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Levantamento do Cervo-do-Pantanal

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111
Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, 100(2):111-115, 30 de junho de 2010
Levantamento populacional do cervo-do-pantanal Blastocerus...
Levantamento populacional do cervo-do-pantanal Blastocerus
dichotomus (Mammalia, Cervidae) no Parque Nacional de
Ilha Grande e entorno: implicações para a conservação
Liliani M. Tiepolo1, Walfrido M. Tomas2 & Paulo A. Lima-Borges2
1. Universidade Federal do Paraná, Setor Litoral, Rua Jaguariaíva, 512, Caiobá, 83260-000, Matinhos, PR, Brasil. (liliani@ufpr.br)
2. Embrapa/Pantanal, Rua 21 de Setembro 1880, 79320-900 Corumbá, MS, Brasil.
ABSTRACT. Population survey of the marsh deer Blastocerus dichotomus (Mammalia, Cervidae) in the Ilha Grande
National Park and surroundings: conservation implications. We conducted an aerial survey of the marsh deer population
Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815) in the Ilha Grande National Park and its surroundings, on the border between the states of Paraná
and Mato Grosso do Sul, Brazil, during the dry season. We used the double-counting technique, resulting in a population estimate of 1079
± 207 marsh deers in a sampled area of 1081 km2, corresponding to an estimated density of 0.998 ± 0.192 ind/km2. The population was
mostly concentrated inside the park, but also occupied altered wetlands outside its limits. The results should be used to support population
management and conservation measures at the national park and its surroundings, due to the enormous anthropogenic pressure upon
the marsh deer population in the region. 
KEYWORDS. Aerial survey, double-count technique, marsh deer, Blastocerus dichotomus, Ilha Grande National Park.
RESUMO. Nós conduzimos um levantamento populacional aéreo do cervo-do-pantanal, Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815), no
Parque Nacional de Ilha Grande e seu entorno, entre os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, Brasil, na estação seca. Utilizamos a
técnica da contagem dupla, e a população foi estimada em 1.079 ± 207 cervos em uma área amostral de 1.081 km2, corresponde a uma
densidade de 0,998 ± 0,192 ind/km2. A população mostrou-se mais concentrada no interior do parque, ocupando também várzeas alteradas
fora dos limites do parque. Estes resultados devem subsidiar medidas de manejo e conservação da população no parque nacional e seu
entorno, devido à enorme pressão antrópica sobre a população de cervos na região.
PALAVRAS-CHAVE. Levantamento aéreo, contagem dupla, cervo-do-pantanal, Blastocerus dichotomus, Parque Nacional de Ilha
Grande.
O cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus
(Illiger, 1815) é o maior representante da família Cervidae
na América do Sul. A distribuição geográfica original desta
espécie incluía as várzeas e planícies de inundação dos
grandes rios da América do Sul e seus afluentes, a leste
dos Andes, ao sul da Floresta Amazônica e ao norte da
região dos Pampas, desde o sudeste do Peru até o noroeste
do Uruguai e delta do Paraná (PINDER & GROSSE, 1991;
PINDER & SEAL, 1994; TOMAS et al., 1997; TIEPOLO &
TOMAS, 2006; PIOVEZAN et al., 2010). Embora sua área de
distribuição não tenha mudado muito, a intensa perda de
hábitat provocou a fragmentação de suas populações
(PINDER & GROSSE, 1991). Atualmente as populações mais
representativas estão presentes nas bacias dos rios
Araguaia, Tocantins, Xingu, Guaporé, Paraguai, Paraná
e São Francisco (TIEPOLO & TOMAS, 2006). No Brasil é
considerado “vulnerável” (MACHADO et al., 2008),
entretanto em Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio
Grande do Sul é classificado como “criticamente em
perigo” (MACHADO et al., 1998; SÃO PAULO, 1998;
MARQUES et al., 2002; MARGARIDO & BRAGA, 2004). A
espécie é considerada extinta no Uruguai e desapareceu
de grande parte de sua área de ocorrência original na
Argentina, Paraguai e Peru (TOMAS et al., 1997; CHEBEZ,
2008). Globalmente é considerado “vulnerável” (IUCN,
2009) e está listado no Anexo I da Convenção sobre o
Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora
Ameaçadas de Extinção (CITES) indicando ser espécie
afetada pelo comércio ilegal de animais silvestres.
A destruição das várzeas para fins agroindustriais
ou geração de energia e a caça são consideradas fatores
primários de redução das suas populações. Igualmente
grave é a introdução e disseminação de doenças como
brucelose e febre aftosa por ungulados exóticos
domésticos, conforme relatam SCHALLER & VASCONCELOS
(1978), THORNBACK & JENKINS (1982), TOMAS et al. (1997)
e TIEPOLO et al. (2004). Recentemente, a construção de
grandes barragens vem se tornando um dos principais
fatores para o desaparecimento de populações da espécie,
uma vez que eliminam as áreas de várzea, praticamente
anulando qualquer possibilidade de sobrevivência e
sustentabilidade de populações em longo prazo (TOMAS
et al., 1997; TIEPOLO et al., 2004; TIEPOLO & TOMAS, 2009).
Outros fatores, como a drenagem de várzeas para
atividades agropastoris, a precária proteção oferecida às
unidades de conservação e as atividades que alteram o
regime hidrológico, como hidrovias e represas, também
contribuem para acelerar o processo de extinção dessa
espécie (TOMAS et al., 1997; TIEPOLO et al., 2004).
No Brasil, o cervo foi alvo de levantamentos
populacionais aéreos especialmente na planície do
Pantanal (SHALLER & VASCONCELOS, 1978; MAURO et al.,
1995; MAURO et al., 1998; MOURÃO et al., 2000; TOMAS et
al., 2001), e no rio Paraná (MOURÃO & CAMPOS, 1995;
PINDER, 1996; ANDRIOLO et al., 2005). Na Argentina,
BECCACECI (1994) realizou um levantamento aéreo na
Reserva Natural de Iberá, também na bacia do rio Paraná.
As várzeas do rio Paraná entre o Paraná e o Mato
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Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, 100(2):111-115, 30 de junho de 2010
TIEPOLO et al.
Grosso do Sul abrigam populações de cervos sob grande
ameaça antrópica (TIEPOLO et al., 2004). O presente
estudo realizou um levantamento populacional aéreo da
população de cervos do Parque Nacional de Ilha Grande
e seu entorno com a finalidade de subsidiar medidas para
o seu manejo, monitoramento e conservação.
MATERIAL E MÉTODOS
A estimativa da população de Blastocerus
dichotomus foi realizada por meio de levantamento aéreo,
entre os meses de setembro e outubro de 2001, durante a
estação seca, cobrindo uma área de 108.360 ha no Parque
Nacional de Ilha Grande e entorno. O Parque, com uma
área de 78.875 ha, localiza-se na divisa entre os estados
do Paraná e Mato Grosso do Sul. Abrange áreas dos
municípios de Icaraíma, Vila Alta, São Jorge do Patrocínio,
Altônia e Guaíra, no Paraná, e Mundo Novo, Eldorado,
Naviraí e Itaquiraí, no Mato Grosso do Sul. Inclui ainda
as ilhas Grande, Peruzzi, do Pavão e Bandeirantes e todas
as demais ilhas e ilhotas situadas desde o reservatório
de Itaipu e da foz do rio Piquiri até a foz dos rios Amambai
e Ivaí, entre as coordenadas geográficas 23o 15’ a 24o 05’ S
e 53o 40’ a 54o 17’W (Fig. 1).
O levantamento cobriu toda a extensão do parque
e várzeas adjacentes do rio Ivaí, no Paraná, e do rio
Paraná, localizadas na extensão da foz dos rios Amambai
e Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, estes fora dos limites
do Parque.
Com auxílio da base cartográfica do Ministério do
Exército do Brasil, em escala 1:50.000, e de uma imagem
de satélite LANDSAT 7, em escala 1:25.000, foram
delineadas 46 linhas de transectos cortando os gradientes
das várzeas no sentido leste/oeste. A distância entre as
linhas foi de 2.000 m. Os transectos foram plotados e
tiveram suas coordenadas geográficas em UTM
devidamente identificadas em carta base que, juntamente
com um sistema de posicionamento global (GPS),
orientaram o piloto da aeronave. A área total, as áreas
adjacentes sobrevoadas e a área ocupada pelo rio Paraná
foram obtidas através do programa ArcView GIS 3.2.
O levantamento foi realizado com um avião CESSNA
172 em voos de baixa altura, de aproximadamente 61 m em
relação ao solo, e velocidade constante de 200 km/h. A
configuração do voo e as marcas de visualização fixadas
na asa do avião delimitaram uma faixa de contagem ao
nível do solo de aproximadamente 200 m. As 46 linhas de
transectosforam subdivididas em 483 unidades de 30
segundos de voo cada uma.
Para corrigir erros de visibilidade foi utilizado o
método de contagem dupla (MAGNUSSON et al., 1978;
CAUGHLEY & GRICE, 1982; BAYLISS, 1986; BAYLISS &
YEOMANS, 1989). Assim, dois observadores contaram
simultaneamente os cervos na área de amostragem, em
cada unidade de 30 segundos, o que permitiu estabelecer
a probabilidade de detecção de cervos por estes
observadores, através da equação P = B / (B + S2) para o
observador 1, e P = B / (B + S1) para o observador 2.
Onde P = probabilidade de detecção; B = número de
cervos vistos por ambos os observadores em cada
unidade amostral; S1 = número de cervos vistos apenas
pelo observador 1; S2 = número de cervos vistos apenas
pelo observador 2.
O cálculo das probabilidades de detecção serviu
como base para a obtenção de um fator de correção a ser
aplicado às contagens do observador que obteve o maior
número de visualizações nos 46 transectos, onde Fc = 1 /
P, sendo Fc = fator de correção e P = probabilidade de
detecção.
A estimativa populacional, densidade populacional
e erro padrão foram calculados de acordo com o método
de estimativa proporcional (Ratio Estimate Method) a
partir do programa Survey (CAUGHLEY, 1977) onde:
D = Σ a / Σ y e Y = D . A
Sendo a = área que foi amostrada; y = número de
cervos vistos na unidade amostral (com aplicação do fator
de correção); Y = estimativa do número total de indivíduos
na região de tamanho A; D = estimativa da densidade
média; A = área total da região que foi estudada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O método utilizado permitiu uma cobertura amostral
de 11,26% da área total. A probabilidade de detecção de
cervos obtida pelo observador 1 foi de 67%, a qual
resultou em um fator de correção de 1,49, que foi aplicado
às contagens deste observador. A população de cervos
do parque e entorno foi estimada em 1.079 ± 207 cervos
em uma área de 1.081 km2, resultando em uma densidade
de 0,998 ± 0,192 ind/km2.
A razão sexual não pode ser estimada porque em
muitos casos os machos adultos perdem a galhada, além
de machos jovens e sub-adultos ainda não possuírem
esta estrutura característica, o que pode ocasionar em
Figura 1. Localização do Parque Nacional de Ilha Grande e entorno,
na divisa dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, Brasil.
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Levantamento populacional do cervo-do-pantanal Blastocerus...
erro de identificação, subestimando os machos ou
superestimando as fêmeas da população. PINDER (1997)
também percebeu este problema, encontrando um número
reduzido de machos em relação às fêmeas em um
levantamento aéreo por ele conduzido.
O resultado demonstra que a ilha Grande concentra
o maior número de cervos, comprovando ser o local mais
importante para se adotar medidas de manejo e proteção
como, por exemplo, intensificar a fiscalização e implantar
um programa de monitoramento. Esta é a região do parque
que se apresenta em melhor estado de conservação, uma
vez que as várzeas nas margens do rio Paraná no Mato
Grosso do Sul e no Paraná estão deterioradas por
drenagens para aproveitamento agrícola e pecuário.
Também é possível detectar que a densidade de cervos
difere entre os locais analisados. Por exemplo, a várzea
da lagoa Xambrê, situada na margem paranaense, ao sul,
no município de Altônia, suporta uma densidade de 1,5
ind/km2. Embora toda a várzea faça parte do parque, nessa
porção de 4,1 km2 houve uma forte intervenção da
promotoria pública do município de Altônia, proibindo o
uso da área pelos criadores de gado que a utilizavam
como pasto de forma ilegal. O mesmo não ocorreu nos
outros dois municípios por onde esta várzea se estende
(São Jorge do Patrocínio e Vila Alta). No restante da área,
com aproximadamente 9,22 km2, a densidade foi de apenas
0,1 ind/km2.
Outro exemplo refere-se à ilha Bandeirantes, que
apresentou densidade de 0,32 ind/km2. Essa ilha teve um
histórico de ocupação antrópica mais intenso e
atualmente uma rodovia federal corta a ilha no terço
superior, degradando ainda mais suas várzeas, o que
pode explicar a baixa densidade de cervos observada.
A estimativa de MOURÃO & CAMPOS (1995) na área
que foi inundada pelo reservatório da UHE de Porto
Primavera, no rio Paraná, foi de 650 cervos para uma área
de 1.280 km2, o que resultava uma densidade de 0,51 ind/
km2 antes do enchimento do reservatório. PINDER (1996)
obteve uma média de 940 cervos para uma área de 2.500
km2, na mesma região, obtendo uma densidade de 0,37
ind/km2. No entanto, ambos não estimaram as pequenas
populações dos tributários do rio Paraná, como os rios
do Pântano, Pardo, Verde e Aguapeí. Um estudo mais
recente, conduzido por ANDRIOLO et al. (2005), estimou 896
cervos para uma área de 180.000 ha, resultando em 0,49
ind/km2 pós-enchimento da represa de Porto Primavera.
Ainda na bacia do rio Paraná, BECCACECI (1994) estimou a
população de cervos na Reserva Natural de Iberá, na
Argentina, em 1.100 indivíduos em uma área de 12.000 km2,
resultando em uma densidade de apenas 0,09 ind/km2.
Considerando que uma parte significativa da
população estimada por MOURÃO & CAMPOS (1995) e
PINDER (1996) foi extinta em decorrência do enchimento
do reservatório da UHE de Porto Primavera, ocorrido a
partir de 1999, os cervos estimados para o Parque
Nacional de Ilha Grande e aqueles do Parque Estadual
das Várzeas do Rio Ivinhema representam a maior
população remanescente de cervos na bacia do rio Paraná
em território brasileiro.
Para o Pantanal, o trabalho pioneiro de SCHALLER
& VASCONCELOS (1978) obteve a estimativa de 7.000
cervos em uma área de 140.000 km2. Também no Pantanal,
utilizando técnicas mais acuradas para o levantamento
com o uso de fatores de correção para erros de
visibilidade, MOURÃO et al. (2000) estimaram densidades
de jacaré-do-pantanal (Caiman yacare Daudin, 1802),
cervo e veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus
Linnaeus, 1758) entre 1991 e 1993 em 11 sub-regiões do
Pantanal, cobrindo uma área de 136.927 km2. SCHALLER &
VASCONCELOS (1978) apresentaram estimativas de
densidade de cervo para diferentes áreas do Pantanal,
demonstrando que a heterogeneidade de ambientes
existentes na planície influencia a densidade de cervos.
As densidades por eles obtidas variaram de 0,6 ind/km2
na área do rio Taquari a 0,26 ind/km2 na área do Pantanal
Norte. Entretanto MOURÃO et al. (2000) obtiveram
densidades mais altas de cervos no rio Paraguai (0,98/
km2), na região do Corixo Grande (0,78/km2) e em
Aquidauana / rio Negro (0,57/km2).
TOMAS et al. (2001) realizaram contagens em
períodos de seca e cheia na região do rio Negro, no
Pantanal, Mato Grosso do Sul, apontando que as
densidades variam não apenas em função da época do
ano, mas em função da distribuição espacial dos
ambientes adequados na área. As densidades neste
estudo variaram de 0,53 a 1,85 ind/km2 nos períodos mais
secos, não se detectando cervos nas áreas mais altas e
naquelas de águas mais profundas, e 0,24 a 0,73 ind/km2
durante as cheias, não se detectando cervos nas áreas
de alta inundação. As informações sobre levantamentos
populacionais de cervos realizados na América do Sul
são sintetizadas na tabela I.
Tabela I. Estimativas populacionais e densidade (D) de Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815) no Brasil e Argentina.
Local Área (km2) População D (ind/km2) Fonte
Parque Nacional de Ilha Grande e entorno 1.081 1.079 ± 207 0,998 ± 0,192 presente estudo
Pantanal Mato-Grossense 140.000 7.000 0,26 a 0,6 SCHALLER & VASCONCELOS (1978)
Estero del Iberá, Reserva Natural del Ibera, 12.000 1.100 0,09 BECCACECI (1994)
Corrientes, Argentina
Rio Paraná, montante da Usina Hidrelétrica de Porto 1.280 650 0,51 MOURÃO & CAMPOS (1995)
Primavera, entre São Paulo e Mato Grosso do Sul
Rio Paraná, montante da Usina Hidrelétrica de Porto 2.500 940 0,37 PINDER (1996)
Primavera, entre São Paulo e Mato Grosso do Sul
Pantanal Mato-Grossense 136.927 44.000 ± 7700 0,10 a 0,98 MOURÃO et al. (2000)
Pantanal do Rio Negro, Mato Grosso do Sul 760 290± 275 0,53 a 1,85 TOMAS et al. (2001)
300 ± 109
Rio Paraná, montante da UHE Porto Primavera 1.800 896 0,49 ANDRIOLO et al. (2005)
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TIEPOLO et al.
O que estes resultados evidenciam é que a
movimentação dos cervos deve ser levada em
consideração para o delineamento de unidades de
conservação. Trazendo esta questão para o manejo de
áreas protegidas, o Parque Nacional de Ilha Grande é um
exemplo de unidade de conservação que foi criada sem
levar em consideração as características do hábitat e das
espécies que se desejava conservar. A conservação dos
últimos remanescentes das várzeas da bacia do rio Paraná
foi utilizada para justificar a criação do parque nacional e
nessa ocasião poderiam ter sido incorporadas aos seus
limites as importantes várzeas do rio Ivaí, no estado do
Paraná, e dos rios Iguatemi e Amambai, no estado do
Mato Grosso do Sul. A efetiva proteção dessas várzeas,
por exemplo, é indispensável para a conexão entre os
cervos de Ilha Grande e os do rio Ivinhema, além de
aumentar a capacidade de suporte (TIEPOLO et al., 2004).
Uma observação atenta dos limites do parque (Fig.
1) remete a um problema grave que ocorre tanto nas
épocas de cheias, agora controladas artificialmente pelas
inúmeras usinas de geração de energia existentes no rio
Paraná, quanto nas épocas secas, quando aumenta
consideravelmente a incidência de incêndios nas várzeas
(TIEPOLO et al., 2004). O cervo-do-pantanal, embora
adaptado a viver em ambientes pantanosos e com
capacidade física para escapar destes incêndios
atravessando o rio Paraná, não encontra áreas seguras e
protegidas nas margens, tornando-se alvo fácil de
caçadores e também de cães domésticos. Esta situação é
particularmente grave no sul e no norte da ilha e na margem
direita (Mato Grosso do Sul) do rio Paraná. Ao sul da
ilha, os cervos podem escapar para as várzeas do rio
Iguatemi e ao norte para as várzeas do rio Amambai, ambas
na margem direita do rio Paraná, no entanto essas áreas
sofrem intensa pressão de caça (TIEPOLO et al., 2004), o
que pode ser a razão da baixa densidade de cervos
observada.
O cenário da população de cervos do Parque
Nacional de Ilha Grande é de crítico perigo de extinção,
uma vez que a unidade de conservação não consegue
protegê-la em seus limites (TIEPOLO et al., 2004). Agrava-
se a situação quando os resultados deste trabalho
revelam que a maior parte da população encontra-se
dentro da ilha, estando sujeita aos efeitos deletérios de
populações pequenas e fragmentadas. Neste caso as
variações ambientais, demográficas e genéticas podem
colocar esta população em grave risco de extinção em
curto período de tempo. Este trabalho, portanto,
evidencia que são necessárias e urgentes medidas de
manejo como a ampliação dos limites do parque; o estudo
do comportamento do fogo e a intensificação de proteção
à espécie durante períodos de incêndios; o
monitoramento contínuo da população; programas de
educação e sensibilização ambiental que incluam as
populações das cidades vizinhas ao parque na
conservação das várzeas protegidas e suas espécies;
buscar mecanismos para eliminar as modalidades de caça
na região bem como prevenir atropelamentos nas estradas
e rodovias locais; entre outras previstas no Plano de
Conservação para a espécie (TIEPOLO & TOMAS, 2009).
No entanto, estas medidas perdem efeito sem mecanismos
eficientes de gestão socioambiental na unidade de
conservação. O envolvimento dos diferentes atores
sociais locais com a espécie e seu hábitat são
imprescindíveis para o entendimento da necessidade de
conservação do Parque Nacional de Ilha Grande. Conciliar
os interesses sociais, econômicos, políticos e ambientais
buscando eliminar conflitos; observar o cumprimento da
legislação vigente; prevenir e minimizar impactos
ambientais; facilitar a aplicação de recursos financeiros
para conservação; ampliar as políticas públicas de
conservação e proteção da biodiversidade; e promover a
melhoria da qualidade de vida das populações que vivem
no entorno das unidades de conservação é hoje o grande
desafio da gestão ambiental para a conservação das
paisagens naturais e da biodiversidade do Brasil.
Agradecimentos. Ao CNPq pela Bolsa de Mestrado
concedida à primeira autora junto à Pós-Graduação em Engenharia
Florestal da Universidade Federal do Paraná. Á Fundação Dalmo
Giacometti pelo financiamento dos sobrevoos. Ao apoio do piloto
Celso Lombriller (Viaer - Umuarama) na condução da aeronave. A
Carlos Firkowski, Miguel Milano, Fernando Fernandez, Tereza
Cristina Castellano Margarido, Juliana Quadros, Paulo Henrique
Carneiro Marques e Antonio Serbena pelas contribuições ao
manuscrito. Ao Parque Nacional de Ilha Grande, na pessoa de Maude
Nancy Joslin Motta, e a todos da equipe de gestão e apoio. A Luigi
M. Melnechuky pela ajuda na confecção da imagem da área de
estudo. À Sociedade Fritz Müller de Ciências Naturais e todos seus
integrantes pelo apoio logístico.
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Recebido em janeiro de 2007. Aceito em janeiro de 2010. ISSN 0073-4721
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