Prévia do material em texto
ESTÁGIO SUPERVISIONADO PRÉ-PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 5 Profª Aline Aparecida da Cunha de Brito CONVERSA INICIAL • Atentar ao planejamento das atividades; • Aprender a identificar os objetivos das ações do assistente social do campo de estágio; • Compreender os instrumentos utilizados no campo de estágio; • Entender a importância da sistematização e da fundamentação teórica para sustentar a escrita técnica em serviço social; • Identificar os limites e possibilidades da intervenção para a defesa da garantia de direitos dos usuários dos serviços. TEMA 1 – ESCRITA TÉCNICA EM SERVIÇO SOCIAL A escrita técnica em serviço social desempenha um papel crucial na sistematização e fundamentação das intervenções do profissional em seu exercício profissional, o que também se aplica aos projetos desenvolvidos por esse profissional. Ela se caracteriza por uma linguagem específica, precisa e objetiva, voltada para a produção de conhecimento no campo da área social (CFESS, 2020). Na escrita, é presente o ato da sistematização como parte do processo de escrita técnica, referente a organização de dados, informações e reflexões obtidas durante a realização da intervenção social. Ela envolve a estruturação lógica dos conteúdos, a ordenação de etapas e a descrição detalhada das atividades desenvolvidas. “A sistematização contribui para a compreensão e divulgação da prática profissional, permitindo a replicabilidade e o aprimoramento das ações” (Hora, 2016. p. 5). A sistematização da prática é definida como “todo o processo de organização teórico-metodológico e técnico instrumental da ação profissional em Serviço Social” (Almeida, 2006, p. 3). Assim, sistematizar o pré-projeto de intervenção ou o diário de campo consiste em organizar, de forma clara e estruturada, todas as informações, atividades e etapas relacionadas à proposta. Essa etapa é essencial para garantir a eficácia e a eficiência das ações, facilitar o acompanhamento e a avaliação do projeto, bem como possibilitar a análise crítica das atividades inseridas no diário de campo. Em resumo, sistematizar envolve organizar, de forma estruturada, todas as informações, atividades e etapas relacionadas à proposta. A partir da definição de objetivos claros e da identificação de atividades e tarefas, com a descrição detalhada de cada etapa e o uso de instrumentos de monitoramento e avaliação, a sistematização contribui para a eficácia e eficiência das ações propostas. Azevedo (2014) entende que a sistematização se trata de um processo educativo com vistas à compreensão do exercício profissional, possibilitando ações reflexivas, resgatando a realidade e percebendo as experiências. Já a fundamentação, na escrita técnica, é essencial para sustentar a argumentação e embasar teoricamente as intervenções realizadas. Ela permite a contextualização do problema social e a identificação de melhores abordagens e estratégias de intervenção. A fundamentação de um projeto de intervenção é um processo essencial para embasar teoricamente as ações propostas e proporcionar uma base sólida de conhecimento. Ao fundamentar o projeto, é possível demonstrar a necessidade e a pertinência da intervenção, além de respaldar as estratégias e abordagens adotadas. (Hora, 2016, p. 7) A fundamentação consiste em embasar teoricamente a proposta, utilizando referências bibliográficas, legislações, teorias e conceitos relevantes da área de atuação. Isso permite uma compreensão mais ampla e aprofundada do problema social a ser enfrentado, bem como a identificação de possíveis abordagens e estratégias de resolução. Pode ser realizada a partir de estudos científicos, pesquisas, dados estatísticos, relatórios técnicos e documentos oficiais que corroborem a importância e a urgência da intervenção. Esses elementos servem como subsídios para comprovar a necessidade da ação proposta, com base em análises críticas da realidade social. Além disso, a fundamentação do diário de campo e do pré-projeto de intervenção também envolve a contextualização do problema, considerando fatores históricos, sociais, políticos e culturais. Essa contextualização ajuda a compreender as causas estruturais do problema e a explorar possíveis estratégias de enfrentamento que sejam adequadas à realidade em questão. Em resumo, a escrita técnica em serviço social desempenha um papel fundamental na sistematização e fundamentação das intervenções. Ela se caracteriza por uma linguagem precisa, objetiva e fundamentada teoricamente, contribuindo para a compreensão e o aprimoramento da prática profissional. A escrita técnica em serviço social deve ser clara, ética e acessível, buscando uma comunicação efetiva com diferentes públicos. Dessa forma, a escrita técnica em serviço social, tanto no projeto de intervenção quanto no diário de campo, é importante para que o aluno possa imprimir clareza, objetividade e precisão na construção de suas propostas, transmitindo as informações de forma eficiente. Além de relatar as atividades e situações encontradas no campo de estágio, não esqueça de incluir reflexões críticas sobre o trabalho realizado. Questione o que funcionou e o que pode ser melhorado, proponha alternativas e faça conexões entre atividades e políticas públicas, com centralidade na defesa e garantia de direitos dos usuários dos serviços. Essa reflexão crítica contribui para um processo de aprendizagem significativo e para uma prática profissional mais efetiva. TEMA 2 – OBJETIVOS DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL Os objetivos de atuação do assistente social estão diretamente relacionados com os interesses da classe trabalhadora, buscando promover a justiça social e garantir direitos de pessoas, famílias e comunidades. Aprender a identificar os objetivos das ações do assistente social no campo de estágio é de extrema importância para o desenvolvimento de habilidades práticas e para a compreensão do papel desse profissional na intervenção. Por exemplo, se hoje o seu campo de estágio acontece em alguma instituição do terceiro setor, o objetivo profissional poderá ser buscar parcerias com instituições de ensino e promover cursos e workshops para capacitar jovens em situação de vulnerabilidade social em áreas criativas, como design, fotografia e escrita criativa. Isso pode abrir portas para novas oportunidades de trabalho e desenvolvimento pessoal. Agora, se o seu campo de estágio acontece em uma empresa privada, o objeto do profissional nessa empresa pode ser propor a implementação de programas de voluntariado corporativo, nos quais os funcionários possam usar suas habilidades e talentos para ajudar organizações sociais. Essa iniciativa estimula o engajamento dos colaboradores e cria oportunidades de aprendizado nos dois sentidos. Identificar os objetivos profissionais no campo de estágio é de extrema importância para o desenvolvimento do assistente social como futuro profissional. O campo de estágio oferece a oportunidade de vivência em diferentes áreas de atuação. Ao identificar seus objetivos profissionais, o aluno pode aproveitar essa experiência para experimentar e descobrir quais campos Highlight despertam seu interesse e se alinham com suas metas futuras. O aluno também pode se tornar mais consciente de suas habilidades, valores e interesses. Essa consciência ajuda a direcionar o desenvolvimento de competências necessárias, bem como a melhorar a tomada de decisões na carreira. Identificar esses objetivos, também permite que o aluno elabore um plano de ação prático para alcançá-los. É possível definir metas de curto e longo prazo, identificar recursos necessários, como cursos de capacitação ou participação em projetos específicos, e estabelecer marcos para avaliar o progresso. Durante o processo de estágio, o assistente social terá a oportunidadede interagir com profissionais experientes, construindo relacionamentos e ampliando a sua rede de contatos profissionais. Ao identificar seus objetivos profissionais, o aluno pode aproveitar essas conexões, identificando parcerias ou até mesmo futuras oportunidades de trabalho. Ao refletir sobre os objetivos das ações do assistente social, desenvolva uma abordagem estratégica no seu diário de campo e na construção do seu pré- projeto de intervenção. Questione como esses objetivos se relacionam com a transformação da realidade social onde o estágio é realizado. Relacione esses objetivos com as atribuições e competências dos assistentes sociais. Também é importante refletir de que maneira esses subjetivos dos assistentes sociais estão articulados com os objetivos institucionais. Ao identificar os objetivos das ações do assistente social, esteja aberto a explorar novas abordagens e soluções não convencionais. Encoraje-se a pensar fora da caixa e a criar conexões inesperadas. Por exemplo, se o objetivo é promover a inclusão social, você pode explorar a arte, o esporte ou outras formas de expressão como instrumentos de intervenção, em colaboração com artistas e atletas locais. “Dessa forma, o(a) assistente social, norteado(a) por um aporte teórico na definição do objeto de ação e na escolha dos instrumentos a serem utilizados conforme a situação, é capaz de fazer, com maior clareza, a leitura da realidade na qual intervém” (Silva, 2017, p. 25). Além disso, a utilização de recursos teóricos e metodológicos é outro instrumento importante para o assistente social. Eles podem incluir a realização de visitas domiciliares, a elaboração de planos de atendimento, a mediação de conflitos, a articulação com outros profissionais e a conexão com políticas públicas existentes. Assim, ao analisar e identificar os objetivos do serviço social em seu campo de estágio, a construção do seu pré-projeto de intervenção e do seu diário de campo estará vinculada com o exercício profissional do seu supervisor de campo, qualificando e revendo a atuação no espaço sócio-ocupacional. Lembrando que “o objeto de trabalho do Serviço Social não está dado, mas que deve ser reconstruído, observando-se os fenômenos societários, com vistas a uma intervenção que efetive o projeto ético-político da categoria profissional” (Silva, 2017, p. 31). TEMA 3 – GARANTIA DE DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SERVIÇO: LIMITES E POSSIBILIDADES A importância dos direitos dos usuários de serviços públicos é fundamental para promover a igualdade de acesso e o respeito no atendimento. A Lei n. 13.460, de 26 de junho de 2017, dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública. É uma legislação que tem por premissa incluir os usuários no bom funcionamento do serviço público e de instituições que atuam com políticas públicas. Todos os cidadãos devem ser atendidos de maneira digna, independentemente de origem, raça, gênero ou qualquer outra característica pessoal. Além disso, é essencial que os locais de prestação dos serviços públicos estejam devidamente estruturados e organizados, de modo a facilitar o acesso e a localização dos órgãos responsáveis pelo atendimento. As informações fornecidas aos usuários devem ser precisas, incluindo horário de funcionamento dos órgãos, serviços oferecidos, localização exata e setor responsável pelo atendimento. Dessa forma, os cidadãos podem se planejar adequadamente e obter as informações necessárias para utilizar os serviços públicos de maneira eficiente (Iamamoto, 2010). O serviço social desempenha um papel fundamental na garantia dos direitos dos usuários dos serviços, pois atua como mediador entre os usuários e as instituições públicas, buscando assegurar que os direitos sejam respeitados, com promoção do acesso igualitário aos serviços. O Código de Ética da Categoria, com respeito aos princípios fundamentais, assim estabelece: I - Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; II. Defesa intransigente dos direitos Highlight humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; [...] V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática. (Brasil, 1993) Por meio de um trabalho pautado na ética e na defesa dos direitos humanos, os assistentes sociais atuam na identificação das vulnerabilidades e desigualdades presentes na sociedade. Eles realizam um diagnóstico da situação dos usuários, considerando seus contextos socioeconômicos, culturais e de saúde, entre outros aspectos relevantes. Ao atuar na defesa da garantia de direitos dos usuários dos serviços, o assistente social precisa ter clareza sobre os limites e possibilidades da sua intervenção. Embora seu trabalho seja essencial para promover a justiça social e a inclusão, é importante reconhecer que existem desafios e restrições que podem impactar a sua atuação. Os assistentes sociais enfrentam diversos desafios na garantia dos direitos dos usuários do serviço público. Um dos principais desafios é a falta de recursos adequados para atender às demandas da população. Muitas vezes, as instituições, sejam públicas ou privadas, não contam com estrutura, equipe e orçamento suficientes, o que impacta na qualidade e na efetividade do atendimento prestado. Essa falta de recursos dificulta a promoção dos direitos dos usuários, pois os assistentes sociais se veem limitados em suas ações e intervenções (Iamamoto, 2010). Além da falta de recursos, a burocracia também é um desafio significativo. Procedimentos e trâmites administrativos complexos dificultam o acesso dos usuários aos serviços e o exercício de seus direitos. Os assistentes sociais muitas vezes se deparam com uma série de obstáculos burocráticos que podem retardar ou impedir o atendimento necessário. A superação dessas barreiras requer esforços de articulação, além da capacidade de negociação por parte dos profissionais. Na construção do seu diário de campo e do seu pré-projeto de intervenção, será de extrema importância colocar o usuário na centralidade dos seus objetivos. É importante identificar os limites e as possibilidades do exercício profissional e vincular esse aspecto com os objetivos do pré-projeto na análise do diário de campo. Diante desses desafios, os assistentes sociais buscam estratégias de enfrentamento, como o fortalecimento das redes de apoio e parcerias, a busca por capacitação e formação contínua, o trabalho em rede com outros profissionais, além de ações para sensibilizar gestores e políticos sobre a importância da garantia dos direitos dos usuários. A luta pelo fortalecimento da política pública e a busca por medidas que assegurem recursos suficientes, com redução da burocracia e maior articulação entre os setores, são passos fundamentais para superar esses desafios e promover uma atuação mais efetiva dos assistentes sociais na garantia dos direitos dos usuários do serviço público (Iamamoto, 2010). Importante ressaltar que, para além desses limites de atuação, também é possível identificar as possibilidades do exercício profissional no seu campo de estágio. Os assistentes sociais têm um amplo campo de atuação no exercício profissional, para a garantia dos direitos dos usuários. Sua atuação é orientada pela defesa dos direitos humanos, pela justiça social e pela promoção da igualdade, buscando garantir que todas as pessoas tenham acesso aos serviços e benefícios a que têm direito. Podem fornecer informações sobre direitos, procedimentos e recursos disponíveis, auxiliando-os a exercerem seus direitos de forma efetiva. Eles podem também realizar atendimentosindividualizados ou em grupos, realizando escutas qualificadas e intervenções para ampliar as oportunidades e melhorar as condições de vida dos usuários. Além disso, os assistentes sociais têm o potencial de promover a participação ativa e o empoderamento dos usuários. Eles podem incentivar a organização e a mobilização comunitárias, estimulando os usuários a se engajarem em espaços de participação, como conselhos municipais, fóruns e conferências. Dessa forma, os usuários são estimulados a ter voz ativa na formulação, implementação e revisão das políticas públicas, tornando-se sujeitos ativos na garantia de seus próprios direitos. TEMA 4 – INSTRUMENTOS NO CAMPO DE ESTÁGIO No campo de estágio em serviço social, diversos instrumentos podem ser utilizados para coleta de informações, intervenção e análise. Alguns exemplos comuns: entrevistas, questionários, observação participante, estudos de caso, visitas domiciliares, registros escritos e análise documental. Esses instrumentos são empregados de acordo com os objetivos e as necessidades de cada intervenção ou pesquisa. É fundamental que o aluno no campo de estágio compreenda as ferramentas utilizadas pelos assistentes sociais no exercício profissional, pois isso contribui para o desenvolvimento de competências técnicas e habilidades necessárias para o trabalho na área. Ao conhecer e dominar esses instrumentos, o aluno poderá realizar uma atuação mais eficaz, embasada em fundamentos teóricos e práticos. Além disso, a compreensão dos instrumentos utilizados proporciona ao aluno a capacidade de articular teoria e prática, permitindo uma intervenção mais adequada e coerente com os princípios éticos e políticos do serviço social. O assistente social atua em múltiplos espaços sócio-ocupacionais, com diversas políticas públicas. Portanto, atua com diversos instrumentos. Agora convido você a questionar: quais são os instrumentos utilizados pelo serviço social no seu campo de estágio? Além de identificar os instrumentos utilizados pelo assistente social, como entrevistas, diagnósticos sociais e encaminhamentos, é essencial desenvolver uma análise crítica sobre sua eficácia e adequação à realidade do público atendido. Pergunte-se: existem outros instrumentos ou abordagens alternativas que poderiam ser utilizadas nesse momento? Como eles seriam aplicados? Procure ampliar a sua compreensão dos diferentes instrumentos utilizados por profissionais de outras áreas que atuam em conjunto com o assistente social, como psicólogos, educadores e médicos. Identifique como suas práticas e objetivos se conectam e se complementam, e como podem influenciar a intervenção profissional do assistente social no seu campo de estágio (Silva, 2017). Além disso, “o conhecimento dos instrumentos potencializa a capacidade de intervenção do assistente social” (Silva, 2017, p. 87). Cada instrumento traz objetivos específicos e formas de aplicação. O profissional que os domina pode utilizá-los de maneira estratégica e eficiente. Isso permite um planejamento de ações mais efetivo, considerando as particularidades e singularidades de cada caso e contexto. Outro aspecto relevante é a relação entre o conhecimento dos instrumentos e a ética profissional. O serviço social é guiado por princípios éticos que orientam o exercício profissional, como a garantia de direitos, a promoção da justiça social e a defesa dos direitos humanos. O uso adequado dos instrumentos é essencial para respeitar a autodeterminação dos sujeitos envolvidos, preservar a privacidade e confidencialidade das informações, evitar a violação dos direitos e proporcionar uma intervenção ética e qualificada (Silva, 2017). Em suma, o conhecimento dos instrumentos utilizados no campo fortalece o exercício profissional do assistente social, ao proporcionar uma atuação embasada, eficaz e articulada com a teoria, o que é fundamentada para os princípios éticos da profissão. Outro ponto é que o domínio dos instrumentos facilita a compreensão das relações sociais e a identificação dos aspectos estruturais que influenciam as demandas sociais (Silva, 2017). Através de observação participante, visitas domiciliares e análise documental, por exemplo, o assistente social pode identificar fatores como desigualdade de gênero, exclusão social, racismo e negligência institucional. Essa compreensão mais ampla torna possível uma intervenção mais contextualizada e eficaz, com vistas a transformar as condições de vida das pessoas atendidas. Outro benefício do conhecimento dos instrumentos é a capacidade de monitorar e avaliar os resultados das intervenções sociais. Através de registros escritos, relatórios e outros meios de documentação, o assistente social pode acompanhar a evolução dos casos, avaliar o impacto das medidas adotadas e promover ajustes quando necessário. Esse processo de monitoramento e avaliação é fundamental para aprimorar continuamente a prática profissional e garantir a efetividade das ações realizadas. Em suma, o conhecimento dos instrumentos utilizados no campo de estágio em serviço social é essencial para fortalecer a atuação do assistente social em resposta às demandas sociais, proporcionando uma abordagem mais informada, reflexiva e estratégica. Esses instrumentos permitem análise aprofundada, compreensão contextualizada e intervenção efetiva, visando promover a transformação social e o fortalecimento dos direitos e da dignidade das pessoas atendidas. TEMA 5 – PLANEJAMENTO EM SERVIÇO SOCIAL O planejamento desempenha um papel crucial no trabalho do assistente social. Ele ajuda a direcionar as ações e a tomar decisões estratégicas para alcançar os objetivos desejados. “É possível pensar o trabalho do assistente social profissional de muitas maneiras, usando várias técnicas. Consideramos, Highlight no entanto, que o planejamento é o processo mais adequado” (Bordin, 2018, p. 149). Em suma, o planejamento fornece ao assistente social uma estrutura sólida para seu trabalho, ajudando-o a ser mais eficiente, organizado e eficaz na busca de melhores resultados. Mas afinal, o que é planejar? Planejar envolve a criação de um roteiro estratégico para alcançar os objetivos profissionais. É um processo que envolve várias etapas, como estabelecer metas, identificar recursos necessários, definir estratégias e criar um cronograma de ações. O planejamento visa fornecer uma direção clara, organizar as atividades e maximizar a eficiência e eficácia do trabalho. O projeto/plano de trabalho profissional é útil não apenas como um instrumento para o trabalho do assistente social com outros profissionais, sinalizando e reforçando suas atribuições, mas também para demarcar os pressupostos da profissão, estabelecendo parâmetros importantes dentro da organização e, porventura, indicando o posicionamento do profissional diante de suas demandas. (Bordin, 2018, p. 157) Complementando essa afirmação, o planejamento do trabalho profissional também desempenha um papel fundamental na comunicação e no alinhamento entre o assistente social e outras partes envolvidas, como colegas de trabalho, gestores e a comunidade em geral. Ele estabelece uma visão clara das atribuições e responsabilidades do assistente social, ajudando a garantir a compreensão e o suporte necessários para o desenvolvimento do trabalho. Além disso, pode contribuir para a definição de parâmetros e diretrizes dentro da organização, estabelecendo uma base sólida para as ações do assistente social. Isso inclui aspectos como princípios éticos, abordagens teórico-metodológicas, políticas e procedimentos internos, garantindo a coerência e a qualidade do trabalho realizado. Também pode refletir o posicionamento e os valores do assistente social diante das demandas existentes. Isso inclui a defesa de direitos sociais, a promoção da participação e autonomiados usuários, o compromisso com a equidade e a justiça social, entre outros princípios orientadores. O planejamento pode se tornar uma ferramenta para comunicar essas diretrizes e fomentar o debate sobre elas, garantindo que o trabalho do assistente social esteja alinhado com sua visão e missão profissional. Dessa forma, ao pensar no pré-projeto de intervenção, é importante fazer uma análise da realidade social. Isso envolve coletar dados relevantes, identificar os problemas e demandas existentes, mapear os recursos disponíveis Highlight e analisar as relações de poder e as estruturas socioeconômicas presentes no contexto. Essa análise detalhada é fundamental para embasar as escolhas e decisões a serem tomadas ao longo do projeto. Com base nessa análise, é possível estabelecer os objetivos do projeto de intervenção. Esses objetivos devem ser claros, específicos, mensuráveis e alcançáveis dentro do contexto em que o assistente social está inserido. Eles devem estar alinhados com as necessidades identificadas e devem ser formulados de modo a promover a transformação social e a garantia de direitos. Após definir os objetivos, é necessário pensar nas estratégias e ações que serão adotadas. Aqui entram em cena os instrumentos utilizados no campo de estágio, como entrevistas, visitas domiciliares, grupos de apoio, encaminhamentos e mobilização comunitária, que podem ser incorporados ao projeto de intervenção de acordo com as demandas identificadas e os recursos disponíveis. Ao planejar o pré-projeto de intervenção, é necessário considerar a participação e o protagonismo dos sujeitos envolvidos, respeitando a sua autonomia e valorizando os seus saberes e experiências. É também importante estabelecer parcerias e se articular com outros profissionais e instituições que possam contribuir para o alcance dos objetivos propostos. Segundo Bordin (2018, p. 158), outro ponto a ser considerado no planejamento é: O planejamento também inclui perceber os limites e possibilidades da atuação. “Isso é válido tanto em momento de elaboração do projeto quanto em momento de avaliação. Além disso, é preciso analisar a real eficácia dos instrumentos, técnicas e conhecimentos de que se dispõe para atingir o objetivo principal, sabendo adaptar-se à realidade e ao contexto existentes. Nesse sentido, ao desenvolver um planejamento, é essencial considerar tanto os limites quanto as possibilidades de atuação. Isso envolve reconhecer as restrições impostas por diferentes fatores, como recursos disponíveis, regulamentações governamentais ou restrições institucionais. Ao mesmo tempo, é importante explorar e identificar as possibilidades e oportunidades que possam ser aproveitadas. Isso pode incluir o uso de abordagens inovadoras, parcerias com outras organizações ou profissionais, a busca por novos recursos ou a exploração de tecnologias emergentes. Adaptabilidade também é uma característica central no planejamento do assistente social. É essencial reconhecer a natureza dinâmica do trabalho social, compreender as mudanças no contexto em que trabalhamos e ajustar o plano de trabalho conforme necessário. A capacidade de se adaptar ao contexto existente e encontrar maneiras criativas de lidar com os desafios é fundamental para garantir efetividade, eficiência e eficácia no trabalho do assistente social. NA PRÁTICA Nesta etapa, tivemos a oportunidade de estudar elementos essenciais que constituem o nosso processo de estágio. Agora, convidamos vocês a responder os seguintes questionamentos: • Qual o objetivo profissional do assistente social no meu campo de estágio? • Quais os instrumentos presentes no exercício profissional do assistente social no meu campo de estágio? • De que forma posso planejar minhas ações, tanto no campo de estágio e na construção do meu pré-projeto de intervenção e diário de campo, quanto como futuro profissional? • Quais são os limites e as possibilidades de atuação do assistente social no meu campo de estágio? • Quando reflito sobre meu processo de estágio, de que forma estou sistematizando e fundamentando essas reflexões? Nesse momento, você tem total habilidade de refletir e responder esses questionamentos. Aproveite suas respostas para complementar o seu pré- projeto de intervenção e o seu diário de campo fundamentado. Vamos lá! FINALIZANDO Nesta etapa, exploramos diversos aspectos relevantes para o trabalho do assistente social e suas vivências no campo de estágio. Vamos pensar em maneiras criativas de abordar cada um desses tópicos. Diante dessas reflexões, como você pode aplicar essas abordagens criativas no seu campo de estágio? Que ideias inovadoras você pode trazer para planejar as suas atividades, identificar objetivos, utilizar instrumentos, sustentar a sua escrita técnica e lidar com os limites e possibilidades da intervenção? REFERÊNCIAS ALMEIDA, N. L. T. de. Retomando a temática da sistematização da prática. In: BRAVO, M. I.; MOTA, A. E.; TEIXEIRA, M. Serviço Social e saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo: Cortez, 2006. p. 399-408. AZEVEDO. I. S. A Dimensão Ética da Sistematização do Exercício Profissional. Serv. Soc. Revista Londrina, v. 16, n. 2, p.166-185, jan. 2014. BORDIN, E. B. Planejamento em Serviço Social. Curitiba: InterSaberes, 2018. BRASIL. Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 8 jun. 1993. CFESS – Conselho Federal de Serviço Social. Sistematização e Análise de Registros da Opinião Técnica Emitida pela/o Assistente Social em Relatórios, Laudos e Pareceres: objetos de denúncias éticas presentes em recursos disciplinares julgados pelo Conselho Federal de Serviço Social. Brasília, 2020. HORA, T. D. Sistematização da Prática do Serviço Social: Uma Análise Bibliográfica Sobre o Tema. CRESS, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <https://www.cressrj.org.br/wp-content/uploads/2016/05/068.pdf>. Acesso em: 6 nov. 2023. IAMAMOTO, M. V. A assistência na trajetória das políticas sociais brasileiras: uma questão em análise. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2010. SILVA, A. M. P. Instrumentalidade e Instrumentais técnicos de Serviço Social. Curitiba: InterSaberes, 2017.