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Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147 G745 Gramática histórica da língua espanhola / Marina Leivas Waquil... [et al.] ; [revisão técnica: Adriana Carina Camacho Álvarez]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 134 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-369-7 1. Língua espanhola - Gramática. I. Waquil, Marina Leivas. CDU 821.134.28(035) Revisão técnica: Adriana Carina Camacho Álvarez Doutora e Mestra em Letras Bacharel e Especialista em tradução Português/Espanhol GHLE_Iniciais_Impressa.indd 2 14/03/2018 15:02:10 A importância do latim para a língua espanhola Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar a língua como elemento fundamental de identidade nacional. � Reconhecer a importância do latim na formação da língua espanhola. � Identificar a presença do latim na língua espanhola. Introdução A língua espanhola que você fala hoje percorreu um longo caminho, que se iniciou antes da era cristã, e boa parte dela provém do latim — a língua falada no Império Romano. Neste capítulo, você verá a importância do latim para a constituição e desenvolvimento da língua espanhola, bem como os aspectos que contribuíram para tornar a língua no que ela é hoje. Identidade nacional: uma questão de língua Saussure (1969, p. 18) nos levanta a questão de que língua, além de ser “um sistema de signos distintos correspondentes a ideias distintas”, também é “um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções ne- cessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos” (SAUSSURE, 1969, p. 17). Em outras palavras, além de ser um instrumento de fala e de comunicação, é ainda um fator constituinte da identidade pessoal e social. Segundo Saussure (1969, p. 86), “nenhuma sociedade conhece nem conheceu jamais a língua de outro modo que não fosse como um produto herdado de gerações anteriores”. A língua como produto social da faculdade da linguagem é produzida a partir do indivíduo e/ou de um coletivo, pois “a língua não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade” (SAUSSURE, 1969, p. 22). GHLE_U1_C02.indd 1 01/03/2018 11:40:18 O processo de criação, negociação e adoção de sentido de uma palavra se dá mediante uma aceitação do seu significado na coletividade. É nessa coletividade que o significado se elabora, pois, com o passar do tempo, vai sendo utilizado, desenvolvendo-se, ganhando força, ressignificando-se e se modificando, ou seja, trata-se de um ciclo (fator diacrônico). Assim, a língua é um sistema de signos cuja principal função é justamente significar, ao mesmo tempo em que é um forte fator de identidade individual e coletiva, porque confere coesão social. A língua é um dos elementos de identidade — embora não seja o único — e tem relação direta com o território que ocupa, dando sustentabilidade àquela sociedade que ali habita. Com esse pensamento, entende-se a importância de Roma para a civilização ocidental. A expansão militar do Império Romano envolveu não somente território, mudando as fronteiras, mas também mudou o mundo, influenciando-o com sua política, suas ideias, sua cultura e religião. Esta foi um veículo importante de difusão e oficialização do latim como a língua de todos os povos conquistados. Ao aprender latim, o indivíduo se tornava parte daquela cultura e civi- lização, passando a fazer parte de um legado extraordinário, que perdurou grandiosamente durante muitos séculos, tornando-se influência não só em sua época, mas para além daquele tempo. Até hoje esse povo e essa língua permanecem, seja como herança das novas línguas ou mesmo em palavras e expressões que se conservaram intactas, e são usadas no discurso jurídico e em textos religiosos, acadêmicos e científicos. A chegada do Império Romano à Península Ibérica No mundo ocidental atual, não há língua que não tenha a presença do latim em sua formação, e isso se deve ao prestígio de Roma. A cidade foi a capital de um dos maiores impérios do mundo antigo, deixando a sua marca na história com a cultura, política, religião e ciência. Essa grandiosidade foi alcançada graças ao processo de romanização. No Mediterrâneo Ocidental, durante a Segunda Guerra Púnica (218 a.C.), as legiões romanas se moviam em direção à Hispânia, a fim de conquistar o território da Península Ibérica e libertá-la do domínio dos cartagineses — outro grande império que disputava o poder com Roma. A importância do latim para a língua espanhola2 GHLE_U1_C02.indd 2 01/03/2018 11:40:18 No entanto, a chegada dos romanos na região ibérica não significou vitória certa. A pax romana, expressão latina que significa “a paz romana” e que representava uma relativa paz gerada pelo autoritarismo romano imposto por meio de armas e forças militares romanas, custou a chegar à Península Ibérica. Foi somente o fim das Guerras Cantábricas, com o processo de romanização, que assegurou a Roma as fronteiras conquistadas desse novo território. Esse capítulo da história tem uma enorme importância para a formação da língua espanhola. Durante todo o século III a.C., ocorreu a romanização do território da Península Ibérica, mas o que nos interessa aqui é o território da Hispânia. Esse processo se prolongou até o século I a.C. e modificou muitos aspectos, inclusive a língua. A Figura 1 mostra um exemplo da arquitetura romana, ainda presente no território onde hoje fica a Espanha. Figura 1. Aqueduto romano em Segóvia, Castela e Leon, Espanha. Fonte: Tatagatta/Shutterstock.com. Ao longo de quase três séculos, nos principais centros conquistados, os povos que ali conviviam se estabeleceram por meio de uma negociação co- municativa bilíngue: a língua original do povo submetido ao poder de Roma 3A importância do latim para a língua espanhola GHLE_U1_C02.indd 3 01/03/2018 11:40:18 e a língua oficial de Roma — o latim. Assim, essa romanização linguística se deu por um processo de socialização cultural, no qual a língua latina era imposta pelos conquistadores romanos. Esse processo não foi uniforme: os povos do norte foram os mais resistentes. A romanização gradual fez com que o latim se transformasse em nossa base linguística. Essa língua passou a ser, então, usada na parte administrativa, legislativa, jurídica e nas ministrações religiosas, principalmente em sua va- riedade culta, na forma escrita. Enquanto isso, nos espaços públicos, a língua oral usada era a variedade vulgar, trazida pelos soldados e outros servidores do Império Romano, como os colonos e comerciantes. Essa variedade oral acabaria se transformando na base para o surgimento do castelhano. Porém, havia muitas outras línguas nesse território. Antes do processo de romanização na Hispânia, já existiam outras línguas pertencente aos povos que habitavam naquele espaço conquistado, como os celtas, iberos e bascos. As línguas desses e de outros povos pertencem ao período chamado prerromano (em espanhol). Todas as línguas desse período desapareceram, exceto a eusquera (língua basca), mas deixaram algumas palavras, como perro, peñasco, cacharro e outras terminadas em -arro, -orro, -asco. O processo de romanização linguística Romanização é, em outras palavras, tornar-se romano. Todo o território conquistado pelo Império Romano passou por esse processo; porém, para nós, o que interessa é como esse processo influenciou as mudanças linguísticas dos territórios ocupados pelos romanos, originando novas línguas. Sabemos que a língua é um sistema de signos que serve de instrumento para a comunicação e, por ser um organismo vivo, vive em constante mudança. Esse estado natural da língua permitiu — e permite — atualizações e formação de novas palavras, novas estruturas e novos fonemas. O período de romanização contribuiu de maneira expressiva para a evo- lução das línguas que passarama estar em contato. Sistemas linguísticos diferentes, falados por povos diferentes, com culturas diferentes passaram a interagir no cotidiano e, por questão de sobrevivência, influenciaram-se mutuamente. Os romanos, aos se estabelecerem no território da Hispânia, impuseram sua a cultura, o seu sistema político, administrativo e judiciário, e a sua língua, cabendo aos povos dominados adaptar-se a esse novo sistema — principalmente A importância do latim para a língua espanhola4 GHLE_U1_C02.indd 4 01/03/2018 11:40:18 o linguístico. Essa imposição linguística fez com que, ao passar dos anos, os sistemas linguísticos que coexistiam fossem reduzidos, adaptados, modificados, para que as pessoas pudessem negociar, trabalhar, reclamar — enfim, para que houvesse comunicação. Em um primeiro momento, conviviam o latim vulgar, o latim clássico e as línguas pertencentes aos outros povos. O latim vulgar era falado por todo tipo de romano em diversos lugares, como no comércio e em ambientes mais familiares. Já o latim clássico era usado em cerimônias, documentos jurídicos, legislativos, etc. Essa era a variedade usada principalmente para escrever, mas era lido e falado em eventos oficiais, em saraus e momentos religiosos, ou seja, em ambientes mais formais. O resultado do contato linguístico, a imposição de uma língua de prestígio e a necessidade de sobreviver nesse ambiente multilíngue propiciaram mudanças dialetais que foram surgindo de forma espontânea. Cada língua foi deixando de herança palavras, mudanças de articulação fonética, sistemas e estruturas, nutrindo assim a nova língua que começava a surgir: o romance. A língua romance surgiu, então, de uma evolução do latim vulgar. Ela se originou a partir dessa tentativa de comunicação em um ambiente multilíngue que misturou, sobretudo, o latim vulgar às línguas dos povos dominados. Houve também alguma influência do latim clássico, com contribuições oriundas das literaturas e de documentos oficiais e religiosos, como ley (lex), orden (ordo, -inis), ciudad (civitas), fe ( fides), diablo (diabolus – lat. tardio), virgen (virgo, -inis), ángel (angelus – lat. tardio), templo (templum). O romance foi, antes de tudo, uma língua para uso oral, sendo oriundo de outra língua oral (o latim vulgar), que contribuiu na organização fonética e lexical. Entretanto, cabia ao latim clássico a modalidade escrita e a influência na constituição da estrutura gramatical conhecida como SVO (sujeito–verbo– objeto). Não podemos nos esquecer também de que grandes celebridades, já nascidas nesses novos territórios, ajudaram no estabelecimento do latim na Hispânia, como é o caso de Lucius Annaeus Sêneca, que foi um advogado, intelectual e escritor do Império Romano, nascido na Hispânia (na região de Córdoba), que deixou obras como Medeia e Édipo. A Figura 2 apresenta uma estátua de Sêneca, que foi erguida em sua cidade natal. 5A importância do latim para a língua espanhola GHLE_U1_C02.indd 5 01/03/2018 11:40:19 Figura 2. Estátua em bronze de Sêneca, em Córdoba, Espanha. Fonte: Juan Aunion/Shutterstock.com. A língua romance: legado da romanização O uso do latim na Hispânia foi um processo que garantiu a coesão do povo com o passar do tempo. É importante perceber que esse processo foi longo — durou séculos — e não foi um processo forçado. O peso das circunstâncias e das vantagens econômicas é que levou os povos conquistados a aceitarem as novas leis e estruturas impostas e, consequentemente, a usar a nova língua, mesmo que com dificuldades. A importância do latim para a língua espanhola6 GHLE_U1_C02.indd 6 01/03/2018 11:40:19 Essas dificuldades geraram adaptações e, com isso, novas línguas foram surgindo: as consideradas neolatinas ou românicas. São línguas decorrentes do processo de romanização dos territórios dominados pelo Império Romano. Estas passaram a ser percebidas e aceitas como unidades de identificação a partir do século V d.C., quando o Império Romano perdeu força política e governamental nas áreas antes ocupadas. Quando o Império Romano começou o seu declínio, os visigodos passa- ram a ocupar a România. Sua maior influência linguística foi ao norte do território onde hoje é a Europa, dando origem ao alemão e ao inglês, por exemplo. Sobretudo no sul da Europa, por não serem muito influentes, os povos adotaram a língua dos vencidos (o latim), mas deixaram sua contri- buição linguística nesse território, principalmente em vocábulos bélicos, como guerra, yelmo, guardián, espía, e também em nomes próprios, como Alfonso, Álvaro, Fernando. O processo linguístico de latinização ou romanização linguística gerou transformações fonológicas e gramaticais distintas em diversas regiões, difi- cultando a compreensão e criando barreiras linguísticas. É nesse momento que surgem as línguas chamadas de romance. Não é uma fase muito diferenciada do latim, mas já começava a gerar uma nova identidade para as línguas que surgiriam posteriormente: as neolatinas. Toda essa história influenciou o processo que originou a língua castelhana. Foram séculos de transformações e mudanças: novos territórios passaram a novos governos, novas limitações geográficas, novas conquistas e reconstru- ção da identidade local. Consequentemente, a língua é motriz para a criação da personalidade dos novos povos. Segundo Saussure (1969), a separação geográfica contribui, de maneira geral, para a diversidade linguística. Todavia, todo esse processo só iria se institucionalizar depois dos primeiros escritos, pois, conforme Saussure (1969), a língua literária tem poder de destruir uma língua natural, pois é ela que normalmente contém as regras e na qual é pautada a organização linguística de uma comunidade. Uma vez decidido qual é a língua oficial, ela se impõe sobre as outras que com ela coexistem, até o desaparecimento da menos importante socialmente, da menos estruturada ou da menos usada. Os primeiros escritos em romance foram encontrados nas Glosas Emilia- nenses e Silenses, ao final do século X e princípio do XI. Alguns monges, ao ler um códice em latim, fizeram anotações ao lado dos escritos, a fim de aclarar as suas dúvidas com relação ao que liam. Essas anotações foram feitas na língua popularmente falada: o romance. Na Figura 3, você pode ver exemplos das anotações feitas nas Glosas. 7A importância do latim para a língua espanhola GHLE_U1_C02.indd 7 01/03/2018 11:40:19 Figura 3. Glosas Emilianenses. Fonte: [Glosas Emilianenses] [(200-?)]. A literatura foi outro fator essencial para a formação da língua castelhana. Um momento muito importante para a constituição dessa nova língua foram as poesias de Gonzalo de Berceo, no século XIII — poesias cultas, conhe- cidas como Mester de Clerencía. Além disso, há também o legado cultural deixado pelo rei Alfonso X, o Sábio (século XIII), pois, antes dele, cada um escrevia como queria ou podia, gerando um caos ortográfico. Sua insígnia de rei influenciou os outros escritores. Mester de Clerencía são escritos clérigos, cultos, de prestigiosa formação intelectual e religiosa. Seus escritos continham uma finalidade didática e, embora a linguagem usada fosse complexa e culta, possuíam alguns termos coloquiais. A importância do latim para a língua espanhola8 GHLE_U1_C02.indd 8 01/03/2018 11:40:20 A produção literária auxiliou na unificação das variantes dialetais e na fixação lexical-ortográfica. Foi assim também que, com mudanças e adaptações, surgiu a língua castelhana. Essa língua provém do romance, bem como o francês, o romeno, o português, o italiano e todas as chamadas línguas neolatinas. Língua espanhola: a filha do latim Hoje o latim é um exemplo da ligação entre o passado e o presente. Conside- rado por muitos como uma língua morta, em função de não ser mais falada por um povo, ainda mantém o seu valor e está bastante presente no dia a dia. Além do fator histórico que originou as línguas neolatinas, após o processo de romanização,o latim ainda faz parte do vocabulário usado atualmente. Um exemplo é o objeto no qual você anota os horários e as tarefas que realizará ao longo do dia: a agenda. A palavra agenda vem do latim e é usada na sua forma conservada, mas nem nos damos conta disso, uma vez que ela já faz parte do nosso vocabulá- rio cotidiano. No entanto, se você, ao ler um texto acadêmico ou um artigo falando sobre a teoria saussuriana da língua, encontrar a expressão a priori, seguramente dirá que ela está escrita em latim. Em ambos os casos, ocorre o que chamamos de latinismo. Latinismo se refere a palavras ou expressões latinas que foram introduzidas na língua espanhola e que mantiveram a sua forma e o seu significado idên- ticos ao que tinham no latim. Esse tipo de palavras e/ou expressões pode ser encontrado em todas as línguas que passaram pelo processo de romanização linguística, tornando-se uma língua neolatina. Você não deve confundir latinismo com estrangeirismo. Estrangeirismos são entradas que procedem de línguas estrangeiras vivas, como jeans (inglês), pizza (italiano), croissant (francês). Podemos observar que alguns latinismos são mais habituais do que outros, dependendo do propósito para o qual o termo será usado. Algumas formas são tão comuns e assimiladas, que não percebemos mais sua origem latina, como é o caso de agenda e ómnibus; outras, como currículum vitae e ultimátum, 9A importância do latim para a língua espanhola GHLE_U1_C02.indd 9 01/03/2018 11:40:20 preservam uma forma mais latinizada. Há também os menos habituais, mas exis- tentes, como ad hoc (para tal fim, para isso), lapsus (erro), in albis (em branco). O latim é a língua universal para biólogos, médicos e outros cientistas, assim como para advogados e juristas, porque facilita o entendimento nas pesquisas, auxiliando na identificação dos valores semânticos aplicados a cada termo. Por exemplo, a expressão latina in loco significa “no lugar” ou “no próprio lugar” e é conhecida e usada tanto por biólogos e médicos quanto por advogados e juristas. Assim, para usar num texto palavras e expressões em sua forma latina, convém levar em consideração algumas dicas: � não abusar do seu uso, pois pode parecer pedante — pode ser usado para esclarecer um registro, seja ele formal ou informal, de acordo com a situação comunicativa; � conhecer muito bem o seu significado; � estar atento quanto à sua ortografia. No que se refere especialmente à ortografia, segundo a RAE (Real Aca- demia Española), há latinismos que não são adaptados e mantêm a sua forma original, como o caso de quorum; enquanto outros foram adaptados ao sistema ortográfico da língua espanhola, como em cuórum (hispanização da palavra latina quorum). Dessa maneira, a RAE apresenta uma série de normativas a seguir, por exemplo, sempre que se optar pela forma não adaptada, deve-se fazer algum tipo de destaque, seja itálico ou entre aspas. Já para as formas adaptadas, é preciso estar atento à acentuação, que nesse caso segue a regra ortográfica, como vemos em cuórum, currículum, ultimátum. Para finalizar, você encontra a seguir uma lista de 10 expressões em latim. Aproveite para testar a sua aproximação com o latim e veja se essas expressões são mais ou menos habituais para você: � Ad referendum: sujeto a aprobación; � Agnus Dei: cordero de Dios; � Carpe diem: aprovecha cada día, no te fíes del mañana; � Data venia: dado el permiso; A importância do latim para a língua espanhola10 GHLE_U1_C02.indd 10 01/03/2018 11:40:20 1. O que é o processo de romanização? a) Romanização foi a imposição cultural do modo de vida dos romanos, que aconteceu do século V até o século XIII. b) Romanização foi o processo histórico que nos conta sobre a vitória dos romanos em toda a Europa. c) Romanização foi o processo de transformação cultural e linguística que aconteceu nos territórios conquistados pelo Império Romano. d) Romanização foi o processo pelo qual os romanos frearam as invasões bárbaras que sofreram nos territórios conquistados. e) Romanização foi o processo de invasões romanas que acarretou, para os povos indígenas, a perda de suas casas, seus bens e direitos. 2. Como ocorreu o processo de romanização linguística? a) Foi um processo consensual, marcado por trocas simbólicas e linguísticas entre a língua latina e as outras línguas. b) Foi um processo lento, gradual, bilíngue, no qual a língua latina foi se impondo sobre as línguas autóctones, dando lugar às línguas romances. c) Foi, sem exceção, um processo bruto, com muita violência e de � Deficit/Déficit: saldo negativo; � Dura lex, sed lex: dura ley, pero es ley; � Fiat lux: que se haga luz; � Vox populi, vox Dei: la voz del pueblo, voz de Dios; � Paquiderme: piel muy gruesa – elefante; � Homo Sapiens: hombre sabio. Veja também algumas expressões colhidas do filme Harry Potter (GERMANO, 2017, documento on-line), no qual o latim tem um papel de destaque, pois todos os feitiços são pronunciados nessa língua. Obliviate – do lat. oblivio, esquecer: feitiço que apaga a memória. Lumos – do lat. lumen, luz: feitiço que acende uma luz na varinha. Expecto Patronum – do lat. expecto, penetrar/desejar e patronum, patrono, defensor: feitiço que emana boas energias e que protege. 11A importância do latim para a língua espanhola GHLE_U1_C02.indd 11 01/03/2018 11:40:20 imposição linguística da língua latina sobre as outras línguas. d) Foi um processo conflituoso, no qual romanos e outros povos lutaram para manter vivos os seus sistemas linguísticos. e) Foi um processo lento e consensual, no qual não houve grandes mudanças linguísticas nas línguas dos povos não romanos. 3. Antes de se tornar língua espanhola, qual a língua que surgiu a partir do convívio do latim vulgar, do latim clássico e de outras línguas autóctones na região central da Hispânia? E que mudanças ocorreram? a) A língua oriunda desse processo bilíngue é o romance. Do latim vulgar, vieram novas palavras; já do latim clássico, veio o sistema gramatical SVO. b) A língua oriunda desse processo bilíngue é o romano. Do latim vulgar, vieram aportes linguísticos para a fonética e o léxico; já do latim clássico, veio o sistema gramatical SVO. c) A língua oriunda desse processo bilíngue é o castelhano. Do latim vulgar, vieram aportes linguísticos para a fonética e o léxico; já do latim clássico, vieram palavras do chamado latim tardio. d) A língua oriunda desse processo bilíngue é o romance. Do latim vulgar, vieram aportes linguísticos para a fonética e o léxico; já do latim clássico, veio o sistema gramatical SVO. e) A língua oriunda desse processo bilíngue é o romano. Do latim vulgar, vieram novas palavras; já do latim clássico, vieram palavras do chamado latim tardio. 4. O que favoreceu a passagem do romance para o espanhol e a fixação e consolidação dessa nova língua? a) O surgimento de documentos importantes, escritos por Sêneca. b) O decreto do rei Alfonso X, o Sábio. c) As Glosas Emilianenses e Silenses, assim como as obras Sêneca. d) As Glosas Emilianenses e Silenses, por meio de seus manuscritos. e) As Glosas Emilianenses e Silenses, assim como as obras de Alfonso X, o Sábio. 5. Quais são as línguas atuais que provêm de línguas romances? Marque a opção que contenha todas as respostas corretas. a) Português, italiano, castelhano e romeno. b) Português, francês, árabe e chinês. c) Francês, catalão, inglês e alemão. d) Árabe, francês, inglês e português. e) Celta, catalão, galego e castelhano. A importância do latim para a língua espanhola12 GHLE_U1_C02.indd 12 01/03/2018 11:40:20 GERMANO, F. O que significam, em latim, os feitiços de Harry Potter. Superinteressante, jun. 2017. Disponível em: <https://super.abril.com.br/cultura/o-que-significam-em- -latim-os-feiticos-de-harry-potter/>. Acesso em: 02 fev. 2017. [Glosas Emilianenses]. [(200-?)]. Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/--gkH6SQCjw7Y/T-ASZsJN6aI/AAAAAAAAFi4/Cie-5BK8Ws0/s1600/glosasemilianenses. jpg>. Acesso em: 02 fev. 2018. SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1969. Leituras recomendadas ALONSO GARCIA, A. Castellano, español, idioma nacional: historia espiritual de tres nombres. Sevilla: Athenaica, 2016. ALZUETA DE BARTABURU, M. E. ¿El español de España o el español de América?. In: SEMINARIO DE DIFICULTADES ESPECÍFICAS DE LA ENSEÑANZA DEL ESPAÑOL E LUSOHABLANTES. 9., 2001. Anais… São Paulo, 2002. ASOCIACIÓN DE ACADEMIAS DE LA LENGUA ESPAÑOLA. Términos linguísticos. 2017. Disponível em: <http://www.asale.org/diccionario-panhispanico-de-dudas/terminos- -linguisticos>. Acesso em: 02 fev. 2017.CARDOSO, Z. de A. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 2002. FERNANDÉZ JAÉN, J. El latín en hispânia: la romanización de la Península Ibérica, el latín vulgar, particularidades del latín hispánico. [200-?]. Disponível em: <https://goo. gl/UDbJxe>. Acesso em: 31 jan. 2018. GARCÍA MOUTON, P. (Coord.). Atlas lingüístico de la península ibérica. Madrid: CSIC, 2016. ÍÑIGO FERNÁNDEZ, L. E. Breve historia de España I: las raíces. Madrid: Nowtilus, 2010. PHARIES, D. A. Breve historia de la lengua española. 2. ed. Chicago: The University of Chicago Press, 2015. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario panhispanico de dudas. 2005. Disponível em: <http://lema.rae.es/dpd/?key=espa%C3%B1ol+o+castellano>. Acesso em: 02 fev. 2018. 13A importância do latim para a língua espanhola GHLE_U1_C02.indd 13 01/03/2018 11:40:20 https://super.abril.com.br/cultura/o-que-significam-em- http://3.bp.blogspot.com/- http://www.asale.org/diccionario-panhispanico-de-dudas/terminos- http://lema.rae.es/dpd/?key=espa%C3%B1ol+o+castellano Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. GHLE_U1_C02.indd 14 01/03/2018 11:40:20
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