Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Afecções do quadril infantil 1 🦴 Afecções do quadril infantil “Displasia do desenvolvimento do quadrilˮ DDQ é uma expressão genérica que descreve um espectro de anormalidades anatômicas do quadril, as quais podem ser congênitas ou de desenvolvimento após o nascimento. As manifestações dependem do grau de deslocamento, da idade do paciente no diagnóstico e no tratamento ou, ainda, da condição do quadril (instável, displásico, subluxado ou luxado). A displasia → progressiva deformidade do quadril; fêmur proximal, acetábulo e cápsula defeituosos. A luxação do quadril é dividida em três grandes categorias: � Teratológica → ocorre antes do nascimento; grandes deformidades das estruturas associada a outras malformações � Neurológica → decorre de desequilíbtios musculares pós-natais (como na paralisia cerebral) � Típica → ocorre em crianças normais Afecções do quadril infantil 2 Anatomia e desenvolvimento do quadril Do nascimento até a maturidade (+/ 16a) o quadril passa por longa evolução, que é influenciada por inúmeros fatores. Como todas as demais articulações, o quadril é o resultado de um elemento intermediário coxofemoral, cartilagíneo, que se inicia em uma fenda articular do embrião. Os diversos fatores mecânicos (deflexão, carga, esforços musculares, movimentos, etc.) são indispensáveis para a morfologia normal ao final do crescimento. Esse esboço extremamente maleável é o centro dos primeiros pontos de ossificação (ílio, ísquio e púbis) ao redor da articulação as cartilagens de crescimento. Existem três cartilagens de conjugação, que forma um maciço cartilaginoso compacto. O componente cotiloideo possui três núcleos primitivos → ílio, ísquio e púbis. Ocorre a convergência das três formações ósseas, que se afrontam igualmente e promovem trocas em suas cartilagens de crescimento para formar a cartilagem em Y, ou trirradiada. Afecções do quadril infantil 3 A alteração morfológica dessa zona produz acetábulo raso e não esférico, que pode expulsar o núcleo cefálico ou provocar artrose Na borda do acetábulo existe uma cartilagem fibrosa parecida com um lábio (labrum) que tem funções importantes na manutenção do selo articular e na distribuição homogênea de peso na cartilagem Etiologia É multifatorial, mas as mais importantes são: Hiperlassidão ligamentar Excessiva anteversão femoral, anteversão e/ou deficiência acetabular Má posição intrauterina Alta suspeita de DDQ no RN se: Afecções do quadril infantil 4 � Existir história familiar; � Ocorrer oligodrâmnio; � For o primeiro filho e do sexo feminino (meninas > meninos, em proporção de 81; � Apresentar torcicolo, plagiocefalia, pé metatarso varo ou calcâneo-valgo, contratura em extensão dos joelhos ou outras deformidades; � Tiver apresentação pélvica (aumenta o risco de luxação em 14x no lactente a termo) A flexão do quadril (durante os últimos meses de gestação) com posições pélvica ou cefálica + frouxidão ligamentar → pode evoluir para displasia residual ou subluxação, mostrando que essa posição é importante como causa de displasia do desenvolvimento do quadril. O quadril do neonato é uma articulação relativamente instável porque a musculatura não está desenvolvida, as superfícies cartilaginosas são deformáveis com facilidade e os ligamentos são frouxos. Na posição pélvica, o fêmur do feto em flexão e rotação externa pode ser forçado para fora do acetábulo, predispondo a criança a nascer com o quadril instável, subluxado ou luxado Posicionamento exagerado em flexão aguda e adução do quadril intrauterino pode causar estiramento excessivo da cápsula posterior do Afecções do quadril infantil 5 quadril (o que deixa a articulação instável após o parto). Na instabilidade → quadril contido e reduzido, mas lasso, instável e passível de luxação, em decorrência da frouxidão capsuloligamentar. Na displasia → ocorre desenvolvimento inadequado da articulação do quadril, incluindo o acetábulo, a cabeça femoral ou ambos. A displasia do RN, sem instabilidade ou luxação, é assintomática, e o exame físico é normal. Por essa razão o diagnóstico isolado costuma ser estabelecido muito tarde, quando a evolução alcança subluxação e luxação, com sinais clínicos mais evidentes na criança maior, como a limitação da abdução, o sinal de Galeazzi e o sinal de Trendelenburg na idade da marcha. Na subluxação → perda parcial do contato articular. É o termo usado para descrever achados radiográficosque indicam hipoplasia do acetábulo e Afecções do quadril infantil 6 deslocamento parcial da cabeça do fêmur em relação ao seu encaixe no acetábulo. Na luxação → perda total do contato articular entre a cabeça femoral e o acetábulo. Ambos os casos vêm acompanhados de maior ou menor displasia Diagnóstico clínico Sinal de Thomas Avalia o grau de contratura em flexão de quadril. Paciente em decúbito dorsal, com quadris estendidos, flete-se o quadril normal como objetivo de retificar a lordose lombar. Em caso de contratura em flexão do ílio-psoas, haverá uma flexão do quadril patológico. Afecções do quadril infantil 7 Sinal de Hart Limitação da abdução do quadril fletido → encurtamento dos músculos adutores. Mais sensível mas muito sutil; Sinal de Galeazzi Diferença de comprimento dos membros devido ao encurtamento do fêmur → indica deformidade no acetábulo. Teste de Ortolani e Teste de Barlow No RN o diagnóstico é feito pela Manobra de Ortolani → quando tiver instabilidade, esta manobra faz com que a cabeça do fêmur se encaixe melhor no acetábulo, o que se sente na mão, chamado de sinal do ressalto Ortolani positivo)→ “CLUNKˮ Sinal de Galeazzi Afecções do quadril infantil 8 Nascimento até 6 meses Teste de luxação do quadril: Ortolani Teste de instabilidade do quadril: Barlow Aspectos sugestivos: assimetria de pregas nas coxas e poplíteas, encurtamento aparente do fêmur (sinal de Galeazzi positivo), assimetria das pregas inguinais 6 a 12 meses Contratura em adução do quadril; Encurtamento aparente da coxa; Postura em rotação externa do M.I; Assimetria das pregas glúteas; Após a marcha Claudicação pela fraqueza do glúteo médio e do encurtamento aparente do membro afetado; Em orstatismo: apresenta lordose lombar excessiva, rotação externa do M.I, trocânter maior proeminente e sinal de Tredelenburg positivo Afecções do quadril infantil 9 Sinal de Tredelenburg Afecções do quadril infantil 10 Diagnóstico por imagem Ultrassonografia → até os 6 meses de vida; quadril do RN é cartilaginoso, e a cabeça femoral não pe visível ao raio X. Tanto no caso de Ortolani positivo quanto negativo deve ser realizado um US do quadril por sua precisão Radiografia → com a pelve em posição AP neutra é adequado traçar linhas de referência paraobter medidas para o diagnóstico de displasia do acetábulo, subluxação ou luxação do quadril no bebê Radiografia de criança com 2 anos de idade com luxação congênita do quadril esquerdo. Há alterações no acetábulo, região proximal do fêmur, sendo que a cabeça do fêmur está fora do acetábulo. Afecções do quadril infantil 11 Tratamento RN simples e seguro, com sucesso em 97% dos casos; Redução pela manobra de Ortolani conservada por meio de aparelhos gessados ou aparelhos ortopédicos confeccionados em correia, plástico, metal ou tecido. Preferência por suspensório de Pavlik → utilizado por 23 meses ininterruptamente → ocorrerá a remodelação do acetábulo e a cápsula recupera a tensão normal Após 3 meses de idade: ainda é possívelresolver as contraturas por meio da tração; reduz-se a luxação, imobiliza-se em gesso e, depois, em algum outro aparelho por 6 meses. Após a marcha: tratamento geralmente cirúrgico, sendo que o índice de insucessos aumenta com a idade de início do tratamento Na adolescência: o tratamento curativo praticamente não existe, há grande incapacidade, além de provocar distúrbios grosseiros de postura, marcha e limitação de movimentos leva à dor na idade adulta Afecções do quadril infantil 12 Evolução da doença DDQ no RN se não tratada poderá evoluir de 3 formas � Regressão espontânea→ em casos leves da displasia; � Não regride e a cabeça do fêmur fica parcialmente desencaixada→ dará sintomas no adulto jovem quando começa a provocar artrose; � Persiste mas a cabeça se afasta progressivamente do acetábulo a medida que a criança cresce e termina por se desencaixar totalmente → luxação congênita do quadril. Complicações da DDQ � Relacionadas ao tratamento: Doença de Pavlik Abdução excessiva Lesão do nervo femoral Flexão excessiva Pode gerar apraxia (diminuição da sensibilidade) O fêmur pode sofrer necrose pela força excessiva � Relacionadas a doença em si: Displasia residual de fêmur e acetábulo Necessidade de cirurgias ou uso de próteses precocemente em alteração de crescimento do fêmur proximal. Perna maior que a outra Afecções do quadril infantil 13 Por isso a pesquisa de DDQ em RN é obrigatória através das manobras e sempre suspeitar de meninas, parto pélvico e casos de GIG. Diagnósticos diferenciais Sinovite transitória Normal/e ocorrer após um quadro de infecção como IVAS ou alergia; Ocorre em qualquer articulação; Diagnóstico feito por exclusão; Tto baseado em repouso e observação, AINEs e reavaliação; Doença de Legg-Calvé-Perthes Pp teoria vascular; Deformidade completa da cabeça do fêmur, os vasos que suprem o osso subcondral e a cartilagem são bloqueados; Diagnóstico com raio X; Afecções do quadril infantil 14 Epifisiolistese Escorregamento da cabeça do fêmur sobre a linha de crescimento; Acomete pp adolescentes obesos altos e pode apresentar dor insidiosa crônica ou ser assintomática; Sinal de Trethowan; Luxação teratogênica do quadril Forma grave de luxação que ocorre precocemente no desenvolvimento fetal; Geralmente parte de uma síndrome ou é secundária a condições neuromusculares congênitas; Afecções do quadril infantil 15 Ex: mielomeningocele, artrogripose ou nas síndromes genéticas
Compartilhar