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Grupo 7 - Sistemas e diretrizes para o melhoramento genético

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”
LZT 0648 - MANEJO DA REPRODUÇÃO E DA INSEMINAÇÃO
ARTIFICIAL
SISTEMAS E DIRETRIZES PARA OMELHORAMENTO
GENÉTICO DE REBANHOS NELORE COM ACASALAMENTOS
SUPERVISIONADOS
AC. Heloísa Boton Tobal
AC. Lucas Marrega Saldanha
Piracicaba/SP
2023
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................2
2. Objetivo............................................................................................................2
3. DESENVOLVIMENTO................................................................................. 2
3.1 Características Avaliativas.........................................................................2
3.2 Situação Problema..................................................................................... 6
4. Conclusão.........................................................................................................7
5. Referências Bibliográficas..............................................................................7
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1. INTRODUÇÃO
O Nelore é a raça de maior composição dentre o rebanho nacional, isso se
deve ao fato de ter maior rusticidade perante as demais raças, sendo mais
adaptado às diversas condições climáticas e ambientais que possuímos no
Brasil. Sendo assim, é de extrema importância que cada vez mais invista-se em
sistemas e diretrizes para o melhoramento genético da raça, este que visa
produzir animais com maior produtividade e desempenho.
Sendo assim, há diversas maneiras de se obter o melhoramento genético,
como o acasalamento supervisionado, a transferência de embriões e a
inseminação artificial por tempo fixo (IATF). Dentre estas podemos destacar o
acasalamento supervisionado, este que vem sendo uma técnica promissora para
intensificar a eficiência do melhoramento genético. Para realização dessa
técnica, é necessário uma seleção fundamentada de machos e fêmeas com
elevado potencial genético e características desejáveis, além do uso de
ferramentas que avaliam o potencial genético da progênie resultante, como o
PMGZ, Cia de Melhoramento, entre outros.
Dessa forma, é possível avaliar as características do rebanho geral, e
quais são os pontos que limitam a produção, buscando eliminá-los a fim de
garantir maior produtividade do rebanho. Além disso, buscar acasalamentos que
melhoram as características morfológicas do rebanho.
2. Objetivo
Mostrar as diretrizes utilizadas e sistemas existentes no Brasil para o
melhoramento genético da raça Nelore, buscando encontrar o que limita o
rebanho e mitigar o problema.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Características Avaliativas
Nos diferentes programas de melhoramento temos então diversas
características avaliadas, sendo que vamos mostrar especificamente de dois
sistemas, o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) e Cia de
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Melhoramento, sendo o primeiro focado em zebuínos P.O. e o segundo em
Nelore CEIP.
Antes disso é necessário ter noção geral de dois conceitos básicos para o
melhoramento genético para garantir melhor entendimento, sendo eles:
● Diferença Esperada na Progênie - DEP: Esse dado indica a
diferença esperada na produção média da progênie de um animal,
em relação à produção média de todos os animais. Sendo que a
DEP é relativa a característica avaliada, podendo ser expressa em
peso, meses, dias, entre outras. Sendo a DEP, dado de grande
importância para definir qual reprodutor utilizar.
Importante ressaltar que a DEP é uma expectativa que vem acompanhada
da Acurácia - AC, explicada a seguir.
● Acurácia - AC: É a medida que mostra o grau de confiança da
estimativa da DEP, que depende do número de informações
utilizadas na avaliação, sendo que pode ter valor que varia de 1% a
99%. Sendo que a acurácia, serve para definir a medida de risco
para utilização, podendo ser usada para referência de intensidade
de uso do animal.
Usando de exemplo prático, animais de boas DEP’s com baixa acurácia,
podem ser utilizados mas com baixa intensidade, em número relativamente
pequenos de acasalamento.
No PMGZ, as características avaliadas no touro são divididas em três
classes, sendo elas:
● Reprodutivas, representam 50% e entra dados como:
○ Perímetro Escrotal ao ano, em cm, que indica o potencial do
animal em produzir filhos com maior ou menor perímetro
escrotal aos 365 dias de idade, sendo que essa característica
é de média a alta herdabilidade;
○ Idade ao Primeiro Parto, em dias, que indica o potencial de
produzir filhas que o primeiro parto seja mais ou menos
precoce em relação a média das filhas dos outros animais,
porém com baixa a média herdabilidade, por ter grande
interação com o ambiente;
○ Stayability, em porcentagem, é a probabilidade de um animal
produzir filhas que sejam capazes de gerar pelo menos três
crias viáveis até os 76 meses de idade.
● Crescimento, representam 40% e entra dados como:
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○ Peso à desmama - PD-ED, em kg, que indica o potencial do
animal em produzir filhos com desempenho superior ou
inferior em relação a média dos filhos dos outros animais na
desmama (210 dias);
○ Peso ao ano - PA-ED, em kg, que indica o potencial do
animal em produzir filhos com desempenho superior ou
inferior a média no período de 365 dias;
○ Peso ao sobreano - PS-ED, em kg, que indica o potencial do
animal em produzir filhos com desempenho superior ou
inferior a média dos outros animais para ganho em peso da
desmama ao sobreano.
● Maternais, representam 10% e entra dados como:
○ Peso à fase materna - PM-EM, em kg, que indica o potencial
genético do animal em gerar filhas com habilidade materna
superior ou inferior dos animais, expressa em kg de bezerros,
isso porque busca avaliar o efeito materno relacionado à
produção de leite. Este dado é avaliado aos 120 dias do
bezerro;
○ Total maternal à desmama - TMD, que indica a habilidade
total das filhas de um animal produzir bezerros mais ou
menos pesados na desmama, esse valor é calculado pela
soma de ½ DEP direta a desmama e toda a DEP materna a
desmama.
Figura 1: Tabela de características do PMGZ.
Fonte: Palestra do Cezar Von Rubem.
Já no programa Cia do Melhoramento, as características avaliadas são:
● Ganho do nascimento à desmama - GND, que é o ganho do
nascimento à desmama ajustado para 205 dias de idade;
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● Conformação à desmama - Cd, alvo-definido de escore 3;
● Precocidade à desmama - Pd, alvo-definido de escore 3;
● Musculatura à desmama - Md, alvo-definido de escore 3;
● Ganho pós-desmama - GPD, que é o ganho de peso no pós
desmama ajustado para 245 dias;
● Conformação ao sobreano - Cs, alvo-definido de escore 3;
● Precocidade ao sobreano - Ps, alvo-definido de escore 3;
● Musculatura ao sobreano - Ms, alvo-definido de escore 3;
● Temperamento ao sobreano - Ts, alvo-definido de escore 2;
● Idade ao Primeiro Parto - IPP;
● Peso ao nascer - PN;
Tabela 2: Tabela de características da CIA de melhoramento.
Fonte: Palestra do Cezar Von Rubem.
Tendo noção dos métodos selecionadores e avaliativos de touros e
matrizes, podemos implantar isso nos rebanhos comerciais. Ao nos depararmos
com uma propriedade temos que elencar os fatores que mais limitam o
desempenho e assim, trabalhar em cima disso.
Dentro de um rebanho há diversas características indesejáveis, podemos
alocar em diferentes quadrantes. O primeiro quadrante se refere à sexualidade,
dentre as características indesejáveis podemos citar a puberdade sexual tardia
em machos e fêmeas, baixa produtividade acumulada (kg de bezerros
desmamados por vaca por ano), alta idade ao primeiro parto. O segundo
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quadrante se refere ao bezerro e habilidade materna, podemos citar alto peso ao
nascer, diminuta habilidade materna, baixa produção de leite para a raça, baixo
peso à desmama e ao sobreano e temperamento. O terceiro quadrante é
qualidade de carcaça, pequena área de olho de lombo, acabamento de carcaça
tardio, baixo marmoreio. O quarto quadrante refere-se à alimentação, ou seja, a
relação entre o peso consumidoem alimentação e o ganho de peso é abaixo do
esperado. O quinto quadrante se refere às características morfológicas, aprumos
desaprumados, frame extremamente alto ou baixo, despigmentação, chanfro
torto, relação de tamanho de arqueamento de costela e tamanho de perna e
tamanho de paleta relativamente alto quando comparado ao tamanho do pernil.
3.2 Situação Problema
Para exemplificar o que citamos acima, existe a Fazenda BAO. Nesta
fazenda existem 165 matrizes Nelore cara limpa. Os consultores da empresa
Muuu’s Consultoria foram contratados para realizar um trabalho de
melhoramento genético no rebanho.
Durante a primeira visita as matrizes foram reunidas no curral. Ao
primeiro momento foram identificadas 15 matrizes que apresentavam
características morfológicas indesejáveis com alta herdabilidade, sendo assim,
foram retiradas do lote e posteriormente colocadas em regime de engorda.
Após isso, o rebanho remanescente no curral foi dividido em cinco
grupos, essa divisão foi feita identificando os problemas que são prioridade e
estão em comum entre as determinadas vacas.
O primeiro grupo foi selecionado por serem vacas muito altas,
acarretando em um gado com muita perna e pouca costela, que possui
acabamento tardio e pouca área de costela em relação ao tamanho das pernas.
Para estas vacas foi proposto colocar um touro que apresentasse bons índices
para todas as características desejáveis mas que tivesse como diferencial o
frame mais baixo.
O segundo grupo foi selecionado por serem extremamente baixas, vacas
que possuem um acabamento de carcaça mais rápido porém com seu peso final
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sendo pouco. Portanto foi selecionado um touro que além de preservar
características desejáveis, tivesse como diferencial um frame mais alto.
O terceiro chamou atenção pela puberdade sexual tardia, vacas que
entraram em idade reprodutiva aos 3 anos de idade, o touro selecionado
preservava suas qualidades e tinha um diferencial para precocidade sexual.
O quarto lote chamou atenção pela baixa habilidade materna, portanto o
touro selecionado havia em seu ranking geral boas qualidades porém se
destacava pela habilidade materna.
O quinto lote foi composto do remanescente dos demais lotes, vacas que
apresentavam características como altura mediana, boa profundidade de carcaça
e arqueamento de costela, precocidade sexual dentre outras características de
boa qualidade. Para este lote foi escolhido um touro que pudesse explorar ao
máximo essas vacas sem deixar de perder suas características que as fizeram
estar ali.
Como pode ser visto, a estratégia de um melhoramento genético inicial se
deu pela divisão em lotes das características que mais estava limitando aquele
lote de matrizes e foi escolhido um touro que pudesse corrigir este principal
defeito. Sendo assim esperasse que a progênie destes acasalamentos seja
superior ao seus pais, atenuando as características indesejáveis sem perder as
demais qualidades que tinham.
4. Conclusão
Vendo então a importância do aumento de eficiência na produção do
rebanho, se mostra primordial utilizar do melhoramento genético na pecuária
brasileira para que cada vez tenhamos animais mais adaptados e eficientes em
sua finalidade que além de atender ao mercado, que cada vez mais está mais
exigente, proporciona uma maior lucratividade e uso eficiente de sua terra.
Lembrando sempre de selecionar touros que possuam DEPs que melhorem as
características que possuam valor econômico dentro do rebanho e que tenham
sanidade reprodutiva.
5. Referências Bibliográficas
MELHORAMENTO Genético em Bovinos de Corte (Bos indicus: Efeitos
ambientais, melhoramento genético animal, pecuária de corte, peso ao
desmame. Nutri Time, [s. l.], janeiro/fevereiro 2016. Disponível em:
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https://www.nutritime.com.br/wp-content/uploads/2020/02/Artigo-362.pdf.
Acesso em: 16 maio 2023.
FERRAMENTAS e Estratégias para o Melhoramento Genético de Bovinos de
Corte. Documentos, [s. l.], setembro 2019. Disponível em:
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/657470/1/DT83.pdf.
Acesso em: 16 maio 2023.
TÉCNICAS de manejo reprodutivo em bovinos de corte: Sistemas de
Acasalamento. Documentos, [s. l.], 2016. Disponível em:
https://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc93/004acasalamento.html.
Acesso em: 14 maio 2023.
ARNOLD, Kaitlyn. Here’s the beef: Basics for selecting a bull. Department of
Animal Science, [S. l.], p. 1-1, 1 out. 2019. Disponível em:
https://animalscience.tamu.edu/2019/10/01/heres-the-beef-basics-for-selecting-a
-bull/#:~:text=Bulls%20should%20look%20masculine%20and,a%20good%20i
ndicator%20of%20muscling. Acesso em: 13 maio 2023.
THOMAS, Martha. CONSIDERATIONS FOR SELECTING A BULL. IFAS
Extension, [S. l.], p. 1-1, 29 jun. 2018. Disponível em:
https://edis.ifas.ufl.edu/publication/AN218. Acesso em: 13 maio 2023.
ANDREWS, Todd. Beef cattle breeding systems. Department of Primary
Industries, [S. l.], p. 1-1, 10 ago. 2021. Disponível em:
https://www.dpi.nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0005/1333490/Beef-cattle-br
eeding-systems.pdf. Acesso em: 13 maio 2023.
MUELLER, Maci L. Synergistic power of genomic selection, assisted
reproductive technologies, and gene editing to drive genetic improvement of
cattle. CABI Agriculture and Bioscience, [S. l.], p. 1-1, 4 mar. 2022. Disponível
em: https://cabiagbio.biomedcentral.com/articles/10.1186/s43170-022-00080-z.
Acesso em: 13 maio 2023
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