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MANEJO DA OBESIDADE AVALIAÇÃO E TRATAMENTO FARMACOLÓGICO MANEJO DA OBESIDADE INTRODUÇÃO IMPACTO DA OBESIDADE AVALIAÇÃO Definição e classificação Avaliação inicial Causas da obesidade Consequências para a saúde Motivação para o tratamento TRATAMENTO Alimentação e atividade física Medicamentos Sibutramina Orlistate Agonistas do receptor do GLP-1 Bupropiona-naltrexona Outros fármacos Tratamento cirúrgico A ARTMED REFERÊNCIAS SU M Á R IO 34 7 7 9 11 13 14 15 17 19 20 21 22 23 24 26 28 29 3 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico A obesidade é uma doença crônica complexa e com consequências potencialmente graves. Ela tem alta prevalência e, por isso, é causa de morbidade e mortalidade significativa, bem como gera custos elevados aos sistemas de saúde (1). Embora haja controvérsias, especialistas defendem a definição de obesidade como uma doença em vez de apenas um fator de risco. Esse posicionamento tem em vista o potencial de prejuízo à saúde, assim como a facilitação de acesso a prevenção e tratamentos (2). Por isso, neste e-book, você vai saber mais sobre essa condição e ter acesso a todas as ferramentas para avaliar e indicar o tratamento farmacológico correto aos pacientes. INTRODUÇÃO Boa leitura! 4 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico A prevalência da obesidade é crescente e triplicou nas últimas décadas (3). De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 2 bilhões de adultos têm IMC > 25 kg/m2, dos quais 650 milhões são obesos (IMC > 30 kg/m2). O Brasil não fica de fora dessas estatísticas: um a cada cinco adultos é classificado como obeso. No cenário nacional, a condição está associada à menor escolaridade e predomina em homens jovens e mulheres de meia idade (4). A elevada prevalência também impacta em custos ao sistema de saúde: estima-se que os custos diretos e indiretos somem 2% do produto interno bruto de um país (5). O excesso de tecido adiposo é a definição de obesidade - apesar de, muitas vezes, a condição ser considerada apenas como “excesso de peso corporal”. Isso se deve às dificuldades de distinguir aumento de tecido adiposo do peso corporal total. Apesar desse desafio, o índice de massa corporal (IMC - Quadro 1) tem uma ótima correlação com o percentual de gordura corporal e é considerado um bom marcador para o diagnóstico de obesidade. Portanto, para fins práticos, o IMC pode ser utilizado para classificação. Quadro 1. Fórmula para cálculo do índice de massa corporal (IMC). Adaptado de (6). Peso em kg e altura em m (Altura2) Peso IMPACTO DA OBESIDADE 5 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Do ponto de vista patofisiológico, ela se instala por um desbalanço entre consumo e gasto energético (7). Um aspecto relevante é a crença (de pacientes e profissionais) que esse desbalanço está sob controle 100% racional; essa forma de pensar promove estigmatização da obesidade como um problema de “falta de vontade”. Biologicamente, trata-se de um processo mais complexo, com interação de genes e exposições com a consequência final de acúmulo de gordura. Mais de 200 genes estão associados ao desenvolvimento da doença, grande parte deles envolvido com a regulação do apetite – o que pode auxiliar para reduzir a culpabilização do indivíduo a respeito da sua condição (2). Apesar da contribuição genética, o ambiente ocupa um papel fundamental na gênese da obesidade: a oferta de alimentos (especialmente ricos em carboidratos), o estilo de vida sedentário e fatores como o isolamento social (6). 6 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico A relação entre IMC e mortalidade por todas as causas é independente de outros fatores de risco e se traduz em uma curva em J, com elevação mais marcada a partir do valor do IMC > 30 kg/m2 (Figura 1) (8). Nesse ponto, também é necessário ressaltar que não existe “obesidade saudável”: mesmo com outros marcadores de doença cardiovascular normais, o excesso de peso aumenta de forma independente risco para eventos cardiovasculares. Figura 1. Relação entre IMC e desfechos em saúde. Adaptado de (8). Devido ao impacto tão significativo, todo indivíduo adulto deve ser rastreado para obesidade, aconselhado sobre tratamentos disponíveis e, se motivado (ver a seguir), ofertado tratamento (9,10). Mesmo indivíduos com sobrepeso (IMC > 25 kg/m2) podem se beneficiar de tratamento, especialmente quando houver presença de comorbidades. Nos últimos anos, o cenário do tratamento farmacológico se alterou rapidamente, com o desenvolvimento e lançamento de novos fármacos para perda ponderal (11). HR - I.C. 95%: hazard ratio com intervalo de 95%. IMC: índice de massa corporal. 7 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Como discutido, conceitualmente a obesidade é o aumento da massa de gordura, mas, do ponto de vista prático, o IMC é utilizado como substituto. De acordo com o IMC da pessoa, é possível classificar o indivíduo em peso normal (eutrófico), sobrepeso e obesidade com os seus diferentes graus (I, II e III) (Tabela 1) (10,12). Essa categorização deriva da associação progressivamente maior do aumento do IMC com morbidade e mortalidade por causas como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (Figura 1) (13). Apesar dessa categorização, devemos lembrar que, a partir do IMC > 25 kg/m2, a associação é contínua e progressiva de risco; portanto, indivíduos dentro da mesma categoria podem necessitar de abordagens mais ou menos intensivas conforme o contexto. AVALIAÇÃO Definição e classificação 8 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Embora essa máxima seja aplicada a todos os indivíduos adultos, em idosos o incremento de risco não parece ser reprodutível na mesma escala. Nestes pacientes, ainda existe associação entre obesidade e risco cardiovascular, porém em menor proporção do que em indivíduos de meia idade (13). Algumas correntes propõem a discussão do “paradoxo da obesidade”, em que idosos com IMC entre 25-30 kg/m2 teriam inclusive menor mortalidade em relação aos demais (14). Tabela 1. Classificação por IMC conforme a Organização Mundial da Saúde. Adaptado de (10,12). Índice de massa corporal (kg/m2) Classificação <18,5 ≥18,5 a 24,9 25,0 a 29,9 30,0 a 34,9 35,0 a 39,9 > 40 Baixo peso Eutrófico Sobrepeso Obesidade grau I Obesidade grau II Obesidade grau III 9 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Como discutido, rastreamento de obesidade com medida de altura, peso e cálculo do IMC (Quadro 1) é recomendada como medida populacional (9). O cálculo do IMC e classificação do paciente conforme os estratos apresentados na Tabela 1 também é o primeiro passo da avaliação clínica. A avaliação do adulto com sobrepeso ou obesidade inicia com anamnese e exame físico. As informações principais são início do excesso de peso, tentativas prévias de emagrecimento, hábitos alimentares, prática de atividade física, uso de medicamentos e tabagismo (12). Os principais contribuintes para sobrepeso/ obesidade estão listados na Figura 2. Avaliação inicial Figura 2. Contribuintes para sobrepeso e obesidade. Adaptado de (12). 10 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Ao IMC, deve-se acrescentar a medida da circunferência abdominal (10,12). Por meio dessa medida, é possível identificar a deposição central de gordura (intra-abdominal e cutânea-abdominal), que tem relação com desfechos adversos de forma independente do IMC. Portanto, a circunferência abdominal é um parâmetro adicional para predição de risco, especialmente quando IMC entre 25-35 kg/m2 (12,15). Quanto à técnica para aferição, não existe definição homogênea na literatura, mas costuma-se utilizar o ponto de maior circunferência no ponto médio entre a espinha ilíaca anterossuperior e o rebordo costalinferior. Deve-se considerar obesidade central: Quando se identifica um paciente com obesidade (seja pelo IMC, seja pela circunferência abdominal), deve-se buscar entender a causa do ganho de peso e pesquisar as consequências para a saúde, especialmente a presença de comorbidades já estabelecidas (12). Em asiáticos, pode-se considerar usar pontos de corte mais estritos (90 cm para homens e 80 cm para mulheres). Homens com Mulheres com Cintura > 102 cm Cintura > 88 cm 11 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Conforme discutido, existe uma sobreposição de causas genéticas, adquiridas e ambientais para a obesidade. Apesar disso, hábitos não saudáveis são considerados os principais determinantes (Figura 2) (12). Outras causas secundárias, como distúrbios endócrinos primários, também podem contribuir para a condição. Quanto à avaliação, deve-se investigar causas conforme a suspeita clínica; algumas dicas são (12): Aumento de extremidades e alargamento da mandíbula sugerem acromegalia; Irregularidade menstrual e hirsutismo são sinais de síndrome dos ovários policísticos; Face em lua cheia, estrias violáceas e fraqueza muscular proximal são manifestações de síndrome de Cushing. Existe um grande número de medicamentos e classes que promovem ganho de peso (Tabela 3), muitos por efeitos intrínsecos ao seu mecanismo de ação (12). Mesmo que isoladamente eles não expliquem na totalidade a obesidade do indivíduo, sempre que possível, deve-se tentar substituí-los por medicamentos com menor efeito de ganho ponderal. Causas de obesidade 12 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Avaliação sistemática genética, da taxa metabólica basal ou mesmo “painel endocrinológico” não são indicados. Deve-se considerar causa monogênica de obesidade em pacientes que se manifestam desde o início da infância (12). Tabela 3. Principais medicamentos causadores de sobrepeso e obesidade. Adaptado de (12). Antipsicóticos Antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, inibidores da monoaminoxidase e lítio Anticonvulsivantes Antidiabéticos (insulina, glibenclamida) Contraceptivos orais Betabloqueadores Inibidores de protease Corticoides Anti-histamínicos Anticolinérgicos 13 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Em paralelo à obesidade, uma série de outros prejuízos à saúde se desenvolvem, seja como consequência direta do aumento de peso, seja pelos fatores de risco que ocorrem de forma concorrente (Figura 3) (16). Não existe recomendação de busca sistemática da maioria dessas alterações com exames complementares, mas o médico deve estar atento às potenciais complicações e investigá- las sempre que houver sinais ou sintomas sugestivos (17). Além disso, como veremos a seguir, a presença dessas complicações ajuda a definir a intensidade do tratamento. Em função da elevada prevalência em indivíduos com sobrepeso e obesidade, deve-se dar especial atenção para doença cardiovascular (cardiopatia isquêmica, hipertensão e insuficiência cardíaca), apneia do sono, esteatose hepática, dislipidemia, depressão e diabetes mellitus tipo 2. Do ponto de vista laboratorial, recomenda-se a avaliação mínima com TSH, glicemia (ou HbA1c), transaminases e perfil lipídico (12), além da medida da pressão arterial com esfigmomanômetro ajustado para o diâmetro do braço. Consequências para a saúde Figura 3. Principais condições associadas a obesidade. Adaptado de (16). 14 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Figura 4. Algoritmo para avaliação dos estágios de mudança em relação à perda de peso. Adaptado de (10). Como parte final da avaliação e já começando a planejar o tratamento, deve-se avaliar a motivação do indivíduo. Sem este passo, o profissional corre o risco de gerar frustração para o paciente e para si mesmo com recomendações que o paciente não está pronto para implementar. Aqui, vale lembrar que cada pessoa vive em um contexto peculiar e, por vezes, existem prioridades concorrentes ao tratamento da obesidade. Em suma, o paciente deve estar na fase de ação para iniciar o tratamento da obesidade (10,18). Para identificar a fase que o paciente se encontra, sugere-se a utilização do modelo expresso na Figura 4, que permitem direcionar melhor as ações e metas para o momento. No modelo, o avanço de fase reflete o sucesso do indivíduo na etapa anterior (10). Consequências para a saúde 15 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico O objetivo do tratamento da obesidade é prevenir, tratar e reverter as complicações da doença e melhorar a qualidade de vida minimizando os efeitos adversos do tratamento (10,11,18). Perdas de peso de 5% já são suficientes para atingir esse objetivo, mas alguns pacientes com obesidade grau II ou III podem necessitar perdas maiores. Com ajustes alimentares e atividades físicas, pode-se atingir 5-7%; a associação com medicamentos pode levar a 10-15%; e cirurgia bariátrica pode atingir valores tão altos quanto 30-50% (18). Como se trata de uma doença complexa e cujo tratamento dependente de mudanças comportamentais, é necessária uma abordagem multifacetada, que envolve orientações sobre alimentação saudável e mudança de hábitos, prática de atividade física e, por vezes, intervenções farmacológicas ou até mesmo cirúrgicas (18). Sempre que disponível, deve-se trabalhar em equipe multidisciplinar para este objetivo; além disso, novas modalidades, com intervenções a distância e aplicativos, são promissoras. TRATAMENTO 16 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Apesar dos grandes avanços no assunto, as recomendações de intensidade do tratamento de acordo com o IMC são baseadas principalmente em opiniões de especialistas; existem variações de pontos de corte, mas, em conjunto, todas são semelhantes (18). O conceito é que, quanto maior a gravidade e o excesso de peso, mais intensa deve ser a intervenção – apresentamos uma proposta de abordagem na Figura 5. Em todos os cenários, são indicadas mudanças de estilo de vida, como dieta e atividade física, enquanto o uso de fármacos é reservado para pacientes de moderado a alto risco. O tratamento cirúrgico deve ser considerado em pacientes de alto risco (18). Essa abordagem segue os estudos clínicos que avaliaram as intervenções individualmente. Figura 5. Intervenções indicadas conforme o IMC e condições comorbidades. Adaptado de (18). 17 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Todo indivíduo com indicação de perda ponderal e em fase de ação deve receber abordagem de mudança de hábitos alimentares e realização de atividade física. Mesmo para pacientes que utilizarão tratamento farmacológico, deve-se ressaltar que ajustes na dieta e estímulo à atividade física são parte da intervenção oferecida nos estudos que exploram os efeitos de medicamentos para perda ponderal (18). Tende-se a dar preferência para abordagem intensiva e multimodal, com dieta hipocalórica e realização de atividade física. Intervenções para mudança comportamental e com apoio multiprofissional, buscando utilizar recursos e alimentos locais, são parte das recomendações mais atuais (10). Além disso, deve-se considerar ferramentas adicionais, como intervenções a distância (18). Muito já se estudou e ainda há muitas dúvidas existem quanto à composição de macronutrientes (proteínas, gorduras, lipídeos) e estilos (mediterrânea, DASH, jejum intermitente) mais adequada para a perda de peso. No conjunto das evidências, e levando- se em conta os resultados em longo prazo, a maioria das estratégias promove perda ponderal modesta e semelhante (18). Alimentação e atividade física 18 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Mais importante do que a proporção de macronutrientes que compõem a dieta é a quantidade de calorias ingeridas. Para que haja perda ponderal, a quantidade de caloriasingeridas deve ser menor que a quantidade gasta (seja pelo metabolismo basal, seja por exercícios). Isso é atingido em quase todos os adultos com consumo < 1000 kcal/ dia (18). Por outro lado, prescrições com menos de 800 kcal/dia não têm benefício em perda ponderal e comprometem a adesão. Na prática, o ideal é educar o hábito alimentar para uma restrição calórica que possa ser sustentada a longo prazo e com consumo de alimentos mais saudáveis (10,18). Embora a restrição calórica tenha maior impacto no peso, a prática de exercício físico é um importante preditor de manutenção da perda ponderal, além de atenuar a perda de massa magra. Recomenda-se a prática de pelo menos 150 minutos de exercício moderado a intenso, que podem ser distribuídos em 30 minutos de atividade física de 5 a 7 vezes por semana. A estratégia recomendada é exercício aeróbico complementado com treino de resistência, considerando preferências individuais. A prática de atividades de alta intensidade, como corrida, deve ser idealmente acompanhada por um educador físico, considerando o risco de lesões osteomusculares e o desempenho cardiovascular. Além do exercício focado, sugere-se reduzir atividades sedentárias, como tempo de telas em geral (10,18). 19 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico A história da farmacoterapia para obesidade é repleta de medicamentos com efeitos adversos graves e suspensão de comercialização, desde o risco cardiovascular das anfetaminas até o risco de suicídio do rimonabanto. Talvez em função disso, muitos profissionais têm resistência em iniciar farmacoterapia para indivíduos com obesidade. Um desafio adicional para a seleção desses medicamentos é a falta de bons estudos comparando-os diretamente. Dessa forma, vantagens comparativas são sempre indiretas e, portanto, mais frágeis. Infelizmente, não existe uma abordagem única para definir a escolha do fármaco: utilizam-se alguns parâmetros como preferência por monoterapia e levar em conta comorbidades dos pacientes, custos e efeitos adversos (18). O início de uso de todos os medicamentos é usualmente realizada na menor dose disponível com aumentos graduais a cada 1-4 semanas – observando- se tolerância e resposta. A seguir, serão apresentadas as opções disponíveis e a Tabela 4 resume suas características. Medicamentos 20 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico SIBUTRAMINA Trata-se do fármaco antiobesidade com registro válido mais antigo no Brasil – liberado para uso desde 1998. Atua inibindo a recaptação de noradrenalina e serotonina e é considerado supressor do apetite. Tem potencial de perda ponderal de 4,5 kg em relação ao placebo (19). Seus principais efeitos adversos são taquicardia, palpitações e hipertensão; insônia e boca seca também são relatados. Deve-se evitar o uso concorrente com outros inibidores da recaptação da serotonina pelo risco de síndrome serotoninérgica maligna. Ele foi retirado do mercado nos EUA e Europa, mas ainda é vendido no Brasil com restrições recomendadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (20). Isso se deu pelo aumento de risco de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral causado pela sibutramina em pacientes com doença cardiovascular pré-existente (21). O medicamento é contraindicado para pacientes com história de doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca congestiva, arritmias ou acidente vascular cerebral. Trata-se de um medicamento de baixo custo, com apresentações genéricas e várias marcas no mercado nacional. 21 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico ORLISTATE O principal mecanismo de ação do Orlistate é a inibição da lipase pancreática e gástrica e, assim, redução da absorção intestinal de gorduras da dieta. Tem ação dose- dependente e potencial de inibir absorção de aproximadamente 30% dos lipídios da dieta. Promove a perda de até 10% do peso habitual em longo prazo: há estudos mostrando controle de peso por até 4 anos de uso do medicamento. Como aumenta o conteúdo de gordura fecal, seu principal efeito adverso é a intolerância gastrointestinal (cólica, flatulência, esteatorreia e incontinência fecal). Os sintomas ocorrem em 15 a 30% dos pacientes em uso do fármaco e são dependentes da quantidade de gordura ingerida, ou seja, pode ser atenuado com a adaptação da dieta. Além disso, é necessário reposição vitamínica no uso em longo prazo (11). Do ponto de vista cardiovascular, é seguro e pode ter efeito adicional de redução da pressão arterial (tanto sistólica quanto diastólica). Outros benefícios adicionais são a redução nos níveis de hemoglobina glicada e melhora do perfil lipídico (11). 22 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico AGONISTAS DO RECEPTOR DO GLP-1 Os agonistas do GLP-1 (glucagon like peptide-1) mimetizam esse hormônio gastrointestinal e agem reduzindo o esvaziamento gástrico e estimulando a saciedade. Têm efeitos adicionais no metabolismo glicêmico, promovendo secreção de insulina e aumentando sua sensibilidade (22). No mercado norte-americano, tanto liraglutida quanto semaglutida são dispo- níveis para tratamento da obesidade (11); no Brasil apenas a liraglutida tem liberação para uso em obesidade. Deve-se destacar que as doses para obe- sidade e tratamento de diabetes mellitus tipo 2 são diferentes, sendo as para obesidade mais elevadas. É a classe de medicamentos com efeitos mais marcados no peso (lembran- do que a maioria das comparações é contra placebo). Quando se considera semaglutida nas doses mais elevadas, atinge-se perda de 10% do peso corporal em até 75% dos pacientes tratados (23). A liraglutida também tem bons resultados, atingindo média de 8 kg de perda de peso (11). Quanto aos efeitos adversos, os mais comuns são no trato digestivo: náuseas, vômitos e diarreia (11). São medicamentos seguros do ponto de vista cardiovascular. Os efeitos potencialmente mais graves não estão comprovados: É frequentemente considerada a primeira opção para tratamento farmacológico para obesidade pela sua eficácia elevada (11), em especial a semaglutida. Entretanto, o custo elevado e a falta de liberação da semaglutida para tratamento da obesidade no Brasil são as principais barreiras para o uso. Existe apreensão com a ocorrência de neoplasia medular de tireoide, porém este efeito foi identificado apenas em roedores. De toda forma, há a recomendação formal de não se usar o medicamento em pessoas com história pessoal ou familiar de neoplasia medular de tireoide (esporádico ou associado à neoplasia endócrina múltipla tipo 2). Há suspeitas não confirmadas de risco aumentado de pancreatite e câncer de pâncreas. Do ponto de vista clínico, a recomendação é investigar pancreatite em pacientes que desenvolvem dor abdominal grave e persistente durante o uso do medicamento. Por outro lado, não há recomendação de monitoramento de amilase e/ou lipase em pacientes assintomáticos – sua elevação é um evento esperado com o tratamento. A apreensão com câncer de pâncreas não foi comprovada, mas é um evento monitorado por agências regulatórias. 23 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico BUPROPIONA-NALTREXONA A bupropiona é um inibidor da recaptação da dopamina e a naltrexona é um antagonista do receptor de opioides; a combinação é eficaz para reduzir o apetite em nível central. É capaz de reduzir entre 4-5% do peso corporal basal. Os efeitos adversos mais comuns são cefaleia, náuseas e constipação, insônia; tontura e boca seca também podem ocorrer. Existe apreensão com segurança cardiovascular por elevar a frequência cardíaca; um estudo de grande porte avaliando a questão foi interrompido precocemente e trata-se de um assunto ainda em aberto. Não há, entretanto, contraindicação absoluta ao uso em caso de pacientes com doença cardíaca conhecida. Pode ser considerado apropriado em cenários como desejo de cessar tabagismo concomitantecom obesidade com motivação para terapia (11). Seu uso foi liberado no Brasil pela ANVISA, porém ainda não está disponível comercialmente. 24 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico OUTROS FÁRMACOS Lorcarserina: atua no sistema serotoninérgico como inibidor do apetite. Sua comercialização foi suspensa pelo fabricante tanto no Brasil quanto em outros países quando o estudo clínico de longo prazo sugeriu aumento de risco de surgimento de neoplasias com o uso do medicamento (24). O agente era comercializado no Brasil desde 2016, quando foi aprovado. Apesar do incremento de risco, não é indicado rastreio de neoplasias adicional aos exames de rotina recomendados para a idade em pacientes que utilizaram o medicamento (11). Anfetaminas e combinações: agem ativando o sistema adrenérgico (assim como a sibutramina) e reduzindo o apetite. Seu uso está proibido no Brasil, mas alguns representantes (sendo o principal a fentermina) são disponíveis para uso nos Estados Unidos. Têm efeito moderado no peso e são liberados para curto período de uso (12 semanas). Seus principais efeitos adversos e principais preocupações com segurança se referem ao sistema cardiovascular (11). Tirzepatida: trata-se de um fármaco que age em 2 vias do sistema incretínico; além de estimular receptores GLP-1 (como os agonistas do GLP-1), também age em receptores de GIP (Glucose-dependent insulinotropic polypeptide). Como esperado, seus efeitos adversos e eficácia são semelhantes aos agonistas do GLP-1 mais potentes, atingindo a marca de 57% dos pacientes com perda de 20% do peso corporal com 72 semanas de seguimento (11,25). Ainda não foi liberada pela ANVISA, mas há perspectivas que isso ocorra em breve. Topiramato: trata-se de um anticonvulsivante que foi associado com redução moderada do peso (aproximadamente 6 kg) (26). Há recomendação mais clara de tratamento para pacientes com binge eating. Os principais efeitos adversos são parestesias, redução da atenção; em pacientes de risco, pode desencadear glaucoma de ângulo agudo. Deve-se monitorar eletrólitos e evitar em mulheres usando anticoncepcionais orais (27). 25 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Tabela 5. Principais medicamentos para tratamento de obesidade. Adaptado de (11,28). Agente CustoPosologia Efeitos adversos Consta na RENAME Aprovação da ANVISA para obesidade Sibutramina Orlistate Agonista GLP-1 Topiramato Bupropiona- naltrexona Baixo Moderado Elevado Baixo Moderado* Um comprimido 10 ou 15 mg, 1 vez ao dia. Um comprimido 60-120mg 3 vezes ao dia. Liraglutida SC diária. Dose alvo de 3 mg (aumento semanal de 0,6 mg). Semaglutida SC semanal. Dose alvo de 2,4 mg (aumento a cada 4 semanas de 0,25 mg). Comprimido 25, 50 e 100mg. Comprimido 90mg bupropiona + 8mg naltrexona, 1 a 2 comprimidos 2 vezes ao dia. Taquicardia, hipertensão, palpitações, insônia, boca seca. Esteatorreia e incon- tinência fecal. Risco de desnutrição se não houver reposi- ção de vitaminas. Náuseas, vômitos, diarreia. Pancreatite (risco não comprovado). Parestesias, redução da atenção, acidose. Cefaleia, distúrbios do sono, sintomas gastrointestinais, hipertensão. Não Não Não Sim Não Sim Sim Sim - liraglutida. Semaglutida uso off-label Não, uso off-label Sim *Ainda não lançado no mercado nacional, estimativa com base no preço dos EUA. RENAME, relação nacional de medicamentos essenciais. 26 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Existem diversas modalidades de tratamento invasivo atualmente, sendo os mais utilizados a gastrectomia em sleeve e o bypass gástrico com Y de Roux; tratamento com balão e bandas gástricas são consideradas como ponte para procedimentos “definitivos” em pacientes selecionados. Como regra geral, são candidatos a esse tratamento pacientes com IMC ≥ 40 kg/ m2 (ou ≥ 35 kg/m2 com comorbidades não controladas) e falha a 2 anos com tratamento conservador ou, ainda, IMC ≥ 50 kg/m2 a qualquer tempo (Figura 5) (29). Tem ótimos resultados para perda ponderal e provavelmente gera, inclusive, benefício de redução de mortalidade em longo prazo (18). Tratamento cirúrgico 27 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Obesidade é uma doença altamente prevalente, com extensas consequências para os indivíduos e para as populações. Felizmente, seu diagnóstico e avaliação são baseados em recursos baratos e amplamente disponíveis: Deve-se estar atento a causas associadas a ganho de peso (Figura 2 e Tabela 3). Quanto ao manejo, intervenção multicomponentes, com enfoque em mudança de hábitos, alimentação saudável e prática de atividade física são a base. Em relação à farmacoterapia, trata-se de um cenário em rápida e franca mudança, com os agonistas dos GLP-1 dominando rapidamente o cenário – a principal restrição ao seu uso é o custo elevado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Aferição do peso e altura Cálculo do IMC Medida da circunferência abdominal 27 28 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico Este conteúdo foi útil para você? A Artmed é o maior hub de educação para saúde do país! No nosso site, você encontra soluções para continuar se atualizando na área de Medicina quando e onde quiser. Acesse o site e confira as opções de livros, cursos e programas de atualização para se aprimorar profissionalmente: A ARTMED artmed www. .com.br http://www.artmed.com.br 29 Manejo da Obesidade: Avaliação e Tratamento Farmacológico REFERÊNCIAS 1. Dai H, Alsalhe TA, Chalghaf N, Riccò M, Bragazzi NL, Wu J. The global burden of disease attributable to high body mass index in 195 countries and territories, 1990-2017: An analysis of the Global Burden of Disease Study. PLoS Med. 2020 Jul;17(7):e1003198. 2. Wilding JPH, Mooney V, Pile R. Should obesity be recognised as a disease? BMJ. 2019 Jul 17;366:l4258. 3. 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