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Transplante Dentário

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GABRIELA MACHADO CTBMF III ODONTOLOGIA UFSM
Transplante dentário
É o ato operatório que consiste na transferência de um dente de um local, para outro, no tecido ósseo do rebordo alveolar da maxila ou da mandibular. É comum ser feito o transplante do 3ºM para o lugar do 1ºM, mas pode ser de qualquer dente para qualquer lugar.
TIPO DE TRANSPLANTE
Quanto ao receptor:
· autógemo: o indivíduo que recebe é o mesmo que doa.
· homógeno: receptor e doador são da mesma espécie.
· heterógeno: receptor e doador são de espécies diferentes.
>> Os transplantes dentários alogênicos, contudo, em última análise, acabam fracassando porque as propriedades antigênicas do ligamento periodontal causam uma resposta imune local. A rejeição é manifestada por reabsorção radicular interna e externa.
Quanto à vitalidade do transplante:
· homovital: dente tem vitalidade no seu local de origem e permanece assim.
· homeostático: dente tem uma leve necrose, mas recupera depois de transplantado  dente vai progressivamente revitalizando no interior do tecido receptor
· não vital: dente sem vitalidade; extrai, trata-se a endodontia fora da boca e reimplanta.
Segundo Shulman, a melhor época para se realizar um transplante é quando o dente está quase totalmente formado, porém sem fechamento apical. Se estiver todo formado é ruim, mas precisa de um pouco de raiz para firmar.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS TRANSPLANTES
· última alternativa terapêutica (Bolton, 1974)
· tem boa indicação principalmente no serviço público onde próteses e implantes tornam-se opções caras
· paciente tem que aceitar e deve ter boas condições de saúde bucal.
· o leito deve ser maior ou igual ao dente transplantado
· o dente a ser transplantado deve ser de fácil acesso cirúrgico e ficar em infra oclusão no local implantado, com adequada imobilização.
· a estrutura da raiz do dente deve ter ¾ de formação, pois é importante que tenha raiz o suficiente para se firmar, no entanto, não deve ter o ápice fechado ainda;
Critérios para seleção do paciente
No exame clinico e radiográfico o paciente deve apresentar:
· desenvolvimento radicular do germe, de no mínimo 1/3 e no máximo 2/3. 
· o diâmetro mesio distal do germe dental deve ser igual ou menor do que o dente extraído.
· o germe deve estar em posição favorável a ser extraído.
· ausência de lesões periodontais e infecções agudas no alvéolo receptor.
· idade do paciente: 14-18 anos principalmente de 3º para 1ºM.
TÉCNICA CIRURGICA – 3º MOLAR
1. Anestesia.
2. Incisão: na distal do 2ºM e no 1ºM por vestibular, acompanhando o ramo ou em cunha (se o dente já estiver erupcionando).  se necessário faz uma relaxante
3. Descolamento.
4. Osteotomia: remove osso com broca 6 ou 8  faces O, V e D.
5. Luxação do germe: cuidar para não lesar a papila (fornece a vitalidade).
6. Sindesmotomia do 1°M.
7. Exodontia do 1ºM  técnica menos traumática possível
8. Curetagem
9. Irrigação
10. Retirar o germe do 3ºM.
11. Coloca imediatamente no alvéolo do 1ºM.
>> o dente é inserido no alvéolo receptor e forçado em posição abaixo do plano oclusal. Pode ser necessário remover o osso do septo e o periapical para um melhor ajuste. É importante evitar interferências oclusais durante o processo de reparação. 
12. Sutura das papilas
13. Sutura do folículo pericoronário à gengiva marginal: é o mais difícil, às vezes o folículo vem junto e sutura na gengiva
14. Sutura na região de 3ºM
15. Fixação do dente: com fio de nylon e resina; por vestibular com isolamento relativo e não fazer em região que atrapalhe a oclusão
16. Antibióticoterapia e analgésicos.
O dente deveria erupcionar de maneira espontânea e nivelar-se com o plano oclusal.
Quando o canino não erupciona, pode-se fazer o tracionamento ortodôntico, mas isto custa caro. Pode também ser feito o transplante (avulsão do dente não irrompido, preparo do leito receptor, reposiciona, sutura e imobiliza o dente transplantado.
ACOMPANHAMENTO RADIOGRÁFICO
Periodonto
· cicatrização com LP vital.
· após 4 dias o coágulo se organiza em tecido de granulação.
· após 7 dias as fibras gengivais unem-se à gengiva.
· de 3-4 semanas novo alvéolo.
Polpa
· revascularização: até 3 dias ocorre leve necrose, a partir do 4 dia ele revasculariza e de 4-5 semanas a revascularização é completa.
· pode ocorrer obliteração do canal por trauma, e tudo bem, é um dente sem polpa mas também é considerado sucesso.
· pode ocorrer reabsorção radicular interna, necessitando de endodontia e MIC (hidróxido de cálcio)  não é considerado sucesso terapêutico. 
 
Osso alveolar
Coágulo: em 1 semana forma tecido de granulação, em 3 semanas tecido conjuntivo, 6 semanas tecido imaturo e 3-4 meses osso maduro.
Formação radicular:
Após 4 meses, raiz cresce 1-2,5mm, e continua pelos próximos 3 anos.
QUANDO OCORRE REABSORÇÃO
· por substituição: em 2 semanas o dente anquilosa  não tão ruim; dente cola no osso ficando difícil para extrair.
· de superfície e inflamatória: ocorre em 1 semana, entra com medicamentos. 
PÓS OPERATÓRIO
· mobilidade: se tiver presente é porque algo não está certo
· presença de infecções  antibioticoterapia
· dor espontânea: algo não está bem
· sensibilidade/cor: sensibilidade por água fria pode ser no dente vizinho, água penetrando no alvéolo; se dente escurece pode ser necrose.
· oclusão: sempre verificar de boca fechada e aberta
· exame gengival da papila
· controle radiográfico e medicação  espaços escuros no rx no pós-operatório é coagulo. 
Lembramos que a fixação dental não deve ser muito firme, pois, pode aumentar a predisposição à reabsorção e à anquilose, por isso usa-se fio de nylon que possibilita a movimentação fisiológica.
REFERÊNCIAS:
MILORO, Michael. Princípios de cirurgia bucomaxilofacial de Peterson. In: Princípios de cirurgia bucomaxilofacial de Peterson. 2008. Cap. 7
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