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ANALGESIA E SEDAÇÃO EM UTI EULER ALBUQUERQUE R1 ANESTESIOLOGIA INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDES FIGUEIRA SEDAÇÃO ▪ Definição: É um ato médico realizado mediante a utilização de medicamentos com o objetivo de proporcionar conforto ao paciente para a realização de procedimentos médicos ou odontológicos. Sob diferentes aspectos clínicos, pode ser classificada em leve, moderada e profunda, abaixo definidas: ● Sedação Leve é um estado obtido com o uso de medicamentos em que o paciente responde ao comando verbal. A função cognitiva e a coordenação podem estar comprometidas. As funções cardiovascular e respiratória não apresentam comprometimento. ● Sedação Moderada (“Sedação Consciente”) é um estado de depressão da consciência, obtido com o uso de medicamentos, no qual o paciente responde ao estímulo verbal isolado ou acompanhado de estímulo tátil. Não são necessárias intervenções para manter a via aérea permeável, a ventilação espontânea é suficiente e a função cardiovascular geralmente é mantida adequada. ▪ Sedação Profunda é uma depressão da consciência induzida por medicamentos, e nela o paciente dificilmente é despertado por comandos verbais, mas responde a estímulos dolorosos. A ventilação espontânea pode estar comprometida e ser insuficiente. Pode ocorrer a necessidade de assistência para a manutenção da via aérea permeável. A função cardiovascular geralmente é mantida. As respostas são individuais. ▪ Indicações 1. IOT 2. Controle da ansiedade e agitação CAUSAS DE ANSIEDADE E AGITAÇÃO ● Falta de comunicação entre equipe médica e paciente ● Barulho e iluminação excessivos ● Alteração do ciclo sono-vigília ● Efeitos adversos de medicamentos ● Delirium ● Hipoglicemia, hipoxemia, hipotensão, dor e abstinência de drogas POR QUE SEDAR? ▪ Adaptação a aparelhos e procedimentos médicos ▪ Evitar a retirada inadequada de cateteres e outros dispositivos ▪ Evitar aumento do consumo de O2 ▪ Fornecer conforto e segurança ao paciente ▪ Stress pode levar a alterações fisiológicas, como aumento do tônus simpático e do catabolismo, liberação de glucagon, cortisol e outros hormônios -> isquemia, desbalanço hidroeletrolítico e imunossupressão AVALIAÇÃO DA SEDAÇÃO ▪ A exemplo da analgesia, deve ser efetuada frequentemente, assim como a resposta à terapia ▪ Deve ser estabelecido um nível “ideal” de sedação ▪ Escalas: Ramsay, MAAS, SAS, RASS, MSAT ▪ Avaliação objetiva da atividade cerebral: Bispectral Index – BIS ▪ Uso de dose mais precisa e em menor quantidade, menor tempo de VM, menor incidência de sedação excessiva, menos custos BIS ● Traçado EEG: 100 (completamente acordado) a 0 (EEG isoelétrico) ● Uso rotineiro em UTI não está indicado: contração muscular pode causar artefato ● Indicação: pacientes em uso de bloqueadores musculares e em coma profundo (induzido pelo pentobarbital ou outros barbitúricos) COMO ESTABELECER SEDAÇÃO? ● Intervenções não-farmacológicas: Afastar fatores causais, comunicação com o paciente, manutenção do ciclo sono-vigília, visitas familiares regulares, musicoterapia, técnicas de relaxamento ● Tratamento farmacológico 1. Benzodiazepínicos 2. Propofol 3. Dexmedetomidina SEDATIVO IDEAL ● Rápido início de ação; ● Curta duração do efeito; ● Boa relação dose-efeito; ● Ausência de toxicidade e interação com outras drogas; ● Baixo custo; ● Fácil administração BENZODIAZEPÍNICOS ▪ Agem em receptores GABA ▪ Efeito ansiolítico, anticonvulsivante, hipnótico e provocam amnésia ▪ Não possuem efeito analgésico ▪ Sofrem acúmulo em tecidos periféricos ▪ Usar com cuidado em pacientes idosos ▪ Efeitos adversos: depressão respiratória, tolerância, dependência ▪ Podem causar hipotensão em pacientes hipovolêmicos ou com tônus simpático exacerbado MIDAZOLAM ● Rápido início de ação: 30 seg a 5 min ● Meia-vida curta (dose única): 2 h ● Metabolizado no fígado (oxidação) ● Sofre acúmulo na IR e na disfunção hepática ● Metabólito ativo: 1-hidroximetilmidazolam PROPOFOL ▪ Derivado fenólico com efeito sedativo , hipnótico e anticonvulsivante. Também pode causar amnésia. Diminui pressão intracraniana ▪ Não possui efeito analgésico ▪ Age no receptor GABA (sítio diferente dos BZD) ▪ Rápido início de ação: 1 a 5 min ▪ Duração da ação: 2 a 8 min ▪ Metabolizado no fígado (oxidação) em metabólitos inativos, que são excretados pelo rim ▪ Sofre pouca influência de disfunção hepática/ renal PROPOFOL ▪ Usar com cuidado em idosos ▪ Efeitos adversos (uso por mais de 48 h): depressão respiratória, bradicardia, hipotensão, hipertrigliceridemia, pancreatite, dor (infusão periférica), mioclonias ▪ Síndrome de infusão do propofol: ICC, bradicardia, acidose metabólica, hipercalemia, rabdomiólise, hiperlipidemia, esteatose hepática ▪ Administrar em via venosa central específica: interação com outras drogas, infecção ▪ Solução calórica: 1,1 kcal/mL DEXMEDETOMIDINA ▪ Alfa-2 agonista ▪ Início de ação rápido e meia-vida curta ▪ Uso por 24 h em pacientes em VM ▪ Efeito sedativo, analgésico e ansiolítico ▪ Não causa depressão respiratória, preserva a ação neutrofílica ▪ Bradicardia e hipertensão (bolus ) e hipotensão (infusão prolongada) ▪ Tem demonstrado diminuir a necessidade de outras drogas analgésicas/sedativas e facilitar extubação ▪ Alto custo CUIDADOS DIÁRIOS ● Desligar a sedação (Daily Interruption of Sedation ) ● Correção de doses para disfunções orgânicas ● Monitorizar efeitos adversos ● Seguir protocolos de sedação: estudos tem demonstrado reduzir tempo de VM, tempo de permanência no hospital e pneumonia relacionada à VM RECOMENDAÇÕES ▪ Midazolam é preferível para sedar rapidamente pacientes agitados ▪ Propofol é preferível quando se deseja um despertar rápido (avaliação neurológica ou extubação) ▪ Midazolam é recomendado apenas para uso por curto período, pois produz despertar e tempo de extubação imprevisíveis quando a infusão se prolonga além de 48 a 72 h RECOMENDAÇÕES Deve-se titular frequentemente a dose da droga de acordo com a avaliação do paciente e o nível de sedação que se deseja, associado ao DIS , a fim de minimizar efeitos dos sedativos ANALGESIA ▪ Definição Ausência ou supressão da sensação de dor ou de estímulos nocivos ▪ Fatores precipitantes 1. Cuidados de rotina com o paciente (aspiração, reposicionamento, administração de medicamentos); 2. Trauma, imobilidade, cirurgia; 3. Presença de tubos e outros dispositivos. ANALGESIA ▪ Fisiopatologia Dano tecidual -> Liberação de mediadores locais (bradicinina, substância P, prostaglandinas) -> Sensação de dor ▪ Dor não tratada pode levar a… 1. Distúrbio do sono -> Exaustão e desorientação; 2. Agitação; 3. Taquicardia, aumento do consumo de O2 pelo miocárdio, hipercoagulabilidade, imunossupressão e catabolismo persistente 4. Restrição pulmonar -> Disfunção e complicações pulmonares AVALIAÇÃO DA DOR ● Deve ser realizada frequentemente ● O indicador mais confiável é o próprio paciente ● Escala Analógica Visual, Escala Numérica Verbal ou Visual ● Pacientes não comunicativos: Avaliação de comportamento e de indicadores fisiológicos de dor TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA ▪ Posicionar adequadamente o paciente ▪ Estabilização de fraturas ▪ Posicionamento adequado do tubo de ventilação ▪ Musicoterapia ▪ Evitar procedimentos invasivos desnecessários ▪ Tratamento adequado de ansiedade e delirium TERAPIA FARMACOLÓGICA ▪ Os analgésicos agem por três mecanismos: 1. Bloqueio da síntese de prostaglandinas e outros mediadores (AINEs) 2. Interrupçãodo estímulo para a medula espinhal (bloqueio de nervo periférico) 3. Percepção alterada da dor no SNC (opióides e acetaminofen) OPIÓIDES ▪ Receptores Mu e K ▪ Mu-1: Analgesia Mu-2: Depressão respiratória, náuseas/ vômitos, constipação (íleo paralítico), euforia K: Sedação, miose ▪ Não causam amnésia ▪ Reduzem o tônus simpático: hipotensão e bradicardia em pacientes hipovolêmicos ▪ Via de administração: IV (bolus , infusão contínua) MORFINA ● Início de ação relativamente lento: 5 a 10 min ● Tempo de meia-vida (única dose): 4 h ● Metabolizada no fígado (glicuronidação) ● Metabólito ativo: morfina-6-glicuronídeo (20 vezes mais potente) ● Ambos eliminados pelo rim (acúmulo na insuficiência renal) FENTANIL ▪ Derivado sintético da morfina (100 vezes mais potente) ▪ Rápido início de ação (1 min) ▪ Meia-vida : ~3h ▪ Metabolizado pelo fígado (oxidação) e eliminado pelo rim ▪ Metabólitos inativos: pode ser usado na insuficiência renal ▪ Acúmulo no tecido muscular e adiposo ▪ Não libera histamina: instabilidade hemodinâmica e broncoespasmo AINEs e Paracetamol ▪ Podem ser usados como adjuvantes à terapia opióide ▪ Efeitos adversos dos AINEs: sangramento GI, sangramento secundário à disfunção plaquetária e insuficiência renal ▪ Evitar AINEs em pacientes asmáticos ou com hipersensibilidade ao AAS ▪ Paracetamol: risco de hepatotoxicidade RECOMENDAÇÕES ▪ Morfina e fentanil são os agentes recomendados quando doses IV de opióides são necessárias ▪ Infusão contínua ou doses programadas de opióide são preferíveis ▪ Fentanil: rápida analgesia, pacientes com instabilidade hemodinâmica e IR ▪ Morfina: terapia intermitente (efeito mais longo) Obrigado
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