II O Instituto Nacional de PesquisasEspaciais (INPE) desenvolveu dois cenários de Mudanças Climáticas para o Brasil, projetando o que poderá ocorrer até o ano de 2100, um com maiores emissões e, portanto, mais pessimista, e outro menos pessimista. Nesse cenário, o quadro mais pessimista prevê uma tendência ao desaparecimento de 20% a 50% da Floresta Amazônica. Na Região Sul, o clima chuvoso pode afetar o balanço hídrico e os extremos de chuva e temperatura teriam impactos na agricultura, na geração de energia e na saúde da população. Na Região Centro-Oeste, mesmo a previsão de impacto menos pessimista provocaria a redução da biodiversidade do Pantanal e do Cerrado. Além disso, o aumento de 2 °C a 4 °C poderia impactar a agricultura. Já no Sudeste, a versão menos pessimista da análise prevê aumento da ocorrência de extremos de chuva, seca e temperatura. BRASIL. INPE. Mudanças climáticas: o clima está diferente. O que muda na nossa vida. Cartilha. Disponível em: <https://issuu.com>. Acesso em: 20 out. 2023. [Fragmento adaptado] TEXTO III Em julho de 2022, uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) declarou que todas as pessoas no planeta têm direito a um meio ambiente saudável e disse que a mudança climática e a degradação ambiental são algumas das ameaças mais urgentes ao futuro da humanidade. A resolução chega no momento em que o mundo enfrenta a tripla crise planetária da mudança climática, da perda da natureza e da biodiversidade, da poluição e dos resíduos. A nova resolução diz que, se não forem controlados, esses problemas podem ter consequências desastrosas para as pessoas em todo o mundo, especialmente para os pobres, as mulheres e as meninas. Espera-se que os 193 Estados- -membros da ONU consolidem o direito a um meio ambiente saudável nas constituições nacionais e em tratados regionais, implementando essas leis. O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil já declarou o Acordo de Paris sobre mudança climática um tratado de direitos humanos, lembrando que o pacto deveria prevalecer sobre a lei nacional. Os apoiadores estão esperançosos de que a última resolução da Assembleia Geral acabará levando a mais decisões como essas. Disponível em: <https://brasil.un.org>. Acesso em: 20 out. 2023. [Fragmento adaptado] TEXTO IV MUDANÇAS CLIMÁTICAS fonte: FGV/Guilherme Fasolin, Juliana Camargo e Matias Spektor ACREDITAM QUE ESTÃO OCORRENDO 94% ATIVIDADE HUMANA É RESPONSÁVEL 91% CONSEQUÊNCIAS SÃO GRAVES 56% Disponível em: <https://g1.globo.com>. Acesso em: 20 nov. 2023. INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”; 4.2. fugir ao tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto; 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto. QØ3B PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “A manutenção dos direitos humanos diante das mudanças climáticas no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. LCT – PROVA I – PÁGINA 30 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A proposta de redação orienta-se por uma temática geral A MANUTENÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DIANTE DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam por dar um título a seu texto, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como tal. Itens de correção de acordo com a grade Enem: I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbonominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se o texto for claro, mas apresentar algumas falhas gramaticais que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas. • Para a obtenção de nota total nessa competência, são permitidos até dois erros linguísticos. Este item é avaliado em consonância com o item IV. II. Em um primeiro momento, é preciso que os alunos atentem para o tipo de texto solicitado: o dissertativo- -argumentativo. Devem, portanto, mesclar essas suas duas condições: precisam progredir na exposição e no aprofundamento do tema ao mesmo tempo que usam as informações novas como conteúdo para seus argumentos na defesa de um determinado ponto de vista, sempre de maneira impessoal. Na compreensão do tema, é necessário que os alunos problematizem a situação abordada, a manutenção dos direitos humanos diante das mudanças climáticas no Brasil. No texto I, o estudante reconhecerá a relação entre as mudanças climáticas e os direitos humanos. Ou seja, entenderá que a distribuição desigual de ônus e bônus ambientais entre pessoas ou comunidades não configura justiça climática, pois, de acordo com a Constituição Federal, a distribuição desses direitos é fundamental para todos, independente de raça, gênero, etnia e origem. No entanto, a mudança climática se apresenta como um fator limitador dessa distribuição, inviabilizando a justiça. No texto II, o aluno tem acesso a previsões futuras feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O texto traz exemplos de consequências negativas da mudança climática em diversas esferas, como saúde, alimentação e equilíbrio ambiental. O texto III aborda o posicionamento da ONU a respeito do direito de todos ao meio ambiente saudável, detalha os aspectos que envolvem a crise planetária numa resolução que aponta a gravidade do problema e os principais afetados. Por fim, o texto exprime desejos de que os Estados-membros da ONU ajam em prol desse direito por meio da implementação de leis. O texto IV é verbovisual e permite ao aluno visualizar estatísticas a respeito da percepção das pessoas sobre as mudanças climáticas serem factuais, a responsabilização dos seres humanos sobre elas e a gravidade de suas consequências. • Sinalizar, na correção, a existência ou a ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese no texto dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor: nota mínima ou zero. Penalizar também a presença de trechos longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva, como os de cunho narrativo. Este item é avaliado em consonância com o item III. III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e indícios de autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, podem ser utilizados os dados e as informações dos textos motivadores, cuidando para que não ocorra uma cópia destes. Tratando-se de um tema vinculado às demandas de saúdee sociais, a argumentação deve levar a uma reflexão acerca da manutenção dos direitos humanos diante das mudanças climáticas no Brasil. Desde uma perspectiva geral dos textos-base, é possível afirmar que cabe, aos quatro, a construção de argumentos de autoridade, já que todos referenciam fontes confiáveis, que geram credibilidade, se utilizadas de forma adequada. A partir do texto I, o estudante pode reivindicar a distribuição correta dos ônus e bônus ambientais, dispondo da Constituição Federal como documento oficial base de seu reclamo. O texto pode auxiliar na construção de um dos argumentos da redação, já que, utilizando uma linha argumentativa de raciocínio lógico, é possível apontar o poder público como negligente, caso seja omisso na garantia de direitos humanos fundamentais previstos por lei. A partir do texto II, o aluno poderá fazer uso de informações que abrangem três regiões diferentes do país: Sul, Centro-Oeste e Sudeste. ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 31BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A amplitude das projeções negativas a uma parcela significativa do território nacional contribui para o efeito de urgência do argumento. Além disso, as projeções estão divididas em dois extremos, mais otimistas e mais pessimistas, o que permite argumentar, após leitura atenta, que mesmo na perspectiva mais otimista as projeções também geram efeitos negativos para a sociedade. A partir dessas informações, uma possibilidade é desenvolver a tese e um dos parágrafos argumentativos baseando-se na relação de causa e consequência, em que as causas são os problemas ambientais conhecidos e as consequências, além de climáticas, privam o ser humano de direitos básicos. Já o texto III chama atenção para questões práticas, como reuniões, resoluções e anúncios de entidades governamentais a respeito do tema. Esse texto pode ser vinculado ao primeiro porque possuem em comum a citação a órgãos competentes anunciando direitos. O aluno pode, nesse momento, estabelecer um comparativo entre a Declaração de Direitos em oposição à carência de deveres e obrigações que os assegurem. Consoante a isso, o texto pode auxiliar na contextualização do tema, julgando o discurso encorajador tardio (2022), tendo em vista que temas como a crise planetária e os direitos humanos são alvos de debate nas últimas décadas. Por fim, o texto IV tem como fonte o G1, esse dado pode ser utilizado pelo aluno de forma conveniente, já que, pertencer a esse portal de notícias assegura que o tema está sob a ótica de cidadãos brasileiros. Os gráficos apresentam números expressivos, que revelam o nível de conscientização das pessoas a respeito da problemática. Assim, ao constatar a consciência de uma parcela de brasileiros numa amostragem, as porcentagens têm o potencial de nortear a linha argumentativa do estudante, ao se transformar numa chamada para ação, no desenvolvimento de um tópico frasal que constata o reconhecimento do problema, no desenvolvimento de um parágrafo argumentativo com estratégia de abordar o senso comum (para informações cujos valores ultrapassam 90%). • A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão: pontuação, conectores, entre outros. As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos. • Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as situações-problema apresentadas ao longo do texto. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas apresentadas. Com relação ao tema em questão, devem ser apontadas medidas para solucionar os desafios citados na argumentação. É esperado que a proposta de intervenção apresente cinco elementos estruturantes: ação (o que deve ser feito); agente (quem realizará); meio / modo (como a ação será concretizada ou por meio de que instrumento); finalidade (para que a ação será feita); detalhamento. Considerando esses aspectos, pode-se propor, por exemplo, que o Governo Federal trace estratégias de interferência em todo território nacional que vise extinguir os agentes causadores de desequilíbrio ambiental em grandes proporções. Esse processo deve ter início na fiscalização de produção de dejetos, poluição da água e emissão de gases poluentes de grandes indústrias, estendendo-se a campanhas de proteção ambiental para cada nicho da sociedade. Dessa forma, essas ações contribuem para a manutenção do direito básico ao meio ambiente saudável e divide a responsabilidade de cuidado com cada cidadão. • A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo do texto. Do contrário, deve haver penalização. LCT – PROVA I – PÁGINA 32 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 Na democracia ateniense, todos os cidadãos podiam participar da assembleia do povo (Eclésia), que tomava as decisões relativas aos assuntos políticos em praça pública. Em Atenas, eram considerados cidadãos apenas os homens adultos (com mais de 18 anos de idade) nascidos de pai e mãe atenienses. O povo, definido como o conjunto dos cidadãos, era considerado soberano e suas decisões só estariam submetidas às leis resultantes de suas próprias deliberações. As leis, uma vez aprovadas, deveriam aplicar-se a todos; os que haviam votado contra ainda podiam deixar a cidade, mas ficando, deveriam obedecer à decisão tomada pela maioria. FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2020. p. 38-39 (Adaptação). De acordo com o texto, a sociedade ateniense caracterizava-se pela A. existência de uma participação política limitada. B. presença de um sistema político representativo. C. igualdade de gênero nas relações sociopolíticas. D. fragilidade das instituições políticas estabelecidas. E. interferência na política de outras cidades da região. Alternativa A Resolução: Conforme indicado no texto, em Atenas, apenas os homens adultos (com mais de 18 anos) nascidos de pai e mãe atenienses eram considerados cidadãos. Isso implicava na exclusão de estrangeiros, mulheres e escravizados. Assim, apesar da igualdade entre os cidadãos, a democracia ateniense era caracterizada por uma participação política limitada quando consideramos todos os habitantes da pólis. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois, na democracia ateniense, todos os cidadãos podiam participar da assembleia do povo, configurando um sistema político com participação direta. A alternativa C também está incorreta, já que, como mencionado anteriormente, as mulheres não eram consideradas cidadãs na Atenas antiga. A alternativa D está equivocada, pois, apesar das limitações na cidadania, as instituições democráticas atenienses funcionavam efetivamente, apresentando inclusive dispositivos de proteção do regime, como o ostracismo. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois Atenas era uma cidade-estado com autonomia política e administrativa. Além disso, tal aspecto que não é abordado no texto. TR2P QUESTÃO 47 A humanidade entrou em um período da História em que se configurou uma nova e complexa Geografia do mundo. Enquanto muros e símbolos de uma época se dissolveram, muitos outros se materializaram no espaço planetário. O muro leste-oeste sucumbiu, ao mesmo tempo que novos muros norte-sul se levantam; o World Trade Center nova-iorquino desabou, ao passoque o projeto de torres e edifícios “maiores do mundo” na China afirmava o novo poder do Oriente. HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Editora UNESP, 2006 (Adaptação). O texto sinaliza algumas mudanças ocorridas a partir da emergência de uma Nova Ordem Mundial, no contexto histórico após o final da Guerra Fria, como o(a) A. declínio das desigualdades quanto ao nível de desenvolvimento. B. surgimento de novas potências econômicas no cenário global. C. superação da regionalização mundial de caráter econômico. D. predominância do alinhamento ideológico entre os países. E. redução da interdependência econômica no mercado mundial. Alternativa B Resolução: Uma das características da Nova Ordem Mundial, que emergiu a partir do encerramento da Guerra Fria, no final dos anos de 1980 e início dos anos de 1990, é a multipolaridade, que é caracterizada pela existência de diversas potências econômicas no cenário global. Entre essas potências, tem-se os Estados Unidos (que já figurava como uma das potências da ordem bipolar vigente durante a Guerra Fria), o Japão, a China e alguns países da União Europeia. As alternativas A e C estão incorretas, pois o texto menciona que “novos muros norte-sul se levantam”, o que sinaliza para regionalização mundial em países do norte e do sul, que é baseada nas desigualdades quanto ao nível de desenvolvimento econômico. A alternativa D está incorreta, pois o alinhamento ideológico entre os países era uma característica do período da Guerra Fria, o que configurou uma polarização entre os países do bloco capitalista e socialista. A alternativa E está incorreta, pois a Nova Ordem Mundial é marcada pela intensificação da globalização, que se traduz no aprofundamento da interdependência econômica entre os países. Ø9MF CH – PROVA I – PÁGINA 33ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 48 Entre as características do conhecimento popular, também denominado de senso comum, está um aspecto valorativo resultante do ânimo e das emoções do observador, dificultando a isenção de opinião do objeto de estudo. O senso comum é um tipo de conhecimento que permite a reflexão, em decorrência de se apresentar com um nível de familiaridade com o objeto estudado, não instigando a consolidação de padrões e fórmulas gerais. COSTA, M. R. P.; SILVA JÚNIOR, J. A. J. As especificidades e as diferenças entre os diversos tipos de conhecimento. Disponível em: <https://educapes.capes.gov.br>. Acesso em: 27 nov. 2023. A partir da descrição no trecho sobre as crenças do senso comum, a atitude filosófica diante desse tipo de conhecimento é caracterizada pela A. investigação crítica que objetiva ajuizar sobre a validade de cada crença. B. adoção parcial que fornece pontos de partida irrefutáveis para a atividade intelectual. C. negação integral que permite o abandono de interpretações falsas para o método filosófico. D. superação total que consolida a Filosofia como um método superior para conhecer a realidade natural. E. apropriação positiva que orienta o sábio no questionamento das crenças baseadas nos sentidos humanos. Alternativa A Resolução: A atitude filosófica diante das crenças do senso comum, conforme descrita no trecho, é caracterizada pela investigação crítica que objetiva avaliar a validade de cada crença. Nesse sentido, a Filosofia busca analisar e questionar as bases e fundamentos das crenças populares, aplicando um olhar crítico e racional para determinar a consistência e a verdade das afirmações do senso comum. Dessa forma, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois a atitude filosófica em relação ao senso comum não envolve a adoção irrestrita das crenças populares. Pelo contrário, a Filosofia não aceita automaticamente pontos de partida como irrefutáveis. A alternativa C está incorreta porque a Filosofia não implica necessariamente na negação completa do senso comum. Ela procura avaliar criticamente as crenças populares, buscando discernir entre o que é válido e o que é falso, em vez de simplesmente negar integralmente. A alternativa D está incorreta, já que o método filosófico procura complementar, aprimorar ou mesmo refutar quando provado como equívoco a compreensão do mundo proposta pelo senso comum; mas não busca uma supressão total do conhecimento popular. A alternativa E está incorreta, uma vez que a Filosofia não busca apenas uma apropriação positiva das crenças do senso comum. Ela propõe uma análise crítica que não se limita a aceitar as crenças populares como positivas sem uma avaliação rigorosa. G9QR QUESTÃO 49 Os sistemas de pensamento europeus foram integrados de forma crítica e seletiva, segundo os interesses políticos e culturais das camadas letradas, preocupadas em articular os ideários estrangeiros à realidade local. O racismo científico assumiu uma função interna, não coincidente com os interesses imperialistas, e se transformou em instrumento conservador e autoritário de definição da identidade social da classe senhorial e dos grupos dirigentes, perante uma população considerada étnica e culturalmente inferior. VENTURA, R. Estilo Tropical. História cultural e polêmicas literárias no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. [Fragmento adaptado] Considerando o texto, as teorias raciais que ganharam relevância durante o século XIX serviram ao propósito de A. justificar a desigualdade de tratamento de grupos sociais. B. reduzir o direito de manifestação de movimentos políticos. C. desobrigar o Estado do fornecimento de políticas públicas. D. romantizar a história da construção da República brasileira. E. perpetuar a promoção do crescimento de classes produtivas. Alternativa A Resolução: O texto aborda como os sistemas de pensamento europeus foram integrados de forma seletiva no contexto brasileiro, especificamente em relação ao racismo científico. Este desempenhou um papel interno, servindo aos interesses das classes dirigentes e sendo utilizado para justificar a desigualdade de tratamento de grupos sociais no Brasil. Tal contribuição foi fundamental para a definição da identidade social da classe dos senhores de terras, que integravam os grupos dominantes. Dessa maneira, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois o texto não menciona a redução do direito de manifestação de movimentos políticos como propósito das teorias raciais. A alternativa C está incorreta, pois o texto não sugere que as teorias raciais visavam desobrigar o Estado do fornecimento de políticas públicas. A alternativa D está incorreta, pois o texto não indica que as teorias raciais foram utilizadas para romantizar a história da construção da República brasileira. A alternativa E está incorreta, pois o texto não aborda a promoção do crescimento de classes produtivas como propósito das teorias raciais. 2SET CH – PROVA I – PÁGINA 34 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 50 A pólis espartana permaneceu separada em vilarejos, sem uma muralha unificadora. Esparta foi um caso de ideal aristocrático levado ao conjunto dos cidadãos por uma suposta plena igualdade. Após a dominação de outras populações, como os habitantes do vale do Eurotas, ou o conjunto dos messênios, nos séculos VII e VI a.C. (habitualmente conhecidos como hilotas), os habitantes de Esparta reorganizaram-se de modo a repartir a exploração das populações conquistadas e dominá-las através de um treino específico para a guerra permanente. Em certo sentido, a pólis espartana incluía todos os dominados: messênios e hilotas trabalhavam a terra, periecos comerciavam e produziam objetos, espartanos guerreavam. GUARINELLO, N. L. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2020. p. 86-87 (Adaptação). A organização da pólis espartana, tal como descrita no texto, era marcada pela A. disposição em um núcleo urbano. B. proteção do regime democrático. C.equiparação entre os indivíduos. D. participação política ampliada. E. hierarquização social rígida. Alternativa E Resolução: De acordo com o texto, os espartanos eram treinados para a guerra permanente e eram responsáveis por guerrear, enquanto outros grupos se ocupavam de trabalhar a terra, como os hilotas, e da produção e comercialização de objetos, como os periecos, o que reforça uma hierarquização social rígida da sociedade espartana. Portanto, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois o texto destaca que “a pólis espartana permaneceu separada em vilarejos, sem uma muralha unificadora”, contrariando a ideia de desenvolvimento de um núcleo urbano. Contrariamente ao indicado na alternativa B, Esparta era uma cidade- -estado governada por uma diarquia. A alternativa C está incorreta, pois, embora houvesse uma pretensa ideia de igualdade, sobretudo entre os cidadãos espartanos, a sociedade da pólis espartana era hierarquizada e marcada pela desigualdade. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois Esparta era uma oligarquia e a participação política era limitada, com mulheres e estrangeiros, por exemplo, sendo impedidos de tomar parte nas decisões da cidade. QUESTÃO 51 Os muçulmanos que vivem na Argentina e no Chile são os que menos horas do dia terão que jejuar pelo Ramadã neste ano, enquanto os de Noruega, Suécia e Finlândia, por outro lado, cumprirão o ritual por 20 horas. Disponível em: <https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/ brasil/2016/06/09/localizacao-geografica-altera-duracao-do-jejum-do- ramada-ao-redor-do-mundo.htm>. Acesso em: 25 maio 2018. 7LR3 M8OQ O Ramadã é o mês sagrado do Islã em que os muçulmanos jejuam diariamente entre o nascer e o pôr do Sol. Considerando-se que as datas do Ramadã são móveis e em 2016 – quando a notícia anterior foi publicada – o mês sagrado foi entre junho e julho, os muçulmanos dos países do Hemisfério Norte, citados no texto, tiveram mais horas de jejum porque A. o Hemisfério Sul passa pelo equinócio de inverno nessa mesma época do ano. B. as regiões próximas dos círculos polares têm os dias mais longos do ano no verão. C. os polos norte e sul passam o inverno no escuro devido à inclinação da Terra. D. os países do Hemisfério Norte têm o solstício de verão mais extenso no fim do ano. E. as regiões intertropicais têm a maior variação de incidência solar no decorrer do ano. Alternativa B Resolução: As regiões próximas aos círculos polares experimentam no inverno os dias mais escuros, e no verão os dias mais iluminados. Isso se explica pelo formato esférico da Terra, pela inclinação do seu eixo de rotação e pelo movimento de translação ao redor do Sol, o que propicia a maior incidência dos raios solares nos extremos Norte e Sul terrestres no verão, e a menor incidência no inverno. Os muçulmanos de países próximos ao Círculo Polar Ártico, como Noruega, Suécia e Finlândia, em 2016, jejuaram mais horas (entre o nascer e o pôr do Sol) porque em junho e julho é verão no Hemisfério Norte, o que significa maior insolação e dias mais longos. A alternativa A está incorreta porque o solstício de inverno no Hemisfério Sul ocorre em junho, quando há o solstício de verão no Norte. A alternativa C está incorreta, pois o período do Ramadã em 2016 ocorreu no verão. A alternativa D está incorreta, pois o solstício de verão no Hemisfério Norte ocorre no dia 21 de junho, isto é, no meio do ano. A alternativa E está incorreta porque as regiões intertropicais têm a menor variação de incidência solar no decorrer do ano. QUESTÃO 52 A busca pelo conhecimento é, certamente, uma busca sem limites. O homem, desde tempos imemoriais, busca conhecer o ambiente, os objetos (materiais e imateriais), os fenômenos, as estruturas, as pessoas. O conhecimento das causas essenciais, dos pressupostos fundamentais é, certamente, um dos móveis do saber filosófico desde Tales até os filósofos mais contemporâneos e, nesse processo de busca, há que se salientar, não se pode falar em refutação, mas em pluralismo de discursos que aspiram à totalidade. O conhecimento se produz, se reproduz e assim infindavelmente. CONTERATO, L. S. V.; SILVESTRE, A. C. F. A busca pelo conhecimento: A certeza no ser e a impossibilidade de aceder à coisa em si. Um diálogo entre o pensamento pré-socrático e o criticismo kantiano. Disponível em: <www.fai-mg.br>. Acesso em: 27 nov. 2023. T47T CH – PROVA I – PÁGINA 35ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A reflexão presente no texto sobre a relação dos indivíduos com o mundo caracteriza o conhecer como um A. impulso necessário, já que criticar é instintivo para a humanidade. B. objetivo infrutífero, pois a verdade é inconcebível para o ser humano. C. projeto cultural, posto que a valorização do conhecimento é restrita à sociedade europeia. D. desejo constante, uma vez que o conhecimento é procurado no decorrer da história humana. E. produto filosófico, porque o método da Filosofia é o único capaz de obter um conhecimento verdadeiro. Alternativa D Resolução: O texto destaca a busca incessante pelo conhecimento ao longo da história da humanidade, enfatizando que o homem, desde tempos imemoriais, busca conhecer o ambiente, objetos, fenômenos e estruturas. A afirmação de que o conhecimento se produz, se reproduz e continua indefinidamente indica que o desejo de conhecer é constante e persistente ao longo do tempo. Portanto, a alternativa D, que descreve o conhecimento como um desejo constante procurado ao longo da história humana, está correta. A alternativa A está incorreta porque o texto não menciona especificamente a crítica como instinto, mas sim a busca pelo conhecimento. A alternativa B está incorreta, já que o trecho destaca a produção contínua do conhecimento. A alternativa C está incorreta porque o texto fala sobre a busca pelo conhecimento ao longo da história humana, não restringindo essa busca a uma sociedade específica. A alternativa E está incorreta, pois embora o texto destaque a busca filosófica pelo conhecimento e a importância dos pressupostos fundamentais, não exclui a validade de outras formas de conhecimento. O texto fala sobre pluralismo de discursos na busca pelo conhecimento, sugerindo que há diversas abordagens e perspectivas que aspiram à totalidade. Portanto, a afirmativa de que o método da Filosofia é o único capaz de obter um conhecimento verdadeiro não é apoiada pelo texto. QUESTÃO 53 A Sociologia surgiu, na primeira metade do século XIX, sob o impacto da Revolução Industrial e da Revolução Francesa. As transformações econômicas, políticas e culturais suscitadas por esses acontecimentos criaram a impressão generalizada de que a Europa vivia o alvorecer de uma nova sociedade. A ambição intelectual da Sociologia, a tentativa de compreender a origem, o caráter e os desdobramentos dessa nova sociedade levou-a a se apresentar como uma espécie de contraponto em relação às demais disciplinas das “ciências humanas”. MUSSE, R. Apontamentos sobre o nascimento da Sociologia. Disponível em: <https://blogdaboitempo.com.br>. Acesso em: 17 nov. 2020 (Adaptação). A7FC Conforme o texto, a Sociologia surgiu para explicar as transformações sociais e culturais utilizando o(a) A. compreensão filosófica. B. conhecimento oriental. C. pensamento científico. D. percepção religiosa. E. sabedoria popular. Alternativa C Resolução: O texto-base contextualiza o surgimento da Sociologia, afirmando que essa ciência nasce sob o impacto das transformações na sociedade europeia do período. Assim, foram justamente os impactos desse mundo em transformação que levaram a Sociologia, utilizando o conhecimento, o rigor e a análise científica, a estudar os mecanismos sociais, políticos e econômicos dessa nova estrutura social. Esses fatos tornam correta a alternativa C. A alternativa A é incorreta porque a Sociologia se baseia em princípioscientíficos, ao invés de filosóficos. A alternativa B é incorreta porque o texto-base não aponta o conhecimento oriental como sendo a base da Sociologia. A alternativa D é incorreta porque a Sociologia não utiliza o pensamento religioso como fundamento de suas teorias. Por fim, a alternativa E é incorreta porque é o conhecimento científico que fundamenta as teorias sociológicas, e não o saber popular. QUESTÃO 54 Em termos constitucionais mais convencionais, o povo não só era elegível para cargos públicos e possuía o direito de eleger administradores, mas também era seu o direito de decidir quanto a todos os assuntos políticos e o direito de julgar, constituindo-se como tribunal, todos os casos importantes civis e criminais, públicos e privados. FINLEY, M. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988. As características da democracia ateniense antiga apresentadas no texto, ainda vigentes nos governos democráticos contemporâneos, estão associadas, entre outros aspectos, à garantia da A. remuneração para o exercício das funções da administração pública. B. ampliação do direito à representação política na Assembleia Popular. C. tripartição do poder político em esferas independentes e harmônicas. D. adoção de critérios meritocráticos para a plena participação política. E. promoção da igualdade de direito de acesso aos cargos públicos. VXDF CH – PROVA I – PÁGINA 36 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: O texto afirma que “o povo [...] era elegível para cargos públicos”, destacando o princípio da isocracia, que assegura a igualdade de direito dos cidadãos à candidatura a cargos políticos e de participação na administração pública na democracia, o que torna correta, portanto, a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois o texto não se relaciona à mistoforia, que era a remuneração para todos os cargos e funções públicas instituída por Péricles na Atenas Antiga, e que possibilitava a qualquer cidadão a oportunidade de se afastar temporariamente de suas atividades particulares para colaborar na administração da cidade. A alternativa B também está incorreta, pois a democracia ateniense se caracterizava pela participação direta dos cidadãos na tomada de decisões acerca dos assuntos públicos da cidade. Contrariamente ao indicado na alternativa C, não há no texto aspectos que remetam à tripartição do poder. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois, na democracia ateniense, eram considerados cidadãos os homens, filhos de pai e mãe atenienses e maiores de dezoito anos; assim, a meritocracia não representava um critério definidor da participação política. QUESTÃO 55 IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. A representação cartográfica apresentada favorece a A. observação dos fusos horários. B. detecção dos limites tectônicos. C. visualização do polo meridional. D. constatação do relevo continental. E. verificação das correntes marítimas. Alternativa C Resolução: O mapa da questão foi produzido a partir de uma projeção cartográfica polar, ou seja, o globo é projetado em um plano que tangencia um dos polos. Nesse caso, trata-se do polo sul, que fica no centro do mapa, facilitando a sua visualização e a do restante do Hemisfério Meridional do planeta. As demais alternativas estão incorretas, pois apontam informações que não estão representadas no mapa. YXJ3 Além disso, como a representação cartográfica não mostra todo o globo, fica comprometida a identificação da distribuição dos aspectos geográficos mencionados sobre a superfície. QUESTÃO 56 Existem muitos métodos de se fazer filosofia, sendo que alguns são mais bem adaptados a certos tipos de busca da verdade e outros são melhores adaptados a outros tipos de respostas filosóficas. Por exemplo, a verificação empírica é apropriada à história, enquanto o método científico, a um estudo do mundo natural. Contudo, nenhum dos dois é adequado para a descoberta da verdade relativa à verdade pessoal ou aos valores. Já o método dedutivo somente pode ser usado onde a pessoa tem acesso a premissas matemáticas, teológicas ou filosóficas, com base nas quais pode fazer deduções lógicas. É um erro imaginar que existe um só método pelo qual poder-se-á chegar à descoberta da verdade. GEILER, N. L.; FREINBERG, P. D. Introdução à Filosofia. Disponível em: <https://docs.ufpr.br>. Acesso em: 27 nov. 2023. [Fragmento adaptado] Considerando a variedade de perspectivas apresentadas no texto para abordar questões filosóficas, o elemento comum entre os métodos mencionados consiste no(a) A. reflexão sistemática e criteriosa dos objetos do conhecimento. B. busca da verdade subjetiva por meio das reflexões metafísicas. C. raciocínio dedutivo baseado em premissas específicas. D. aplicação do método científico em todas as áreas. E. verificação empírica para validar hipóteses. Alternativa A Resolução: Considerando a variedade de perspectivas apresentadas no texto para abordar questões filosóficas, o elemento comum entre os métodos mencionados consiste na reflexão sistemática e criteriosa dos objetos do conhecimento. Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois o texto não sugere que a busca da verdade seja estritamente subjetiva ou dependente de reflexões metafísicas. Ele destaca a inadequação de alguns métodos para a descoberta da verdade pessoal ou valores. A alternativa C está incorreta porque, embora o texto mencione o método dedutivo como adequado em certas circunstâncias, não é o único método comum entre as abordagens apresentadas. A variedade de métodos vai além do raciocínio dedutivo. A alternativa D está incorreta, já que o texto indica que métodos diferentes são apropriados em diferentes contextos, e não sugere que o método científico seja aplicável em todas as áreas. A alternativa E está incorreta, uma vez que, embora a verificação empírica seja mencionada no texto, não é o único método comum destacado. Além disso, o texto ressalta que métodos diferentes são adequados para diferentes tipos de buscas da verdade, e a verificação empírica é apenas um deles. KG75 CH – PROVA I – PÁGINA 37ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 57 Os incas foram responsáveis por se apropriar do antigo deus Wiracocha e “transformá-lo” em Inti. Inti é outra divindade, posterior ao Wiracocha tiwanakota, um avatar deste. Os incas foram hábeis em cultuar avatares de Wiracocha e de alguma forma ligá-los ao culto do sol, Inti. O Inca, tendo ele próprio saído da terra e sendo ao mesmo tempo filho do sol, era o ponto de comunicação entre os três mundos, tendo a seu serviço toda uma casta sacerdotal para corroborar sua suposta divindade através de intrincados rituais que vivificavam os mitos. Os incas fizeram com que muitos povos dominados acreditassem que o deus que eles cultuavam era, em verdade, Inti, o disco solar que garantia e regulava todos os ciclos da vida. BELMONTE, A. Reflexões sobre a antiguidade da América: o altiplano andino como caso paradigmático. Nearco, Rio de Janeiro, n. I, v. X, p. 43-44, 2018. [Fragmento adaptado] A estratégia de dominação adotada pelos incas, mostrada no texto, está fundamentada na A. ressignificação da cultura dos povos conquistados. B. consolidação de uma cultura de liberdade religiosa. C. aceitação da influência de valores culturais externos. D. eliminação da influência estatal nos assuntos religiosos. E. valorização das tradições culturais das áreas dominadas. Alternativa A Resolução: De acordo com o texto, “os incas foram responsáveis por se apropriar do antigo deus Wiracocha e 'transformá-lo' em Inti (deus na cultura inca)”, o que mostra uma ressignificação da cultura dos povos conquistados. Portanto, a alternativa A está correta. As alternativas B e E estão incorretas, pois o texto afirma que “os incas fizeram com que muitospovos dominados acreditassem que o deus que eles cultuavam era, na verdade, Inti”, contrariando a ideia de liberdade individual e de valorização das tradições culturais dos dominados. A alternativa C também está incorreta, pois o texto aponta a influência inca sobre outras culturas. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois o texto afirma que “o Inca [imperador] tinha a seu serviço toda uma casta sacerdotal para corroborar sua suposta divindade através de intrincados rituais que vivificavam os mitos”, reforçando a relação intrínseca entre Estado e religião na sociedade inca. QUESTÃO 58 TEXTO I Sensoriamento remoto é uma expressão utilizada na área das ciências aplicadas que se refere à obtenção de imagens a distância sobre a superfície terrestre. Essas imagens são adquiridas através de aparelhos denominados sensores remotos, que podem ser câmeras e sensores colocados a bordo de aeronaves ou de satélites. RUDORFF, B. Produtos de sensoriamento remoto. Disponível em: <www3.inpe.br>. Acesso em: 1 nov. 2023 (Adaptação). 7YV7 66PO TEXTO II Níveis de coleta de dados do sensoriamento remoto NÍVEL ORBITAL NÍVEL AÉREO NÍVEL SOLO Disponível em: <www.geoaplicada.com>. Acesso em: 1 nov. 2023. Na técnica apresentada, a definição do nível de coleta de dados depende do(a) A. tamanho da área analisada. B. inclinação do eixo do planeta. C. determinação do fuso horário. D. distância da Linha do Equador. E. movimento de translação terrestre. Alternativa A Resolução: No sensoriamento remoto, a definição do nível de coleta de dados depende do tamanho da área analisada. No nível orbital, são empregados sensores acoplados a satélites e pode-se obter informações de áreas com grande extensão. No nível aéreo, são usadas câmeras acopladas a aeronaves e são analisadas grandes áreas, mas menos extensas do que no nível orbital. No nível solo, são utilizados equipamentos portáteis, como câmeras fotográficas, que coletam dados com grande riqueza de detalhes, mas referentes a áreas pequenas. A alternativa B está incorreta, pois a inclinação do eixo terrestre influencia a variação da intensidade da incidência solar sobre a superfície ao longo do ano. A alternativa C está incorreta, pois a determinação do fuso horário depende da posição longitudinal de uma localidade. A alternativa D está incorreta, pois a distância da Linha do Equador, em graus, indica a latitude de uma localidade. A alternativa E está incorreta, pois o movimento de translação do planeta, realizado em torno do Sol, causa a alternância entre as estações do ano e fundamenta a definição da duração do ano. CH – PROVA I – PÁGINA 38 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 59 O colonizador, como se fosse um escultor, talhou a América na forma em que havia imaginado. Destruía pirâmides para construir igrejas, derrubava habitações para obter o desenho da praça ou o traçado desejado para as ruas, jogava pedras nos canais para que os cavalos pudessem circular melhor na cidade. Reconstituía-se tudo o que era possível para que o núcleo urbano lembrasse a Europa. THEODORO, J. Descobrimentos e Renascimento. São Paulo: Contexto, 1991. O texto evidencia uma característica da conquista espanhola da América que se baseava na A. imposição de valores culturais. B. omissão da resistência nativa. C. adoção de princípios pacifistas. D. conservação da estrutura social. E. aplicação do respeito à alteridade. Alternativa A Resolução: Segundo o texto, “o colonizador, como se fosse um escultor, talhou a América na forma em que havia imaginado”, reforçando que o processo de conquista espanhola da América baseou-se na imposição dos valores culturais europeus, o que torna correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois, de modo geral, os nativos apresentaram intensa resistência à invasão europeia. Além disso, o texto não menciona esse aspecto. Contrariamente ao indicado na alternativa C, a conquista espanhola da América foi marcada pelo uso da violência contra as comunidades nativas. A alternativa D também está incorreta, pois a estrutura social dos povos nativos foi fortemente impactada pela imposição dos valores culturais europeus. Além disso, esse aspecto não está presente no texto. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a conquista espanhola da América se pautou no pensamento eurocêntrico, ignorando completamente a alteridade em relação aos povos nativos. QUESTÃO 60 O mundo da criança é habitado por outras pessoas. Ela logo aprende a distinguir essas pessoas, e algumas delas assumem uma importância toda especial. Desde o início, a criança desenvolve uma interação não apenas com o próprio corpo e com o ambiente físico, mas também com outros seres humanos. A biografia do indivíduo, desde o nascimento, é a história de suas relações com outras pessoas. BERGER, P.; BERGER, B. Socialização: como ser um membro da sociedade. In: FORACCHI, M. M.; MARTINS, J. S. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1977. [Fragmento adaptado] SODR SW78 O processo de socialização mencionado no texto estabelece a continuidade entre as diferentes gerações ao A. perpetuar os elementos que vinculam indivíduos em sociedade. B. recompensar a reciprocidade presente entre irmãos. C. reforçar a responsabilidade de cuidado de idosos. D. gerar laços de solidariedade dentro das famílias. E. superar estigmas de criação nas crianças. Alternativa A Resolução: O texto aborda o processo de socialização na infância, destacando que a criança desenvolve interações significativas com outras pessoas desde o nascimento, sendo a socialização fundamental para transmitir valores, normas e padrões culturais de uma geração para outra. Portanto, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois o texto não aborda a reciprocidade entre irmãos como parte essencial do processo de socialização. A alternativa C está incorreta, pois o texto não menciona a responsabilidade de cuidado de idosos como parte central do processo de socialização. A alternativa D está incorreta, pois, ainda que o texto sugira que a socialização cria laços, não há uma especificação de que esses vínculos ocorrem principalmente dentro das famílias. A alternativa E está incorreta, pois o texto não foca na superação de estigmas de criação nas crianças como um resultado direto da socialização. QUESTÃO 61 Janeiro é um dos meses de pico para visitar Ushuaia, cidade localizada no sul da Argentina. Além das férias de verão no Hemisfério Sul, Ushuaia tem temperaturas mais amenas (média de 10 °C, mas pode chegar a 20 °C) e dias muito longos – anoitece às 22h. Porém, venta nessa época. Julho é o mês mais frio para visitar. Em Ushuaia, no inverno, dificilmente as temperaturas vão abaixo dos –5 °C, mas os dias não têm tantas horas de luz (chegando a 7 horas por dia de duração). É uma ótima época para ir esquiar, andar de snowboard e ver a Aurora Austral. Disponível em: <www.dicasdeviagem.com>. Acesso em: 18 out. 2023 (Adaptação). As variações do intervalo diário de incidência da luz solar na região abordada são influenciadas, principalmente, pela sua A. posição latitudinal. B. localização tropical. C. extensão longitudinal. D. proximidade litorânea. E. irregularidade altimétrica. R31P CH – PROVA I – PÁGINA 39ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: O eixo inclinado da Terra, aliado ao seu movimento de translação, causa uma variação da insolação nos Hemisférios Norte e Sul ao longo dos meses do ano. Com isso, no mês de junho, os raios solares incidem mais diretamente sobre o Hemisfério Norte, marcando o início do verão nesse hemisfério, quando os dias são mais longos e as noites mais curtas. Já no Hemisfério Sul, inicia-se o inverno, quando os dias são mais curtos e as noites mais longas. No mês de dezembro,a situação inverte-se. Os raios solares incidem mais diretamente sobre o Hemisfério Sul, que entra na estação do verão, enquanto o Hemisfério Norte atravessa o inverno. Como Ushuaia está localizada na latitude aproximada de 54° S, no extremo sul da Argentina, a cidade apresenta as variações do intervalo diário de incidência da luz solar mencionadas no texto. Em janeiro, atravessa o verão e apresenta dias mais longos. Em julho, atravessa o inverno e apresenta dias mais curtos. A alternativa B está incorreta, pois a cidade abordada está situada entre o Trópico de Capricórnio (latitude aproximada de 23° 27’ S) e o Círculo Polar Antártico (latitude aproximada de 66° 33’ S), portanto, na zona temperada meridional. A região tropical situa-se entre o Trópico de Câncer (latitude aproximada de 23° 27’ N) e o Trópico de Capricórnio. A alternativa C está incorreta, pois a extensão longitudinal condiciona as diferenças horárias sobre a superfície. A alternativa D está incorreta, pois a proximidade litorânea é um fator climático que influencia a umidade e as variações térmicas, mas não as mudanças no intervalo diário de incidência solar. A alternativa E está incorreta, pois a altitude é um fator climático que influencia a temperatura e a pressão atmosférica, mas não as variações do intervalo diário de incidência solar. QUESTÃO 62 Disponível em: <https://razoncartografica.files.wordpress.com>. Acesso em: 23 out. 2023. A representação cartográfica produzida no contexto das Grandes Navegações europeias, mostrada anteriormente, ressalta a A. ausência de interesses em relação às viagens marítimas. B. justificação da impossibilidade da Expansão Marítima. C. contestação das narrativas de viajantes medievais. D. supressão de técnicas nos assuntos náuticos. E. influência do pensamento mítico-religioso. DMPR CH – PROVA I – PÁGINA 40 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: As Grandes Navegações europeias dos séculos XV e XVI foram marcadas por perigos reais e imaginários. A imagem em questão reforça a construção do imaginário europeu sobre as navegações desse período ao mostrar a crença de que o mar era habitado por monstros terríveis, ressaltando a necessidade da intervenção divina para o sucesso da empreitada marítima. Assim, a imagem destaca a influência do pensamento mítico-religioso, especialmente de origem medieval, na concepção europeia da expansão marítima, o que valida a alternativa E como correta. Contrariando a indicação da alternativa A, narrativas anteriores, como as de Marco Polo, e o desejo por riquezas alimentaram o interesse europeu nas aventuras marítimas. A alternativa B está incorreta, pois, embora existissem perigos reais na navegação, os representados na imagem pertencem à ordem fantástica e imaginária, não sendo, de fato, um impedimento para as navegações europeias. A alternativa C está incorreta, pois a imagem reforça a influência das narrativas medievais, repletas de mitos e superstições, no pensamento europeu durante as Grandes Navegações. Por fim, a alternativa D está incorreta, já que o imaginário desenvolvido sobre as Grandes Navegações não estava relacionado a um atraso técnico na navegação. Além disso, foi o avanço dos conhecimentos náuticos que possibilitou, juntamente com outros fatores, a expansão marítima europeia nos séculos XV e XVI. QUESTÃO 63 Pontos extremos do Brasil Pontos extremos Latitude Longitude Localização Norte +05° 16’19” –60° 12’45” Nascente do Rio Ailã (Roraima) Sul –33° 45’07” –53° 23’50” Arroio Chuí (Rio Grande do Sul) Leste –07° 09’18” –34° 47’34” Ponta do Seixas (Cabo Branco – Paraíba) Oeste –07° 32’09” –73° 59’26” Nascente do Rio Moa (Acre) Disponível em: <https://brasilemsintese.ibge.gov.br>. Acesso em: 18 nov. 2021 (Adaptação). As coordenadas geográficas dos pontos extremos do território do Brasil indicam que o país está localizado inteiramente no(a) A. faixa de fusos de valor positivo. B. zona temperada meridional. C. região entre os trópicos. D. Hemisfério Ocidental. E. Hemisfério Sul. Alternativa D Resolução: Os dados da tabela mostram que as longitudes dos pontos extremos do Brasil no sentido leste-oeste estão com valores negativos, o que significa que ambos estão a oeste do meridiano inicial, que é o de Greenwich (0°). Isso indica que o território do Brasil está inteiramente localizado do Hemisfério Ocidental. A alternativa A está incorreta, pois, a oeste do Meridiano de Greenwich, os fusos horários são representados com valores negativos e as horas são atrasadas. A alternativa B está incorreta, pois a zona temperada meridional está localizada entre o Trópico de Capricórnio (cerca de 23, 5° S) e o Círculo Polar Antártico (cerca de 66, 5° S). As latitudes dos pontos extremos do Brasil no sentido norte-sul (+05° 16 ’19” e –33° 45’ 07”) indicam que apenas uma pequena parte do território do país está localizada abaixo do Trópico de Capricórnio e, portanto, na zona temperada meridional. A alternativa C está incorreta, pois a região intertropical do globo está situada entre o Trópico de Câncer (cerca de 23, 5° N) e o Trópico de Capricórnio (cerca de 23, 5° S). As latitudes dos pontos extremos do Brasil no sentido norte-sul indicam que a maior parte do território do país está situada na faixa intertropical, mas não totalmente, visto que uma porção territorial menor está abaixo do Trópico de Capricórnio. A alternativa E está incorreta, pois uma pequena faixa do território brasileiro está localizada ao norte da Linha do Equador, tanto que o ponto extremo norte do país (nascente do Rio Ailã em Roraima) possui um valor de latitude positivo (Hemisfério Norte), que é de +05° 16’ 19”. R5DQ CH – PROVA I – PÁGINA 41ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 64 TEXTO I A pólis de Elis, pela proximidade do Santuário de Olímpia, é a responsável pela organização dos jogos, que ocorrem a cada quatro anos, e pelo envio de arautos às demais pólis anunciando a data exata da competição e o período de Trégua Sagrada. Os jogos são em honra a Zeus e as vitórias também são dedicadas ao pai de todos os deuses e mortais. Só há um vencedor em cada modalidade esportiva, o qual é compreendido como um escolhido dos deuses. A vitória não traz glória apenas para o atleta, mas também para a pólis que ele representa, a qual o retribui com reconhecimento e alimentação gratuita pelo resto da sua vida. Para a pólis, ter um cidadão seu como vencedor olímpico é uma demonstração de força para os seus inimigos e de preferência pelos deuses em relação às demais pólis. Isso traz ao mesmo tempo um respeito e um temor por parte das demais cidades-estado. SILVA, P. L.; DUARTE, C. G. Dos Jogos Olímpicos da Antiguidade às olimpíadas de matemática: a constituição de atletas. Boletim online de Educação Matemática, Florianópolis, v. 8, n. 17, p. 164-179, nov. 2020. TEXTO II A ideia do renascimento dos Jogos Olímpicos não foi uma fantasia passageira: foi a culminação lógica de um grande momento. O século XIX presenciou o prazer pelos exercícios físicos renascer em todos os lugares [...]. Ao mesmo tempo, as grandes invenções, as ferrovias e o telégrafo, conectaram distâncias e a humanidade passou a viver uma nova existência. As pessoas se misturaram, conheceram-se melhor e imediatamente passaram a se comparar. O que um conseguia o outro desejava conseguir também. Exibições universais trouxeram para uma localidade produtos de todo o mundo, congressos científicos ou literários reuniram as variadas forças intelectuais. Então como poderiam os atletas não buscar se reunirem, já que a rivalidade é a base do atletismo e na realidade a razão de sua existência? COUBERTIN, P. Disponível em: <www.educadores.diaadia.pr.gov.br>. Acesso em: 22 out. 2023 (Adaptação). Os textos estabelecem uma conexão entre a Antiguidade e o mundo contemporâneo ao A. considerarem a persistência das religiosidades no cotidiano. B. analisarem o caráter econômico por trásdos jogos olímpicos. C. reafirmarem a permanência da igualdade entre os indivíduos. D. evidenciarem o espírito competitivo presente nas sociedades. E. apontarem o avanço tecnológico viabilizado pelas competições. Alternativa D Resolução: Tal como nos jogos realizados em Olímpia na Antiguidade grega, em que “a vitória não traz glória apenas para o atleta, mas também para a pólis à qual ele representa”, nos Jogos Olímpicos da atualidade, os competidores buscam a glória pessoal e para o seu país ao superarem seus adversários nas mais diversas modalidades, evidenciando o espírito competitivo presente nas sociedades. Portanto, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois os jogos atuais, diferentemente dos jogos do passado que eram uma homenagem ao deus Zeus, não possuem uma natureza religiosa. A alternativa B está incorreta, pois o texto I não analisa o caráter econômico por trás dos jogos na Antiguidade. A alternativa C está incorreta, pois, nos jogos da Antiguidade, as mulheres, por exemplo, não podiam participar. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o avanço tecnológico não é apontado como algo viabilizado pelas competições. QUESTÃO 65 O movimento de rotação da Terra é o giro que o planeta realiza ao redor do seu próprio eixo. Esse movimento se faz no sentido anti-horário, de oeste para leste, e tem duração aproximada de 24 horas. Graças ao movimento, a luz solar vai progressivamente iluminando diferentes áreas, nos diversos pontos da superfície terrestre. Vale lembrar que, durante o ano, a iluminação do Sol não é igual em todos os lugares da Terra, pois o eixo em torno do qual a Terra faz a sua rotação tem uma inclinação de 23° 27’ em relação ao plano da órbita terrestre. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br>. Acesso em: 27 out. 2023 (Adaptação). O movimento de rotação influencia diretamente na A. definição do intervalo anual. B. origem do campo magnético. C. sucessão dos turnos diurnos. D. duração da translação planetária. E. alternância das estações climáticas. 5QVM LSXX CH – PROVA I – PÁGINA 42 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: O texto da questão aborda o aspecto econômico como um motivador para a organização das expedições de exploração por países europeus, como Portugal e Espanha, a fim de descobrir novas rotas comerciais, tendo em vista o controle turco das rotas do comércio de especiarias. Portanto, percebe-se que o objetivo português de investir em uma nova via e se introduzir nas incursões marítimas esteve relacionado à intenção de garantir o monopólio comercial de especiarias, conforme descrito na alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois formar navegadores de prestígio pode ter sido uma consequência do processo de Expansão Marítima, mas não o objetivo para inserção no projeto. A alternativa C está incorreta, pois o tráfico de escravos para as Américas ocorre em um momento posterior ao tratado no texto. Embora a questão religiosa tenha estado presente no projeto expansionista, os aspectos que o texto traz não se relacionam a esse ideal, o que invalida a alternativa D. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois, nesse contexto, os mitos sobre as áreas desconhecidas ainda estão presentes no imaginário do homem moderno. Em certa medida, esses mitos influenciaram o desejo de confirmação dessas narrativas. QUESTÃO 67 Disponível em: <https://g1.globo.com>. Acesso em: 9 nov. 2023. A projeção apresentada é problematizada por A. excluir os polos planetários. B. ofuscar o hemisfério setentrional. C. distorcer os formatos continentais. D. veicular a perspectiva eurocêntrica. E. alterar o posicionamento geográfico. LØRE Alternativa C Resolução: Como o texto descreve, o movimento de rotação da Terra dura aproximadamente 24 horas e faz com que diferentes partes da superfície, no sentido leste- -oeste, sejam iluminadas progressivamente pela luz solar. Portanto, simultaneamente, há porções da superfície recebendo a luz do Sol (dia) e outras na escuridão (noite), gerando a sucessão entre os turnos diurnos e noturnos. As alternativas A, D e E estão incorretas, pois a translação é o movimento que o planeta realiza em torno do Sol e tem duração aproximada de 365 dias, sendo, portanto, utilizado como referência para a definição da duração do ano. Esse movimento é responsável pela mudança da posição do planeta em relação ao Sol ao longo do ano, causando variações, no sentido norte-sul, na intensidade da incidência da luz solar, o que leva à alternância entre as estações do ano. A alternativa B está incorreta, pois o campo magnético da Terra é gerado pelo núcleo do planeta, que apresenta metais em estado de fusão, originando correntes elétricas e o magnetismo. QUESTÃO 66 Com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 29 de maio de 1453, porém, esse rico comércio [especiarias] encontrou obstáculos – as rotas caíram sob controle turco e ficaram bloqueadas para os mercadores cristãos. [...] Portugal e Espanha passaram a organizar expedições de exploração, visando encontrar rotas alternativas por terra e por mar. [...] Optou-se por um caminho que implicava uma inédita e arriscada manobra: circundar o desconhecido continente africano, cujo percurso completo levou mais de um século para ser realizado. Mas a demora virou proveito e Portugal instalou “feitorias” no litoral africano, vale dizer, estabeleceu pontos estratégicos para uma colonização presente e futura. SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 23. Com base no trecho, o interesse de Portugal em se introduzir nas incursões marítimas objetivou, entre outros aspectos, A. assegurar o monopólio comercial português. B. formar uma classe de navegadores de prestígio. C. intensificar o tráfico de escravos para as Américas. D. implementar um projeto de catequização aos não cristãos. E. corroborar com o fim dos mitos sobre as áreas desconhecidas. L763 CH – PROVA I – PÁGINA 43ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: O mapa da questão foi elaborado a partir da projeção cartográfica de Mercator, que é caracterizada como eurocêntrica. Isso porque exagera as áreas das elevadas latitudes, o que inclui porções continentais do Hemisfério Norte. Além disso, a Europa está em uma posição mais centralizada. Essa perspectiva eurocêntrica relaciona-se com o contexto em que a projeção foi criada, que se trata da Europa do século XVI, marcada pelas Grandes Navegações. A alternativa A está incorreta, pois os polos dos planetas estão representados no mapa. Como eles correspondem às elevadas latitudes, suas áreas estão exageradas. A alternativa B está incorreta, pois o Hemisfério Norte está representado no mapa. Como ele abriga porções continentais de elevadas latitudes, parte de suas áreas estão exageradas. A alternativa C está incorreta, pois a projeção de Mercator é classificada como conforme, ou seja, preserva os formatos continentais. A alternativa E está incorreta, pois a projeção distorce as áreas, mas preserva o posicionamento geográfico. QUESTÃO 68 O caminho trilhado pelo futuro esparciata em busca de sua plena cidadania era diferente dos métodos educacionais de Atenas. Essa educação, realizada em grupos bem determinados e de práticas formalizadas, possivelmente se destinava a inculcar a obediência, a coragem, a disciplina e uma vida pública ao invés da privada. ASSUMPÇÃO, L. F. B. O processo de formação do jovem em Esparta, no século V a.C.: a relevância político-social da agôgé. Anais da Jornada de Estudos Antigos e Medievais, Maringá, 2011. [Fragmento adaptado] De acordo com o texto, o modelo educacional espartano foi marcado pela A. valorização da individualidade dos jovens educandos. B. dedicação dos educandos ao aprendizado da Filosofia. C. promoção dos ideais políticos de naturezademocrática. D. inspiração militarista na formação de soldados- cidadãos. E. instituição do coletivismo na promoção da igualdade social. Alternativa D Resolução: A educação espartana, ao buscar desenvolver valores como obediência, coragem e disciplina, volta-se para um ideal de sociedade militarizada característico dessa pólis. Os homens espartanos eram, desde a infância, preparados para os conflitos militares e incentivados a cultivar a excelência física. Em Esparta, o controle político era exercido justamente por essa elite militar, ou seja, pelos cidadãos guerreiros, que se dedicavam não apenas à guerra, mas também aos assuntos públicos da cidade, o que torna correta a alternativa D. V45F A alternativa A está incorreta, pois a educação espartana era sempre voltada para o coletivo e a vida pública em detrimento do desenvolvimento de individualidades. A alternativa B está incorreta, pois a dedicação ao desenvolvimento das capacidades filosóficas foi uma característica da cidade de Atenas. Contrariamente ao indicado na alternativa C, o modelo educacional espartano não era de forma alguma democrático, uma vez que a sociedade espartana era oligárquica e aristocrática. Por fim, a educação espartana não promovia a igualdade social, pois destinava-se apenas aos filhos da elite espartana. Além disso, mulheres e deficientes físicos eram excluídos desse processo educacional, o que torna incorreta a alternativa E. QUESTÃO 69 O atual estágio de globalização cultural deve ser compreendido como etapa de um processo em curso, longe de ser concluído, no qual formas culturais nacionais ou locais entram crescentemente em contato, desterritorializam-se e geram mediações. COMEGNA, M.; ZIGLIO, L. A cultura e o processo de globalização. Estudos Geográficos, v. 3, n. 2, Rio Claro, dez. 2005. Disponível em: <www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br>. Acesso em: 9 nov. 2023 (Adaptação). A tendência abordada foi possibilitada pelo(a) A. ampliação dos protecionismos alfandegários. B. intensificação da circulação informacional. C. enfraquecimento do turismo internacional. D. desaparecimento das crises financeiras. E. eliminação das restrições migratórias. Alternativa B Resolução: Os avanços tecnológicos dos meios de comunicação possibilitam uma intensa circulação das informações, incrementando o intercâmbio entre culturas e povos, o que contribui para a globalização cultural. A alternativa A está incorreta, pois o protecionismo alfandegário dificulta a globalização ao consistir na imposição de barreiras para a circulação de mercadorias entre as fronteiras nacionais. A alternativa C está incorreta, pois a globalização foi intensificada pelos avanços tecnológicos dos meios de transporte, que facilitaram a circulação de pessoas e, assim, o turismo internacional. A alternativa D está incorreta, pois a globalização é caracterizada pela ampliação da interdependência econômica entre os países, o que contribui para que as crises financeiras se propaguem em escala mundial. A alternativa E está incorreta, pois muitos países mantêm restrições para a entrada de imigrantes em seus territórios. UT81 CH – PROVA I – PÁGINA 44 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 70 O que era um vice-rei? Era alguém que estava no lugar do rei espanhol no México, com corte e palácio na colônia. Era sempre um nobre espanhol de família tradicional, que vinha com poderes quase totais para controlar o novo território. [...] O vice-rei prestava obediência somente ao rei. Porém, era mais comum que sua comunicação não fosse diretamente com o soberano, mas com o conselho criado para tratar da América: o Conselho das Índias. Este grupo de pessoas recebia, na Espanha, as cartas vindas das autoridades na América; resolvia as disputas e nomeava as autoridades. Grandes regiões foram subdivididas em áreas administrativas chamadas de Audiências. Os membros das Audiências faziam visitas de inspeção pelas cidades e aldeias. Muitas cidades também tiveram um Cabildo, espécie de Câmara de Vereadores ou governo municipal. Os membros do Cabildo eram escolhidos entre a elite local: grandes proprietários ou grandes comerciantes. KARNAL, L. A conquista do México. São Paulo: FTD, 1996. De acordo com o texto, o estabelecimento da estrutura administrativa descrita tinha o objetivo de A. promover a integração dos povos nativos à cultura espanhola. B. assegurar o controle metropolitano sobre as regiões coloniais. C. impedir a fragmentação do território conquistado no Novo Mundo. D. reproduzir a estrutura organizacional presente no continente europeu. E. garantir a participação no governo aos povos originários da América. Alternativa B Resolução: Inicialmente, o governo da Espanha transferiu a particulares, os chamados adelantados, o direito de explorar e administrar as terras americanas. Esses homens recebiam da Coroa espanhola o poder político e militar na América. Entretanto, ao notar o aumento das riquezas americanas, o rei anulou o poder desses homens e instituiu a estrutura administrativa descrita no texto, com indivíduos que deveriam representar os interesses reais na América e garantir o controle metropolitano sobre as regiões coloniais. Portanto, a alternativa B está correta. As alternativas A e E estão incorretas, pois o texto não relaciona a estrutura descrita à integração dos indígenas nem à sua participação na política local. A alternativa C está incorreta, pois o texto não associa a estrutura colonial estabelecida na América à preocupação com uma eventual fragmentação do território. No processo de Independência da América Hispânica, essa estrutura contribuiu profundamente para a fragmentação do território em diversos países. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois a estrutura administrativa utilizada na América Espanhola era diferente da adotada em solo europeu. ZNLB QUESTÃO 71 A novidade que o século XIX trouxera foi a incorporação da história na natureza, através das ideias de evolução e de que o determinismo presente no mundo natural seria o mesmo que rege o desenvolvimento da humanidade. A esta foram dados estágios de desenvolvimento. Todos buscavam assim descobrir a lei que rege o progresso, que determina a evolução. Em Comte, ela estava na forma da lei dos três estados; em Darwin e Haeckel, ela estava na aptidão à sobrevivência; em Spencer, na evolução do homogêneo para o heterogêneo. Percebemos com isso que os cientificistas daquele século buscavam descobrir na verdade a lei que rege o conceito kantiano basilar do projeto moderno iluminista, o progressus mundano, substituto do profectus espiritual do qual fala Koselleck. VITAL, D. L. Iluminismo e revolução nas ideias e nas práticas políticas da “ilustração” brasileira. Juiz de Fora, 2015. Dissertação (Mestrado em Educação) – Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Juiz de Fora. [Fragmento] Entre os elementos apontados no texto, um aspecto que se destaca nos primeiros teóricos da Sociologia é o(a) A. permanência das teorias criacionistas no desenvolvimento da prática experimental. B. uso dos métodos das ciências naturais na construção do conhecimento sociológico. C. homogeneização das classes sociais no crescimento do capitalismo industrial. D. avanço dos ritos agnósticos na expansão do saber religioso. E. delimitação dos sistemas tradicionais na educação formal. Alternativa B Resolução: O texto menciona que, nos primórdios da Sociologia, os cientificistas buscavam descobrir a lei que rege o progresso, a evolução social, o que implicava o uso dos métodos das ciências naturais na construção do conhecimento sociológico. Dessa maneira, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta, pois o texto não aborda a permanência das teorias criacionistas no desenvolvimento da prática experimental, pelo contrário, o evolucionismo darwinista teve mais impactos em abordagens sociológicasdo que o criacionismo. A alternativa C está incorreta, pois o texto não menciona a homogeneização das classes sociais no crescimento do capitalismo industrial como um destaque nos teóricos da Sociologia. A alternativa D está incorreta, pois o texto não faz menção ao avanço dos ritos agnósticos na expansão do saber religioso. A alternativa E está incorreta, pois o texto não trata da delimitação dos sistemas tradicionais na educação formal como um destaque nos teóricos da Sociologia. L58D CH – PROVA I – PÁGINA 45ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 72 O Sistema de Posicionamento Global (GPS) é o nome do sistema utilizado para navegação e aquisição de medidas precisas de localização geográfica e geodésica. Desenvolvido e mantido em órbita pelo Departamento de Defesa do governo dos Estados Unidos, o programa foi inicialmente idealizado para uso militar e aberto para uso civil a partir da década de 1980. Desde então, sua aplicação foi disseminada aos mais diversos campos científicos, comerciais, de telecomunicação e outros. Disponível em: <www.embrapa.br>. Acesso em: 30 out. 2023 (Adaptação). O sistema apresentado tem como principal função o(a) A. geração de histogramas climáticos. B. prevenção de movimentos sísmicos. C. detecção de alterações atmosféricas. D. reconhecimento da expansão urbana. E. auxílio da navegação instrumentalizada. Alternativa E Resolução: O Sistema de Posicionamento Global (GPS) possibilita a localização precisa de um ponto sobre a superfície terrestre ao fornecer informações referentes às coordenadas geográficas (latitude e longitude) e à altitude. Por isso, esse sistema é um instrumento aplicado para a navegação (aérea, marítima e terrestre), auxiliando para traçar rotas e guiar os meios de transporte. A alternativa A está incorreta, pois os histogramas climáticos são representações gráficas de aspectos do clima, como a pluviosidade. O GPS limita-se a coletar informações sobre a localização geográfica. A alternativa B está incorreta, pois os sismos são causados por processos que ocorrem no interior da Terra. O GPS coleta informações de pontos situados sobre a superfície. A alternativa C está incorreta, pois o GPS fornece dados da localização, não possibilitando detectar alterações atmosféricas, por exemplo, as condições de nebulosidade ou poluição. A alternativa D está incorreta, pois, para verificar a expansão urbana, é indicado o uso do sensoriamento remoto, que coleta imagens da superfície. QUESTÃO 73 Expansão ultramarina espanhola ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de S.Paulo / Times Books, 1995 (Adaptação). As rotas de navegação utilizadas pelos espanhóis, demonstradas no documento cartográfico, reforçam o(a) A. desinteresse em relação à América no início do expansionismo. B. privilégio na posição geográfica para as Grandes Navegações. C. supremacia na Expansão Marítima dos séculos XV e XVI. D. persistência em alcançar o Oriente pela via marítima. E. ignorância em relação à esfericidade do planeta. VZP1 ØS2A CH – PROVA I – PÁGINA 46 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Além disso, em seu movimento diário aparente, o Sol nasce na direção leste e se põe na direção oeste. Balneário Camboriú está localizada fora da faixa intertropical, pois está ao sul do Trópico de Capricórnio, em uma latitude aproximada de 27° S. Assim, nessa cidade, o Sol sempre incide de forma indireta a partir da direção norte, vindo da direção nordeste no período da manhã e da direção noroeste no período da tarde. No texto, é apontando que, após às 14h, os prédios de Balneário Camboriú bloqueiam a luz solar e deixam a praia na sombra. Portanto, a praia está a leste dos prédios. A alternativa B está incorreta, pois, se a praia estivesse a norte dos prédios, ela receberia a luz solar ao longo de todo o intervalo diurno. As alternativas C e D estão incorretas, pois, se a praia estivesse a oeste ou a noroeste dos prédios, ela receberia a luz solar no período vespertino. A alternativa E está incorreta, pois o texto aponta que é após às 14 horas que a praia fica na sombra. Se ela estivesse a sudoeste dos prédios, ficaria na sombra ao longo de todo o intervalo diurno. QUESTÃO 75 Não é surpresa, portanto, encontrar capital e aptidões genovesas a desempenhar um papel importante, e às vezes decisivos, em empreendimentos ultramarinos ibéricos do século XV. Os genoveses estiveram bem representados nas expedições à costa africana em busca de escravos e de ouro e apoiaram ativamente o movimento de anexação e exploração das ilhas do Atlântico Leste – as Canárias, Madeira e os Açores – onde esperavam instalar novas plantações de cana-de-açúcar. [...] Mas os genoveses foram apenas um elemento, embora muito significativo, na companhia ultramarina ibérica no final da Idade Média. Portugal, em particular, tinha uma importante comunidade mercantil autóctone, que ajudou a ascender ao trono a Casa de Avis na Revolução de 1383-1385. ELLIOTT, J. H. A Conquista Espanhola e a Colonização da América. In: BETHELLL, L. (org.). História da América Latina: América Latina Colonial. v. 1. São Paulo: Universidade de São Paulo; Brasília, DF: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012 (Adaptação). A análise do historiador John Huxtable Elliott, apresentada no trecho anterior, indica que a Expansão Marítima ibérica do século XV foi marcada, entre outros aspectos, pelo(a) A. pluralidade de agentes no projeto expansionista. B. monopólio do conhecimento técnico náutico. C. disputa comercial com cidades italianas. D. hegemonia na exploração do Atlântico. E. patrocínio financeiro das monarquias. 9TDF Alternativa D Resolução: O mapa demonstra que, mesmo após a chegada de Colombo à América em 1492, os espanhóis mantiveram suas empreitadas marítimas com o objetivo de alcançar o Oriente navegando para o oeste, como indicado pelas viagens de Fernão de Magalhães e Sebastião Elcano entre 1519 e 1522, o que torna correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois a persistência em alcançar o Oriente por via marítima não significava desinteresse dos espanhóis pelas terras que seriam chamadas de América. Na verdade, várias incursões foram feitas ao Novo Mundo após a chegada de Colombo para compreender o potencial dessas terras. A alternativa B está incorreta, pois as rotas demonstradas no mapa não estão relacionadas a uma eventual posição geográfica privilegiada da Espanha, mas sim aos interesses espanhóis em alcançar o Oriente por via marítima. A alternativa C está incorreta, pois Espanha e Portugal disputavam o domínio das navegações marítimas no final do século XV e início do século XVI. Por fim, contrariamente ao indicado na alternativa E, a ideia de Colombo em alcançar o Oriente navegando para o oeste estava baseada na crença da esfericidade da Terra. QUESTÃO 74 Balneário Camboriú é chamada de “Dubai brasileira” – e é fácil perceber por quê. Apesar de ser bem menor do que metrópoles como São Paulo ou Rio de Janeiro, a cidade de pouco mais de 145 mil habitantes, em Santa Catarina, ostenta um recorde surpreendente: abriga seis dos dez edifícios residenciais mais altos da América do Sul. A maioria dos prédios altos fica ao longo da Praia Central, a mais famosa da cidade. Essa concentração de gigantes fez com que a orla “perdesse o Sol”. “Depois das 14h, os arranha-céus bloqueiam a luz do Sol e deixam a praia na sombra. Simples assim”, conta uma moradora à BBC. Disponível em: <www.bbc.com>. Acesso em: 30 out. 2023 (Adaptação). O sombreamento da praia no período da tarde indica que ela está situada na seguinte posição em relação aos prédios: A. Leste. B. Norte. C. Oeste. D. Noroeste. E. Sudoeste. Alternativa A Resolução: Ao longo do movimento de translação terrestre, o Sol incide diretamente, em algum momento do ano, apenas nas localidades situadas entre o Trópico de Câncer (latitude aproximada de 23° 27’ N) eo Trópico de Capricórnio (latitude aproximada de 23° 27’ S). 9LJY CH – PROVA I – PÁGINA 47ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: O texto indica que a Expansão Marítima ibérica envolveu a participação de diversos agentes em seu desenvolvimento. Os genoveses, por exemplo, são mencionados como apenas um componente desse projeto, assim como a atuação da comunidade mercantil. Portanto, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois, como mencionado anteriormente, as aptidões genovesas desempenharam um importante papel na Expansão Marítima ibérica, contrariando a ideia de monopólio do conhecimento náutico. A alternativa C está incorreta, pois, contrariamente ao indicado na alternativa, o texto revela uma certa parceria com grupos italianos. A alternativa D também está incorreta, pois o texto destaca a atuação dos genoveses nas expedições à costa africana e não menciona uma hegemonia ibérica na exploração do Atlântico. Por fim, contrariamente ao indicado na alternativa E, o texto destaca a presença de capital genovês. Além disso, de modo geral, o empreendimento marítimo ibérico, sobretudo o português, contou com o investimento financeiro de grupos mercantes. QUESTÃO 76 Fusos horários do Brasil Disponível em: <https://mastergeografia.wordpress.com>. Acesso em: 31 out. 2023. Um voo, com duração de 2 h e 45 min, parte de Porto Alegre (RS) com destino a Porto Velho (RO) às 08h30min. Em qual horário, na hora local de Porto Velho, o avião pousará? A. 12h30min B. 11h30min C. 11h15min D. 10h30min E. 10h15min 1XKA Alternativa E Resolução: O fuso de Porto Alegre corresponde ao GMT–3 e o de Porto Velho corresponde ao GMT–4. Isso significa que as duas cidades apresentam uma diferença de 1 hora em seus fusos, sendo que Porto Velho está a oeste, portanto, atrasado em relação a Porto Alegre. Assim, quando o aviou decolou em Porto Alegre (às 08h30min), em Porto Velho, a hora local correspondia às 07h30min. Acrescentado o tempo de duração da viagem (2 h e 45 min), quando o avião pousou em Porto Velho, a hora local correspondia às 10h15min. QUESTÃO 77 Para os gregos, a partir do olhar de assombro diante do mundo é que se começou a pensar. Assim, o conhecimento se inicia quando as coisas nos provocam a fazer perguntas: como? quando? por quê? A tarefa de conhecer pode ser resumida na relação entre o sujeito cognoscente (que busca o conhecimento) e o objeto conhecido (que se dá a conhecer). O conhecimento é, assim, produto da conjunção da atividade do sujeito com a manifestação de um objeto que de alguma forma se lhe mostra atraente / interessante. BRAGA, W. F. L. O conhecimento. Disponível em: <http://fdc.br>. Acesso em: 17 nov. 2021 (Adaptação). O texto aponta que o surgimento da necessidade de filosofar está relacionado com o(a) A. admiração da sabedoria dos intelectuais. B. conversão à religião da comunidade. C. utilidade dos objetos no cotidiano. D. desejo de compreender o mundo. E. exatidão da análise na ciência. Alternativa D Resolução: Para os gregos, o maravilhamento é algo conectado à curiosidade e ao espanto do ser humano diante dos fatos do mundo. Ao observá-los com esse tipo de olhar, o indivíduo apresentaria grande desejo por compreender os diversos fenômenos por ele testemunhados. Desse modo, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, uma vez que a pura admiração pela sabedoria de outros homens não necessariamente traz consigo a oportunidade de o indivíduo filosofar. A alternativa B está incorreta, já que o texto não trabalha com a influência da religião para o pensamento filosófico. A alternativa C está incorreta, já que a utilidade do conhecimento não é um valor trabalhado pelo trecho do autor dessa questão. A alternativa E está incorreta, pois não só a ciência é discutida pelo texto, mas se tem aqui uma abordagem da Filosofia de modo geral e das diversas formas de conhecimento. LZ83 CH – PROVA I – PÁGINA 48 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 78 A tradição romana apresenta a República como uma realização da aristocracia, que restaurou a “liberdade” de Roma ao expulsar o tirano. Na verdade, a queda dos Tarquínios não aconteceu graças a um ato revolucionário, mas sim à complexa situação circunstancial da Península Itálica, envolvendo as cidades etruscas, latinas e gregas. O ano de 509 a.C. marcou uma mudança de regime, como se verificou igualmente em outras cidades etruscas, nas quais as grandes famílias, exercendo seu poder, substituíram o rei por um colégio de magistrados [...]. CORASSIN, M. L. Sociedade e política na Roma antiga. São Paulo: Atual, 2001. O texto indica que a queda da monarquia em Roma, no final do século VI a.C., resultou da A. mudança na estrutura social romana. B. rivalidade territorial na Península Itálica. C. demanda política da elite social romana. D. continuidade da crise econômica na cidade. E. presença de grande número de estrangeiros. Alternativa C Resolução: O declínio da monarquia foi marcado pelo acirramento dos conflitos políticos entre as classes dos patrícios e dos plebeus. Com efeito, o último rei etrusco, Lúcio Tarquínio, foi deposto pelos patrícios, temerosos de uma aliança do monarca com os plebeus. O texto afirma que “a República foi uma realização da aristocracia”. Ainda segundo o texto, “o ano de 509 a.C. marcou uma mudança de regime, na qual as grandes famílias, exercendo seu poder, substituíram o rei por um colégio de magistrados”, indicando que a queda da monarquia em Roma estava relacionada aos interesses das grandes famílias, ou seja, da aristocracia (elite social) em controlar a esfera política da cidade, libertando-se da tirania etrusca. Portanto, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois, inicialmente, a passagem da monarquia para a República não implicou uma mudança na estrutura social, que permaneceu aristocrática, visto que a elite social foi quem conduziu o processo, atendendo aos seus próprios interesses. A alternativa B está incorreta, pois os conflitos que levaram à queda da monarquia em Roma estavam relacionados ao domínio dos Tarquínios (etruscos) e às disputas entre patrícios e plebeus, e não a disputas territoriais. Contrariamente ao indicado na alternativa D, Roma, nesse período, estava mais próspera devido ao crescimento das atividades comerciais. Além disso, o texto não associa a instituição da República a aspectos econômicos. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o texto não relaciona a queda da monarquia à presença acentuada de estrangeiros, mas ao desejo de romper com o domínio etrusco. QUESTÃO 79 Um dos acontecimentos que marcaram o período da Guerra Fria ocorreu no Vietnã. O conflito armado colocou o regime comunista do Vietnã do Norte contra o governo do Vietnã do Sul e seu principal aliado, os Estados Unidos. Enquanto o Vietnã do Norte tentava unificar todo o país sob um único regime comunista inspirado nas experiências soviética e chinesa, o governo sul-vietnamita lutava para ter um sistema mais alinhado com o Ocidente, principalmente com os Estados Unidos. Tanto a União Soviética quanto a China enviaram armas, suprimentos e conselheiros de guerra para o Vietnã do Norte. Os Estados Unidos forneceram mais de 550 mil militares para servir ao Vietnã do Sul. REDAÇÃO NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL. O que foi a Guerra do Vietnã e quais as suas causas? National Geographic Brasil, set. 2023. Disponível em: <www.nationalgeographicbrasil.com>. Acesso em: 7 nov. 2023. [Fragmento] A Guerra do Vietnã insere-se em um contexto em que os conflitos foram marcados pela seguinte motivação: A. Rivalidade étnica. B. Polarização ideológica. C. Terrorismo internacional. D. Competitividade comercial. E. Fundamentalismo religioso. V35F UAZW CH – PROVA I – PÁGINA 49ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: Na Guerrado Vietnã, o Vietnã do Norte procurou unificar todo o país sob um único regime comunista. Já o Vietnã do Sul tentou manter um sistema alinhado ao capitalismo. Portanto, esse conflito reflete a polarização ideológica do período da Guerra Fria, marcada pelo antagonismo entre dois sistemas político-econômicos, o capitalismo e o socialismo. As demais alternativas estão incorretas, pois apontam aspectos que não foram a causa principal das tensões geopolíticas características do período da Guerra Fria. Os aspectos indicados nas alternativas estão mais relacionados às tensões que marcam o período da Nova Ordem Mundial, que emerge a partir do fim da Guerra Fria, entre o final dos anos de 1980 e início dos anos de 1990. QUESTÃO 80 Os vasos figurados gregos não podem ser chamados de obras de arte em virtude da própria indefinição do que seja arte. Uma elaboração consensual de um conceito de arte plausível para todas as sociedades humanas é, sob ponto de vista teórico, uma tarefa bastante complicada. A definição do que é ou não uma obra de arte está, por conseguinte, basicamente centrada nas especulações e interesses internos de uma disciplina que se propõe estudar os ditos objetos: a História da Arte. Os vasos figurados gregos não eram objetos de consumo por seu valor eminentemente estético. Eles tinham uma série de funções específicas. MOURA, J. F. Obras de arte ou artesanato? Algumas considerações sobre os vasos figurados gregos. Mirabilia 01, dez. 2001. Ao problematizar o conceito de arte, o texto utiliza como exemplo produções gregas da Antiguidade por elas apresentarem A. banalidade cultural. B. identidade religiosa. C. irregularidade técnica. D. funcionalidade cotidiana. E. finalidade contemplativa. Alternativa D Resolução: O texto evidencia que os vasos figurados gregos não eram objetos consumidos pelo seu valor estético, característica que geralmente é associada às obras de arte na contemporaneidade. Sabe-se que tais vasos tinham uma série de funções específicas, relacionadas ao cotidiano grego, que iam desde a praticidade de seu uso para fins de armazenamento, até como objetos funerais ou votivos, o que torna a alternativa D correta. A alternativa A está incorreta, pois os vasos gregos não eram considerados banais, mas extremamente importantes para diversos aspectos do cotidiano da sociedade grega. A alternativa B está incorreta, pois, embora alguns vasos gregos apresentem elementos religiosos, não se pode generalizar que eles apresentam uma identidade religiosa. A alternativa C está incorreta, pois a problematização sobre o conceito de arte não se refere à qualidade técnica dos vasos gregos, até porque eles apresentam elementos técnicos apurados. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, apesar de as obras de arte poderem ter finalidade contemplativa, o texto aponta que os vasos figurados gregos não eram consumidos por seu valor eminentemente estético. QUESTÃO 81 Menos visíveis, mas igualmente profundos foram os desenvolvimentos no universo das relações afetivas. Nas camadas altas e médias das comunidades medievais, onde nome e fortuna eram o binômio que marcava os destinos de homens e mulheres, a escolha de parceiros dependia de critérios estamentais ou refletia interesses políticos ou econômicos familiares. Com o advento da modernidade, certas instituições começaram a se consolidar e a adquirir importância – entre elas o amor romântico, o casamento por escolha mútua, a estrutura nuclear da família, o reconhecimento da infância e mesmo da adolescência enquanto fases peculiares da vida. QUINTANEIRO, T. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. [Fragmento] As transformações apontadas no texto revelam um aspecto da modernidade que pode ser caracterizado por: A. Ruptura das tradições matrimoniais na sociedade. B. Instabilidade das relações sociais na adolescência. C. Irrelevância das religiões cristãs na aristocracia. D. Aumento da taxa de natalidade no subúrbio. E. Incremento da produção fabril na Europa. VTGW Z3C6 CH – PROVA I – PÁGINA 50 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: O texto, ao analisar a Expansão Marítima europeia, especialmente a portuguesa, destaca o desenvolvimento de uma série de instrumentos de navegação, além da criação de embarcações mais resistentes, como as caravelas, e a disseminação de conhecimentos náuticos orientais. Portanto, o texto associa a Expansão Marítima europeia ao desenvolvimento de conhecimentos técnicos-científicos necessários à navegação, o que torna correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o texto não menciona alianças com os reinos orientais, apenas destaca a importância da difusão de instrumentos há muito utilizados pelos povos do Oriente. A alternativa C está incorreta, pois, apesar da existência de apoio estatal ao empreendimento marítimo, o texto não explicita esse aspecto. A alternativa D está incorreta, pois, embora a mudança na mentalidade europeia na passagem da Idade Média para a Modernidade tenha sido fundamental para as Grandes Navegações, esse aspecto não está presente no texto. Por fim, contrariamente ao indicado na alternativa E, o imaginário mítico-religioso acerca do mundo conviveu com o desenvolvimento técnico-científico do período. QUESTÃO 83 O conceito de território não deve ser confundido com o de espaço ou de lugar, estando muito ligado à ideia de domínio ou de gestão de uma determinada área. Desse modo, o território está associado à ideia de controle, seja o exercido pelo Estado ou pelas grandes empresas que estendem os seus tentáculos por grandes áreas territoriais, ignorando as fronteiras políticas. ANDRADE, M. A questão do território no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1995 (Adaptação). Considerando a perspectiva do texto, o conceito apresentado corresponde a uma categoria geográfica constituída através do(a) A. identificação de aspectos visíveis. B. delimitação de áreas homogêneas. C. descrição de elementos da natureza. D. estabelecimento de relações de poder. E. desenvolvimento de vivências afetivas. Alternativa D Resolução: O território é uma categoria geográfica que consiste no espaço apropriado a partir de relações de poder. O texto evidencia essa noção, pois afirma que o território está vinculado à ideia de domínio, gestão e controle; como os exercidos pelo Estado ou pelas grandes empresas. A alternativa A está incorreta, pois a paisagem é que é composta pelos aspectos visíveis do espaço. A alternativa B está incorreta, pois as regiões é que são áreas homogêneas em relação a determinado aspecto físico ou humano (por exemplo, regiões econômicas ou regiões climáticas). 84NA Alternativa A Resolução: O trecho discute as transformações nas relações afetivas durante a modernidade, especialmente nas camadas altas e médias das comunidades medievais. O texto destaca o surgimento do amor romântico, do casamento por escolha mútua e a consolidação de instituições, indicando uma ruptura com os critérios estamentais e interesses políticos ou econômicos familiares que marcavam as escolhas de parceiros nas camadas altas e médias medievais. Dessa forma, evidencia-se as transformações nas relações afetivas durante a modernidade, indicando que a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois o texto não aborda a instabilidade das relações sociais na adolescência como um aspecto destacado da modernidade. A alternativa C está incorreta, pois o texto não sugere a irrelevância das religiões cristãs na aristocracia como uma característica da modernidade. A alternativa D está incorreta, pois o texto não menciona o aumento da taxa de natalidade no subúrbio como uma característica da modernidade. A alternativa E está incorreta, pois, ainda que a modernidade tenha trazido um incremento da produção fabril na Europa, o texto concentra-se nas mudanças ocorridas nas relações afetivas. QUESTÃO82 O que permitiu as grandes viagens marítimas, nesse período, foi o desenvolvimento dos instrumentos de navegação, a criação de embarcações mais resistentes e modernas, os incentivos e investimentos financeiros e também a disposição dos navegadores para viajar. Instrumentos como a ampulheta, a balestilha, o astrolábio, a bússola, o quadrante, etc., há muito tempo conhecidos no Oriente, foram, nesse período, bastante divulgados entre os europeus e aperfeiçoados por eles. A criação da caravela pelos portugueses foi outro importante fator que possibilitou as viagens marítimas, pois ela era uma embarcação forte, que permitia enfrentar correntes e tempestades do alto-mar, era veloz e dotada de bom espaço para carregar a tripulação e a carga. SOUZA, W. As Grandes Navegações e o Descobrimento do Brasil. Disponível em: <www.fafich.ufmg.br>. Acesso em: 24 out. 2023. [Fragmento] O texto associa a Expansão Marítima europeia no contexto moderno ao(à) A. estabelecimento de alianças com os reinos do Oriente. B. desenvolvimento de conhecimentos técnico-científicos. C. direcionamento dos esforços estatais para as navegações. D. transformação da mentalidade europeia no fim da Idade Média. E. superação do imaginário europeu acerca do desconhecido. LMØ8 CH – PROVA I – PÁGINA 51ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa C está incorreta, pois a descrição dos elementos da natureza não implica, necessariamente, o exercício de relações de poder. A alternativa E está incorreta, pois o lugar é que é constituído a partir das vivências e do estabelecimento de laços afetivos com o espaço. QUESTÃO 84 A visibilidade e popularidade são importantes instrumentos para a aquisição e manutenção do comando social. E os romanos souberam muito bem utilizar suas festas. A partir do imperador Otávio, passaram-se a comemorar em todas as províncias os dies natalis, ou seja, o aniversário do governante, e os dies imperii, o dia em que ele ascendeu ao comando imperial. Comemorar essas datas era demonstrar lealdade, pedir que o governante continuasse clemente na condução dos assuntos de Estado e solicitar aos deuses que, ao mantê-lo no comando, mantivessem também a ordem imperial. GONÇALVES, A. T. M. As festas romanas. Revista de Estudos do Norte Goiano, v. 1, n. 1, p. 27-37, 2008. [Fragmento adaptado] As festividades realizadas durante o Período Imperial Romano, tal como apresentadas no texto anterior, visavam A. intimidar os inimigos do governo. B. suscitar apoio financeiro do povo. C. desestimular a burocracia imperial. D. fomentar tensões entre as classes. E. assegurar a manutenção do poder. Alternativa E Resolução: De acordo com o texto, ao comemorar certas datas, como o nascimento do imperador e sua ascensão ao comando do império, os súditos demonstravam lealdade ao centro do poder e faziam pedidos aos deuses pela manutenção da ordem. Portanto, essas festividades, promovidas pelo governo, conforme descrito no texto, tinham como objetivo garantir a posição do imperador e manter o poder no Estado imperial. Isso valida a alternativa E como correta. A alternativa A está incorreta, pois as festividades buscavam obter apoio ao governo, e não necessariamente intimidar adversários. A alternativa B está incorreta, já que, conforme descrito no texto, as festividades buscavam apoio político e simbólico ao imperador, e não apoio financeiro. A alternativa C está incorreta, pois ao garantir a manutenção do poder, as festividades ajudavam na continuidade da estrutura organizativa imperial, centrada na figura do imperador. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois o objetivo dessas festividades e celebrações era evitar crises e tensões ao criar um símbolo comum. UNBC QUESTÃO 85 Logo no início da Guerra Fria, o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos, fundou, em abril de 1949, por meio do Tratado de Washington, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Naquele contexto, a OTAN correspondia a uma aliança militar de assistência mútua contra uma possível tendência expansionista da União Soviética. ALENCAR, D.; PEREIRA, R. A criação da OTAN e sua permanência no período pós-Guerra Fria. Fronteira, v. 3, n. 5, Belo Horizonte, jun. 2004. Disponível em: <https://periodicos.pucminas.br>. Acesso em: 6 nov. 2023 (Adaptação). A aliança militar em questão foi fundada com o objetivo de realizar o(a) A. promoção da defesa coletiva. B. financiamento da corrida espacial. C. negociação de acordos comerciais. D. reivindicação de territórios coloniais. E. gerenciamento de crises financeiras. Alternativa A Resolução: O texto indica que Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada pelos países do bloco capitalista como “uma aliança militar de assistência mútua contra uma possível tendência expansionista da União Soviética”. Ou seja, se um de seus membros fosse atacado, todos os demais comprometiam-se em defendê-lo. A alternativa B está incorreta, pois, durante a Guerra Fria, eram os governos dos Estados Unidos e da União Soviética que financiavam suas pesquisas e projetos aeroespaciais. As alternativas C e E estão incorretas, pois a OTAN é uma organização de caráter militar, não atuando na área econômica. A alternativa D está incorreta, pois o período pós-Segunda Guerra Mundial foi marcado pela descolonização. Além disso, as duas potências rivais da Guerra Fria não disputavam territórios coloniais, mas sim a hegemonia mundial de seus sistemas político-econômicos (capitalismo e socialismo), buscando angariar áreas de influência. QUESTÃO 86 Em meados do século V a.C., foi publicada a Lei das Doze Tábuas. Embora fosse a codificação da legislação tradicional, que previa grande poder aos patriarcas, estabeleceu-se ali o importante princípio da lei escrita. De fato, o chamado direito consuetudinário, baseado na tradição, gerava grande insegurança – já que, em caso de divergência, a palavra final era sempre dos patrícios. Com a publicação da lei, todos podiam recorrer a um texto conhecido para reclamar direitos sem depender da boa vontade dos poderosos. Instituiu-se também a classificação das pessoas pelas posses. Isso beneficiou os plebeus ricos, cuja importância social começou a ser reconhecida. FUNARI, P. P. A cidadania entre os romanos. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. (org.). História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2005. MRH7 FVN2 CH – PROVA I – PÁGINA 52 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A lei mencionada no texto representou, no contexto republicano da Roma Antiga, a A. oficialização da legislação romana. B. subversão da estrutura social romana. C. manutenção das desigualdades jurídicas. D. expansão da participação popular no poder. E. supressão das disparidades socioeconômicas. Alternativa A Resolução: Ao publicar a Lei das Doze Tábuas, permitindo que os indivíduos vivendo em Roma pudessem ter conhecimento das leis e, portanto, conhecer seus direitos, o governo republicano oficializou o direito romano. Isso torna correta a alternativa A. As alternativas B e E estão incorretas, pois, embora a oficialização da legislação tenha permitido que os plebeus agissem contra os arbítrios dos patrícios, não alterou a estrutura social romana e não suprimiu as desigualdades sociais e econômicas existentes na cidade, uma vez que os patrícios se mantiveram como grupo social privilegiado. A alternativa C está incorreta, pois a Lei das Doze Tábuas implicava a conquista da igualdade jurídica pelos plebeus. Por fim, contrariamente ao indicado na alternativa D, apesar de garantir direitos civis, a Lei das Doze Tábuas não assegurou maior participação popular na vida política romana. QUESTÃO 87 A liberdade adquire valor antropocêntrico, visto que o homem é o centro das reflexões. O homem é livre na medida em que pode escolher fazer ou não fazer alguma coisa sem ser coagido por nenhuma força exterior. MACKEIVICZ, O. O problemada liberdade na história da Filosofia. Disponível em: <www.educadores.diaadia.pr.gov.br>. Acesso em: 27 nov. 2023. A concepção apresentada no trecho descreve uma compreensão em que a liberdade A. indica o nível de evolução do gênero humano. B. dificulta a estabilidade das comunidades políticas. C. depende da existência de opções limitadas pelo mundo físico. D. expressa a capacidade do ser humano em decidir entre as ações possíveis. E. expõe o desejo da humanidade de superar as limitações da natureza material. Alternativa D Resolução: A concepção apresentada no trecho destaca a liberdade como a capacidade do ser humano em decidir entre as ações possíveis. Essa compreensão reflete a ideia de que a liberdade adquire valor antropocêntrico, sendo o homem o centro das reflexões. A liberdade, nesse contexto, é caracterizada pela capacidade de escolher fazer ou não fazer algo sem a determinação de forças exteriores. Dessa forma, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, já que esta opção não reflete a concepção apresentada no trecho. A liberdade, conforme descrito, não está associada diretamente ao nível de evolução do gênero humano, mas sim à capacidade individual de escolha. A alternativa B está incorreta, uma vez que o texto destaca a liberdade como uma capacidade individual, não como um fator que dificultaria a estabilidade das comunidades políticas. A alternativa C está incorreta porque a liberdade, segundo o texto, é mais relacionada à capacidade de escolha do que à existência de opções limitadas pelo mundo físico. A alternativa E está incorreta, pois o texto destaca a capacidade de escolha individual, não necessariamente um desejo de superar as limitações da natureza material como sendo a essência da liberdade. QUESTÃO 88 Em um mapa, uma diminuição progressiva da escala cartográfica corresponde a um aumento da probabilidade de homogeneidade do ambiente estudado. A tendência à homogeneidade aumenta na razão inversa da escala. Assim, a redução da escala do mapa envolve processos de generalização cartográfica, como a simplificação de traçados de linhas e contornos e a eliminação ou fusão de pontos, linhas ou polígonos. OLIVEIRA, I.; ROMÃO, P. As escalas da Geografia: pontes entre os conceitos de escala cartográfica e escala geográfica. Boletim Goiano de Geografia, v. 41, n. 1, 2021. Disponível em: <https://revistas.ufg.br>. Acesso em: 1 nov. 2023 (Adaptação). 1DB4 NWY6 CH – PROVA I – PÁGINA 53ENEM – VOL. 1 – 2024BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O tipo de alteração da escala descrito no texto acarreta o(a) A. declínio do nível de detalhamento. B. manutenção das distâncias gráficas. C. substituição da projeção cartográfica. D. aprimoramento do sistema de coordenadas. E. eliminação das distorções da representação. Alternativa A Resolução: O texto indica que a redução da escala do mapa acarreta a diminuição do nível de detalhamento, pois leva a um aumento da homogeneidade e à generalização, “como a simplificação de traçados de linhas e contornos e a eliminação ou fusão de pontos, linhas ou polígonos”. Isso ocorre porque a diminuição da escala implica reduzir a realidade um número maior de vezes para ser representada cartograficamente. A alternativa B está incorreta, pois, com a redução da escala, as distâncias no mapa serão encurtadas. As alternativas C e D estão incorretas, pois a redução da escala não altera a projeção cartográfica nem o sistema de coordenadas geográficas do mapa. A alternativa E está incorreta, pois os mapas, por serem uma representação plana do globo, sempre apresentam algum tipo de distorção. QUESTÃO 89 A Guerra do Peloponeso combinou o ataque de seus pares com a revolta de seus súditos, cujas classes abastadas reagiam às oligarquias do continente desde o começo da guerra. Mesmo assim, o ouro persa foi necessário para financiar uma frota espartana capaz de terminar com o domínio ateniense do mar, antes que o Império Ateniense fosse finalmente derrubado por terra por Lisandro. Depois disso já não houve mais oportunidade de as cidades helênicas gerarem um estado imperial unificado a partir de seu meio interior, apesar de sua relativamente rápida recuperação dos efeitos da longa Guerra do Peloponeso: a própria paridade e multiplicidade de centros urbanos na Grécia neutralizava-as coletivamente para a expansão externa. As cidades gregas do século IV mergulharam na exaustão [...]. ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987. Segundo o texto, no contexto da Antiguidade Grega, o conflito descrito contribuiu para a A. expansão da cultura helênica. B. extenuação das cidades-estado. C. dominação duradoura de Esparta. D. ascensão do imperialismo ateniense. E. multiplicação de regimes oligárquicos. Alternativa B Resolução: O texto destaca que, com a Guerra do Peloponeso, “as cidades gregas do século IV mergulharam na exaustão”, indicando o enfraquecimento das pólis gregas. Portanto, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois, segundo o texto, “a própria paridade e multiplicidade de centros urbanos na Grécia neutralizavam-nas [as cidades helênicas] coletivamente para a expansão externa”. CDAE Contrariamente ao indicado na alternativa C, apesar da vitória na Guerra do Peloponeso, o domínio espartano foi efêmero. A alternativa D está incorreta, pois o resultado da Guerra do Peloponeso, com a derrota de Atenas, significou o fim da hegemonia ateniense sobre as demais cidades- -estado gregas. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, apesar da vitória de Esparta, uma oligarquia, ter gerado a multiplicação desse regime, o texto não aborda esse aspecto. QUESTÃO 90 Desde as últimas duas décadas do século XX, o mundo experimentou uma nova aceleração do processo de globalização. Uma característica dessa nova onda é o aumento dos fluxos financeiros e comerciais entre os países. Dia após dia, lemos no noticiário econômico discussões acerca dos chamados “capitais especulativos” e “capitais de investimento direto”, assim como a intensa disputa comercial envolvendo empresas e países. TUROLLA, F. Globalização e desigualdade. GVExecutivo, v. 2, n. 4, nov. 2003. Disponível em: <https://periodicos.fgv.br>. Acesso em: 9 nov. 2023 (Adaptação). O cenário abordado decorre da seguinte tendência do processo de globalização: A. Abertura dos mercados. B. Pacificação dos conflitos. C. Estatização das empresas. D. Estagnação das tecnologias. E. Decadência das transnacionais. Alternativa A Resolução: O texto aponta uma característica da globalização, que é a intensificação dos fluxos financeiros e comerciais entre os países. Isso foi possibilitado pela abertura dos mercados, que reduziram ou eliminaram as barreiras para a circulação de capitais e mercadorias. A alternativa B está incorreta, pois a globalização não eliminou os conflitos no cenário mundial. Além disso, o texto aborda aspectos econômicos, e não geopolíticos. A alternativa C está incorreta, pois o texto refere-se a um contexto econômico marcado pela expansão do neoliberalismo, que envolve a redução da intervenção estatal na economia, a privatização de empresas e a liberalização dos mercados. A alternativa D está incorreta, pois a intensificação dos fluxos de capitais e de mercadorias foi possibilitada pelos avanços tecnológicos dos meios de comunicação e transporte. A alternativa E está incorreta, pois a globalização, sobretudo no período pós-Segunda Guerra Mundial, foi acompanhada da expansão mundial das empresas transnacionais. Elas passaram a instalar unidades produtivas em diferentes regiões do globo e ampliaram o mercado de seus produtos. Com isso, houve um incremento da circulação de seus investimentos e mercadorias em escala mundial. 4HG9 CH – PROVA I – PÁGINA 54 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO