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GRATIFICAÇÃO NATALINA
Também conhecida como 13º salário, a gratificação natalina é um benefício que foi incorporado como direito positivo há pouco tempo no Brasil. Especialistas dizem que gratificações de Natal pagas pelo bom desempenho dos empregados eram uma prática comum nas empresas. Essa questão foi bastante debatida no governo Vargas, em 1943, mas pressões de empresários evitaram a sua incorporação à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o que ocorreu apenas em 1962.
A aprovação da lei da gratificação natalina ocorreu durante um período bastante conturbado da nossa história. Com a renúncia do presidente Jânio Quadros e a posse de João Goulart, foi instalado no Brasil um sistema parlamentarista com o intuito de restringir o poder do então presidente, que tinha um claro viés socialista. Com as fortes pressões populares, principalmente de trabalhadores urbanos, que cresciam em número e importância no país já há algum tempo, os parlamentares procuraram aprovar a gratificação natalina como uma forma de apaziguar os ânimos.
A instituição dessa lei recebeu novamente forte pressão dos empresários, mas desta vez foi aprovada e recebeu a sanção do presidente João Goulart em 13 de julho de 1962.
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Com o passar do tempo, a gratificação natalina revelou-se um enorme incentivo ao comércio. A renda extra na época do Natal movimenta a economia gerando renda e prosperidade ao país.
Com a vitória dos trabalhadores, que passaram a ter o direito de receber 1/12 (um doze avos) a mais por mês trabalhado, pagos no final do ano como gratificação natalina, esse direito foi universalizado aos trabalhadores empregados no regime da CLT.
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Essa condição passou a ser a única exigência para a aquisição do direito, tornando o valor correspondente aos meses trabalhados durante o ano vigente.
Um trabalhador contratado no mês de abril, por exemplo, terá direito a 9/12 (nove doze avos) de seu salário como gratificação natalina, desde que trabalhe até o final do ano vigente. Essa proporcionalidade, além de garantir que todos os empregados recebam sua gratificação de natal, ainda que tenham trabalhado apenas alguns meses no ano, distribui o custo dessa benesse uniformemente durante o ano para os patrões, que ao final o incorporam mensalmente como um custo de produção.
Cálculo e pagamento da primeira parcela
Como vimos, a gratificação natalina está diretamente ligada à quantidade de meses que cada empregado trabalha durante o ano calendário. Isso quer dizer que os cálculos são todos feitos com base no número de meses em que o empregado esteve à disposição da empresa.
Atenção
A gratificação natalina é paga sempre em duas parcelas. O Decreto 57.155/1965, em seu Artigo 3º, indica que “entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como adiantamento da gratificação, de uma só vez, metade do salário recebido pelo empregado no mês anterior”.
Essa regra define como obrigatório o pagamento de metade do salário do empregado como adiantamento de seu 13º salário. O empregador pode escolher o mês do pagamento, desde que dentro do prazo determinado.
Saiba mais
Outro ponto importante nesse regramento é que o empregador não é obrigado a pagar todos os empregados no mesmo mês. Isso quer dizer que os adiantamentos podem ser escalonados durante o ano, criando a sequência que for mais conveniente ao empregador. No entanto, cada empregado deve receber o valor integral, sem parcelamentos.
“E empregados que recebe algum tipo de comissão?”
Resposta
A legislação também autoriza expressamente o desconto do valor pago como adiantamento no valor devido no mês de dezembro. Como se sabe, a CLT determina que nenhum desconto pode ocorrer nos salários dos empregados sem que haja lei que o autorize.
A legislação também dá ao empregado a possibilidade de requerer o adiantamento da primeira parcela do 13º salário junto com as férias. Para que essa possibilidade seja aceita pelo empregador, é necessário que o empregado faça um requerimento até o mês de janeiro do ano correspondente. Essa exigência procura resguardar o direito de programação do empregador com relação aos seus desembolsos.
Cálculo e pagamento da segunda parcela
A segunda parcela do 13º salário deverá ser quitada até o dia 20 de dezembro, conforme indica a CLT e o decreto 57.155/65.
A regra vale para o setor público e privado, garantindo assim que esse valor esteja nas mãos de todos os empregados antes das festas de Natal. Esse direito garante um Natal com maior fartura e os empregados poderão usufruí-lo visando a atender seu intuito. Se pensarmos que vivemos em uma sociedade majoritariamente cristã, podemos entender tal direito e sua principal função.
A segunda parcela do 13º salário é o momento em que o empregador procede com o cálculo dos adicionais e dos descontos incidentes sobre essa gratificação. Diversos adicionais — os noturnos, de insalubridade, de periculosidade, entre outros — incidem sobre esse valor e incorporam seu valor base.
As comissões e os demais valores variáveis que incorporam a base de cálculo dos salários também incorporam o valor final do 13º salário dos empregados.
Já os descontos são aplicados conforme regramento geral e específico. O Imposto de Renda Retido na Fonte também alcança o 13º salário e dever ser retido e repassado para a Receita Federal.
Esse tributo tem regras próprias, mas não trataremos delas aqui. O desconto da Contribuição Previdenciária também incide sobre o 13º salário. A lógica para essa incidência é que o aposentado ou pensionista também terá o direito de receber futuramente a gratificação natalina.
Além das incorporações e dos descontos, os valores pagos in natura também devem incorporar a gratificação natalina. Essa incorporação deve acontecer por seu valor de desconto no salário do empregado. O valor equivale a cada tipo de salário in natura que o empregado tenha direito, não podendo ser incorporados os valores de benefícios fornecidos para a execução do trabalho, valores esses que não incorporam o salário tampouco a gratificação natalina.
Os valores pagos como primeira parcela do 13º salário devem ser descontados do pagamento do valor final. Esse desconto não fere a regra de que nenhum valor pode ser descontado da remuneração dos empregados, já que a Lei e o Decreto garantem essa prerrogativa ao empregador. Com isso, o adiantamento segue o mesmo padrão do adiantamento do salário mensal.
Quando o empregado é contratado ou demitido durante o ano, ele faz jus ao proporcional do 13º salário.
Esse cálculo é feito levando em consideração 1/12 (um doze avos) para cada mês trabalhado.
Qualquer fração de mês superior a 15 dias será computado como um mês completo para esse cálculo. Isso quer dizer que, se uma pessoa for admitida no dia 10 de março e demitida no dia 10 de novembro, fará jus a 8/12 (oito doze avos) do salário mensal, acrescido de todos os direitos que incorporam seu salário, como gratificação natalina proporcional.
A data legal de pagamento da segunda parcela do 13º salário é 20 de dezembro — lembrando que metade desse valor deve ser pago como adiantamento entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano. Como o mês de dezembro ainda não está fechado para que o valor final do 13º salário seja calculado (principalmente no caso dos funcionários que recebem valores variáveis), a legislação indica que o valor seja calculado na proporção de 1/11 (um doze avos) das remunerações até novembro e que até o dia 10 de janeiro seguinte a diferença, se houver, seja apurada e paga aos empregados. Dessa forma, a lei procura padronizar a metodologia aplicada e gerar uniformidade na aplicação do direito.
A lei trata também dos trabalhadores temporários e intermitentes, dando a eles os mesmos direitos que os trabalhadores com contrato de trabalho tradicional — incluindo o trabalhador rural que trabalha por safra.
Na extinção do contrato de trabalho, é devido, de forma proporcional à sua duração, o pagamento do 13º salário aos empregados. Essa regra segue a premissa de que o valor do 13º salário é ganho na proporção de 1/12(um doze avos) por mês trabalhado. Esse direito ao 13º salário proporcional ao tempo trabalhado foi estendido aos funcionários que se aposentam.
Essa extensão procura garantir ao aposentando a percepção de sua gratificação natalina por completo, pois o INSS só paga a gratificação de Natal aos seus segurados proporcionalmente aos meses de seguridade.
Outro ponto abordado é a questão dos descontos de faltas. O art. 2º da Lei 4090/1962 garante que as faltas justificadas, ou seja, aquelas concedidas como direito ao empregado, não serão descontadas do trabalhador. Isso ocorre também com o salário mensal desse trabalhador. No entanto, em contradição a esse dispositivo, as faltas não justificadas poderão ser descontadas do 13º salário.
Esse desconto não acontece de forma direta, mas indireta: ao descontar as faltas injustificadas no salário mensal do trabalhador, esse valor será a base para o cálculo do 13º salário na proporção de 1/12 (um doze avos). Portanto, o valor resultante será impactado pelo desconto das faltas injustificadas.
Atenção
TST. Súmula n. 46. As faltas ou ausências decorrentes de acidente do trabalho não são consideradas para os efeitos de duração de férias e cálculo da gratificação natalina.
As demissões por justa causa provocam a perda do direito ao recebimento do 13º salário proporcional ao tempo já transcorrido — no ano em que a demissão acontece. Essa penalização está expressa no Decreto 57.155/1965 em seu artigo 7º. Dessa forma, se um empregado é demitido por justa causa, qualquer valor que ele tenha recebido como adiantamento do 13º salário deverá ser descontado dos valores devidos na rescisão. Não havendo demissão por justa causa, os valores proporcionais do 13º salário são devidos. Mesmo nesses casos o adiantamento pode ser compensado dos valores devidos como verbas rescisórias.
Os valores pagos aos empregados, como salário utilidade, devem ser incorporados ao 13º salário e pagos em pecúnia até o dia 20 de dezembro. Conforme indica o artigo 5º do Decreto 57.155/1965,
quando parte da remuneração for paga em utilidades, o valor da quantia efetivamente descontada e correspondente a essas será computado para fixação da respectiva gratificação.
Jaeger, 1995.
Esse dispositivo indica que a parte descontada do salário e paga em utilidades, ou seja, in natura, deve ser incorporada ao cálculo do 13º salário de forma integral, retornando ao seu valor original.
Outras gratificações
Gorjetas Gratificação semestral Trabalhadores domésticos
O que diz o Decreto 57.155/1965
Clique nas barras para ver as informações.
ART. 1º
O pagamento da gratificação salarial, instituída pela Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962, com as alterações constantes da Lei n. 4.749, de 12 de agosto de 1965, será efetuado pelo empregador até o dia 20 de dezembro de cada ano, tomando-se por base a remuneração devida nesse mês de acordo com o tempo de serviço do empregado no ano em curso. Parágrafo único. A gratificação corresponderá a 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente, sendo que a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral.
ART. 2º
Para os empregados que recebem salário variável, a qualquer título, a gratificação será calculada na base de 1/11 (um onze avos) da soma das importâncias variáveis devidas nos meses trabalhados até novembro de cada ano. A esta gratificação se somará a que corresponder à parte do salário contratual fixo.
Parágrafo único. Até o dia 10 de janeiro de cada ano, computada a parcela do mês de dezembro, o cálculo da gratificação será revisto para 1/12 (um doze avos) do total devido no ano anterior, processando-se a correção do valor da respectiva gratificação com o pagamento ou a compensação das possíveis diferenças.
ART. 3º
Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como adiantamento da gratificação, de uma só vez, metade do salário recebido pelo empregado no mês anterior.
§ 1º - Tratando-se de empregados que recebem apenas salário variável, a qualquer título, o adiantamento será calculado na base da soma das importâncias variáveis devidas nos meses trabalhados até o anterior àquele em que se realizar o mesmo adiantamento.
§ 2º - O empregador não estará obrigado a pagar o adiantamento no mesmo mês a todos os seus empregados.
§ 3º - A importância que o empregado houver recebido a título de adiantamento será deduzida do valor da gratificação devida.
§ 4º - Nos casos em que o empregado for admitido no curso do ano, ou, durante este, não permanecer à disposição do empregador durante todos os meses, o adiantamento corresponderá à metade de 1/12 (um doze avos) da remuneração, por mês de serviço ou fração superior a 15 (quinze) dias.
ART. 4º
O adiantamento será pago ao ensejo das férias do empregado, sempre que este o requerer no mês de janeiro do correspondente ano.
ART. 5º
Quando parte da remuneração for paga em utilidades, o valor da quantia efetivamente descontada e correspondente a essas, será computado para fixação da respectiva gratificação.
ART. 6º
As faltas legais e as justificadas ao serviço não serão deduzidas para os fins previstos no art. 2º deste Decreto.
ART. 7º
Ocorrendo a extinção do contrato de trabalho, salvo na hipótese de rescisão com justa causa, o empregado receberá a gratificação devida, nos termos do art. 1º, calculada sobre a remuneração do respectivo mês.
Parágrafo único. Se a extinção do contrato de trabalho ocorrer antes do pagamento de que se trata o Art. 1º, o empregador poderá compensar o adiantamento mencionado no Art. 3º, com o valor da gratificação devida na hipótese de rescisão.
ART. 8º
As contribuições devidas aos Institutos de Aposentadoria e Pensões que incidem sobre a gratificação salarial serão descontadas levando-se em conta o seu valor total e sobre este aplicando-se o limite estabelecido na Previdência Social.
Parágrafo único. O desconto, na forma deste Artigo, incidirá sobre o pagamento da gratificação efetuado no mês de dezembro.
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