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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS: URUGUAIANA Fisioterapia Desportiva Docente responsável: Profa. Michele Forgiarin i Saccol AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO Embora seja uma avaliação genérica, deve ser planejada para a atividade, esporte ou idade do grupo a ser avaliado. P.ex, futebol (trauma) e corrida (sobrecarga). Nível ou intensidade do exame varia de exame médico mínimo ou “físico” a um exame extensivo com testes de estresse, raio X, e outros protocolos especiais além do exame médico. Varia também com o tipo de esporte, quanto mais atividade extrema e àquelas envolvendo contato ou colisão requerem um exame mais detalhado. Idealmente, a avaliação deve ser feita 6 semanas antes da atividade iniciar, o que permite tempo para consulta com especialistas, se necessário, e tempo para corrigir defeitos mínimos como desordens da pele, fraqueza muscular, infecções menores, e problemas médicos menores. Médico da família seria o ideal, que está familiarizado com a história do atleta e de sua família. Entretanto, médico da equipe também pode ser utilizado. Freqüentemente, o exame é feito anualmente, embora não necessite ser tão extenso após o primeiro ano. Nos anos subseqüentes, avaliação pode envolver apenas as partes que podem ser afetadas na última temporada. P.ex, teste de força apenas nas articulações que ocorreram lesão para garantir que o paciente está pronto para participar novamente. McKeag (1985) delineou 5 populações específicas nas quais áreas de especial preocupação devem ser incluídas no exame. Nos pacientes pré- púberes (6 a 10 anos de idade), avaliações devem incluir exame de anormalidades congênitas que podem não ter sido diagnosticadas previamente. No paciente púbere (11 a 15 anos), o exame deve centrar-se na avaliação da maturidade física e práticas saudáveis para permitir participação saudável. O pós-púbere ou adulto jovem (16 a 30 anos) possue a mais ampla variedade de habilidades, níveis e motivação. Para este grupo, a história de lesões prévias e exames específicos do esporte são particularmente importantes. Para a população adulta (30 a 65 anos), prevenção de lesão (i.e, overuse), padrões de lesões prévias e condicionamento devem ser incluídos no exame. O grupo final consiste em pacientes idosos (65 anos ou mais), que requerem um exame baseado nas exigências individuais, pois muitas dessas pessoas realizam exercícios ou aumentam a atividade física após uma doença. Objetivos da avaliação O objetivo desta avaliação não é desqualificar o paciente, mas garantir a saúde do paciente e segurança . Um paciente desqualificado deve ser encorajado a encontrar outras atividades, exercícios ou esportes que não sejam impedidos pelos resultados do exame. A avaliação pré-participação auxilia o examinador a desenvolver um perfil musculoesquelético , que é utilizado para determinar se o paciente apresenta atributos físicos para a atividade. Pacientes com história de lesão ou cirurgia devem ser avaliados fisicamente e psicologicamente para assegurar que eles possam resistir as forças normalmente encontradas na atividade, exercício ou esporte. Ao desenvolver este perfil, o examinador pode estabelecer valores de normalidade ou base para o paciente de forma que lesão futura pode ser avaliada corretamente. Ou seja, a avaliação não pode ser apenas questões simples do tipo “sim” ou “não”, mas uma avaliação completa e que estabeleça níveis apropriados de aptidão para a atividade. Também pode ser utilizada para determinar o estado de saúde do sujeito antes que ele ou ela seja exposto à participação ou competição. Também auxilia a prevenir lesões através da identificação de anormalidades, inadequações físicas, ou condicionamento pobre que poderiam colocar o paciente em risco. O exame pode identificar condições previamente não suspeitadas que são possíveis de corrigir ou evitar a participação na atividade desejada. Similarmente, a avaliação auxilia a evitar más-interpretações dos achados que parecem ser novos mas existiam previamente. Também valiosa na garantia de tratamentos serem conduzidos e condições previamente diagnosticadas terem sido tratadas propriamente. Assim, atua como processo de “screening” para garantir que o tratamento de condições médicas e cirúrgicas potencialmente graves sejam realizados. Além disso, avaliar se uma lesão ocorrida no final da temporada anterior tenha sido tratada apropriadamente, pois freqüentemente os atletas não realizam o tratamento ou o abandonam no final da temporada, pois eles acreditam que a lesão irá cicatrizar com o tempo. A avaliação também dá a equipe médica à chance de favorecer práticas saudáveis e promover ótima saúde e aptidão. P.ex, determinar a classe de atletas por peso como na luta greco-romana ou levantamento de peso. Ao mesmo tempo, pode explicar os perigos envolvidos em dietas relâmpagos e desidratação excessiva. Também permiti atualização de imunizações, descartar doenças contagiosas e estabelecer um relacionamento com o atleta. O examinador pode aprender o que motiva o paciente, e, ao mesmo tempo, ajuda a estabelecer a confiança do paciente na equipe médica. Etapas da avaliação 1. Anamnese - Dados pessoais - História completa - Interrogatório familiar - Interrrogatório sobre diversos aparelhos - Intercorrências ortopédicas e traumatológicas Uma história completa pode usualmente identificar 60 a 75% dos problemas afetando um paciente (Hunter, 1994). Para indivíduos mais jovens, tanto o paciente como seus pais devem fornecer a história para garantir integralidade nas informações. Restante da avaliação é embasada na informação determinada na história. Geralmente, a história é completada com o paciente respondendo questões no formato “sim-não”, as afirmativas sendo investigadas em outras partes da avaliação. A história deve incluir a história médica do paciente assim como possíveis problemas familiares congênitos, hereditários ou de lesão. Algumas questões possíveis para serem enviadas aos pais: 1. O seu filho queixa de dor ou outro sintoma? ( ) Não ( ) Sim, aonde? 2. O seu filho tem ou teve alguma doença ou internação? ( ) Não ( ) Sim, qual? 3. Tem doenças em familiares (pais, avós, tios ou irmãos)? ( ) Não ( ) Sim, qual? 4. Está com vacinações em dia? ( ) Não ( ) Sim, qual falta? 5. Quantas horas seu filho assiste televisão ou joga vídeo game? R: __________________________________________ 6. Seu filho dorme bem, ronca, para de respirar a noite, fica cansado durante o dia? R: __________________________________________ 2. Exame físico Deve ser completo e específico para atividade, exercício ou esporte que a pessoa pretende participar. P.ex, os ouvido nos nadadores, membros superiores em esportes de raquete, coluna, joelho e tornozelo em jogadores de futebol. Parte inicial do exame é realizada para estabelecer os parâmetros fisiológicos dos pacientes e sinais vitais: ALTURA IMC = peso (kg) PESO altura²(m) ALTURA PESO PULSO (frequência cardíaca): Homens 60-100 bpm Mulheres 60-100 bpm Crianças 120-140 bpm Atletas bem condicionados 50+ bpm PRESSÃO ARTERIAL Adultos 120/80 mmHg Crianças 105/70 mmHg (idade: 10 anos) (tabelas em anexo do percentil de IMC pela idade) Exame dos olhos Visão periférica e profundidade da percepção deve ser testada. Questões relativas ao exame visual devem incluir: 1. Você já apresentou algum problema com a visão ou seus olhos? 2. Alguma vez você machucou seus olhos? 3. Você usa óculos, lentes de contato ou protetores nos olhos/ 4. Você é daltônico? 5. Você possui problema com sua visão periférica? Qualquer anormalidade ou resposta positiva requer exame mais aprofundado, p.ex, visão apenas em um olho, miopia severa, deslocamento de retina. Aspectos neurológicos e desordens convulsivas Especialmente em atividades de contatoou colisão, questões mais freqüentes: 1. Você já desmaiou ou ficou inconsciente? 2. Você já teve uma lesão na cabeça? 3. Você já teve um ataque (SEIZURE)? 4. Você já sentiu alguma vez que um ou mais de seus membros ficaram adormecidos durante a atividade? 5. Você já teve algum acidente automobilístico ou caiu e bateu a cabeça? Impacto significante se alguma dessas respostas for positiva. Convulsões: serviço médico da equipe deve saber sobre a freqüência dos episódios, como e se o controle foi alcançado, medicações de rotina, circunstâncias ativadoras, e se o paciente entende as circunstâncias, seus riscos e fatores predisponentes. Pacientes com convulsões não devem realizar atividades com trauma de cabeça recorrentes, quedas inesperadas que levam a lesões graves (montanha, trabalhar nas alturas, etc), esportes aquáticos, corrida de carros. Exemplos de condições neurológicas ou sinais e sint omas necessitando de exame adicional Mais de uma concussão Qualquer história de lesão na cabeça Qualquer história de agulhamento, queimação ou neuropraxia Qualquer história de quadriplegia transitória Qualquer história de paralisia de nervo Aspectos cardiovasculares Mais de 90% das mortes súbitas em exercício e esportes entre participantes mais jovens que 30 anos envolvem o sistema cardiovascular. Morte súbita em atletas considerados saudáveis é rara: 1/280.000 recreativos (Ragosta,1984) 1/300.000 colegiais (Van Camp, 1995) 1/200.000 crianças/adolescentes (CJSM,2004) Questões: 1. Você já experienciou vertigem ou tontura durante ou após atividade, exercício ou esporte? 2. Você já sentiu dor no peito durante ou após atividade, exercício ou esporte? 3. Quando está realizando atividade, exercício ou esporte, você se cansa mais rapidamente que os outros durante as mesmas atividades? 4. Alguma vez você teve pressão sanguínea elevada? 5. O seu coração alguma vez bateu fortemente ou acelerado? 6. Alguém já lhe falou que você tem um murmúrio no coração? 7. Alguém na sua família têm ou faleceu por problemas cardíacos? 8. Alguém na sua família faleceu repentinamente antes dos 50 anos? Exemplos de condições cardiovasculaes ou sinais e s intomas necessitando de exame adicional Dor no peito Tontura/vertigem com a atividade Batida do coração anormal (taxa, ritmo) Hipertensão anormal (instável ou orgânica) Murmúrio do coração História familiar de problemas cardíacos Cardiomegalia hipertrófica Anormalidades de condução Arritmias Problemas valvulares Defeitos da artéria coronária Coarctação da aorta Síndrome de Marfan Defeitos do septo atrial Dextrocardia Coração do atleta Doença aterosclerótica Insuficiência mitral Anemia Baço aumentado Cardiomiopatia hipertrófica é a causa mais comum de morte súbita em atletas, seguida de ruptura da aorta associado com Síndrome de Marfan, anomalias congênitas da artéria coronária e doença ateroesclerótica da artéria coronária. Se uma dessas condições é presente, atividade vigorosa é contra- indicada. Aspectos pulmonares Geralmente realizado com o exame cardiovascular. Questões: 1. Você alguma vez experienciou períodos prolongados de tosse intermitente? 2. Você já teve tosse durante ou após atividade, exercício ou esporte? 3. Você já experienciou respiração curta ou ofegante durante ou após atividade, exercício ou esporte? Aspectos gastrointestinais Sistema digestivo, hábitos alimentares e nutrição. Questões: 1. Você acha que come regularmente e apresenta uma dieta bem balanceada? 2. Existem certos grupos de frutas que você não come? 3. Você já realizou alguma dieta? 4. Você se acha muito magra, muito gorda ou no peso ideal? 5. Você já tentou controlar seu peso? Se afirmativo, como? 6. Você já apresentou azia ou indigestão excessiva? Alguns casos ou esportes, notavelmente os estéticos e consciência do peso (p.ex, ginástica, balé, nado sincronizado, luta greco-romana), é recomendável checar o estado nutricional do paciente, especialmente se existe tendência para anorexia ou bulemia. Exame musculoesquelético Questões: 1. Você já rompeu (distensão) algum músculo? 2. Você já rompeu (estirou) um ligamento? 3. Você já subluxou ou deslocou uma articulação? 4. Você já quebrou (fraturou) um osso? 5. Alguma articulação sua já inchou? 6. Você já teve dor nos músculos ou articulações durante ou após atividade, exercício ou esporte? Exemplos de condições gastrointestinais ou sinais e sintomas necessitando de exame adicional Aumento do tamanho dos órgãos (p.ex fígado, baço) Anorexia Bulimia O exame musculoesquelético inicia com observação da postura do paciente, procurando assimetrias. Assimetria combinada á história pode levar o examinador a um exame físico detalhado da articulação. Alinhamento e desvios posturais (Capítulo do livro MOLINARI, 2003) VISTA ANTERIOR: Pés: calosidades, pé abdutor ou adutor Pé abdutor- projeção dos pés para fora da linha média do corpo; Pé adutor- é a projeção dos pés para dentro da linha média; Normal é de 8-10° de rotação lateral da tíbia. Pernas: se apresenta perna arqueada ou não. Joelhos: se possui joelho varo ou valgo. Normalmente, joelho possui 13- 18° de valgo. Joelho varo- projeção do(s) joelho(s) para fora da linha média do corpo. Joelho valgo- projeção do(s) joelho(s) para dentro da linha média do corpo. varo valgo Linha do quadril: união de dois pontos iliocristais. Essas duas linhas deverão ser paralelas; se não estiverem, poderão indicar uma possível escoliose, ou seja, desvios laterais da coluna vertebral. Linha dos ombros: linha imaginária formada pela união dos pontos acromiais que devem estar na mesma altura. Pescoço: verificar o alinhamento da cabeça. Face: se existe simetria ou assimetria. VISTA POSTERIOR Confirmar o que foi observado na posição anterior em relação à linha dos ombros, quadril e joelhos. Tendão de Aquiles: observar se o indivíduo apresenta um calcâneo varo ou valgo Calcâneo varo: projeção do tendão de Aquiles para fora da linha média do corpo. Calcâneo valgo: projeção do tendão de Aquiles para dentro da linha média do corpo. Panturrilha: se a musculatura está simétrica ou assimétrica Linha poplíteas: analisar se estão na mesma altura Pregas glúteas: verificar se estão na mesma altura, qualquer desalinhamento poderá indicar um desvio de quadril ou coluna. Quadril: se as espinhas ilíacas póstero-superiores estão paralelas; qualquer desalinhamento poderá indicar um desvio lateral. Coluna vertebral: desvio lateral das vértebras caracterizando como escoliose. Escápulas: na posição neutra, bordas mediais essencialmente paralelas e cerca de 7,5 a 10 cm separadas; analisar se estão abduzidas ou aduzidas. VISTA LATERAL Com auxílio da projeção lateral da linha da gravidade: Pés: observar o arco longitudinal, pé plano, normal ou cavo. Joelhos: normalmente de 0-5° de flexão. Observar se o joelho é recurvado ou flexo Joelho recurvado: é a projeção do(s) joelho(s) para trás da linha da gravidade. Joelho flexo: é a projeção do(s) joelho(s) à frente da linha média. Coluna lombar : verificar se apresenta uma hiperlordose lombar ou dorso plano. Hiperlordose lombar: acentuação da curvatura da coluna lombar, causada pela fraqueza da musculatura abdominal e encurtamento da musculatura lombar, colocando o ponto trocantérico fora da linha de gravidade. Dorso plano: diminuição ou inversão de qualquer um dos segmentos da coluna vertebral; geralmente encontrada na região lombar. Coluna dorsal: se apresenta uma hipercifose. Hipercifose: acentuação da coluna dorsal. Coluna cervical: se apresenta hiperlordose cervical Hiperlordose cervical: acentuação da curvatura da coluna cervical. VISTA LATERAL COM FLEXÃO DO TRONCO Em posição ortostática,de frente para o avaliador, indivíduo realiza uma flexão de tronco. Caso a pessoa apresente uma escoliose e suas vértebras já tiverem realizado uma rotação, aparecerá uma gibosidade no local da curvatura escoliótica e serão presenciados encurtamentos. Se nenhum problema é observado, o examinador pode fazer um rápido exame de membros superiores e inferiores para checar problemas potenciais e movimento anormal (p.ex hipomobilidade, hipermobilidade, padrões capsulares, fraqueza, padrões anormais de movimento). Dependendo da atividade proposta, ênfase pode ser dada para articulações específicas. EXAME MUSCULOESQUELÉTICO DE DOIS MINUTOS 1. Avaliar postura Vista anterior: articulação acromioclavicular e hábitos gerais de postura Vista posterior: simetria de ombros, escoliose Perfil e flexão anterior do corpo (joelhos retos, tocar os dedos dos pés): escoliose, movimento do quadril e flexibilidade de IT 2. Movimento da coluna cervical Olhar para o teto, chão, sobre os ombros e tocar com a orelha o ombro. 3. Avaliação de trapézio superior Movimento de “encolher ombros”. 4. Força do deltóide Elevar os braços no plano da escápula 5. Movimento dos ombros Rotação lateral/externa 6. Movimento do cotovelo Flexão e extensão do cotovelo 7. Movimento do punho e do cotovelo Braços ao lado do corpo, cotovelo em 90 de flexão, pronar e supinar 8. Movimento da mão e dedos (deformidades) Extender os dedos, cerrrar o punho 9. Simetria e edema em joelhos Contrair e relaxar o quadríceps 10. Movimento de quadril, joelho e tornozelo Marcha de pato por 4 passos 11. Simetria de panturrilha e força das pernas Subir nos dedos e nos calcanhares Exame de membros superiores e inferiores Coluna cervical : flexão, extensão, flexão lateral, rotação; Elevação dos ombros (resistência pode ser adicionada); Ombro: elevação através da abdução, flexão anterior e plano de escápula, rotação medial e lateral (resistência pode ser aplicada); Cotovelo : flexão, extensão, pronação, supinação; Punho: flexão, extensão, desvio radial e ulnar; Dedos e polegar : abertura das mãos amplamente, aperto de mão firme; Coluna torácica e lombar : flexão (tocar os dedos do pé, joelhos extendidos), extensão, flexão lateral, rotação Enrijecer/apertar o quadríceps Quadril, joelho, tornozelo e pé: agachamento, saltar, caminhada calcanhar- dedos. 3. Exames Laboratoriais Geralmente não incluídos na avaliação pré-participação. Porém, se o examinador suspeita de problemas para os quais os exames laboratoriais são diagnóstico, eles são necessários. Incidência de deficiência de ferro em atletas femininas pós-menarca é tão alta quanto 15%. Em alguns esportes, necessidade de antidoping prévio. 4. Perfil de aptidão física Basicamente, o perfil é obter informações sobre atributos físicos do participante. Este perfil auxilia na determinação se o indivíduo apresenta os atributos, habilidades, e capacidades necessárias para a participação e satisfaz as demandas da atividade, o que deve ser ajustado para a atividade específica, exercício ou esporte. Deve ser planejado para estressar o corpo, de forma que qualquer fraqueza ou patologia existente seja aparente. Desta forma, deve ser usado como um esquema/dispositivo de triagem para prevenir lesões. O perfil também provê uma linha base no evento de lesão ou para demonstrar a necessidade de, ou efeito de, condicionamento necessário para a atividade. Um perfil de aptidão física pode envolver diversos aspectos ou parâmetros, incluindo força, resistência, flexibilidade, desempenho cardiovascular, e maturação. FORÇA: mensurações de força podem ser isométricas, isotônicas ou isocinéticas, atividades funcionais, levantamento de pesos livres, ou, em alguns casos, teste simples de preensão manual. POTÊNCIA: arremessar uma medicine ball, saltar de uma altura,... FLEXIBILIDADE E AMPLITUDE DE MOVIMENTO: testes de flexibilidade devem ser específicos para a atividade que o paciente deseja participar, ou até específicos da posição. P.ex, em esportes de corrida, flexibilidade de membros inferiores (especialmente flexores de quadril, IT, reto femoral, banda iliotibial, e gastrocnêmio) é de grande importância, enquanto na natação, flexibilidade de membros superiores (especialmente abdução do ombro e rotação medial e lateral) é mais importante. Em algumas atividades como balé, ginástica, e nado sincronizado, flexibilidade geral é essencial. No beisebol, arremessador freqüentemente requer maior flexibilidade de ombro, quadril e tronco que os demais jogadores. Flexibilidade deve ser mensurada com goniômetro, flexômetro ou medida com fita. Ao considerar ADM, importante observar que hipermobilidade ou lassidão em uma articulação ou uma direção do movimento articular não necessariamente significa hipermobilidade em todas as articulações ou todas as direções. Pessoas hipermóveis ou com articulação “frouxa” são mais suscetíveis a entorses articulares, dor lombar crônica, prolapso discal, espondilolistese, pés planos, edema articular e tendinites geradas por falta de controle. No atleta hipermóvel, se força e resistência não estão em um nível apropriado para suporte da articulação, a articulação é freqüentemente instável ou sujeita a cargas potencialmente lesantes. Estes atletas tendem a ter um desempenho muito pobre em eventos de força. Existem diversos sistemas de classificação de frouxidão ligamentar generalizada. Se uma pessoa é hipermóvel, então deve evitar alongamento adicional e prover suporte articular através de programas de fortalecimento. Deve ser ensinado o posicionamento adequado, e existindo hipermobilidade articular, provavelmente existem articulações próximas que necessitam ser mobilizadas. VELOCIDADE: corrida de 100 m, 400 m ... APTIDÃO CARDIOVASCULAR E RESISTÊNCIA: importante saber se o nível de estresse produzido no exercício e se o sistema cardiovascular responde ao mesmo. AGILIDADE, EQUILÍBRIO E TEMPO DE REAÇÃO: agilidade e testes de equilíbrio são freqüentemente medidos pelo tempo ou acurácia. MATURAÇÃO E CRESCIMENTO: o crescimento refere-se ao aumento do tamanho do corpo ou de partes específicas do corpo; já a maturação ao tempo e ritmo de progresso para o estado biológico maduro (Malina & Bouchard, 1991). O perfil de maturação não deve ser utilizado para identificar crianças para determinadas atividades ou excluí-las. Em adolescentes, padrões de crescimento podem ter efeito na participação em atividades, exercícios, e esporte e podem ter um papel ao afetar padrões de lesão. P.ex, estirão de crescimento para um ginasta pode afetar adversamente equilíbrio e flexibilidade. Usualmente, o desenvolvimento esquelético é avaliado usualmente por raios-X do punho e o método mais comum de mensurar a maturação em homens e mulheres é a escala de Tanner. COMPOSIÇÃO CORPORAL E ANTROPOMETRIA: perfil é esquematizado para gerar análise detalhada de músculo, gordura e massa óssea. Antropometria pode ser usada para determinar o tipo corporal do paciente (mesomórfico, endomórfico e ectomórfico) para verificar se a pessoa é apropriada para a atividade desejada, exercício, esporte ou posição no esporte. Magee, D. Avaliação Musculoesquelética. Manole, 2003. Critérios de Hi permobilidade articular generalizada Polegar ao antebraço Hiperextensão da metacarpofalangeana do quinto dedo maior que 90° Hiperextensão do cotovelo maior que 10° Hiperextensão do joelho maior que 10° Hiperextensão do tornozelo maior que 45° Palmas das mãos levadas ao chão (com joelhos retos) Mobilidade excessiva da patela Mobilidade excessiva do ombro critérios ainda em estudo
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