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AULA 5 DESENVOLVIMENTO DE CENÁRIOS E TENDÊNCIAS CONVERSA INICIAL O ato de construir cenários é uma abordagem empresarial que leva em conta a função do planejamento, e quando planejam as empresas buscam melhorar sua capacidade de controlar o futuro e reduzir as incertezas inerentes ao ambiente e ao tipo de negócio que operam. Planejar exige cuidados, atenção e uma acurácia no levantamento de informações que contribuirão no processo de tomada de decisão, decorrentes de se preparar a empresa. No entanto, planejamentos inadequados reduzem a capacidade da empresa de tomar boas decisões e podem conduzir a um desperdício de recursos e talentos empregados durante esta fase. Níveis organizacionais de complexidade maiores exigem mais dados e detalhes que possam aportar informações relevantes aos planejadores. CONTEXTUALIZANDO Ferramentas e técnicas que apoiam a construção de cenários visam proporcionar condições das organizações melhorarem suas capacidades de levantar informações, analisar tendências e construir sua realidade. E tempos de mudanças, incertezas e riscos associados à natureza da atividade das empresas, as ferramentas e técnicas de apoio desempenham um papel importante nos processos de ajustes e correção de rota. Levando-se em conta a construção de cenários empresarias para tornar a organização mais competitiva: 1) Qual a ferramenta responsável por ordenar todos os fatores ambientais que representam riscos externos ou novas possibilidades à organização, como as ameaças e as oportunidades? 2) Em termos práticos, qual a diferença entre Brainstorming e Writestorming? TEMA 1 – MATRIZ SWOT Levando-se em conta a definição de planejamento estratégico apresentada por Heijden (2003), que envolve tomada de decisões a longo prazo com base nos objetivos da organização, projetado para ressaltar os pontos fortes e minimizar os efeitos dos pontos fracos da empresa, a matriz SWOT compreende um importante instrumento de apoio neste processo de construção do futuro organizacional. Azevedo e Costa (2001) apresentam a Matriz SWOT como uma ferramenta para estimar pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças, a fim de desenvolver 2 planos de médio e longo prazo, podendo ser aplicada em design de projetos e produtos em geral. Neto (2011) explica que a matriz SWOT está fundamentada nos estudos de Kenneth Andrews e Roland Christensen, que desenvolveram uma técnica que auxilia na elaboração do planejamento estratégico e começou a ser estruturada por volta dos anos 60 a 70 nas escolas americanas, com o objetivo de focar na combinação das forças e fraquezas de uma organização, ao mesmo tempo também nas oportunidades e ameaças do mercado. A palavra SWOT, no inglês, é o acrônimo das palavras Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats, e em português também é conhecida por Matriz ou análise FOFA, como combinação das palavras Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças. Considerada uma ferramenta direcionada para a análise do ambiente interno e externo, é constantemente empregada com a finalidade de se analisar os ambientes visando a formulação das estratégias. A representação clássica organiza e classifica as informações em quatro quadrantes, visando uma percepção individualizada de cada fator que a compõe. Quadro 1 – Matriz SWOT Ambiente Interno Ambiente Externo Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças Os empregos da Matriz SWOT, incluindo o ambiente interno e externo das organizações, podem incluir: � Área de Recursos Humanos – avaliação do quadro de funcionários no tocante às oportunidades de melhoria em relação ao desempenho; � Área de Vendas – identificação das vulnerabilidades e fragilidades dos vendedores ou do processo de vendas; 3 • � Área Financeira – percepção sobre os fatores de riscos no que tange aos volumes de recursos e prazos; • � Área de Gestão – criação de planos de ação em relação a estratégias ou metas. Saiba mais Para compreender melhor o emprego da matriz SWOT, leia o texto “Análise SWOT – Planejamento Estratégico para Análise de Implantação e Formação de Equipe de Manutenção em uma Empresa de Segmento Industrial”, desenvolvido por Eduardo Ribeiro Neto. http://www.icap.com.br/biblioteca/172349010212_FORMATADA.pdf TEMA 2 – TÉCNICA BRAINSTORMING E WRITESTORMING A construção de cenários e a análise de cenários requerem o emprego colaborativo e em conjunto de mais de uma técnica ou ferramenta de apoio. Outra técnica criativa de apoio importante constitui-se no Brainstorming e numa versão alternativa, o Writestorming. Rezende (2017) explica que a técnica Brainstorming foi apresentada pela primeira vez por Alex Osborn, em seu livro de 1953, “O poder criador da mente”. Esta técnica consiste em reunir um grupo de pessoas visando à geração criativa de ideias ou desafiar-se em resolver um problema. Ainda segundo a autora, o Brainstorming é uma estratégia poderosa que explora características importantes da dinâmica grupal, incluindo a energia coletiva, a confiança coletiva, pensamento divergente, o pensamento associativo coletivo e o julgamento refreado. Para Baxter (2003), o Brainstorming clássico pode ser dividido em várias etapas: Orientação – é a fase inicial do brainstorming onde o coordenador estará orientando a equipe, mostrando o problema ou o briefing a ser trabalhado. Preparação – nessa fase o coordenador estipula um tempo determinado, geralmente em torno de 30 minutos, para o fornecimento das ideias por partes dos integrantes da equipe. Todas as informações, devem estar sendo anotadas pelo relator. Análise – após o tempo inicial determinado pelo coordenador, entra-se numa segunda marcação de tempo, também flexível, mas usualmente em torno de 15 minutos para agrupar as ideias propostas segundo algum critério definido pelo grupo. 4 Ideação – ainda dentro do tempo anteriormente determinado pelo coordenador, inicia-se uma fase de associação, escolha das mais relevantes, refinamento ou junção das alternativas proposta com vistas a escolher a alternativa (ou as alternativas) a serem detalhada. Incubação – consiste na interrupção e retomada da técnica, com intervalo de horas ou dias, quando o rendimento da mesma não estiver sendo considerado como satisfatório. Durante essa interrupção, pode-se colher outros dados, estudar similares, etc. Síntese e Avaliação – nessas fases, o coordenador deve novamente determinar um intervalo de tempo para a sua conclusão, tipicamente da ordem de 15 a 20 minutos. Os objetivos conjuntos dessas fases é detalhar, descrever a solução (ou soluções) escolhida, e confronta-la com o “briefing”, verificando sua aderência. Já no Writestorming, Menshhein (2007) explica que é um processo no qual o falar é secundário; cada participante têm como objetivo escrever no papel quais são as suas ideias, e a liberdade é fundamental. Nenhuma pessoa deve pensar com limites, por isso os estudos são importantes, pois buscar o máximo em informações auxilia a realizar pesquisas e dá um primeiro passo muito mais firme. A principal diferença em Writestorming e Brainstorming reside no fato de que, na primeira técnica, as ideias são inicialmente escritas para depois serem apresentadas, discutidas e avaliadas. Já na segunda técnica, as ideias são diretamente apresentadas pelos participantes, de forma oral, discutidas e avaliadas. Em ambas as técnicas, todas as possíveis soluções devem ser levadas em conta para auxiliarem na resolução criativa de problemas, desafios, executadas em tempo pré-determinado. O que se busca nestas situações é o uso intensivo da criatividade por parte dos envolvidos, visando não a busca do consenso, e sim de uma ideia que possa ser traduzida em uma solução inovadora ou que ao menos produza novos resultados. TEMA 3 – CICLO PDCA O PDCA é uma ferramenta gerencial empregada nas empresas ou organizações públicas e privadas com a finalidade de se melhorar os processos, o controle da qualidadee a eficácia da gestão como um todo. O PDCA é um ciclo e, portanto, deve “rodar” continuamente de maneira eficaz, sendo que todas as fases devem acontecer, sob pena de o processo como um todo sofrer prejuízos. No entanto, quando implementado corretamente, um verdadeiro processo de 5 melhoria contínua se instala nos estabelecimentos. O PDCA representa as iniciais das seguintes palavras em inglês (Programa MLT, 2017): • � P, de Plan – Planejar – estabelecer os objetivos e processos necessários para fornecer resultados de acordo com os requisitos e políticas pré- determinados. • � D, de Do – Fazer, executar – implementar as ações necessárias. • � C, de Check – Checar, verificar – monitorar e medir os processos e produtos em relação às políticas, aos objetivos e aos requisitos estabelecidos e relatar os resultados. • � A, de Act – Agir – executar ações para promover continuamente a melhoria dos processos. Para Machado (2007), o PDCA é um método gerencial de tomada de decisões, nas quais as etapas têm cada uma um significado e uma aplicação específica: Na etapa de planejamento são estabelecidas as metas e as formas de alcançá-las, porém, anterior a isto, é necessário observar o problema a ser resolvido, analisar o fenômeno e descobrir as causas do problema. Esta etapa é caracterizada como a de maior complexidade porque erros cometidos na identificação do problema e no delineamento de ações dificultarão o alcance dos resultados. Na etapa de execução as tarefas planejadas na etapa anterior são colocadas em prática e dados são coletados para as análises da próxima etapa (verificação). Nesta etapa é necessário iniciativa, educação e treinamento. Na etapa de verificação os dados coletados na etapa de execução são utilizados na comparação entre o resultado conquistado e a meta delineada. Caso a meta não tenha sido atingida deve-se retornar a fase de observação da etapa de planejamento, analisar novamente o problema e elaborar um novo plano de ação. Na etapa de atuação corretiva acontecem as ações de acordo com o resultado obtido. Se a meta foi conquistada, a atuação será de manutenção (adotar como padrão o plano proposto). Se a meta não foi conquistada, a atuação será de agir sobre as causas que impediram o sucesso do plano. As metodologias de gestão indicam caminhos para se chegar a um determinado fim, meta ou objetivo proposto. Como um método, o PDCA, indica quatro etapas integradas, consecutivas e complementares que, uma vez adotadas, melhoram as possibilidades das organizações atingirem seus resultados por meio do caminho da qualidade e da melhoria contínua. TEMA 4 – DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO O diagrama de causa e efeito permite a análise de um determinado problema ou ainda de um desafio organizacional sob a ótica do processo 6 existente. Para Magri (2009), o diagrama de causa e efeito, também chamado diagrama de Ishikawa ou de espinha de peixe, apresenta as causas de um problema em forma de espinha de peixe: os 6 M’s: método, mão de obra, materiais, medidas, máquinas e meio ambiente. Em determinadas áreas, como a de prestação de serviços, geralmente as categorias básicas utilizadas são: procedimentos, pessoas, ponto, políticas, medição e meio ambiente. Esta análise compreende a avaliação e validação em relação às possíveis causas agrupadas em categorias, conhecidas como 4M ou 6M, dependendo da extensão desejada da análise requerida: Figura 1 – Diagrama de causa e efeito nos processos de trabalho Fonte – Adaptado de Whiteley, Richard C. (1992) Na construção do diagrama, os itens alocados correspondem à verificação que se fará para se associar as possíveis causas com os resultados desejados (efeitos). Segundo Magri (2009), para se fazer um diagrama de causa e efeito, alguns passos são recomendados: 1. O primeiro passo é definir o problema a ser estudado e o que se deseja obter. 2. Estudar e conhecer o processo envolvido através de observação, documentação, troca de ideias com pessoas envolvidas. 3. Fazer uma reunião com as pessoas envolvidas no processo e discutir o problema, é importante incentivar todos a exporem suas ideias, fazer um brainstorming. 4. Após coletar todas as informações, organizá-las em: causas principais, secundárias, terciárias, eliminando informações sem importância. 5. Montar o diagrama, e conferir com todos a representação da situação atual. 6. Marcar aquilo que é mais importante para obter o objetivo que se pretende alcançar. 7 Esses passos exigem uma clareza e um conhecimento do objeto a ser estudado, haja vista que a análise das possíveis causas associadas à natureza do problema ou desafio proporcionará a criação de uma plano de ação para se atingir os efeitos desejados. TEMA 5 – BENCHMARKING A metodologia de Benchmarking visa um aprendizado organizacional a partir das melhores práticas mercadológicas de outras empresas, quer seja em gestão, produção, lançamentos ou inovação de produtos. Essas melhores práticas servem ao mesmo tempo como referência e fonte de aprendizado a serem adaptadas e, se possível, incorporadas de forma eficaz. Para Roma e Pereira (2007), o Benchmarking tem como objetivo estabelecer uma base de autoaprimoramento, que consiste em procurar, encontrar e superar os pontos fortes dos concorrentes. Ainda, segundo os autores, o Benchmarking é um processo de pesquisa contínuo e sistemático, no qual se realiza comparações de seus produtos, processos e práticas, com as de organizações que são reconhecidas como representantes das melhores práticas. Na visão do administrador Siqueira (2017), Benchmarking é uma técnica que cria condições favoráveis, ou seja, tira o melhor das ideias praticadas entre as empresas num mercado competitivo. É um processo de identificação e percepção de boas práticas de outras organizações consideradas destaque e despontadas como as melhores sempre com o intuito de importar novos paradigmas pensando sempre em alcançar ou em superar os concorrentes. Figura 2 – As vantagens do Benchmarking 8 Fonte: Adaptado de Siqueira, 2017. As perguntas inspiram mudanças e novos comportamentos. Neste sentido, o manual de Técnica de Auditoria Benchmarking (2000), do Tribunal de Contas da União, propõe uma série de perguntas a respeito de como evidenciar a necessidade de mudança, comparativamente com o desempenho de outras empresas, como preconizado pelo Benchmarking: • � O que os outros estão fazendo? • � Como estamos em relação a outras instituições similares? • � Como somos avaliados pelos nossos usuários? • � Em que precisamos melhorar? • � Haverá um meio melhor de realizar o que fazemos? • � Como podemos monitorar nosso progresso? Esta série de perguntas visa criar um ambiente favorável para as mudanças. O manual de Técnica de Auditoria Benchmarking (2000) explica que o Benchmarking pode ser definido como uma técnica voltada para a identificação e implementação de boas práticas de gestão. Nesse sentido, ainda, o Benchmarking pode ser comparado com uma técnica de diagnóstico, a partir de uma comparação pontual que permita a identificação de áreas a serem analisadas em maior profundidade, com vistas ao acompanhamento da evolução do desempenho. FINALIZANDO No início desta aula foi proposta uma reflexão: • 1) Qual a ferramenta responsável por ordenar todos os fatores ambientais que representam riscos externos ou novas possibilidades a organização, como as ameaças e as oportunidades? • 2) Em termos práticos, qual a diferença entre Brainstorming e Writestorming? A questão para reflexão proposta – resposta 1) A ferramenta responsável por ordenar todos os fatores ambientais externos é a matriz SWOT, que possibilita um olhar completo para a organização, a partir do ambiente interno e externo, fatores positivos e negativos. 9 2) Em termos práticos, no Writestorming as ideias são inicialmente escritas individualmente, depois apresentadas e discutidas. Jáno Brainstorming as ideias são diretamente apresentadas oralmente e discutidas em conjunto. 10 REFERÊNCIAS ANDREUZZA, M. G. S. B. Planejamento Estratégico. Revista Sagres: Política e gestão estratégica aplicadas. Universidade Federal do Paraná, 2012. Disponível em: <http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasgarzel/12.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2018. AZEVEDO, M; COSTA, H. Métodos para Avaliação de Postura Estratégica. Caderno de Pesquisas em Administração. São Paulo, 18 p. abril 2001. Disponível em: <http://www.icap.com.br/biblioteca/ 172349010212_FORMATADA.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2018. Disponível em: <http://legacy.unifacef.com.br/REA/edicao06/ed06_art02.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2018. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CUNHA, M. H. Curso de Formação de Agentes Públicos e Gestores Culturais: Planejamento Estratégico e Plano de Ação. Disponível em: <http:// www.cultura.rj.gov.br/curso-gestores-agentes/textos/planejplanacao.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2018. 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