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Maria Eduarda de Alencar – Odontologia 2019.2 Traumatismo Dentoalveolar Introdução - Traumatismos na região dentoalveolar são relativamente comuns e ocorrem devido a inúmeras causas, como quedas, agressões físicas, acidentes automobilísticos e acidentes esportivos; • Anamnese e Exame Físico - O tratamento das lesões dentoalveolares deve ser iniciado por uma avaliação clínica criteriosa baseada na história do traumatismo e no exame físico, que ditará a necessidade de exames de imagem e a realização de testes de vitalidade pulpar; 1° Quem é o paciente? 2° Quando ocorreu o trauma? 3° Onde a injúria aconteceu? 4° Qual o tratamento foi realizado desde que a lesão ocorreu? 5° Alguém observou dentes ou pedaços de dentes no local do acidente? 6° Qual estado de saúde geral do paciente? 7° O paciente teve náusea, vômito, inconsciência amnésia depois do acidente? 8° Existe alguma alteração na oclusão? !!! Exame Físico - Exame dos tecidos moles – em busca de hemorragias, edema, lacerações; - Exame dos tecidos moles intrabucais; - Exame da maxila, mandíbula e osso alveolar – em busca de possíveis fraturas; - Exame dos elementos dentais – quanto se tem de coroa dentárias, há fraturas ou exposição da polpa; - Deslocamento dental; - Mobilidade dental – todos os dentes devem ser testados quanto à mobilidade no sentido horizontal e vertical; - Percussão dental – odontalgia à percussão sugere danos ao ligamento periodontal; - Teste da condição pulpar – geralmente são realizados após duas semanas do traumatismo, devido à não colaboração dos pacientes e ao alto índice de falsos negativos no momento do atendimento inicial; • Exame Radiográfico - Embora existam inúmeras técnicas radiográficos que possam ser utilizados no diagnóstico dos traumatismo, os mais comumente executadas são as radiografias periapical e oclusal; - Nas radiografias é possível identificar vários pontos, como a presença de fraturas da raiz, o grau de extrusão ou intrusão do elemento dental, a presença de doença periapical preexistente e a extensão do desenvolvimento da raiz. Classificação das Fraturas • Fissuras coronárias, - Nenhum tratamento é indicado diante de pequenas fissuras. Deve ser realizado, devido ao traumatismo acompanhamento pulpar periódico observando se qualquer alteração na coloração da coroa dental; !!! Fissura ou fratura incompleta do esmalte sem perda de estrutura dental; !!! Fissura no sentido horizontal ou vertical; • Fratura Coronária - As fraturas coronárias são as lesões mais frequentes na dentição permanente. Além da perda de tecido duro, estas lesões podem representar um perigo a polpa. A causa mais comum é o impacto frontal, cuja energia exceda a força para a ruptura do esmalte e da dentina; !!! Limitada ao esmalte: Nenhum tratamento urgente é necessário, o que se deve fazer é o alisamento das partes afiadas, caso tenha se destacado alguma parte pode-se fazer a colagem ou restauração; !!! Envolvendo esmalte e dentina: A polpa deve ser protegida (CaOH2); !!! Envolvendo esmalte, dentina com exposição pulpar: Deve-se preservar a polpa num estado vital e saudável com capeamento pulpar – tratamento imediato. De 24-72h – pulpotomia + proteção pulpar com hidróxido de cálcio – mais de 72h – pulpectomia (remoção completa da polpa) – decíduos – pulpotomia se a rizólise for inferior a dois terços da raiz; !!! Fratura horizontal ou vertical; !!! Fratura oblíqua – envolvendo o ângulo mesioincisal ou distoincisal; • Fratura de Coroa e Raiz - Esse tipo de traumatismo é relativamente comum em geral apresenta sérios problemas no tratamento devido à natureza complexa da lesão. O tratamento escolhido depende da localização da fratura e da anatomia local. Quando presente, o fragmento da coroa deve ser removido e avaliada a profundidade da fratura; !!! Sem envolvimento pulpar: Se a fratura não se estender muito apicalmente e não houver exposição pulpar procedimentos convencionais de restauração com resina composta podem ser realizados; !!! Com envolvimento pulpar: O dente deve ser restaurado provisoriamente, se após algum tempo não houver sensibilidade aos testes, deve ser realizado o tratamento endodôntico; • Fratura Horizontal da Raiz - Geralmente ocorrem em dentes com formação radicular completa, sendo geralmente localizadas no texto médio e apical de raiz, raramente na posição cervical, são resultantes, na maioria dos casos, de impactos horizontais; !!! Envolvendo o terço apical: Obturação do canal e cirurgia periapical; !!! Envolvendo o terço mediano: Extração; !!! Envolvendo o terço cervical: Tratamento endodôntico, cirurgia periodontal ou tracionamento da raiz e prótese !!! Horizontal ou vertical; • Concussão - A concussão é uma lesão menor no ligamento periodontal e na polpa. É causada por um impacto agudo que pode resultar em hemorragia e edema no interior do ligamento periodontal, fazendo com que o dente se torne sensível à percussão e à mastigação; - Uma vez que as fibras do ligamento periodontal estejam intactas: O dente não apresenta mobilidade, não há sangramento no sulco gengival, radiograficamente não há sinal de doença e a polpa não costuma ser afetada, respondendo normalmente aos testes; - O tratamento baseia sem uma dieta à base de alimentos líquidos e pastosos durante o período que o paciente referir dor, geralmente por sete dias; • Subluxação - Difere-se da concussão, pois, embora seja provocado por um impacto agudo, ocorre ruptura de algumas fibras de ligamento periodontal, levando a um afrouxamento do dente sem deslocamento e um sangramento pelo sulco gengival; - Neste caso podem ser realizados alívios oclusais nos dentes antagonistas e prescrição de dieta líquida e pastosa por sete dias. A imobilização do dente envolvido não é necessária do ponto de vista de auxílio na cicatrização, porém pode ser necessária para aumentar o conforto do paciente → Confecciona-se se um esplinte de resina composta fotopolimerizável, que será mantido por até duas semanas; - Devido a uma possível lesão associada dos vasos sanguíneos do ápice radicular é possível a ocorrência de necrose pulpar, especialmente em dentes com forame apical estreito. A reabsorção radicular, entretanto, é muito rara; • Luxação Dental !!! Lateral - Representa a ruptura do ligamento periodontal, polpa, bem como uma fratura da lâmina óssea alveolar palatina e/ou vestibular. Clinicamente, a coroa é, em geral, deslocada na direção horizontal com o dente firmemente preso em uma nova posição, o que leva, à percussão, a um tom alto e metálico, como verificado em dentes anquilosados; - Os incisivos lateralmente luxados devem ser reposicionados após liberação do tracionamento apical na lâmina óssea vestibular cortical, por meio da pressão digital ou com o auxílio de fórceps, sendo o dente, posteriormente, posicionado apicalmente; - Deve-se produzir um esplinte de resina composta fotopolimerizável incluindo, pelo menos, um dente de cada lado do elemento luxado, mantendo por três semanas. Se o exame radiográfico após 21 dias não revelar sinais de colapso marginal a mobilização deve ser removida, se revelar um processo inflamatório do osso e da raiz a terapia endodôntica deve ser instituída imediatamente – pulpectomia e colocação de curativo intracanal de hidróxido de cálcio; - A reabsorção radicular progressiva pode ocorrer e há um considerável risco de necrose pulpar – assim como na extrusão; !!! Intrusão - A polpa em todas as estruturas de suporte sofre um dano máximo, pois o dente por meio do impacto axialmente direcionado é empurrado no interior do processo alveolar. Esse tipo de deslocamento dentário não avulsivo apresento o pior prognóstico; - Clinicamente, o dente emite um som metálico a percussão semelhante ao dente anquilosado, o que o diferencia de um dente em processo deerupção. A intrusão em alguns casos é tão grave que o dente pode estar ausente no exame clínico; - O tratamento baseia-se no estágio de desenvolvimento radicular → Formação radicular incompleta: Opta se pela reerupção espontânea que pode levar até quatro meses, durante esse processo, em geral, o osso cervical esmagado é reparado e a cicatrização pulpar deve ser monitorada, quando se desenvolve radiolucência periapical ou reabsorção radicular inflamatória a polpa infectada deve ser extirpada; Risogênese completa: Um curativo de hidróxido de cálcio deve ser colocado no interior do canal e trocado a cada 3 meses em um período variável de 6 a 12 meses para prevenção de reabsorção radicular inflamatória, a reabsorção externa ou substituição radicular por tecido ósseo (anquilose), pode ocorrer em até 52% dos casos; Desenvolvimento radicular completo: A reerupção espontânea é imprevisível, sendo altos os índices de anquilose, portanto, a extrusão dental ortodôntica é indicada, deve-se realizar dentro de duas a três semanas, a fim de permitir a terapia endodôntica antes que a reabsorção radicular inflamatória seja visível à radiografia; !!! Extrusão - Representa uma ruptura do ligamento periodontal e da polpa. O impacto agudo força o dente para fora do seu alvéolo, enquanto as fibras ligamento periodontal palatino evitam a avulsão total. Clinicamente, o dente extruído apresenta a mobilidade acentuada; - O tratamento consiste no reposicionamento dental atraumático por meio da pressão aplicada lenta e constante, que gradualmente desloque o coágulo formado entre o ápice radicular e o assoalho alveolar; - Em seguida, aplica-se a imobilização por meio de esplinte de resina composta fotopolimerizável ou algum tipo de amarria que deve ser mantida por três semanas; OBS.: A anestesia não se faz necessária, mas pode gerar mais conforto para o paciente. • Avulsão - Geralmente é verificada em apenas um dente sendo mais comumente afetado o incisivo central superior; - O tratamento é feito por meio do reimplante, sendo a probabilidade de sobrevivência do dente reimplantando dependente de duas coisas → quantidade de células viáveis do ligamento periodontal, presentes na superfície radicular no momento do reimplante, e tempo de manutenção extraoral do dente; - Um curto período extrabucal de até 20 min costuma ter um prognóstico mais favorável – quanto mais cedo o dente for reimplantado melhor o prognóstico. Os meios de conservação para o dente são saliva, leite, soro fisiológico, água filtrada, água de torneira e sangue, sendo o leite, aparentemente, superior aos outros - Após o reimplante a adesão gengival é restabelecida na 1° semana, em 2 semanas o ligamento periodontal já recuperou 2/3 de sua força de adesão original, a revascularização pulpar começa 4 dias após o traumatismo, sendo que toda a polpa do incisivo pode ser revascularizada em 30 a 40 dias. Diante do dano físico ou contaminação bacteriana da polpa e/ou ligamento periodontal, podem ocorrer alterações da cicatrização que variam de reabsorção radicular externa a processos de substituição óssea – anquilose – e exfoliação do dente; !!! Técnica do Reimplante - Antissepsia na face e na cavidade oral, evitando- se a região do alvéolo; - Anestesia por bloqueio; - Lavagem do dente com soro fisiológico em abundância; - Irrigação do alvéolo com soro, para remoção do coágulo, caso contrário, remover o coágulo com leve curetagem; - Reposicionamento do dente no alvéolo em infra oclusão; - Imobilização de 45-60 dias – com resina composta conjugada ao fio de nylon, ou somente resina composta; - Radiografia inicial para controle; - Proservação com radiografias e tratamento endodôntico – se necessário; OBS.: Após o reimplante, prescrever antibiótico, analgésico e antiinflamatório. Antissépticos bucais 3x ao dia. Nos caso de contaminação do dente com terra, vacina antitetânica e soro antitetânico. OBS.: Dentes permanentes reimplantados → proservação mínima de 2-3 anos para determinar o resultado: sucesso ou insucesso. - O paciente deve ser orientado para que durante o período de contenção → Mantenha o repouso oclusal alimentando-se apenas com dieta líquida e pastosa nos primeiros dias, evite forçar o dente reimplantado, com os dedos, com os lábios ou com a própria língua e utilize corretamente os medicamentos prescritos; • Fratura do Processo Alveolar - A fratura alveolar envolve todo o processo alveolar, ou seja, tanto a tábua óssea vestibular quanto a palatina/lingual. Essas fraturas são geralmente resultantes de traumatismo de alto impacto na região dos incisivos e pré-molares de pacientes adultos, comumente envolvendo dois ou mais dentes; - Ao exame clínico verifica se a formação de equimose na mucosa adjacente, pelo impacto ósseo, mobilidade acentuada do bloco dentoalveolar e, eventualmente, a laceração da gengiva inserida, vista nas fraturas expostas; !!! Tratamento - Anestesia local; -Redução; - Irrigação da região fraturada com soro fisiológico a 0,9%, hemostasia e profilaxia antibiótica – nos casos de higiene bucal deficiente; - Sutura dos tecidos moles adjacentes; - Profilaxia antitetânica nos casos de presença de lacerações profundas associadas a corpos estranhos, como terra, pedaço de asfalto e pedras, na profundidade das feridas. Transplante Dental - Consiste na transferência de um dente extraído de um alvéolo para outro alvéolo natural ou criado cirurgicamente. Ex.: Terceiros molares inferiores no lugar de primeiros molares; - Diz-se que obteve sucesso quando ocorre a revascularização e reinervação do dente. Os prognósticos mais favoráveis ocorrem em pacientes jovens, ou seja, em dentes com risogênese incompleta, pois há possibilidade de revascularização através do forame apical do dente transplantado; • Classificação - Autógeno: Quando o dente se origina de um mesmo organismo, ou seja, o doador é também o receptor; - Homógeno: Quando o dente doador e receptor são de indivíduos de uma mesma espécie; - Heterógeno: Quando o dente doador e receptor são de espécies diferentes; • Planejamento - Radiografia Oclusal: Medida do diâmetro vestíbulo-lingual; - Radiografia Periapical: Medida do diâmetro mesio-distal e apico-coronal; • Técnica Cirúrgica - Preparo: Confecção da cavidade óssea alveolar; - Exodontia do Dente que será Posteriormente Transplantado: Extração pouco traumática, buscando a manutenção da integridade do ligamento periodontal; OBS.: A anquilose após o transplante é uma resposta do periodonto em áreas do ligamento periodontal e/ou da face radicular injuriada pelo procedimento do extrator ou pelo longo período de tempo extra-alveolar do dente.
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