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INPUT-OUTPUT DE LEONTIEF Aplicações da álgebra linear André Fonte 99454 | MEAer | IST-ULisboa 12-02-2021 Realizado no âmbito da defesa de nota do 1º semestre do 1º ano à cadeira de Álgebra Linear, este documento analisa o modelo input-output de Leontief aplicado à economia, focando-se na sua aplicação de álgebra linear. 1/11 1. Introdução No mundo económico, o modelo input-output é uma forma de representação quantita- tiva da interdependência entre os setores constituintes de uma economia. Este tipo de análise desenvolvida por Wassily Leontief tem por base álgebra linear, mais propriamente, matrizes e sistemas lineares. Neste documento será explorada essa vertente do modelo não só de forma geral, como também aplicando-o a exemplos práticos, numa dinâmica problema-solução. Nota biográfica acerca de Leontief Economista russo galardoado com o prémio Nobel em 1973 pelos desenvolvimentos na área da análise de mercados económicos livres, Le- ontief ingressou precocemente na universidade de Leninegrado aos 15 anos, tendo, após ser reprimido pelo regime soviético, emigrado para a Alemanha e, posteriormente, os EUA. Apresentou o modelo input-output no seu livro The Structure of the American Economy (1941). Figura 1: Wassily Leontief, 1905-1999. 2. Motivação De forma a analisar os modelos económicos de Leontief, será considerado que a econo- mia se divide em setores interdependentes. No caso geral, um setor tem como intuito lucrar com a venda de bens – output. No entanto, para os produzir, a indústria requer despesas em, por exemplo, mão de obra ou matéria-prima – input. Desta forma, forma-se um sistema econó- mico em rede onde o input de um setor é parte do output de outros. Numa economia aberta são considerados os setores económicos abertos, setores que consomem o output de outros setores, sem gerarem o seu. Atuam como mercado para escoa- mento do output dos setores industriais, e estabelecem o nível de necessidade de cada produto. Cabe assim aos setores secundários1 determinar o nível de produção necessário para correspon- derem às exigências dos setores abertos, se autossustentarem, e, naturalmente, lucrar. O modelo tem assim a vantagem de poder prever as repercussões de alterações pontu- ais no mercado nos mais diversos setores, localizando problemas de forma eficiente e facilitando a sua resolução. 3. Modelo input-output aplicado à economia 3.1. Exemplificando O exemplo abaixo demonstra a utilidade e justifica o modelo de forma simples, introdu- zindo os conceitos de forma gradual para a compreensão do modelo generalizado. Considere-se o seguinte quadro económico: 3 setores industriais interdependentes ocu- pados da produção de um único tipo de produto. Sejam eles o produto A, o produto B e o pro- duto C, produzidos pelas indústrias A, B e C, respetivamente. Para a produção de cada produto, 1 Os setores económicos dividem-se de forma clássica em: • Primários: extração e/ou manipulação de recursos naturais, de forma a serem utilizados no setor industrial; • Secundários: transformação da matéria-prima proveniente do setor primário em produtos prontos a ser comercializados; • Terciários: comercialização de produtos e prestação de serviços 2/11 a respetiva indústria necessita de gastar não só uma certa quantidade dos outros dois produtos, como também parte da sua própria produção. Assim, suponha-se o seguinte cenário: • Para produzir 1.00€ do produto A, a respetiva indústria gasta 0.10€ do seu próprio pro- duto, 0.40€ do produto B e 0.20€ do produto C. • Para produzir 1.00€ do produto B, a respetiva indústria gasta 0.20€ do seu próprio pro- duto, 0.10€ do produto A e 0.40€ do produto C. • Para produzir 1€ do produto C, a respetiva indústria gasta 0.05€ do seu próprio produto, 0.40€ do produto A e 0.10€ do produto B. Input A B C Output A 0.10 0.10 0.40 B 0.40 0.20 0.10 C 0.20 0.40 0.05 Tabela 1: síntese do fluxo de produtos na economia do exemplo. As colunas e as linhas representam respetivamente o valor do input e do output de um determinado setor. Note-se que apesar de para o exemplo ser considerado 1€ como unidade de produção, poderia ser usada outra ordem de grandeza, como o 106€, ou até mesmo outra medida, como número de produtos fabricados. Os dados expressos na tabela podem ser expressos sob a forma de uma matriz input- output 𝐶: 𝐶 = [ 𝑐𝐴𝐴 𝑐𝐴𝐵 𝑐𝐴𝐶 𝑐𝐴𝐵 𝑐𝐵𝐵 𝑐𝐵𝐶 𝑐𝐴𝐶 𝑐𝐵𝐶 𝑐𝐶𝐶 ] = [ 0.10 0.10 0.40 0.40 0.20 0.10 0.20 0.40 0.05 ] O consumo de cada uma pode ser representado pelas colunas da matriz 𝐶: 𝑐𝐴 = [ 𝑐𝐴𝐴 𝑐𝐴𝐵 𝑐𝐴𝐶 ] = [ 0.10 0.40 0.20 ] 𝑐𝐵 = [ 𝑐𝐵𝐴 𝑐𝐵𝐵 𝑐𝐵𝐶 ] = [ 0.10 0.20 0.40 ] 𝑐𝐶 = [ 𝑐𝐶𝐴 𝑐𝐶𝐵 𝑐𝐶𝐶 ] = [ 0.40 0.10 0.05 ] Estas indústrias estão inseridas num cenário económico aberto, ou seja, estão sujeitas às exigências do mercado e a sua produção é dependente destas. Considere-se que o mercado pretende ser fornecido com 400€ do produto A, 200€ do produto B e 100€ do produto C. Esses valores são representados pelo vetor 𝑑 (do inglês demand): 𝑑 = [ 𝑑𝐴 𝑑𝐵 𝑑𝐶 ] = [ 400 200 100 ] Face à procura externa, os setores industriais vão ter de averiguar se conseguem dar resposta e, caso consigam, a quantidade necessária produzir para o fazer. Como as indústrias consomem parte do seu próprio produto para o seu funcionamento, a produção deve ser tal 3/11 que consiga cobrir os gastos internos e as exigências externas. A quantidade, em euros, neces- sária produzir será representada pelo seguinte vetor: 𝑝 = [ 𝑝𝐴 𝑝𝐵 𝑝𝐶 ] sendo as suas coordenadas o valor em euros dos produtos A, B e C (respetivamente) necessário produzir. Estas variáveis são calculadas com recurso à álgebra linear, como será abordado no tópico 4. É claro que a partir das coordenadas deste vetor, podem ser também previstos os gastos que cada setor terá de forma a corresponder à procura dos seus produtos. Por exemplo, por cada unidade de 𝑝𝐴, ou seja, por cada 1.00€ de produto A produzido, a indústria A irá gastar 0.10 + 0.40 + 0.20 = 0.70€ (e ter um lucro de 0.30€, considerando que todo o produto é escoado). Naturalmente, o mesmo raciocínio pode ser aplicado aos restantes setores. O valor gasto pela indústria A pode então ser representado pelo seguinte vetor: 𝑝𝐴 ∙ 𝑐𝐴 = 𝑝𝐴 ∙ [ 0.10 0.40 0.20 ] Aplicando o mesmo raciocínio aos restantes setores, o consumo total é dado por: 𝑝𝐴 ∙ 𝑐𝐴 + 𝑝𝐵 ∙ 𝑐𝐵 + 𝑝𝐶 ∙ 𝑐𝐶 = 𝑝𝐴 ∙ [ 0.10 0.40 0.20 ] + 𝑝𝐵 ∙ [ 0.10 0.20 0.40 ] + 𝑝𝐶 ∙ [ 0.40 0.10 0.05 ] = [ 0.10 0.10 0.40 0.40 0.20 0.10 0.20 0.40 0.05 ] [ 𝑝𝐴 𝑝𝐵 𝑝𝐶 ] = 𝐶 ∙ 𝑝 Assim, é intuitivo concluir que a quantidade enviada para o setor aberto, 𝑑, é dada pela quantidade produzida, 𝑝, menos a quantidade consumida pelos setores industriais, 𝐶 ∙ 𝑝. Ou seja, 𝑑 = 𝑝 − 𝐶 ∙ 𝑝 ⟹ [ 400 200 100 ] = [ 𝑝𝐴 𝑝𝐵 𝑝𝐶 ] − [ 0.10 0.10 0.40 0.40 0.20 0.10 0.20 0.40 0.05 ] [ 𝑝𝐴 𝑝𝐵 𝑝𝐶 ] A esta equação dá-se o nome de equação de Leontief, podendo ser reescrita na forma: (𝐼 − 𝐶) ∙ 𝑝 = 𝑑 ⟹ ([ 1 0 0 0 1 0 0 0 1 ] − [ 0.10 0.10 0.40 0.40 0.20 0.10 0.20 0.40 0.05 ]) ∙ [ 𝑝𝐴 𝑝𝐵 𝑝𝐶 ] = [ 400 200 100 ] À matriz 𝐼 – 𝐶 dá-se o nome de matriz de Leontief. 4/11 3.2. Generalizando O que é equivalente a escrever: [ 𝑑1 ⋮ 𝑑𝑛 ] = [ 𝑝1 ⋮ 𝑝𝑛 ] − [ 𝑐11 ⋯ 𝑐1𝑛 ⋮ ⋱ ⋮ 𝑐𝑛1 ⋯ 𝑐𝑛𝑛 ] [ 𝑝1 ⋮ 𝑝𝑛 ] Para quaisquer 𝑖 e 𝑗 pertencentes ao intervalo [1, 𝑛], 𝑐𝑖𝑗 será o valor de produto forne- cido pelo setor 𝑖 ao setor 𝑗, 𝑑𝑖 será o valor consumido do produto 𝑖 pelo setor terciário, e 𝑝𝑖 será o valor produzido pela indústria 𝑖. A economia é considerada fechada para um vetor 𝑑 nulo. Caso contrário, denomina-se aberta. Se 𝑑𝑖 = 0, o produto 𝑖 não é enviado para o setor aberto. A partir do teorema 1 pode ser escrita a seguinte matriz aumentada que permite deter-minar o vetor de produção 𝑝: (𝐼 − 𝐶) ∙ 𝑝 = 𝑑 ⟹ ( 1 − 𝑐11 ⋯ −𝑐1𝑛 ⋮ ⋱ ⋮ −𝑐𝑛1 ⋯ 1 − 𝑐𝑛𝑛 | 𝑑1 ⋮ 𝑑𝑛 ) Como já foi apontado, o total de consumo de uma indústria 𝑖 é determinado pela soma da 𝑖-ésima coluna da matriz 𝐶 𝑛 × 𝑛. Considerando que os valores da matriz correspondem ao valor em euros envolvidos na produção de 1.00€ de cada produto, caso a soma da 𝑖-ésima co- luna seja inferior a 1.00€, o setor 𝑖 é considerado rentável (gasta menos do que produz). Se todos os 𝑛 setores que compõe o panorama económico forem rentáveis, a economia também o é. Caso a economia em causa seja fechada, 𝑑 será um vetor nulo, assim como 𝑝. TEOREMA 1 (equação de Leontief) Seja 𝐶 a matriz input-output de uma economia, 𝑑 o vetor do consumo do setor aberto e 𝑝 o vetor da produção dos 𝑛 setores que compõem a economia. 𝐶 ∙ 𝑝 será o vetor de consumo interno. O modelo económico pode ser descrito pela seguinte equação: 𝑑 = 𝑝 − 𝐶 ∙ 𝑝 TEOREMA 2 (economia rentável) Seja 𝐶 a matriz input-output de uma economia aberta. Caso a soma de cada coluna seja inferior a 1, a matriz 𝐼 − 𝐶 é invertível, as entradas de (𝐼 − 𝐶)−1 são não negativas, e a economia é rentável. TEOREMA 3 Seja 𝐶 uma matriz input-output. Caso a matriz 𝐼 – 𝐶 seja invertível, 𝑝 existe e é único, sendo dado por: 𝑝 = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ 𝑑 5/11 Caso a matriz 𝐼 – 𝐶 não fosse invertível, 𝑝 tanto poderia não ter solução como poderia existir um número infinito delas, sendo necessário analisar a matriz input-output de forma a tirar conclusões. Matriz (𝐼 − 𝐶)−1 Note-se que as colunas de (𝐼 − 𝐶)−1 contêm informação relevante. Informam a varia- ção de 𝑝 com a variação de 𝑑. Como exemplo, considere-se que 𝑑 é aumentado em uma cons- tante 𝑥𝑖 em cada linha 𝑖. Seja 𝐶 uma matriz 𝑛 × 𝑛 e 𝐼 – 𝐶 invertível. Ou seja, 𝑑𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝑑𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + [ 𝑥1 ⋮ 𝑥𝑛 ]. 𝑝𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ 𝑑𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ (𝑑𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + [ 𝑥1 ⋮ 𝑥𝑛 ]) = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ 𝑑𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ [ 𝑥1 ⋮ 𝑥𝑛 ] = 𝑝𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ [ 𝑥1 ⋮ 𝑥𝑛 ] = [ 𝑝1 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + 𝑥1 ∙ (1 − 𝑐11) + 𝑥2 ∙ (1 − 𝑐12) + ⋯+ 𝑥𝑛 ∙ (1 − 𝑐1𝑛) ⋮ 𝑝𝑛 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + 𝑥1 ∙ (1 − 𝑐𝑛1) + 𝑥2 ∙ (1 − 𝑐𝑛2) + ⋯+ 𝑥𝑛 ∙ (1 − 𝑐𝑛𝑛) ] = [ 𝑝1 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + ∑ 𝑥𝑖 ∙ (1 − 𝑐1𝑖) 𝑛 𝑖=1 ⋮ 𝑝𝑛 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + ∑ 𝑥𝑖 ∙ (1 − 𝑐𝑛𝑖) 𝑛 𝑖=1 ] Assim, uma variação em 𝑑 ocasionará uma variação de 𝑝 de acordo com esta relação. Cofatores Definição 5: Seja 𝐴 uma matriz invertível e 𝐴𝑗𝑖 a matriz 𝐴 com a linha 𝑗 e a coluna 𝑖 re- tiradas. É sabido que usando cofatores, a entrada (𝑖, 𝑗) de 𝐴−1 é dada por: 𝐴−1 (𝑖,𝑗) = (−1)𝑖+𝑗det (𝐴𝑗𝑖) det (𝐴) Aplicando esta noção ao modelo, é possível determinar a variação de produção neces- sária numa indústria 𝑖 caso 𝑑𝑗 seja alterado. Claro que é possível que 𝑖 = 𝑗. TEOREMA 4 Seja 𝐶 uma matriz input-output 𝑛 × 𝑛 de entradas 𝑐𝑖𝑗, 𝐼 − 𝐶 uma matriz invertível e 𝑑 o vetor do consumo do setor aberto. Considere-se que 𝑑 é aumentado em uma cons- tante 𝑥𝑘 em cada linha 𝑘, para 𝑘 ∈ [1, 𝑛]. A variação do vetor de produção 𝑝 é dada por: ∆𝑝 = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ [ 𝑥1 ⋮ 𝑥𝑛 ] = [ ∑ 𝑥𝑘 ∙ (1 − 𝑐1𝑘) 𝑛 𝑘=1 ⋮ ∑ 𝑥𝑘 ∙ (1 − 𝑐𝑛𝑘) 𝑛 𝑘=1 ] 6/11 O consumo do setor 𝑗 de produtos do setor 𝑖 é indicado na entrada (𝑖, 𝑗) da matriz 𝐶. Para analisar a situação descrita será preciso, portanto, ter em conta a entrada (𝑖, 𝑗) da matriz (𝐼 − 𝐶)−1, que é calculada de acordo com a definição 5. Naturalmente, a produção terá se sofrer alterações em outras indústrias, mas desta forma é possível obter conclusões mais específicas. 4. Resolução de problemas Os exercícios seguintes demonstram a utilidade do modelo de Leontief, bem como da utilização de álgebra. 1) Considere-se o exemplo supracitado da economia aberta composta unicamente pelas indústrias A, B e C. 1.1) OBJETIVO: determinar a quantidade a produzir por cada setor para os dados do exemplo. Pelo teorema 1: 𝑑 = 𝑝 − 𝐶 ∙ 𝑝 ⇔ (𝐼 − 𝐶) ∙ 𝑝 = 𝑑 𝐼 − 𝐶 = [ 1 0 0 0 1 0 0 0 1 ] − [ 0.10 0.10 0.40 0.40 0.20 0.10 0.20 0.40 0.05 ] = [ 0.90 −0.10 −0.40 −0.40 0.80 −0.10 −0.20 −0.40 0.95 ] Logo, [ 0.90 −0.10 −0.40 −0.40 0.80 −0.10 −0.20 −0.40 0.95 ] [ 𝑝𝐴 𝑝𝐵 𝑝𝐶 ] = [ 400 200 100 ] Em matriz aumentada, e usando a eliminação de Gauss-Jordan (cf. Anexo 1), tem-se: ( 0.90 −0.10 −0.40 −0.40 0.80 −0.10 −0.20 −0.40 0.95 | 400 200 100 ) ⟶ ( 1 0 0 0 1 0 0 0 1 | 775.00 708.33 566.67 ) Logo, 𝑝 = [ 775.00 708.33 566.67 ] arredondando a 2 casas decimais. TEOREMA 6 Considere-se uma economia aberta com 𝑛 setores. Sejam 𝑖 e 𝑗 pertencentes a [1, 𝑛]. Se 𝑑𝑗 for incrementado em uma unidade 𝑥 vezes, a produção no setor 𝑖 será acres- centada de 𝑥 ∙ (𝐼 − 𝐶)−1 (𝑖,𝑗) . ∆𝑝𝑖 = 𝑥 ∙ (𝐼 − 𝐶)−1 (𝑖,𝑗) 7/11 Portanto, para 𝑑 = [ 400 200 100 ] os setores A, B e C devem produzir, respetivamente, 775.00€, 708.33€ e 566.67€ dos respetivos produtos. Analisando criticamente o exemplo, há que salientar que a maior parte da produção está a ser direcionada para setores industriais e não para o mercado, o que indica que a economia é pouco eficiente. O valor absoluto da quantidade gasta internamente é facilmente determinado através de 𝐶 ∙ 𝑝 = 𝑝 − 𝑑. 𝑝 − 𝑑 = [ 775.00 708.33 566.67 ] − [ 400 200 100 ] = [ 375.00 508.33 466.67 ] É claro que numa economia cujos valores das entradas da matriz 𝐶 são menores, o con- sumo interno para as mesmas exigências do setor aberto é também menor, melhorando a efici- ência do panorama económico. 1.2) OBJETIVO: averiguar se a matriz 𝐼 − 𝐶 é invertível. Caso seja, determinar o vetor de produção usando (𝐼 − 𝐶)−1. As colunas da matriz 𝐶 = [ 0.10 0.10 0.40 0.40 0.20 0.10 0.20 0.40 0.05 ] possuem entradas cuja soma é sempre inferior a 1.00, o que permite concluir, pelo teorema 2, que a matriz 𝐼 − 𝐶 é invertível. Isto pode ser igualmente verificado pelo cálculo do determinante da matriz 𝐼 − 𝐶. A par- tir da Fórmula de Laplace, tem-se: det (𝐼 − 𝐶) = 12 25 ≠ 0 O que confirma que 𝐼 – 𝐶 é uma matriz invertível sendo (cf. Anexo 2): (𝐼 − 𝐶)−1 = [ 1.5000 0.5313 0.6875 0.8333 1.6146 0.5208 0.6667 0.7917 1.4167 ] arredondando a 4 casas decimais. A matriz 𝐼 – 𝐶 ser invertível implica, pelo teorema 3, que para 𝑑 = [ 400 200 100 ] existe um único 𝑝 tal que: 𝑝 = (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ 𝑑 = [ 1.5000 0.5313 0.6875 0.8333 1.6146 0.5208 0.6667 0.7917 1.4167 ] [ 400 200 100 ] = [ 775.00 708.33 566.67 ] arredondando as entradas a 2 casas decimais, o que está de acordo com o calculado no exercício 1.1). 1.3) OBJETIVO: Considerando agora que o setor aberto consome 400€ do produto A, 100€ do produto B e 300€ do produto C, ou seja, 𝑑 = [ 400 100 300 ], determinar o vetor de produção. 𝑑 = [ 400 200 100 ] + [ 0 −100 200 ] 8/11 sendo [ 400 200 100 ] o vetor do consumo do setor aberto nos exercícios anteriores. Pelo teorema 4, 𝑝 = 𝑝𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + (𝐼 − 𝐶)−1 ∙ [ 𝑥1 ⋮ 𝑥𝑛 ] = [ 775.00 708.33 566.67 ] + [ 1.5000 0.5313 0.6875 0.8333 1.6146 0.5208 0.6667 0.7917 1.4167 ] [ 0 −100 200 ] = [ 859.37 651.03 770.84 ] É curioso notar que apesar de 𝑑𝐴 ter sido mantido constante, 𝑝𝐴 sofreu alterações, o que demonstra a interdependência entre os setores. 1.4) OBJETIVO: calcular unicamente o valor de 𝑝𝐴 para o vetor 𝑑 = [ 400 100 300 ], do exercício 1.3). Aplicando o teorema 6, 𝑝𝐴 = 𝑝𝐴 (𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) + (−100 ∙ (𝐼 − 𝐶)−1 (1,2)) + 200 ∙ (𝐼 − 𝐶)−1 (1,3) = 775.00 − 100 × 0.5313 + 200 × 0.6875 = 859.37 o que está de acordo com o calculado no exercício 1.3). 2) Considere-se um quadro económico diferente composto pelos setores industriais X e Y, com 𝐶 = [ 0.2 0 0 1 ], 𝑑1 = [ 1 2 ] e 𝑑2 = [ 1 0 ]. OBJETIVO: analisar se há algum 𝑝 possíveltal que os setores correspondam ao consumo do setor aberto nas duas situações (para 𝑑1 e para 𝑑2). Note-se que como o seu determinante é 0, 𝐼 − 𝐶 não é invertível. • Para 𝑑1: O setor Y consome 1€ do seu produto para produzir também 1€. Ou seja, não é capaz de fornecer outros setores. Assim não existe nenhum 𝑝 que seja solução. • Para 𝑑2: Como o setor Y não tem de cumprir exigências por parte de nenhum setor, a sua produção não é determinada por nenhum fator externo. Qualquer 𝑝𝑌 real positivo é possível. Por outro lado, 𝑝𝑋 pode ser calculado intuitivamente da seguinte forma: 1 = 𝑝𝑋 − 0.2𝑝𝑋 ⟺ 𝑝𝑋 = 1.25 Logo há infinitas soluções para 𝑝 = [ 1.25 𝑝𝑌 ]. 5. Conclusão O modelo input-output está longe de se tornar obsoleto e existem organizações ocupa- das de o melhorar e atualizar, tais como a IIOA (International Input-Output Association), fundada em 1988. É aplicado por diversas entidades tais como o Departamento de Prospetiva e Planea- mento e Relações Internacionais – Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território. 9/11 Figura 2: Pormenor de uma matriz input-output relativa à economia portuguesa em 2008. O documento pode ser consultado na íntegra na ligação 18 da Webgrafia. Apesar de a premissa do desenvolvimento deste trabalho ter sido a aplicação de álgebra linear, ele permitiu muito mais do que a utilização dos conhecimentos adquiridos ao longo do semestre. É essencial a exploração da vertente aplicada da álgebra linear, principalmente num curso de Engenharia, uma vez que permite a melhor compreensão dos seus teoremas e estimula o seu estudo. Possibilita ainda a exploração de áreas complementares às engenharias, criando engenheiros mais competentes e polivalentes, algo que se torna cada vez mais importante no mundo profissional. 10/11 6. Anexos 1) Resolução do sistema linear através da calculadora de matrizes do link https://matrixcalc.org/pt/slu.html#solve-using-Gauss-Jordan-elimination%28%7B%7B0%2e90,- 0%2e10,-0%2e40,400%7D,%7B-0%2e40,0%2e80,-0%2e10,200%7D,%7B-0%2e20,- 0%2e40,0%2e95,100%7D%7D%29 2) Cálculo da matriz inversa através da calculadora de matrizes do link https://matrixcalc.org/pt/#%7B%7B0%2e90,-0%2e10,-0%2e40%7D,%7B-0%2e40,0%2e80,- 0%2e10%7D,%7B-0%2e20,-0%2e40,0%2e95%7D%7D%5E%28-1%29 https://matrixcalc.org/pt/slu.html#solve-using-Gauss-Jordan-elimination%28%7B%7B0%2e90,-0%2e10,-0%2e40,400%7D,%7B-0%2e40,0%2e80,-0%2e10,200%7D,%7B-0%2e20,-0%2e40,0%2e95,100%7D%7D%29 https://matrixcalc.org/pt/slu.html#solve-using-Gauss-Jordan-elimination%28%7B%7B0%2e90,-0%2e10,-0%2e40,400%7D,%7B-0%2e40,0%2e80,-0%2e10,200%7D,%7B-0%2e20,-0%2e40,0%2e95,100%7D%7D%29 https://matrixcalc.org/pt/slu.html#solve-using-Gauss-Jordan-elimination%28%7B%7B0%2e90,-0%2e10,-0%2e40,400%7D,%7B-0%2e40,0%2e80,-0%2e10,200%7D,%7B-0%2e20,-0%2e40,0%2e95,100%7D%7D%29 https://matrixcalc.org/pt/#%7B%7B0%2e90,-0%2e10,-0%2e40%7D,%7B-0%2e40,0%2e80,-0%2e10%7D,%7B-0%2e20,-0%2e40,0%2e95%7D%7D%5E%28-1%29 https://matrixcalc.org/pt/#%7B%7B0%2e90,-0%2e10,-0%2e40%7D,%7B-0%2e40,0%2e80,-0%2e10%7D,%7B-0%2e20,-0%2e40,0%2e95%7D%7D%5E%28-1%29 11/11 Biblio e Webgrafia 1. ANTON, Howard; RORRES, Chris. 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