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Nova Sintese SP 1 2 Nasceu, e agora_

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Tutora: Ingrid 
Relator: Marcos Vasconcelos
Coordenador: Argos Martins
SP 1.2 – Nasceu, e agora?
Gilda, 5o ano incompleto de escolaridade, com 18 anos, há seis horas teve sua filha Alice, de parto normal. Por falta de orientação, não fez acompanhamento pré-natal. A bebê nasceu com 1990g, 48 cm, 36 semanas. Seu Apgar foi 5-7-8. Gilda, já está no seu quarto dia de alojamento conjunto, com outro binômio, Telma, 30 anos, ensino médio completo e seu bebê Fausto, que nasceu há dois dias de parto normal, com 3050g, 39 semanas e 50 cm e que se encontra recebendo fototerapia no seu berço, porque “ficou amarelinho”.
Gilda está nervosa e pergunta para a enfermeira porque sua filha não está no quarto com ela. A técnica de enfermagem responde que o nascimento é um período de grandes adaptações do bebê para a vida extrauterina e que Alice apresentou “alguma dificuldade” e por isso está passando por um acompanhamento e avaliação mais detalhada, mas que a médica virá falar com ela para lhe explicar toda a situação.
As duas mulheres receberam alta no quinto dia. No momento da alta, Fausto pesava 2850g. Telma e seu companheiro, Pedro, receberam orientações antes da alta que foram dadas pela técnica de enfermagem, pela enfermeira e pelos residentes da obstetrícia e da pediatria.
A médica assistente e enfermeira responsável pela paciente coordenaram o Plano de Cuidados a ser repassado pela equipe. Explicaram a Telma e Pedro os diversos aspectos do cuidado, tanto com ela quanto com o bebê (Fausto), enfatizaram a importância na divisão de tarefas em casa e com o cuidado do recém-nascido. Respondendo a um questionamento do pai, explicaram sobre a função de um colírio usado em Fausto ao nascer e sobre a injeção de vitamina K que recebeu na sala de parto, pois, Telma não soube repetir a informação que havia sido dada a ela no parto. Na sequência, orientaram sobre: vitaminas, banho de sol para Fausto, os cuidados com o coto umbilical, alimentação, cuidados para evitar o refluxo gastroesofágico (RGE), higiene, temperatura e vestimenta do bebê, e sobre os passeios e receber visitas nos dois primeiros meses de vida.
Telma, ansiosa, perguntou sobre o “teste do pezinho”, porque sua outra filha é portadora de anemia falciforme. O residente informou-lhe sobre a Triagem Neonatal.
 Gilda, recebeu alta e somente sua mãe foi lhe buscar. Ela estava triste porque sua filha Alice permanecerá internada por mais alguns dias para atingir peso suficiente e por seu namorado, pai da criança, também com 18 anos, ainda não ter ido lhes visitar. Seu plano de cuidados foi também detalhado e todas as orientações sobre as dúvidas relacionadas ao parto prematuro foram sanadas. 
Palavras desconhecidas:
Apgar
Problemas:
· Gilda não realizou o acompanhamento pré natal.
· Alice nasceu pré termo.
· Alice nasceu com baixo peso e teve dificuldade para se adaptar à vida extrauterina.
· Gilda não tem apoio do pai do bebê.
· Fausto nasceu ictérico.
Hipóteses:
· A icterícia e o histórico de anemia falciforme estão relacionados, visto que os doentes falciformes geralmente têm icterícia. (Aceito)
· Por Gilda não fazer o acompanhamento pré natal o APGAR da criança foi "baixo” (Pode haver correlação, mas não é possível afirmar)
· A dificuldade de adaptação ao meio extrauterino está relacionada com a prematuridade (Aceito)
· A icterícia nos neonatos ocorre devido à prematuridade do sistema hepático. (Aceito)
· A vitamina K e o colírio foram utilizados como conduta para a icterícia neonatal (Refutado)
· A anemia falciforme tem componente genético (Aceito)
· Alice teve que ficar internada pela imaturidade dos pulmões(Refutado, pois não tem evidências)
· A injeção de vitamina K foi utilizada, pois Fausto possui uma hemofilia (Refutado)
QAs:
1. Quais são os cuidados pós-natais e qual a sua importância para o recém nascido? Quem é responsável por orientá-los?
Ruan:
Desobstrução das vias aéreas:
• Envolver o RN com lençol ou campo esterilizado para iniciar a secagem das secreções e aquecimento
• Remover mucosidades e sangue com gaze esterilizada da boca, nariz e olhos
• Realizar aspiração de mucosidades da oro e nasofaringe e verificar se não há atresia de coanas.
Secar e Aquecer o RN:
•Completa Secagem 
•Manter o RN em berço aquecido e retirar o excesso de líquido amniótico com compressa macia, minimizando o choque térmico e restringindo perdas de calor.
• A transição do ambiente aquoso e aquecido do útero para a sala de parto representa um estresse térmico para o bebê. 
Obs: Ele responde ao frio com vasoconstrição, tentando reduzir o calor perdido com a metabolização de gorduras e consumindo assim,três vezes mais oxigênio glicose.
Avaliação e Vitalidade do RN:
índice de Apgar 
Verificar Sinais Vitais:
• Monitorar a coloração do RN e temperatura 
• Monitorar a qualidade da respiração e a frequência respiratória do RN – durante 1 minuto completo 
• Verificar frequência cardíaca durante 1 minuto completo, observando irregularidades do ritmo e quaisquer sopros (Pulso Apical) 
• Avaliar os sinais vitais a cada hora nas primeiras 4 horas.
Clampeamento do cordão umbilical:
• A criança deverá permanecer em nível inferior ao da mãe, até o cordão umbilical ser pinçado (clampeado e cortado logo após parar de pulsar)
• Clampear o cordão a uma distância de 2 cm do anel umbilical, usando álcool etílico a 70%. 
• Verificar sinais de hemorragia
• Inspecionar os vasos umbilicais - presença de duas artérias e uma aveia
Higiene:
Não é indicado dar o banho de imersão no recém-nascido, para não resfriá-lo. Deve-se realizar apenas uma higienização para retirar os resíduos sanguíneos, tendo o cuidado de não retirar o vêrnix caseoso nem resfriar o neonato. Após a higiene, deve-se vesti-lo adequadamente, de preferência com a roupa que a mãe escolheu e encaminhá-lo para junto dela.
Vacinação:
As vacinas que o recém-nascido deve receber são as seguintes: 
• Vacina de Hepatite B, que é intramuscular, até 12 horas após o nascimento;
• BCG para Tuberculose, intradérmica, até 1 mês de vida. No entanto, o ideal é que ela seja aplicada o mais precocemente possível, de preferência ainda na maternidade, em recém-nascidos com peso maior ou igual a 2 kg.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4557378/mod_resource/content/0/Cuidados%20imediatos%20e%20mediatos.pdf
Mariana Demetrio
O RN é um ser frágil e suscetível a diversos agravos neonatais durante a transição da vida intrauterina para a extrauterina. Nesse período, alguns cuidados são essenciais para que a transição ocorra de forma tranquila e segura.
Reanimação Neonatal Efetiva
A asfixia perinatal é a principal causa de óbito no período neonatal precoce, e cerca de 10% dos RN necessitam de ajuda para iniciar a respiração efetiva ao nascer. A intervenção e a oxigenação pulmonar no primeiro minuto de vida (golden minute) diminuem significativamente a mortalidade neonatal e possíveis sequelas neurológicas.
Manutenção da Normotermia
A hipotermia é um fator de risco independente para aumento da mortalidade neonatal. A temperatura do RN deve ser mantida entre 36,5 e 37,5º C, evitando-se a hipo ou a hipertermia. Para isso, são usados mecanismos como manter a temperatura da sala de parto entre 23 e 26º C, utilização de campos aquecidos e fonte de calor radiante para a recepção do neonato, touca dupla e saco plástico para a recepção dos RN com com menos de 34 semanas de IG e/ou com menos que 1.500 g, e incubadora previamente aquecida para o transporte.
Amamentação na Primeira Hora de Vida
A amamentação na primeira hora de vida estreita o vínculo mãe-bebê, possibilitando um cuidado mais adequado ao RN após a alta hospitalar. Também contribui para a apojadura (descida do leite) mais precoce e maior facilidade na amamentação, aumentando de forma significativa os índices de amamentação exclusiva e por maior tempo. Devem ser fornecidos apoio e orientação à mãe durante o pré-natal e após o nascimento sobre a pega correta, apojadura, tratamento de fissuras, frequência e demais dúvidas quanto à amamentação.
Identificação/ prevenção de InfecçõesA aplicação de antisséptico em coto umbilical pode reduzir a mortalidade em 23% e a incidência de onfalite em até 56%. A identificação de fatores de risco, como mãe colonizada por Streptococcus agalactiae do grupo B, bolsa rota mais de 18 horas antes do parto e corioamnionite ou infecção materna são condições que devem ser investigadas e o RN sob risco deve ser rigorosamente monitorado e tratado em caso de qualquer alteração clínica e/ou laboratorial.
Exame Clínico Detalhado
Todo RN deve ser cuidadosamente examinado ao nascimento e após 12 horas de vida, para pesquisa de alterações estruturais e neurológicas. Vômitos frequentes, primeira diurese após 24 horas de vida e evacuação após 48 horas são indicativos de possíveis malformações e devem ser investigados.
Perda de Peso
O RN deve ter o peso monitorado, sendo normal a perda de até 10% do peso do nascimento nos primeiros dias de vida. Em caso de perdas excessivas, fatores como problemas na pega, baixa ingesta ou produção láctea e sonolência excessiva do RN devem ser investigados e corrigidos. A diurese deve ser monitorada e há o aumento no risco de hipoglicemia. Espera-se que o peso do nascimento seja recuperado entre o 7º e o 10º dia de vida.
Triagem Neonatal
Alguns exames devem ser realizados em todo RN antes da alta hospitalar. O teste do pezinho, integrante do Programa Nacional de Triagem Neonatal, tria doenças como hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita. Também devem ser realizados o teste da oximetria para triagem de cardiopatias congênitas, o teste da orelhinha (emissões otoacústicas) para screening de déficit auditivo, o reflexo do olho vermelho para pesquisa de leucocoria e o teste da linguinha para pesquisa de freio lingual curto.
Outros
Outras afecções neonatais, como desconforto respiratório precoce, hipoglicemia, policitemia e icterícia neonatal, devem ser prontamente identificadas e tratadas.
Referência:
Neonatologia 2a ed. (Coleção Pediatria), Werther Brunow de Carvalho
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9786555762426
Mariana Prusse
- Estima-se que mais de 70% dos óbitos neonatais ocorrem por causas evitáveis, especialmente por inadequada atenção à gestante, ao parto, ao nascimento e ao recém-nascido.
- Os cuidados pós-natais são, portanto, de importância indescritível para o desenvolvimento e até mesmo a sobrevivência do recém-nascido, especialmente pelo fato de o mesmo possuir distintas vulnerabilidades, por conta de riscos biológicos, ambientais, socioeconômicos e culturais inerentes a essa fase da vida. Nessa diretiva, esse período transicional deve envolver a realização de cuidados habituais e cotidianos, como nutrição, higiene e proteção, com segurança, qualidade e autonomia no contexto sociofamiliar.
- Uma experiência pós-natal positiva é definida como aquela em que mulheres, recém-nascidos, parcerias, pais, cuidadores e famílias recebem informações, garantias e apoio de uma maneira consistente de profissionais de saúde, em que um sistema de saúde flexível e com recursos reconheça as necessidades de mulheres e bebês e respeite seu contexto cultural. 
Recomendações da OMS sobre cuidados maternos e neonatais para uma experiência pós-natal positiva
https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/354560/9789240048515-por.pdf?sequence=1
- Esta diretriz atualiza e expande as WHO recommendations on postnatal care of the mother and newborn (recomendações sobre cuidados pós natal da mãe e do recém-nascido da OMS) de 2014 e complementa as diretrizes existentes da OMS sobre o manejo de complicações após o nascimento. 
- Esta é uma diretriz consolidada de recomendações novas e existentes sobre cuidados pós-natais de rotina para mulheres e recém-nascidos que recebem cuidados pós-natais baseados na comunidade ou em qualquer cenário de recursos. Ela fornece um conjunto abrangente de recomendações para cuidados durante o período pós natal, focado no pacote essencial que todas as mulheres e recém-nascidos devem receber, com a devida atenção à qualidade do atendimento; ou seja, a prestação e experiência de cuidados. 
Banho
- Segundo a OMS e a SBP, este cuidado deve ser realizado depois que houver estabilidade térmica e cardiorrespiratória, não antes de 24 horas de vida, sendo o banho de imersão o mais indicado, com água morna (temperatura ideal entre 35-36 ºC), permitindo menor perda de calor e oferecendo mais conforto ao bebê, não devendo imergir cabeça e pescoço.
- O banho deve ser curto, de cinco a dez minutos, enquanto a frequência varia de acordo com a cultura local. Porém, recomenda-se que ocorra aproximadamente duas vezes por semana até o bebê começar a engatinhar, desde que se realize a higiene das pregas, cordão e área de fraldas. A banheira, durante o banho, deve ser colocada em superfície rígida, em local fechado e aquecido, e desinfetada antes e após seu uso. O banho como parte da rotina noturna pode ser vantajoso na melhoria do sono e do humor dos bebês.
- Quanto aos agentes de limpeza, estes devem ser suaves, sem fragrância e não irritativos à pele e olhos do bebê. Ainda, devem ser sintéticos (Syndets), com um pH neutro, ou levemente ácido, entre 4.5 e 7.0, para não alterar o manto ácido protetor da superfície cutânea. Sabonetes glicerinados podem retirar água da pele causando ressecamento e irritação cutânea. Podem ser usados sabonetes líquidos ou em barra, desde que respeitem tais recomendações.
- Práticas advindas de crenças populares, como uso de Povidine, coentro de ervas, faixa e moeda no coto umbilical, não são recomendadas, diante da ausência de benefícios ao bebê e aumento no risco de infecções, como onfalites e suas complicações. Ainda, terapia à base de plantas pode causar reações, sendo a dermatite alérgica de contato a mais comum, enquanto o uso do iodopovidona apresenta toxicidade, podendo causar hipotireoidismo. 
Coto umbilical
- As recomendações variam de acordo com cada país. Em países desenvolvidos, com baixa taxa de mortalidade neonatal, recomenda-se a técnica dry care, ou seja, coto limpo e seco, tendo em vista o risco reduzido de infecções. Já em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil, com taxas de infecção e de mortalidade neonatal elevadas, recomenda-se a aplicação de solução antisséptica. Evidências significativas apontam que a aplicação tópica de clorexidina a 4% no coto umbilical é a mais indicada, visto seu impacto na redução de infecções, inclusive a onfalite, e na mortalidade neonatal.
- Contudo, em território brasileiro, o preconizado, pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), é que ao final do banho, realizado com água e sabão neutro, deve-se secar o coto e em sua base aplicar álcool 70%, e também a cada troca de fralda, a fim de acelerar a mumificação e queda do mesmo, sendo este tipo de cuidado o mais recorrente nas falas. No entanto, álcool 70% não propicia a secagem, tem efeito antibacteriano menor que os outros antimicrobianos, atrasa a queda do cordão, além de poder acarretar necrose hemorrágica cutânea e níveis séricos com toxicidade, diferente da clorexidina, que tem absorção sistêmica sem efeitos tóxicos. Contudo, é um produto de baixo custo e fácil acesso, o que difundiu a sua utilização.
Higiene do bebê
- Os produtos cosméticos (perfumes, sabonetes e shampoos), em geral, devem ser evitados, visto que sua maioria possui substâncias potencialmente tóxicas e prejudiciais à pele do bebê, podendo desencadear processos alérgicos, e o álcool presente nestas soluções pode causar queimadura, principalmente nos bebês de baixo peso.
- A utilização do talco também não é recomendada em bebês, pelo risco de inalação acidental, que pode causar edema e a inflamação da mucosa brônquica e evoluir para lesão pulmonar aguda típica.
- As fraldas, preferencialmente descartáveis, devem ser trocadas com frequência para que fiquem limpas e secas. Higiene do períneo com água morna e algodão sem sabonete é suficiente na limpeza diária da urina.Para as fezes, indica-se o uso de sabonetes com o mínimo de perfume. Lenços umedecidos apesar de práticos, não são recomendados pelo risco de remover o filme lipídico da pele e causar sensibilização, o que pode gerar lesões. O uso rotineiro de preparações tópicas para prevenir dermatite de fralda não é necessário para crianças com a pele normal, pois seus componentes têm o potencial de causar sensibilização de contato, irritação e/ou toxicidade percutânea.
- As unhas dos bebês devem ser mantidas limpas e curtas, com a utilização de tesoura sem ponta específica para essa população, para evitar lesões na pele.
- Quanto às roupas do bebê, estas devem ser lavadas separadamente com sabão neutro. Ainda, higiene das mãos do cuidador, com água e sabão ou solução alcoólica, ao manusear o coto umbilical ou ao trocar as fraldas são medidas essenciais e benéficas na redução das infecções.
- Desde os primeiros dias de vida, a adoção de cuidados com a saúde bucal deve ser estimulada, a fim de prevenir o aparecimento de doenças bucais na primeira infância. Dessarte, a higiene oral do recém-nascido deve ser realizada diariamente com água filtrada e gaze/fralda limpa.
2. Descreva o teste APGAR (o que é, critérios e interpretação)?
Isa
Classificação de Apgar
O recém-nascido é avaliado quanto a sua vitalidade através dos índices da Dra. Virgínia Apgar, onde os elementos avaliados permitem se ter uma ideia do estado da criança ao nascer. O Escore de Apgar é utilizado para avaliação do recém-nascido quanto a sua adaptação à vida extra-uterina no primeiro e quinto minuto de vida. São dadas notas de 0, 1 ou 2 para cada parâmetro, dependendo se estes estão presentes ou não, onde são avaliados ritmo cardíaco, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor, e o somatório de notas dos 5 itens resulta no Escore de Apgar. 
· Um apgar de sete a dez, significa que a criança está bem;
· De quatro a seis, que requer vigilância e talvez reanimação;
· E quando é abaixo de quatro, são necessárias providências imediatas para a reanimação do recém-nascido. 
Caso a avaliação do 5 minuto resulte num apgar inferior a 7, novas avaliações são feitas de 5 em 5 minutos até aproximadamente o 20 minuto de vida ou até que o neonato atinja o escore 7.
Os batimentos cardíacos após o nascimento devem ser regulares e rápidos, onde irregularidades são sinais de alerta. A maneira mais rápida de se verificar a frequência cardíaca no recém-nascido é apalpando o cordão umbilical. 
O recém-nascido deve chorar quase ou imediatamente após o nascimento, de maneira espontânea, apresentando um choro vigoroso, que é facilmente diferenciável dos gemidos, que são patológicos. 
A respiração deve ser rápida, ampla, silenciosa, regular, sem triagens e sem ruídos anormais. 
O tônus deve ser tônico, com os membros em ligeira flexão, os movimentos do recém-nascido são vigorosos e dão uma impressão de elasticidade e firmeza. 
A coloração do recém-nascido deve ser de tom rosado, o que indica boa oxigenação; palidez ou cianose são sinais anormais. Este último parâmetro é pouco satisfatório, devido a todos os recém-nascidos nascerem com um certo grau de cianose, sendo que o desaparecimento depende diretamente do esforço respiratório e ritmo cardíaco.
Referência: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/107770/000556239.pdf?sequence=1&isAllowed=y#:~:text=As%20principais%20adapta%C3%A7%C3%B5es%20do%20neonato,principalmente%20devido%20a%20problemas%20maternos.
GABY
Mariana Demetrio
3. Caracterizar o RN quanto aos aspectos de peso (PIG, AIG, GIG e suas causas), comprimento e idade gestacional (pré-termo, a termo e pós-termo).
Bruna
→Medidas antropométricas do RN
· PC (perímetro cefálico): 33-35 cm
· PT (perímetro torácico): 30,5 a 33 cm
· Estatura: 48 a 53 cm
· Peso: 2500 g a 4000 g (perda de 10% do peso na 1º semana de vida)
→Classificação quanto à idade gestacional
Qualquer dos métodos usados para obter a idade gestacional permite classificar os RN em:
· Prematuros: idade gestacional inferior a 37 semanas 
· A termo: idade gestacional entre 37 e 41 semanas e 6 dias 
· Pós-termo: idade gestacional igual ou maior que 42 semanas 
→Classificação quanto ao peso de nascimento
· RN baixo peso: RN com peso< 2.500g 
· RN muito baixo peso: RN com < 1.500g 
· RN de muito muito baixo peso: RN com < 1.000g
→Classificação de acordo com o crescimento intra-uterino 
Quando associamos o peso de nascimento à idade gestacional (IG), o RN é classificado segundo o seu crescimento intra-uterino. Se usa a curva de Lubchenco ( a mais usada) , ainda as curva de Usher ou de Alexander, pode-se classificar os RNs em 3 categorias):
· RN grande para a idade gestacional: Peso acima do percentil 90 - GIG (grande para a idade gestacional)
· RN adequado para a idade gestacional: peso entre o percentil 10 e 90 - AIG. (adequado para a idade gestacional)
· RN pequeno para a idade gestacional: peso abaixo do percentil 10 - PIG (pequeno para idade gestacional). 
REFERÊNCIA
1.Terminologia e classificação do Recém-nascido. Disponível em: https://www.faculdademedicina.ufpa.br/doc/Terminologia%20e%20Classificacao%20do%20Recem%20nascido.pdf . Acesso 06 março 2024.
2.Manual de Assistência ao Recém-nascido. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0104manual_assistencia.pdf . Acesso em 06 março 2024.
3.https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-centro-oeste/hu-ufgd/acesso-a-informacao/pops-protocolos-e-processos/gerencia-de-atencao-a-saude-gas/unidade-multiprofissional/anexo-portaria-117-pop-umul-021-medidas-antropometricas-do-recem-nascido
4.https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3905387/mod_resource/content/1/ExamefisicoRN_04_08_2017. pdf
GABY
CAUSAS -CLASSIFICAÇÃO PIG E GIG
PIG 
Alguns bebês são pequenos porque seus pais são pequenos. No entanto, muitos casos de PIG ocorrem devido a problemas relacionados ao crescimento do bebê durante a gravidez. 
Cerca de 30% dos fetos têm restrição de crescimento uterino (RCIU), ou seja, não recebe os nutrientes e o oxigênio necessários para desenvolvimento completo dos órgãos e tecidos.
Fatores de risco ligados a doenças da mãe
· Pressão alta;
· Doença renal crônica;
· Diabetes avançada;
· Doença cardíaca ou respiratória;
· Desnutrição;
· Anemia;
· Infecção;
· Uso de álcool e/ ou drogas;
· Tabagismo.
Fatores de risco relacionados à placenta e ao útero
· Redução do fluxo de sangue no útero e na placenta;
· A placenta se desprende do útero (descolamento da placenta);
· A placenta se adere à parte inferior do útero (placenta prévia);
· Infecção nos tecidos ao redor do feto.
Fatores de risco que envolvem o feto
· Gestação múltipla (gêmeos ou mais);
· Infecção;
· Problemas que surgem durante a gravidez (congênitos);
· Anormalidade cromossômica.
GIG
Um recém-nascido grande pode ser um bebê normal que simplesmente é grande, porque os pais são grandes. Contudo, às vezes, determinados problemas na mãe fazem com que o bebê seja grande para a idade gestacional.
A causa mais comum de recém-nascidos GIG é
· Diabetes na mãe
Outros fatores de risco para recém-nascidos GIG incluem 
· Obesidade materna
· Ter tidos outros bebês GIG
· Anomalias genéticas ou síndromes (por exemplo, a síndrome de Beckwith-Wiedemann ou a síndrome de Sotos)
· Ganho de peso excessivo durante a gestação (o feto recebe mais calorias conforme o peso da mãe aumenta)
A razão para o crescimento excessivo do feto varia, mas é principalmente causada por uma abundância de nutrientes juntamente com hormônios no feto que estimulam o crescimento. Em gestantes com diabetes mal controlada, uma grande quantidade de açúcar (glicose) atravessa a placenta (o órgão que proporciona nutrição ao feto), o que resulta em níveis elevados de glicose no sangue do feto. A presença de níveis de glicose elevados desencadeia um aumento da liberação do hormônio insulina pelo pâncreas do feto. O aumento do nível de insulina provoca uma aceleração do crescimento do feto e inclusive de quase todos os órgãos com exceção do cérebro, que cresce normalmente.
A classificaçãodo estado nutricional do RN é importante para identificar aqueles com risco para hipoglicemia e policitemia nos GIGs . Nos PIGs ocorrem hipoglicemias, anomalias congênitas e infecções congênitas ( e.g toxoplasmose, rubéola , sífilis ).
Referência:
1. Guedes RRL, Soares JMA, Pinheiro MB, Fontes JS. Perfil de prematuridade e adequação neonatal de peso em maternidade de Minas Gerais e comparação com literatura médica. Pediatra. 2022;12(1):1-7 DOI: 10.25060/residpediatr-2022.v12n1-265
2. http://www.faculdademedicina.ufpa.br/doc/Terminologia%20e%20Classificacao%20do%20Recem%20nascido.pdf
Mariana Demetrio
PIG
· Características Físicas
O RNPIG não constitucional ou com RCIU grave tem aspecto físico característico: apresenta quantidade reduzida de tecido adiposo, parecendo magro em relação aos demais RN, principalmente se o peso for mais comprometido que o comprimento. Também é comum apresentar desproporção cefalocorporal, globos oculares salientes e tremores ao manuseio, ser agitado e bastante voraz.
· Morbidades Mais Frequentes e Cuidados
A asfixia perinatal é comum, com maior taxa de óbito fetal, sendo imprescindível a presença de profissionais capacitados para a realização de todos os passos para a reanimação neonatal. Aspiração de líquido amniótico meconial e hipotermia/hipertermia ocorrem com frequência. Baixa ingesta, policitemia, hipoglicemia, hipocalcemia, hipomagnesemia e hiperbilirrubinemia são eventos que podem ocorrer. A detecção precoce da hipoglicemia é crucial para evitar complicações e sequelas futuras. Desse modo, a investigação deve ser sistemática e rigorosa, devendo ser tratada prontamente.
A ocorrência de intolerância alimentar com distensão abdominal e resíduos gástricos não é rara nestes RN, que podem desenvolver enterocolite necrosante, principalmente os mais prematuros ou com RCIU grave.
· Prognóstico
O acompanhamento pós-alta neonatal de RNPIG ou RN com RCIU deve ser realizado por profissional experiente, levando em consideração os riscos de morbidade futura, dependendo da causa da alteração do crescimento. Muitas crianças permanecerão abaixo do crescimento esperado por tempo variável, mesmo que os cuidados maternos sejam adequados e que não haja intercorrências clínicas que justifiquem este desvio.
Estudos têm alertado sobre possíveis repercussões metabólicas em longo prazo para os RN com RCIU, como se ocorresse uma programação para o futuro. Há maior risco para doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, resistência à insulina e dislipidemia.
GIG
· Características Físicas
Ao examinar o RNGIG, deve-se dar especial atenção às características que possam conduzir ao diagnóstico etiológico e também devem-se buscar eventuais alterações que possam ser consequências do crescimento fetal excessivo. 
Deve-se observar a face, as suturas, a fontanela bregmática e as conjuntivas, procurando por lesões traumáticas e malformações. 
Clavículas e úmeros devem ser cuidadosamente investigados para a presença de fratura, bem como deve-se procurar por sinais de paresia ou paralisia. Pletora, icterícia, tremores, taquipneia, cianose e alterações de temperatura devem ser cuidadosamente controlados e tratados de modo adequado.
· Morbidades Mais Frequentes
Além de implicar maior risco à mãe, em razão das lacerações, sangramentos e índice maior de partos cesáreos, o RNGIG tem maior risco de trauma durante o parto, lesão de plexo braquial (paralisia de Erb), cardiomiopatia, malformações congênitas, fraturas de clavícula e úmero, distocia de ombro, asfixia perinatal, distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia), hipoglicemia, policitemia com risco de doença de hiperviscosidade, trombose de veia renal, hipertensão pulmonar persistente e hiperbilirrubinemia, entre outras complicações. 
Referência:
Neonatologia 2a ed. (Coleção Pediatria), Werther Brunow de Carvalho
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9786555762426
4. Por que os bebês costumam perder peso pós-parto (aspectos fisiológicos)?
Décio
Ø Durante o parto, os bebês podem perder líquido do corpo (10%), incluindo água e fluidos amnióticos, especialmente se houver trabalho de parto prolongado ou intenso. Recupera em torno de 10 dias.
Ø Após o nascimento, os bebês geralmente passam por um período de eliminação do mecônio, que é uma substância escura e pegajosa que se acumula nos intestinos durante a gestação.
Ø Nos primeiros dias após o nascimento, os bebês estão se adaptando à amamentação e podem consumir quantidades menores de leite materno do que o necessário para satisfazer suas necessidades calóricas.
Ø Após o nascimento, os bebês passam por mudanças na regulação do volume de líquidos e eletrólitos no corpo, o que pode afetar o peso corporal. Essas mudanças são parte do processo de adaptação à vida fora do útero.
Ø Nos primeiros dias de vida, o metabolismo dos recém-nascidos está se ajustando para atender às suas necessidades energéticas.
Referência: Tricia Lacy Gomella, M. Douglas Cunningham, Fabien Eyal, e Deborah M. Consolini. "Neonatology: Management, Procedures, On-Call Problems, Diseases, and Drugs". 6a Edição. Editora LANGE, 2011.
Marcos
Quase todos os RNs perdem peso durante os primeiros dias após o nascimento, independente de receberem leite materno (LM) direto do peito ou uma FI. Existem razões que necessitam ser consideradas para a ocorrência dessa perda de peso nos primeiros dias após o nascimento, devendo as mesmas serem criteriosamente compreendidas para uma boa avaliação.
a. Ao nascimento ocorre redistribuição dos volumes corporais de água, com redução do volume extracelular e aumento do volume intracelular, deste modo há perda da água corporal total que resultará em significativa perda de peso. Considerando-se que a composição hídrica nesta fase é em torno de 70%, a perda de peso tem grande correlação com a perda hídrica.. O volume de alimentação relativamente baixo durante as primeiras horas de vida coincide com a diurese fisiológica do excesso de líquido extracelular que acompanha a transição da vida pré-natal para a pós-natal;
b. O estresse do nascimento libera grandes quantidades de hormônio antidiurético, o que colabora para o balanço hídrico negativo;
c. O uso do tecido adiposo do RN, como fonte de energia, impacta na perda ponderal dos primeiros dias;
d. Reduzida capacidade gástrica: O leite materno inicialmente proporciona o “líquido necessário” para repor as perdas insensíveis do RN (2/3 são trans epidérmicas).O esvaziamento gástrico neste período tem caracteristicamente hipomotilidade pós-prandial o que contribui para a adaptação a pequenos volumes ingeridos de leite e regurgitações nas primeiras horas após o nascimento;
e. Uso de ocitocina sintética: a administração de ocitocina durante o parto é habitualmente realizada em muitos países pelos resultados benéficos para a mãe; porém poucos estudos têm investigado os efeitos na amamentação. Há evidências que a ocitocina exógena pode passar através da placenta para a circulação fetal. Estudo de coorte retrospectivo sugere influência negativa sobre a amamentação na primeira hora, em mulheres que usaram ocitocina sintética, que em associação com índice de massa corporal materno aumentado contribuiu para prejuízo no AM aos 3 meses. Os achados são relacionados à inibição dos reflexos primitivos dos RN, com prejuízos imediatos sobre a amamentação. Esta correlação não parece ser dependente da dose. O adiamento para o estabelecimento do AM pode impactar em maior perda ponderal;
f. Alguns autores fazem correlação entre o volume de líquidos intravenosos oferecidos à mãe no pré-parto e o impacto na maior perda de peso do RN, sobretudo quando a infusão é volumosa. Isso sugere que a administração de fluidos intraparto pode causar expansão do volume fetal e maior perda de fluidos após o nascimento, embora outros mecanismos sejam possivelmente envolvidos;
g. A cesariana é um fator de risco conhecido para maior perda de peso entre os RNs. Existe um mecanismo conhecido que explica essa associação relacionado a problemas com a amamentação, devido ao retardoda lactogênese II (copiosa produção de leite) iniciando-se no 2o ou 3o dias após o nascimento. Estudo japonês recente considerou, além da cesariana, a idade materna mais avançada e a primiparidade como fatores de risco independentes para a perda excessiva de peso em RNs a termo amamentados;
h. O clampeamento oportuno do cordão está relacionado a aumento de peso do RN, impactando na variação maior de perda de peso;
Considerações sobre: tipo de agasalho utilizado pelo RN, temperatura ambiente, modo de aferição (tipo de balança e tara) e horário da pesagem diária, podem interferir na fidedignidade da perda de peso.
Referências:
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Aleitamento Materno. Guia Prático de Atualização - Aleitamento Materno; 2020.
RUAN : 
Os recém-nascidos perdem peso corporal após o nascimento porque perdem líquidos pela respiração, fezes, urina e alimentação inadequada. 
A perda de peso corporal é fisiológica quando é inferior a 8–10% nos primeiros dias de vida. 
É importante a avaliação do peso corporal durante as primeiras 24 horas que deve ser inferior a 5%. 
Se um recém-nascido perder mais de 10% do peso corporal em um dia, pode ocorrer um estado de desidratação. Embora alguns recém-nascidos saudáveis ​​tolerem uma perda de peso de até 12%, o limite superior de segurança de 10% exclui praticamente todas as chances de desidratação e hipernatremia. 
 
A separação da mãe, a exposição a procedimentos dolorosos, mas também intervenções de rotina, como o exame físico, aumentam o estresse do recém-nascido. A medição do cortisol salivar no recém-nascido, portanto, tem sido usada para melhor compreender e prevenir as condições estressantes que podem ter efeitos colaterais a longo prazo. 
Neste estudo testamos a hipótese de que a perda de peso corporal nos primeiros dias de vida está associada ao aumento dos níveis de cortisol em recém-nascidos a termo. O objetivo secundário foi determinar o valor da perda de peso corporal associada ao aumento do nível de cortisol salivar.
Conclusão:
Nosso estudo relata pela primeira vez uma correlação entre perda de peso e níveis de cortisol em bebês a termo saudáveis. Os dados sugerem uma relação entre perda de peso e estresse e vulnerabilidade nos recém-nascidos. A perda de peso pode atuar como estímulo extrínseco após o nascimento, influenciando os ritmos diurnos de cortisol em recém-nascidos, seja através do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal ou do sistema autônomo. Estudos futuros são necessários para compreender melhor os mecanismos potenciais subjacentes aos efeitos hipotéticos da resposta do cortisol induzida pela perda de peso.
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2667009722000276#:~:text=Introduction,the%20first%20days%20of%20life.
5. Mecanismo de termorregulação neonatal.
 CAMILE
A capacidade de manter constante a temperatura corporal quando a temperatura ambiental varia (homeotermia) é limitada no RN, e o estresse do frio ocorre quando a perda de calor excede a capacidade de produção.
O controle térmico depende da idade gestacional e pós-natal, do peso de nascimento e das condições clínicas do RN.
Quanto menor a idade gestacional e pós-natal e pior o estado clínico do RN pré-termo, maior será a necessidade de suporte térmico ambiental para mantê-lo normotérmico.
	Aumento da perda
	Diminuição da produção
	• Maior área de superfície corporal
• Epiderme não queratinizada
• Maior água extracelular (mais evaporação)
 • Maior quantidade de tecido subcutâneo
• Menor capacidade de vasoconstrição cutânea
• Baixa temperatura ambiental
	• Menor estoque de gordura marrom
• Menor resposta termogênica por hipóxia, restrição do crescimento intrauterino e doenças
• Menor mobilização de noradrenalina e ácidos graxos livres
• Consumo de O2 limitado por problemas pulmonares
Peculiaridades da termorregulação no feto e no RN
O ambiente intrauterino é termoestável e o controle térmico fetal é dependente da mãe. O feto tem taxa metabólica basal elevada e produz duas vezes mais calor por unidade de peso corporal que o adulto. Assim, a temperatura fetal é 0,5 a 1oC maior que a da mãe, estabelecendo um gradiente que propicia a transferência de calor do feto para o organismo materno.
O calor fetal é eliminado predominantemente (85%) pela circulação placentária. Apenas 15% é eliminado pela pele fetal para o líquido amniótico e deste para a parede uterina. Assim, o organismo materno é um reservatório de calor para o feto. Por esse motivo, é importante alertar para algumas situações que podem aumentar a temperatura materna e fetal no parto, como: trabalho de parto prolongado, rotura prolongada de membranas, corioamnionite, infecção urinária e anestesia peridural, enquanto que na cesariana pode haver diminuição da temperatura materna e, consequentemente, do feto.
Ao nascimento, a transição do ambiente intrauterino, com temperatura em torno de 37,5o C, para o ambiente seco e frio da sala de parto, propicia importante perda de calor por evaporação e por convecção. Se não houver intervenção, a temperatura cutânea do RN diminui rapidamente, em torno de 0,3oC por minuto. Essa queda desencadeia resposta termorregulatória mediada pelo sistema nervoso simpático com liberação de noradrenalina nas terminações nervosas da gordura marrom, com liberação do hormônio estimulante da tireoide. Os hormônios tireoidianos, especialmente a triiodotironina (T3), atuam de forma sinérgica com a noradrenalina promovendo a oxidação de ácidos graxos livres e o aumento de uma proteína designada termogenina, resultando em produção de calor, porém com grande consumo de energia.
A termogênese química é o principal mecanismo de produção de calor no RN.
A gordura marrom deposita-se em alguns locais específicos, como tecido subcutâneo nucal, mediastino, axilas e regiões interescapulares, perivertebral e perirrenal. É altamente vascularizada (por isso sua coloração escura) e, embora esteja presente em fetos de 25 semanas de gestação, sua atividade metabólica é muito reduzida antes de 32 semanas de gestação.
A termogênese química é fortemente influenciada pelo grau de oxigenação e está bastante diminuída em RNs pequenos para a idade gestacional.
Além da prematuridade, a hipóxia e a restrição do crescimento intrauterino são condições que comprometem a termogênese neonatal e aumentam o risco de hipotermia.
Referências: 
· https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-da-crianca/publicacoes/atencao-a-saude-do-recem-nascido-guia-para-os-profissionais-de-saude-vol-iv/view
Bruna
Victor
Evaporação: corresponde à perda insensível de água pela pele. É a principal forma de perda de calor em RN prematuros, especialmente ao nascimento e nos primeiros dias de vida, sendo inversamente proporcional às idades gestacional e pós-natal. As principais causas dessa perda são pele ou cobertas molhadas e baixa umidade do ambiente ou do ar inspirado. É especialmente importante para crianças em berços aquecidos.
Radiação: Trata-se da perda de calor do RN para objetos ou superfícies mais frias que não estão em contato com ele. A principal causa dessa perda é a grande área da pele exposta a ambiente frio, o que pode ocorrer no RN despido em incubadora, que perde calor para as paredes da mesma. A utilização de incubadoras de parede dupla para RN pré-termo pequeno minimiza este efeito. É por este mecanismo que os berços aquecidos fornecem calor aos bebês.
Convecção: Forma pela qual ocorre perda de calor da pele do RN para o ar ao seu redor. O principal fator desencadeante dessa perda é o fluxo de ar frio na pele ou mucosas. A manutenção das portinholas das incubadoras fechadas, assim como a lateral dos berços aquecidos levantadas, são importantes métodos de prevenção deste tipo de perda de calor. 
Condução: Trata-se da perda de calor do RN para a superfície fria em contato com ele. Geralmente essa perda é pequena, pois os RN são colocadosem superfícies aquecidas.
Referência: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/30146/controletermico-180906183840.pdf?sequence=2 
O neonato se defende da perda de calor através dos mecanismos de controle vasomotor, na qual ocorre uma vasoconstrição periférica, conservando o calor, ou uma vasodilatação periférica, dissipando o calor; isolamento térmico, favorecida pela presença de gordura subcutânea; atividade muscular, que aumenta a produção de calor; e termogênese sem calafrios, através da lipólise da gordura marrom. A instabilidade térmica tem como fatores de risco a prematuridade, anomalias congênitas, septicemia, asfixia, hipóxia, comprometimento do SNC, aporte nutricional e calórico inadequado, diminuição dos movimentos voluntários, imaturidade do sistema de controle térmico e quantidade de tecido subcutâneo insuficiente
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/107770/000556239.pdf?sequence=1&isAllowed=y#:~:text=As%20principais%20adapta%C3%A7%C3%B5es%20do%20neonato,principalmente%20devido%20a%20problemas%20maternos. 
RUAN:
NE = noradrenalina
FFA = ácidos graxos livres
UCP-1 = proteína desacopladora mitocondrial 1
http://www.cmnrp.ca/uploads/documents/Newborn_Thermoregulation_SLM_2013_06.pdf
Isa
Manutenção da temperatura corporal do recém-nascido 
Como recursos para obter esse ambiente de termoneutralidade, podemos destacar:
· Incubadora aquecida: O uso da incubadora aumenta a capacidade do recém-nascido em manter uma temperatura adequada e reduz o gasto energético relacionado à regulação de calor. Entretanto, a temperatura interna da incubadora se altera cada vez que as portinholas são abertas, devendo-se abri-las o mínimo possível. A temperatura da incubadora é controlada através da temperatura do ar e do sensor de temperatura cutânea abdominal, que permite o ajuste automático do calor (BRASIL; HOCKENBERRY, WILSON,2014).
A incubadora de parede simples possui temperatura de parede 2 a 4oC menor que a temperatura do ar em seu interior, o que proporciona a perda de calor por radiação. Dessa forma, é recomendada a utilização de incubadoras com parede dupla. Nestas a parede interna rodeada por ar quente diminui a perda de calor por radiação. Proporcionando estabilidade térmica. Existe outro tipo de incubadora, mais sofisticada, com sistema de vaporização, a incubadora umidificada. Esta proporciona temperatura e umidificação elevada, sem condensar água, sendo a opção mais indicada para RNs prematuros (pela necessidade de temperatura ambiente mais elevada)
· Berço aquecido (calor radiante): Este é geralmente utilizado para a recepção de RN prematuro na unidade neonatal, como também para realização de procedimentos. Quando em uso, deve-se monitorizar a temperatura do RN. O berço aquecido emite radiação infravermelha que é facilmente absorvida pela pele do RN e então será transformada em calor. Essa temperatura provoca aumento de perda de água pela pele, devendo então cobrir o RN com campo aquecido ou cobertor para minimizar a perda.
· Aquecimento da sala de parto; película transparente para aquecimento da cabeça, mãos e pés; bolsa de polietileno; exposiçãodo RN a fonte de calor radiante, entre outras, devendo-se ter o cuidado de evitar a hipertermia (> 37,5oC), pois pode causar lesão cerebral em RNs com histórico de hipoxemia.
Referência: https://www.repositorio.ufal.br/bitstream/riufal/6312/3/Termorregula%C3%A7%C3%A3o%20do%20Rec%C3%A9m-nascido%20nas%20primeiras%20horas%20de%20vida%20em%20Unidade%20Neonatal.pdf
LUCAS
Ao nascer, os bebês emergem cobertos de líquido, resultando em potencial perda de calor por evaporação. Se os recém-nascidos não forem mantidos pele a pele ou enrolados em um cobertor quente, pode ocorrer hipotermia devido à condução, convecção e perdas de calor radiante. Em relação às crianças mais velhas, os neonatos apresentam maior área de superfície corporal, capacidade limitada de gerar calor por meio de tremores e diminuição da gordura subcutânea para isolamento.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4987541/ 
Fetal Physiology and the Transition to Extrauterine Life
Sarah Morton, MD, PhD and Dara Brodsky, MD
5. Quais são as adaptações fisiológicas do bebê ao ambiente extrauterino? Como tratá-las?
Isa
Antes do nascimento, o feto é absolutamente dependente da mãe para suas funções vitais. Após o nascimento, o clampeamento do cordão umbilical, o recém-nascido necessita assumir as funções fisiológicas, antes realizadas pela placenta, passando pelo período de transição, que compreende suas primeiras 24 horas de vida. A maioria dos bebês tem seu processo de transição cumprido nas primeiras 4 a 6 horas de vida.
Para a grande parte dos recém-nascidos, a transição para a vida extra-uterina é suave e sem intercorrências, mas para alguns, é retardada ou difícil. O período imediato após o nascimento representa um dos mais difíceis do ciclo da vida humana, evidenciado pelo fato de que mais de 50% da mortalidade infantil, acontece no período neonatal. E metade dos óbitos ocorridos do 28 dia de vida até um ano de idade, são decorrentes de problemas sofridos neste período.
Após o nascimento, ocorrem simultaneamente em todos os sistemas corporais do recém-nascido, ajustes fisiológicos dos sistemas orgânicos, e viabilidade do concepto dependerá de sua rápida e adequada adaptação à vida extra-uterina, onde as principais e imediatas adaptações da transição são a respiratória, a circulatória e a térmica.
Adaptação cardiovascular
A partir do pinçamento do cordão umbilical: 
· Desaparecimento da circulação materno-fetal;
· aumento do fluxo sanguíneo pulmonar;
· fechamento dos shunts fetais.
Quando o cordão umbilical é clampeado e o neonato tem sua primeira respiração, a resistência vascular sistêmica aumenta e o fluxo de sangue através do ducto arterioso declina. A maior parte do débito ventricular direito flui através dos pulmões favorecendo o retorno venoso pulmonar para o átrio esquerdo. Em resposta a um volume sanguíneo aumentado no coração e nos pulmões, a pressão atrial esquerda se eleva. Combinada com a resistência sistêmica elevada, essa elevação de pressão resulta em fechamento funcional do forame oval. Dentro de vários meses, o forame oval sobre fechamento anatômico. A instalação do esforço respiratório e os efeitos do aumento de pressão parcial de oxigênio arterial causam uma constrição do ducto arterioso, que fecha funcionalmente 15 a 24 horas após o nascimento. Em torno da terceira a quarta semana, esse desvio sofre fechamento anatômico. O clampeamento do cordão umbilical para o fluxo sanguíneo através do ducto venoso, fechando funcionalmente essa estrutura. Após o nascimento, a veia e as artérias umbilicais não mais transportam o sangue e se obliteram.
Quadro da Prof. Fabi
Adaptação respiratória
Durante a gravidez o feto tem seu sangue oxigenado e gás carbônico eliminado através da placenta, uma vez que seus pulmões estão inativos. Logo após a expulsão, o recém-nascido deve estabelecer sua respiração, através dos alvéolos, substituindo o líquido pulmonar por ar atmosférico de maneira apropriada no primeiro minuto de vida. 
No decorrer da 24 e 30 semanas de gestação, é produzido surfactante pelas células alveolares, que diminui a tensão superficial, evitando o colabamento dos alvéolos ao término da expiração. Por esse processo, o surfactante faz com que as trocas gasosas sejam facilitadas, a pressão para a insuflação necessária para abertura das vias respiratórias diminuída, a complacência pulmonar melhorada e o esforço respiratório reduzido.
Antes do evento do nascimento, o pulmão permanece repleto de líquido e recebe de 10 a 15% do débito cardíaco total. O início da função respiratória é estabelecida por estímulos químicos, térmicos, físicos e sensoriais, como dor e luminosidade, sendo que a primeira respiração deve ocorrer dentro de 20 segundos após o parto. Após os primeiros minutos de vida, como a expulsão e reabsorção do líquido presente nos pulmões, este enche-se de ar e o fluxo sanguíneoaumenta consideravelmente, cerca de oito a dez vezes.
Com a compressão do tórax ao passar pelo canal vaginal, cerca de um terço do líquido pulmonar é expelido pela boca e nariz, e os dois terços restantes são absorvidos pela circulação pulmonar e sistema linfático, dentro de 6 a 24 horas após o nascimento. Após o nascimento, com a compressão mecânica do tórax e expulsão do líquido pulmonar, ocorre uma descompressão do tórax criando-se assim, uma pressão intratorácica negativa que traz o ar para dentro dos pulmões. A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos ocorre quando o recém-nascido chora, porque o choro cria uma pressão intratorácica positiva, , mantendo os alvéolos abertos e forçando o restante do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático. Após as primeiras respirações, o recém-nascido assume sua atividade ventilatória e de oxigenação, com a substituição do espaço antes ocupado pelos fluidos pulmonares por ar atmosférico.
Ruan:
· Eliminação do fluido pulmonar fetal
Explicação: O cortisol, os hormônios da tireoide e as catecolaminas aumentam e interrompem a secreção ativa mediada por cloreto do líquido pulmonar fetal e ativam a Na + , K + , ATPase basal das células do tipo II no epitélio das vias aéreas. O sódio no líquido pulmonar fetal entra nas superfícies apicais das células do tipo II e é bombeado para o interstício com água e outros eletrólitos seguindo passivamente, removendo assim o líquido das vias aéreas.
Adaptação térmica
Dar uma olhadinha na questão sobre termorregulação!
Outras adaptações
Além das principais e imediatas adaptações à vida extra-uterina - circulatória, respiratória e térmica - o recém-nascido também passa pelas adaptações hepática, renal, digestiva, imunológica, hematopoiética, neurológica e metabólica.
→ SISTEMA HEPÁTICO
O sistema hepático do recém-nascido é imaturo, mas tende a funcionar adequadamente em situações não-patológicas. De acordo com Kenner (2001), o fígado é responsável por:
· Liberação de bilirrubina: a bilirrubina é um subproduto da degradação das hemácias, que à medida que envelhecem, se tornam fragilizadas e são eliminadas da circulação pelo sistema fagocitário, sendo que as proteínas e o ferro são armazenados para uso posterior. Após deixar o sistema fagocitário, a bilirrubina se liga à albumina plasmática e no estado de insolubilidade em água, é chamada de bilirrubina indireta ou não conjugada. Para ser eliminada do organismo, a bilirrubina indireta precisa se tornar insolúvel, sendo então convertida em bilirrubina direta ou conjugada. A conjugação ocorre no fígado, onde a bilirrubina se junta ao ácido glicurônico com o auxílio da enzima glicuronil transferase, gerando bilirrubina hidrossolúvel 
· Coagulação sanguínea: devido a ausência de atividade bacteriana no trato gastrointestinal, o recém-nascido não tem condições de sintetizar a vitamina K (responsável pela ativação de fatores de coagulação) satisfatoriamente, o que torna suscetível a desenvolver hemorragias, principalmente a doença hemorrágica do recém-nascido, que pode ser prevenida pela administração de vitamina K após o nascimento. 
· Metabolismo dos carboidratos: de 4 a 6 horas após o nascimento, a principal fonte de energia do neonato é a glicose, que é armazenada no fígado sob a forma de glicogênio. Nas primeiras 3 horas após o nascimento, devido ao trabalho de parto e, cerca de 90% dessa reserva de glicogênio é utilizada. A reserva de glicogênio pode ser rapidamente diminuída em situações estressantes de hipotermia, hipóxia e alimentação retardad, levando o neonato a um estado de hipoglicemia (taxas sanguíneas inferiores a 40 mg/dL)
· Armazenamento de ferro: o fígado do recém-nascido contém ferro suficiente, numa gestação a termo e desde que a mãe tenha ingerido ferro suficiente, para produzir hemácias até 5 meses de idade.
→ SISTEMA RENAL 
O feto é capaz de produzir urina e contribuir para a produção do líquido amniótico por volta da 10 a 16 semanas de gestação. Ao nascimento, ocorre um aumento da resistência vascular sistêmica e uma diminuição do fluxo renal, o que acarreta uma diminuição do fluxo glomerular. O sistema renal do recém-nascido é um pouco imaturo, o que o torna suscetível, em casos de diarreias e vômitos, à desidratação, acidose e desequilíbrio eletrolítico. Os rins do neonato são ineficazes na secreção de íons de hidrogênio nos túbulos renais para a manutenção do equilíbrio ácido-básico, porque os túbulos renais são curtos e estreitos, inibindo a concentração e acidificação da urina.
→ SISTEMA DIGESTIVO
Após o nascimento, o neonato precisa assumir as funções antes realizadas pela placenta, que inclui o metabolismo da água, proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, a fim de manter o crescimento e desenvolvimento adequados. Mas devido a imaturidade do sistema digestivo, o recém-nascido apresenta dificuldades em metabolizar o alimento, em virtudes de deficiência de enzimas pancreáticas e hepáticas. Apesar do feto poder deglutir líquido amniótico, a coordenação da sucção e deglutição se dá em torno da 35 semana da gestação, assim, um recém-nascido a termo é capaz de sugar e deglutir o leite sem dificuldades. A capacidade gástrica do neonato, após o nascimento, é de 40 a 60 ml (que vai aumentando à medida das alimentações subsequentes); o tempo de esvaziamento gástrico é de 2 a 4 horas, e a peristalse é rapida, por isso o neonato carece de ingesta alimentar em pequenos volumes e com mais frequência. Devido à frouxidão do esfíncter esofágico, o recém-nascido pode apresentar regurgitação da alimentação, que é uma situação transitória e tende a se resolver com o tempo.
Referência: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/107770/000556239.pdf?sequence=1&isAllowed=y#:~:text=As%20principais%20adapta%C3%A7%C3%B5es%20do%20neonato,principalmente%20devido%20a%20problemas%20maternos.
LUCAS
Após o nascimento, a produção de hemoglobina fetal diminui e há um aumento concomitante na produção da cadeia β da hemoglobina, de modo que os níveis normais de hemoglobina adulta são alcançados por volta dos 4 a 6 meses de idade. A exposição ao aumento da oxigenação do ambiente extrauterino leva à diminuição da eritropoietina, levando a taxas mais baixas de eritropoiese no recém-nascido (nadir de aproximadamente 1 mês) em comparação com o feto.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4987541/ 
Fetal Physiology and the Transition to Extrauterine Life
Sarah Morton, MD, PhD and Dara Brodsky, MD
6. Quais os exames de triagem neonatal?
LETÍCIA 
O Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), instituído pelo Ministério da Saúde em 06 de junho de 2001, é uma agenda transversal às políticas de saúde pública e às redes temáticas do SUS. Seu objetivo é promover, implantar e implementar ações com foco na prevenção, no diagnóstico em fase pré-sintomática, na intervenção precoce e no acompanhamento permanente dos pacientes com as doenças incluídas no Programa.
TRIAGEM NEONATAL BIOLÓGICA (TNB) 
É um conjunto de ações preventivas, responsável por identificar precocemente indivíduos com doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, para que estes possam ser tratados em tempo oportuno, evitando as sequelas e até mesmo a morte. Além disso, propõe o gerenciamento dos casos positivos através de monitoramento e acompanhamento da criança durante o processo de tratamento.
Ao aplicarmos a definição Triagem Neonatal, estamos realizando esta metodologia de rastreamento especificamente na população com idade de 0 a 28 dias de vida.
EXAMES DA TRIAGEM NEONATAL
· Teste do Pezinho
· Teste do Olhinho
· Teste da Orelhinha
· Teste do Coraçãozinho
TESTE DO PEZINHO 
É uma das principais formas de diagnosticar seis doenças que, quanto mais cedo forem identificadas, melhores são as chances de tratamento. São elas fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita.
Para realizar o teste do pezinho, a família deve levaro recém-nascido a uma Unidade Básica de Saúde entre o 3° e o 5° dia de vida. É fundamental ter atenção a esse prazo.
O teste é feito no pezinho por ser uma região bastante irrigada do corpo, o que facilita o acesso ao sangue para a coleta da amostra.
Esse não é um exame que traz riscos ao bebê. Muito pelo contrário, é rápido, pouco invasivo e até bem menos incômodo do que a coleta com seringa em uma veia no bracinho.
· Foi aprovada em maio de 2021 a ampliação do teste do pezinho em todo o território brasileiro pelo SUS, com o qual será possível detectar até 50 doenças raras. A implantação está prevista para maio de 2022, incluindo além da triagem das doenças anteriores citadas, galactosemia, deficiência de G-6-PD, aminoacidopatias, doenças lisossômicas, imunodeficiências primárias, atrofia muscular espinhal, toxoplasmose congênita, sífilis congênita, HIV, rubéola congênita, herpes congênito, doença do citomegalovírus congênito e doença de Chagas, implementada em etapas. Existe disponibilidade desses exames em laboratórios privados, parcialmente cobertos pela saúde suplementar. Referência: Júnior, Dioclécio, C. et al. Tratado de pediatria. v.1. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Manole, 2021.
TESTE DO OLHINHO 
É um exame simples, rápido e indolor, que consiste na identificação de um reflexo vermelho, que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. O fenômeno é semelhante ao observado nas fotografias.
O “Teste do Olhinho” pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas– cuja identificação precoce pode possibilitar o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da visão.
A recomendação é que o Teste do Olhinho seja realizado pelo pediatra logo que o bebê nasce. Se isto não ocorrer, o exame deve ser feito logo na primeira consulta de acompanhamento. Se o pediatra encontrar algum problema, vai encaminhar a criança para avaliação do oftalmologista.
· A cor vermelha do reflexo decorre da vasculatura da retina e coroide e do epitélio pigmentário, em resposta à luz. A luz normalmente refletida pela retina varia de vermelho até amarelo ou amarelo-alaranjado. Referência: Júnior, Dioclécio, C. et al. Tratado de pediatria. v.1. Disponível em: Minha Biblioteca, (5th edição). Editora Manole, 2021.
TESTE DA ORELHINHA 
A triagem neonatal auditiva ou o teste da orelhinha é realizada, geralmente, no 2°ou 3° dia de vida do bebê e identifica problemas auditivos no recém-nascido.
Consiste na produção de um estímulo sonoro e na captação do seu retorno por meio de uma delicada sonda introduzida na orelhinha do recém-nascido. Para o teste, usam-se emissões otoacústicas evocadas durante o sono natural do bebê, identificando-se uma possível deficiência auditiva. Se identificada alguma alteração, o bebê deve ser encaminhado para uma avaliação com fonoaudiólogo e otorrinolaringologista.A deficiência auditiva pode resultar em deficiências de fala e de aprendizado, mas a instituição do tratamento precoce para a criança, sobretudo antes dos seis meses de vida, apresenta grandes chances de desenvolvimento da linguagem e de melhor adaptação psicossocial.
O exame é realizado com o bebê dormindo, em sono natural, é indolor.
TESTE DO CORAÇÃOZINHO
Todo bebê tem direito de realizar o teste de coraçãozinho ainda na maternidade, entre 24h a 48h após o nascimento. O teste é simples, gratuito e indolor.
Consiste em medir a oxigenação do sangue e os batimentos cardíacos do recém-nascido com o auxílio de um oxímetro no pulso e no pé do bebê. Caso algum problema seja detectado, o bebê é encaminhado para fazer um ecocardiograma. Se alterado, é encaminhado para um centro de referência em cardiopatia .
Problemas no coração são a terceira maior causa de morte em recém-nascidos. Por isso, quanto mais cedo for diagnosticado, melhores são as chances do tratamento
· Todos os resultados dos exames de triagem neonatal devem ser registrados na caderneta de saúde da criança. A criança deve manter acompanhamento de rotina em puericultura com o pediatra, com avaliações periódicas, conforme determinação médica.
REFERÊNCIA:
AULA DE LABORATÓRIO
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/triagem_neonatal_biologica_manual_tecnico.pdf 
Marina
Teste da orelhinha:
https://doi.org/10.1590/S1516-18462010005000071
Permite a detecção de possíveis alterações auditivas em neonatos e lactentes, possibilitando o diagnóstico da perda auditiva antes do terceiro mês de vida e a intervenção antes dos seis meses de idade. Deve ser feito a partir de 48h de vida.
Fator de risco para a surdez neonatal: os indicadores de risco mais prevalentes na população estudada foram presença de hiperbilirrubinemia, nascimento pré-termo, baixo peso ao nascimento, uso de medicamento durante o período gestacional, permanência em Unidade de Terapia intensiva e presença de infecções intra-uterinas durante a gestação ( citomegalovírus, rubéola, herpes, toxoplasmose, sífilis, Human Immunodeficiency Virus (HIV )).
Teste do coraçãozinho
O diagnóstico precoce das cardiopatias congênitas críticas no RN é crucial visto que o atraso no diagnóstico está relacionado a aumento de morbidade e mortalidade nesta população. 
A utilização da oximetria de pulso como ferramenta de triagem neonatal para detecção destas cardiopatias pode ajudar a detectar a hipoxemia presente na maioria destas cardiopatias, em uma fase em que o exame clínico ainda não consegue detectar. Considera-se como normal a SpO2 maior ou igual a 95% e uma diferença de SpO2 entre o membro superior direito e um dos membros inferiores menor ou igual a 3%, sendo que alterações dessas medidas mostraram que podem ser utilizadas para a suspeita de cardiopatia congênita crítica no recém-nascido, apresentando uma sensibilidade de 76% e especificidade de 99% para o diagnóstico definitivo.
O teste deve ser feito preferencialmente entre 24 e 48 horas de vida. Esta estratégia mostrou reduzir a taxa de falso positivo ao mesmo tempo em que não retarda o diagnóstico nos casos patológicos.
O protocolo do teste do coraçãozinho: Deve-se utilizar um equipamento de oximetria de pulso com sensores apropriados para RN e que tenha tecnologia que permita a leitura adequada em situações de baixa perfusão e na presença de movimentos. As medidas de oximetria devem ser realizadas em dois sítios: na mão direita (medida pré-ductal) e em um dos membros inferiores (medida pós-ductal). 
Se a concentração de O2 estiver menor que 95%, indica-se a realização de um ecocardiograma. 
Teste Negativo
O teste vai ser considerado NEGATIVO se SpO2 ≥ 95% + Diferença de saturação entre membros ≤ 3%.
Teste Positivo
O teste é POSITIVO se SpO2 ≤ 89% (basta estar em um dos membros).
Neste caso o RN deve ser avaliado de forma minuciosa através do exame físico e ecocardiograma, e não poderá receber alta antes desta avaliação!
Teste Duvidoso
Por fim, o teste é duvidoso se SpO2 entre 90-94% e/ou Diferença de saturação entre membros ≥ 4%.
No caso de resultado duvidoso, o teste do coraçãozinho deverá ser repetido após 1h por até duas vezes. Mas caso se mantenha após a terceira avaliação, o teste será considerado POSITIVO, e dará continuidade na investigação.
https://grupomedcof.com.br/blog/teste-do-coracaozinho-conheca-as-ultimas-atualizacoes-da-sbp/
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23544c-MO_Sistemat_atend_RN_cSuspeita_CardCongenita.pdf
Mariana Demetrio
Teste da linguinha
No Brasil, a lei nº 13.002 de 20 de Junho de 2014, torna obrigatória a aplicação do protocolo de avaliação do frênulo lingual em todos os recém-nascidos.
O teste da linguinha é um exame padronizado que possibilita diagnosticar e indicar o tratamento precoce das limitações dos movimentos da língua causadas pela língua presa que podem comprometer as funções exercidas pela língua: sugar, engolir, mastigar e falar.
O teste é simples, basta elevar a língua do bebê para verificar o frênulo. E deve ser feito o mais precoce possível.
· Se o teste der um resultado alterado, há a possibilidade decirurgia e/ou orientações para mãe sobre possíveis complicações para amamentação, etc.
Teste da Linguinha, Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia
https://www.sbfa.org.br/fono2014/pdf/testelinguinha_2014_livro.pdf
RUAN:
7. Caracterizar as causas, diagnóstico e tratamentos da icterícia neonatal. 
Mariana Prusse
- Um dos problemas mais frequentes no período neonatal e corresponde à expressão clínica da hiperbilirrubinemia.
- Hiperbilirrubinemia: definida como a concentração sérica de bilirrubina indireta (BI) > 1,5mg/dL ou de bilirrubina direta (BD) > 1,5mg/dL, desde que represente mais que 10% do valor de bilirrubina total (BT).
- A icterícia é clinicamente visível quando os níveis séricos de bilirrubina estão acima de 4-5 mg/dL.
- Sua gravidade está relacionada ao momento do aparecimento e a sua intensidade.
- Na prática, 98% dos RN apresentam níveis séricos de BI acima de 1mg/dL durante a primeira semana de vida, o que na maioria das vezes, decorre de um aumento da fração indireta da bilirrubina e é a expressão clínica de um mecanismo de adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina, denominada icterícia “fisiológica”. A hiperbilirrubinemia fisiológica é atribuída aos seguintes mecanismos: 
1) Aumento da produção de bilirrubina devido a: 
- Maior volume de hemácias e redução da sobrevida destas nos RNs em comparação com adultos; 
- Eritropoiese ineficaz e aumento do turnover de outras proteínas contendo heme que não a hemoglobina; 
2) Circulação entero-hepática aumentada por níveis altos de betaglicuronidase (leite), redução das bactérias intestinais, diminuição da motilidade intestinal; 
3) Defeito de captação da bilirrubina devido à ligandina estar diminuída e fixada a outros ânions;
4) Diminuição da conjugação devido à menor atividade da enzima glicuronil transferase; 
5) Diminuição da excreção hepática de bilirrubina. 
- Tem início a partir do 2º dia de vida, com pico entre o 3º e 5º dia de vida e não vai além da zona II de Kramer, resolvendo-se em 1 semana. Quando a icterícia foge desse padrão, temos de pensar em causas patológicas. Ou seja: início nas primeiras 24 horas de vida e/ou sua progressão rápida pelas zonas de Kramer. 
- Por vezes, a hiperbilirrubinemia indireta decorre de um processo patológico, podendo-se alcançar concentrações elevadas de bilirrubinas lesivas ao cérebro, instalando-se o quadro de encefalopatia bilirrubínica. O termo kernicterus é reservado à forma crônica da doença, com sequelas clínicas permanentes resultantes da toxicidade da bilirrubina.
· Etiologia da hiperbilirrubinemia indireta neonatal
· Diagnóstico
- A icterícia neonatal apresenta progressão céfalo-caudal. Kramer (1969) dividiu o corpo do RN a termo em cinco zonas e correlacionou estas zonas com concentrações de bilirrubina sérica indireta (média, mínima e máxima).
A) Avaliação Clínica
- A visualização da icterícia depende, além da experiência do profissional, da pigmentação da pele do RN e da luminosidade, sendo subestimada em peles mais pigmentadas e em ambientes muito claros, e prejudicada em locais com pouca luz.
- Apenas a estimativa clínica não é suficiente para avaliar os RN com BI > 12 mg/dL. Nesses neonatos, recomenda-se a dosagem rotineira da bilirrubina sérica ou transcutânea.
 
B) Avaliação Laboratorial
1) Icterícia fisiológica: 
- Os seguintes critérios devem ser preenchidos: 
1) aparecimento tardio, após 24h de vida; 
2) RNT (IG ≥ 37 semanas), sem história de reanimação ao nascimento e ausência de sinais clínicos de doenças associadas; 
3) predomínio absoluto dos níveis de bilirrubina indireta; 
4) aumento do nível sérico de bilirrubina total menor que 5 mg/dl por dia; 
5) pico do nível sérico de bilirrubina entre 3 e 5 dias de vida, com um total de bilirrubina 
6) sérica não superior a 15 mg/dl; 
7) resolução do quadro no final de 1 semana.
2) Icterícia patológica: os critérios que sugerem a presença destacam: 
1) aparecimento da icterícia antes de 24 horas de vida; 
2) BT superior a 4 mg/dL em cordão umbilical;
3) aumento de BI igual ou superior a 0,5 mg/hora entre 4-8 horas nas primeiras 36 horas de vida;
4) aumento de BI igual ou superior a 5mg/dL/dia; 
5) BT igual ou superior a 13mg/dL em RN a termo; 
6) BT igual ou superior a 10mg/dL em RN pré-termo; 
7) presença de icterícia por mais de 10 dias no RN a termo; 
8) presença de icterícia por mais de 21 dias no RN prematuro.
· Tratamento
- As formas de terapia mais utilizadas no tratamento da hiperbilirrubinemia indireta compreendem a fototerapia e a exsanguineotransfusão, e, em alguns casos, a imunoglobulina standard endovenosa.
 
A) Fototerapia
- É a terapia mais utilizada para a prevenção e o tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal. Se utilizada de forma apropriada, é capaz de controlar os níveis de bilirrubina em quase todos os pacientes, com exceção daqueles com quadros hemolíticos graves e RN de muito baixo peso com hematomas extensos.
- A eficácia depende de: causa da icterícia, concentração sérica da bilirrubina, tipo de luz emitida e dose de radiância, medida em mw/cm2/nm.
- São utilizadas lâmpadas fluorescentes, brancas (luz do dia) e azuis, ou lâmpadas halógenas. A radiância deve ser determinada diariamente, de preferência na fronte, no tronco e nos joelhos do RN, e deve ser mantida acima de 4 mw/cm2/ nm, medida através do radiômetro. A radiância emitida pela fonte de luz é inversamente proporcional à distância entre a luz e o RN: quanto menor for a distância, maior a radiância e a eficácia da fototerapia.
- A fototerapia pode ser descontinuada durante a amamentação e visitas de parentes. Os olhos devem ser protegidos com material opaco, devido à possibilidade de lesão de retina.
- O banho de sol é contraindicado como medida terapêutica para icterícia. A fototerapia, usando luz de comprimentos de onda e doses específicas, é considerada uma intervenção segura e eficaz para reduzir a hiperbilirrubinemia. A faixa azul é o comprimento de onda ideal para a fotoisomerização da molécula de bilirrubina. Embora a luz solar inclua a faixa efetiva de comprimento de onda da luz azul, ela também contém a faixa prejudicial de luz ultravioleta, que aumenta o risco de queimaduras solares e de malignidades na pele.
B) Exsanguineotransfusão 
- A doença hemolítica grave por incompatibilidade Rh tem sido a principal indicação de exsanguineo transfusão.
- A escolha do tipo de sangue para a exsanguineotransfusão depende da etiologia da icterícia.
- Indicações:
1) Quando a fototerapia não reduz significativamente os níveis de bilirrubina, podendo estes alcançar níveis tóxicos para o SNC. 
2) Para corrigir anemia e controlar a ICC em RN hidrópicos com doença hemolítica. 
3) Interromper a hemólise e a produção de bilirrubina removendo anticorpos e hemácias sensibilizadas. 
4) Baseia-se em níveis de sangue de cordão: BI > 4,5 mg/dl, Hb < 11 g/dl. 
5) Aumento do nível de bilirrubina > 1 mg/dl/hora apesar da fototerapia. 
6) Nível de hemoglobina entre 11 e 13 g/dl e aumento > 0,5 mg/dl/hora nos níveis de bilirrubina sérica em um período de 4 - 8 horas, apesar da fototerapia. 
7) Progressão da anemia apesar do controle da bilirrubina por outros métodos (fototerapia).
8. Qual a necessidade/função e critérios para uso de vitamina K e colírio na sala de parto?
GABY
Vitamina K
SUZUKI (1979) afirmou que os RN são susceptíveis de desenvolver a DHRN (doença hemolítica do feto e recém-nascido) na primeira semana de vida. 
Confirmou que os níveis dos fatores da coagulação dependentes da vitamina K são baixos nos RN, principalmente nos de baixo peso. Relatou o uso rotineiro de vitamina K intramuscular na dosagem de l mg logo após o nascimento. 
Avaliou, através de testes laboratoriais, a função hepática e a presença de inibidores dessa vitamina no organismo dos RN. Concluiu-se que o nível baixo dos fatores 2, 7, 9 e 10 são decorrentes da imaturidade do fígado e que a vitamina K tem menos efeito em prematuros e RN de baixo peso.
MALIA, PRESTON, MITCHELL (1980) avaliaram 24 RN a termo e confirmaram o nível baixo dos fatoresda coagulação dependentes da vitamina K e o tempo de pro trombina aumentado. Perceberam que os fatores da coagulação dependentes de vitamina K apresentaram níveis baixos nos RN a termo em razão da síntese diminuída desses fatores pela imaturidade do fígado e questionaram quanto à necessidade do uso preventivo dessa vitamina nos RN.
GREER et al. (1988) relataram que a administração da vitamina K intramuscular é recomendada pelo Comitê de Nutrição da Academia Americana de Pediatria desde 1961 como forma de se evitar a DHRN. Abordaram as duas formas de vitamina K. A vitamina Kl (Phylloguinone), sintetizada pelos vegetais, e a vitamina K2 (Menaguinone), sintetizada pela flora bacteriana intestinal. Avaliaram o nível sérico da vitamina Kl no quinto dia de vida dos RN que receberam a vitamina K intramuscular em um grupo que estava usando exclusivamente leite materno e em outro que estava usando leite industrializado.
A vitamina K é essencial para a coagulação sanguínea, e os recém-nascidos têm níveis baixos dessa vitamina, o que pode levar a um risco aumentado de hemorragia. Por isso, é administrada rotineiramente a recém-nascidos na sala de parto para prevenir a doença hemorrágica do recém-nascido (DHRN).
Os critérios para o uso de vitamina K na sala de parto podem variar de acordo com as diretrizes locais e as práticas médicas, mas geralmente incluem:
→Rotina:
Muitos hospitais administram vitamina K de rotina a todos os recém-nascidos logo após o nascimento, independentemente de outros fatores.
→Parto prematuro:
Recém-nascidos prematuros têm maior risco de deficiência de vitamina K e podem precisar de doses suplementares.
→Amamentação: 
Bebês amamentados têm um risco ligeiramente maior de deficiência de vitamina K, pois o leite materno tem baixos níveis dessa vitamina comparado às fórmulas infantis.
→Uso de medicamentos: 
Alguns medicamentos tomados pela mãe durante a gravidez podem interferir na absorção de vitamina K pelo bebê, aumentando o risco de deficiência.
→História familiar de coagulopatias: 
Se há história familiar de problemas de coagulação, o bebê pode ter maior risco e necessitar de suplementação.
→ Dieta materna: 
Mães com dietas restritas ou com absorção comprometida de vitamina K podem ter bebês com risco aumentado.
Colírio 
No Brasil, desde 1977, é obrigatória a aplicação de uma solução de nitrato de prata a 1% em cada um dos olhos do recém-nascido no prazo de uma hora após o nascimento. A prática é realizada para a prevenção da conjuntivite gonocócica, causada pela bactéria gonococo, que pode ser transmitida pela mãe durante o nascimento, por contato vaginal. O método surgiu em 1881 e reduziu a incidência da conjuntivite neonatal no final do século 19, na Europa, quando o problema acometia mais de 10% dos bebês e era a principal causa de cegueira infantil, segundo um levantamento realizado pelo setor de farmacovigilância do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo
Referência:
1. Puckett RM, Offringa M. Prophylactic vitamin K for vitamin K deficiency bleeding in neonates. Cochrane Database of Systematic Reviews 2000, Issue 4. Art. No.: CD002776. DOI: 10.1002/14651858.CD002776
2. https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8UBK6D/1/trabalho_dr._francisco_salles_3.pdf
Qual é a importância do suporte familiar (rede de apoio) e tipo de parto para a amamentação e o vínculo com a criança?
LUCAS
Para que o aleitamento materno ocorra de forma continuada, muito importante considerar que a mãe precisa de apoio não só de profissionais da saúde como da família, do parceiro e do ambiente de trabalho. Esse auxílio social é chamado de rede de apoio e é muito importante para o sucesso da amamentação.¹
Essa contribuição social impacta na vida das mulheres que amamentam, no desenvolvimento dos filhos e, consequentemente, um retorno para sociedade na medida em que a amamentação é fundamental para a saúde do bebê e da mãe, sendo que o leite, além de alimento, contribui para o desenvolvimento da criança e a protege de doenças, como infecções, diarreia e até asma; favorece um contato mais íntimo entre a mãe e o bebê.
A criança que foi amamentada, ao longo da vida, ainda tem menos risco de ter diarreias, infecções respiratórias e alergias. Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes, além de reduzir a chance de desenvolver obesidade. Crianças amamentadas no peito são mais inteligentes, há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo. ¹
O parceiro (a) e outros membros da família, vizinhos, mulheres mais experientes costumam ser os principais auxiliares do processo e podem apoiar de diversas formas, estando ao lado da mãe durante as mamadas, assumindo os cuidados com o bebê, dando atenção, ajudando na alimentação da lactante, ajudando nos afazeres domésticos e no cuidado das outras crianças, apoiando-a física e emocionalmente durante as dificuldades; incentivando a amamentação quando volta ao trabalho, dentre outras necessidades apresentadas nesta fase. (4)
Para que a amamentação ocorra no tempo e com a vontade necessários de cada mulher, a mulher precisa de tempo e tranquilidade, sentir-se acolhida e menos cansada. Ainda, são essenciais ter apoio com as tarefas do cotidiano, ser ouvida sem julgamentos, ter espaço para tirar dúvidas e para amamentar. ¹
Neste contexto, é de suma importância que os profissionais de saúde se apropriem e trabalhem esse tema da amamentação durante todo período de gestação, mas também dê suporte a esta mulher no puerpério. Eles podem esclarecer dúvidas, tranquilizando a mãe e deixando-a mais segura sobre questões de saúde e alimentação não só do bebê como dela também, além do suporte para o período em que a mulher está em processo de amamentação, que, por vezes, pode gerar insegurança, medo, e ainda pode ser dolorosa (pega incorreta, por exemplo) o que dificulta o processo de amamentar, dentre outros desafios que esta mulher e bebê possam estar enfrentando nesta nova fase da vida.
Para que essa mulher tenha uma boa rede de apoio se faz necessário muita gente envolvida: o companheiro/pai da criança; os avós; outros familiares (de sangue ou afetivos); outras mulheres mais experientes; amigos; vizinhos; profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos e outros que atendem as mães/bebês; creches; colegas de trabalho ou escola/faculdade; e a própria instituição/empresa onde a mulher trabalha. As políticas públicas também são importantes neste processo de apoio por meio dos governos e as leis de proteção à amamentação. Qualquer um pode participar fazendo parte da rede de apoio, mas nenhum pode amamentar pela mulher (4).
Toda essa rede de apoio é importante para o sucesso da amamentação, contribuindo para a saúde física e mental da mamãe e garantindo a saúde do bebê, além do vínculo que é fortalecido durante o processo de amamentar.
Prates LA, Schmalfuss JM, Lipinski JM. Rede de apoio social de puérperas na prática da amamentação. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. 2015; 19(2):310-315.
Brasil. Ministério da Saúde. Saúde da Criança. Benefícios da amamentação. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-da-crianca/beneficios-da-amamentacao Acesso em 09 Ago 2023.
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Aleitamento materno. São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO-Obstetrícia, n. 13/Comissão Nacional Especializada em Aleitamento Materno).
Sociedade Brasileira de Pediatria. Pediatria para famílias. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/nutricao/rede-de-apoio-faz-diferenca-no-aleitamento-materno/ Acesso em 09 Ago 2023.
Marques ES, Cotta RMM, Priore SE. Mitos e crenças sobre o aleitamento materno. Ciência saúde coletiva [Internet]. 2011 May;16 (5) :2461–8. Available from: https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000500015.
Teixeira MA, Nitschke RG, Silva LWS. A prática da amamentação no cotidiano familiar – um contexto integeracional: influência das mulheres-avós.

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