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L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - SIMULADO ENEM 2024 - VOLUME 1 - PROVA I C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 GAULD, T. Disponível em: <www.tomgauld.com>. Acesso em: 25 out. 2023. Na tirinha, a mensagem do balão é compartilhada por dois personagens diferentes e separa dois momentos distintos que evidenciam o A. empenho dos pais em melhorar as notas da filha. B. interesse da garota em participar dos afazeres escolares. C. tempo perdido pela observação minuciosa do espaço físico. D. reconhecimento diferente dado a um mesmo comportamento. E. cuidado do professor em garantir um futuro de sucesso da aluna. Alternativa D Resolução: Uma possível tradução da fala compartilhada entre os personagens da tirinha seria: “isto [nota / medalha] é por gastar todo o seu tempo olhando para o espaço”. No primeiro quadrinho, durante uma reunião escolar, a aluna recebe uma nota ruim por esse comportamento. Já no segundo quadrinho, durante uma conferência de astronomia, ela recebe uma medalha. Assim, a mesma fala separa dois momentos distintos da vida da garota que evidenciam o reconhecimento diferente dado a um mesmo comportamento: o de gastar todo o tempo observando o espaço. Portanto, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois o empenho dos pais em melhorar as notas da filha não está em evidência na tirinha nem tem relação com o balão compartilhado. A alternativa B está incorreta, pois depreende-se que, no período escolar, a menina gostava de passar o seu tempo observando o espaço, e não participando dos afazeres escolares. A alternativa C está incorreta, pois o tempo gasto observando o espaço rendeu à personagem uma medalha na vida adulta e, portanto, não pode ser considerado como um tempo perdido. A alternativa E está incorreta, pois o professor critica o comportamento da menina e lhe dá uma nota baixa por isso. Assim, ele não está preocupado com o futuro dela, pois poderia incentivá-la desde cedo a seguir estudando astronomia, já que era sua área de interesse. F5S1 ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa E está incorreta, pois, como anteriormente explicado, embora houvesse um temor da sexualização dos corpos femininos durante a corrida, não há informações no texto que liguem isso à utilização de qualquer traje. QUESTÃO 03 Disponível em: <https://www.dss.gov.au>. Acesso em: 25 out. 2023. Na campanha sobre violência doméstica realizada pelo governo australiano, o uso da expressão reach out sugere a ideia de que o interlocutor do texto deve A. entrar em contato com os meios informados para pedir ajuda. B. oferecer auxílio imediato às vítimas de violência da vizinhança. C. deixar sua residência o mais rápido possível em caso de agressão. D. mobilizar a sociedade para impedir novos casos de violência doméstica. E. alcançar a rede de apoio local através dos pontos de encontro anunciados. Alternativa A Resolução: O termo reach out tem o sentido, no contexto apresentado, de “entrar em contato com alguém”. Assim, o uso dessa expressão sugere que o interlocutor da campanha procure ajuda e entre em contato através dos meios informados no cartaz. Portanto, está correta a alternativa A, que contempla o sentido correto da expressão. A alternativa B está incorreta, pois oferecer auxílio imediato às vítimas de violência da vizinhança é uma afirmação que extrapola as informações contidas na campanha e o seu objetivo. Além disso, não tem relação com o termo em destaque no enunciado. A alternativa C está incorreta, pois não há informações na campanha que sugiram ao interlocutor que ele deixe sua residência o mais rápido possível em caso de agressão. A alternativa D está incorreta porque não há sugestão ao interlocutor no cartaz sobre mobilizar-se socialmente para impedir novos casos de violência doméstica, mas sim sobre entrar em contato caso sofra agressão. A alternativa E está incorreta, pois não há, no cartaz, informações ou anúncios de pontos de encontro que serviriam como rede de apoio local. 8O9P QUESTÃO 02 “Women are not physiologically capable of running a marathon.” Those nine words leapt off the paper like a slap to the face. The letter she held was the response to her request for an official entry to run the 1966 Boston Marathon – a flat-out refusal, but also a derogatory sideswipe of her capabilities as a woman, particularly given she was now running up to 40 miles at a stretch. In the mid-1960s, women’s long-distance running was still considered dangerously radical. Female runners had completed 26.2 miles many times, but groundless ideas lingered that a woman’s body was not built for such extreme exertion. It was feared that allowing women to take on the distance would lead to dangerous levels of indecency. GIBB, B. The Boston Marathon pioneer who raced a lie. Disponível em: <www.bbc.com>. Acesso em: 19 out. 2023 (Adaptação). No texto, a resposta oficial da Maratona de Boston, nos Estados Unidos, em 1966, expõe um caráter discriminatório perante as mulheres. Nesse sentido, entre as razões dadas às mulheres como impeditivas para competir, destaca-se a A. inexistência de coletivos femininos organizados nas corridas. B. impossibilidade de elas disputarem o pódio com outros homens. C. falsa ideia de que elas não tinham o biotipo recomendado para correr. D. proibição da prática de atividades físicas pelo grau de periculosidade. E. inadequação moral dos trajes utilizados nas competições da época. Alternativa C Resolução: A notícia trata sobre uma maratonista que, nos anos 1960, quando mulheres já corriam maratonas, foi impedida de competir em uma delas com a alegação de que “mulheres não são fisiologicamente capazes de correr”. A notícia apresenta outros pensamentos da época que foram empecilhos para uma mulher competir em maratonas, todos relacionados a uma suposta incapacidade física feminina, inclusive temendo uma sexualização do corpo da mulher. Portanto, a alternativa correta é a C, referente a essas razões preconceituosas citadas pela notícia. A alternativa A está incorreta, pois não há informações no texto sobre coletivos femininos organizados. A alternativa B está incorreta porque o texto não informa que as mulheres eram impossibilitadas de competir e disputar o pódio com outros homens. O fato de elas não poderem competir não é uma razão, mas sim uma consequência do pensamento preconceituoso da época. A alternativa D está incorreta, pois o texto não menciona a proibição de práticas de atividades físicas pelo seu grau de periculosidade. O que o texto informa é que o pedido de participação de uma mulher na Maratona de Boston foi recusado e que, na época, a corrida de longa distância feminina era considerada um esporte perigosamente radical. 1OF3 LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 04 poem where no one is deported now i like to imagine la migra running into the sock factory where my mom & her friends worked. it was all women who worked there. women who braided each other’s hair during breaks. women who wore rosaries, & never had a hair out of place. women who were ready for cameras or for God, who ended all theirsentences with si dios quiere. as in: the day before this god was the god that woke me up at 7am every day for school to let me know there was food in the fridge for me & my brothers. i never asked my mom where the food came from, but she told me anyway: gracias a dios. gracias a dios del chisme, who heard all la migra’s plans & whispered them into the right ears to keep our families safe. OLIVAREZ, J. Disponível em: <https://poets.org>. Acesso em: 21 set. 2023. [Fragmento] O poema de José Olivarez estrutura-se a partir de um recurso linguístico que destaca o(a) A. efeito negativo da fome. B. falta de direitos nas fábricas. C. isolamento das trabalhadoras. D. vínculo entre desconhecidas. E. origem de uma comunidade. Alternativa E Resolução: A partir da leitura do poema, é possível inferir que o autor utiliza o recurso linguístico da mescla de dois idiomas (inglês e espanhol) como forma de destacar as origens e os costumes da comunidade do eu lírico. Embora não se saiba exatamente sua nacionalidade, infere-se que é latino-americano. O eu lírico conta sua história em língua inglesa e resgata as falas que ouvia e com as quais estava acostumado em espanhol. Assim, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o eu lírico relata que não faltava comida na geladeira e, portanto, é incorreto dizer que ele utiliza recurso linguístico para destacar o efeito negativo da fome. A alternativa B está incorreta, pois, em momento algum, o poema apresenta a informação sobre falta de direitos trabalhistas. A alternativa C está incorreta, pois não é possível inferir que as mulheres estivessem isoladas umas das outras ou de outros grupos. Na verdade, o texto menciona que as mulheres eram amigas. A alternativa D está incorreta porque não se pode afirmar que as mulheres eram desconhecidas, uma vez que trabalhavam juntas na fábrica e o eu lírico afirma que a mãe trabalhava com as amigas. EZRS QUESTÃO 05 People’s beliefs and attitudes to work will have a big impact on their creative development. Some are “performance-oriented”: they are very concerned about how they compare to others. In general, they see their talents as fixed, and so prefer to stick to tasks that will consistently result in success. They tend to take feedback more personally. They think that if you are unable to perform well, it’s because of the lack of capability – and it’s not something you can develop. Others are “learning-oriented”: they tend to be more focused on the opportunity to increase their skills and broaden their knowledge. They are also more resilient in the face of failure, since they analyse what went wrong and use those lessons as an opportunity for growth. To see whether these mindsets could influence people’s creativity, employees of a large electro-optical manufacturer in Israel were examined. Overall, it was found that the learning-oriented employees showed greater improvement in the number and quality of ideas they contributed to the scheme, compared to those who were performance-oriented, who tended to give up and stop trying after they had faced a disappointment. ROBSON, D. Disponível em: <www.bbc.com>. Acesso em: 12 jun. 2021. [Fragmento adaptado] Ao comparar as características de pessoas learning- oriented e performance-oriented, o texto sugere que, para desenvolver a criatividade, aqueles com o perfil voltado para o desempenho deveriam A. aprimorar a maneira de lidar com a frustração. B. realizar tarefas corriqueiras com mais precisão. C. combater a propensão a cometer os mesmos erros. D. explorar seus pontos fortes para lidar com suas limitações. E. investir na relação com os colegas de trabalho mais criativos. Alternativa A Resolução: Segundo o texto, pessoas com perfil voltado para o desempenho (performance-oriented) tendem a acreditar que não são capazes de desenvolver outros talentos e, por isso, preferem se concentrar em tarefas que executam bem. Essa crença prejudica o desenvolvimento da criatividade, já que essas pessoas não estão dispostas a experimentar situações novas. O texto afirma também que elas tendem a desistir depois de um fracasso ou decepção. Já as pessoas com perfil voltado para a aprendizagem (learning-oriented) são mais resilientes e receptivas a novas experiências, o que estimula sua criatividade e, consequentemente, sua atuação no mundo do trabalho. Isso está claro no último parágrafo, no qual se informa que estas contribuíram de forma mais significativa do que aquelas. Sendo assim, é correto afirmar que, para desenvolver a criatividade, as pessoas com perfil voltado para o desempenho deveriam aprimorar a maneira de lidar com a frustração, conforme indica a alternativa A. XWFV ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 Desde hace rato, cuando ustedes llegaron Ya estaban las huellas de nuestros zapatos Se robaron hasta la comida’e gato Y todavía se están lamiendo el plato Bien encabrona’o con estos ingratos Hoy le doy duro a los tambores Hasta que me acusen de maltrato Si no entiendes el dato Pues te lo tiro en cumbia Bossa nova, tango o vallenato Estos canallas se les olvidó que el calendario que usan Se lo inventaron los Mayas Con la Valdivia Precolombina desde hace tiempo, ah Este continente camina RESIDENTE. This is not America. Miami: Sony Music Latin, 2022. [Fragmento] Na letra da canção, o eu lírico expressa que a América Latina é uma região A. questionada por sua identidade. B. influenciada pelos países ricos. C. depreciada no aspecto musical. D. desapropriada de sua história. E. aprisionada ao passado opressor. Alternativa D Resolução: Na letra da canção “This is not America”, expressa-se que a América Latina tem uma história que antecede a chegada dos colonizadores (“Desde hace rato, cuando ustedes llegaron / Ya estaban las huellas de nuestros zapatos”). Porém, essa história não é reconhecida, sendo a região desapropriada do seu legado, como se a América Latina tivesse passado a existir apenas após a chegada dos europeus. As contribuições dos povos ameríndios, apesar de fundamentais, são desconsideradas (“Estos canallas se les olvidó que el calendario que usan / Se lo inventaron los Mayas”). Portanto, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque a letra da canção não expressa que a América Latina é questionada por sua identidade, mas, antes, é expropriada de seus elementos típicos (“Se robaron hasta la comida’e gato”). A alternativa B está incorreta porque a América Latina mostra-se uma região autônoma e que contribui cultural e intelectualmente com outras. ØIFV A alternativa C está incorreta porque, embora o eu lírico cite estilos musicais latino-americanos, não o faz com o intuito de demonstrar que esses estilos são depreciados, mas sim de mostrar a variedade e a riqueza artística. A alternativa E está incorreta porque, embora infira-se que o passado tenha sido opressor devido ao processo de colonização e subjugação dos povos ameríndios, não se pode afirmar, segundo a perspectiva do eu lírico, que a região esteja aprisionada, uma vez que o “continente camina”. QUESTÃO 02 El militarismo de la sociedad de la cultura azteca se reflejaba con gran claridad en la esfera religiosa. Los mitos de creación, por ejemplo, sacralizaban la guerra al sostener que la única forma de evitar la destrucción de la humanidad, como había sucedido a las cuatro anteriores, consistía en alimentar al Sol con la sangre de los enemigos prisioneros de guerra para fortalecerle y evitar así su muerte. Sin embargo, las creencias guerreras de los pipiltin mexicas no eran compartidas por la inmensa mayoría de los campesinos del México Central, sostén económico de Tenochtitlán, que seguían adorando a los viejos dioses de la vegetación y el agua. Estaoposición dio origen a una religión donde convivían en igualdad ambas tradiciones. La presencia de dos capillas gemelas en el Templo Mayor de Tenochtitlán, dedicada una a Tialoc, el dios acuático, y otra a Huitzilopochtli, la belicosa deidad de la cultura azteca, simbolizaba a la perfección el dualismo típico del pensamiento mexica. Los sacrificios humanos, punto culminante del complejo sistema ceremonial mexica, reproducían también la dualidad, ya que las técnicas empleadas en algunos de ellos (decapitación, flechamiento, inmersión en agua o desollamiento) tenían un claro simbolismo agrario. Sin embargo, todos finalizaban de la misma manera, que el sacrificio realizado en honor de Tonatiuh, la deidad solar: los sacerdotes abrían el pecho del cautivo con una gran navaja de piedra, sacaban el corazón y lo ofrecían al Sol. Disponível em: <http://lahistoriamexicana.mx>. Acesso em: 14 mar. 2017. A intenção comunicativa de um texto pode ser inferida, entre outros aspectos, por meio do conhecimento da informação veiculada e da identificação do público ao qual se dirige. Considerando-se as informações apresentadas e o provável público-alvo, o texto foi construído principalmente com a intenção de A. pormenorizar os sacrifícios humanos realizados pelos astecas em honra ao deus sol. B. estabelecer que a religiosidade para os astecas se restringia a aspectos militares. C. discorrer sobre a relação entre a religião e outros aspectos da vida dos astecas. D. relatar a incorporação das crenças dos camponeses por parte dos guerreiros astecas. E. descrever a existência de uma capela construída para o culto de duas divindades. L7E5 LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: A alternativa correta é a C, pois o texto relaciona a religião com tipos de atividade profissional (camponeses, guerreiros), indicando que essa atividade está de acordo com várias esferas da vida dos astecas. A alternativa A está incorreta porque a descrição dos sacrifícios é apenas ilustrativa, não podendo ser considerada a intenção comunicativa principal do texto. A alternativa B está incorreta porque a religião para os astecas também estava relacionada ao universo campesino, como se observa na adoração aos deuses da vegetação e da água. A alternativa D está incorreta porque o texto relata uma separação entre as crenças dos camponeses e dos guerreiros. A alternativa E está incorreta, pois, segundo o texto, há duas capelas no Templo Mayor de Tenochtitlán. QUESTÃO 03 La sequía no es la única amenaza que acecha a los delfines del Amazonas En su astucia e inteligencia, los delfines han aprendido cómo romper las mallas de los pescadores para quedarse con los peces, generando un conflicto con los humanos que se ha sumado a sus múltiples amenazas. No solo es que los maten. También está, claro, la sequía. Aquí, en el lado colombiano del río Amazonas, este y sus tributarios permanecen con aguas bajas a pesar de que, según la comunidad, los caudales ya deberían estar subiendo desde octubre. Pero hay otros factores que mantienen en vilo su supervivencia, como la contaminación por mercurio dejada atrás por la minería. MONSALVE, M. M. Disponível em: <https://elpais.com>. Acesso em: 20 out. 2023. [Fragmento] No contexto de ameaça aos botos, a expressão en vilo destaca que a A. multiplicidade de fatores causa dúvida quanto à vida dos animais. B. inteligência animal tem impedido a degradação das espécies. C. sobrevivência dos animais depende da ação objetiva humana. D. seca prejudica tanto os animais quanto o grupo de pescadores. E. contaminação por mercúrio é um fator menos preponderante. Alternativa A Resolução: No texto sobre as ameaças à vida dos botos, a expressão en vilo é utilizada para relatar que, além dos fatores mencionados pelo trecho, há outros que mantêm em dúvida ou põem em xeque a sobrevivência dos animais. A expressão, segundo o Diccionario de la Lengua Española, significa “con indecisión, inquietud” (com indecisão, inquietude). Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque, embora se mencione que os animais sejam inteligentes, não se afirma que isso esteja impedindo a degradação das espécies, mas sim que, ao utilizar a inteligência para romper a rede dos pescadores e ficar com os peixes deles, tornam-se alvo dos seres humanos. NØ2X A alternativa C está incorreta porque, ainda que se saiba que a ação humana pode impedir a extinção dos botos, o texto não afirma isso, tampouco a expressão en vilo tem esse significado. A alternativa D está incorreta porque o texto não relaciona os pescadores à seca. A alternativa E está incorreta porque não se informa que a contaminação por mercúrio seja menos preponderante que os demais fatores na extinção da vida dos botos. QUESTÃO 04 Resulta evidente cuando un autor entra en edad avanzada y empieza a ver su vida y su obra con perspectiva. Un sentimiento recurrente es el arrepentimiento, a menudo por considerar que tiene todavía mucho que ofrecer al arte que le llena, pero cada vez menos tiempo que dedicarle. Con la edad, Pedro Almodóvar ha ido desprendiéndose de excentricidades visuales, con colores ligeramente más neutrales (siguen siendo más vivos que los de la mayoría de las películas que se estrenan) y puesta en escena más austera, aunque elegante. Eso parece venir bien en su salto al cine en inglés, haciendo una transición más fluida aquí que en La voz humana, dando a este wéstern un aroma reposado exquisito. GALLEGO, P. Disponível em: <www.espinof.com>. Acesso em: 19 out. 2023. [Fragmento] No trecho da resenha anterior, o autor defende que a obra fílmica analisada A. atualiza o que o cineasta chama de excentricidade visual. B. reflete sobre a postura infantil assumida nos primeiros filmes. C. mostra a adoção do estilo fluido próprio do cinema em inglês. D. revela uma retomada cinematográfica de recursos tradicionais. E. apresenta uma evolução elegante na cinematografia do espanhol. Alternativa E Resolução: No trecho da resenha em análise, o autor demonstra como o filme resenhado revela uma mudança no estilo cinematográfico de Pedro Almodóvar, que deixou excentricidades visuais para chegar a cenas mais austeras, embora elegantes. Desse modo, compreende-se que houve uma evolução na elegância da cinematografia de Almodóvar. Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque a excentricidade visual não é atualizada, mas deixada de lado. A alternativa B está incorreta porque não se informa que Almodóvar tinha uma postura infantil nos primeiros filmes. A alternativa C está incorreta porque o trecho não afirma que Almodóvar tenha adotado o estilo fluido do cinema em inglês, mas sim que deu um salto ao cinema em inglês de forma fluida. A alternativa D está incorreta porque Almodóvar tem proposto mudanças em sua cinematografia, e não retomado recursos tradicionais. F49S ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 05 Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 20 out. 2023. O território das Ilhas Malvinas, há anos, está em disputa entre o Reino Unido e a Argentina. Nesse sentido, a função do post do governo argentino é A. reafirmar a posição de reivindicação pela localidade. B. apresentar as pautas do diálogo mediado pela ONU. C. questionar o projeto de resolução do Comitê Especial. D. parabenizar a ONU pela busca da resolução do conflito. E. divulgar informações sobre o Comitê e seu funcionamento. Alternativa A Resolução: O post do governo argentino informa sobre a participação da delegação argentina na sessão anual do Comitê Especial de Descolonização das Nações Unidas para negociações sobre as Ilhas Malvinas. No texto, fica explícito que a Argentina reiterará sua petição sobre o território, uma vez que o país tem disputado com o Reino Unido a possedas ilhas (“Argentina reiterará ante la ONU su reclamo sobre la cuestión de las Islas Malvinas”). Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque não são apresentadas as pautas da sessão anual. As alternativas C e D estão incorretas porque não há nem questionamento ao projeto das Nações Unidas nem parabenização. A alternativa E está incorreta porque, no post, há apenas um direcionamento para informações sobre o Comitê, indicado pela frase “Conocé cómo funciona el comité” e pelo símbolo de uma mão apontando para a direita. 78FN LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 A CERTA PERSONAGEM DESVANECIDA... Um soneto começo em vosso gabo Contemos esta regra por primeira, Já lá vão duas, e esta é a terceira, Já este quartetinho está no cabo. Na quinta torce agora a porca o rabo: A sexta vá também desta maneira, Na sétima entro já com grã canseira, E saio dos quartetos muito brabo. Agora nos tercetos que direi? Direi, que vós, Senhor, a mim me honrais, Gabando-vos a vós, e eu fico um Rei. Nesta vida um soneto já ditei, Se desta agora escapo, nunca mais; Louvado seja Deus, que o acabei. MATOS, G. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 166. A comicidade é um elemento muitas vezes utilizado na construção de textos literários. Nesse soneto, o que provoca o riso é o(a) A. forma debochada como o sujeito lida com a construção do próprio poema. B. tom hostil desenvolvido ao longo dos versos que satirizam o fazer poético. C. arquitetura simplória de um manifesto proferido como um ato político. D. maneira perspicaz como o eu lírico valoriza os seus próprios atos. E. tratamento trivial dado às indagações filosóficas de um escritor. Alternativa A Resolução: No poema em análise, o recurso metalinguístico está associado ao tom humorístico para a construção textual. O eu lírico, ao comentar o início do soneto (“Um soneto começo em vosso gabo”) e como cada verso está estruturado (“Na quinta torce agora a porca o rabo”), debocha do próprio processo criativo e insere comicidade na situação. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque o poema não apresenta tom hostil, mas humorístico e debochado. A alternativa C está incorreta porque o texto não tem a arquitetura de um manifesto, tampouco há uma abordagem política. A alternativa D está incorreta porque o eu lírico não valoriza os próprios atos, mas caçoa da própria produção poética, ridicularizando-a, como em “Já este quartetinho está no cabo”. A alternativa E está incorreta porque o poema não trata de indagações filosóficas, mas da própria construção poética. BB1H QUESTÃO 07 Professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no Colégio Lauro Farani Pedreira de Freitas, no município baiano de Iaçu, Elisabeth Amorim incentiva o hábito da leitura e sempre busca novas ideias para estimular os alunos a apreciarem a atividade. Assim, para combater a resistência dos estudantes em relação à leitura, ela resolveu promover oficinas, na sala de aula, para “desmontar” a literatura. “Isso significa dizer desconstruir o texto, mudando de uma série discursiva para outra”, explica Elisabeth. Segundo ela, os alunos passaram a transformar contos ou romances em charges, bilhetes, cartas, cartazes, cartuns, histórias em quadrinhos ou grafites em tamanho gigante. Os registros tiveram início em 2007. “Vejo tanta riqueza na produção desses estudantes que não consigo desistir de investir em uma educação de qualidade”, afirma. SCHENINI, F. “Desmonte” da literatura incentiva hábito da leitura em escola baiana. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2023. [Fragmento] A partir da exposição sobre o projeto desenvolvido pela professora, entende-se que a proposta de levar os alunos a “desconstruírem” os textos incentiva a leitura ao A. refletir sobre a atemporalidade das obras literárias. B. realizar adequação textual a gêneros do cotidiano. C. facilitar o conteúdo narrativo ao público infantil. D. requisitar a participação ativa da comunidade. E. valorizar as produções do ambiente escolar. Alternativa B Resolução: Os termos “desmontar”, “desconstrução” e “desmonte” que aparecem no texto, na fonte e no enunciado da questão traduzem o projeto da professora Elisabeth Amorim. Esse projeto consiste na apresentação de textos aos alunos em um determinado gênero e serão transformados por eles em outros. As palavras “desmontar”, “desconstrução”, “desmonte” e “transformação” são sinônimos contextuais de “adequação”, vocábulo presente na assertiva correta, alternativa B. A alternativa A está incorreta: a proposta da professora não está relacionada a pensar o conteúdo das obras literárias em relação a sua permanência ao longo do tempo, mas sim adaptá-lo a outro formato, outro gênero. A alternativa C está incorreta: não há dados na notícia a respeito da amenização de dificuldade dos textos que são recebidos pelos alunos a partir de sua transformação em outra série discursiva. O propósito da professora é combater a resistência à leitura, e não à dificuldade implicada por ela. A alternativa D está incorreta: ainda que a participação dos alunos seja um fator importante para a concretização do projeto, ela não é a atividade proposta. A alternativa E está incorreta: a valorização das produções dos alunos é um fato explicitado no texto que se relaciona com a professora, e não como parte do projeto de incentivo à leitura. ØWOW ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 08 A eletricidade é o que dá choque. No fio lá de casa é só o susto. Agora nos da rua muita gente morre a não ser os passarinhos que nem ligam. A eletricidade é também o que dá a luz elétrica que papai sempre diz que se esqueceu de pagar ela quando o homem vem cortar. A luz elétrica não é como a luz do Sol pois precisa de lâmpada pra acender e pra queimar. Fora isso eu não sei mais nada de eletricidade a não ser a televisão mas essa até mesmo o papai diz que ninguém entende. FERNANDES, M. Disponível em: <http://www2.uol.com.br>. Acesso em: 19 abr. 2017. A coesão é o processo que estabelece, linguisticamente, a ligação entre palavras, orações, períodos e parágrafos em um texto. Considerando os recursos empregados por Millôr Fernandes, contribui para a coesão do texto A. a elipse em “No fio lá de casa é só o susto”, que dá progressão textual ao trecho por meio da retomada do sujeito da oração anterior. B. a hiponímia em “muita gente”, que ocorre como forma de fazer referência à população em geral sem que haja repetição de termos. C. a locução concessiva em “Fora isso eu não sei mais nada de eletricidade a não ser a televisão”, que estabelece contradição. D. o advérbio “agora”, na terceira frase, que é responsável por estabelecer a relação de sequenciamento temporal entre as ações. E. o pronome demonstrativo “essa”, na última frase, que mantém a temática sobre a qual se discorre, retomando o termo “eletricidade”. Alternativa A Resolução: Em “No fio lá de casa é só o susto”, há elipse do sujeito “A eletricidade”, que é subentendido com base no período anterior: “A eletricidade é o que dá choque”. Assim, pode-se reescrever o segundo período do texto da seguinte maneira: “No fio lá de casa, a eletricidade é só o susto”. Isso acontece por causa da coesão referencial existente nesse trecho, que possibilita aos leitores identificar sobre o que se faz a declaração, ainda que esse termo não seja mencionado. O adjunto adverbial “no fio lá de casa” é também responsável por manter a referência, já que carrega o foco da declaração e impõe nova circunstância de lugar. Está correta, portanto, a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque “muita gente” não faz referência à população em geral, mas às pessoas “da rua”, aquelas que lidam com a eletricidade dos postes,de acordo com as ideias do narrador. A alternativa C está incorreta porque, no fragmento mencionado, o trecho “a não ser” é concessivo, portanto, não tem valor de contradição. 6CO3 A alternativa D está incorreta porque esse emprego de “agora” tem sentido de adversidade, podendo ser substituído, sem prejuízo à semântica do texto, por “já” ou “mas”; sua significação, então, não está associada à indicação de tempo. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque “essa” retoma “televisão”, tirando o foco de “eletricidade”. QUESTÃO 09 Thauane, Em 4 de fevereiro, você postou o seguinte texto em sua página no Facebook: “Vou contar o que houve ontem, pra entenderem o porquê de eu estar brava com esse lance de apropriação cultural: eu estava na estação com o turbante toda linda, me sentindo diva. E eu comecei a reparar que tinha bastante mulheres negras, lindas aliás, que tavam me olhando torto, tipo ‘olha lá a branquinha se apropriando da nossa cultura’, enfim, veio uma falar comigo e dizer que eu não deveria usar turbante porque eu era branca. Tirei o turbante e falei ‘tá vendo essa careca, isso se chama câncer, então eu uso o que eu quero! Adeus’. Peguei e saí e ela ficou com cara de tacho. E, sinceramente, não vejo qual o PROBLEMA dessa nossa sociedade, meu Deus”. Ao final, você fez a hashtag: #VaiTerTodosDeTurbanteSim. Se esse episódio acontecesse alguns anos atrás, Thauane, eu talvez aderisse à sua hashtag #VaiTerTodosDeTurbanteSim. Porque acharia uma convocação mais igualitária. Até alguns anos atrás eu acreditava que era suficiente não ser racista. Eu me achava bacana por defender os direitos humanos e denunciar a violência contra as minorias. Eu me achava legal por não distinguir raça, mas enxergar pessoas. Eu teria convicção de que, ao usar um turbante, estaria fazendo um reconhecimento e uma homenagem à outra cultura. Até alguns anos atrás eu acreditava que era isso o que eu poderia fazer de melhor como branca num país racista. BRUM, E. Disponível em: <http://brasil.elpais.com>. Acesso em: 04 abr. 2017. [Fragmento] A articulista aborda o uso de turbantes por mulheres brancas direcionando seu texto a Thauane, jovem que alegou ter sofrido preconceito por usar o acessório. Para expor o que pensa, a autora utiliza A. nomes históricos, referindo-se a fatos relevantes na história do país. B. ideias hipotéticas, elencando possíveis reações pessoais ao ocorrido. C. verbos no pretérito, indicando atitudes tomadas em situação semelhante. D. circunstâncias de tempo, destacando a luta antirracismo dos brancos. E. trechos de outros autores, refletindo sobre possíveis reações à polêmica. FW5F LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: No segundo parágrafo do fragmento, Eliane Brum elenca reações que hipoteticamente teria se, no passado, tivesse experienciado a mesma situação vivenciada por Thauane. A ideia de hipótese pode ser reconhecida no uso do futuro do pretérito, que indica possibilidade, probabilidade: “acharia uma convocação mais igualitária” e “eu teria convicção de que, ao usar um turbante, estaria fazendo um reconhecimento e uma homenagem à outra cultura”. Está correta, assim, a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque a autora não faz uso de nomes históricos nem se refere a fatos relevantes na história do país, apenas retoma uma situação ocorrida no momento presente. A alternativa C está incorreta porque os verbos usados no texto não indicam as atitudes tomadas em situação semelhante à que Thauane viveu; a autora, na verdade, nunca passou por essa situação. A alternativa D está incorreta porque a autora não discorre sobre uma suposta “luta antirracista dos brancos”. A utilização de termos que indicam tempo serve para localizar o fato a que a autora se refere e, ainda, para elencar suas possíveis reações no passado, numa época em que “acreditava que era suficiente não ser racista”. Por fim, a alternativa E está incorreta porque a autora não cita trechos de outros autores para refletir acerca de possíveis reações à polêmica do uso do turbante, mas apenas cita o post de Thauane em uma rede social para contextualizar o assunto, respondendo-a, além de refletir sobre possíveis reações que, no passado, ela mesma teria diante da polêmica. QUESTÃO 10 A leitura, enquanto construção de sentido, apresenta-se como um fenômeno muito singular por ser um acontecimento somente concretizado quando há a reconstrução significativa de um dizer, situado em uma interação social. Bakhtin, teórico russo, defende que a construção de significados depende da inserção da palavra em uma situação enunciativa, na qual um indivíduo assume a posição de enunciador. Isso significa que os signos que compõem um dado enunciado não significam por si só e nem a língua pode ser concebida apenas como um sistema de signos, mas como o lugar de constituição da subjetividade, lugar da interação. SANTOS, V.; CAMPELO, S. Leitura e construção de sentido: uma experiência com o gênero frase. In: Anais do IV COGITE: Colóquio sobre gêneros e textos. 2014. Disponível em: <https://revistas.ufpi.br>. Acesso em: 18 out. 2023. [Fragmento adaptado] A partir das ideias de Bakhtin, entende-se que o processamento de sentido da leitura é A. baseado nas relações linguísticas e sociais. B. revelado através das seleções vocabulares. C. inferido a partir das construções sintáticas. D. apoiado em uma situação enunciativa prévia. E. estruturado na construção objetiva do receptor. IWKO Alternativa A Resolução: No texto, há a informação de que a língua não pode ser “concebida apenas como um sistema de signos, mas como um lugar de constituição da subjetividade, lugar da interação”, a partir disso, entende-se que o processamento de sentido na leitura depende tanto do sistema de signos quanto da interação social a qual está inserido. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta: a seleção dos vocábulos não engloba a totalidade do processamento de sentido da leitura. A alternativa C está incorreta: as construções sintáticas são apenas uma parte do processamento, uma vez que o texto indica, também, o local das interações como fator necessário. A alternativa D está incorreta: não é preciso, necessariamente, de uma situação enunciativa prévia, tão menos o processamento de sentido de leitura se apoia totalmente nela. Por fim, a alternativa E está incorreta: o processamento de sentido de leitura é pautado tanto no aspecto linguístico quanto na interação social entre enunciado e receptor, não sendo, portanto, fundamentado apenas no receptor. QUESTÃO 11 TEXTO I A alfabetização é um pilar fundamental, ao longo da vida, para o desenvolvimento pleno das crianças. A alfabetização com qualidade é um direito de todas elas. Pessoas que têm um nível insuficiente de alfabetização ficam à margem da sociedade, possuem menos oportunidades profissionais ou pessoais e não têm acesso aos seus direitos. O analfabetismo exclui uma parcela da população do acesso às informações mais básicas. FUTURA. Disponível em: <https://futura.frm.org.br>. Acesso em: 19 out. 2023. [Fragmento] TEXTO II A alfabetização de crianças e adultos pode mudar de maneira significativa os rumos de um país, uma vez que, quanto maior o acesso do indivíduo a tudo o que a leitura oferece, seja por via cultural, lazer ou até mesmo pela própria educação, maiores são as chances de conquistar melhores oportunidades no mercado de trabalho e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida e acesso a novos caminhos. FUNDAÇÃO Abrinq. Disponível em: <www.fadc.org.br>. Acesso em: 19 out. 2023. [Fragmento] O texto I compartilha da mesma ideia do texto II ao argumentar que a alfabetização A. possibilita a ampliação de contextos transformadores. B. aumenta o distanciamento entre as camadas sociais. C. permite a participação popular nas decisões do país.D. coopera com a criação de uma sociedade justa. E. precisa ser inserida nos anos escolares iniciais. AØQJ ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: Ambos os textos utilizam como argumento em defesa da alfabetização a possibilidade de modificar a realidade econômica daqueles que sabem ler e escrever. No texto I, isso ocorre através de uma formulação negativa que permite inferir o posicionamento favorável do editorial à alfabetização em: “Pessoas que têm um nível insuficiente de alfabetização ficam à margem da sociedade”. No texto II, a mesma ideia surge explicitamente em “maiores são as chances de conquistar melhores oportunidades no mercado de trabalho e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida e acesso a novos caminhos.” Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: apenas o texto I aborda o tema da desigualdade social ao mencionar “pessoas que têm um nível insuficiente de alfabetização ficam à margem da sociedade”. A alternativa C está incorreta: a informação que relaciona a alfabetização a um impacto de nível nacional está presente apenas no texto II e não aborda um aspecto prático como a participação popular na tomada de decisões, ao contrário, discute subjetivamente o potencial modificador da alfabetização nos rumos de um país. A alternativa D está incorreta: apenas o texto I cria a relação entre a alfabetização e a justiça social quando cita o acesso dos cidadãos alfabetizados a seus direitos. A alternativa E está incorreta: não se menciona, em nenhum dos textos, em que etapa do processo de formação educacional a alfabetização deve se concretizar. QUESTÃO 12 Eram exatamente como a parentada da qual eu tinha fugido quando garota. Eu não os suportava e, no entanto, eles não me largavam, estavam todos dentro de mim. A existência às vezes tem uma geometria irônica. Desde os treze, quatorze anos, eu tinha aspirado um decoro burguês, a um bom italiano, a uma vida culta e reflexiva. Nápoles me parecera uma onda que me afogaria. Eu não acreditava que a cidade jamais pudesse conter formas de vida diferentes das que eu havia conhecido quando criança, violentas ou sensualmente indolentes, tingidas com uma vulgaridade sentimental ou obtusamente entrincheiradas na defesa da própria degradação miserável. Eu sequer procurava aquelas formas, nem no passado nem em um possível futuro. Tinha ido embora como uma pessoa queimada que, aos gritos, arranca do corpo a pele carbonizada acreditando estar arrancando do corpo a própria queimadura. FERRANTE, E. A filha perdida. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. A símile que conclui o excerto do livro de Elena Ferrante procura retomar a ideia de que o(a) A. vulgaridade com a qual as pessoas se portam causa estranhamento à personagem. B. difícil relação familiar da narradora marcou dolorosamente sua trajetória de vida. C. intelectualidade da personagem reafirma seu desprezo nas relações familiares. D. desamparo experienciado na infância e adolescência desfez-se na vida adulta. E. violenta cidade de origem marcou negativamente a narradora-personagem. Alternativa B Resolução: O fragmento da obra aborda as reflexões da narradora a respeito da sua tentativa de separar-se do seio familiar. Na primeira frase, ela deixa esse movimento de separação explícito em “parentada” e “fugido” e seus sentimentos de aversão são verificados na declaração objetiva “Eu não os suportava” e no símile presente nas linhas finais do texto. A comparação entre a pele queimada e a queimadura, mais interna, ilustra a impossibilidade de separação em causa e efeito. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: o termo “vulgaridade”, usado pela personagem, refere-se a sentimentos, e não a maneira de portar-se fisicamente em sociedade. A alternativa C está incorreta: a intelectualidade é pretendida pela personagem como uma aspiração futura. Os fatores que motivam seu desprezo estão listados no texto da seguinte forma “(pessoas) violentas ou sensualmente indolentes, tingidas com uma vulgaridade sentimental ou obtusamente entrincheiradas na defesa da própria degradação miserável”. A alternativa D está incorreta: não há informações que nos permitam verificar no texto que a personagem tenha tido uma infância ou adolescência desprotegida. A alternativa E está incorreta: a violência não é uma característica associada à cidade, mas sim às pessoas com as quais a personagem teve contato na infância. WIEL LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa E está incorreta: o casamento infantil foi apenas um dos fatores mencionados como parte do todo que compõe as experiências desencadeadoras de danos psicológicos de Isabel. Portanto, ela é restritiva e não engloba todas as experiências negativas que causam os problemas psicológicos. QUESTÃO 14 TEXTO I Pesquisa inédita mostra que formados em escolas de tempo integral têm 63% de chance de entrar no ensino superior, enquanto os demais têm 46%. Passar mais tempo na escola participando de atividades como teatro, dança e reforço escolar aumenta a chance de estudantes do Ensino Médio serem aprovados no vestibular. Além disso, eles terão, em média, um salário maior do que os demais ao ingressar no mercado de trabalho. Educação em tempo integral garante diminuição das diferenças sociais. Disponível em: <https://eesp.fgv.br>. Acesso em: 22 out. 2023. [Fragmento adaptado] TEXTO II Uma pesquisa de opinião intitulada “Percepções sobre a Educação Pública e o Ensino Médio no Brasil” apontou que 84% dos entrevistados avaliam o Ensino Médio Integral de forma positiva e associam esse modelo aos bons resultados educacionais. Para o pesquisador e ex-secretário de Educação de São Paulo, Alexandre Schneider, essa modalidade de ensino é a melhor saída para a educação do país. “O tempo integral faz com que os alunos tenham o maior número de estímulos possível, não só pelo olhar educacional, mas também pelo profissionalizante”, avalia. SALES, B.; CAMPOS, B. Ensino integral é a melhor alternativa para a educação do país, avalia pesquisador. Disponível em: <www.cnnbrasil.com.br>. Acesso em: 22 out. 2023. [Fragmento] Os fragmentos apresentam um ponto de vista favorável ao modelo de educação em tempo integral, tendo em comum o argumento de que um dos benefícios é a A. indução à prática de habilidades sociais. B. preparação para o mercado de trabalho. C. ampliação do ingresso nas universidades. D. capacitação em múltiplas áreas do saber. E. aprovação popular do novo modelo escolar. VX2J QUESTÃO 13 A juventude de Isabel foi marcada pela vulnerabilidade extrema durante os anos em que viveu em situação de rua na capital, após ser violentada dentro de casa pelo ex-marido, com quem se casou aos 10 anos de idade, depois de ser expulsa de casa pelo pai. “Como eu morei na rua e perdi duas filhas de fome e frio, quando meus netos me pedem algo de comer que eu não posso dar, isso me assusta e machuca muito”, desabafa ela, aos prantos. “Eles já falaram para mim que eu tinha que passar no posto de saúde por causa desses choros. O mais velho fala: ‘Vó, você tem tanta preocupação, a senhora tem que passar no psicólogo do posto’, mas eu falo: ‘Eu tô bem’. Nem comento muito com ele essas coisas.” PEREIRA, M.; LOTH, L. Loucura como diagnóstico da fome? Como a insegurança alimentar afeta a saúde mental entre os mais vulneráveis no Brasil. Disponível em: <https://ojoioeotrigo.com.br>. Acesso em: 28 nov. 2023. [Fragmento adaptado] A partir da análise do texto, entende-se o objetivo da reportagem de A. pautar a desigualdade social como elemento de adoecimento. B. reforçar a importância da oferta de tratamento psíquico no SUS. C. indicar os reflexos da violência contra a mulher para o psicológico. D. denunciar a omissão do Estado em casos de insegurança de moradia. E.evidenciar o casamento infantil como forma de violação de segurança. Alternativa A Resolução: O fragmento da reportagem encadeia experiências de vulnerabilidade social sofridas por Isabel. As situações listadas afetam as pessoas de menor poder econômico da sociedade e estão postas como geradoras de danos psicológicos. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: o texto não se constrói de forma a reiterar a importância da oferta de tratamentos psicológicos no SUS, não há construção de argumentos para defender sua importância, apenas a menção à necessidade de Isabel consultar um psicólogo no posto de saúde. A alternativa C está incorreta: a violência física sofrida por Isabel é apenas um dos fatores que contribuem para a formação de seus traumas psicológicos, impossibilitando esta alternativa de resumir a totalidade do objetivo do texto. A alternativa D está incorreta: não é possível identificar, no fragmento, a responsabilização do Estado em qualquer uma das situações de vulnerabilidade extrema sofridas por Isabel, essa instância do poder público não é mencionada. VQ82 ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa A está incorreta, pois é abordado o sentimento, e não o anseio por encontrar o ser amado. A alternativa B está incorreta, pois não há menção de um amor perdido pelo eu lírico. A alternativa C está incorreta, pois não há referências à busca por bens materiais. A alternativa D está incorreta, pois o trecho não traz informação de que o amor seria não correspondido, só se pode verificar que o sentimento do eu lírico é intenso. QUESTÃO 16 A dança e a alma A dança? Não é movimento súbito gesto musical É concentração, num momento, da humana graça natural No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar. A dança – não vento nos ramos: seiva, força, perene estar Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado... Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir a forma do ser por sobre o mistério das fábulas. ANDRADE, C. D. Obra completa. Rio de Janeiro: Editora Aguilar, 1964. No poema de Carlos Drummond de Andrade, o eu lírico dedica sua reflexão para a A. imaginação de um movimento de formas ideais. B. desconstrução do aspecto metódico da dança. C. definição do dançar a partir de uma parábola. D. observação do bailar por imagens oníricas. E. descrição da intimidade entre dançarinos. Alternativa B Resolução: A dança é tematizada no poema de Drummond como uma experiência de liberdade e integração com a alma. Para descrever a dança, o poeta usa linguagem figurada, com imagens e caracterizações que atribuem a ela um caráter livre, expressivo, desprendido, fazendo com que a ideia de dançar esteja veiculada aos sentimentos e às várias possibilidades de transpassá-los através da movimentação do corpo. 4RJ6 Alternativa B Resolução: Ambos os textos utilizam como argumento em defesa do ensino integral a inserção dos alunos futuramente no mercado de trabalho. No texto I, o posicionamento surge de forma explícita em “um salário maior do que os demais ao ingressar no mercado de trabalho.” No texto II, a mesma ideia aparece numa reformulação positiva “não só pelo olhar educacional, mas também pelo profissionalizante”. O termo “profissionalizante” faz referência ao mercado de trabalho, já que ambos pertencem ao mesmo campo semântico. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: não se menciona, em nenhum dos textos, a prática de habilidades sociais como um benefício ao modelo de educação em tempo integral. A alternativa C está incorreta: apenas o texto I apresenta um comparativo de porcentagens sobre o ingresso de estudantes no ensino superior. A alternativa D está incorreta: o texto I menciona duas áreas do saber: o teatro e a dança. Esse dado não é apresentado para chamar a atenção à capacitação nessas áreas, mas citá-las como um caminho para alcançar outro objetivo, a aprovação em vestibulares. A alternativa E está incorreta: apenas o texto II propõe dados estatísticos a respeito da aprovação popular do modelo escolar integral. QUESTÃO 15 Ando tão à flor da pele, Que qualquer beijo de novela me faz chorar, Ando tão à flor da pele, Que teu olhar flor na janela me faz morrer, Ando tão à flor da pele, Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser, Ando tão à flor da pele, Que a minha pele tem o fogo do juízo final. BALEIRO, Z. Flor da pele. In: ______. Por onde andará Stephen Fry. 1997. [Fragmento] Para construir a mensagem comunicativa da voz poética, na canção, foi utilizada uma expressão popular cujo sentido remete ao(à) A. anseio pelo encontro do ser amado. B. sofrimento pela perda de um amor. C. modo de viver sem apegos materiais. D. luta por uma paixão não correspondida. E. emoção incontrolável que afeta o sujeito. Alternativa E Resolução: A expressão “à flor da pele” sugere a extrapolação das emoções, um sentimento intenso quase incontrolável, de forma que qualquer manifestação de emoção será intensificada, até mesmo exagerada. Assim, a alternativa E está correta. 8NDG LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO – Jamais saberemos... VERISSIMO, L. F. Dois mais dois. In: Verissimo antológico: Meio século de crônicas, ou coisa parecida. Rio de Janeiro: Objetiva, 2020. Na crônica de Luis Fernando Verissimo, a escolha da história contada pela professora serve ao propósito de A. justificar o ensino de ciências exatas. B. criticar o posicionamento do estudante. C. ilustrar o futuro do aluno desinteressado. D. pautar o problema da alienação estudantil. E. transmitir lição moralizante típica do gênero. Alternativa A Resolução: A professora optou por contar ao seu aluno uma história que comprovasse seu ponto de vista a respeito da necessidade do aprendizado de Matemática. De forma didática, incluiu o argumento que seu aluno estava utilizando para não aprender e o refutou ao mostrar a dependência dos aparatos eletrônicos e nossa incerteza diante das informações transmitidas por eles. Portanto, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: para que houvesse uma crítica ao posicionamento do estudante, seria necessário que a professora tivesse explicitado um julgamento, positivo ou negativo, à fala de seu aluno. A alternativa C está incorreta: a professora não define o garoto que protagoniza a história que conta, ela se refere ao personagem como “um garoto”, assim, ainda que relate um acontecimento futuro, este não pertence ao seu aluno. A alternativa D está incorreta: a alternativa supõe o debate de uma situação abrangente, já que “alienação estudantil” engloba a falta de interesse generalizada ao campo da educação e a história serve como argumento para convencer o aluno a estudar pontualmente uma disciplina. A alternativa E está incorreta: lições moralizantes não são características intrínsecas aos gêneros narrativos da questão (ficção e crônica), elas estão presentes especificamente em fábulas e provérbios. QUESTÃO 18 Então, adeus! Isto aconteceu na Bahia, numa tarde em que eu visitava a mais antiga e arruinada igreja que encontrei por lá, perdida na última rua do último bairro. Aproximou-se de mim um padre velhinho, mas tão velhinho, tão velhinho que mais parecia feito de cinza, de teia, de bruma, de sopro do que de carne e osso. Aproximou-se e tocou o meu ombro: – Vejo que aprecia essas imagens antigas – sussurrou-me com sua voz débil. E descerrando os lábios murchos num sorriso amável: – Tenho na sacristia algumas preciosidades. Quer vê-las? TV2G Essa percepção, portanto, desconstrói a ideia de método da dança, ou seja, a ideia de que para dançar é preciso seguir regras específicas, fazer passos específicos, etc. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta:ao associar o movimento da dança à expressão de uma alma, os movimentos tornam-se subjetivos, próprios de cada ser, sem padronizações ou formas ideais. A alternativa C está incorreta: a palavra parábola está relacionada à alma, e não à dança. A dança está definida no poema na primeira estrofe como “concentração da humana graça natural”. A alternativa D está incorreta: as imagens utilizadas para caracterizar a dança não fazem parte do universo dos sonhos, elas se dão da forma como estão descritas na realidade. A alternativa E está incorreta: o eu lírico dedica sua reflexão à interação entre a dança e a alma de quem está dançando, ou seja, a descrição focaliza o dançarino consigo mesmo, e não com outro. QUESTÃO 17 O Rodrigo não entendia por que precisava aprender Matemática, já que a sua minicalculadora faria todas as contas por ele, pelo resto da vida, e então a professora resolveu contar uma história. Um dia, disse a professora, todos os computadores do mundo serão unificados num único sistema. Todas as casas do mundo, todos os lugares do mundo terão terminais do Supercomputador. As pessoas usarão o Supercomputador para compras, para recados, para reservas de avião, para consultas sentimentais. Para tudo. Um dia, um garoto perguntará ao pai: – Pai, quanto é dois mais dois? – Não pergunte a mim – dirá o pai –, pergunte a Ele. – Como é que sei que a resposta é certa? – Porque Ele disse que é certa – responderá o pai. – E se Ele estiver errado? – Ele nunca erra. – Mas se estiver? – Sempre podemos contar nos dedos. – O quê? – Contar nos dedos, como faziam os antigos. Levante dois dedos. Agora mais dois. Viu? Um, dois, três, quatro. O computador está certo. – Mas, pai, e 362 vezes 17? Não dá para contar nos dedos. A não ser reunindo muita gente e usando os dedos das mãos e dos pés. Como saber se a resposta d’Ele está certa? Aí o pai suspirou e disse: 9KWG ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Solícito e trêmulo, foi-me mostrando os pequenos tesouros da sua igreja: um mural de cores remotas e tênues como as de um pobre véu esgarçado na distância; uma Nossa Senhora de mãos carunchadas e grandes olhos cheios de lágrimas; dois anjos tocheiros que teriam sido esculpidos por Aleijadinho, pois dele tinham a inconfundível marca nos traços dos rostos severos e nobres, de narizes já carcomidos… Mostrou-me todas as raridades, tão velhas e tão gastas quanto ele próprio. Em seguida, desvanecido com o interesse que demonstrei por tudo, acompanhou-me cheio de gratidão até a porta. – Volte sempre – pediu-me. – Impossível – eu disse. – Não moro aqui, mas, em todo o caso, quem sabe um dia… – acrescentei sem nenhuma esperança. – E então, até logo! – ele murmurou descerrando os lábios num sorriso que me pareceu melancólico como o destroço de um naufrágio. Olhei-o. Sob a luz azulada do crepúsculo, aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade, que cheguei a me comover. Até logo?… “Então, adeus!”, ele deveria ter dito. Eu ia embarcar para o Rio no dia seguinte e não tinha nenhuma ideia de voltar tão cedo à Bahia. TELLES, L. F. Então, adeus! Disponível em: <https://literaturaemcontagotas.wordpress.com>. Acesso em: 29 abr. 2021. [Fragmento] No fragmento da crônica, a narradora expressa seu olhar subjetivo sobre a experiência, o qual é demarcado pelos(as) A. comparações para a construção da descrição. B. diálogos, com a valorização do discurso direto. C. termos de exagero para apresentar a narrativa. D. menções religiosas sobre os detalhes percebidos. E. interrogações que ilustram as dúvidas levantadas. Alternativa A Resolução: No fragmento da crônica em análise, a narradora compara o padre a alguém feito “de cinza, de teia, de bruma, de sopro [mais] do que de carne e osso”, seu sorriso ao destroço de um naufrágio (“ele murmurou descerrando os lábios num sorriso que me pareceu melancólico como o destroço de um naufrágio”) e os objetos da igreja ao padre (“Mostrou-me todas as raridades, tão velhas e tão gastas quanto ele próprio”), formando analogias para expressar seu olhar subjetivo a respeito da situação. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B é incorreta, pois os diálogos, representados pelo discurso direto, colaboram para demonstrar certa objetividade, já que reproduzem as falas da narradora e do padre de forma literal. A alternativa C é incorreta, pois os termos de exagero que revelam certa subjetividade da narradora, como “mas tão velhinho, tão velhinho”, “tão velhas e tão gastas” e “aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade”, não servem ao propósito de apresentar a narrativa, mas demarcam o aspecto descritivo do texto. A alternativa D é incorreta, pois as menções religiosas não são uma expressão da subjetividade da autora, mas um aspecto necessário para especificar os objetos vistos na sacristia. A alternativa E é incorreta, pois nem todas as interrogações do texto referem-se a dúvidas subjetivas da autora, como em “Quer vê-las?”, que é um convite do padre para que a narradora conheça as preciosidades que há na sacristia. QUESTÃO 19 ATO PRIMEIRO Sala ricamente adornada: mesa, consolos, mangas de vidro, jarras com flores, cortinas, etc., etc. No fundo, porta de saída, uma janela, etc., etc. CENA I AMBRÓSIO, só de calça preta e chambre – No mundo a fortuna é para quem sabe adquiri-la. Pintam-na cega... Que simplicidade! Cego é aquele que não tem inteligência para vê-la e a alcançar. Todo homem pode ser rico, se atinar com o verdadeiro caminho da fortuna. Vontade forte, perseverança e pertinácia são poderosos auxiliares. Qual o homem que, resolvido a empregar todos os meios, não consegue enriquecer-se? Em mim se vê o exemplo. Há oito anos, eu era pobre e miserável, e hoje sou rico, e mais ainda serei. O como não importa; no bom resultado está o mérito... Mas um dia pode tudo mudar. Oh, que temo eu? Se em algum tempo tiver que responder pelos meus atos, o ouro justificar-me-á e serei limpo de culpa. PENA, M. O noviço. Porto Alegre: L&PM, 1999. No excerto da peça de Martins Pena, a cobiça do personagem Ambrósio é reforçada, em seu discurso, pelo(a) A. tratamento do ouro como libertador de condutas repreensíveis dos homens. B. concepção da fortuna como representação metonímica da alma humana. C. jogo entre ideias antagônicas, polarizadas entre ganância e perseverança. D. tom irônico que visa descredibilizar o pensamento materialista. E. comparação da usura com uma espécie de pecado. W3KI LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: Inserido num ambiente de riqueza, o personagem Ambrósio discursa sobre todos os meios serem viáveis se o objetivo for conquistar uma grande fortuna. Nas últimas linhas do fragmento deixa claro seu pensamento a respeito do dinheiro ser capaz de isentá-lo de qualquer culpa, caso tenha que responder pelas ações que o levaram a enriquecer. Por isso, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta: a relação metonímica estabelecida no texto se dá na relação entre matéria e objeto: “ouro” por “dinheiro”, e não por “alma”. A alternativa C está incorreta: o personagem não se contradiz, não constrói seu discurso baseando-se em ideias opostas. Sua linha de raciocínio é coerente, linear, dentro dos ideais que propõe. A alternativa D está incorreta: os adornos que compõem o lugar em que este personagem está reforçam, junto a seu discurso avarento, um pensamento em acordo ao materialismo, e não contrário a ele. A alternativa E está incorreta: ainda que o pensamento religioso não esteja posto no texto de forma explícita, nas últimas duas linhas é possível verificar a amplitude do pensamento do personagem, caso ele venha ser cobrado algum dia, em qualquer instância, o dinheiro justificará sua culpa. Assim, o acúmulo de renda não é visto por ele como um pecado.QUESTÃO 20 Pintura Eu sei que se tocasse com as mãos aquele canto do quadro onde um amarelo arde me queimaria nele ou teria manchado para sempre de delírio a ponta dos meus dedos GULLAR, F. Pintura. In: Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2021. No poema de Ferreira Gullar, há uma dualidade apresentada pelo eu lírico, de forma que materializar o desejo do toque na pintura significaria, para ele, A. entender as ilusões que norteiam seu cotidiano. B. definir a matéria-prima da composição da obra. C. reconhecer as dimensões de sua percepção. D. delimitar a legítima significação do quadro. E. realizar a intenção inconsciente de pintar. Alternativa C Resolução: O eu lírico tem o desejo de tocar uma parte de uma pintura com as mãos. Ele supõe o que pode acontecer caso seu desejo seja atendido e as possíveis consequências que apresenta podem reafirmar ou desmistificar sua percepção diante da cor amarela da obra. O7QD Na poesia, ele propõe as duas possibilidades: queimar-se no amarelo da pintura (que é o que ele imagina acontecer) e a possível frustração caso isso não ocorra, marcando essa percepção da ausência da queimadura da cor amarela como um delírio (“ou teria manchado para sempre de delírio / a ponta dos meus dedos”), nesse sentido, o toque na pintura apresenta dois cenários possíveis para o eu lírico: ou ele estaria correto em sua percepção (e queimaria os dedos) ou ficaria frente a frente a sua desilusão pela não queimadura, ou seja, o toque na pintura responderia se o eu lírico está correto ou delirante em sua percepção. Por isso, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta: o toque na pintura permitiria ao eu lírico compreender seus pensamentos relacionados à própria obra, e não a algo externo a ela. A alternativa B está incorreta: o desejo do eu lírico não possui relação com aspectos práticos, objetivos, como o tipo de tinta ou outro material utilizado para dar o tom amarelo. Sua necessidade está vinculada à esfera do significado, e não do físico. A alternativa D está incorreta: a perspectiva do eu lírico sobre o significado da obra não se resume a esta parte do quadro. Não há versos, no poema, que permitam sustentar uma busca pela significação do todo a partir do pedaço amarelo mencionado. A alternativa E está incorreta: tocar com os dedos aquele pedaço do quadro não parte de uma necessidade de praticar a atividade da pintura, mas verificar um pensamento. QUESTÃO 21 O esporte radical é a prática de atividade física em que prevalece o risco e, apesar de existir há muito tempo, foi no início do século XXI que essa prática se consolidou, sendo estudado pela Educação Física. [...] Como metodologia, usamos o método filosófico dedutivo de pesquisa. Assumimos o conceito de esporte baseado nas suas dimensões sociais como: esporte de rendimento, participação e educação. [...] como acreditamos em um pensamento complexo para explicar os fenômenos sociais estudados, fomos encontrar as diversas características dessas atividades, o que nos levou a classificá-las em esportes radicais de ação, que são aqueles em que predominam a busca da manobra perfeita, ou esportes radicais de aventura, em que o predomínio é a superação de determinados desafios geográficos. Disponível em: <http://artigocientifico.com.br. Acesso em: 14 maio 2014. Segundo o texto, a definição de “esporte radical” se constrói por meio de métodos filosóficos dedutivos. Segundo ele, o esporte radical tem como elemento principal a A consciência acerca do limite a ser alcançado pelo atleta. B efetividade da conquista do sucesso a qualquer preço. C obrigatoriedade de ser praticado em grupo. D possibilidade de risco iminente. E presença de superação de obstáculos criados pelo atleta. H4PU ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa B está incorreta: é um fato que a leitura está intimamente associada ao desenvolvimento de conhecimento e bagagem cultural, porém, o foco do texto não está em chamar a atenção para o caráter instrutivo da leitura. A alternativa C está incorreta: o texto-base não trata da divisão dos indivíduos em grupos de hierarquia por fatores econômicos ou educacionais. A alternativa E está incorreta: mesmo que seja um importante veículo de cultura, a leitura não está relacionada, no texto, à propagação de costumes, atividades, produções artísticas ou qualquer tipo de manifestação cultural de uma comunidade. QUESTÃO 23 A sociedade vive o “tempo” em que a tecnologia se tornou praticamente essencial para o desenvolvimento de grande parte das atividades cotidianas. As redes sociais permitiram uma maior conexão entre as pessoas, visto que é possível conversar com quem está a quilômetros de distância em questão de instantes. Contudo, essas redes sociais que aproximam quem está longe são as mesmas responsáveis por trazerem grandes malefícios, principalmente entre a população mais jovem. Um estudo da Royal Society for Public Health (RSPH) apontou que as redes sociais podem provocar efeitos positivos ou nocivos à saúde humana. O resultado dos estudos indicou que o Instagram fez com que cerca de 70% dos jovens se sentissem pior em relação à própria autoimagem. O estudo também apontou que as taxas de ansiedade e sintomas de depressão aumentaram em 70% entre o público jovem nos últimos 25 anos. A internet trouxe, sim, muitos benefícios, no entanto, quando mal utilizada, pode gerar traumas, fobias, ódio e desunião. A realidade, às vezes, não é fácil, mas como diz o escritor Machado de Assis: “é melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é tão brilhante como os sonhos, tem, pelo menos, a vantagem de existir”. VIEIRA, K. A tecnologia na sociedade contemporânea. Disponível em: <https://faesadigital.com>. Acesso em: 22 out. 2023. [Fragmento adaptado] A partir da análise dos impactos da tecnologia nos jovens, compreende-se que os malefícios do uso das redes sociais estão vinculados à A. exclusão social daqueles sem meios de integrarem as redes. B. compreensão das dificuldades existentes nas camadas sociais. C. tendência de avaliar a realidade individual a partir de comparações. D. inocência em relação aos vieses inconscientes presentes na internet. E. facilidade de acesso a informações que contestam crenças estabelecidas. W81H Alternativa D Resolução: O texto aponta que o esporte radical é a atividade física em que prevalece o risco. Dessa forma, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois não é apontado que o esporte radical tenha que se basear em limites a serem superados. A alternativa B está incorreta, pois alcançar o sucesso não é algo essencial na construção do conceito de esporte radical. A alternativa C está incorreta, pois o texto não aborda a necessidade da prática dos esportes radicais ser em grupo. A alternativa E está incorreta, pois a existência de obstáculos não é apontada como característica essencial dos esportes radicais. QUESTÃO 22 MORAIS, S. Leitura: uma janela para o mundo. Disponível em: <www.facebook.com>. Acesso em: 18 out. 2023. Na publicação anterior, o ato de ler é apresentado pela cordelista Susana Morais como um(a) A. elemento de construção de relacionamentos. B. instrumento para desenvolver a erudição. C. meio de diminuir a separação de classes. D. ferramenta para ampliar a visão social. E. alternativa para difundir uma cultura. Alternativa D Resolução: No cordel, o ato de ler é descrito como algo que permite ver um mundo sem limites, sem distinção de raça, como algo que derruba barreiras. Nesse sentido, a leitura é colocada como uma ferramenta que amplia a visão social, uma vez que as limitações mencionadas são substituídas por uma perspectiva social mais abrangente. Portanto, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta: ainda que a leitura permita observar o mundo através de uma perspectivasocial, o texto-base não atribui ao ato de ler características facilitadoras à construção de relacionamentos, como gerador, por exemplo, de empatia, honestidade, fraternidade, entre outros atributos necessários a relacionamentos interpessoais. APDF LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 1 – 2024 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: O texto indica que o Instagram – rede social em que se compartilham fotos e vídeos – é responsável pela assustadora porcentagem de 70% do público jovem ter problemas de autoimagem, ansiedade e depressão. A partir da análise desses dados e da dinâmica da rede social em questão, infere-se que esses problemas têm raiz nas comparações promovidas pelo Instagram, logo, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois o texto não pauta a exclusão das pessoas sem acesso a redes sociais. A alternativa B está incorreta: o texto não pauta as diferentes camadas sociais, uma vez que o recorte feito é apenas etário. A alternativa D está incorreta: o texto não pauta o enviesamento da internet. A alternativa E está incorreta: o texto não aborda a questão de crença e de sua possível contestação. QUESTÃO 24 Popular no Rio Grande do Sul, a chula é uma dança típica de Portugal. Desde sua origem, movimenta milhares de apaixonados que buscam acompanhar, nos festivais, passos aparentemente difíceis. Recorrendo ao Manual de Danças Gaúchas, de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, a chula foi introduzida pelos tropeiros, é dançada em desafios e praticada, preferencialmente, por homens. Ela tem bastante semelhança com o lundu sapateado, encontrada em outros estados brasileiros, pois é caracterizada pelas batidas dos pés. Durante a dança, um peão desafia o outro a realizar uma sequência de movimentos como floreios de taco, bico, joelho e pulos ao redor de uma lança no chão, com acompanhamento musical. Para a realização da chula, os homens vestem a pilcha, tradicional vestimenta gaúcha. A indumentária completa inclui botas de cano mole e grandes esporas, bombacha, guaiaca, camisa de cor única, lenço de seda no pescoço e chapéu, além de acessórios que podem variar, como colete e faixa na cintura. As cores escolhidas para os lenços representam os ideais políticos e sociais do gaúcho na época da Revolução Farroupilha. A cor preta, por exemplo, significa, tradicionalmente, o sentimento de luto por algo que o peão está enfrentando. Recentemente, Izidoro perdeu seu pai por conta da covid-19 e, em sua homenagem, mudou o lenço. – Estou em luto pelo falecimento de meu pai. Por isso, pretendo usar o preto durante um ano, sempre que me pilchar – destaca Izidoro. Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br>. Acesso em: 1 nov. 2023. [Fragmento adaptado] EIUA O texto sobre a chula traz informações com a função de A. precisar as regras que devem ser seguidas pelos dançarinos. B. educar os dançarinos que precisam ajustar suas indumentárias. C. apresentar as origens e os fundamentos norteadores dessa prática. D. contrastar as danças de outras regiões do Brasil com essa coreografia. E. caracterizar as adaptações da tradição em relação à dança portuguesa. Alternativa C Resolução: O texto possui caráter descritivo, ou seja, faz uma listagem das principais características da manifestação cultural que pretende apresentar: a chula. Com o objetivo de formar uma imagem clara da dança típica de Portugal, o texto destaca os movimentos que a compõe, sua vestimenta e seu aspecto histórico. Portanto, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta: não são listadas proibições nem recomendações de movimentos a serem seguidos pelos dançarinos. A alternativa B está incorreta: a menção à possibilidade de adaptar suas indumentárias é um dos elementos discutidos pelo texto, não sendo a educação a respeito desse tema a função prioritária do texto. A alternativa D está incorreta: o Iundu, dança de outras regiões brasileiras, foi mencionada para que o leitor pudesse realizar uma comparação mental de um traço comum às duas danças. A alternativa E está incorreta: não há no texto adaptações explícitas da dança tradicional portuguesa para a versão que é praticada no Brasil. Assim, não é possível observar fragmentos que delimitem traços pertencentes a apenas uma das culturas em oposição a outra. QUESTÃO 25 Disponível em: <https://labpasteur.com.br>. Acesso em: 18 out. 2023. Essa campanha de conscientização busca apontar para o público leitor que o(a) A. criança está protegida de doenças pela vacina. B. imunização protege o indivíduo da ação viral. C. barreira vacinal garante uma vida saudável. D. imunizante impede o ataque bacteriano. E. organismo infantil é resistente à doença. F8UK ENEM – VOL. 1 – 2024 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: A criança presente na campanha está envolvida por uma bolha, a qual o agente viral (representado pelo desenho azul) não consegue acessar. O texto da campanha “Vacina contra a gripe” indica, então, a responsabilidade pela criação dessa redoma à vacina. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta: o texto especifica a doença a qual ela será protegida (gripe), portanto, não é correto afirmar que ela estaria protegida de “doenças”, mas sim protegida de uma em específico. A alternativa C está incorreta: a barreira vacinal garante a proteção contra a gripe, mas não é um fator determinante para uma vida saudável como um todo. A alternativa D está incorreta: a vacina protege contra a gripe, doença viral, não bacteriana. Por fim, a alternativa E está incorreta: o organismo infantil, por si só, não é resistente à doença, para isso é necessária a vacinação, ato proposto pela campanha. QUESTÃO 26 Era uma vez dois pobres lenhadores, que voltavam para casa através de um grande pinheiral. Era inverno, e a noite estava extremamente fria. A neve jazia espessa no solo e sobre os galhos das árvores: a geada fazia estalar os tenros ramos por onde eles passavam; e quando chegaram à Cachoeira da Montanha, viram-na suspensa, imóvel no ar, pois o Rei Gelo a beijara. O frio era tamanho que nem mesmo os animais e os pássaros sabiam como se arranjar. – Ufa! – rosnou o lobo, ao passar vacilante, pelo mato, com a cauda entre as pernas. – Este tempo é terrivelmente monstruoso. Por que o governo não toma alguma providência? – Piu, piu, piu! – pipilaram os pintarroxos verdes. – A velha terra está morta, e cobriram-na com sua mortalha branca. – A terra vai se casar, e este é o seu vestido de noiva – murmuraram as rolas entre si. Seus pezinhos cor-de-rosa estavam inteiramente gelados pela neve, mas elas achavam que deveriam dar à situação uma nota romântica. WILDE, O. O menino e a estrela. In: Contos e novelas de Oscar Wilde. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. p. 143. A expressão que abre o conto marca, na cultura eurocêntrica, o modo de construção temporal de muitos gêneros narrativos. No fragmento do autor irlandês Oscar Wilde, o tempo é apresentado como momento impreciso, vinculando-se a uma representação A. fantástica e transgressora dos contos populares. B. mágica e longínqua da paisagem e dos animais. C. objetiva e moralizante das relações pessoais. D. inverossímil e infantilizada da natureza. E. bem-humorada e irônica da vida rural. HPG6 Alternativa B Resolução: A expressão “Era uma vez”, que abre o conto de Oscar Wilde, marca a imprecisão do tempo da narrativa, vinculando-se a uma representação mágica e longínqua da paisagem e das personagens. Corrobora essa ideia o trecho em que é informado que o Rei Gelo beijou a cachoeira, mencionando uma personagem de característica fantástica. Igualmente, o fato de os animais falarem também marca essa representação mágica do conto. Está correta, assim, a alternativa B. Improcede a alternativa A, pois, na narrativa, não há uma representação transgressora dos contos populares.
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