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ENSINO MÉDIO 1 - 2023 - VOLUME 2 - PROVA I L IN G U A G E N S , C Ó D IG O S E S U A S T E C N O LO G IA S 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25 - 26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31 - 32 - 33 - 34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39 - 40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 - 51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 - 61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 - 71 - 72 - 73 - 74 - 75 - 76 - 77 - 78 - 79 - 80 - 81 - 82 - 83 - 84 - 85 - 86 - 87 - 88 - 89 - 90 - C IÊ N C IA S H U M A N A S E S U A S T E C N O LO G IA S LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 Dear Sir / Madam, I’m writing to express my dissatisfaction at my holiday with Feel Free Travel. My friend and I went on the 8-day tour of Greece and we were extremely disappointed with the accommodation and the food. First of all, your brochure said we would stay in ‘clean, mid-range hotels’. However, my bedroom was dirty in the Olympia Hotel, and the Opera Hotel was in a noisy and unsafe part of town, which made me feel very anxious. Secondly, although the brochure stated that all meals were included, I was shocked by the food that was served at the hotel restaurant. For lunch, we were given a small, squashed sandwich and a carton of juice. To make matters worse, when we complained to the tour guide, we were told to buy more food at the supermarket. I feel that I am entitled to a refund to compensate for this terrible service. I look forward to hearing from you soon. Yours faithfully, Julie Watkins Disponível em: <https://test-english.com>. Acesso em: 27 fev. 2023 (Adaptação). Em relação ao e-mail, a autora encerra sua mensagem dizendo ser elegível a um reembolso por alegar que as A. despesas com supermercado resultaram em maiores gastos. B. experiências foram diferentes das que o pacote prometia. C. hóspedes precisaram mudar de hotel durante a estadia. D. refeições servidas estavam em desacordo com as fotos. E. viajantes tiveram seus pedidos ignorados pelo guia turístico. Alternativa B Resolução: Segundo o e-mail, a viajante descreve uma série de relatos negativos conectados ao fato de que as experiências vividas por ela não correspondem ao que lhe foi prometido pela agência. O “entitled to a refund” refere- se, assim, ao direito de reembolso solicitado pela autora da mensagem como compensação pela disparidade entre o que é ofertado no pacote e a experiência real que tiveram. A alternativa B, então, está correta. A alternativa A está incorreta porque a ida ao supermercado foi uma sugestão do guia, mas não há indícios textuais que elas foram ou gastaram mais por isso. A alternativa C está incorreta, pois as viajantes sabiam que mudariam de hotel e, portanto, esse não seria um motivo de insatisfação (“your brochure said we would stay in ‘clean, mid-range hotels’.”). A alternativa D não pode ser inferida a partir do conteúdo textual, pois a autora do e-mail não fala sobre fotos das refeições. A alternativa E está incorreta porque o guia apenas orientou as viajantes quando recebeu a queixa. Assim, não é possível inferir que os pedidos delas foram ignorados. WROV QUESTÃO 02 Is it OK to listen to music while studying? You may have heard of the Mozart effect – the idea that listening to Mozart makes you “smarter”. This is based on research that found listening to complex classical music like Mozart improved test scores, which the researcher argued was based on the music’s ability to stimulate parts of our minds that play a role in mathematical ability. However, further research conclusively debunked the Mozart effect theory: it wasn’t really anything to do with math, it was really just that music puts us in a better mood. Research conducted in the 1990s found a “Blur Effect” – where kids who listened to the BritPop band Blur seemed to do better on tests. In fact, researchers found that the Blur effect was bigger than the Mozart effect, simply because kids enjoyed pop music like Blur more than classical music. Being in a better mood likely means that we try that little bit harder and are willing to stick with challenging tasks. Disponível em: <https://theconversation.com>. Acesso em: 8 mar. 2023. [Fragmento] Segundo o texto, a teoria do Mozart effect caiu em descrédito, pois pesquisadores esclareceram que A. os resultados dos testes estavam incorretos. B. os jovens deixaram de apreciar música clássica. C. o método funcionava apenas para a matemática. D. a saúde mental importava mais do que boas notas. E. o bom humor promovia a melhora no desempenho. Alternativa E Resolução: O “efeito Mozart” trata-se da ideia de que ouvir música clássica deixa as pessoas mais inteligentes e aptas a tirarem notas altas em provas. A teoria provou-se falsa quando pesquisadores descobriram que ouvir qualquer tipo de música melhora nosso humor, o que por sua vez melhora nosso desempenho, como aponta a alternativa E. QUESTÃO 03 Father Time Daddy issues made me learn losses, I don’t take those well A child that grew accustomed, jumping up when I scraped my knee ‘Cause if I cried about it, he’d surely tell me not to be weak Daddy issues, hid my emotions, never expressed myself Men should never show feelings, being sensitive never helped His momma died, I asked him why he goin’ back to work so soon? His first reply was: Son, that’s life, the bills got no silver spoon This made relationships seem cloudy, never attached to no one So if you took some likings around me, I might reject the love Daddy issues kept me competitive, that’s a fact Guess I’m not mature as I think, got some healing to do Need assistance with the way I was brought up ‘Cause everything he didn’t want was everything I was LAMAR, K. Disponível em: <www.letras.mus.br>. Acesso em: 18 fev. 2023. [Fragmento] OVUQ ADIS EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 05 Organic farming and labelling Organic agriculture is about a way of farming that pays close attention to nature by using fewer chemicals on the land such as artificial fertilisers, which can pollute waterways. It means more wildlife and biodiversity, the absence of veterinary medicines such as antibiotics in breeding livestock and the avoidance of genetic modification. Organic farming can also offer benefits for animal welfare, as animals are required to be kept in more natural, free range conditions. For composite foods to be labelled as organic, at least 95% of the ingredients must come from organically produced plants or animals. European Union-wide rules require organic foods to be approved by an organic certification body, which carries out regular inspections to ensure the food meets a strict set of detailed regulations. As some ingredients are not available organically, a list of non-organic food ingredients are allowed, however all artificial colourings and sweeteners are banned completely in foods labeled as organic. LEWIN, J. Disponível em: <www.bbcgoodfood.com>. Acesso em: 12 nov. 2020. [Fragmento adaptado] De acordo com o texto, para que um alimento seja considerado orgânico pelos órgãos reguladores, ele deve A. ser composto apenas de vegetais não transgênicos. B. ter sido cultivado sem aplicação de fertilizantes no solo. C. estar desprovido de qualquer espécie de corante e adoçante. D. conter no máximo cinco por cento de ingredientes não orgânicos. E. usar ingredientes provenientes de animais tratados e medicados. Alternativa D Resolução: Segundo os requisitos listados no artigo, para que um alimento seja considerado orgânico, pelo menos 95% dos seus ingredientes devem ser provenientes de fontes orgânicas animais ou vegetais: For composite foods tobe labelled as organic, at least 95% of the ingredients must come from organically produced plants or animals. Logo, deduz-se que esse alimento deve apresentar no máximo cinco por cento de ingredientes não orgânicos, conforme aponta a alternativa D, que é a resposta correta. As alternativas A e B não se sustentam porque não há informações no texto sobre vegetais não transgênicos nem sobre a proibição de fertilizantes. Recomenda-se apenas o uso reduzido de fertilizantes artificiais. A alternativa C está incorreta porque são proibidos apenas os corantes e adoçantes artificiais. A alternativa E está incorreta porque, no primeiro parágrafo, é dito que a agricultura orgânica busca extinguir o uso de medicamentos veterinários, como os antibióticos, no cultivo do gado. A1EGAo abordar sua relação com o pai, o eu lírico da canção demonstra uma tentativa de A. reconciliar-se com sua família. B. pedir desculpas ao seu progenitor. C. esquecer seus traumas de infância. D. superar relacionamentos fracassados. E. refletir sobre a criação paterna recebida. Alternativa E Resolução: Ao longo da canção, o eu lírico enfatiza ter “daddy issues”, ou seja, problemas com o pai. Ele narra diversos episódios da sua infância e juventude e examina as maneiras com que esses incidentes o influenciaram e moldaram seu caráter e relacionamentos no presente. Dessa forma, a alternativa E é a que melhor corresponde às ponderações do eu lírico na letra da música. As alternativas A, B e D estão incorretas, pois não há indícios textuais na letra da canção que sugere reconciliação, um pedido de desculpas ou a superação de relacionamentos fracassados. A alternativa C está incorreta porque o eu lírico passa pelas suas memórias e reflete sobre como seu passado o moldou. Sendo assim, não é possível inferir que o eu lírico tenta esquecer seus traumas. QUESTÃO 04 Disponível em: <www.adsoftheworld.com>. Acesso em: 16 fev. 2023. A campanha sobre poliomielite visa despertar a atenção do público para o fato de que A. as redes sociais prestam um desserviço à causa. B. o número de crianças vacinadas está estagnado. C. a página oficial da Unicef alcança mais pessoas. D. as formas de contribuir devem ir além das curtidas. E. o valor adquirido em doações pelo Facebook é irrisório. Alternativa D Resolução: O anúncio afirma que se a página da Unicef ganhar curtidas no Facebook, zero crianças serão vacinadas contra a poliomielite. O texto explica, em seguida, que embora eles não tenham nada contra curtidas, vacinas custam dinheiro e que é possível ajudar fazendo doações pelo site da instituição. Portanto, a alternativa que melhor elucida o anúncio é a D. F6V2 LCT – PROVA I – PÁGINA 2 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 Zamba para olvidar La tarde se ha puesto triste Y yo prefiero callar Para qué vamos a hablar De cosas que ya no existen No sé para qué volviste Ya ves que es mejor no hablar Qué pena me da, saber que al final De este amor ya no queda nada Solo una pobre canción Da vueltas por mi guitarra Y hace rato que te extraña Mi zamba para olvidar SOSA, M. Cantora. Buenos Aires: Sony BMG, 2009. [Fragmento] “Zamba para olvidar” é uma canção de amor. O uso da expressão te extraña, associada ao violão, revela que o eu lírico A. espera retomar a relação. B. sente falta da pessoa amada. C. deseja esquecer o abandono. D. acha que se tornou diferente. E. chora porque não sobrou nada. Alternativa B Resolução: A canção “Zamba para olvidar” retrata a desilusão do eu lírico após um rompimento amoroso. Por meio da zamba, música típica do noroeste da Argentina, o sujeito poético que a compõe expressa que quer esquecer a pessoa amada e o desamor. Ao mencionar a expressão te extraña, que se refere ao violão (Da vueltas por mi guitarra / Y hace rato que te extraña), ele evidencia que, assim como o instrumento musical, sente falta da pessoa amada. De acordo com o Diccionario de la Lengua Española, extrañar significa “echar de menos a alguien o algo, sentir su falta”. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o eu lírico está convicto de que a relação chegou ao fim, pois é algo que já não existe (Para qué vamos a hablar / De cosas que ya no existen). A alternativa C está incorreta porque, ainda que ele deseje esquecer o desamor, isso não é revelado pela expressão te extraña, mas sim pelo verso Mi zamba para olvidar. Além disso, não se pode afirmar que se trata de abandono, já que isso não está expresso no texto. A alternativa D está incorreta porque a canção não menciona uma mudança no eu lírico, a qual o leve a crer que está diferente. A alternativa E está incorreta porque, embora o poema mencione que do amor não sobrou nada, não se aborda que o eu lírico tenha chorado por isso. BJZR QUESTÃO 02 Tres miembros de la comunidad indígena de Walinay fueron acusados por invadir tierras tituladas en favor de terceros. Durante el proceso que se lleva de manera oral, uno de los acusados quiso entregar a su abogado Moisés Carreño el poder para su defensa en su lengua materna. Esta solicitud causó un estallido de indignación de la juez encargada del caso. “Estamos en Colombia y aquí se habla español”, afirmó de manera intransigente la funcionaria judicial. El abogado de los indígenas recordó que la Ley de Lenguas Nativas establece unos derechos para las comunidades con tradición lingüística propia en sus relaciones con la justicia. Es evidente que bajo estas circunstancias los tres indígenas acusados no tienen plenas garantías en dicho proceso. GUERRA, W. Disponível em: <www.elespectador.com>. Acesso em: 28 fev. 2023. [Fragmento adaptado] O aspecto linguístico de um país está relacionado a sua cultura e suas práticas coletivas. Nesse sentido, o texto A. analisa a relação entre a linguagem e o ambiente social. B. desaconselha o uso da modalidade oral no ambiente jurídico. C. defende o espanhol como língua própria de contextos formais. D. examina a diversidade de idiomas no território colombiano. E. aponta a discriminação sofrida em função da língua nativa. Alternativa E Resolução: No texto em análise, é apresentada a situação de três indígenas, acusados de invasão de terras, impedidos de utilizar sua língua materna no processo de defesa, ainda que a legislação de seu país (Colômbia) estabeleça isso como um direito. No último parágrafo, o autor deixa claro que os direitos dos indígenas, nesse aspecto, estão sendo violados. Desse modo, fica patente que há uma situação de discriminação, especialmente quando se retoma a fala da juíza encarregada do caso: Estamos en Colombia y aquí se habla español. Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o texto não busca analisar a interação entre a linguagem – nesse caso especificamente a língua – e o ambiente, mas apontar um descumprimento da legislação motivado por um preconceito linguístico. A alternativa B está incorreta porque o autor não aconselha ou desaconselha o uso de uma determinada modalidade da língua no ambiente jurídico. A alternativa C está incorreta porque o texto não defende o uso de nenhuma língua especificamente, mas sim apresenta uma reivindicação relacionada ao direito de usar a língua que convier ao falante, respeitando-se a lei. A alternativa D está incorreta porque não há um exame da diversidade linguística colombiana. 3N6M EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 Argentina Según cuenta el historiador argentino Daniel Balmaceda en su libro La comida en la historia argentina, “los antiguos pueblos del Mediterráneo ya empanaban”. Se cree que la empanada llegó a Argentina de la mano de los inmigrantes españoles. Balmaceda dice que ya en 1810 había vendedores de empanadas en territoriorioplatense. Colombia En Colombia las empanadas – que tienen influencia española y africana – son tan antiguas como su propia historia, pues se nombran por primera vez en las crónicas de frailes y misioneros que llegaron en la época de la Conquista, según Germán Patiño Ossa en su libro Fogón de negros: cocina y cultura en una región latinoamericana. Venezuela La empanada venezolana tiene, como la mayoría de sus variantes a lo largo del continente americano, un origen en las versiones heredadas de España, incluida la gallega. La empanada venezolana adoptó el maíz como base de la masa, al igual que la arepa. Solo en la zona andina y en el Zulia se utiliza más la empanada con masa de harina de trigo. Disponível em: <https://cnnespanol.cnn.com>. Acesso em: 28 fev. 2023. [Fragmento] O texto, sobre um alimento bastante difundido em alguns países latino-americanos, informa que A. a empanada colombiana era fabricada por frades e missionários. B. a arepa é um tipo de empanada própria da culinária espanhola. C. a zona andina venezuelana valoriza as receitas à base de milho. D. os povos mediterrâneos aprenderam a empanar na Argentina. E. os espanhóis disseminaram a empanada entre os argentinos. Alternativa E Resolução: No fragmento da reportagem, explicita-se a origem da empanada em três países latino-americanos – Argentina, Colômbia e Venezuela. De acordo com o texto, na Argentina, acredita-se que a empanada foi disseminada pelos espanhóis (Se cree que la empanada llegó a Argentina de la mano de los inmigrantes españoles). Portanto, está correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque não se informa no texto quem cozinhava as empanadas colombianas, apenas que tiveram influência espanhola e africana. Os frades e os missionários são citados porque, em suas crônicas do período da Conquista, já mencionam a existência das empanadas. A alternativa B está incorreta porque o texto apenas menciona a arepa, comparando a base de sua massa à da empanada, mas não é informado que a arepa seja um tipo de empanada. A alternativa C está incorreta porque o que se informa sobre a zona andina é que, nesse local, a empanada é feita à base de farinha de trigo. A alternativa D está incorreta porque os povos mediterrâneos já sabiam empanar antes de a empanada ser introduzida na Argentina. QUESTÃO 04 Disponível em: <https://elotro.com.ar>. Acesso em: 7 mar. 2023. WRCH 5KT4 LCT – PROVA I – PÁGINA 4 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O governo da província de Mendoza, na Argentina, criou a campanha anterior com o objetivo de A. indicar a quantidade de água gasta em uma casa. B. convocar os cidadãos a diminuir a lavagem das louças. C. solicitar aos moradores dos imóveis atenção aos canos. D. conscientizar a população sobre o desperdício de água. E. informar sobre a necessidade de comprar novas torneiras. Alternativa D Resolução: Na campanha do governo da província de Mendoza, é exposta a informação de que mais de 10 litros de água são desperdiçados quando se lava as vasilhas com a torneira aberta. Também é solicitado ao interlocutor que feche a torneira (Cerrá la canilla). Nesse sentido, o intuito da campanha é conscientizar a população sobre o desperdício de água. Portanto, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque a quantidade de água indicada não se refere ao consumo de uma casa, mas a uma atividade específica. Além disso, a intenção não é simplesmente indicar um valor, mas demonstrar a falta de economia. A alternativa B está incorreta porque, pela mensagem Cerrá la canilla, a ideia que se comunica não é a de diminuição da lavagem de louças, mas sim a da economia da água fechando a torneira. A alternativa C está incorreta porque o texto não menciona os canos de uma residência. A alternativa E está incorreta porque a campanha não trata da compra de novas torneiras. QUESTÃO 05 “Me importa un pimiento quién grabó lo que dijo Zapatero” LOGROÑO. El jefe del Ejecutivo riojano y portavoz de los populares en la última Conferencia de Presidentes, Pedro Sanz, restó ayer importancia a la supuesta grabación realizada por algún mandatario autonómico en esa cita porque “lo importante es lo que se dice y la gravedad de lo que se dice, que es lo que a mí me afecta, no quién la grabó”, señaló en alusión a la intervención de Rodríguez Zapatero. “No son las anécdotas, sino constatar que alguien en un momento determinado confunde los atentados con los accidentes, a mí eso me parece preocupante, y todo lo que se diga de más no voy a entrar en ese tema”. Para el popular, “una cosa es lo que se dijo y otra cosa quién lo grabó o quién lo dejó de grabar. Eso es lo de menos. Estará grabado en el Senado, como se graban todas las sesiones. Me da exactamente igual, me importa un pimiento”. “Lo que menos me importa es la grabación, lo que más me importa es lo que se dijo, que tuvo la gravedad que tuvo y querer desviar la atención por otros temas me parece frivolizar las cuestiones”, añadió. Ante quienes le señalan como supuesto autor, afirmó que “todo el mundo llevaba móvil allí y todo el mundo lo manejaba”. BARRADO, S. Disponível em: <http://www.abc.es>. Acesso em: 31 ago. 2017. Em uma entrevista para o jornal espanhol ABC, o chefe do poder executivo Pedro Sanz expressou sua opinião sobre uma suposta gravação do presidente Rodríguez Zapatero. No texto, a expressão “me importa un pimiento” é utilizada para A. comunicar que não tomará nenhuma providência a respeito da gravação. B. amenizar o clima de tensão instalado após o escândalo da gravação. C. relativizar as descobertas divulgadas na gravação polêmica de Zapatero. D. menosprezar a autoria da gravação frente às informações reveladas. E. alertar a população contra a banalização do conteúdo das gravações. Alternativa D Resolução: A expressão me importa un pimiento, segundo o Diccionario de la Lengua Española, tem o sentido de “importar poco o nada”, ou seja, significa que algo tem pouca ou nenhuma importância. No texto, Pedro Sanz afirma que não se importa com quem realizou a gravação, mas sim com as informações reveladas nela. Portanto, está correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque o texto não menciona se Sanz tomará ou não providência a respeito da gravação da fala de Zapatero. Além disso, a expressão não se refere a tomar providência a respeito de algo. A alternativa B está incorreta porque Sanz, com sua declaração, não pretende amenizar o clima de tensão; sua intenção é demarcar que não lhe interessa o autor da gravação, mas tão somente seu conteúdo. A alternativa C está incorreta porque a expressão não busca relativizar o conteúdo da gravação, ao contrário, pretende realçar sua gravidade perante a irrelevância de quem realizou a gravação. A alternativa E está incorreta porque Sanz não busca alertar a população sobre o fato de o conteúdo das gravações ser banalizado, mas expressar sua opinião sobre a insignificância da autoria. 6AS1 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 BROWNE. Disponível em: <http://f.i.uol.com.br/folha/>. Acesso em: 24 abr. 2016. A falta de coerência em um texto, muitas vezes, o impede de atingir seu objetivo. No entanto, na tirinha anterior, é justamente a incoerência a responsável pelo humor gerado. Essa incoerência é de natureza A. estilística, já que a variante linguística utilizada pelas personagens é inadequada em relação ao contexto. B. genérica, já que o gênero textual não reúne características suficientes para explorar adequadamente o tema. C. pragmática, já que, no diálogo, há uma problemática relacionada à situação em que se encontram as personagens. D. sintática, já que há incorreção na regência de um dos verbos, prejudicando a comunicação entre os interlocutores. E. temática, já que nem todos os enunciados presentes no texto são relevantes ao tema em questão. Alternativa C Resolução: Observa-se que osentido humorístico da tira é ocasionado devido a um fator pragmático, relacionado à situação em que as personagens se encontram: uma refeição num restaurante, onde Hagar compreende erroneamente o desejo do amigo e pede um prato inadequado. Dessa forma, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta porque não se pode dizer que a variante linguística é inadequada ao contexto da tira, haja vista que ambas as personagens empregam uma linguagem de acordo com a norma-padrão, adequada para o diálogo estabelecido. A alternativa B está incorreta porque é incorreto afirmar que o gênero textual “tira” não reúne características para explorar o humor, haja vista que esse é o principal aspecto desse tipo de texto. Inclusive, nota-se que a cena em questão, embora curta, é perfeitamente compreensível e entendida com facilidade pelo leitor, tendo seu objetivo comunicativo plenamente atingido. A alternativa D está incorreta porque não há qualquer problema de comunicação entre os interlocutores causado por incorreção de regência verbal, sendo o diálogo perfeitamente compreendido por ambos. A alternativa E está incorreta porque todos os enunciados do texto são necessários à sua compreensão, sendo impossível entender e absorver o sentido humorístico da tira caso um deles seja retirado. QUESTÃO 07 No Rio de Janeiro faz tanto calor que depois que acaba o calor a população continua a suar gratuitamente e por força do hábito durante quatro ou cinco semanas ainda. Percebi com uma rapidez espantosa que o outono havia chegado. Mas eu não tinha relógio, nem Miguel. Tentei espiar as horas no interior de um botequim, nada conseguindo. Olhei para o lado. Ao lado estava um homem decentemente vestido, com cara de possuidor de relógio. – O senhor pode ter a gentileza de me dar as horas? Ele espantou-se um pouco e, embora sem nenhum ar gentil, me deu as horas: 13:48. Agradeci e murmurei: chegou o outono. Ele deve ter ouvido essa frase tão lapidar, mas aparentemente não ficou comovido. Era um homem simples e tudo o que esperava era que o bonde chegasse a um determinado poste. BRAGA, R. Chegou o Outono. In: 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2016. p. 28. O fragmento da crônica de Rubem Braga explicita uma marcante característica desse gênero textual, ao A. utilizar discurso direto. B. abordar evento cotidiano. C. evitar assuntos complexos. D. suprimir aspectos subjetivos. E. representar camadas populares. YJOC UZXV LCT – PROVA I – PÁGINA 6 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: A alternativa correta é a B, pois, no fragmento, o evento que motiva o texto é absolutamente cotidiano e banal (a chegada do outono e, com ele, a queda de temperatura); isto, por sua vez, é característica central do gênero crônica, que se debruça sobre o cotidiano. A alternativa A é incorreta, pois o uso do discurso direto não é uma característica do gênero, apenas uma das possibilidades de representar um diálogo. A alternativa C é incorreta porque a crônica não evita assuntos complexos; pelo contrário, muitas vezes aborda-os, mas, quando o faz, é partindo de um evento comum e / ou cotidiano. A alternativa D é incorreta, visto que os aspectos subjetivos não são suprimidos, pois eles estão presentes na forma de narrar o evento cotidiano. A alternativa E é incorreta, pois as crônicas não se restringem a representar as camadas populares. QUESTÃO 08 No lugar de meu irmão veio morar comigo o Pintassilgo. Menino negro como o pássaro. Meu amigo emitia um assobio afinado como flauta soprada por anjo. Saltávamos pelos morros atrás de mais passarinho para conversar. O menino amigo, cantando outros silvos, me fazia fartar-me de fugaz felicidade. E não havia mentira mais verdadeira do que a de supor possível escutar o coração dos pássaros. QUEIRÓS, B. C. Vermelho amargo. São Paulo: Cosac Naify, 2011. p. 59. O texto apresenta de forma predominante a função poética, que se justifica principalmente pelo(a) A efeito polissêmico obtido por meio da evocação da imagem do pássaro e pelo jogo sonoro com as palavras. B modo hiperbólico com que o narrador apresenta os detalhes cotidianos de sua relação afetiva com o amigo. C presença de construções paradoxais que revelam a confusão mental da personagem quanto aos próprios sentimentos. D uso da comparação entre o amigo e o pássaro, que permite uma reflexão existencial profunda do narrador. E utilização da primeira pessoa, que expõe o ponto de vista do narrador em relação à manutenção das amizades. Alternativa A Resolução: No texto, percebe-se uma linguagem criativa que trabalha com a polissemia de “Pintassilgo”, que pode denotar o pássaro ou o menino, amigo do narrador. Além disso, explorando a ideia de que o menino assobia tão bem quanto o pássaro canta, o fragmento é repleto de termos associados à musicalidade e de palavras com o fonema /s/ (em algumas, ambos os aspectos podem ser identificados): pintassilgo, pássaro, assobio, flauta soprada, saltávamos, passarinho, silvos, fugaz, felicidade, supor. Essa repetição do som materializa a característica que o narrador percebe no amigo. A alternativa correta, então, é a A. A alternativa B está incorreta porque não há hipérbole no texto, as figuras de linguagem predominantes são a metáfora e a comparação, que dizem respeito ao caráter poético do relato. 7AG6 A alternativa C está incorreta porque, ao contrário, o narrador mostra-se bem esclarecido acerca de seus sentimentos pelo amigo, não empregando ideias paradoxais para descrever seu canto. A alternativa D está incorreta porque, mesmo que haja uma comparação entre o canto do amigo e o canto do pássaro, ela não dá margem para uma reflexão existencial do narrador, já que ele se limita a demonstrar admiração pela habilidade do menino. Por último, a alternativa E está incorreta porque o emprego da primeira pessoa aponta para o caráter subjetivo do texto, que está associado à função emotiva da linguagem. QUESTÃO 09 O editorial é um gênero utilizado na imprensa, especialmente em jornais e revistas, que tem por objetivo informar, mas sem obrigação de ser neutro e indiferente. Portanto, a objetividade e a imparcialidade não são características desse gênero textual, uma vez que o redator expõe a opinião do jornal sobre o assunto narrado; ou seja, do grupo que está por trás do canal de comunicação, já que os editoriais não são assinados por ninguém. Assim, podemos dizer que o editorial é um texto mais opinativo do que informativo e que apresenta um fato e uma opinião. O fato informa o que aconteceu e a opinião transmite a interpretação do que aconteceu. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/o-editorial.htm>. Acesso em: 24 abr. 2015 (Adaptação). O texto em questão expõe o editorial com a função primordial de A apresentar a visão crítica do veículo a respeito de determinado fato. B incentivar o julgamento crítico acerca do cotidiano do veículo. C influenciar de forma negativa a opinião pública. D informar aos leitores a ocorrência de abusos na área política. E reinventar a realidade social e política de forma crítica. Alternativa A Resolução: O trecho expõe, como função do gênero textual “editorial”, a emissão de uma opinião acerca de algum fato, compondo o texto, portanto, a informação do fato em questão e, principalmente, o ponto de vista (a visão crítica) sobre esse elemento objetivo. Por não ser assinado, a autoria do “editorial” é atribuída ao veículo de imprensa ao qual se vincula. Logo, a alternativa correta é a A. A alternativa B está incorreta, pois não se promove uma visão crítica sobre o veículo e seu cotidiano, e sim sobre o fato veiculado. A alternativa C está incorreta, pois não há valoração a priori, seja esta positiva ou negativa, acerca de como aquela opinião impactará a opinião pública. A alternativa D está incorreta, pois o editorial não se restringe a uma visão crítica sobre apolítica, podendo transitar por diversos assuntos. A alternativa E está incorreta, pois o editorial não reinventa a realidade, e sim produz um outro ponto de vista, uma visão crítica sobre ela. 8MRS EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 10 Disponível em: <https://umbrasil.com>. Acesso em: 1 mar. 2023. Na charge, há uma crítica que se sustenta no(a) A. ausência de produtos capilares para mulheres negras. B. questionamento descontextualizado feito pela garota. C. sumiço de shampoos para cabelos crespos nos mercados. D. preconceito das empresas de shampoo com as cacheadas. E. crença de haver shampoos para cabelos normais e anormais. Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E, pois a charge critica o fato de existirem empresas de shampoos que acreditam haver cabelos “normais”, sugerindo, em oposição, que há outros que seriam “anormais”. A alternativa A está incorreta, pois não há elementos verbovisuais na charge que indiquem não haver produtos capilares para mulheres pretas. A alternativa B está incorreta, pois o questionamento não é descontextualizado, e sim contextualizado, já que a indagação da garota é feita dentro de uma seção de produtos de cabelo. A alternativa C está incorreta, pois a charge não aponta para o sumiço de shampoos para cabelos crespos nos mercados, e sim para a desinformação das empresas de shampoos sobre o fato de não haver cabelos normais, e sim diferentes. A alternativa D está incorreta, pois o que se observa é a ignorância das empresas de shampoo em acreditar que cabelos normais é sinônimo de cabelos lisos, o que não é verdade. QUESTÃO 11 Saem ÉDIPO, CREONTE, O SACERDOTE. Retira-se o POVO. Entra O CORO, composto de quinze notáveis tebanos. O CORO Doce palavra de Zeus, que nos trazes do santuário dourado de Delfos à cidade ilustre de Tebas? Temos o espírito conturbado pelo terror, e o desespero nos quebranta. Ó Apoio, nume tutelar de Delos, tu que sabes curar todos os males, que sorte nos reservas agora, ou pelos anos futuros? Dize-nos tu, filha da áurea Esperança, divina voz imortal! IF8F DKUB Também a ti recorremos, ó filha de Zeus. Palas eterna, e a tua divina irmã, Diana, protetora de nossa pátria, em seu trono glorioso na Ágora imensa; e Apoio, que ao longe expede suas setas; vinde todos vós em nosso socorro; assim como já nos salvastes outrora de uma desgraça que nos ameaçava, vinde hoje salvar-nos de novo! SÓFOCLES. Édipo Rei. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 6 ago. 2020. [Fragmento] O excerto apresenta o coro, característico do texto dramático clássico e que cumpre uma função no gênero textual ao A. expressar uma voz coletiva que canta a narrativa. B. apresentar um traço estilístico ao suplicar aos deuses. C. exaltar os deuses mitológicos que determinam os destinos. D. inserir uma personagem anônima para confundir o espectador. E. promover um espaço democrático onde interferem os espectadores. Alternativa A Resolução: A alternativa correta é a A, pois o coro, no drama clássico, representa uma voz que canta e comenta a narrativa, surgindo em momentos em que os personagens deixam o palco. A alternativa B é incorreta, pois a súplica aos deuses não se relaciona com a função do coro no gênero textual. A alternativa C é incorreta, pois a exaltação dos deuses também não se relaciona com a função de tal estratégia discursiva. A alternativa D é incorreta, pois o objetivo não é confundir o espectador, e sim incluir uma voz coletiva que encaminha a narrativa – e apenas anônima por representar esta massa não identificada. A alternativa E é incorreta, pois os espectadores não interferem na peça com a entrada do coro. QUESTÃO 12 PONTO PACÍFICO A gente vai até certo ponto. Além dele, tem a esquina, você sabe, e vai cada um do seu lado. E isso não é bom, ou talvez seja, quem sabe. Porque sempre voltamos. E isso é bom, dependendo do ponto de vista. Só que tem vezes que a gente quer ir desesperadoramente mais longe, não sei por que raio, e sai um arrastando o outro, sem olhar de lado. Isso não é bom. Ou vai ver que é, sabe Deus. O fato é que voltamos sempre um pouco mais desapontados. E isso pelo menos parece pacífico. PASCHOA, A. Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br>. Acesso em: 26 fev. 2023. “Ponto pacífico” é um poema em prosa. Essa característica pode ser observada no texto, uma vez que ele A. evidencia um olhar otimista sobre o amor. B. aborda os relacionamentos de forma lírica. C. estrutura o ciclo amoroso a partir de versos. D. tematiza os sofrimentos dos casais pacíficos. E. caracteriza o ser amado que perdoa as traições. 2NK5 LCT – PROVA I – PÁGINA 8 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa A está incorreta, pois as crianças da década atual certamente ainda não eram nascidas em 2005. A alternativa B está incorreta, pois não há elementos verbovisuais no post que sugerem a reivindicação da volta das invenções da época em análise. A alternativa C está incorreta, pois a postagem não pretende discutir os avanços da tecnologia, tampouco esse é o tema central em representação no post. A alternativa E está incorreta, pois promover o debate sobre a obsolescência das coisas é uma interpretação extrapolada do texto em destaque. QUESTÃO 14 Recado aos amigos distantes Meus companheiros amados, não vos espero nem chamo: porque vou para outros lados. Mas é certo que vos amo. Nem sempre os que estão mais perto fazem melhor companhia. Mesmo com sol encoberto, todos sabem quando é dia. Pelo vosso campo imenso, vou cortando meus atalhos. Por vosso amor é que penso e me dou tantos trabalhos. MEIRELES, C. Disponível em: <www.revistabula.com>. Acesso em: 23 fev. 2023. A sonoridade é um aspecto importante de construção do texto poético, sendo assinalada, muitas das vezes, por meio do uso da rima. No fragmento do poema de Cecília Meireles, esse recurso se expressa com rima de A. estrofes com quatro versos. B. palavras de mesmo sentido. C. palavras em versos alternados. D. versos com paralelismo sintático. E. palavras com sonoridade cacofônica. Alternativa C Resolução: A alternativa correta é a C, pois, nos versos de Cecília Meireles, as rimas se dão entre palavras que estão em versos que não são contínuos, mas intercalados por outro, sendo, portanto, alternados. Assim, tem-se na primeira estrofe, por exemplo: amados (1v.) rimando com lados (3v.) e chamo (2v.) rimando com amo (4v.) – essa estrutura se repete no poema. A alternativa A é incorreta, pois as rimas se dão entre versos, e não entre estrofes. A alternativa B é incorreta porque o que promove a rima é a equivalência sonora entre termos, e não a equivalência ou aproximação semântica. A alternativa D é incorreta porque não há paralelismo sintático entre os versos. A alternativa E é incorreta, pois não há cacofonia nas rimas, algo que não poderia se dar, sobretudo, por elas serem alternadas. 4L7N Alternativa B Resolução: A alternativa B está correta, pois o marcador poético na prosa (que então a define como poema em prosa) é o lirismo utilizado em sua construção, característica principal da poesia. A alternativa A está incorreta, pois o texto apresenta um olhar dual e incerto sobre o amor (“e isso é bom, dependendo do ponto de vista” / “Isso não é bom. Ou vai ver que é, sabe Deus”), não um olhar otimista, e, mesmo que apresentasse, não é essa característica que define o poema em prosa. A alternativa C está incorreta, pois o poema em prosa não é estruturado em versos. A alternativa D está incorreta, pois o que é tematizado é a trajetória de relacionamentos de uma maneira geral, não os “sofrimentos dos casais pacíficos”, uma vez que o uso da palavra “pacífico”, no final do texto, é indicativo do trajeto dos relacionamentos nele tematizado, e não de um determinado tipo de casal. A alternativa E está incorreta, pois não é tratado,em momento algum, de traições. QUESTÃO 13 Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 1 mar. 2023. Nesse post do Instagram, a união entre linguagem verbal e linguagem visual pretende A. gerar nostalgia nas crianças da década atual. B. reivindicar a volta das criações do ano de 2005. C. despertar discussões sobre o avanço da tecnologia. D. provocar saudosismo naqueles que viveram a época. E. promover o debate sobre a obsolescência das coisas. Alternativa D Resolução: A alternativa D está correta, pois tanto o texto verbal quanto o visual convidam o interlocutor adulto a voltar no tempo, mais especificamente no ano de 2005, com o objetivo de gerar saudade e boas memórias no sujeito que vivenciou as criações do início dos anos 2000. CH1S EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 15 GUARDA – (Entra.) Que foi? Alguém chamou? BRANCA – (Hesita ainda um instante.) Não, ninguém chamou. GUARDA – É, mas o tempo já está esgotado. Era só um instante. BRANCA – (Toma as mãos de Augusto e beija-as. Há nesse gesto gratidão, amor e admiração.) Será que isto vai durar eternamente? AUGUSTO – Não creio. É demasiado cruel e demasiado idiota para durar. GOMES, D. O santo inquérito. Disponível em: <https://www.academia.edu>. Acesso em: 23 fev. 2023. Considerando os procedimentos de construção textual do gênero dramático, as sentenças entre parênteses têm como função A. inserir a voz do narrador do texto. B. apontar o elenco ideal para a encenação. C. completar o sentido das falas das personagens. D. oferecer indicações para a representação da peça. E. apresentar interferências do autor como comentários. Alternativa D Resolução: A alternativa correta é a D, pois, como o texto teatral é feito a fim de ser representado, há indicações entre parênteses para os atores; no fragmento, as indicações são de ações pontuais e de emoções expressas pelas personagens. A alternativa A é incorreta, visto que não é a voz do narrador, só haverá narrador no texto teatral se houver uma voz em off. A alternativa B é incorreta, pois as sentenças entre parênteses indicam as emoções e a forma de encenar cada momento e cada fala, e não o elenco ideal para a encenação. A alternativa C é incorreta porque o sentido das falas das personagens é completo por si, as indicações completam e constituem o texto globalmente. A alternativa E é incorreta, pois não são comentários, são indicações para a atuação. QUESTÃO 16 DESCAVES, V. Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 23 fev. 2023. A sequência de eventos que compõe a imagem constrói a progressão do texto, apresentando um(a) A. maneira de cultivo agrícola. B. representação da vida rural. C. hipérbole de atitudes generosas. D. defesa das propriedades privadas. E. metáfora do comportamento humano. Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E, pois a charge não se restringe à questão do plantar; antes, ela aborda como boas ações geram frutos, promovendo um círculo virtuoso. Por isso, a imagem é lida como uma metáfora de um comportamento humano – coletivo e cooperativo. A alternativa A é incorreta, pois o texto não informa sobre uma forma de cultivo agrícola específica. A alternativa B é incorreta porque não é a representação da vida rural, posto que não é assim que as comunidades rurais se organizam. A alternativa C é incorreta, pois não há hipérbole (figura de linguagem voltada à construção de exageros) na charge, e sim metáfora visual. Por fim, a alternativa D é incorreta, pois não há defesa da propriedade privada; na charge, cada um tem seu espaço delimitado, mas isso não impede uma postura cooperativa. Q3VP I71K LCT – PROVA I – PÁGINA 10 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 17 Disponível em: <www.gov.br>. Acesso em: 1 mar. 2023. Essa campanha, publicada pelo Ministério da Saúde, sobre o Dia Mundial de Luta contra a AIDS, tem como objetivo principal o(a) A. fomento à utilização de camisinha após suspeita de infecção. B. incentivo ao uso dos métodos contraceptivos, como o teste rápido. C. conscientização das pessoas sobre os efeitos das relações desprotegidas. D. estímulo aos cuidados com a saúde sexual, por meio do uso de camisinha. E. sensibilização feminina sobre a importância do tratamento correto para o HIV. Alternativa D Resolução: A alternativa D está correta, pois a campanha de conscientização promovida pelo Ministério da Saúde estimula e reconhece o uso da camisinha como principal método de proteção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a exemplo do HIV. A alternativa A está incorreta, pois a campanha incentiva o uso da camisinha antes das relações sexuais, de modo a evitar o contágio de ISTs indesejadas. A alternativa B está incorreta, pois o teste rápido não é um método contraceptivo, e sim um teste de diagnóstico rápido que detecta a presença ou a ausência de antígenos ou anticorpos para determinada IST. A alternativa C está incorreta, pois o foco da campanha não é explicitar os efeitos negativos das relações desprotegidas, e sim incentivar o uso da camisinha pelas pessoas. A alternativa E está incorreta, pois, apesar de trazer a imagem de uma mulher na campanha, essa mesma campanha visa à sensibilização de mulheres e homens sobre a adesão de ambos ao uso da camisinha como forma de evitar uma IST. QUESTÃO 18 Disponível em: <https://turmadamonica.uol.com.br>. Acesso em: 1 mar. 2023. O humor presente na tirinha de Mauricio de Sousa consiste na A. surpresa pela falta de interesse de Magali nos animais. B. gula de Magali ao não dividir as frutas colhidas na árvore. C. má educação de Magali ao jogar o resto das frutas no chão. D. tristeza do animal ao acreditar que receberia ajuda de Magali. E. desatenção de Magali ao desconsiderar retirar o animal da árvore. S1I7 K5O2 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: O texto deve ser lido atentando para a tipologia textual predominante, qual seja, a descrição do povo e da terra feita pelo escrivão Caminha por meio de sua visão e impressões, caracterizando-se, assim, como uma descrição subjetiva. Por isso, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois não há uma explicação, tampouco apresenta-se o processo de colonização. A alternativa B está incorreta, pois a dissertação ocorre em relação a determinado assunto, o que não se vê no trecho, que aborda os indígenas de forma descritiva pelo autor. A alternativa D está incorreta, pois o texto não apresenta argumentos que buscam defender um posicionamento ou ideia. A alternativa E está incorreta, pois não há exposição de uma situação, no caso, a aproximação dos portugueses com os indígenas, mas uma descrição da relação já existente entre os indivíduos. QUESTÃO 20 O segredo de Glória Maria resumia-se em três palavras: trabalho com perfeição. Em duas palavras: amanhã melhorar. Em uma palavra: profissionalismo. Em quatro letras: amor. Não é fácil ser preto no Brasil. O preconceito, sob o tapete da aparente cordialidade e urbanidade brancas, atua da forma mais covarde: nos subterrâneos da pirâmide social. Menos fácil, ainda, é ser mulher preta em nosso país. As barreiras crescem para elas, porque à discriminação de gênero soma-se a da cor da pele. Quase impossível é ser preta, mulher e brilhar na televisão, sobretudo vindo de origem humilde. Preta, mulher, pobre, e querer ser ícone profissional televisivo? É de enlouquecer. Glória Maria, a jornalista Glória Maria, derrubou, um por um, todos esses empecilhos, mostrando como ninguém mostrara, até então no país, que a força de caráter, em querer e conseguir ser a melhor, é eficaz fórmula de denunciar o racismo. Disponível em: <https://istoe.com.br>. Acesso em: 1 mar. 2023. De acordo com o texto, o autor defende, entre outras coisas, a ideia de que o(a) A. cordialidade de Glória Maria a ajudou a alcançaro topo da pirâmide social. B. racismo obrigou mulheres negras a serem destaque nas próprias ocupações. C. profissionalismo de Glória Maria como jornalista foi sua resposta contra o racismo. D. competência profissional de Glória Maria fez com que mulheres se espelhassem nela. E. violência de raça, gênero e classe sofrida por mulheres as desencoraja a seguir em frente. 8R94 Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E, pois, no primeiro quadrinho, a impressão que se tem é de que Magali olha para o gato, que aparenta estar com medo de descer do tronco da árvore, e pretende ajudá-lo. No entanto, nos quadrinhos seguintes, o que se observa é que Magali está mais preocupada em subir na árvore para se alimentar das frutas do que em retirar o felino lá de cima. A alternativa A está incorreta, pois, na verdade, o interesse de Magali, no contexto da tirinha, consiste em se alimentar, o que não significa que ela possua desinteresse nos animais. A alternativa B está incorreta, pois a posição espacial do animal permite que ele também se alimente das frutas da árvore, assim como Magali o fez. A alternativa C está incorreta, pois o foco da cena está no comportamento desatento de Magali com o gato, e não com a natureza. A alternativa D está incorreta, pois a feição do animal não é de tristeza, e sim de incompreensão diante da atitude de Magali. QUESTÃO 19 Enquanto cortávamos a lenha, faziam dois carpinteiros uma grande Cruz, dum pau, que ontem para isso se cortou. Muitos deles vinham ali estar com os carpinteiros. E creio que o faziam mais por verem a ferramenta de ferro com que a faziam, do que por verem a Cruz, porque eles não têm coisa que de ferro seja, e cortam sua madeira e paus com pedras feitas como cunhas, metidas em um pau entre duas talas, mui bem atadas e por tal maneira que andam fortes. Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios por essas árvores, deles verdes e outros pardos, grandes e pequenos, de maneira que me parece que haverá muitos nesta terra. Porém eu não veria mais que até nove ou dez. Outras aves então não vimos, somente algumas pombas-seixas, e pareceram-me bastante maiores que as de Portugal. CAMINHA, P. V. Carta de Caminha. Disponível em: <http://dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 15 abr. 2019. [Fragmento] Considerada a “certidão de nascimento” brasileira, a Carta de Caminha é até hoje um dos mais importantes textos literários e históricos sobre o Brasil. No fragmento analisado, observa-se, quanto à tipologia presente na construção textual, uma A. explicação, que propõe o entendimento do processo de colonização dos índios. B. dissertação, que suscita uma discussão sobre a relevância da colonização portuguesa. C. descrição subjetiva, que mescla aspectos dos nativos às impressões pessoais do autor. D. argumentação, que reforça uma crítica aos métodos precários dos índios para construção. E. exposição, que apresenta a tentativa dos portugueses de aproximação dos povos indígenas. OGVY LCT – PROVA I – PÁGINA 12 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: A alternativa C está correta, pois o autor defende a ideia de que o profissionalismo de Glória Maria como jornalista foi sua resposta contra o racismo. O texto destaca como a jornalista, mesmo sendo mulher, negra e vinda de uma origem humilde, conseguiu se destacar na televisão através de sua competência e dedicação ao trabalho, mostrando que a força de caráter é uma fórmula eficaz para denunciar o racismo. A alternativa A está incorreta, pois o texto não menciona que a cordialidade de Glória Maria tenha sido um fator relevante para sua ascensão na pirâmide social. A alternativa B está incorreta, pois o texto destaca as barreiras enfrentadas pelas mulheres negras devido à discriminação de gênero e cor da pele, mas não afirma que o racismo as obrigou a se destacarem em suas ocupações. A alternativa D está incorreta, pois o texto não afirma, em nenhum momento, que outras mulheres se espelharam em Glória Maria por conta da sua competência profissional. A alternativa E está incorreta, pois o autor destaca as dificuldades enfrentadas por mulheres negras no Brasil, incluindo a discriminação de raça e gênero, mas ressalta como Glória Maria superou esses obstáculos e se tornou um exemplo de força de caráter e competência profissional. QUESTÃO 21 Tudo começou com sol Fizemos a praia no quintal de casa Tudo muito aceso And our body in the sun (sun) We kissed slowly and softly A areia espelhou o azul Baby, vem dormir comigo Baby, sente a luz do sol Baby, sussurra no ouvido baixinho Que acordar comigo é um travesseiro de manhã. Eu não sou de beber, Mas se beber melhora Esse bebê, me adora Baby. Traz logo esse rosé com esse licor de amora Nossas línguas namoram E o jambo treme... Me beija, teu balanço me suspende Tô derretendo, na sua frente... LINIKER. Baby 95. Disponível em: <www.youtube.com>. Acesso em: 1 mar. 2023. RRYM Nessa letra de música, o eu lírico demonstra estar apaixonado, sentimento que ganha força, principalmente, A. pela associação do amor a um dia ensolarado. B. pelas lembranças de um passado vivido a dois. C. pelo nível de intimidade ilustrado em um sonho. D. pela mescla entre português e inglês na canção. E. pelo emprego da linguagem figurada nos versos. Alternativa E Resolução: A alternativa E está correta, pois as figuras de linguagem são recursos estilísticos utilizados para dar mais expressividade e força ao discurso. No caso da música “Baby 95”, figuras de linguagem como “A areia espelhou azul” (pleonasmo), “Que acordar comigo é um travesseiro de manhã” (metáfora), “Nossas línguas namoram” (pleonasmo), “Tô derretendo, na sua frente...” (hipérbole) ajudam a construir o lirismo presente na música de Liniker e, por sua vez, intensificar a paixão do eu lírico. A alternativa A está incorreta, pois a associação, por si só, entre o amor e um dia ensolarado é insuficiente para transmitir o sentimento de apaixonado do eu lírico. A alternativa B está incorreta, pois a música não menciona lembranças de um passado vivido a dois. A alternativa C está incorreta, pois, embora haja uma referência a um sonho, não é possível afirmar que o nível de intimidade seja ilustrado nele. A alternativa D está incorreta, pois a mescla entre português e inglês na canção não é relevante para o sentimento do eu lírico. QUESTÃO 22 Capoeira na escola: os primeiros passos do projeto O Projeto de Capoeira na Escola é uma atividade desenvolvida pelo Colegiado de Filosofia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Campus de União da Vitória. A discussão em torno da cultura afro-brasileira tem crescido e lhe é assegurado um espaço de destaque no cenário educacional. Todavia, a discussão é, em determinado momento, tomada de forma ideológica, romântica e, também, preconceituosa. Mas não se pretende adentrar nesta seara; pelo contrário, a ênfase é justamente compreender a capoeira como ferramenta metodológica para discutir questões da cultura afro-brasileira. ALMEIDA, A. C. S.; SANTIAGO, V. N. Capoeira na escola: cidadania e cultura. Disponível em: <http://periodicos.uesb.br>. Acesso em: 10 dez. 2017. [Fragmento] O texto é um fragmento da introdução de um artigo acadêmico. Segundo os autores, sua ênfase, acerca da prática da capoeira, é A. abordá-la de forma ideológica no cenário educacional. B. entendê-la como instrumento para promoção cultural. C. discuti-la como atividade romântica e preconceituosa. D. compreendê-la como uma possível disciplina escolar. E. inseri-la no espaço de destaque da cultura brasileira. QJ4P EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: Os autores revelam como a discussão sobre a capoeira tem sido empreendida até o presente e, ao final do trecho, apresentam sua abordagem, que consisteem “justamente compreender a capoeira como ferramenta metodológica para discutir questões da cultura afro-brasileira”, ou seja, a capoeira é compreendida como um instrumento que possibilita a discussão de questões culturais e a promoção, especialmente, da cultura afro-brasileira. A alternativa correta é, portanto, a B. As abordagens ideológica, romântica e preconceituosa são aquelas que os autores citam como comumente empreendidas, as quais eles pretendem evitar, logo, estão incorretas as alternativas A e C. A alternativa D está incorreta porque não há indícios no texto de que os autores compreendam a capoeira como uma disciplina escolar, uma vez que apenas apresentam o projeto de levá-la ao espaço da escola com o objetivo de fomentar a discussão de questões culturais, e não de formalizar a prática como disciplina. Por fim, a alternativa E está incorreta porque os autores não buscam inserir a capoeira no espaço da cultura brasileira, uma vez que a sua prática já é uma manifestação cultural nacional muito expressiva. QUESTÃO 23 Comunhão Por que escrevo? Porque sou pouca e mínima embora vária, porque não me basto, escrevo para compensar a falta, porque não quero ser só raiz e haste e preciso do outro para dar sombra e fruto. SAVARY, O. Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br>. Acesso em: 23 fev. 2023. Poemas que refletem sobre a arte da escrita remetem a um repertório poético tradicional. No poema de Olga Savary, a voz lírica dialoga com essa tradição, repercutindo sua A. metáfora com as plantas. B. incompletude sem a escrita. C. autossuficiência pela escrita. D. dúvida sobre suas motivações. E. incompreensão sobre a existência. Alternativa B Resolução: A alternativa correta é a B, pois a voz lírica atribui sua arte poética (pertencente a um repertório poético tradicional) ao fato de “ser pouca” e não se bastar – escrevendo, portanto, para compensar essa falta; logo, depreende-se de que ela se sente incompleta sem a escrita. A alternativa A é incorreta porque a metáfora envolvendo as plantas não é o que responde à questão central do poema: por que a voz lírica escreve. I3ZY A alternativa C é incorreta, visto que a voz lírica não escreve porque se basta sozinha, com a escrita, mas porque, sem a escrita, sente-se pouca, incompleta. A alternativa D é incorreta, pois o poema traz uma resposta sobre o porquê a voz lírica poética escreve, não transparecendo uma postura vacilante, com dúvidas. A alternativa E é incorreta, pois não há uma incompreensão sobre a existência, há um sentimento subjetivo frente a ela. QUESTÃO 24 TEXTO I Disponível em: <www.google.com>. Acesso em: 24 fev. 2022. TEXTO II O cartaz [...] é associado à obra de arte Marilyn Monroe (1967), de Andy Warhol, e é o ponto de partida para a criação de um texto enfatizando que a organização dos livros nas estantes deve ser deixada a cargo dos servidores das bibliotecas. Warhol foi um bem-sucedido ilustrador que participou do movimento Pop Art. Essa obra do artista resulta da sequência de nove pinturas da atriz Marilyn Monroe, um ícone da cultura pop de diversas gerações. Essas imagens revelama identidade múltipla da artista, pintadas com diferentes cores, emparelhadas de três em três. Disponível em: <https://files.cercomp.ufg.br>. Acesso em: 24 fev. 2022. A relação entre as obras de arte exploradas pelo texto I e o esclarecimento trazido pelo texto II é um recurso linguístico que A. intensifica as diferenças entre elas e deixa claro que elas não pertencem a um mesmo ambiente. B. reforça a interdiscursividade ao inseri-las em um novo contexto tal qual os livros de uma biblioteca. C. estabelece a intertextualidade entre a pintura e as obras literárias participantes do movimento Pop Art. D. destaca as semelhanças discursivas que as permeiam ao reproduzir um mesmo tema sob diferentes leituras. E. rompe com seus significados originais e reconstrói um novo discurso que deixa de contemplar o contexto de produção. SXGL LCT – PROVA I – PÁGINA 14 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa B Resolução: A obra de Andy Warhol destaca a multiplicidade de Marilyn Monroe enquanto ícone pop. A releitura feita no texto I substitui duas das nove imagens de Marilyn por autorretratos de Renoir e Van Gogh, dois pintores impressionistas. A intertextualidade construída pelo texto I soma os sentidos das obras originais e os transforma dentro do seu contexto de produção, sendo aqui as obras equivalentes aos livros e a mistura de Pop Art e Impressionismo representa a bagunça feita pelos estudantes que não seguem a recomendação. Sob a ótica do discurso, o diálogo estabelecido entre as obras reforça a presença de uma teia discursiva comum que as une, tal qual os livros de uma biblioteca. Desse modo, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois as obras respondem a uma lógica comum que permite seu agrupamento, no entanto, são separadas pelos seus diferentes estilos dentro dos setores da “biblioteca”. A alternativa C está incorreta, pois as obras de arte formam aqui uma metáfora que representa a biblioteca. A alternativa D está incorreta, pois as obras apresentam dois temas diferentes: o autorretrato dos pintores impressionistas e a representação de Marilyn por Warhol. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o diálogo entre as obras soma sentidos e adiciona a esses sentidos um novo contexto de produção. QUESTÃO 25 TEXTO I Disponível em: <https://turmadamonica.uol.com.br>. Acesso em: 24 fev. 2022. TEXTO II Há claramente uma distinção entre as relações dialógicas e aquelas que se dão entre textos. Por isso, chamaremos qualquer relação dialógica, na medida em que é uma relação de sentido, interdiscursiva. O termo “intertextualidade” fica reservado apenas para os casos em que a relação discursiva é materializada em textos. Isso significa que a intertextualidade pressupõe sempre uma interdiscursividade, mas que o contrário não é verdadeiro. Por exemplo, quando a relação dialógica não se manifesta no texto, temos interdiscursividade, mas não intertextualidade. FIORIN, J. L. Interdiscursividade e intertextualidade. In: BRAIT, B. (org.). Bakhtin: outros conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2006. A intertextualidade, conforme proposta pelo texto II, executa-se no texto I por meio A. do sentido do ato de criação construído na obra. B. da materialização da releitura de uma obra de arte. C. das influências formadoras do artista produtor da obra. D. das relações dialógicas reconhecidas durante a leitura. E. da recuperação da polifonia de Michelangelo ao “Gênesis”. Alternativa B Resolução: Segundo Fiorin, a intertextualidade diz respeito ao nível material do texto, referindo-se a tudo que se manifesta concretamente no texto analisado. Assim, temos no texto I a replicação da obra de Michelangelo, os traços característicos dos quadrinhos da Turma da Mônica e a referência ao texto bíblico “Gênesis”, todos visivelmente perceptíveis no texto da obra analisada. Desse modo, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois a construção de sentidos está no campo do enunciado, ou seja, não equivale à materialidade do texto, mas se forma a partir dele. A alternativa C está incorreta, pois as influências do artista fazem parte de um momento anterior à produção da obra e constituem esse artista de formas que nem sempre são materializadas no texto. A alternativa D está incorreta, pois aquilo que é recuperado no momento da leitura independe do texto físico, constituindo o cruzamento de três instâncias: autor, texto e leitor. Finalmente, a alternativa E está incorreta, pois as relações estabelecidas pelas vozes extrapolam o texto produzido, uma vez que a polifonia reconhece que todas as vozes existem em um mesmo universo. K1MG EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 26 johny? está me ouvindo? johny? está me ouvindo?sim sim claro tua mãe e eu perdoamos já perdoamos eu disse perdoamos isso acontece claro acontece a qualquer um eu disse qualquer um é to anyone do you hear me yes we forgive you i said your mother your mother forgives you yes you do you hear me now whatever it is é claro tudo perdoado tua mãe perdoa mãe sempre perdoa tudo eu disse tudo forgives yes your mother and i we never never pai sempre perdoa i forgive you perdoo perdoo agora vá dormir my poor johny dormir eu disse já disse que perdoo tua mãe perdoa agora johny está me ouvindo johny está me ouvindo when i say do you hear me yes johny do you do you do LEMINSKY, P. johny? está me ouvindo? In: HOLLANDA, H.; MESSEDER, C. Poesia jovem, anos 70. São Paulo: Abril Educação, 1982. O texto de Paulo Leminsky, ao elevar à categoria poética uma possível conversa truncada, em dois idiomas, entre pai e filho, cria uma situação de interlocução que mostra o predomínio da função A poética, pois busca valorizar os elementos estéticos para transformar uma cena prosaica em objeto literário. B metalinguística, pois coloca em destaque a dificuldade de construir o processo comunicativo entre duas personagens. C fática, pois apresenta a voz de uma personagem, praticamente em monólogo, preocupada em verificar a atenção de seu interlocutor. D emotiva, pois tenciona mostrar o forte desejo de um interlocutor fazer-se notado e amado por aquele que o ouve. E apelativa, pois revela a insistente tentativa de uma personagem em atingir a atenção do seu receptor. Alternativa C Resolução: Ao longo do texto, vê-se a fala de uma personagem que não consegue se fazer ouvida e tenta se comunicar com outra. Pode-se inferir que o telefone é o canal utilizado, o qual a personagem precisa constantemente testar para garantir que a comunicação esteja bem estabelecida. Assim sendo, a função fática predomina, já que é a responsável pelo contato no ato da comunicação. São empregadas expressões de maneira quase inconsciente, a fim de chamar o interlocutor e certificar-se de que ele está ouvindo, como “johny?” e “está me ouvindo?”. A alternativa correta, portanto, é a C. A alternativa A está incorreta porque, apesar de o texto, de fato, transformar uma cena prosaica em objeto literário, sua construção estética se dá pela exploração da função fática, que se sobrepõe, assim, ao caráter meramente poético do texto, sendo, até mesmo, responsável pelos efeitos estéticos possíveis da leitura. A alternativa B está incorreta porque não há uma reflexão sobre o próprio código utilizado. A alternativa D está incorreta porque não há um narrador ou eu lírico expressando subjetividade. Por fim, a alternativa E está incorreta porque o texto não é voltado para o receptor, isto é, o leitor do texto. QUESTÃO 27 Moon, uma baleia jubarte, ficou incapaz de usar sua cauda para nadar depois de ser atingida por um navio. Desde então, ela nadou quase 5 mil quilômetros do Canadá ao Havaí, no que se acredita ser sua última viagem antes de morrer. Os pesquisadores sabem sobre Moon há anos, mas em setembro notaram que sua coluna estava deformada, indicando que ela havia sido atingida por um navio. Sua coluna agora tem uma enorme forma de “S”, deixando-a incapaz de usar sua cauda, o que é necessário para ela nadar. Esse tipo de lesão provavelmente resultará em sua morte. Mas isso não a impediu de tentar aproveitar ao máximo o tempo que lhe resta. Essa jornada provavelmente será a última de Moon. “Em sua condição atual, ela não sobreviverá para fazer a viagem de volta”, disseram os pesquisadores. “Nunca entenderemos verdadeiramente a força necessária para Moon assumir o que é, lamentavelmente, sua última viagem, mas cabe a nós respeitar tal tenacidade dentro de outra espécie e reconhecer que colisões com embarcações levam a um fim devastador.” Disponível em: <www.facebook.com>. Acesso em: 1 mar. 2023. Esse texto, publicado em uma página no Facebook, possui uma estrutura que mescla tipologias textuais distintas, tais como A. dissertação e narração. B. descrição e dissertação. C. injunção e argumentação. D. argumentação e narração. E. exposição e argumentação. Alternativa E Resolução: A alternativa E está correta, pois o texto é, ao mesmo tempo, informativo e opinativo, mesclando, portanto, as tipologias textuais expositiva e argumentativa. As alternativas A e D estão incorretas, pois, na tipologia narrativa, relatam-se fatos, reais ou fictícios, relacionando-os em uma linha temporal, de modo a configurar uma ação, características que não estão presentes no texto. A alternativa B está incorreta, pois não há no texto a presença expressiva de trechos descritivos. A alternativa C está incorreta, pois o texto não tem caráter prescritivo ou instrucional, característica da tipologia injuntiva. N8CP ZNGD LCT – PROVA I – PÁGINA 16 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 29 O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras – porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira GULLAR, F. Não há vagas. Disponível em: <https://www.itatiaia.com.br>. Acesso em: 23 fev. 2023. Como estratégia de progressão do texto, o poeta recorre aos termos “funcionário público” e “operário”, por seu sentido construir uma A. denúncia à condição econômica das cidades. B. exaltação do contexto urbano como temática. C. representação dos trabalhadores pelo exagero. D. aproximação dos sujeitos poéticos com os leitores. E. equivalência entre os sujeitos excluídos dos poemas. Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E, pois “funcionário público” e “operário” criam sentido de progressão de texto, uma vez que são termos paralelos entre si porque ambos são sujeitos excluídos dos poemas. A alternativa A é incorreta, pois a denúncia, ou crítica, é à poesia, e não a questões econômicas. A alternativa B é incorreta porque não há uma exaltação ao contexto urbano, há um questionamento sobre a ausência da vida social no cenário poético. A alternativa C é incorreta, visto que “funcionário público” e “operário” não são termos hiperbólicos, são apenas marcadores de trabalho e profissão. A alternativa D é incorreta, pois o uso desses termos não tem como objetivo aproximar os sujeitos poéticos dos leitores. DAAAQUESTÃO 28 Disponível em: <www.instagram.com>. Acesso em: 1 mar. 2023. Nessa tirinha, as imagens sintetizam o conteúdo do título ao mesmo tempo que A. relacionam a simplicidade à residência de jovens idosos. B. associam o artesanato à chegada do sujeito à terceira idade. C. evidenciam a falta de decoração nos lares de jovens adultos. D. comparam formas de manter a estética dos espaços da casa. E. destacam o gosto dos mais velhos por plantas dentro de casa. Alternativa D Resolução: A alternativa correta é a D, pois a tirinha mostra como jovens adultos organizam os espaços da casa e como ela passa a ser organizada quando estes mesmos indivíduos se tornam jovens idosos. A alternativa A está incorreta, pois, na verdade, o que se observa, na residência de jovens idosos, são espaços bem decorados, o que contraria a ideia de simplicidade presente nessas residências. A alternativa B está incorreta, pois essa ideia já é afirmada pelo próprio enunciado da questão. A alternativa C está incorreta, pois a ausência de decoração nos lares de jovens adultos não é o foco da tirinha. A alternativa E está incorreta, pois a presença da planta dentro de casa quase não é percebida em comparação às decorações artesanais. L63F EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 30 O caso de tia Ana Batem na porta da rua Vai atender a quem bateu – Vá chamar um dos donos da casa seu patrão ousua patroa – A dona da casa sou eu A pessoa muda de tom de repente – Oh Senhora me perdoa Esta cena se repete frequentemente ASSUMPÇÃO, C. Não pararei de gritar: poemas reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 104. O poema de Carlos Assumpção tem como temática um acontecimento cotidiano que revela o(a) A. insulto contra as trabalhadoras domésticas. B. julgamento baseado em uma característica física. C. denúncia das patroas que ignoram os entregadores. D. crítica à falta de educação de quem não usa o interfone. E. censura às pessoas que erram os endereços dos amigos. Alternativa B Resolução: O poema “O caso de tia Ana” relata o caso de uma mulher que, ao atender a porta de sua casa, é sempre confundida com algum prestador de serviço ou trabalhadora doméstica, isso revela o preconceito com características físicas da mulher, provavelmente cor de sua pele, que a distanciam (na visão preconceituosa das pessoas que batem na porta de tia Ana) da posição de dona daquela casa, posição que ela de fato ocupa. Portanto, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta porque o que acontece no poema não são insultos contra trabalhadoras domésticas, mas sim o ato de se colocar em posição de trabalhadora doméstica a dona da casa, baseando-se somente em características físicas de tia Ana, que, na visão das pessoas que batem em sua porta, seriam mais condizentes ao posto de trabalhadora doméstica do que de dona da casa. A alternativa C está incorreta, pois não há nada no poema que indique ou fale de entregadores e, tão menos, de serem ignorados, uma vez que a própria estrutura do poema indica exatamente que as pessoas que batem na porta são atendidas: “Batem na porta da rua / Vai atender a quem bateu”. A alternativa D está incorreta porque não há nada no poema que indique interfone ou a falta de seu uso e, consequentemente, nenhum julgamento de valor acerca disso. Finalmente, a alternativa E está incorreta, pois não há qualquer indicativo, no poema, de que quem bate à porta são amigos de outrem que erraram endereço, tão menos, portanto, a censura por isso. QUESTÃO 31 Ninguém nunca me perguntou. Manoel Perna, o engenheiro de Carolina e ex-encarregado do posto indígena Manoel da Nóbrega, morreu em 1946, afogado no rio Tocantins, durante uma tempestade, quando tentava salvar a neta pequena. O Estado Novo e a guerra tinham acabado. Deixou sete filhos, três homens e quatro mulheres. Voltava de Miracema do Tocantins para Carolina. Quem conta a história são os dois filhos mais velhos, que me garantiram que ele não deixou nenhum papel ou testamento, nenhuma palavra sobre Buell Quain. Francisco Perna, de Miracema, disse que o pai “voltava para Carolina pelo rio, houve uma tempestade e a balsa virou. Ele já estava doente dos intestinos. O coração não aguentou. Tentou nadar e salvar a neta sobre uma mala, mas o corpo dele afundou. A neta foi salva por um amigo que conseguiu nadar até a margem”. CARVALHO, B. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 134. O texto ficcional recorre a elementos históricos para construir seu enredo, com o intuito de A. informar leitores sobre o que foi o Estado Novo. B. apresentar relatos biográficos sobre os eventos. C. trazer contextualização sobre os fatos ocorridos. D. retratar acontecimentos pessoais de forma lúdica. E. corroborar ideias consolidadas pela historiografia. N3RX HUSH LCT – PROVA I – PÁGINA 18 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: A alternativa correta é a C, pois os elementos históricos encontrados no texto ajudam a contextualizar os acontecimentos dentro de um determinado período histórico. A alternativa A está incorreta, pois o objetivo do texto não é informar sobre o Estado Novo, mas sim situar historicamente o tempo em que aconteceram os fatos narrados. A alternativa B está incorreta, uma vez que o texto é ficcional e, portanto, não se pode verificar a veracidade das informações que se apresentam enquanto dados biográficos. A alternativa D, por sua vez, está incorreta, pois não há qualquer tipo de uso lúdico dos acontecimentos históricos, uma vez que eles têm escopo de contextualizar os acontecimentos num determinado período histórico. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, tratando-se de um texto ficcional, não há o intuito de se corroborarem ideias consolidadas pela historiografia, uma vez que a ficção não tem a obrigação de se valer, necessariamente, à veracidade histórica dos fatos. QUESTÃO 32 A Copa de 86 foi a primeira que não aconteceu no meu aparelho de televisão e que eu vi sem intermediários. Fomos para o México cautelosamente vacinados contra o triunfalismo precoce e com uma seleção cercada de controvérsias. Telê ganhara outra chance, mas a sua lista final de convocados causara tanta discussão que ele estava mais defensivo e desconfiado do que de costume e o ambiente entre a seleção e a imprensa era cordial mas tenso. O Brasil que ficara em casa – uma minoria, a julgar pelo volume de brasileiros em Guadalajara – era o Brasil do Sarney do Cruzado, do Sarney herói, lembra? Enfim, de outro milagre. VERÍSSIMO, L. F. Recapitulando. In: Um time de primeira: grandes escritores brasileiros falam de futebol. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014. p. 178-179. A memória do cronista é utilizada para o encadeamento das ideias no texto, mobilizando no leitor a A. recordação das análises políticas no período abordado. B. lembrança do clima social de um período determinado. C. identificação de eventos históricos por um viés imparcial. D. comparação do contexto político com o evento esportivo. E. capacidade de discernir criticamente sobre um momento histórico. Alternativa B Resolução: A alternativa correta é a B, pois o autor, no fragmento, fala sobre o clima político no Brasil da época (governo Sarney), e dirige-se ao leitor (“lembra?”), buscando, com isso, gerar uma identificação, através de uma memória compartilhada. Ainda, é importante lembrar que as crônicas, muitas das vezes, circulam, ao menos em um primeiro momento, em suportes como jornais e revistas. 9YYC Por isso, há que se pensar que Veríssimo, à época desta crônica, dirigia-se a seus contemporâneos – pessoas que, portanto, teriam vivido o referido período histórico. A alternativa A é incorreta, pois o autor recorre a uma sensação, um “clima”, e não a análises políticas. A alternativa C é incorreta, pois se trata de uma crônica memorialística, portanto, o texto não é imparcial. A alternativa D é incorreta, visto que a comparação não é o que se quer provocar no leitor. A alternativa E é incorreta, pois não se busca uma reflexão crítica sobre o período do governo de José Sarney, e sim rememorar afetivamente a euforia que envolvia o período. QUESTÃO 33 Pus-me a examinar colombinas, do lado da Praça Sete, quando inesperadamente me vi envolvido no fluxo de um cordão. Procurei desvencilhar-me, como pude, mas a onda humana vinha imensa, crescendo em torno de mim, por trás, pela frente e pelos flancos. Entreguei-me, então, àquela humanidade que me pareceu mais cansada que alegre. Os sambas eram tristes e os homens pingavam suor como se viessem do fundo de uma mina. ANJOS, C. O Amanuense Belmiro. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2006. Nesse fragmento da obra de Cyro do Anjos, destaca-se um estilo de escrita de um narrador-personagem que A. descreve sucintamente as fantasias preferidas das foliãs. B. critica subjetivamente os abusos cometidos nos cordões. C. apresenta implicitamente desprezo às camadas populares. D. narra poeticamente sua experiência em um dia de Carnaval. E. conclui melancolicamente que ele não combina com a festa. Alternativa D Resolução: A alternativa correta é a D, pois o narrador utiliza construções poéticas em sua forma de escrita, valendo-se de figuras de linguagem, como metáforas e símiles, conforme os exemplos: “...a onda humanavinha imensa... / ...os homens pingavam suor como se viessem do fundo de uma mina”, marcando a narrativa poética; o dia de Carnaval pode ser observado pela construção do cenário em que se encontra: fantasias de colombina, a quantidade massiva de pessoas e a presença do samba, características comuns de um dia de Carnaval. A alternativa A está incorreta, pois não há descrição de fantasias ditas preferidas, há apenas uma única observação de uso de fantasia: as de colombina. A alternativa B está incorreta, pois não há marcadores de crítica, tão menos a colocação da experiência narrada como um “abuso”. A alternativa C está incorreta, pois não há nenhum indicativo de desprezo pelo narrador, há apenas a observação sensível e poética do cenário. A alternativa E está incorreta, pois não é feita essa conclusão no texto. WGME EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 34 Recusava-me a conceder-lhe o direito de ter uma alma própria, cheia de preconceitos e de amor por si mesmo. Um destroço daqueles, com a inteligência suficiente para saber que era um destroço, não deveria ter claros e escuros, como eu, que podia contar minha vida desde o tempo em que meus avós ainda não se conheciam. Eu possuía o direito de ter pudor e de não me revelar. Era consciente, sabia que ria, que sofria, lera obras sobre o budismo, fariam um epitáfio sobre meu túmulo quando morresse. E embebedava-me não puramente, mas com um objetivo: Eu era alguém. Mas aquele homem que jamais sairia de seu estreito círculo, nem bastante feio, nem bastante bonito, o queixo fugitivo, tão importante como um cão trotando – que pretendia com seu arrogante silêncio? não o interrogara várias vezes? Ele me ofendia. Mais um instante, não suportaria sua insolência, fazendo-lhe ver que deveria agradecer minha aproximação, porque do contrário nunca eu saberia de sua existência. No entanto ele persistia em seu mutismo, sem sequer emocionar-se com a oportunidade de viver. LISPECTOR, C. Mais dois bêbados. Disponível em: <https://contobrasileiro.com.br>. Acesso em: 23 fev. 2023. O conto de Clarice Lispector é uma ficção considerada poética, uma vez que a sua prosa traz como característica estilística o(a) A. uso de vocábulos para explicitar a erudição. B. escolha do narrador para denotar a parcialidade. C. presença do eu poético para demonstrar o lirismo. D. construção de imagens para enfatizar a subjetividade. E. silenciamento dos homens para expressar as opiniões. Alternativa D Resolução: A alternativa correta é a D porque o fragmento da prosa de Clarice Lispector é poético, pois, através da voz centrada em perseguir os pensamentos e sentimentos da narradora, o texto se constrói por imagens destes, traduzindo a visão subjetiva da narradora-personagem. A alternativa A é incorreta, pois não é um texto erudito e / ou com rebuscamentos estilísticos. A alternativa B está incorreta, pois a parcialidade do narrador não é suficiente para enquadrar o texto enquanto “ficção poética”, uma vez que a parcialidade por si só não é um marcador poético. A alternativa C é incorreta, pois, apesar de poético, o texto permanece sendo uma narrativa em prosa (nesse caso, um conto); por isso, não há um eu lírico, mas sim uma narradora. A alternativa E é incorreta, pois não há silenciamento de homens, e sim um enfoque na mulher, posto que é ela quem narra. QUESTÃO 35 Toda segunda-feira começa cedo mesmo que se acorde tarde. As segundas, aliás, começam quase sempre na véspera, “amanhã já é segunda” (toda noite de domingo traz com ela, além de depressão habitual e do som de uma TV ligada, uma segunda-feira inevitável). Toda segunda, há uma promessa a ser cumprida, pelo menos uma, muitos ônibus lotados, atrasados motivados pelos mais diversos motivos e um alto índice de enfartes. Toda segunda tem a esperança de um telefonema que mude a sua vida, tem um papel pra ser assinado, tem uma prestação pra se botar em dia e tem uma importante decisão a ser tomada. Toda segunda tem um pouquinho de primeiro do ano. [...] FALCÃO, A. Segunda-feira. In: ______. O doido da garrafa. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2003. [Fragmento] 5A31 32P8 No trecho de Adriana Falcão, para abordar os sentimentos do início de uma semana, a autora A. critica os dias de semana, de maneira geral, que são corridos e atolados de tarefas vãs. B. ressalta que às segundas-feiras as pessoas recomeçam os planos e desafios de suas vidas. C. ratifica a ideia de que segunda-feira é o melhor dia da semana, pois se espera ansioso por ela. D. questiona a idealização que envolve os fins de semana sobre o início de um momento melhor. E. rebate o senso comum de que segunda-feira é o melhor dia da semana, elencando pontos contrários. Alternativa B Resolução: Em seu texto, Adriana Falcão aborda os sentimentos, as sensações e as expectativas relacionados às segundas-feiras. Para ela, já no domingo à noite, existe a espera pela segunda-feira inevitável. A segunda seria marcada pela esperança de uma mudança, pelo cumprimento de uma promessa ou pela tomada de uma decisão. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque a autora não menciona os demais dias da semana, exceto o domingo, já que é a véspera da segunda. A alternativa C está incorreta porque Falcão não afirma que a segunda é o melhor dia da semana, inclusive menciona que a noite de domingo traz uma depressão habitual, uma vez que se caracteriza como a espera pela segunda. A alternativa D está incorreta porque, no texto, não há um questionamento sobre os fins de semana e a idealização que os envolve. A alternativa E está incorreta porque o texto se propõe a abordar a segunda-feira como um dia que traz esperança para o novo, mas também impõe dificuldades. QUESTÃO 36 Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas. Já estava ficando tarde, quando os discípulos se aproximaram de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e já é tarde. Despede-os, para que possam ir aos sítios e povoados vizinhos e comprar algo para comer”. Mas ele respondeu: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” Os discípulos perguntaram: “Queres que gastemos duzentos denários para comprar pão e dar de comer a toda essa gente?” Jesus perguntou: “Quantos pães tendes? Ide ver.” BÍBLIA, N. T. Marcos, 34-38. In: BÍBLIA. Tradução: José Simão. São Paulo: Sociedade Bíblica de Aparecida, 2008. O uso da norma-padrão no texto analisado carrega marcas de seu contexto histórico por se valer de formas que caíram em desuso no português contemporâneo, como o(a) A. ênclise de pronomes oblíquos, como no exemplo “Despede-os”. B. pronome oblíquo átono, como no exemplo “a ensinar-lhes muitas coisas”. C. segunda pessoa do plural, como no exemplo “Quantos pães tendes? Ide ver”. D. concordância redundante de verbos, como no exemplo “Queres que gastemos”. E. pronome demonstrativo iniciando sentenças, como no exemplo “Este lugar é deserto”. DT9C LCT – PROVA I – PÁGINA 20 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: O texto bíblico representa normas de uso da língua que não são mais parte do uso dos falantes do português brasileiro quando analisamos a língua em sincronia, ou seja, conforme usada no momento presente. A análise diacrônica, no entanto, entende a evolução dos fenômenos linguísticos. O fragmento analisado, quando comparado com os usos contemporâneos da língua, chama atenção pelo uso da segunda pessoa do plural em “vós”, que foi substituído pelo pronome “vocês”. Assim, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois a ênclise nesse caso se faz necessária no texto escrito, visto que não se deve iniciar uma sentença com o pronome oblíquo. Tal posicionamento pronominal, no entanto, é poucofrequente na língua falada. A alternativa B está incorreta, pois o pronome oblíquo “lhe / lhes” ainda faz parte da norma da língua, apesar de ser pouco usado na língua falada. A alternativa D está incorreta, pois a norma-padrão do português brasileiro determina que todos os verbos de uma sentença sejam conjugados de acordo com o sujeito. No exemplo analisado, trata-se de duas orações relacionadas por subordinação, havendo dois sujeitos diferentes: o sujeito “vós” de “queres” e o sujeito “nós” de “gastemos”. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois os pronomes demonstrativos podem iniciar sentenças dentro da norma-padrão. QUESTÃO 37 Quando a Luiza foi embora e me deixou com todas as contas para pagar, eu tive que sair do apartamento. Eu vomitei durante três dias. Vomitei de raiva, de medo. De medo de estar sozinha. Eu só descobri que a Luiza tinha fugido da nossa casa porque, depois da briga que durou uma semana inteira, eu resolvi ligar. Liguei no celular, ela não atendeu. Liguei de novo e estava fora de área. Liguei para o trabalho dela e me disseram que ela tinha se mudado para o Rio de Janeiro. Guardo poucas memórias daquele período. Lembro-me de vomitar e chorar durante dias e lembro que via as coisas meio borradas sempre na horizontal. Eu saí do apartamento porque nos meus planos de vida, planos que eram nossos até então, não estava escrito que eu teria que pagar as contas sozinha e nem que eu teria que escolher sozinha uma cor que derretesse aquele gelo incrustado nas paredes ao meu redor. Eu saí e fui morar no apartamento de uma amiga que estava indo para um intercâmbio. Me deu a chave e disse que eu podia ficar e só tinha que fazer um favor, trocar a torneira da cozinha, ou a borrachinha da torneira – tá encrencada – e foi. Eu fiquei lá. Apartamento bom, desconhecido e absolutamente silencioso. Ficamos eu e meu desalento. POLESSO, N. B. O interior selvagem. In: Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2015. p. 23. Considerando o encadeamento de eventos como um elemento de progressão da narrativa, no fragmento do conto, o término do relacionamento amoroso é decisivo para A. descrever o cenário de modo mais realista ao leitor. B. apresentar a mudança pessoal e física da narradora. C. privilegiar a alegria das transformações inesperadas. D. representar os privilégios de quem pode morar sozinho. E. oferecer a compreensão das causas do abandono de Luiza. ZCWE Alternativa B Resolução: A alternativa correta é a B, pois, ao longo do texto, vamos observando os marcadores de mudança física e pessoal da narradora, como o choro, o vômito, o sentimento de solidão, o medo, a visão borrada e, por fim, a mudança do apartamento; presentes durante todo o texto, são utilizados como elemento de progressão, além, é claro, de terem sido desencadeados após o término do relacionamento amoroso, como é solicitado no enunciado. A alternativa A é incorreta porque o término do relacionamento não tem influência numa descrição mais realista do cenário, uma vez que a descrição permanece num mesmo tom durante todo texto, além de a descrição do cenário ficar em segundo plano, pois, em primeiro, está a descrição dos sentimentos e a percepção da realidade da narradora-personagem, marcados, então, pela pessoalidade e consequente subjetividade. A alternativa C está incorreta, pois o texto é todo em tom melancólico, não há qualquer momento descrito como alegre ou feliz. A alternativa D está incorreta porque não há nenhum indicativo, no texto, de “privilégio de morar sozinho”, o que acontece é o contrário: o sentimento de tristeza e abandono, após se ver sendo obrigado a morar sozinho. A alternativa E está incorreta, pois, no texto, não existe a informação dos motivos do abandono de Luiza, apenas se sabe que ele aconteceu. QUESTÃO 38 Portanto, de acordo com a doutrina e jurisprudência, a responsabilidade das casas bancárias será objetiva à luz do disposto no artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, estando obrigados, portanto, a indenizarem independentemente de culpa. Assim, ela substituirá mesmo se o banco não comprovar a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, ou a inexistência de defeito ou falha da prestação do serviço. Desse modo, é inegável que as instituições bancárias estão fadadas à teoria do risco e, com isso, lhes compete prover a segurança de seus correntistas, garantindo a emissão e o pagamento de boletos idôneos, tendo em vista que é inerente a sua atividade específica. Disponível em: <www.jusbrasil.com.br>. Acesso em: 24 fev. 2023. [Fragmento adaptado] O texto anterior representa uma petição jurídica. Observa-se, como marca da função social desse texto, o uso de A. formas nominais equivalentes, conferindo objetividade e coesão textual. B. palavras populares, assegurando a compreensão por diferentes leitores. C. expressões específicas, garantindo a não ambiguidade dos signos adotados. D. pronomes do caso reto, favorecendo a construção de sentenças na ordem direta. E. orações compostas, implicando relações de subordinação à estrutura textual. RG39 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: O texto jurídico tem por objetivo ser detalhado e não deixar margem para ambiguidade, garantindo que sua interpretação seja a mesma, independente de quem seja seu leitor. A aplicação de termos jurídicos específicos como “doutrina” e “jurisprudência”, ou expressões como “a culpa exclusiva”, são formas de garantir a unilateralidade do signo linguístico, pois, dentro desse cenário comunicativo específico, tais expressões possuem apenas uma leitura. Assim, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois a repetição de termos garante sua equivalência unilateral no texto, sendo mais uma estratégia que assegura a não ambiguidade da leitura. A alternativa B está incorreta, pois os termos adotados são de conhecimento de todos os envolvidos com a prática jurídica, no entanto, excluem leigos. A alternativa D está incorreta, pois a ordem dos elementos da sentença independe do uso de pronomes como sujeito, caso reto, ou objeto, caso oblíquo. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois orações compostas estabelecem relações de coordenação e subordinação e se aplicam a diversas funções sociais. QUESTÃO 39 Durante uma missão a Júpiter, HAL mata a tripulação da nave Discovery One – e Dave, o único sobrevivente, se vinga desligando as placas de memória do computador, o que o faz regredir a um estado infantil e destrói sua consciência (chega de spoilers; para saber por que HAL agiu como agiu, e o que acontece depois que ele é desligado, veja o filme). Disponível em: <https://super.abril.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2023. Buscando estimular o leitor a ver o filme sobre HAL, o autor deixa pontos da história sem esclarecimento. De acordo com a norma-padrão, a forma com que o autor dialoga com o leitor está A. inadequada, pois, em sentenças afirmativas, deve-se usar a forma “porque”. B. adequada, pois a locução adverbial “por que” deve introduzir sentenças afirmativas. C. adequada, pois se vale da locução adverbial “por que” para inserir uma pergunta indireta. D. inadequada, pois deve-se usar a forma “porquê” equivalente à razão pela qual ele agiu. E. inadequada, pois a forma “por quê” é a adequada quando no encerramento do parágrafo. Alternativa C Resolução: A locução verbal “por que”, de acordo com a norma-padrão, deve ser utilizada para introduzir perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. No texto, o autor dialoga com o leitor por meio de duas perguntas indiretas “por que HAL agiu como agiu” e “o que acontece depois que ele é desligado”, que podem ser escritas na forma direta, inserindo-se um ponto de interrogação. Assim, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois a forma “porque” deve ser empregada em respostas. A sentença termina em ponto-final, mas se trata de umapergunta indireta. A alternativa B está incorreta, pois “por que” é a forma que introduz perguntas, não se relacionando a sentenças afirmativas. A alternativa D está incorreta, pois “porquê” deve ser precedido de artigo, tratando-se de um substantivo que expressa a razão ou motivo. No exemplo, a substituição por esse termo desencadearia alterações na estrutura da sentença para algo como “para saber o porquê de HAL agir como agiu” ou “para saber o porquê pelo qual HAL agiu como agiu”. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois “por quê” deve ser usado como último elemento de uma pergunta e, no exemplo, o termo introduz a pergunta. QUESTÃO 40 – Vou descer de bicicleta! – anunciou o irmão de Busca-Pé. – Tá maluco? Não tá vendo que tu vai se estabacar lá embaixo?! – previu Barbantinho. – Que nada, rapá, sou piloto! Montou na bicicleta, inclinou o tronco para o guidom, largou-se morrinho abaixo. A uma certa distância apertou o freio de trás, colocou um dos pés no chão e rodopiou a bicicleta. Os amigos aplaudiram e gritaram: – Maneiro, maneiro! Repetiu a façanha várias vezes para delírio dos espectadores. LINS, P. Cidade de Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. A estrutura do romance de Paulo Lins reflete o preconceito linguístico existente no Brasil pela A. repreensão do uso de gírias e termos coloquiais pelos personagens. B. distinção entre as normas usadas pelos personagens e pelo narrador. C. forma ríspida por meio da qual os personagens se comunicam entre si. D. associação entre um dialeto distinto do padrão e as pessoas não letradas. E. ausência de adaptação das expressões dos personagens à língua escrita. KK94 62W6 LCT – PROVA I – PÁGINA 22 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa C Resolução: O texto insere a figura do cientista como forma de apresentar as etapas do trabalho científico e da construção e comprovação de hipóteses. As autoras orientam o leitor pelo passo a passo, sobre como uma hipótese pode ou não ser confirmada e o que fazer em cada passo, de modo que esse leitor entenda como funciona o método científico. Assim, a alternativa C está correta. A alternativa A está incorreta, pois o método descrito no texto é maior do que a produção de artigos e relata uma etapa que normalmente não é compartilhada na escrita do artigo que publica os resultados de uma pesquisa: o momento da formulação da hipótese. A alternativa B está incorreta, pois o fragmento analisado fala sobre a atividade científica, mas não reproduz as hipóteses e etapas do trabalho científico das autoras. A alternativa D está incorreta, pois a norma de textos científicos e acadêmicos é determinada pela ABNT e as autoras se dedicaram ao início do desenvolvimento do projeto de pesquisa, que não contempla a etapa da escrita. Finalmente, a alternativa E está incorreta, pois o método científico não representa apenas um modelo, mas a única forma por meio da qual é possível se construir um pensamento científico QUESTÃO 42 Nenhuma esperança à vista Nada virá do horizonte Não haverá mais conquistas E nem quem as conte [...] Nenhuma esperança à vista Não haverá mais conquistas Não, navegar não é preciso Viver é preciso LINS, I. Um Fado. Disponível em: <www.youtube.com>. Acesso em: 9 mar. 2023. A frase “Navegar é preciso, viver não é preciso”, citada por Fernando Pessoa em um de seus poemas, é referenciada pelo brasileiro Ivan Lins em seu fado, escrito em 1977, a partir do(da) A. enaltecimento dos grandes clássicos da literatura em comparação à baixa qualidade das produções contemporâneas. B. crítica ao desrespeito dos colonizadores diante das culturas colonizadas e imposição da cultura europeia a outros povos. C. reforço do sentimento de desesperança que tomava o povo no passado e que voltou a assolar o país na contemporaneidade. D. valorização das conquistas dos povos antigos e percepção da ausência de novas possibilidades de descobertas pela navegação. E. contraposição entre a necessidade de conquistar novos territórios na antiguidade e a necessidade de sobrevivência para resistir à desesperança. 7ØKO Alternativa B Resolução: O preconceito linguístico diz respeito à discriminação social baseada em como um indivíduo se comunica, seja pela língua oral ou escrita. Dentro deste contexto, quanto mais distante da norma-padrão, mais fortemente julgado será um dialeto. Paulo Lins representou em seu texto o dialeto falado pelos moradores do bairro Cidade de Deus, bairro da periferia do Rio de Janeiro. Apesar de retratar a realidade daquela comunidade, Paulo Lins manteve o distanciamento do narrador, ao adotar duas línguas diferentes no romance, o dialeto da Cidade de Deus, marcado por gírias e estruturas coloquiais, e a norma-padrão, permitindo que sua obra seja percebida como literatura formal e inserida sem discriminação no cânone. Desse modo, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois o autor abraçou as gírias como forma de apresentar ao leitor aspectos linguísticos e culturais dessa comunidade. A alternativa C está incorreta, pois a rispidez na fala representa a cultura dos jovens retratados na obra. A alternativa D está incorreta, pois a presença de determinados dialetos em regiões específicas por si só não configura preconceito. O preconceito surge quando as pessoas são discriminadas por fazerem parte de um determinado estrato social. Finalmente, a alternativa E está incorreta, pois, ainda que represente uma língua mais próxima da expressão oral, o ato de organizar e escrever um discurso configura adaptação ao texto escrito. QUESTÃO 41 O cientista formula hipóteses com relação aos fenômenos (o conjunto de fatos) que ele quer investigar, porque esses fenômenos têm interesse teórico. Tais hipóteses fazem previsões e têm certas consequências que são contrastadas com os fatos. Se uma hipótese se mantiver frente aos fatos, dizemos que ela foi corroborada e podemos mantê-la para contrastá-la, então, com outros fatos, avaliar outras predições que ela faz e relacioná-la com outras hipóteses. Se uma hipótese não resistir aos fatos, ou seja, se houver um fato que não é abarcado pela hipótese, ou se uma previsão que a hipótese faz não é o caso, então devemos refutar ou reformular a hipótese. OLIVEIRA, R. P.; QUAREZEMIN, S. Gramáticas na escola. Petrópolis: Vozes, 2016. O fragmento do texto cumpre a função social de A. instruir o leitor sobre como analisar um artigo científico. B. esclarecer dúvidas do leitor sobre a organização da obra. C. orientar o leitor sobre o funcionamento do método científico. D. divulgar o padrão oficial para a produção de textos científicos. E. indicar um modelo para produção de trabalhos científicos. SLK8 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 23BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: A música de Ivan Lins foi produzida nos anos 70, década em que Portugal vivenciou a Revolução dos Cravos, que encerrou a ditadura de António Salazar no país e uma grande crise econômica. A referência à obra de Fernando Pessoa estabelece a base de comparação, a frase “Navegar é preciso, viver não é preciso” remete à época das navegações e o sacrifício que os navegantes faziam em nome do seu país. No contexto de Ivan Lins, há a inversão das necessidades e, consequentemente, da citação “Navegar não é preciso, viver é preciso”, pois, após as lutas da revolução e a crise do país, a sobrevivência passa a ser a necessidade mais urgente do povo. Desse modo, a alternativa E está correta. A alternativa A está incorreta, pois a referência ao clássico é uma forma de estabelecer um diálogo entre a produção artística contemporânea e a tradição que a inspira. A alternativa B está incorreta, pois Ivan Lins, compositor brasileiro, agrega à sua obra a tradição portuguesa por meio da referência a Fernando Pessoa. A alternativa C está incorreta, pois o passado aparece na menção àPessoa como um mar de possibilidades e de expansão do território português. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois a inversão da negação da referência estabelece uma comparação com a sociedade de Pessoa sem, no entanto, fazer juízo de valor de um sobre o outro. QUESTÃO 43 Como que ocê pôde abandoná eu? Se nóis foi sempre siliz Esse moço nunca te mereceu E eu sou o que ocê sempre quis Aquele zóio verde eu garanto que é lente O meu é vesgo, mas é natural LETÍCIA, P. Como que ocê pôde abandoná eu? Disponível em: <www.youtube.com>. Acesso em: 9 mar. 2023. [Fragmento] Nesse texto, observa-se uma discrepância entre a variante linguística representada e o uso dos acentos gráficos em A. “nóis”, acento que representa a tônica da forma oral equivalente a “nós”. B. “zóio”, acento que simula a pronúncia da versão informal da palavra “olhos”. C. “pôde”, acento diferencial que distingue o presente e o pretérito perfeito do indicativo. D. “abandoná”, acento que representa a forma oral do sufixo “ar” de verbos no infinitivo. E. “ocê”, acento que demarca o monossílabo tônico formado pela contração de “você”. TS4W Alternativa C Resolução: A letra da música da banda Pedra Letícia busca representar a fala do interior do estado de Goiás. A escrita representa a forma como as palavras são pronunciadas nessa variante coloquial do português brasileiro. Por se tratar de uma representação coloquial, o uso do acento diferencial presente em “pôde” leva à incongruência, pois equivale à norma-padrão e ao uso formal da variante escrita da língua. Essa incongruência determina, ainda, a distância existente entre o autor da música, conhecedor da norma-padrão, e o eu lírico que se comunica apenas pela variante informal da língua, estando a alternativa C correta. A alternativa A está incorreta, pois o acento de “nóis” é o mesmo de “nós”, representações informal e formal da língua. A alternativa B está incorreta, pois a escrita de “zóio” representa a pronúncia de acordo com a variante informal adotada pelo eu lírico. A alternativa D está incorreta, pois a forma “abadoná” não condiz com a norma-padrão, representando a fala do eu lírico. Finalmente, a alternativa E está incorreta, pois a contração de “você” em “ocê” não transforma a palavra em um monossílabo. QUESTÃO 44 O último levantamento feito pelo IBGE, em 2018, revelou que a expectativa de vida do brasileiro aumentou nos últimos anos, sendo de 72,8 anos para os homens e de 79,9 para as mulheres. E esse aumento está diretamente relacionado à medicina preventiva, que evita o desenvolvimento de doenças – fator imprescindível para garantir a longevidade dos pacientes. [...] Afinal, o que significa medicina preventiva? Criado no século XX, o conceito de medicina preventiva surgiu com o intuito de mudar a prática médica, que antes disso era focada somente no tratamento de patologias. A especialidade tem como objetivo principal evitar o desenvolvimento de doenças, bem como reduzir os impactos de eventuais problemas na saúde dos pacientes e oferecer uma melhor qualidade de vida para aqueles que estão realizando algum tipo de recurso terapêutico. Disponível em: <https://vidasaudavel.einstein.br>. Acesso em: 25 fev. 2023. O texto apresenta uma mudança de abordagem da prática médica que se relaciona à A. prática de atividades físicas por qualquer pessoa. B. restrição do consumo de lactose por indivíduos adultos. C. reavaliação dos índices de referência para exames clínicos. D. adoção de tratamentos alternativos menos prejudiciais à saúde. E. mudança na alimentação de pessoas diagnosticadas com diabetes. 3MLJ LCT – PROVA I – PÁGINA 24 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: De acordo com o texto, a medicina preventiva representou uma mudança de paradigma na prática médica, pois passou-se a olhar também para a prevenção de doenças e não apenas para seu tratamento. Dentro dessa lógica, a adoção de hábitos de vida saudáveis, como a prática de atividade física, a ingestão adequada de água e a busca por uma alimentação balanceada cabe a todos os indivíduos no intuito de manter a saúde do corpo. Assim, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois a lactose não causa malefícios para pessoas que não sejam intolerantes a ela. Sua restrição faz, portanto, parte do tratamento de uma intolerância alimentar específica. A alternativa C está incorreta, pois alterar os índices de referência sem comprovação científica para tal não resolve o adoecimento dos indivíduos, tendo impacto apenas no diagnóstico. A alternativa D está incorreta, pois a esfera do tratamento era contemplada pela medicina tradicional e segue sendo parte fundamental da promoção de saúde. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois as mudanças alimentares em indivíduos diabéticos são parte do tratamento dessa doença. QUESTÃO 45 As coisas tinham para nós uma desutilidade poética. Nos fundos do quintal era muito riquíssimo o nosso dessaber. A gente inventou um truque pra fabricar brinquedos com palavras. O truque era só virar bocó. Como dizer: Eu pendurei um bem-te-vi no sol… O que disse Bugrinha: Por dentro de nossa casa passava um rio inventado. O que nosso avô falou: O olho do gafanhoto é sem princípios. Mano Preto perguntava: Será que fizeram o beija-flor diminuído só para ele voar parado? As distâncias somavam a gente para menos. O pai campeava campeava. A mãe fazia velas. Meu irmão cangava sapos. Bugrinha batia com uma vara no corpo do sapo e ele virava uma pedra. Fazia de conta? Ela era acrescentada de garças concluídas. BARROS, M. A arte de infantilizar formigas. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Alfaguarra, 2016. Nesse poema, o termo “dessaber” pode ser interpretado como um(a) A. realidade de quem foi vítima de truques. B. aspecto da inventividade típica das crianças. C. elemento de necessidade para viver no interior. D. característica da cultura das pessoas não letradas. E. forma sensível de interagir com o mundo e as coisas. Alternativa E Resolução: A alternativa correta é a E, pois a palavra “dessaber” é característica do “truque para fabricar brinquedos com palavras”, que consiste em “virar bocó”, ou seja, construir frases sem sentido, que, mesmo sem sentido, são divertidas e poéticas, ou seja, o termo “dessaber” pode ser interpretado como uma forma sensível de interagir com o mundo e as coisas. A alternativa A está incorreta, pois não há nenhuma “vítima” de truques no poema, e sim a apresentação de um truque para inventar brincadeiras. A alternativa B está incorreta, pois a inventividade das crianças está representada no poema pela brincadeira por elas inventada, não no termo “dessaber”. A alternativa C está incorreta, pois o termo “dessaber” não indica “elemento de necessidade para viver no interior”, mas sim caracteriza a brincadeira inventada. A alternativa D está incorreta, pois não há informação de que se trata de pessoas não letradas e, mesmo que assim o fosse, o “dessaber” caracteriza a brincadeira ou truque criado, não a cultura de uma determinada parcela da população. P48M EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 25BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “Desafios para a preservação das reservas extrativistas no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTO I As reservas extrativistas são consideradas a principal e a mais notável herança deixada pelo líder seringueiro Chico Mendes, referência mundial do movimento ambientalista e de defesa da Floresta Amazônica. Uma reserva extrativista é uma área de florestaprotegida por lei, cedida a populações tradicionais, que se mantêm principalmente por meio do extrativismo, como a coleta de frutos da mata, borracha, óleos, sementes e derivados. Outras atividades permitidas nas reservas são a agricultura de subsistência e a criação de animais de pequeno porte, sem a derrubada de árvores. Essas áreas de conservação foram criadas para proteger os meios de vida e a cultura das populações tradicionais das florestas, além de garantir o uso sustentável dos recursos naturais. Atualmente, existem no país 96 reservas extrativistas, segundo o CNUC (Cadastro Nacional de Unidades de Conservação), mantido pelo Ministério do Meio Ambiente. Juntas, elas abrangem uma área de cerca de 15,7 milhões de hectares. A maior unidade de conservação desse tipo no Brasil é a Reserva Extrativista Verde para Sempre, localizada em Porto de Moz (PA), que possui uma área de 1,3 milhão de hectares e foi criada em 2004. Disponível em: <www.wwf.org.br>. Acesso em: 8 mar. 2023. TEXTO II Garimpo é a exploração, mineração ou extração de substâncias minerais do meio ambiente, como o ouro e o diamante. A prática pode ser feita de forma manual ou mecanizada, geralmente a céu aberto ou por meio de escavação de rochas mineralizadas. Na prática, a atividade é uma forma de extrair riquezas minerais utilizando, na maioria das vezes, recursos de baixo investimento, equipamentos simples e ferramentas rústicas. Disponível em: <www.politize.com.br>. Acesso em: 8 mar. 2023. [Fragmento adaptado] TEXTO III Para os Yanomami, “urihi”, a terra-floresta, não é um mero espaço inerte de exploração econômica (o que chamamos de “natureza”). Trata-se de uma entidade viva, inserida numa complexa dinâmica cosmológica de intercâmbios entre humanos e não humanos. Como tal, encontra-se hoje ameaçada pela predação cega dos brancos. Na visão do líder Davi Kopenawa Yanomami, “A terra-floresta só pode morrer se for destruída pelos brancos. Então, os riachos sumirão, a terra ficará friável, as árvores secarão, e as pedras das montanhas racharão com o calor. Os espíritos xapiripë, que moram nas serras e ficam brincando na floresta, acabarão fugindo. Seus pais, os xamãs, não poderão mais chamá-los para nos proteger. A terra-floresta se tornará seca e vazia. Os xamãs não poderão mais deter as fumaças-epidemias e os seres maléficos que nos adoecem. Assim, todos morrerão.” Disponível em: <https://pib.socioambiental.org>. Acesso em: 8 mar. 2023. [Fragmento adaptado] TEXTO IV Disponível em: <https://twitter.com>. Acesso em: 8 mar. 2023. TEXTOS MOTIVADORES INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”. 4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto. 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto. MX78 LCT – PROVA I – PÁGINA 26 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 LCT – PROVA I – PÁGINA 27BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A proposta de redação orienta-se por uma temática geral: DESAFIOS PARA A PRESERVAÇÃO DAS RESERVAS EXTRATIVISTAS NO BRASIL Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam por dar um título a seu texto, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como tal. Itens de correção de acordo com a grade Enem: I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbonominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se o texto for claro, mas apresentar algumas falhas gramaticais que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas. • Para a obtenção de nota total nessa competência, são permitidos até dois erros linguísticos. Este item é avaliado em consonância com o item IV. II. Em um primeiro momento, é preciso que os alunos atentem para o tipo de texto solicitado: o dissertativo-argumentativo. Devem, portanto, mesclar essas suas duas condições: precisam progredir na exposição e no aprofundamento do tema ao mesmo tempo que usam as informações novas como conteúdo para seus argumentos na defesa de um determinado ponto de vista, sempre de maneira impessoal. Na compreensão do tema, é necessário que os alunos problematizem a situação abordada, que trata dos desafios para a preservação das reservas extrativistas no Brasil. O texto I coloca as reservas extrativistas como “principal e mais notável herança deixada pelo líder seringueiro Chico Mendes”. Além disso, o texto explica o que é e qual a função de uma reserva extrativista, colocando-a como criada para “proteger os meios de vida e a cultura das populações tradicionais da floresta”. Esse mesmo texto apresenta, também, importantes dados sobre a quantidade de reservas extrativistas no Brasil: 96 reservas que abrangem a área de 15,7 milhões de hectares, sendo sua maior unidade de conservação a Reserva Extrativista Verde para Sempre, com 1,3 milhão de hectares. O texto II, por sua vez, traz a definição de garimpo, indicando, também, como a prática é feita. O texto III indica a relação dos Yanomami com a floresta e a natureza, trazendo a fala de Davi Kopenawa Yanomami para ilustrar e aprofundar essa relação, fala essa focada na problemática e nas consequências da destruição dos brancos sob a terra-floresta. O texto IV, por fim, apresenta uma charge cuja crítica se baseia na ameaça do garimpo para as populações indígenas. • Sinalizar, na correção, a existência ou a ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese no texto dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor: nota mínima ou zero. Penalizar também a presença de trechos longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva, como os de cunho narrativo. Este item é avaliado em consonância com o item III. III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e indícios de autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, podem ser utilizados os dados e as informações dos textos motivadores, cuidando para que não ocorra uma cópia destes. Tratando-se de um tema vinculado às demandas ambientais, a argumentação deve levar a uma reflexão acerca dos desafios para a preservação das reservas extrativistas no Brasil. A partir do texto I, o estudante pode discutir a importância das reservas extrativistas enquanto atividade de defesa da Floresta Amazônica pela população tradicional, uma vez que promove o uso sustentável de recursos naturais por meio do extrativismo, da agricultura de subsistência e da criação de animais de pequeno porte. O texto II, por sua vez, permite dissertar sobre a forma extrativista do garimpo, uma vez que traz informações do que é e como é feito. Já o texto III auxilia no desenvolvimento crítico das formas extrativistase sua relação com os povos tradicionais da floresta, possibilitando que haja problematização das formas extrativistas que não são feitas pelos povos originários e sua influência direta e abrangente no modo de vida e na relação com a natureza desses povos. O texto IV, por fim, propicia o debate sobre o garimpo enquanto forma destrutiva da natureza e dos povos que nela habitam e que dela dependem para sobreviver. • A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão: pontuação, conectores, entre outros. As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos. • Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. LCT – PROVA I – PÁGINA 28 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as situações-problema apresentadas ao longo do texto. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas apresentadas. Com relação ao tema em questão, devem ser apontadas medidas para solucionar os desafios citados na argumentação. É esperado que a proposta de intervenção apresente cinco elementos estruturantes: ação (o que deve ser feito); agente (quem realizará); meio / modo (como a ação será concretizada ou por meio de que instrumento); finalidade (para que a ação será feita); detalhamento. Considerando esses aspectos, pode-se propor, por exemplo, que o Governo Federal, em consonância com a FUNAI, implemente leis de proteção às terras indígenas que tratem especificamente do extrativismo exacerbado e prejudicial, promovendo que o extrativismo seja realizado pelos povos originários de acordo com a demanda e em respeito à natureza. Além disso, é necessário que haja vigilância de possíveis práticas de extrativismo ilegal, e que essas sejam exemplarmente punidas nas instâncias da lei. Essas medidas têm como objetivo garantir o uso sustentável dos recursos naturais e a preservação e o bem-estar dos povos tradicionais da floresta. • A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo do texto. Do contrário, deve haver penalização. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 Por estas razões e muitas mais ainda, a nossa cidade é digna de admiração. Ao mesmo tempo em que amamos simplesmente a beleza, temos uma forte predileção pelo estudo. Usamos a riqueza para a ação, mais que como motivo de orgulho, e não nos importa confessar a pobreza, somente considerando vergonhoso não tratar de evitá-la. Por outro lado, todos nos preocupamos de igual modo com os assuntos privados e públicos da pátria, que se referem ao bem comum ou privado, e gentes de diferentes ofícios se preocupam também com as coisas públicas. Nós consideramos o cidadão que se mostra estranho ou indiferente à política como um inútil à sociedade e à República. Decidimos por nós mesmos todos os assuntos sobre os quais fazemos, antes, um estudo exato: não acreditamos que o discurso entrave a ação; o que nos parece prejudicial é que as questões não se esclareçam, antecipadamente, pela discussão. Por isto nos distinguimos, porque sabemos empreender as coisas juntando a audácia à reflexão, mais que qualquer outro povo. PÉRICLES. Oração Fúnebre. In: MOREIRA, A. O Homem e o Estado. São Paulo: Estratégia, 1995. Ao abordar a Atenas Clássica, o texto apresenta um dos elementos que favoreceram o desenvolvimento da Filosofia na cidade, que é: A. O combate à miséria urbana. B. O culto à contemplação estética. C. A tomada de decisões majoritárias. D. A liberdade da atividade intelectual. E. O repúdio ao individualismo político. Alternativa D Resolução: O texto traz uma apologia ao valor que Atenas dava à liberdade de pensamento e discurso. Desse modo, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta, pois o combate à miséria não tem relação direta com o desenvolvimento da Filosofia. A alternativa B está incorreta, já que o texto se centra na questão política, não em uma reflexão estética. As alternativas C e E estão incorretas, uma vez que as tomadas de decisão por votos majoritários e a questão do individualismo político restringem ao campo da política suas aplicações e a Filosofia se manifesta como o livre exercício da razão em variados campos. QUESTÃO 47 Os limites convergentes correspondem às áreas onde as placas tectônicas colidem frontalmente. Quando as placas apresentam diferenças de densidade, a mais densa mergulha sob a outra, entra em fusão parcial em profundidade e gera grande volume de magma e lava, como na margem pacífica da América do Sul, entre as Placas de Nazca e Sul-Americana. DIAS NETO, C.; TASSINARI, C. Tectônica global. In: TEIXEIRA, W. (org.) et al. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009 (Adaptação). H8EG 9DLB O tipo de colisão entre placas tectônicas descrito no texto leva à formação da seguinte feição na crosta terrestre: A. Dorsal mesoceânica. B. Falha transformante. C. Limite conservativo. D. Fossa submarina. E. Vale em rifte. Alternativa D Resolução: Quando há a colisão entre uma placa tectônica continental e uma oceânica, esta última, por ser mais densa, mergulha sob a outra em direção ao manto, sendo parcialmente destruída. Assim, configura-se uma zona de subducção, onde é formada uma depressão no assoalho oceânico, conhecida como fossa submarina. A alternativa A está incorreta, pois as dorsais mesoceânicas originam-se de limites divergentes de placas, que geram uma fenda por onde o magma extravasa e se solidifica, formando novas rochas e erguendo uma cadeia de montanhas submersa. A alternativa B está incorreta, pois as falhas transformantes são formadas nos limites em que as placas tectônicas se movem lateralmente entre si. A alternativa C está incorreta, pois as zonas conservativas também correspondem aos limites em que as placas tectônicas se movem lateralmente entre si. Já o tipo de limite entre placas, descrito no texto, corresponde a uma zona destrutiva da crosta, visto que, ao mergulhar em direção ao manto, parte da crosta oceânica entra em fusão. A alternativa E está incorreta, pois os vales em rifte também são formados nos limites divergentes de placas tectônicas. QUESTÃO 48 TEXTO I Ao conquistar a grande cidade indígena Tenochtitlán (transformada na cidade do México), Cortéz impõe um modelo de cidade com planta em forma de tabuleiro de xadrez. O mesmo procedimento é adotado por Pizarro em Cuzco, no Peru. [...] [O rei] Filipe II, no ano de 1573, institui a primeira legislação urbanística da idade moderna, a chamada Lei das Índias. [...] O objetivo é [...] reorganizar o ambiente construído com os novos princípios da simetria e da regularidade geométrica. DANTAS, A. C. M. Cidades coloniais americanas. Vitruvius, n. 50, a. 05, 2004. TEXTO II Leis das Índias, item 137 Os índios não devem adentrar os recintos da cidade antes que ela seja concluída e colocada em condições de defesa, e as casas construídas, de maneira que quando os índios a verem, eles devem se maravilhar e entender que os espanhóis se estabeleceram para sempre, não somente para o momento, e assim eles os temerão tanto quanto desejarão sua amizade. FERREIRA, F. Cidades coloniais brasileiras e espanholas na América. In: Anais do IV Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996. p. 560. WV8D EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH– PROVA I – PÁGINA 29BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO De acordo com o texto, a legislação urbanística imposta pela Coroa espanhola no território colonial americano indica o(a) A. imposição do projeto civilizatório na arquitetura. B. estabelecimento de relações pacíficas com nativos. C. incorporação de elementos naturais na urbanística. D. aplicação do conhecimento indígena nas construções. E. aproveitamento de estruturas tradicionais nos planejamentos. Alternativa A Resolução: Os textos indicam como, no processo de colonização espanhola, a arquitetura urbanística foi fundamental para a imposição dos valores da cultura dominadora sobre os povos nativos conquistados, sendo a estrutura urbana planificada um meio de subjugar as populações originárias. No texto I, compreende-se que a fundação de núcleos urbanos desenhados em forma de tabuleiro de xadrez, de acordo com princípios da simetria, seria tanto uma forma de organização do espaço urbano, quanto uma forte influência do pensamento renascentista na arquitetura. Já no texto II, com a apresentação de um item da Lei das Índias, é perceptível o objetivo colonizador da arquitetura colonial, ao qual os indígenas deveriam ser submetidos, fosse pela adaptação forçada ou pela violência, o que torna a alternativa A correta. Como a construção das cidades presumia a destruição das edificações nativas e desconsiderava as culturas locais, as alternativas D e E tornam-se incorretas. Contrariamente ao indicado na alternativa B, as relações de modo geral foram marcadas por intensos conflitos. Por fim, como a simetria e a matemática são imposições do empreendimento espanhol, a alternativa C também está incorreta. QUESTÃO 49 É muito fácil dizer, e até certo ponto não deixar de ser correto, que a socialização é um processo de configuração ou moldagem. A criança é configurada pela sociedade, é por ela moldada de forma a fazer dela um membro reconhecido e participante. Mas é importante que não se veja nisso um processo unilateral. Mesmo no início da vida, a criança não é uma vítima passiva da socialização. Resiste a ela, dela participa e nela colabora de forma variada. A socialização é um processo recíproco, visto que não afeta apenas o indivíduo socializado, mas também os socializantes. BERGER, P. L.; BERGER, B. Socialização: como ser um membro da sociedade. In: FORACCI, M. M. & SOUZA MARTINS, J. (org.). Sociologia e sociedade: leituras de introdução à Sociologia. São Paulo / Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977. A análise sociológica apresentada no texto compreende a socialização como um processo no qual os agentes A. disputam o controle social. B. resistem de modos diversos. C. vivem em conflitos constantes. D. procuram ter ganhos pessoais. E. coexistem em interação contínua. OZE8 Alternativa E Resolução: Peter e Brigitte Berger, ao analisarem o processo através do qual a criança se insere em seu meio social, conhecendo suas regras, limites e funcionamento geral, também chamado de socialização primária, mostram que todos os agentes envolvidos em tal processo, adultos e crianças, estão em constante interação. Prova disso é o fato de a criança, que supostamente seria passiva, ou quase um objeto nesse processo, agir e reagir às investidas e ações dos pais ou tutores, como o texto afirma em: “a criança não é uma vítima passiva da socialização. Resiste a ela, dela participa e nela colabora de forma variada”. Nesse processo de socialização, os agentes coexistem em interação contínua, como está estipulado na alternativa E). Analisemos as demais alternativas: A) INCORRETA – A socialização primária não consiste num processo de dominação ou de exercício de poder puramente falando. Antes, trata-se de uma forma de adaptar um indivíduo ao meio social no qual ele está sendo criado, favorecendo sua inserção e socialização. B) INCORRETA – O texto menciona a resistência da criança apenas para enfatizar o caráter não passivo desta em relação aos outros agentes. C) INCORRETA – Os conflitos que advém do processo de socialização não são a chave para a compreensão de tal fenômeno, mas sim as diversas interações e os impactos que causam reciprocamente nos agentes. D) INCORRETA – A submissão inerente a esse processo, antes de ser a um agente é a uma norma social, que submete igualmente aos agentes que tentam incutir em outros, como pais ensinarem aos filhos determinadas regras de conduta que todos supostamente deveriam seguir. QUESTÃO 50 Linhas portuárias da conquista espanhola (século XVI) Espanha La Hispaniola (São Domingos) Fernandina (Cuba) Flórida Oceano Pacífico Nova Espanha (Veracruz) Golfo do México Istmo Central (Tehuantepec) América do Norte Nombre de Dios/Portobelo Panamá América Central e Costa Ocidental da América do Sul Disponível em: <https://www.historia.uff.br>. Acesso em: 28 fev. 2021. A dinâmica colonial indicada no esquema representa a intenção da Coroa espanhola de A. organizar a política administrativa com o sistema de porto único. B. revezar as linhas portuárias para ludibriar as organizações de pirataria. C. ampliar as áreas de comércio para reforçar os vínculos com os colonos. D. fragmentar o território colonial para facilitar o exercício de domínio europeu. E. dispersar os produtos europeus para estimular o desenvolvimento portuário. UC6P CH – PROVA I – PÁGINA 30 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: O esquema pode ser relacionado ao sistema de porto único, medida administrativa espanhola na América que tinha como finalidade controlar a entrada e saída de produtos da América por um único porto, tentando, assim, evitar o contrabando de mercadorias, principalmente os metais preciosos. No esquema, isso fica evidente ao mostrar São Domingos, que se tornou o primeiro porto de parada da rota transatlântica que saía de Sevilha (porto base desse sistema), o que torna a alternativa A correta. A alternativa B está incorreta, pois a Espanha adotou a política de porto único, não revezando, portanto, os portos. A alternativa C está incorreta, pois o esquema trata de uma estratégia econômica espanhola, que não estruturou tal política preocupando-se com vínculos coloniais. A alternativa D está incorreta, pois o esquema não faz referência ao território da América Espanhola propriamente, mas às linhas portuárias. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o esquema não se relaciona à dispersão de produtos, mas ao cuidado da Espanha de traçar linhas portuárias estratégicas para controlar a circulação de riquezas. QUESTÃO 51 Evolução do número de habitantes do Brasil 1870 14 333 915 10 112 061 30 635 605 41 165 289 51 941 767 70 070 457 93 139 037 119 002 706 146 825 475 169 799 170 190 732 694 17 318 556 0 200 milhões 150 milhões 100 milhões 50 milhões 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 WHITE, C. População brasileira cresce menos nos anos 2000. Disponível em: <https://veja.abril.com.br>. Acesso em: 13 mar. 2023. Um fator que influenciou o comportamento do ritmo de crescimento da população brasileira na segunda metade do século XX foi o(a) A. queda da taxa de mortalidade. B. declínio do saldo migratório. C. retrocesso da urbanização. D. proliferação de epidemias. E. incentivo à natalidade. Alternativa A Resolução: Na segunda metade do século XX, o Brasil passou por um avanço do processo de transição demográfica, no qual houve uma aceleração do crescimento vegetativo e um aumento da população absoluta. Isso resultou de uma de uma alta taxa de natalidade e de uma queda da taxa de mortalidade. KBJY Tal queda foi resultado de melhorias da qualidade de vida da população, como através do aprimoramento das condições médico-sanitárias. A alternativa B está incorreta, pois o declínio do saldo migratório não contribui para o aumento da população de um país, visto quecorresponde à diferença entre o número de pessoas que saíram e chegaram em um dado local. A alternativa C está incorreta, pois, na segunda metade do século XX, houve uma aceleração do processo de urbanização brasileiro. A alternativa D está incorreta, pois a proliferação de epidemias contribui para aumentar a taxa de mortalidade e, assim, para desacelerar o crescimento vegetativo. A alternativa E está incorreta, pois não houve políticas de incentivo à natalidade no Brasil no período abordado. Além disso, no início da segunda metade do século XX, a taxa de natalidade brasileira era alta, mas, ao longo de suas décadas, essa taxa foi caindo em função de mudanças socioeconômicas e culturais ocorridas no país. QUESTÃO 52 Durante seis séculos (VII-XIII) os árabes estabeleceram um Império que, em seu auge, se estendeu do continente asiático à Europa, passando pelo norte da África, unindo diversos povos e religiões, os quais eram governados por uma estrutura política que seguia os preceitos do Corão, o livro sagrado dos islâmicos. Durante esse tempo, eles desenvolveram uma complexa infraestrutura administrativa e controlaram as principais rotas comerciais, dominando o comércio no Mar Mediterrâneo. Disponível em: <https://www.ie.ufrj.br>. Acesso em: 27 fev. 2021. As conquistas muçulmanas descritas alteraram a dinâmica econômica da Europa, na Alta Idade Média, ao provocarem a A. imposição da moeda árabe. B. retração do comércio europeu. C. restruturação das relações feudais. D. organização da Expansão Marítima. E. formação das corporações de ofício. Alternativa B Resolução: Conforme o texto demonstra, a expansão islâmica na Idade Média acarretou a retração da economia europeia, uma vez que os muçulmanos dominaram importantes portos europeus, bem como controlaram poderosas rotas de comércio no Mediterrâneo. Assim, os navios de comerciantes cristãos ficaram restritos ao centro e ao norte do Mar Mediterrâneo, o que limitou o fluxo regular e a circulação de mercadorias, o que torna a alternativa B correta. A alternativa A está incorreta, pois, por mais poderosos que os muçulmanos fossem nesse período, não ocorreu a imposição da moeda árabe na Europa medieval. A alternativa C está incorreta, pois não é possível afirmar que ocorreu uma restruturação da ordem feudal devido à expansão árabe. A alternativa D está incorreta, pois não existe nenhuma relação direta entre as conquistas mulçumanas descritas no texto e o surgimento da expansão marítima europeia. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois as corporações de ofício foram um fenômeno econômico de origem europeia, não tendo, portanto, nenhuma ligação com a expansão do Islã. JDZ3 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 31BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 53 Perfil e mapa topográfico do Pão de Açúcar e do Morro da Urca IBGE. Meu 1º atlas. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 mar. 2023 (Adaptação). O relevo do terreno representado na figura apresenta a seguinte característica: A. Posicionamento dos pontos de menor altitude abaixo do nível do mar. B. Diferença inferior a 300 m entre o nível do mar e a maior altitude. C. Presença de elevações com diferentes graus de declividade. D. Registro de um desnível abaixo de 100 m entre as duas elevações. E. Ausência de encostas com uma superfície de topografia íngreme. Alternativa C Resolução: Em um mapa topográfico, as curvas de nível são linhas que unem pontos de mesma altitude do terreno. Quanto mais próximas estão essas linhas, maior a variação da altitude e maior a declividade. No mapa da questão, na elevação correspondente ao Pão de Açúcar, as linhas estão mais próximas do que na elevação correspondente ao Morro da Urca, indicando que as duas feições apresentam distintos graus de declividade, sendo a primeira mais íngreme do que a segunda. A alternativa A está incorreta, pois o perfil e o mapa topográfico (que incluem o terreno situado entre os pontos A e B) não possuem nenhuma porção abaixo do nível do mar (inferior a 0 m). A alternativa B está incorreta, pois a maior altitude representada (topo do Pão de Açúcar) está a quase 400 m acima do nível do mar. A alternativa D está incorreta, pois entre as duas elevações há um desnível superior a 100 m. A alternativa E está incorreta, pois, sobretudo o Pão de Açúcar, apresenta encostas íngremes. 4JVN QUESTÃO 54 Proponho-me mostrar neste livro que as habilidades naturais humanas são derivadas por herança, exatamente sob as mesmas limitações que estão as formas e traços físicos de todo o mundo orgânico. GALTON, F. Apud. DEL CONT, V. Francis Galton: eugenia e hereditariedade. Scientiae Studia, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 201-218, 2008. O texto apresenta uma visão que compreendia os seres humanos numa relação A. evolutiva, embasada na aptidão social. B. histórica, forjada pela produção material. C. coletiva, dada pelas organizações humanas. D. laboral, estabelecida pela disposição produtiva. E. hierárquica, observada pelas características físicas. Alternativa E Resolução: O britânico Francis Galton foi o criador de uma teoria que impactou profundamente a humanidade nos séculos XIX e XX, incluindo a República Velha brasileirB) O criador da eugenia social entendia que os seres humanos pertenciam a diferentes raças, as quais poderiam ser compreendidas de maneira hierárquica, ou seja, de uma superior para outras tantas inferiores. Nessa concepção, seria possível identificar, através de características físicas, elementos como a capacidade intelectual ou mesmo a correção moral. Assim, a relação é hierárquica, observada pelas características físicas. A) INCORRETA – Essa formulação corresponde ao evolucionismo social, ou darwinismo social, de Herbert Spencer, que tentou aplicar a teoria darwinista no mundo social. B) INCORRETA – Essa visão corresponde ao marxismo, que analisa a sociedade através das relações de produção ao longo da história, opondo burgueses e proletários. C) INCORRETA – Tal concepção corresponde à sociologia de Émile Durkheim, que compreendia a sociedade para além de suas partes, ou seja, para além das pessoas, tomadas individualmente, por isso o olhar para as organizações humanas e os elementos que as estruturavam. D) INCORRETA – Tal noção corresponde ao socialismo utópico de Saint-Simon, para quem a sociedade se compreendia entre a classe trabalhadora e a classe ociosa, que se aproveitava da primeira e que, por isso, consistia num problema. QUESTÃO 55 Está evidenciado que a litosfera não é um corpo estático. Apesar da aparente estabilidade e rigidez, a litosfera é dotada de dinamismo alimentado pelas forças do manto e do núcleo e que se manifesta através de fenômenos como terremotos, vulcanismos, intrusões, dobramentos, entre outros. Essas duas partes internas da Terra apresentam materiais em estado de fluido a sólido no núcleo (com temperaturas que podem atingir os 4 000 °C) e de pastoso a rígido no manto (onde as temperaturas chegam a mais de 2 000 °C). Q2JQ VL7G CH – PROVA I – PÁGINA 32 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Em decorrência de suas características físico-químicas, parte dessa enorme massa de material apresenta movimentação interna que acaba por se refletir na camada rígida externa, a litosfera. ROSS, J. Os fundamentos da Geografia da natureza. In: ROSS, J. (org.). Geografia do Brasil. 6. ed. São Paulo: EDUSP, 2019 (Adaptação). Parte do dinamismo da litosfera decorre da atuação das forças endógenas, que está associada ao(à) A. mecanismo das correntes de convecção no manto. B. movimento astronômico de translação do planeta. C. uniformidade da temperatura no interior da Terra. D. incidência da energia solar sobre a superfície. E. falta de interação entre as camadas internas. Alternativa A Resolução: Parte do dinamismo da litosfera decorre da atuaçãodas forças endógenas, incluindo a movimentação das placas tectônicas, que provocam fenômenos como vulcanismo, terremotos e dobramentos. O movimento das placas é impulsionado pelas correntes de convecção do manto, que se originam do aumento da temperatura em direção ao interior da Terra. O magma situado mais próximo ao núcleo é mais aquecido, torna-se menos denso e ascende em direção à litosfera. Assim, perde calor e se torna mais denso, retornando em direção ao núcleo. Esse movimento cíclico gera perturbações na astenosfera, de consistência plástica, levando ao deslocamento das placas da litosfera. A alternativa B está incorreta, pois as forças endógenas estão associadas a processos que ocorrem no interior da Terra. O movimento de translação do planeta condiciona a alternância entre as estações e a duração do ano. A alternativa C está incorreta, pois a temperatura aumenta com a profundidade no interior da Terra. A alternativa D está incorreta, pois a energia solar impulsiona os processos que ocorrem na superfície terrestre, resultantes da ação dos agentes exógenos. A alternativa E está incorreta, pois as camadas internas da Terra interagem entre si, o que resulta em fenômenos como as correntes de convecção do manto e as transformações da litosfera pela ação das forças endógenas. QUESTÃO 56 Chichén Itzá foi um populoso centro urbano maia responsável por tributar centenas de cidades, organizar um exército eficaz para os empreendimentos guerreiros e realizar comércio de longa distância com outras cidades maias e de outras etnias. Durante seu auge, no século IX, a cidade foi governada por um rei chamado Kukulcán, que foi responsável pela maioria das construções arquitetônicas da cidade. Tal governo foi marcado por uma eficiente propaganda política que foi planejada segundo um processo cognitivo de representação imagética do governante, cuja principal manifestação deu-se em forma de uma serpente emplumada. Disponível em: <https://www.researchgate.net>. Acesso em: 21 nov. 2020. 4O7P A estratégia do governante maia, descrita no texto, relaciona-se à intenção de A. legitimar a luta contra os invasores. B. perpetuar a sua imagem de soberania. C. exaltar as divindades do panteão maia. D. criar uma estrutura política centralizada. E. rivalizar com as cidades maias vizinhas. Alternativa B Resolução: Conforme o texto demonstra, as ações do rei maia tinham como finalidade clara o reforço de sua autoridade enquanto governante por meio de construções monumentais que exaltariam o seu poder e deixariam o seu legado, o que torna correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois a estratégia adotada não tinha o intuito de legitimar a luta contra os invasores, mas de legitimar a autoridade real maia, como apontado no texto. A alternativa C está incorreta, pois, embora o rei maia recorresse a elementos religiosos, a finalidade de suas ações era a de o promover enquanto governante, reforçando sua autoridade. A alternativa D está incorreta, pois as estratégias do rei, apontadas no texto, não demonstram intenção de centralização do poder, além dessa não ser uma característica de organização da sociedade maia. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois Chichén Itzá era uma importante cidade que submetia outras menores à sua tributação. O texto destaca a hegemonia de Chichén Itzá, não fazendo referência a qualquer forma de disputa ou concorrência com outras cidades maias. QUESTÃO 57 Sócrates – E não é verdade ainda que a ciência que ele tem agora, ou bem ele adquiriu em algum momento ou bem sempre teve? Mênon – Sim. Sócrates – Ora, se sempre teve, ele sempre foi alguém que sabe, mas, se adquiriu em algum momento, não seria pelo menos na vida atual que adquiriu, não é? Ou alguém lhe ensinou a geometria? Pergunto porque ele fará estas mesmas descobertas a respeito de toda a geometria e mesmo de todos os outros conhecimentos sem exceção. Ora, há quem lhe tenha ensinado todas estas coisas? Pergunto-te porque estás, penso, em condição de saber, quanto mais não seja porque ele nasceu e foi criado na tua casa. Mênon – Mas eu bem sei que ninguém jamais lhe ensinou. Sócrates – Mas ele tem ou não essas opiniões? Mênon – Necessariamente tem, Sócrates, é evidente. Sócrates – Mas se não é por ter adquirido na vida atual que as tem, não é evidente, a partir daí, que em outro tempo as possuía e as tinha aprendido? Mênon – É evidente. PLATÃO. Mênon. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2001. Ao narrar um episódio em que um servo não educado aprende algo novo, a concepção apresentada no texto situa a origem do conhecimento na A. opinião. B. tradição. C. repetição. D. experiência. E. rememoração. A71D EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 33BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa E Resolução: O trecho apresenta um elemento fundamental da maiêutica socrática, que compreende que o conhecimento é acessado pela rememoração conduzida pela dialética. Por isso, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta, já que a pura opinião nunca é uma fonte de conhecimento para Platão. A alternativa B está incorreta, pois o trecho trabalha com a demonstração do conhecimento matemático e que é conduzido absolutamente intuitivamente, sem uma instrução formal do conhecimento construído pelos matemáticos. Portanto, não é um debate ligado à tradição. As alternativas C e D estão incorretas porque Platão não atrela o conhecimento ao mundo sensível, desse modo, repetição e experiência não são fontes de conhecimento seguro e verdadeiro para o filósofo. QUESTÃO 58 Tilly, uma menina inglesa de 10 anos, que estava de férias na Tailândia com sua família em 2004, contribuiu para salvar a vida de cerca de 100 pessoas na ilha de Phuket, graças às suas aulas de Geografia, onde aprendeu como prever um tsunami. Ao The Sun, jornal inglês que publicou a história, Tilly relatou que estava na praia e percebeu que água voltou com borbulhas e que, de repente, o mar começou a recuar. Com isso, compreendeu o que estava ocorrendo, tendo a sensação de que ia haver um tsunami. Ela avisou sua mãe, o que permitiu a retirada das pessoas da praia e do hotel vizinho antes que as ondas gigantes chegassem à costa. Menina inglesa salva pessoas de tsunami graças à aula de Geografia. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 16 mar. 2023 (Adaptação). As evidências que levaram Tilly a perceber o tsunami estão associadas ao fato de que as ondas gigantes, ao se aproximarem da costa, sofrem um(a) A. interrupção das perturbações na água. B. enfraquecimento do poder destrutivo. C. aceleração brusca da velocidade. D. diminuição do volume de água. E. crescimento da sua altura. Alternativa E Resolução: Uma das evidências que levou a menina inglesa a prever o tsunami foi o recuo do nível do mar. Este se deve ao aumento do volume de água e da altura das ondas à medida que se aproximam da costa. A alternativa A está incorreta, pois outra evidência foi a presença de borbulhas, resultado da intensificação das perturbações na água. A alternativa B está incorreta, pois, ao se aproximarem da costa, as ondas gigantes têm seu tamanho ampliado, potencializando seu poder destrutivo. Além disso, as regiões litorâneas, por abrigarem população e construções, sofrem efeitos muito mais devastadores do que em alto-mar. A alternativa C está incorreta, pois, à medida que se aproxima da costa, as ondas ganham altura e volume de água, mas perdem velocidade. A alternativa D está incorreta, pois o volume de água das ondas aumenta em direção ao litoral. QUESTÃO 59 Os cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem por língua ou costumes. Com efeito, não moram em cidades próprias, nem falam língua estranha, nem têm algum modo especial de viver. Sua doutrina não foi inventada por eles, graças ao talento e especulação de homens curiosos, nem professam, como outros, algum ensinamento humano.Pelo contrário, vivendo em cidades gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao resto, testemunham um modo de vida social admirável e, sem dúvida, paradoxal. [...] Vivem na sua pátria, mas como se fossem forasteiros; participam de tudo como cristãos, e suportam tudo como estrangeiros; [...] são desconhecidos e, apesar disso, condenados; são mortos, e, deste modo, lhe é dada a vida. EPÍSTOLA a Diogneto 5, 2-4 apud CAMPOS, L. C. O cristianismo e o Império Romano. Revista Ágora, Vitória, n. 15, 2012. A Epístola a Diogneto é uma carta escrita por volta do ano 120. De acordo com o relato, o cristianismo primitivo foi caracterizado pelo(a) A. valorização étnica. B. afastamento geográfico. C. desregramento religioso. D. perseguição aos adeptos. E. incorporação à sociedade. 2B78 B5OW CH – PROVA I – PÁGINA 34 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa D Resolução: A Epístola a Diogneto representa uma fonte documental sobre aspectos da cultura cristã primitiva, revelando o modo de vida dos cristãos e a relação deles com outros grupos sociais nas cidades gregas e romanas. Por ser um documento do início do século II, ela corresponde ao período em que a teologia cristã ainda estava sendo desenvolvida. Esse também foi um período histórico marcado por forte perseguição aos cristãos, sobretudo no interior do Império Romano, devido aos conflitos de ordem política que os dogmas cristãos fomentaram. Nesse sentido, os adeptos do cristianismo, nesse contexto, eram perseguidos e mortos. Portanto, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois na carta apresentada não há a indicação de uma valorização étnica. Contrariamente ao indicado na alternativa B, o texto revela a proximidade dos cristãos e outros povos. Apesar de serem adaptáveis a diferentes valores culturais, os cristãos possuíam suas próprias regras e dogmas religiosos, invalidando também a alternativa C. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, nesse contexto, percebe-se uma exclusão dos adeptos ao cristianismo e não uma incorporação desse grupo à sociedade. QUESTÃO 60 Início da crise malthusiana População Recursos TEMPO Teoria Malthusiana. Disponível em: <www.dicionariofinanceiro.com>. Acesso em: 13 mar. 2023. O gráfico ilustra o pressuposto básico da teoria demográfica malthusiana, que propõe que o ritmo do crescimento populacional segue uma tendência que conduz à A. evolução técnica dos meios de produção. B. obtenção de um excedente de alimentos. C. superação das desigualdades sociais. D. geração da pobreza em larga escala. E. conclusão da transição demográfica. Alternativa D Resolução: A teoria malthusiana defendia que a quantidade de recursos crescia em um ritmo inferior (progressão aritmética) ao da população (progressão geométrica). Assim, ocorreria um momento em que o contingente populacional iria superar os recursos disponíveis, gerando pobreza em larga escala. A alternativa A está incorreta, pois uma das falhas apontadas na teoria malthusiana foi não ter previsto a intensa evolução tecnológica, que ampliou profundamente a capacidade produtiva. A alternativa B está incorreta, pois Malthus não previu um excedente de alimentos, mas sim, a sua escassez em função do acelerado crescimento da população. A alternativa C está incorreta, pois a teoria malthusiana previu a iminência de problemas sociais, e não a sua superação. A alternativa E está incorreta, pois o modelo da transição demográfica contraria os pressupostos malthusianos. De acordo com esse modelo, as diferentes populações tendem a passar de um regime com altas taxas de natalidade e de mortalidade para outro em que essas taxas se tornam mais baixas e estáveis, levando a uma desaceleração do crescimento populacional. QUESTÃO 61 A peregrinação ritual à cidade de Meca (Hajj) é um dos cinco pilares da fé e uma obrigação para todo muçulmano em condições de saúde e financeiras para realizar tal. Dessa forma, em toda a História do Islã, a não ser em períodos em que a guerra o impedia, o fluxo de peregrinos aos lugares santos foi constante ao longo dos séculos. [...] A primeira metade do século XIV foi um período ímpar em relação às possibilidades e condições de viagem pelo mundo afro-euroasiático. [...] O Dar al-Islam, ou as “Terras do Islã”, estendia-se desde o Marrocos e Al-Andalus [Península Ibérica] até as fronteiras do norte da Índia com a China, além de parte do Sudeste Asiático. SILVA, B. R. V. M. Périplo do ouvir, ver e narrar: retórica, alteridade e representação do outro na Rihla de Ibn Battuta (1304-1377). Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2015. p. 42. [Fragmento adaptado] A prática da peregrinação pelos povos muçulmanos, na Alta Idade Média e início da Idade Moderna, contribuiu com o(a) A. expansão da influência islâmica. B. imposição da intolerância religiosa. C. intensificação das doutrinas radicais. D. encerramento dos conflitos culturais. E. desenvolvimento de isolamento político. 49UQ D2BE EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 35BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: As peregrinações e viagens realizadas pelos muçulmanos tiveram um papel importante na expansão da influência islâmica em todo o mundo, ou, no caso da Alta Idade Média e início da Idade Moderna, pelas regiões até então conhecidas: Europa, África e Ásia. A peregrinação a Meca era uma das poucas oportunidades para os muçulmanos de diferentes partes do mundo se encontrarem e compartilharem ideias e conhecimentos. Essas viagens também permitiram que o Islã e seus códigos culturais se espalhassem para regiões distantes, como a África Subsaariana e o sudeste da Ásia. As relações culturais e comerciais estabelecidas entre muçulmanos e os povos dessas regiões ajudou a tornar o Islã mais atraente e acessível a outras pessoas. Portanto, a alternativa A está correta. A alternativa B está incorreta, pois essas viagens demonstram como, ao longo da história do Islã, a tolerância religiosa e cultural foi uma característica importante que determinou a influência islâmica. Durante a era do califado islâmico, por exemplo, os líderes muçulmanos adotavam políticas de tolerância religiosa em relação às outras religiões monoteístas, como o cristianismo e o judaísmo, com o objetivo de facilitar a dominação de novos governos e territórios. No entanto, conflitos culturais ocorreram durante a interação entre muçulmanos e outros povos, como foi o caso das Cruzadas, o que invalida a alternativa D. Como a peregrinação era uma prática religiosa que enfatizava a unidade e a comunhão entre os muçulmanos, é um momento de reflexão e meditação sobre a mensagem do Islã, e não um momento de radicalização, invalidando também a alternativa C. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois toda a situação de viagens e interação cultural e política do Islã demonstra que o isolamento não foi uma consequência das peregrinações. QUESTÃO 62 Mesmo quando posso realmente me libertar destas regras e violá-las com sucesso, vejo-me sempre obrigado a lutar contra elas. E quando são finalmente vencidas, fazem sentir seu poderio de maneira suficientemente coercitiva pela resistência que me opuseram. Nenhum inovador, por mais feliz, deixou de ver seus empreendimentos se chocarem contra oposições deste gênero. DURKHEIM, É. As Regras do Método Sociológico. Lisboa: Editorial Presença, 2004. Demonstrando o efeito coercitivo das regras, o texto evidencia o aspecto A. externo dos fatos sociais. B. moralista das etiquetas urbanas. C. libertador das tradições históricas. D. violento das associações políticas. E. doutrinador dos grupos religiosos. IVON Alternativa A Resolução: Émile Durkheim, ao estabelecer os fatos sociais como externos, morais e coercitivos, propõe uma reflexão da vida social para além do sujeito. Isso significa, como no exemplo citado,que todo aquele que quer fazer de si mesmo apenas aquilo que assim o desejar, tende a enfrentar resistência e oposição de seu meio social das mais diversas formas e níveis. É por isso que a análise evidência o aspecto externo dos fatos sociais. B) INCORRETA – As etiquetas urbanas, por mais moralistas que o foram, são apenas parte de um todo bem mais amplo, a saber, a externalidade e coercitividade dos fatos sociais. C) INCORRETA – As tradições históricas de diversas sociedades apresentam geralmente um caráter coercitivo e externo não libertador. D) INCORRETA – Apesar de estarem inseridas e comporem um meio social, as associações políticas estão sujeitas à mesma coerção citada no texto, sendo esta derivada dos fatos sociais. E) INCORRETA – Os grupos religiosos têm, tradicionalmente, a característica de doutrinarem a fim de levarem sua mensagem a mais fiéis. Apesar de terem como objetivo influenciar pessoas em uma determinada direção, estão sujeitos à mesma coerção que todos os atores sociais inseridos em um determinado meio, isto é, à força dos fatos sociais. QUESTÃO 63 O acesso à comunidade cívica da mulher estava restrito a duas condições. Primeiro, ao fato de ser filha legítima de pais cidadãos, e a segunda, ao seu casamento com um homem que detenha o título de cidadão ateniense. LOIS, C. C. A gênese da exclusão: o lugar da mulher na Grécia Antiga. Sequência: Estudos Jurídicos Políticos, v. 20, n. 38, 1999, p. 130. [Fragmento] As definições jurídicas da cidadania no Período Clássico ateniense indicam o(a) A. popularização da vida pública. B. ausência de demandas femininas. C. estrutura patriarcal da democracia. D. desinteresse político das mulheres. E. reconhecimento da herança materna. Alternativa C Resolução: O status jurídico das mulheres na Grécia Antiga, descrito no texto, indica que estas eram impedidas de praticar atos da vida pública e política da cidade sem estarem vinculadas a um homem: em primeiro lugar ao pai, que deveria ser ateniense; em segundo lugar, ao marido. Tal condição jurídica equivale à exclusão das mulheres enquanto cidadãs completas e com plenos direitos, uma vez que se estabelece, como regra, sua tutela jurídica a um homem. Nesse sentido, é perceptível que a democracia ateniense estava estruturada em torno do patriarcalismo e da desvalorização da autonomia política feminina, o que vai ao encontro da alternativa C e invalida a alternativa E. SP5B CH – PROVA I – PÁGINA 36 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Essa situação tornava a vida pública pouco popularizada, pois a exclusão feminina representava o afastamento de grande parte da população da política, o que torna incorreta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois a exclusão política de mulheres não significa que não existiam demandas específicas para esse grupo ou, ainda, que houvesse desinteresse feminino pela política, invalidando também a alternativa D. QUESTÃO 64 A população global atingiu 8 bilhões de habitantes em 15 de novembro de 2022 de acordo com o relatório World Population Prospects 2022 da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta segunda-feira [11/07/2022], no Dia Mundial da População. Ainda segundo o relatório, a parcela da população global com 65 anos ou mais de idade deverá aumentar de 10% em 2022 para 16% em 2050. Espera-se que o número de pessoas com 65 anos ou mais em todo o mundo seja mais do que o dobro do número de crianças com menos de 5 anos, e aproximadamente o mesmo que o número de crianças com menos de 12 anos. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. População mundial chegará a 8 bilhões em novembro de 2022. Disponível em: <https://brasil.un.org>. Acesso em: 10 mar. 2023 (Adaptação). O cenário indicado pelas projeções relatadas no texto será reflexo de um processo de crescimento do(a) A. tamanho das famílias. B. taxa de fecundidade. C. expectativa de vida. D. mortalidade infantil. E. fluxo migratório. Alternativa C Resolução: O texto apresenta projeções de crescimento da proporção da população idosa em relação à população jovem nas próximas décadas. Um dos fatores que contribuem para esse processo é a elevação da expectativa de vida (estimativa do tempo de vida que se espera que os habitantes de uma população possam alcançar), que provoca uma ampliação do número de idosos. As alternativas A e B estão incorretas, pois a diminuição do tamanho das famílias e da taxa de fecundidade (número médio de filhos por mulher) causa a redução da proporção da população jovem, contribuindo para as projeções apontadas no texto. A alternativa D está incorreta, pois a população jovem tende a diminuir em função da queda da taxa de fecundidade. Em nível mundial, tem ocorrido avanços médico-sanitários responsáveis por uma queda da taxa de mortalidade infantil. A alternativa E está incorreta, pois, em nível mundial, os fluxos migratórios não alteram as proporções de jovens e idosos na população. KTB6 QUESTÃO 65 A superestrutura do sistema implica o desaparecimento do Estado soberano. A autoridade se exerce de pessoa a pessoa. A justiça se processa do suserano ao vassalo, e pelo senhor sobre o camponês. A exploração dos rendimentos econômicos e o aparelho jurídico-político são estreitamente ligados. PARAIN, C. apud MENEZES JUNIOR, E. A. O Estado feudal e as relações de poder senhorio-campesinato no reino da França (1180-1226). Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2019. p. 35. [Fragmento adaptado] O texto aborda sobre o contexto medieval, destacando que a organização da sociedade feudal se caracterizava pelo(a) A. consolidação prática do aparato estatal. B. fortalecimento político do líder monárquico. C. direção estrutural de centralização institucional. D. declínio gradual da fragmentação administrativa. E. estruturação política marcada pela descentralização. Alternativa E Resolução: O texto apresenta uma interpretação historiográfica sobre os significados políticos das relações de suserania e vassalagem no contexto feudal, identificando a centralidade destas relações na estruturação do aparelho jurídico-político medieval. No texto apresenta-se uma visão sobre o impacto das relações de suserania e vassalagem no processo de fragmentação do poder político medieval, uma vez que o monarca, embora fosse o topo da hierarquia feudal, tinha seu poder limitado pelas relações personalistas com seus vassalos. A estratificação do poder, nesse contexto, tornava o poder real instável, pois ele estava pulverizado em uma vasta cadeia de intermediários que possuíam domínios territoriais e interesses particulares. Nesse sentido, a estruturação política é marcada pela descentralização, o que vai ao encontro da alternativa E e invalida as alternativas B, C e D. A alternativa A está incorreta, pois essa estrutura impediu o desenvolvimento de um aparelho burocrático de Estado, como indicado no texto. QUESTÃO 66 A transição demográfica trata-se de um modelo teórico que expressa as transformações em curso ou já ocorridas em uma população. Caracteriza-se pela passagem de um regime com altas taxas de mortalidade e de natalidade para outro regime em que ambas as taxas se situam em níveis relativamente mais baixos. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br>. Acesso em: 4 dez. 2020 (Adaptação). O processo de transição demográfica de uma população acarreta o(a) A. alteração da taxa de crescimento vegetativo. B. declínio do contingente populacional urbano. C. aumento constante da taxa de fecundidade. D. estagnação na fase do equilíbrio primitivo. E. manutenção da sua composição etária. 6CZ8 GKBA EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 37BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: O texto afirma que a transição demográfica se caracteriza pela passagem de um regime com altas taxas de mortalidade e de natalidade para outro em que as duas taxas estão em níveis mais baixos.Esse processo causa variações no ritmo do crescimento vegetativo da população. Assim, por exemplo, tem-se a fase conhecida como do equilíbrio primitivo, em que as taxas de natalidade e mortalidade são elevadas, o que leva a um baixo crescimento vegetativo. Já na fase da expansão populacional, a taxa de natalidade mantém-se alta e a de mortalidade sofre uma redução, levando a uma aceleração do crescimento vegetativo. A alternativa B está incorreta, pois a transição demográfica está associada ao avanço do processo de urbanização, que acarreta mudanças sociais, econômicas e culturais, levando à queda das taxas de natalidade e de mortalidade. A alternativa C está incorreta, pois a transição demográfica corresponde à passagem de um regime de alta para um de baixa taxa de natalidade, o que está associado à redução da taxa de fecundidade (número médio de filhos por mulher em uma população). A alternativa D está incorreta, pois, para ocorrer a transição demográfica de uma população, é necessário que haja uma superação da fase do equilíbrio primitivo. A alternativa E está incorreta, pois, com a alteração das taxas de natalidade e de mortalidade, há uma transformação da composição etária, passando de uma população jovem para uma com maior número de idosos. QUESTÃO 67 Embora aqueles que buscassem a América fossem vassalos dos reis de Espanha, quem poderia produzir a unidade entre um habitante da Biscaia e um catalão, que se originam de províncias diferentes e falam diferentes línguas? Como poderia um andaluz se entender com um valenciano, um homem nascido em Perpignan com um nascido em Córdoba, um aragonês com um nascido em Guipúscoa, um natural da Galícia com um de Castela, um asturiano com um homem proveniente da Montanha ou de Navarra? OVIEDO Y VALDÉS. História general y natural de las Índias. 1535 apud STEIN, S. J.; STEIN, B. H. A herança colonial da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. p. 18. Os questionamentos presentes no texto indicam A. as contradições da política mercantilista espanhola à época da Expansão Marítima. B. a fragilidade do Estado Nacional espanhol no período da conquista da América. C. a liderança do reino de Castela na formação do Estado Nacional espanhol. D. as dificuldades enfrentadas pela Espanha durante as Grandes Navegações. E. a predisposição à interação étnica da população na Espanha moderna. FZZI Alternativa B Resolução: O texto apresenta a diversidade dos grupos étnicos que compunham a população dos reinos que, unificados, formariam o Estado Moderno espanhol no século XV. A tarefa principal desse novo Estado espanhol era criar uma nacionalidade que se sobrepusesse às diversas identidades preexistentes à unificação. O processo de criação dessa nacionalidade dependia da imposição e da aceitação, pela população, de valores comuns. O elemento unificador inicial estava em um inimigo comum, uma mesma luta e, sobretudo, em uma religião comum. Dessa forma, a luta pela expulsão dos mulçumanos da região da Península Ibérica, no século XV, e o catolicismo foram fundamentais para a formação do Estado Moderno espanhol. Entretanto, a unificação do Estado espanhol não garantiu uma unidade irrestrita devido às grandes diferenças culturais e políticas entre os diversos reinos que o constituíam, expressas no texto, e revelou a fragilidade do Estado Nacional espanhol no período da consquista da América. Portanto, a única alternativa correta é a B. QUESTÃO 68 Terremotos geram dois tipos de ondas sísmicas, P e S. As ondas P atravessam toda a Terra, enquanto as ondas S são interrompidas ao encontrar o núcleo externo. A trajetória e o comportamento dessas ondas dependem das propriedades dos materiais que elas atravessam. FIORAVANTI, C. Abrindo a Terra. Pesquisa Fapesp, ed. 198, ago. 2012. Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br>. Acesso em: 14 mar. 2023 (Adaptação). No âmbito dos estudos sobre o interior da Terra, a análise da propagação das ondas sísmicas foi empregada para A. comprovar a inexistência das descontinuidades. B. medir a inclinação do eixo de rotação terrestre. C. evidenciar a expansão do assoalho oceânico. D. diferenciar as camadas internas do planeta. E. elaborar a Teoria da Deriva Continental. Alternativa D Resolução: As ondas sísmicas mudam de comportamento ao atravessarem materiais com diferentes propriedades químicas e físicas. Assim, a análise da propagação dessas ondas no interior da Terra possibilita diferenciar suas camadas, que apresentam diferentes condições físicas e químicas (de pressão, temperatura, densidade e composição). A alternativa A está incorreta, pois a mudança no comportamento das ondas sísmicas, ao passarem de uma camada interna da Terra para outra, evidencia a existência de descontinuidades entre elas. Um exemplo disso é a descontinuidade de Gutenberg, situada entre o manto e o núcleo, a uma profundidade de cerca de 2 900 km, que demarca um limite onde as ondas S são interrompidas e as ondas P diminuem de velocidade. A alternativa B está incorreta, pois o eixo de inclinação do planeta é medido com base em estudos astronômicos. Assim, não está relacionada com a Sismologia, que possibilita o estudo do interior da Terra através da análise da propagação das ondas sísmicas. 6S7T CH – PROVA I – PÁGINA 38 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO A alternativa C está incorreta, pois a expansão do assoalho oceânico foi descoberta a partir da intensa exploração do fundo do Oceano Atlântico na segunda metade do século XX. Essa exploração constatou que as rochas eram mais jovens à medida que se aproxima da Dorsal Mesoatlântica. Isso se deve à existência de uma fenda ao longo da dorsal, resultante do afastamento entre placas tectônicas, que permite que o magma extravase e se solidifique, formando uma nova crosta e causando a expansão do assoalho oceânico. A alternativa E está incorreta, pois a Teoria da Deriva Continental, elaborada no início do século XX, propunha que todos os continentes já estiveram agrupados em única massa e que, ao longo do tempo geológico, fragmentaram-se. As evidências usadas para embasar essa teoria foram dados paleoclimáticos e paleontológicos e o encaixe entre os contornos das costas africana e sul-americana. QUESTÃO 69 Os principais donos de plantações na Virgínia têm quase tudo que querem em sua própria propriedade. As propriedades grandes são administradas por mordomos e capatazes, todo o trabalho é feito por escravos... Suas habitações estão geralmente a cem ou duzentas jardas [90 a 180 m] da casa principal, o que dá aparência de aldeia às residências dos donos de plantações na Virgínia. WELD, I. In: KARNAL, L. et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Editora Contexto, 2007. A sociedade colonial sulina na América Inglesa, conforme descrito no texto, foi marcada, entre outros aspectos, pela A. desigualdade social. B. formação protestante. C. homogeneidade cultural. D. pretensão revolucionária. E. independência metropolitana. Alternativa A Resolução: O texto trata sobre colônias do Sul na América Inglesa, trazendo algumas características de como a sociedade se estruturava nessas colônias, como grandes propriedades administradas por mordomos e capatazes e o grande emprego de mão de obra escravizada para todo o tipo de trabalho. O modelo econômico vigente nessas colônias, como as grandes plantações que atendiam em grande medida o mercado externo, acabou por constituir uma aristocracia latifundiária que detinha o controle das relações sociais vigentes. Nesse sentido, a sociedade sulina que acompanha essa economia é fortemente marcada pela desigualdade social, o que torna a alternativa A correta. A alternativa B está incorreta, pois o aspecto religioso não está sendo abordado no texto. A alternativa C está incorreta, pois, conforme descrito no texto, a sociedade colonial era compostapor colonos, escravizados, indígenas, não ocorrendo, portanto, uma homogeneidade cultural. SBVV A alternativa D está incorreta, pois as colônias sulinas eram, em grande medida, resistentes às ideias revolucionárias independentistas e, para além disso, também não é o aspecto abordado no texto. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois as colônias do Sul que apresentavam grande progresso econômico foram convertidas em autênticas colônias de exploração da Coroa, tendo em vista que atendiam aos interesses mercantilistas da metrópole. QUESTÃO 70 TEXTO I Área afetada por tremores em 06/02/2023 Disponível em: <https://oglobo.globo.com>. Acesso em: 15 mar. 2023. TEXTO II Os terremotos que atingiram o centro da Turquia e o noroeste da Síria na madrugada de segunda-feira [06/02/2023] foram os mais fortes na região desde 1939. Na cidade turca de Gaziantep, registraram-se alguns dos tremores de maior magnitude, alcançando 7,8 na escala Richter, o que causou grande destruição, com muitas mortes e sérios danos materiais. CARDOSO, J. Entenda o que causou os terremotos na Turquia e na Síria. Disponível em: <www.poder360.com.br>. Acesso em: 15 mar. 2023 (Adaptação). O impacto dos terremotos sobre a cidade turca de Gaziantep, em fevereiro de 2023, tem relação com o(a) A. posição distante de bordas de placas. B. localização próxima ao epicentro. C. distância em relação ao oceano. D. efeito das explosões vulcânicas. E. equilíbrio isostático da crosta. Alternativa B Resolução: A cidade de Gaziantep foi uma das mais afetadas pelos terremotos que atingiram a Turquia em fevereiro de 2023, o que se deve à sua localização muito próxima do epicentro, como se pode ver no mapa. O epicentro corresponde ao local onde se dá a projeção do foco do tremor na superfície. A alternativa A está incorreta, pois os terremotos que atingiram a Turquia estão associados aos limites de placas tectônicas que ocorrem em seu território. A alternativa C está incorreta, pois a distância do oceano influencia o clima, mas não tem relação com a ocorrência dos terremotos. A alternativa D está incorreta, pois os terremotos que atingiram a Turquia não foram acompanhados de eventos de vulcanismo. A alternativa E está incorreta, pois o equilíbrio isostático causa movimentos verticais na crosta, já os terremotos que afetaram a Turquia foram causados por movimentos horizontais das placas tectônicas. KF1Q EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 39BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 71 Disponível em: <https://moodle.ufsc.br>. Acesso em: 17 out. 2018. Na utilização de um mapa e de uma bússola para orientação, o cálculo do ângulo α é importante para definir o(a) A. direção real a ser seguida. B. inclinação do eixo terrestre. C. localização precisa de pontos. D. sistema de posicionamento global. E. campo magnético natural da Terra. Alternativa A Resolução: A declinação magnética é o ângulo, expresso em graus, formado pela diferença entre o norte magnético e o norte geográfico na bússola. Para saber a real direção a ser seguida com a bússola, é necessário que o mapa de referência apresente a variação anual desse ângulo. A alternativa B está incorreta porque a atual inclinação do eixo de rotação da Terra em relação à órbita anual do planeta é conhecida: 23° 27’. A alternativa C está incorreta, pois a localização precisa de pontos na superfície terrestre é dada pelo sistema de coordenadas geográficas. A alternativa D está incorreta porque o sistema de posicionamento global, mais conhecido como GPS, baseia-se na rede de satélites que orbitam ao redor do planeta. A alternativa E está incorreta, pois a hipótese mais aceita é a de que o campo magnético tenha origem nas movimentações do núcleo da Terra. QUESTÃO 72 O comércio triangular também poderia envolver a Europa, para onde os navios levavam açúcar das Antilhas, voltando com os porões repletos de produtos manufaturados. Estabeleciam-se assim sólidas relações comerciais embasadas na próspera indústria naval das colônias da Nova Inglaterra. O comércio triangular é muito diferente da maioria dos procedimentos comerciais do resto da América. Apesar de as leis estabelecerem limites, os comerciantes das colônias [...] seguiam mais a lei da oferta e da procura do que as leis do Parlamento de Londres. Na prática, estabeleceram um sistema [...] desconhecido para mexicanos e brasileiros e intocado pela repressão inglesa até, pelo menos, 1764. KARNAL, L. et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Editora Contexto, 2007. RFLN Z1VN O comércio triangular descrito no texto revela que as colônias inglesas, especialmente as colônias no norte, apresentavam uma A. organização de relativa liberdade administrativa. B. relevância internacional no cenário agroexportador. C. utilização intensa da mão de obra indígena escravizada. D. dependência econômica profunda da metrópole inglesa. E. preocupação em seguir com rigor as determinações inglesas. Alternativa A Resolução: As colônias inglesas apresentavam um quadro de relativa liberdade administrativa, comumente conhecido como self-government (autogoverno), principalmente nas colônias do norte. A escolha dos governantes locais, por meio de assembleias compostas de grandes proprietários e de comerciantes, permitiu o lento amadurecimento de um espírito autônomo, que foi tolerado pelo governo britânico por mais de um século. Tal situação é conhecida como negligência salutar. Representante disso é a liberdade comercial usufruída pelos comerciantes das colônias, o que torna correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois a agricultura, nas colônias do norte, era basicamente de subsistência devido à precariedade do clima e do solo. Além disso, tal aspecto não é mencionado no texto. A alternativa C está incorreta, uma vez que, nas colônias do norte, a atividade manufatureira era intensa e facilitada pela abundante mão de obra dos próprios colonos. A alternativa D também está incorreta, pois a atividade econômica desenvolvida nessa faixa de ocupação atendia notadamente aos interesses dos grupos locais em detrimento das pretensões econômicas existentes na metrópole. Além disso, o texto indica que as colônias do norte possuíam sólidas relações comerciais e uma próspera indústria naval que não dependia da Inglaterra. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, de acordo com o texto, os comerciantes das colônias seguiam mais a lei da oferta e da procura do que as determinações da metrópole inglesa. QUESTÃO 73 A passagem de um período de altas temperaturas que vigorou entre os séculos X e XIII para um período mais frio a partir do século XIV e até o século XIX é consensual. [...] A alteração das temperaturas também é relevante por causar transformações nos padrões de circulação atmosféricos. Em particular, a manutenção de um gradiente de pressão atmosférica no Atlântico Norte foi responsável pela garantia de um regime pluviométrico favorável ao crescimento das economias [...] da Europa Medieval. Quando esse gradiente se altera em função das temperaturas reduzidas, a Oscilação do Atlântico Norte deixa de ser um fator benéfico e amplia a instabilidade das chuvas na Europa. VAINFAS, D. R. A transição climática e a transição do feudalismo – clima e peste como fatores explicativos para uma nova leitura do debate da transição. In: ANPUH-Brasil – 31º Simpósio Nacional de História. Rio de Janeiro/RJ, 2021. 8VCA CH – PROVA I – PÁGINA 40 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO De acordo com os aspectos descritos no texto, o processo de crise do sistema feudal foi influenciado A. pela redução da densidade populacional. B. pelo impacto gerado pelas baixas agrícolas. C. pelas crescentes disputas nas revoltas campesinas. D. pela atenuação da força política dos senhores feudais. E. pela consolidação da organização social na estruturaurbana. Alternativa B Resolução: A questão trata sobre o contexto de crise do sistema feudal e o texto traz o aspecto das mudanças climáticas como contribuinte para essa crise. O texto menciona alterações nas temperaturas como sendo relevante para a instabilidade das chuvas e, com isso, impactando a econômica agrícola. Nesse contexto, na Europa, tomaram forma severos desequilíbrios climáticos, que podem ter sido também ocasionados pela expansão descontrolada das áreas de plantio, do desmatamento de florestas e da drenagem de pântanos. Esses distúrbios climáticos impuseram vários períodos de excessivas secas e chuvas, que causaram péssimos anos agrícolas entre 1314 e 1316. Portanto, a alternativa B está correta. A alternativa A está incorreta, pois, no contexto abordado, a Europa havia passado por um intenso crescimento populacional e a produção agrícola mantinha-se estagnada, e as alterações climáticas agravaram essa situação. A redução demográfica só iria ocorrer posteriormente, devido aos impactos da má alimentação e da desnutrição geradas pela baixa produtividade, não sendo, portanto, a redução demográfica que impulsionou o cenário de crise. Para além disso, esse não é o aspecto que o texto aborda. A alternativa C está incorreta, pois as revoltas campesinas, embora fizessem parte do contexto de crise do sistema feudal, também não são abordadas no texto. A alternativa D está incorreta, pois não há atenuação da atuação política dos senhores feudais como um aspecto que influenciou a crise, ao contrário, o cenário de crise contribuía para o movimento de intensificação das explorações por parte dos senhores. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o aspecto de urbanização das cidades também não foi contemplado pelo texto. QUESTÃO 74 Fusos horários do Brasil AM RS SC PR MS MT RO PA RR AP MA PI GO DF TO BA MG SP RJ ES SE AL PE PB RN CE AC –5 horas –4 horas –3 horas –2 horas Arquipélago de São Pedro e São Paulo Arquipélago de Fernando de Noronha Ilha de Trindade e Martim Vaz Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 24 mar. 2021 (Adaptação). LQ4A O mapa mostra os valores dos fusos horários do território brasileiro em relação ao fuso inicial do Meridiano de Greenwich. Considerando esses valores e supondo a realização de uma viagem aérea partindo às 16h (hora local) da cidade do Rio de Janeiro em direção a Rio Branco, com duração de três horas, qual seria a hora local de chegada na capital do Acre? A. 14h B. 17h C. 18h D. 19h E. 21h Alternativa B Resolução: Como as duas cidades estão localizadas no mesmo hemisfério (ocidente do Meridiano de Greenwich), para saber a diferença horária entre Rio Branco e o Rio de Janeiro, basta subtrair o valor de seus fusos, que correspondem, respectivamente, ao GMT –5 e GMT –3. Sendo assim, as duas cidades apresentam uma diferença de 2 horas, sendo que o Rio de Janeiro está a leste e, portanto, adiantando em relação a Rio Branco. Para saber a hora no Rio de Janeiro de quando o avião chegou em Rio Branco, deve-se acrescentar ao horário da partida (16h) o valor da duração da viagem (3 horas), o que totaliza 19 horas. Como Rio Branco está atrasado duas horas em relação ao Rio de Janeiro, a hora local do momento da chegada do avião corresponde a 17h. A alternativa A está incorreta, pois aponta o horário em Rio Branco quando o avião partiu do Rio de Janeiro. A alternativa C está incorreta, pois indica o horário que seria em Rio Branco quando o avião partiu se a cidade estivesse duas horas adiantada em relação ao Rio de Janeiro. A alternativa D está incorreta, pois indica a hora local no Rio de Janeiro de quando a viagem foi finalizada. A alternativa E está incorreta, pois indica a hora que seria em Rio Branco quando o avião chegou ao seu destino se a cidade estivesse duas horas adiantada em relação ao Rio de Janeiro. QUESTÃO 75 Ao aproximar-se o terceiro ano depois do Ano Mil, em quase toda a terra, sobretudo na Itália e nas Gálias, começaram a reconstruir igrejas. Ainda que elas estivessem em bom estado e isso não fosse necessário, viu-se, porém, o povo cristão inteiro rivalizar-se entre si pela possessão de igrejas mais belas, e foi como se o mundo todo, sacudindo os andrajos da velhice, se cobrisse por completo com uma veste branca de igrejas. Então, por iniciativa dos fiéis, foram reconstruídas mais belas quase todas as igrejas, das catedrais aos mosteiros, dedicadas aos diversos santos, até os menores oratórios das aldeias. ARNOUX, M. (ed. e trad.). Raoul Glaber. Histoires. Turnhout: Brepols, 1996. p. 162-163. NH67 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 41BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO De acordo com os aspectos presentes no texto, a construção de catedrais pelos fiéis demonstra que a cristandade ocidental durante o Ano Mil era marcada pela A. inserção dos fiéis leigos na estrutura administrativa da Igreja. B. afirmação das diferenças entre as comunidades cristãs. C. preocupação com a arquitetura para afirmação da fé. D. redução das pretensões universalistas da Igreja. E. preservação do passado arquitetônico cristão. Alternativa C Resolução: Durante o período compreendido entre os séculos XI e XIII, registrou-se uma proliferação de construções religiosas em toda a região do Ocidente Medieval. As catedrais eram símbolos do poder da Igreja, que desempenhava um papel central na vida religiosa e política da época. Além de servirem de locais de culto e adoração, as catedrais eram também centros de arte e cultura, abrigando muitas das maiores obras-primas da arquitetura, escultura e pintura medievais. No trecho de Histórias, do monge Raoul Glaber, é possível perceber como a renovação dos locais de culto e construção das catedrais não representou apenas preocupação com a arquitetura, mas foram utilizadas como forma de reafirmação e de renovação da fé à chegada do milésimo ano do Nascimento de Cristo, o que torna correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois, apesar das renovações dos edifícios religiosos terem sido realizadas por iniciativa dos fiéis, isso não resultou na abertura da administração eclesiástica para o público leigo, sendo mantida a divisão da sociedade estamental entre aqueles que trabalham, oram e combatem. A alternativa B também está incorreta, pois, de acordo com o texto, é possível perceber uma homogeneidade no comportamento adotado pelas diferentes comunidades cristãs ocidentais, que se preocuparam em revitalizar suas igrejas. Além disso, a imagem de uma “veste branca”, usada pelo monge, remete não apenas ao alcance da Igreja, mas à uniformidade dos cristãos. Contrário ao indicado pela alternativa D, o texto demonstra que o aumento do poder da Igreja se manifestou de forma marcante na construção e renovação dos edifícios de culto. Além disso, percebe-se o enraizamento da Igreja, presente até mesmo nas pequenas comunidades rurais. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, de acordo com o texto, não há um movimento de preservação do passado, considerado como “andrajo da velhice”. QUESTÃO 76 Como os 10 países mais populosos do mundo estarão em 2100 Disponível em: <www.bbc.com>. Acesso em: 13 mar. 2023. Os dados do gráfico projetam que, até o final do século XXI, entre as populações dos países representados, há uma tendência de ocorrer um(a) A. retomada da explosão demográfica dos países desenvolvidos. B. manutenção da reposição populacional nos países asiáticos. C. restabelecimento da fase do equilíbrio primitivo na Nigéria. D. aceleração do ritmo do crescimento vegetativo brasileiro. E. ingresso da população chinesa no inverno demográfico. Alternativa E Resolução: O inverno demográfico corresponde a uma fase da transição demográfica em que há uma redução da população absoluta. Os dados do gráfico projetam que alguns países entrarão nessa fase até o final do século XXI. É o caso da China, que sofrerá um encolhimento da sua população absolutaentre 2017 e 2100. A alternativa A está incorreta, pois a explosão demográfica ocorre quando há um grande crescimento populacional, geralmente, associado à combinação da manutenção de alta taxa de natalidade com uma queda da taxa de mortalidade. 9ØT9 CH – PROVA I – PÁGINA 42 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Os países desenvolvidos já passaram por essa fase e, no período representado no gráfico, tendem a ter um crescimento populacional mais lento (como os Estados Unidos) ou até negativo (como o Japão). A alternativa B está incorreta, pois os dados do gráfico mostram que alguns países asiáticos terão sua população reduzida, como o Japão e a China, o que evidencia que não será mantida a reposição populacional. A alternativa C está incorreta, pois a fase do equilíbrio primitivo caracteriza-se por altas taxas de natalidade e mortalidade, resultando em um baixo crescimento vegetativo. Já os dados do gráfico mostram que a Nigéria irá apresentar um elevado crescimento populacional até 2100. A alternativa D está incorreta, pois o crescimento vegetativo brasileiro sofrerá uma desaceleração, resultando em um encolhimento da população absoluta. QUESTÃO 77 Os gregos não tiveram livros sagrados ou considerados fruto de revelação divina. Consequentemente, não tiveram uma dogmática (isto é, um núcleo doutrinal) fixa e imutável. Além disso (e esta é outra consequência da falta de livros sagrados e de uma dogmática fixa), na Grécia também não pôde subsistir uma casta sacerdotal guardiã do dogma. Essa inexistência de dogmas e de guardiões deles deixou ampla liberdade para o pensamento filosófico, que não se deparou com obstáculos que teria encontrado em países orientais, onde a livre especulação enfrentaria resistência e restrições dificilmente superáveis. REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia. Filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus, 2003. Ao comentar aspectos do surgimento da Filosofia na Grécia Antiga, o texto relaciona A. dogmatismo filosófico a mudanças teológicas. B. atividade sacerdotal a produção intelectual. C. pensamento crítico a flexibilidade religiosa. D. autoridade tradicional a prática clerical. E. escrituras sagradas a tradição oriental. Alternativa C Resolução: O texto-base inicia demonstrando que a flexibilidade religiosa da cultura grega teria colaborado para a possibilidade de uma maior liberdade de reflexão crítica. Desse modo, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta, já que o trecho não defende a existência de uma filosofia dogmática. As alternativas B e D estão incorretas, uma vez que o autor defende que foi justamente uma fraqueza na atividade sacerdotal que colaborou para o surgimento da Filosofia. A alternativa E está incorreta porque o trecho é claro ao mencionar que uma característica da cultura grega era não possuir um texto sagrado-revelado. QUESTÃO 78 [Roger Williams] publicou em Londres sua primeira obra, A Key Into the Language of America [Uma chave para a língua americana], para difundir as línguas ameríndias na metrópole e para servir de guia para os colonos na América [...]. Williams primeiro apresenta e traduz uma série de palavras e de frases sobre determinado tópico e, em seguida, faz observações que apontam as diferenças entre a concepção indígena e a europeia. Cada capítulo termina com um verso que procura particularizar os valores contrastantes das duas culturas [...]. A técnica retórica favorita de Williams é inverter a suposição comum da superioridade branca. BARBOSA, A. M. Religião, colonialismo e alteridade de Roger Williams. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2016 (Adaptação). De acordo com o texto, a ação do colono inglês Roger Williams, no contexto do século XVII, revelou o(a) A. valorização dos povos originários pelos europeus. B. predominância de relações amistosas com indígenas. C. transposição da cultura nativa para o continente europeu. D. existência de uma complexidade cultural dos povos nativos. E. cenário de homogeneidade do sistema comunicativo na colônia. Alternativa D Resolução: O texto indica a existência de um livro produzido por um colono inglês, no século XVII, que ofereceu aos leitores europeus um quadro geral da gramática indígena americana a partir da oposição entre os padrões culturais dos povos originários e os da civilização europeia.O livro representa, nesse sentido, a diversidade cultural da sociedade colonial, indicando as especificidades linguísticas e culturais dos povos indígenas. Assim, o autor reconhece a complexidade dos povos autóctones e a heterogeneidade cultural na colônia, o que valida a alternativa D e torna a alternativa E incorreta. O eurocentrismo e a presunção da superioridade da cultura branca (indicados no texto) fizeram com que indígenas fossem depreciados por colonos e europeus, além de terem sido submetidos ao trabalho forçado, à perseguição, à violência e, no limite, ao genocídio. Portanto, não é possível associar a ação de Williams com uma suposta valorização dos povos originários pelos europeus ou, ainda, com a predominância de relações amistosas entre colonos e indígenas, invalidando as alternativas A e B. Por fim, a alternativa C está incorreta, pois não há a transposição da cultura nativa para o continente europeu. ET6J VQBS EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 43BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 79 Não; ou não corrompo, ou, se corrompo, é sem querer. Se, porém, corrompo sem querer, a lei não manda trazer-me aqui por semelhante erro involuntário, mas tomar-me de parte, ensinar-me, ralhar comigo; evidentemente, depois de aprender, deixarei de fazer o que sem querer ando fazendo. PLATÃO. Defesa de Sócrates. Tradução de Jaime Bruna. São Paulo: Abril, 1972 (Adaptação). Ao mostrar a atitude socrática perante sua condenação, no texto, Platão inaugura um novo campo de conhecimento filosófico baseado no(a) A. ética do costume. B. ontologia do princípio. C. epistemologia do saber. D. experimentação da vida. E. ceticismo do conhecimento. Alternativa C Resolução: O trecho apresentado na questão mostra uma discussão que mescla o campo da teoria do conhecimento com a ética. Isso porque Sócrates atrela a possibilidade da responsabilização por seus atos à consciência da natureza deles. Ou seja, a lei apenas deveria considerar que um indivíduo deve ser punido caso seja confirmado que ele sabia que determinada ação era errada / má e, mesmo assim, decidiu realizá-la. Para os demais casos, o correto seria, ao invés de punir, ensinar ao cidadão qual é a atitude correta, embasando, assim, a filosofia ética socrática em uma epistemologia fundamentada no saber. Por isso, a alternativa correta é a C. A alternativa A está incorreta porque Sócrates não defende que o costume possa gerar um conhecimento ético. Pelo contrário, a reflexão sobre a natureza das ações, o uso da razão, é a única maneira de distinguir o certo do errado. A alternativa B está incorreta, pois o texto-base discute uma questão de fundo ético, não do campo ontológico. A alternativa D está incorreta pelo mesmo motivo da alternativa A: sedimentar costumes ou experimentar a vida não fornece base suficiente, na filosofia socrático-platônica, para fundamentar o conhecimento sobre a ação correta a se tomar. A alternativa E está incorreta, pois ela afirma o contrário da posição que há no texto. Nele, Sócrates argumenta que, por não ter consciência da ação de corromper, não deveria ser punido, mas sim ensinado. Portanto, não há um ceticismo. QUESTÃO 80 Coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Expedição Biomas percorreu o Brasil para atualizar o mapa dos biomas brasileiros em uma nova escala cartográfica. O objetivo da expedição tratava-se de criar um mapa na escala cartográfica de 1 : 250 000, em que 1 centímetro corresponde a 2,5 quilômetros (km) na realidade. O mapa antigo, publicado em 2004, tinha escala de 1 : 5 000 000, ou seja,cada centímetro equivalia a 50 km. O novo mapa dos biomas do Brasil foi publicado pelo IBGE em 2019. RODRIGUES, N. Pesquisador da Embrapa participa de campanha de campo do IBGE para mapear biomas brasileiros. Disponível em: <https://www. embrapa.br>. Acesso em: 15 mar. 2023 (Adaptação). O texto refere-se à publicação de um novo mapa dos biomas brasileiros pelo IBGE, cuja alteração implicou um(a) A. diminuição do tamanho da escala. B. supressão de dados geográficos. C. incremento do nível de detalhes. D. aumento da área representada. E. inversão do norte geográfico. Alternativa C Resolução: A escala numérica é uma fração, onde o numerador indica a distância no mapa e o denominador a distância correspondente na realidade. Assim, quanto menor o denominador, maior a escala. Portanto, o mapa dos biomas do Brasil publicado pelo IBGE em 2019 (com a escala de 1 : 250 000) possui uma escala maior do que o anterior (com a escala de 1 : 5 000 000). Isso implica em um aumento do nível de detalhes do mapa na nova publicação, visto que o território brasileiro foi reduzido um número menor de vezes. A alternativa A está incorreta, pois houve um aumento do tamanho da escala na publicação de 2019. A alternativa B está incorreta, pois o aumento do nível de detalhes implica em um incremento dos dados geográficos representados. A alternativa D está incorreta, pois ambas as publicações representam a mesma área, que é a do território brasileiro. A alternativa E está incorreta, pois o texto relata uma alteração do tamanho da escala, mas não aponta uma inversão do norte geográfico. G4AT LTKD CH – PROVA I – PÁGINA 44 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 81 Segundo os reformistas, as altas taxas de natalidade não são causa, mas consequência do subdesenvolvimento. Nessa perspectiva, se a população dos países subdesenvolvidos tivesse o mesmo acesso à educação e saúde como nos países desenvolvidos, o crescimento populacional seria controlado. FERREIRA, E. Estudo sobre os fatores que explicam e influenciam a taxa de natalidade no Brasil. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Econômicas) – Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara – SP, 2010. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br>. Acesso em: 27 fev. 2023 (Adaptação). Seguindo a perspectiva da teoria demográfica reformista, uma forma de os governos dos países subdesenvolvidos combaterem a pobreza entre a sua população é através da A. implementação de políticas de inclusão social. B. adoção de medidas de controle de natalidade. C. ampliação do consumo de recursos naturais. D. manutenção da concentração de renda. E. imposição de restrições à imigração. Alternativa A Resolução: De acordo com a teoria demográfica reformista, a pobreza é uma consequência dos desequilíbrios na distribuição das riquezas, e não do acelerado crescimento populacional. Portanto, na perspectiva reformista, para resolver esse problema seria necessário adotar medidas voltadas para a inclusão social, como políticas de redistribuição de renda e de ampliação do acesso à educação. A alternativa B está incorreta, pois os teóricos neomalthusianos é que defendem o controle de natalidade como forma de resolver a pobreza, visto que entendem que esse problema deriva do elevado crescimento populacional. A alternativa C está incorreta, pois os ecomalthusianos é que relacionam o crescimento populacional ao consumo de recursos naturais. Na sua perspectiva, o crescimento populacional deveria ser controlado, pois é responsável pela ampliação da pressão sobre os recursos naturais. A alternativa D está incorreta, pois os reformistas propõem a melhoria na distribuição da renda. A alternativa E está incorreta, pois os reformistas não defendem restrições à imigração já que não entendem que o crescimento populacional é a causa da pobreza. QUESTÃO 82 A partir do século X, os senhores (membros da aristocracia laica e eclesiástica) passaram a exercer em seu próprio nome aquelas funções que, até então, tinham exercido como uma delegação dos poderes centrais. Sintomático, nesse sentido, é o fato de que a expressão “rei pela graça de Deus” (rex Dei gratia), que os príncipes carolíngios haviam criado [...], cedeu lugar para [...] as expressões “príncipe pela graça de Deus” ou mesmo “conde pela graça de Deus”. SILVA, C. História Medieval. 1. ed. 2ª reimp. São Paulo: Contexto, 2020. p. 44. [Fragmento adaptado] DXR8 51X3 De acordo com o texto, o sistema feudal vigente após o desaparecimento da dinastia carolíngia do reino franco, durante o século X, caracterizava-se pela A. regressão ao sistema administrativo romano. B. delegação do poder político pelo soberano. C. consolidação da autoridade divina dos reis. D. afirmação da autonomia dos territórios. E. centralização dos poderes políticos. Alternativa D Resolução: Durante o período carolíngio (séculos VIII-X), o direito de exercer a justiça localmente e o acúmulo de terras fortaleceu de forma considerável os senhorios locais pertencentes a alta aristocracia, mas estes ainda respondiam ao poder central. Mesmo dependendo das delegações de um poder central, o sistema de governo baseado na relação de suserania e vassalagem acabava por descentralizar o poder do rei, o que torna incorreta a alternativa E. De acordo com o texto, com a queda da dinastia carolíngia, a partir do século X, os senhores de terras passaram a exercer em seu próprio nome aquelas funções que, até então, tinham exercido como uma delegação dos poderes centrais. Essa mudança conferiu autonomia aos territórios governados pelos aristocratas em face dos reis, o que torna correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois não há elementos no texto que indiquem um retorno do sistema administrativo romano em detrimento do feudalismo. Além disso, o feudalismo enquanto sistema é caracterizado pela confluência de elementos latinos e germânicos. De acordo com o texto, a frase “rei pela graça de Deus” foi adaptada e passou a ser utilizada por príncipes e condes (aristocracia de menor hierarquia que um rei). Dessa forma, afirmava-se que o poder não se originava mais por meio da delegação de um soberano (rei), mas partia diretamente da divindade, o que torna incorreta a alternativa B. Por fim, a alternativa C está incorreta, uma vez que a justificação divina dos poderes reais já havia sido consolidada anteriormente. Isso fica evidente na utilização da expressão “rei pela graça de Deus”. QUESTÃO 83 Acredito que devo arriscar, desde agora, este termo novo, sociologia, exatamente equivalente à minha expressão, já introduzida, de física social, a fim de poder designar por um nome único esta parte complementar da filosofia natural que se relaciona com o estudo positivo do conjunto das leis fundamentais apropriadas aos fenômenos sociais. COMTE, A. Curso de Filosofia Positiva. São Paulo: Nova Cultural, 2000. Ao classificá-la como uma física social, o autor do texto compreende a Sociologia como uma A. ciência autônoma. B. vivência metafísica. C. teorização filosófica. D. doutrina acadêmica. E. formulação teológica. EVEQ EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 45BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: Auguste Comte, um dos fundadores da Sociologia enquanto ciência independente, buscou dar a ela um status epistêmico, ou seja, atribuir a ela a mesma importância de outras ciências formais, como a Física. Por isso, o pensador fala em termos de uma física social, ou seja, uma ciência formal com o mesmo rigor e método de outras já consagradas. Assim, o autor do texto compreende a Sociologia como uma física social por entendê-la igualmente como uma ciência autônoma. B) INCORRETA – Comte entendia a metafísica como um estágio primitivo do desenvolvimento da humanidade, no qual os seres buscavam explicações para os fatos da realidade em entidades sobrenaturais sendo,portanto, falsa a relação entre a Sociologia e o estado metafísico. C) INCORRETA – O autor visa, com essa elaboração, emancipar a Sociologia da filosofia, ou seja, estabelecer objetos e escopos próprios da Sociologia, fazendo dela uma ciência, ou uma “física social”, como citado. D) INCORRETA – Mais do que uma simples doutrina acadêmica, Comte tem por objetivo fundar uma nova área de investigação, ou uma nova ciência, cujo objeto são as relações sociais e os sujeitos que as compõem. E) INCORRETA – Para Comte, o estado teológico deve dar lugar ao positivo, no qual os sujeitos fazem uso livre e correto da razão, sem o apelo a doutrinas e formulações religiosas. Tal estado é coerente com a Sociologia, nos termos propostos por Comte. QUESTÃO 84 Protágoras – Afirmo, com efeito, que a verdade é como escrevi: cada um de nós, de fato, é medida das coisas que existem e das que não existem, mas há uma diferença enorme entre um e outro, justamente por isto, porque para um existem e parecem certas coisas, para outro existem e parecem coisas diferentes. E estou tão longe de negar que existam sabedoria e homem sábio, que, ao contrário, chamo sábio justamente quem para um de nós, ao qual parecem e para o qual certas coisas são más, trocando as posições, as faz parecer, e também ser, boas. PLATÃO. Teeteto. São Paulo: Nova Cultural, 2000. A perspectiva apresentada no trecho compreende o conhecimento como produto do(a) A. revelação mítica. B. discurso sofístico. C. caminho dialético. D. exercício maiêutico. E. reflexão cosmológica. KORØ Alternativa B Resolução: Protágoras é um dos mais eminentes sofistas e defendia que a verdade era construída pelo discurso. Por isso, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta, já que era pela persuasão que o conhecimento se estabeleceria, de acordo com o pensador. As alternativas C e D estão incorretas, uma vez que a dialética e a maiêutica são elementos do método socrático-platônico, adversários da concepção defendida no texto. A alternativa E está incorreta porque a reflexão sofista era centrada no ser humano e na pólis. QUESTÃO 85 As falhas geológicas são o resultado de esforços aplicados sobre as rochas, quando estas têm um comportamento rúptil, ou seja, quebram-se por não suportar o esforço, ficando fraturadas. Nessas fraturas, ocorre um deslocamento relativo das paredes rochosas ao longo do chamado plano de falha. SANCHES, C.; SILVA, A. Salvador: cidade alta e cidade baixa, por quê? Disponível em: <http://www.cprm.gov.br>. Acesso em: 12 dez. 2022 (Adaptação). Uma consequência dos processos geológicos apontados no texto é o(a) A. formação de dobramentos. B. surgimento de um graben. C. promoção da orogênese. D. extravasamento de lava. E. interrupção de sismos. Alternativa B Resolução: As falhas geológicas são formadas quando há o deslocamento relativo de paredes rochosas que sofreram fraturas. Esse deslocamento pode levar à elevação de um bloco de rochas, que recebe o nome de horst, ou ao seu rebaixamento, que recebe o nome de graben. A alternativa A está incorreta, pois os dobramentos são feições diferentes das falhas. Os dobramentos constituem cadeias de montanhas continentais formadas pela colisão de placas tectônicas. A alternativa C está incorreta, pois a orogênese é o processo de formação das cadeias de montanhas continentais. A alternativa D está incorreta, pois o extravasamento de lava está associado ao vulcanismo, que é um fenômeno causado pela movimentação das placas tectônicas. A alternativa E está incorreta, pois quando os esforços aplicados sobre as rochas causam rupturas e deslocamentos há a liberação de energia, que se propaga na forma de ondas sísmicas. QUESTÃO 86 O conflito entre o poder religioso e o poder civil levava os atores sociais a discutir sobre o direito das igrejas de impor seus interesses às leis e, consequentemente, aos seus habitantes. O sermão de despedida dos imigrantes que marchavam para a Nova Inglaterra revela o sentimento quanto à sua nova morada. Após ler o texto, John Cotton declarou que, assim como os antigos israelitas, esses imigrantes eram um povo escolhido, que estava sendo levado para a terra prometida e preparada para eles. BARBOSA, A. M. Religião, colonialismo e alteridade de Roger Williams. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2016. p. 23-24. [Fragmento adaptado] TH8N LLEI CH – PROVA I – PÁGINA 46 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO O início da aventura colonizadora de ingleses no continente americano, conforme descrito no texto, esteve relacionado, entre outros aspectos, ao(à) A. imposição estatal de um governo laico. B. tolerância governamental à diversidade. C. intransigência religiosa com o puritanismo. D. patrocínio monárquico aos grupos divergentes. E. pioneirismo nacional no expansionismo marítimo. Alternativa C Resolução: O texto da questão indica como as disputas políticas e religiosas na Inglaterra dos séculos XVI e XVII levaram ao questionamento, por parte de minorias religiosas (os puritanos), da estrutura estatal e do modelo ideal de organização política e social. A perseguição religiosa aos puritanos ingleses intensificou-se após a imposição do anglicanismo como religião oficial da Inglaterra. Esses dilemas e contextos influenciaram diretamente a mentalidade dos primeiros colonos a se dirigir para a região norte do continente americano, onde foram consolidadas colônias e comunidades religiosas pelos ingleses perseguidos, o que torna correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois os colonos estabeleceram mecanismos jurídicos e sociais para praticarem livremente suas crenças religiosas. É importante notar que tal situação não envolveu, necessariamente, experiências laicas, já que a política colonial era intensamente influenciada pelos preceitos protestantes. A alternativa B está incorreta, pois, embora a colonização da América pelos puritanos tenha sido influenciada diretamente pelo contexto de perseguição política, não necessariamente se baseou em um governo firmado na tolerância de modo geral. Isso é perceptível, por exemplo, em relação aos indígenas nativos. A alternativa D está incorreta, pois os investimentos ingleses no processo de expansão marítima, diferentemente daqueles realizados por Portugal e Espanha desde o século XV, ocorreram de forma tardia e diminuta. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a primeira tentativa de ocupação pelos ingleses ocorreu apenas no fim do século XVI. QUESTÃO 87 Em suma, o espírito positivo, segundo Comte, instaura as ciências como investigação do real, do certo e indubitável, do precisamente determinado e do útil. Nos domínios do social e do político, o estágio positivo do espírito humano marcaria a passagem do poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas e do poder material para o controle dos industriais. GIANNOTTI, J. Vida e obra. In: Comte. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Coleção Os Pensadores). Com base no texto, para Auguste Comte, no estado positivo o conhecimento é resultado do(a) A. ciência, que substitui a busca abstrata pela essência das coisas. B. política, que elege os melhores representantes para a sociedade. OCHZ C. religião, que objetiva explicar as forças sobrenaturais do mundo. D. mito, que procura debater o porquê dos acontecimentos. E. filosofia, que elucida os caminhos do espírito humano. Alternativa A Resolução: Para o positivismo, cujo maior expoente é Comte, o único conhecimento verdadeiro é aquele resultante da ciência experimental. Dessa maneira, baseando-se nas ciências naturais, Comte entendia que a ordem social obedecia a “leis naturais”, tais como as que regem a natureza das coisas. Como principal função, as ciências deveriam buscar desvendar essas leis que regem a vida em sociedade, ou seja, as relações de causa e efeito que teriam conexão comtodos os fenômenos sociais. Portanto, a alternativa A é a correta. Vamos analisar as demais alternativas: B) INCORRETA – Comte não fala em eleição no texto-base. Ademais, para ele o “estágio positivo do espírito humano marcaria a passagem do poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas e do poder material para o controle dos industriais” (GIANNOTTI, J. Vida e obra.) In: COMTE, A. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978). C) INCORRETA – A religião, na lei dos três estados, corresponde ao estado teológico, anterior ao positivo. D) INCORRETA – O mito, assim como a religião, está, para Comte, no estado teológico. E) INCORRETA – A filosofia está no estado metafísico que, tal como o teológico, é anterior ao positivo, nos termos de Comte. QUESTÃO 88 Ao produzir um mapa nesse período, o uso das informações do cartógrafo dependia muito do seu contexto próprio. Ele selecionava os dados que estivessem de acordo com a finalidade específica de seu produto, como o caso do mapa de Diogo Ribeiro, onde ele buscou retratar todos os descobrimentos até aquele momento. Porém, sua obra destinava-se a confirmar as pretensões espanholas acerca das Molucas, local onde o Tratado de Tordesilhas não tinha um limite de comum acordo entre os reinos ibéricos. Dessa forma, a experiência náutica que então mostrava que as ilhas estavam do lado português não foi levada em conta. RABELO, L. M. Construção dos Mapas-Múndi nos Séculos XV e XVI: Entre a Tradição e a Experiência. Revista Vernáculo, n. 23 e 24, 2009, p. 130. [Fragmento adaptado] Com base no texto, a produção de mapas no contexto das Grandes Navegações foi utilizada como ferramenta que buscava, entre outros aspectos, A. atender aos interesses de determinadas nações. B. cumprir as determinações científicas de maneira isenta. C. disseminar as descobertas científicas para a população geral. D. consolidar o desenvolvimento moderno desvinculado da Igreja. E. corroborar com os acordos internacionais estabelecidos entre os países. Ø88F EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 CH – PROVA I – PÁGINA 47BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Alternativa A Resolução: O texto aborda a construção de mapas durante o período moderno no contexto do Expansionismo Marítimo. Esse contexto foi marcado pelo relevante desenvolvimento cartográfico, que nesse período moderno deixaram de ser predominantemente simbólicos e passaram a privilegiar também representações geográficas. O texto ressalta que a produção desses mapas dependia também das experiências e influências do autor, de seu contexto próprio, o que revela que essas produções não eram naturalmente neutras e poderiam estar atendendo a determinados interesses. Conforme exemplificado no texto, a produção de Diego Ribeiro, retratando descobrimentos, mas privilegiando as pretensões espanholas, é usada como uma ferramenta para legitimar a posse dos espanhóis e atender aos interesses dessa nação. Portanto, a alternativa A está correta e a alternativa B está incorreta. A alternativa C está incorreta, pois os aspectos presentes no texto não revelam que as produções cartográficas atendiam ao interesse de divulgação cientifica para a população em geral, mas, ao contrário disso, atendiam aos interesses de alguns grupos. A alternativa D está incorreta, pois, embora nesse contexto tenha ocorrido um desenvolvimento moderno, científico, cultural, entre outros, esses aspectos não estavam desvinculados da Igreja. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois o texto evidencia a utilização do mapa para influenciar e até mesmo manipular certos acordos com a finalidade de atender a interesses específicos. QUESTÃO 89 IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. O tipo de projeção cartográfica apresentado na imagem caracteriza-se por A. eliminar as distorções da transposição cartográfica. B. adequar-se à representação das latitudes médias. C. traçar meridianos como círculos concêntricos D. inviabilizar a confecção de mapas regionais. E. representar os paralelos como linhas retas. Alternativa B Resolução: A imagem representa uma projeção cartográfica cônica, que consiste na transposição do globo para uma superfície plana em formato de um cone. Esse tipo de projeção é adequado para a representação das latitudes médias, onde as distorções são menores. Isso porque na construção do mapa um cone é colocado sobre um dos hemisférios (Norte ou Sul), ficando em contato com o globo nas latitudes médias e o restante do planeta é projetado em direção às bordas do cone. 91P2 A alternativa A está incorreta, pois a transposição do globo para a superfície plana do mapa sempre gera distorções, independentemente do tipo de projeção usado. A alternativa C está incorreta, pois as projeções cônicas apresentam os meridianos como linhas retas. A alternativa D está incorreta, pois a projeções cônicas são adequadas para a confecção de mapas regionais das latitudes médias. A alternativa E está incorreta, pois as projeções cônicas apresentam os paralelos como semicírculos. QUESTÃO 90 TEXTO I Todo aquele que navegasse sempre em frente em direção ao Poente não poderia retornar em seguida, supondo que o mundo fosse redondo, e dirigindo-se para oeste, eles iriam descendo e saindo do hemisfério descrito por Ptolomeu, na volta seria preciso ir subindo, o que os navios não podiam fazer. LAS CASAS, B. apud RUSSEL-WOOD, A. J. R. Portugal e o Mar: um mundo entrelaçado. Lisboa: Assírio & Alvim, 1997. p. 25. TEXTO II Dizei, gente portuguesa, que nação haverá no mundo tão bárbara e cobiçosa que cometa passar o Cabo da Boa Esperança metidos no profundo mar com carga, pondo as vidas a tão provável risco de as perder, só por cobiça. AMARAL, M. E. apud BRITO, B. G. (org.). História Trágico-Marítima. Rio de Janeiro: Lacerda Editores: Contraponto Editora, 1998. p. 517. Os relatos anteriores, produzidos por europeus no contexto inicial das Grandes Navegações, entre os séculos XV e XVI, indicam o(a) A. apoio coletivo ao projeto expansionista. B. difusão literária de descobertas territoriais. C. incentivo profissional às viagens marítimas. D. reconhecimento empírico da ciência moderna. E. permanência cultural do medo do desconhecido. Alternativa E Resolução: Os textos da questão são fontes históricas sobre o contexto do expansionismo marítimo europeu que revelam os fortes sentimentos de medo e desconfiança em torno dos empreendimentos. As viagens ultramarinas encontravam empecilhos na força cultural do imaginário fantástico e mitológico sobre o mar e os territórios a serem encontrados. O texto I indica a crença na impossibilidade de retorno dos navios à Europa; o texto II indica que a transposição do Cabo da Boa Esperança era um grande risco. Assim, os relatos confirmam a persistência do medo do desconhecido sobre as navegações, mesmo diante dos avanços científicos nessa área, o que vai ao encontro da alternativa E. Nos textos, não há apoio explícito nem incentivo profissional ao projeto expansionista, e sim grande desconfiança com relação às viagens, invalidando as alternativas A e C. A alternativa D está incorreta, pois, como apontado anteriormente, os relatos indicam que não houve, naquele período, imediato reconhecimento empírico dos avanços da ciência moderna e das novas teses científicas. Por fim, os dois relatos também não almejam divulgar as descobertas territoriais do período das Grandes Navegações, invalidando também alternativa B. EU2C CH – PROVA I – PÁGINA 48 EM 1ª SÉRIE – VOL. 2 – 2023 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO