Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GLANDULAS SALIVARES 1. ANATOMIA Divisão: Glândulas salivares menores. Glândulas salivares maiores (produzem 90% da saliva diariamente). Sublingual. Submandibular. Parótida. Embriologia: Seu desenvolvimento começa da sexta a oitava semana de gestação. Iniciam-se a partir de fendas branquiais, com a formação de brotos ductais. A glândula parótida é a primeira glândula a aparecer, que se desenvolve a partir do estomodeu posterior. As glândulas submandibulares são formadas no assoalho da boca, com a formação de pequenos brotamentos bilaterais a língua, pela sexta semana de gestação. As glândulas sublinguais são originadas a partir de brotos epiteliais ectodérmicos nos sulcos paralinguais, também no assoalho da boca. Sobre a glândula parótida: É a maior e mais importante glândula salivar. Possui formato piramidal. Repousa na lateral da face, anterior a orelha, localização pré-auricular, no leito parotídeo. Anterioinferiormente ao meato acústico externo, onde encontra-se o ramo da mandíbula e o processo mastóide. A saliva é conduzida por meio do ducto de Stensen (ou ducto de Stenon ou parotídeo). O ducto passa em frente ao músculo masseter, ultrapassa o bucinador e desemboca em uma papila na boca (papila do ducto de Stensen), próxima ao segundo molar superior. A glândula é revestida por uma cápsula fáscial parotídea, derivada da lamina superficial da fáscia cervical profunda. O ápice glandular está posteriormente ao angulo da mandíbula. A base está relacionado com o arco zigomático. Dois lobos (em relação ao plano do nervo facial): Superficial (80% do volume da glândula) => Ao plano do nervo facial. Profundo (20% do volume da glândula) => Atraves do canal estilomandibular (Borda posterior do ramo d mandibula e pelo processo estiloide. Nervo facial (NC VII) tem íntimo contato com a parótida (porem, não a inerva), ultrapassando quando ocorre sua ramificação pela face. Sai do crânio pelo forame estilomastóideo (entre as apófises mastóide e estilóide do osso temporal). Divide-se em => Temporofacial e cervicobraquial. O nervo facial se ramifica em 5 principais ramos: Ramo temporal => Levantar a sobrancelha. Ramo zigomático => Inerva o músculo orbicular do olho, fecha o olho. Ramo bucal => Inerva a parte superior do lábio => Elevação do lábio. Ramo marginal mandibular => Inerva a musculatura abaixadora do lábio. Ramo cervical => Inerva o platisma. Forma os principais motores dos músculos da mímica facial. Nervo auriculotemporal: Estimula a secreção da glândula parótida. Possui componente parassimpático. Este nervo é originado de fibras pré-ganglionares do NC IX (glossofaríngeo). Vascularização da glândula parótida: Irrigação arterial => Artéria carótida externa (divididas em oito ramos). A. Tireoidiana superior, A. Faríngea, A. Lingual, A. Facial, A. Occipital, A. Auricular posterior, A. Temporal, A. Maxilar. Drenagem venosa => Veia facial posterior / Retroauricular. Cadeia linfonodal na loja parotídea (1ª estação de drenagem linfática das lesões cutâneas malignas na face). Sobre a glândula submandibular: Segunda maior glândula salivar. Localizada no triângulo submandibular (Nível Ib), ao longo do corpo da mandíbula. Esse triângulo é delimitado pelos dois ventres do músculo digástrico e pelo músculo milo-hioide. Pesa entre 7 a 16g. O ducto de Warthon (ducto submandibular) drena o conteúdo para a cavidade oral em direção ascendente, próximo ao frênulo da língua, nas carúnculas do ducto submandibular. O ducto é originado da parte da glândula entre os músculos hioglosso e milo-hióideo. Na abordagem da glândula, atentar aos seguintes nervos: Nervo marginal mandibular (VII) => Nervo superficial, facilmente lesado. Inerva musculatura depressora do ângulo da boca. Penúltimo ramo do nervo facial. Localizado abaixo da borda inferior da mandíbula. Nervo hipoglosso (XII) => Responsável pela mobilidade da língua. Lingual (terceiro ramo do nervo trigêmeo – V3) => Sensibilidade tátil para a língua. Artérias e veias faciais cruzam a glândula submandibular. A irrigação arterial da glândula provem das artérias submentuais. Cadeia linfonodal na loja submandibular: 1ª estação de drenagem linfática de tumores malignos de andar inferior da boca. Considerada o Nível I de classificação anatomocirurgica de drenagem linfática do pescoço. Sobre a glândula sublingual: Menores e mais profundas glândulas salivares. Localizada no assoalho da boca, entre a mandíbula e o músculo genioglosso. Próxima com o ducto de Warthon. Apresenta vários ductos secretórios sublinguais que se abrem ao longo das pregas sublinguais no assoalho da boca. Irrigação arterial: Artérias sublinguais => Ramos da artéria lingual. Artérias submentuais => Ramos da artéria facial. 2. TUMORES DE GLÂNDULAS SALIVARES – CONSIDERAÇÕES GERAIS Considerações iniciais: Representam cerca de 6 a 8% dos tumores em CCP. Incidência de cerca de 0,5 a 2 casos por 100.000 habitantes. Espectro heterogêneo, incomum e variável. Fatores de risco potenciais: Radiação. Tabagismo => Tumor de Warthin. Infecções virais => EBV, HIV, HPV. Fatores ambientais. Propedeutica - Anamnese: Idade: Mais jovens tem etiologias benignas, como infecções virais. Tempo de evolução: Processos neoplásicos tem evolução cronica. Sintomas sistemicos: A presença de febre está relacionada a processos benignos. Mudanças de padrão do aumento glandular podem levantar a suspeita de malignização. Dor e edema: Em geral, a presença de dor está relacionada a processos inflamatórios. Xerostomia: Presente na síndrome de Sjogren, medicações, desidratação, diabetes ou uremia. Aumento glandular: Unilateral: Neoplasia ou litíase. Propedêutica - Exame físico: Etapas: Inspeção, palpação uni ou bimanual, oroscopia com visualização dos ductos. Observar: Assimetrias, mudança na coloração, massas pulsáteis ou móveis a deglutição. Oroscopia: Buscar lesões na cavidade oral, simetria dos ductos, sinais de oclusão, abaulamentos, palpação bimanual. Consistência: Tumorações mais duros tem maior chance de serem malignos. Paresia / Paralisia da face: Pode refletir invasão neural do tumor. Avaliar a mímica facial. Ramos do tronco superior - Contração da musculatura da fronte e fechamento ocular. Ramos do tronco inferior - Sorriso e movimento do beijo. Palpação cervical: Buscar metástases cervicais. Exames complementares: Amilase: Aumentada na parotidite e na sialolitíase. Sorologias: CMV, HIV, Sjogren. Radiografia: Sialolitíase. Sialografia: Revela anatomia do ducto salivar, injeta contraste pelo óstio do ducto salivar. Ultrassonografia: Avaliar nódulos e tumorações. Tomografia: Padrão ouro para tumores de parótida, avalia acometimento do lobo profundo. RNM: Permite avaliar envolvimento nervoso. PAAF: Definir histologia tumoral. Bióspia incisional: Conduta de exceção. Cintilografia com tecnécio: Hipercaptação no tumor de Whartin, nódulo quente. Regra dos 80% (risco de malignidade => Quanto maior a glândula, maior a chance de ser tumor benigno): Parótida => 80% benigno / 20% maligno. Submandibular => 50% / 50%. Sublingual => 20% benigno / 80% maligno. Parótida (Regra dos 80% para a Glândula parótida). 80% dos tumores da parótida são benignos. 80% destes tumores benignos são adenomas pleomórficos. 80% do volume da glândula parótida está acima do plano do nervo facial (superficial). 3. DOENÇAS NÃO NEOPLÁSICAS DAS GLÂNDULAS SALIVARES SIALOLITÍASE Definição: É a “Pedra nas glândulas salivares”. Ocorre de forma mais frequente na glândula submandibular, 80% dos casos. O ducto de Warthon possui trajeto tortuoso e antigravitacional. Apenas 10% ocorrem na parótida. Composição da litíase: Material calcáreo e Material orgânico. Processo de formação => Estase da saliva para a glândula. Clínica: Ocorre principalmente em adultos. Dor em cólicadurante a alimentação. Não há dietas para prevenir o aparecimento Infecções de repetição (sialoadenite) são a principal complicação da sialolitíase. Possível visualizar por meio da sialografia. Tratamento: Medicamentoso com sialogogos e medidas comportamentais (hidratação). Diante do quadro álgico => Antiespasmódico + AINEs. Sialoendoscopia. Cirúrgico quando cálculo > 2 cm ou sialoadenite crôndestruiica. Ressecção per-os (pela boca), (quando acessível). Submandibulectomia em casos extremos com cálculo intra-glandular (maior morbidade). SIALOADENOSE O que é: Doença parenquimatosa não inflamatória das glândulas salivares. Originada por desordens metabólicas e secretórias do parenquima salivar. Manifestações clínicas: Edema indolor, recidivante, principalmente da parótida. A sialose está associada a desordens metabólicas e endocrinológicas: Disturbios hormonais: Aumento da parótida está associado de forma mais comum com o Diabetes Melitus. Distróficos-metabólicos: Deficiencia de vitaminas e proteínas. Neurogênica: Disfunção do sistema nervoso autônomo. SÍNDROME DE SJOGREN O que é: Destruição mediada por linfócitos das glândulas exócrinas. Consequência da imunorregulação alterada com lesão do parenquima glandular. Causa diminuição ou ausência de secreção glandular e secura da mucosa. 90% no sexo feminino. Tríade clássica: Xerostomia. Ceratoconjuntivite seca. Artrite reumatoide / Lúpus eritematoso. Diagnóstico: Biópsia de glândula salivares da mucosa labial. Bioquímica da saliva da parótida: Aumento de cloro, sódio, IgA, IgG, lactoferrina, albumina e diminuição do fosfato. Tratamento: Sintomático. Estimulação salivar. Substitutos de saliva e / ou lágrimas. Antibióticos, se infecção secundária. CAXUMBA O que é: Doença causada por paramyxovírus. Transmissão por secreção nasal e urina. Ocorre primariamente em crianças, dos 4 e 6 anos de idade. A inflamação da parótida representa uma infecção viral sistêmica e altamente contagiosa. Período de incubação de 2 a 3 semanas (geralmente em média 18 dias). Quadro clínico: Dor e aumento na região parotídea. A dor piora ao estímulo alimentar. Pode ser uni ou bilateral. Rápida progressão, pode haver apagamento do ângulo da mandíbula. Sintomas de viremia: Febre baixa, artralgia, prostração e cefaleia. Diagnóstico: Clínico-epidemiológico. Laboratório: Elevação da amilase salivar na presença do edema glandular. Histologia: Vacuolização citoplasmática de células acinares. Tratamento: Sintomático: Hidratação, repouso e modificações de dieta (diminuir estímulo glandular). Infecções graves podem evoluir para meningoencefalite, orquite, pancreatite e nefrite. 4. TUMORES BENIGNOS DE GLANDULAS SALIVARES Principais: Adenoma pleomórfico. Tumor de Warthin. Ranula. Adenoma pleomórfico (Ou Tumor misto benigno). É o mais comum dos tumores de glândulas salivares. Corresponde a 90% dos tumores benignos da parótida 50% dos tumores benignos das glândulas submandibulares. Na parótida, 80% ocorrem no lobo superficial. Atinge principalmente mulheres, na faixa etária de 50 – 60 anos. Crescimento lento e progressivo. Indolor e consistência endurecida. Sem acometimento venoso ou ulceração da pele. Massas ovoides, boceladas, variam entre 2 a 5 cm. Histopatologia: Pseudópodes => Taxa de recidiva em até 10%. Importante para ressecção, pois necessita de margem. DICA: Se houver apagamento do ângulo da mandíbula ou elevação do lobo da orelha em tumor na lateral da face, pensar em parótida. Diagnóstico. USG. Tomografia: Lesão homogênea e hipoatenuante em relação ao parênquima glandular. Lesões maiores que 3 cm tendem a serem heterogêneas. Realce ao contraste iodado geralmente 5-10 minutos após administração. PAAF. RNM => Solicitar com protocolo de difusão e permeabilidade. Massa de limites bem definidos, impregnação moderada pelo gadolínio. Hipossinal em T1 e Hipersinal em T2. A acurácia diagnóstica pode ser superior em comparação a citologia da PAAF. Excelente para o diagnóstico, pode ser solicitada para o planejamento pré-operatório (se há acometimento do polo profundo da parótida). Tratamento => Sempre cirúrgico. Indicado sempre, pois: Crescimento progressivo => A ressecção de um tumor maior aumenta a chance de lesão de estruturas adjacentes. Dificuldade de confirmação diagnóstica com PAAF. Risco de malignização (~20%). Parotidectomia parcial com ressecção do tumor com margens. Submandibulectomia. Tumor de Warthin: Sinônimo => Cistoadenoma papilífero linfomatoso. “Exclusivo” da glândula parótida. Segundo tumor benigno mais comum nas glândulas salivares. Tumor cístico relacionado a tabagismo. Quadro clínico: Massa de longa evolução, bilateral, ocupando o polo inferior do lobo superficial da parótida. Nódulo cístico de evolução lenta. Histologia: Proliferação papilar de epitélio caracteristicamente oncocítico. Pode ser bilateral (Até 20% dos casos). 80% das vezes está no polo superficial. Menor risco de malignização. Achados de exames de imagem: Tomografia: Massa hipoatenuante, realce pouco significativo ou ausente pelo meio de contraste. Não apresenta calcificações. RNM: Hipossinal em T1, Hipersinal em T2, impregnação variável pelo gadolínio, rápido washout. A impregnação é dependente do componente sólido da lesão. Útil para demonstrar áreas císticas e multisseptadas da lesão. Conduta: Se tumor pequeno => Pode manter observação, cessar o tabagismo. Se duvida diagnóstica ou crescimento tumoral => Cirurgia. Parotidectomia parcial (não requer margens). Não apresenta pseudópodes. Não demonstra risco significativo de malignização. Ranula: Lesões císticas, benignas. Congênitas ou adquiridas. Cistos de retenção das glândulas sublinguais ou de glândula salivar menor. Localização: assoalho da boca. Tratamento: Excisão do cisto e da glândula sublingual. Marsupialização => Se cisto muito grande. Incisão no assoalho da boca. Identificação do pseudocisto. Incisão no cisto e drenagem do conteúdo. Sutura invertida da parede da porção interna com a porção externa, evertendo o bordo. Evita infecção, retenção do conteúdo e melhora sintomática. Considerações finais: Os tumores benignos são mais comuns na glândula parótida. O tipo histológico mais frequente e o Adenoma pleomórfico. Massas na região Pré-auricular de longo tempo de evolução. Evitar anucleadas sob anestesia local. O tratamento e a exérese sob anestesia geral, com preservação de nervo facial. 5. TUMORES MALIGNOS DE GLANDULAS SALIVARES Classificados pelo grau de agressividade tumoral (Diferenciação histológica): Baixo grau. Baixa agressividade. Evolução semelhante ao adenoma pleomórfico. Alto grau. Alta agressividade Local e alta taxa de metástases. Apresentação clínica: Massa pré-auricular, cervical ou intraoral, dependendo da glândula acometida. As vezes associado a tempo prolongado de evolução e indolor. Sinais de invasão de estruturas adjacentes. Nervo, músculo, pele. Pode haver invasão de pele, ulceração, dor ou déficit de NC VII. A presença de paralisia facial a apresentação também e uma evidencia de agressividade. Metástase linfonodal. Loja parotídea possui importante cadeia linfonodal, sede frequente de metástases de tumores malignos de pele localizado na região pré-auricular, malar, frontal e geniana. Principais tipos. Mucoepidermóide. Câncer mais comum das glândulas salivares. 60% nas glândulas salivares maiores. Porem pode atingir todas as glândulas salivares. 80% na parótida. Faixa etária 50 anos, sexo feminino. Constituído por três tipos celulares => Células mucosas, epidermóide e intermediária. Neoplasia maligna de natureza epitelial, relacionada ao ducto glandular. Achados na tomografia ou RNM: Baixo grau: Limites bem definidos, paredes finas, áreas císticas e raramente calcificações. Intermediário e alto grau: Limites irregulares e imprecisos. Adenóide cístico (ou Cilindroma). Acomete principalmente glândulas submandibular (30% dos tumores) e salivares menores. Segunda neoplasia mais frequente das glândulas salivares. Insidioso, alta disseminação perineural, difícil cura. Alta grande de recidiva. Incide preferencialmente na quinta década de vida, mas também em adultos jovens. Prevalência igual entre os sexos. Histopatologia: células ductais e mioepiteliais, que podem assumir diferentes arranjos: tubular, trabecular, cribriforme e sólido. Faz invasão perineural (Neurotropismo). Pode gerar dor e paralisia facial. Tumor deve ser considerado agressivo, acentuada tendência a disseminação perineural, podendo atingir o SNC. 8% dos casos a apresentação clínica ja há linfonodomegalias cervicais. Grande propensão a metástases a distância, principalmente pulmonares (40%), cérebro (20%) e ossos (20%). Achados de imagem: RNM é o exame de escolha, permite identificar invasão perineural e meníngea. Sinal intermediário a baixo em T1 e T2 com impregnação pelo gadolínio. Tomografia indicada quando há a suspeita de invasão óssea. Carcinoma Ex-adenoma pleomórfico. Alto grau, muito agressivo. Carcinoma que se originou de um Adenoma pleomórfico preexistente ou de suas recorrências. Maior incidência na glândula parótida. 25% dos Adenomas pleomórfico tem potencial de malignização. Câncer de alto grau, grande agressividade local e propensão para metástases linfonodais. Pode invadir tecidos adjacentes com necrose, invasão vascular e neural e área de calcificação. Histopatologia: Adenoma pleomórfico infiltrado por neoplasia pouco diferenciado, com envolvimento de tecidos periglandulares e células epiteliais. Diagnóstico: USG Cervical. TC de face e cervical com contraste. RNM (Protocolo difusão e permeabilidade) => Boa acurácia diagnóstica. PAAF. Evitar biópsia incisional pelo risco de disseminação tumoral. Estadiamento. Exame físico. Ulceração? Dor? Acometimento de nervo? Déficit motor? Imagem. TC / RNM: Face, pescoço e tórax. Tratamento: Parotidectomia regrada (superficial ou total) com margens livres. Preservação de nervos (facial) sempre que possível. Se paralisia facial pré-operatória ou com invasão de NC VII, reservar o nervo facial com reconstrução microcirurgica imediata. Esvaziamento cervical: Eletivo para tumores de alto grau: I, II e III. Terapêutico radical modificado quando necessário. Evidente extensão extraglandular. RT / QT adjuvante quando. T3 / T4 (localmente avançados). Tumores de alto grau. Ressecção incompleta. Invasão angiolinfática e/ou perineural. Considerações finais: Tumores malignos são mais comuns na glândula parótida, e podem ser de alto ou baixo grau. O tipo histológico mais frequente e o carcinoma mucoapidermoide, seguido do carcinoma adenoide cístico e do carcinoma ex-Adenoma pleomorfico. Apresentam-se como massas na região pré-auricular com sinais de invasão de estruturas adjacentes (Se subtipo agressivo). O tratamento e parotidectomia total com preservação do NC VII. 6. PAROTIDECTOMIA, LOBECTOMIA LATERAL Introdução: Deve-se identificar o nervo facial e seus ramos durante a dissecção. O nervo facial deixa o forame estilomastóideo, atravessa a parótida, originando ramos para inervar os músculos da mímica facial. O objetivo do tratamento cirúrgico das neoplasias benignas é remover todo o tumor preservando a integridade do nervo facial. Indicações: Tumorações a esclarecer de glândula parótida. Sialadenites cronicas refratárias ao tratamento clínico. Preparo pré-operatório: O paciente deve estar ciente da perda de função do nervo facial, suas consequências funcionais e estéticas. Anestesia: Anestesia geral com relaxante muscular de curta ação e evitar a paralisia muscular. O cirurgião precisa identificar os nervos motores durante a dissecção. Descrição cirúrgica: Paciente em decúbito dorsal e preparação da pele. Incisão de Blair modificada e descolamento do retalho cutâneo com exposição da fáscia massetérica da parótida. Identificação do nervo facial e de seu tronco principal. Marcos anatômicos: Borda anterior do músculo esternocleidomastóideo (ECM), veia facial posterior e nervo auricular magno. Afastar o músculo ECM da cápsula da glândula parótida, dissecando em direção ao processo mastóide e porção membranácea do meáto acústico externo. Liberar o polo superficial do nervo facial identificado. Revistar hemostasia e verificar a integridade do nervo facial. Lavagem da ferida operatória, drenagem com dreno de sucção. Fechamento por planos e fechamento da pele. Cuidados pós-operatórios: Pode haver paresia temporária em consequência da tração do nervo facial. Em geral, resolve em uma semana. Pode-se retirar o dreno de sucção quando débito menor que 15ml/24h. Se transecção do nervo auricular magno, haverá anestesia da pele na região periauricular. Complicações: Hematoma de ferida operatória. Se volumoso, abaulamento da ferida operatória, haverá necessidade de reabordagem cirúrgica. Lesão inadvertida do nervo facial (3-5% dos casos): Paralisia ou paresia do nervo facial. Sialocele. Manejo: Aspiração, toxina botulínica. Fístula salivar. Cicatriz inestética. Síndrome da primeira mordida. Dor na região da glândula parótida ao iniciar a refeição. Desnervação simpática da glândula. Ocorrência pós-operatória benigna e autolimitada. Síndrome de Frey (sudorese gustatória). Tratamento: Anticolinérgicos tópicos, toxina botulínica. (Incisão de Blair modificada) (Parótida e suas relações anatomicas) (Dissecação e identificação do nervo facial) (Liberação da parótida do nervo facial) 7. EXCISÃO DA GLÂNDULA SUBMANDIBULAR Introdução: A glândula está localizada dentro do espaço submandibular. Indicações cirúrgicas principais: Cálculo com obstrução ductal e sialoadenite secundária. Suspeita de neoplasia glandular. Abordagem cirúrgica Transcervical: Posicionamento: Paciente em decúbito dorsal. Pescoço em extensão: Permitir a exposição do triangulo submandibular. Rotação para o lado oposto a glândula a ser operada. Incisão (3-4 cm abaixo do ramo da mandíbula), abertura dos planos adiposos e do músculo platisma. Entrada na lamina superficial da fáscia cervical. Preservar nervo marginal mandibular e vasos faciais, podem estarem expostos. Exposição da glândula submandibular e dissecção dos tecidos adjacentes. Ressecção da glândula submandibular, ligadura do ducto e pedículo vascular. Lavagem da ferida operatória com soro fisiológico. Instalação de dreno de sucção. Fechamento por planos e fechamento da pele. Cuidados pós-operatórios: Remoção do dreno 24 - 48 horas após. Atentar a sangramentos. A presença de hematoma pode resultar em insuficiência respiratória, com indicação de nova abordagem cirúrgica para revisão da hemostasia. Complicações: Lesão de nervo marginal mandibular: Paralisia de lábio inferior. Ressecção incompleta do ducto glandular: Retenção do cálculo. Hemorragia pós-operatória. Lesão de nervo hipoglosso. 8. COMPLICAÇÕES CIRURGICAS Descrição cirúrgica da Parotidectomia: Incisão pré-auricular no lado a ser operado. Identificar e dissecar o tronco do nervo facial, preservar o nervo. Liberar o tumor (ou a parótida superficial) com margens livres. Enviar a peça para a congelação. Se maligna => Completar a parotidectomia. Remover o lóbulo profundo da parótida, entre os ramos do nervo facial. Parotidectomia: Paralisia do nervo facial (permanente ou transitória). Sialocele. Fístula salivar. Síndrome de Frey. Síndrome de Frey. Regeneração aberrante dos ramos parassimpáticos do nervo auriculotemporal para a pele. Sudorese gustativa. Tratamento. Desodorante antitranspirante. Se refratário, Botox. Retalhos musculares. Submandibulectomia. Paralisia do marginal da mandíbula(VII) => Déficit de mímica da boca. Paralisia do hipoglosso (XII) => Língua desviada para lado lesado. Paralisia do lingual (V3) => Déficit sensitivo da língua. Fístula salivar. Sialocele. 9. REFERENCIAS ADEMAR JOSÉ DE OLIVEIRA PAES JUNIOR (ed.). CABEÇA E PESCOÇO. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. ARAUJO FILHO, VJF, Cernea CR, Brandão LG. Manual do residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 2a Ed. Manole, 2013. BRANDÃO, Lenine Garcia; BRESCIA, Marilia Guimaraes. CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO: fundamentos para graduação médica. São Paulo: Sarvier, 2010 DALLEY, Arthur F; AGUR, A. M.r. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. xviii, 1114 p. ISBN: 9788527725170. JAEGER, Marcos; GROSSMANN, Eduardo. Anatomia cirúrgica da Cabeça e Pescoço. Rio de Janeiro: Dilivros, 2013. MYERS, Eugene. Otorrinolaringologia cirúrgica: cirurgia de cabeça e pescoço. 2. ed. Rio de Janeiro: Dilivros, 2011. SOBOTTA. Atlas de Anatomia Humana. 23. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. 3 v. ZOLLINGER, Robert; ELLISON, Cristopher. Atlas de Cirurgia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.
Compartilhar