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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 73 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II DIGESTÃO DE CARBOIDRATOS NO ORGANISMO DE ANIMAIS RUMINANTES E NÃO RUMINANTES 1. RUMINANTES Nos ruminantes, o alimento ingerido irá passar por um processo de fermenta- ção no pré- estômago, que é também chamado de rúmen. Este processo de digestão dos alimentos é feito pela ação principal- mente de bactérias, fungos e protozoários e pode continuar no intestino dis- tal. O número médio de bactérias varia de 1010 a 1011 células por grama de in- gesta, já a população de protozoário varia de 105 a 106, mas como os protozoários são maiores que as bactérias, quando se avalia a massa de microrganismos eles são praticamente equivalentes, mas a dieta e o ambiente ruminal podem alterar este equi- líbrio. Os principais protozoários pertencem ao gênero Isotricha ou Entodinium, já as bactérias estão relacionadas no Quadro 1 conforme o seu substrato. Uma ressalva é que o ruminante pode sobreviver sem protozo- ários no rúmen, mas não sem bactérias. O carboidrato ao chegar ao rúmen sofrerá ação das enzimas hidrolíticas mi- crobianas. A bactéria se fixa no alimento e as enzimas que se encontram na superfície da bactéria iniciam a ação de digestão daquele carboidrato, liberando polissacarídeos, a glicose e outros monossacarídeos na fase líquida do rúmen, mas não totalmente disponível para o ruminante. Glicose e outros açúcares serão absorvidos e vão parti- cipar da via glicolítica, também chamada de Embden-Meyerhof, onde uma molécula de glicose formará duas de piruvato, que irá gerar energia pela transformação de NAD, FAD e de ATP, energia esta utilizada pelos microrganismos. Como o ambiente é ana- eróbico na geração de energia formam-se os ácidos graxos de cadeia curta, sendo os principais, os ácidos acético, propiônico e butírico, mas também o isobutírico, valérico, isovalérico, dentre outros. Na produção de ácido acético existe a formação de metano em maior quantidade quando comparado com a formação do ácido propiônico. O AULA 6 mailto:secretariaead@funec.br NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 74 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II NADH participa da doação de elétrons tanto no metabolismo de carboidratos, quanto na síntese de proteína microbiana e na saturação de ácidos graxos insaturados no rúmen. A dieta pode alterar a quantidade de ácidos graxos produzidos no rúmen, sendo maior nas dietas ricas em grãos quando se compara com animais em sistema exclusivo de forragem, assim como a proporção de ácidos graxos; contudo, a quanti- dade de ácido acético será sempre superior ao propionato e este, maior que o butirato. Quadro 1 – Exemplos de bactérias ruminais agrupadas de acordo com o tipo de ali- mento. Principais espécies celulolíticas Bacteroides succinogenes Ruminococcus flavefaciens Ruminococcus albus Butyrivibrio fibrisolvens Principais espécies que utilizam açúcar Treponema bryantii Lactobacillus vitulinus Lactobacillus ruminus Principais espécies hemicelulolíticas Butyrivibrio fibrisolvens Bacteroides ruminicola Ruminococcus species Principais espécies que utilizam ácido Megasphaera elsdenil Selenomonas ruminantium Principais espécies pectinolíticas Butyrivibrio fibrisolvens Bacteroides ruminicola Lachnospira muliparus Succinivibrio dextrinosolvens Treponema bryantii Streptococcus bovis Principais espécies proteolíticas Bacteroides amylophilus Bacteroides ruminicola Butyrivibrio fibrisolvens Streptococcus bovis Principais espécies amilolíticas Streptococcus bovis Bacteroides ruminicola Bacteroides amylophilus Succinimonas amylolytica Principais espécies produtoras de amônia Bacteroides ruminicola Megasphaera elsdenil Selenomonas ruminantium Principais espécies ureolíticas Succinivibrio dextrinosolvens Bacteroides ruminicola Selenomonas species Ruminococcus bromii Principais espécies que utilizam lipídeos Anaerovibrio lipolytica Butyrivibrio fibrisolvens Treponema bryantii Eubacterium species mailto:secretariaead@funec.br NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 75 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II Butyrivibrio species Treponema species Fusocillus species Micrococcus species Principais espécies produtoras de metano Methanobrevibacter ruminantium Methanobacterium formicicum Methanomicrobium mobile Fonte: Church, 1988 apud Gallo, Martins e Gomes, 2019. Os ácidos graxos de cadeia curta passam a ser a principal fonte de energia para o ruminante e são absorvidos pelo trato digestório. Os ácidos graxos podem ou não estar ligados ao H+, mas o sangue tem pH mais alto do que o rúmen, facilitando a passagem sem gasto de energia. Além da transformação do CO2 em H2CO3 e depois em HCO3, que neste processo atua na absorção dos ácidos graxos de cadeia curta, o ácido acético terá preferência pelos tecidos periféricos do corpo, enquanto o propiônico terá em sua maioria o fígado como destino e o ácido butírico, a manutenção do rúmen. Bacteroides amylophilus, Streptococcus bovis, Succinimonas amylolytica e Succinivibrio dextrinosolvens são as principais bactérias amilolíticas e dextrinolíticas. O tempo para que o amido seja hidrolisado vai depender do alimento e a forma como este se apresenta (íntegro, farelado, peletizado, extrusado etc.). Já a degradação dos monossacarídeos (porções mais simples do amido) são feitas pelas bactérias Bacte- roides ruminicola, Butyrivibrio fibrisolves e Selenomonas ruminantium, sendo que o ATP formado será a principal fonte de energia para a manutenção e crescimento das bactérias ruminais. A degradação da celulose em glicose é um processo mais complexo, quando comparado ao amido, mas a velocidade com que acontece também irá depender do tipo de alimento. Nesse processo estão envolvidas as bactérias Bacteroides succino- genes, Ruminococcus albus e Ruminococcus flavefaciens. Aparentemente, os mes- mos microrganismos que degradam a celulose fazem a degradação da hemicelulose, que pode ser feita um pouco mais rápida, já que sua estrutura química é menos com- plexa que a da celulose. Os microrganismos Bacteroides succinogenes, Bacteroides ruminicola, Bu- tyrivibrio fibrisolves e protozoários são os responsáveis pela degradação da pectina. mailto:secretariaead@funec.br NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 76 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II O ponto em comum na digestão dos carboidratos é a glicose que será transformada em piruvato. Alguns gases como o dióxido de carbono, metano e hidrogênio também são produtos da fermentação ruminal eliminados por eructação e representam perda de energia. Os principais ácidos graxos são absorvidos pelas papilas ruminais e passam para o sistema circulatório, sendo encaminhados para os tecidos com metabolismos específicos em cada um deles para gerar energia. Com isso o ruminante é menos dependente da glicose como fonte de energia do que animais monogástricos. A digestibilidade do carboidrato no rúmen pode ser dividida em duas fases. Primeiro há a quebra das moléculas complexas como celulose, hemicelulose e pectina em cadeias mais curtas, que podem ser oligossacarídeos mas, principalmente, dissa- carídeos como a celobiose, maltose, xilobiose ou mesmo em açúcares simples. A se- guir, são transformados em piruvato, que entãoirá formar os ácidos graxos de cadeia curta. A celulose é degradada por ação de enzimas em glicose. A hemicelulose é quebrada em xilobiose, hexose e, como produto intermediário, o ácido urônico. A pec- tina forma o ácido urônico que irão formar pectina; o amido irá formar a dextrina e maltose. Os demais açúcares formam frutose. Os monossacarídeos (glicose, frutose e xilose) podem ser aproveitados dire- tamente pelos microrganismos ruminais e degradados intracelularmente. Essa ener- gia gerada pelos carboidratos é usada para mantença e crescimento dos microrganis- mos, que em equilíbrio com a fração proteica irá permitir um ambiente ruminal ade- quado para os microrganismos, consequentemente para o próprio animal. Esses mi- crorganismos também serão fonte de proteína para o ruminante. Na conversão do ácido pirúvico o NAD é reduzido em NADH que, dependendo da bactéria, irá transferir prótons e elétrons resultando na formação do metano, libe- ração de hidrogênio, redução de ácido pirúvico, redução de ácidos graxos insaturados, redução de sulfato em sulfito e nitrato em nitrito e amônia. O metano possui alto valor energético e representa perdas para o animal cau- sado pela fermentação dos carboidratos. O metano é formado principalmente pela redução de dióxido de carbono originado da conversão de piruvato em acetato. O mailto:secretariaead@funec.br NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 77 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II metano não pode ser metabolizado pelo animal, por isso é considerado perda de ener- gia. A produção de metano pode ser modulada pela fonte de alimento ou aditivo usado na nutrição. A maior parte dos ácidos graxos são absorvidos no rúmen e retículo (cerca de 75%), aproximadamente 20% no abomaso e omaso e o restante no intestino para o sangue. A absorção é de forma passiva, e sua passagem depende da concentração dos ácidos graxos no rúmen e da concentração nas células ou sangue. O ácido butí- rico e partes do ácido propiônico serão convertidos em β-hidroxibutirato e ácido lático, respectivamente. A digestibilidade de carboidratos no intestino é redu- zida, mas pode ser muito eficiente, visto que a perda de energia pela formação de metano não irá acontecer. O processo de di- gestibilidade é semelhante ao que ocorre no rúmen, a molécula complexa de carboidrato será reduzida a partículas mais sim- ples para poder ser absorvida pela parede do intestino e encaminhada para os tecidos. Os ácidos graxos absorvidos terão funções diferenciadas nos tecidos, por exemplo: os ácidos acético e butírico são inicialmente materiais da biossíntese de gordura do corpo e do leite, já o propionato irá formar glicose. A dieta do animal pode manipular a formação dos ácidos graxos à medida que é influenciada pela quantidade ou relação entre o concentrado e o volumoso, quantidade de fibra na dieta, tamanho de partícula, forma física da ração, consumo de matéria seca, frequência de alimen- tação, presença de certos aditivos modeladores da população microbiana do rúmen na dieta etc. O fator de maior consenso é que dietas com alta proporção de grãos, amido em especial, aumentam a quantidade de propionato, enquanto dietas com for- ragem como principal componente possuem quantidade de acetato muito maior. Além disso, como mencionado anteriormente, a proporção sempre será maior para ácido acético, seguido por propiônico e depois butirato. O tipo de dieta interfere na popula- ção bacteriana que influencia na proporção dos ácidos graxos formados. O máximo de crescimento microbiano no rúmen acontece com pH entre 6 e 7, com boa interferência da saliva com ação tampão do rúmen e na remoção dos ácidos graxos voláteis por absorção. No entanto, dietas ricas em grãos, com alta pro- porção de ácido propiônico, por meio de sua transformação em ácido lático resultará no pH do rúmen reduzido. Em pH muito baixo as bactérias celulolíticas também são mailto:secretariaead@funec.br NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 78 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II reduzidas, o que interfere na digestibilidade de carboidratos estruturais. Dependendo do valor do pH do rúmen e do período que o animal é submetido a essas condições pode ocorrer lesões nas papilas ruminais e mesmo quadros de acidose ruminal gra- ves. O metabolismo dos ácidos propiônico e butírico ocorre no fí- gado, enquanto a metabolização da maioria do ácido acético irá ocor- rer em tecidos periféricos como músculo e tecido adiposo, ainda que também possa ocorrer no fígado. O ácido propiônico irá formar glicose por meio da gliconeogênese. A enzima catalase usada na conversão do metilanoil-CoA em Succinil-CoA requer como cofator a vitamina B12, que contém cobalto e é sintetizada pelos microrganismos ruminais. Portanto, tanto a deficiência do mineral, como da vitamina, lesões no fígado ou um ambiente inadequado para os microrganismos pode afetar a formação de glicose via ácido propiônico. Uma mólecula de ácido propiônico tem a capacidade de gerar 17 mol de ATP. Por sua vez, o propionato pode sofrer oxidação e formar o fosfoenolpi- ruvato que, ao seguir o ciclo do ácido tricarboxílico, é mais eficiente na geração de energia, dado que seu saldo de ATP é de 18 (Figura 23). O ácido butírico convertido em β-hidroxibutirato passa pela parede ruminal e no tecido é transformado em acetoacetato que, ao formar duas moléculas de acetil- CoA, realiza o ciclo do ácido tricarboxílico, com ganho líquido de energia de 25 ATP. O ácido acético forma o acetil-CoA com um saldo de 10 ATP via ciclo do ácido tricarboxílico. 2. NÃO RUMINANTES A glicose é requerida principalmente como fonte de energia para o sis- tema nervoso, em especial ao cérebro, na formação de glicogênio para servir como reserva de energia muscular usada no musculo esquelético e também no fígado e coração. O requerimento de glicose nos tecidos aumenta na lacta- ção e final da gestação, como componente da gordura do leite e no cresci- mento do feto. mailto:secretariaead@funec.br NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 79 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II O sistema digestório tem a capacidade de hidrolisar os nutrientes presentes nos alimentos em pequenos compostos moleculares pela ação da mastigação e das enzimas digestivas presentes nas secreções salivares, gástricas, pancreáticas e en- téricas, e, assim favorecer a absorção e a manutenção do organismo. Os suínos, os equídeos e as aves são considerados animais não ruminantes e possuem o sistema digestório completo, com diferentes graus de especialização de acordo com a espécie animal. O sistema digestório da ave é composto de boca, faringe, esôfago, papo, pro- ventrículo, moela, intestino, cloaca e órgãos anexos (fígado e pân- creas). Em suínos e equídeos o sistema é composto de boca, esô- fago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e reto, além das glândulas anexas: glândulas salivares, fígado e pâncreas – sendo o suíno considerado ceco não funcional, ao contrário dos equídeos, tidos como ceco funcional. 2.1 Digestão e absorção de carboidratos por animais não ruminates A digestão dos glicídios nos animais não ruminantes inicia-se durante a mas- tigação pela ação da α-amilase salivar ou ptialina, responsável por hidrolisar as liga- ções glicosídicas α-1,4, com a liberação de maltose e oligossacarídeos. Contudo, a α- amilase salivar não contribui significativamente para a hidrólise dos polissacarídeos, devido ao breve contato entre a enzimae o substrato. Ao atingir o estômago, a enzima é inativada pelo baixo pH gástrico. Especificamente nas aves, alguns autores relatam que a amilase salivar está presente somente na saliva de gansos, contudo, segundo Duke (1996 apud Gallo, Martins e Gomes, 2019); a presença da amilase no papo das aves poderia ser oriunda da própria mucosa, das glândulas salivares, do alimento ingerido, das bactérias ou dos conteúdos regurgitados do duodeno. De maneira geral, a enzima amilase tem sido encontrada na saliva de aves domésticas, com reduzida ação, devido ao curto tempo que o ali- mento permanece na boca. E nos equídeos e carnívoros, como cães e ga- tos, a saliva secretada não contém a enzima α-amilase, portanto a digestão de car- boidratos inicia-se no intestino delgado. mailto:secretariaead@funec.br NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 80 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II A digesta que chega ao estômago eleva o pH e estimula os sensores de mem- brana a liberar hormônio gastrina pelas células endócrinas da mucosa, que junta- mente com a histamina e somatostatina controlam a liberação de ácido clorídrico pelas células parietais, pespsinogênio pelas células principais e muco pelas células calici- formes. A α-amilase, nos suínos e nas aves, continua a agir no bolo alimentar por um curto período de tempo, já que a sua ação é inibida pelo baixo pH do estômago, devido à presença do ácido clorídrico (HCl). As fibras musculares da parede do estômago contraem e atuam misturando o alimento às secreções gástricas, além de empurrá-lo em direção ao duodeno. O processo de digestão nos equídeos ocorre em duas etapas. Uma enzimá- tica, no intestino delgado, denominada pré-cecal, onde os carboidratos são expostos a enzimas pancreáticas e intestinais que digerem proteínas, lipídeos e carboidratos não estruturais, como amido, maltose e sacarose, que serão hidrolisados e absorvidos como monossacarídeos. A outra etapa, microbiana, é denominada pós-ileal e ocorre no intestino grosso, onde acontece, principalmente, a digestão da fração fibrosa. Nos cecos das aves igualmente há traços de amilase e a absorção de glicose também ocorre nesse segmento do intestino. Além da influência da idade das aves sobre a digestibilidade do amido há de se considerar o aspecto físico-químico do po- lissacarídeo, a relação amilose/amilopectina, o seu grau de cristalinidade, a forma fí- sica, o tipo de processamento do amido e as suas interações com os demais consti- tuintes do alimento. Nos suínos, sensores químicos detectam pH ácido e promovem a liberação do hormônio secretina que estimula o pâncreas a secretar bicarbonato no lúmen in- testinal. O pH próximo de neutro é importante para assegurar a ação da enzima ami- lase pancreática e a própria integridade intestinal. A digestão do amido ocorre pela parceria entre as enzimas amilase salivar, pancreática, dextrinase, dissacaridases e ismaltase. As enzimas presentes na borda em escova, como a maltase, continuam o processo digestivo iniciado pelas amilases, quebrando os oligossacarídeos e libe- rando glicose para ser absorvida (Silva et al., 2014). Os componentes dietéticos da fibra são minimamente digeridos no intestino delgado de suínos, providenciando substrato para a fermentação microbiana no intes- tino grosso. O principal produto dessa fermentação são os ácidos graxos voláteis (AGV) propionato, butirato e acetato. A contribuição calórica desses AGV em suínos mailto:secretariaead@funec.br NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 81 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II tem sido estimada em 5 a 28% das exigências em energia de manutenção, depen- dendo da frequência do consumo e do nível de fibra na dieta (NRC, 1998). A absorção dos produtos resultantes do metabolismo dos carboidratos ocorre por transporte ativo e passivo, sendo mais de 80% por transporte ativo. Os açúcares solúveis, como a maltose, sacarose e lactose, são absorvidos na forma de glicose e os carboidratos não digeridos são fermentados no intestino grosso. ATIVIDADES DE FIXAÇÃO 1 - Qual é o papel principal dos microrganismos no rúmen dos ruminantes? a) Absorver nutrientes b) Produzir gás metano c) Digerir carboidratos e produzir ácidos graxos de cadeia curta d) Regular o pH do rúmen 2 - O que acontece com a glicose no rúmen dos ruminantes? a) É totalmente absorvida pelo animal b) Transforma-se em piruvato e participa da glicólise c) É armazenada como glicogênio d) É convertida diretamente em energia 3 - Qual microrganismo é principalmente responsável pela produção de metano no rúmen? a) Ruminococcus albus b) Bacteroides ruminicola c) Butyrivibrio fibrisolvens d) Methanobacterium formicicum 4 - Qual é a principal diferença entre a digestão de ruminantes e não ruminantes? a) Ruminantes não utilizam enzimas na digestão b) Não ruminantes não têm pré-estômago para fermentação Depois de absorvidos, os carboidratos podem seguir as rotas metabólicas da glicólise, glicogenólise, glicogênese, gliconeogênese, ciclos da pentose e do ácido cítrico, lipogênese ou lipólise. Dos carboidratos absorvidos, a maior fração é metabolizada a lipídeos. mailto:secretariaead@funec.br NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 82 secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Zootecnia II c) Não ruminantes produzem mais metano d) Ruminantes absorvem nutrientes no intestino delgado REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) ANDRIGUETTO, José Milton et al. As bases e os fundamentos da nutrição animal. Reimpressão. São Paulo: Nobel, 2006. 2) CARVALHO, H. H. et al. Alimentos: métodos físicos e químicos de análise. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 2002. 3) GALLO, Sarita Bonagurio; MARTINS, Simone Maria Massami Kitamura; GOMES, Jacinta Diva Ferrugem. Carboidratos na nutrição animal. In: ARAÚJO, Lúcio Fran- celino; ZANETTI, Marcus Antônio (Eds.). Nutrição Animal. Barueri: Manole, 2019. 4) PESSOA, Ricardo Alexandre Silva. Nutrição animal: conceitos elementares. 1. ed. São Paulo: Editora Érica, 2014. 5) SILVA, J.H.V et al. 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