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LEI MARIA DA PENHA

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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI MARIA DA PENHA 
Lei nº 11.340/2006 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ed. 2020 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Manual Caseiro 
Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.br 
Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340/2006 
Elaboração: Natália Fernanda de Oliveira – fundadora e idealizadora do @manualcaseiro. 
 
LEI MARIA DA PENHA 
Lei nº 11.340/2006 
 
1. Contexto Histórico 
 
Até 1990, a violência doméstica era tratada de modo comum, quando então se iniciou no Ordenamento Jurídico 
Brasileiro um procedimento de especialização da violência. 
Nesse contexto, em 1990 surge então o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), legislação especial. 
Em sequência, o advento da Lei 8.072/90, especializando também os crimes hediondos e equiparados. Foi nesse 
espírito de especialização ainda, que surge a Lei nº 8.078/90 (CDC), Lei nº 8.137/90 e depois a Lei nº 9.099/95 – 
especializando as infrações de menor potencial ofensivo. 
Fase de Especialização da Violência 
• Lei nº 8.069/90 – especializou a violência contra criança; 
• Lei nº 8.072/90 – especializou os crimes hediondos; 
• Lei nº 8.078/90 – especializou c/ o Código de Defesa do Consumidor; 
• Lei nº 8.137/90 – lei dos crimes contra ordem tributária; 
• Lei nº 9.099/95 – especializou a violência de menor potencial ofensivo; 
• Lei nº 9.455/97 – Tortura; 
• Lei nº 9.503/97 – CTB; 
• Lei nº 9.605/98 – Crimes ambientais; 
• Lei nº 10.741/2003; 
• Lei nº 11.340/2006 – Especializou a violência doméstica contra a mulher. 
 
Todas as referidas leis surgem com espírito de especialização da violência. Nesse contexto, evidenciamos 
que a Lei Maria da Penha foi mais uma legislação que integrou esse cenário que passou a prever a especialização 
das condutas criminosas. Nesse cenário, cumpre recordarmos ainda que a Lei n° 11.340/2006 (Lei de Violência 
Doméstica) conhecida como Lei Maria da Penha, é uma homenagem à Sra. Maria da Penha Maia Fernandes que, 
durante anos, foi vítima de violências domésticas e lutou bastante para a aprovação deste diploma. Trata-se de 
mailto:manualcaseir@outlook.com
http://www.meumanualcaseiro.com.br/
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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uma lei multidisciplinar, isto porque do próprio artigo inaugural, o qual expõe suas finalidades, deixa nítido que 
nenhuma das suas finalidades possuem relação direta e imediata com o direito penal. 
Desse modo, temos que a Lei Maria da Penha é uma: 
- Lei extrapenal; 
- Lei Multidisciplinar. 
 
 A Lei Maria da Penha não trouxe originalmente em sua redação, crimes e penas, mas sim 
mecanismos processuais de proteção à mulher vítima de violência doméstica e familiar. Cumpre destacarmos 
contudo que, com o a vigência da Lei 13.641/2018, foi inserido novo tipo penal na Lei Maria da Penha 
prevendo como crime essa conduta: Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de 
urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. Assim, temos no atual contexto 
um tipo penal na legislação. 
Atenção, candidato! 
Ao contrário do que muitos pensam, a Lei Maria da Penha não previa crimes. Este diploma traz uma série de 
disposições processuais e também de direito civil. O art. 24-A, agora inserido coma Lei 13.641, é o único delito 
tipificado na Lei nº 11.340/2006. 
 
 
2. Origem da “Lei Maria da Penha” 
 
A Lei Maria da Penha entrou em vigor no dia 22.09.2006. 
A referida legislação recebeu esse nome em decorrência da traumática situação vivenciada pela Sra. 
Maria da Penha Maia Fernandes, a qual foi vítima dessa violência. A Sra. Maria da Penha sofreu uma 
primeira violência no dia 29.05.1983, vitima de disparo de arma de fogo efetuado pelo próprio marido, vindo 
em consequência deste tiro a ficar paraplégica. Infelizmente, o histórico de violência sofrida pela mesma não 
cessou por aí, com um pouco menos de uma semana do último episódio, ela é vítima novamente, mas agora 
de uma descarga elétrica. 
Não obstante todos esses atentados contra a Sra. Maria da Penha, somente em setembro de 2002 o 
indivíduo responsável pelas agressões foi preso, sendo que foi denunciado em 1984. 
O caso foi levado à Corte Interamericana que publicou o relatório. 
 
Relatório n. 54/2001 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos: “A ineficácia 
judicial, a impunidade e a impossibilidade de a vítima obter uma reparação mostra a falta de 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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cumprimento do compromisso assumido pelo Brasil de reagir adequadamente ante a 
violência doméstica”. 
 
Diante da publicação desse relatório o Brasil resolveu criar uma Lei específica tutelando essa 
violência. 
Pelo exposto, contemplamos que a Lei n° 11.340/06 foi criada não apenas para atender ao disposto 
no art. 226, § 8°, da Constituição Federal, segundo o qual “o Estado assegurará a assistência à família na 
pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas 
relações”, mas também de modo a dar cumprimento a diversos tratados internacionais ratificados pela 
República Federativa do Brasil. 
 
 
3. Fundamento Constitucional e Convencional 
 
Constituição Federal, art. 226. (...) 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, 
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 
 
 
A Constituição Federal não é o único documento a tratar da proteção a família e prevê a criação de 
mecanismos que proíbam a violência doméstica, também existem várias convenções internacionais que 
foram elaboradas com o objetivo de proteção da mulher, um exemplo ocorre em 1975 na cidade do México, 
onde foi celebrada a primeira conferência mundial sobre a mulher. Com o passar do tempo foi elaborada a 
Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, que foi promulgada 
pelo Decreto 26/94. 
Alguns anos depois, outras convenções foram realizadas, como, por exemplo, no ano de 1980, em 
que houve uma convenção realizada em Copenhague (Dinamarca), conhecida como a segunda conferência 
mundial sobre a mulher. 
Mais tarde, mediante uma nova conferência (conhecida como terceira conferência mundial sobre a 
mulher), realizada em 1985 no Quênia na cidade de Nairóbi. 
Obs.1: No plano interamericano, podemos destacar a convenção de Belém do Pará celebrada no ano de 1994, 
visando prevenir e erradicar a violência doméstica. Essa convenção foi incorporada ao ordenamento pátrio 
pelo Decreto 1.973/96. 
Obs.2: Isso é chamado pela doutrina de processo de especificação do sujeito do direito, conforme já apontado 
no item “1” de nosso material “contexto histórico”. 
 
 
 
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Diante do exposto, contemplamos que a Lei n° 11.340/06 foi criada não apenas para atender ao disposto no 
art. 226, § 8°, da Constituição Federal, segundo o qual “o Estado assegurará a assistência à família na 
pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas 
relações”, mas também de modo a dar cumprimento a diversos tratados internacionais ratificados pela 
República Federativa do Brasil. 
 
4. Finalidades da Lei Maria da Penha 
 
A Lei Maria da Penha não possui conteúdo/natureza penalestritamente, uma vez que ela não prevê 
tipos penais que configurem violência doméstica e familiar contra a mulher. Em verdade, esta lei tem 
conteúdo processual penal (arts. 12, 15, 18, 19, 20, entre outros), mas, também trata de questões ligadas ao 
direito civil (arts. 23, 24, 25, ente outros). Assim, pode-se dizer que a lei tem conteúdo misto. 
Cumpre destacarmos, mais uma vez, o art. 24-A da Lei Maria da Penha nos trouxe um novo cenário, 
posto que agora temos um tipo penal na lei, que consiste no descumprimento de medida protetiva de 
urgência. 
Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro “é necessário salientar que ela não é uma lei 
estritamente penal, sendo que traz dispositivos relacionados à saúde pública, contempla a criação de 
mecanismos destinados à proteção da mulher, traz elementos de natureza civil. Assim, dizem que ela possui 
um caráter multidisciplinar, vejamos o primeiro artigo da lei”. 
Nessa linha, vejamos o disposto no art. 1º da Lei nº 11.340/2006. 
Desse modo, temos: 
1º Finalidade → Coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra MULHER. 
2º Finalidade → Criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher. 
 O juizado mencionado, não se confunde com os Juizados Especiais Criminais criados pela Lei nº 
9.099 de 95. Ademais, a Lei Maria da Penha ao teor do art. 41 disciplina a vedação da incidência da Lei dos 
Juizados no caso de aplicação da Lei Maria da Penha. 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. 
 
3º Finalidade → Estabelecer medidas de assistência. 
4º finalidade →Estabelecer medidas de proteção as mulheres em situação de violência doméstica. 
A primeira finalidade da legislação em estudo consiste em coibir e prevenir a violência domestica e 
familiar contra mulher, trata-se em verdade, de uma medida de política criminal, e não restritamente do âmbito 
do direito penal. 
 
 
 
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Nesse contexto, cumpre recordarmos, conforme fora estudado no manual caseiro de direito penal, que a 
noção de direito penal, criminologia e política criminal não se confundem. 
A Lei Maria da Penha, tem também por finalidade a criação dos juizados de violência doméstica e familiar 
contra mulher. 
No que diz respeito a essa finalidade, merece nossa atenção a questão da expressão “Juizados”, isto porque 
não refere-se àquele previsto na Lei nº 9.099/95, a qual, inclusive, não deve ser aplicada nos casos de violência 
doméstica, mas criação de varas especializadas para tratar da violência doméstica e familiar. 
 Os juizados de violência doméstica e familiar contra mulher não se confundem com os juizados 
especiais da Lei 9.099/95. 
Por fim, a lei tem por pretensão estabelecer medidas de assistência e proteção à mulher em situação de 
violência doméstica e familiar. 
Desse modo, temos que são quatro as finalidades, nenhuma com ligação ao Direito Penal. 
Finalidades 
Coibir e Prevenir a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; 
Prestar assistência à mulher vítima de violência doméstica e familiar; 
Proteção para a Mulher Vítima; 
Criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (não tem nada a ver com os 
Juizados da lei 9.099/95). 
 
 
5. Interpretação da Lei Maria da Penha 
 
Tendo em vista que a Lei Maria da Penha foi criada com a intenção de garantir maior proteção a 
mulher, ela deve ser interpretada nesse sentido. Nessa perspectiva vejamos o art. 4º: 
 
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina 
e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica 
e familiar. 
 
Corroborando ao exposto, Gabriel Habib (Leis Especiais – Vol. Único, pág. 823, 2016): O legislador 
determinou que a interpretação da presente lei atendesse aos fins a que ela se destina. Se a presente lei tem 
a finalidade de coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, os seus dispositivos devem ser 
interpretados de forma a melhor atender a essa finalidade. Na realidade, o legislador está a exigir do 
intérprete faça, em qualquer hipótese, a interpretação teleológica, que consiste na busca da finalidade da 
norma, ou seja, busca-se o que o legislador quis quando a elaborou. Trata-se de dispositivo desnecessário, 
 
 
 
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uma vez que qualquer intérprete irá analisar as normas da presente lei com a interpretação voltada à proteção 
da mulher em situação de violência doméstica e familiar. 
 
6. Constitucionalidade da Lei Maria da Penha 
 
Candidato, essa distinção feita pela Lei Maria da Penha, manto de proteção dado a mais a vítima mulher, 
é considerado constitucional, é possível esse tratamento desigual no Ordenamento Jurídico Brasileiro? 
Excelência, uma primeira corrente defende que a LEI É INCONSTITUCIONAL, sob os seguintes 
argumentos/fundamentos: 
a) Viola o art. 226, §5º, CF (isonomia na sociedade conjugal); “Os direitos e deveres da sociedade 
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. Assim, questiona-se: se são exercidos 
igualmente, como pode a Lei nº 11.340 de 2006 tratá-los de forma desigual?! 
 
b) Viola o art. 226, §8º, CF (proteção à família – imperativo de tutela); “O estado assegurará a 
assistência a família na pessoa de cada um dos que a integram (proteção integral: homem e mulher) criando 
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”. Não poderia a Lei Maria da Penha se 
preocupar apenas com uma parte integrante da família, visto que seu dever é assegurar de modo geral. 
 
c) Lei Maria da Penha na contramão da historia: as leis tem sido alteradas para evitar discriminações 
contra pessoas em geral e a Lei Maria da Penha reforça a discriminação contra o homem). 
 
Por outro lado, uma segunda corrente argumenta que a Lei é Constitucional, sendo essa a corrente 
acolhida pelo Supremo Tribunal Federal. Para o Supremo Tribunal Federal, a Lei Maria da Penha é 
Constitucional, tratando-se em verdade de ação afirmativa do Estado. Trata-se de ação afirmativa pois 
fornece instrumentos para garantir a um destinatário certo a igualdade prevista em lei. 
Nessa esteira, em 2012 o STF julgou a constitucionalidade da Lei n° 11.340/06, que trata sobre 
violência doméstica, mais conhecida como Lei Maria da Penha (STF. Plenário. ADI4424/DF, rei. Min. 
Marco Aurélio, 9/2/2012). 
No sistema de proteção especial é possível termos destinatário certo, é o que acontece com a Lei 
Maria da Penha que tem como destinatário a “figura” da mulher. Além disso, esse sistema consagra a 
igualdade substancial – através de ações afirmativas, é o caso, por exemplo, da Lei Maria da Penha. 
 
 
 
 
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Ações afirmativas podem ser definidas como conjunto de ações, programas e políticas especiais e 
temporárias que buscam reduzir ou minimizar os efeitos intoleráveis da discriminação em razão de gênero, 
raça, sexo, religião, deficiência física, ou outro fator de desigualdade. Buscam incluir setores 
marginalizados num patamar satisfatório de oportunidades sociais, valendo-se de mecanismos 
compensatórios. Esses programas de ação afirmativa não se colocam em rota de colisão com o princípio da 
igualdade, potencializando, pelo contrário, expectativas compensatórias e de inserção social de parcelas 
historicamente marginalizadas. Destinam-se, pois, a equacionar distorções arraigadas ou minorar-lhes as 
consequências antissociais. 
 
#HoraDoInformativo 
Informativo 654 do STF - Não há violação do princípio constitucional da igualdade no fatode a Lei n. 
11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres. 
 
7. Violência doméstica e familiar contra a mulher 
 
7.1 Pressupostos cumulativos para aplicação da Lei nº 11.340/2006 
 
a. sujeito passivo mulher: é necessário que a vítima seja mulher; trata-se de violência de gênero. Alguém 
que se aproveita se uma situação de vulnerabilidade e expõe essa outra pessoa a uma situação de 
violência. 
b. violência praticada em um dos contextos do art. 5º da Lei nº 11.340/2006; 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou 
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral 
ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com 
ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram 
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
Não é necessário o preenchimento dos três, sendo suficiente a situação vivenciada em uma dessas três 
situações: presença alternativa de um dos incisos do art. 5º. 
 
c. Demonstrar a caracterização da violência (art. 7º, da Lei Maria da Penha): prática da violência do 
art. 7º. 
 
 
 
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Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da 
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas 
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, 
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à 
saúde psicológica e à autodeterminação; 
 
A Lei nº 13.772/2018 promoveu uma pequena mudança na Lei nº 11.340/2006 ((Lei Maria da Penha) 
para deixar expresso que a violação da intimidade da mulher é uma forma de violência doméstica, 
classificada como violência psicológica. 
Vejamos: 
Antes da Lei nº 13.772/2018 ATUALMENTE 
Art. 7º São formas de violência doméstica 
e familiar contra a mulher, entre outras: 
(...) 
II - a violência psicológica, entendida 
como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da auto-
estima ou que lhe prejudique e perturbe o 
pleno desenvolvimento ou que vise 
degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões, 
mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, 
vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, 
ridicularização, exploração e limitação do 
direito de ir e vir ou qualquer outro meio 
que lhe cause prejuízo à saúde psicológica 
e à autodeterminação; 
Art. 7º São formas de violência doméstica 
e familiar contra a mulher, entre outras: 
(...) 
II - a violência psicológica, entendida 
como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da 
autoestima ou que lhe prejudique e 
perturbe o pleno desenvolvimento ou que 
vise degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões, 
mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, 
vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, violação 
de sua intimidade, ridicularização, 
exploração e limitação do direito de ir e vir 
ou qualquer outro meio que lhe cause 
prejuízo à saúde psicológica e à 
autodeterminação; 
 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar 
de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a 
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método 
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, 
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
 
 
 
 
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V - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição 
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou 
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. 
Percebe-se que a Lei Maria da Penha utiliza o termo "violência" em sentido amplo, abarcando não apenas a 
violência física, como também a violência psicológica, sexual, patrimonial e moral. 
 
Diante da análise do dispositivo legal, contemplamos que para o reconhecimento da violência 
contra a mulher, basta a presença alternativa de um dos incisos do art. 7°, em combinação alternativa 
com um dos âmbitos do art. 5° (âmbito da unidade doméstica, âmbito da família ou em qualquer relação 
íntima de afeto). Logo, a violência doméstica e familiar contra a mulher estará configurada tanto quando 
uma mulher for vítima de violência sexual no âmbito da unidade doméstica, quando contra ela for 
perpetrada violência psicológica numa relação íntima de afeto, por exemplo. 
Interessante observamos que o art. 7° faz uso da expressão “entre outras”, portanto não se trata de 
um rol taxativo, mas sim exemplificativo. Logo, é perfeitamente possível o reconhecimento de outras 
formas de violência doméstica e familiar contra a mulher. Tem-se aí verdadeira hipótese de interpretação 
analógica. 
 
7.2 Sujeito Passivo 
 
O sujeito passivo é exclusivamente a mulher. Dessa forma, temos que em relação ao sujeito passivo 
da violência doméstica e familiar, há uma exigência de uma qualidade especial: ser mulher. Portanto, 
revela-se inviável a aplicação da Lei Maria da Penha nas hipóteses de violência contra homens, mesmo 
quando originadas no ambiente doméstico ou familiar. 
Obs.1: Figura pública também pode ser vítima de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Informativo 539 - A Lei presume a hipossuficiência da mulher vítima de violência doméstica. O fato de a 
vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque a situação de vulnerabilidade e de 
hipossuficiência da mulher, envolvida em relacionamento íntimo de afeto, revela-se ipso facto, sendo 
irrelevante a sua condição pessoal para a aplicação da Lei Maria da Penha. Trata-se de uma presunção da 
Lei. 
 
 
 
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Obs.2: Transexuais: cirurgia de reversão genital + alteração do sexo em registro de nascimento. Nesse caso, 
aplica-se a Lei Maria da Penha ao sujeito. Essa posição ainda não é unânime. 
Obs.3: o homem pode ser vítima de violência doméstica e familiar, contudo nessa situação não haverá a 
possibilidade de aplicação da Lei Maria da Penha. 
 
Violência de Gênero 
A VIOLÊNCIA DE GÊNERO é a violência preconceito, tendo como motivação a opressão à mulher, 
fundamento de aplicação da Lei Maria da Penha. Trata-se deviolência que se vale da hipossuficiência da 
vítima mulher, discriminação quanto a sexo feminino. Para que a Lei nº 11.340/2006 possa incidir no caso 
em concreto, faz-se necessário que decorra de denominada “violência de gênero”. A Lei Maria da Penha 
exige vítima (sujeito passivo) mulher, mas admite sujeito ativo HOMEM OU MULHER. 
Cumpre recordarmos que nem toda violência contra a mulher será enquadrada na Lei Maria da Penha, 
pois exige-se que a violência seja de gênero, aquela em que o agente se aproveita da hipossuficiência da 
mulher para sujeitá-la a uma das formas de violência. 
Nessa linha, o professor Renato Brasileiro preceitua: o objetivo da Lei Maria da Penha não foi o de 
conferir uma proteção indiscriminada a toda e qualquer mulher, mas apenas àquelas que efetivamente se 
encontrarem em uma situação de vulnerabilidade. É indispensável, portanto, que a vítima esteja em uma 
situação de hipossuficiência física ou econômica, enfim, que a infração tenha como motivação a opressão à 
mulher. Ausente esta violência de gênero, não se aplica a Lei Maria da Penha. 
Sujeito passivo Sujeito ativo 
Em relação ao sujeito passivo da violência 
doméstica e familiar, há uma exigência de uma 
qualidade especial: ser mulher. 
Em virtude disso é que estão protegidas pela Lei 
Maria da Penha não apenas esposas, companheiras, 
amantes, namoradas ou ex-namoradas, como 
também filhas e netas do agressor, sua mãe, sogra, 
avó, ou qualquer outra parente do sexo feminino 
com a qual haja uma relação doméstica, familiar ou 
íntima de afeto, desde que a violência seja de 
gênero. 
Homem ou mulher; 
Ensina o Professor Renato Brasileiro de Lima “para 
a caracterização da violência doméstica e familiar 
contra a mulher, não é necessário que a violência 
seja perpetrada por pessoas de sexos distintos. O 
agressor tanto pode ser um homem (união 
heterossexual) como outra mulher (união 
homoafetiva)”. 
 
 
Prezado candidato, cumpre destacarmos que apesar de não poder ser sujeito passivo na lei Maria da Penha, 
o homem pode ser vítima de violência doméstica e familiar, nas situações dos arts. 129, §§ 9, 10 e 11 do 
CP. Contudo, não se aplica a este os regramentos da Lei nº 11.340/2006, mas o CP. Vejamos: 
 
 
 
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§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem 
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou 
de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste 
artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
§ 11. Na hipótese do § 9ºdeste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra 
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006). 
 
 
7.3 Sujeito Ativo 
 
O sujeito ativo pode ser tanto homem quanto uma mulher. 
Nessa perspectiva, Renato Brasileiro explica que para a caracterização da violência doméstica e 
familiar contra a mulher, não é necessário que a violência seja perpetrada por pessoas de sexos distintos. 
O agressor tanto pode ser um homem (união heterossexual) como outra mulher (união homoafetiva). 
Basta atentar para o disposto no art. 5°, paragrafo único, que prevê que as relações pessoais que autorizam 
o reconhecimento da violência doméstica e familiar contra a mulher independem de orientação sexual. 
Desse modo, lésbicas, travestis, transexuais estão ao abrigo da Lei Maria da Penha, quando a violência 
for perpetrada entre pessoas que possuem relações domésticas, familiares e íntimas de afeto. 
 
- Presunção absoluta de vulnerabilidade e presunção relativa de vulnerabilidade 
Na situação em que o homem for o sujeito ativo, há uma presunção absoluta de vulnerabilidade 
daquela mulher que foi vítima da violência. Por outro lado, na circunstância e que uma outra mulher for 
sujeito ativo do crime a presunção será relativa. 
Assim: 
 Homem como sujeito ativo: presunção absoluta de vulnerabilidade; 
 Mulher como sujeito ativo: presunção relativa de vulnerabilidade. 
STJ: “(...)Delito contra honra, envolvendo irmãs, não configura hipótese de incidência da 
Lei nº 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa perspectiva de gênero e em 
condições de hipossuficiência ou inferioridade física e econômica. Sujeito passivo da 
violência doméstica, objeto da referida lei, é a mulher. Sujeito ativo pode ser tanto o 
homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o vínculo de relação doméstica, 
familiar ou de afetividade. No caso, havendo apenas desavenças e ofensas entre irmãs, não 
há qualquer motivação de gênero ou situação de vulnerabilidade que caracterize situação 
de relação íntima que possa causar violência doméstica ou familiar contra a mulher. Não 
se aplica a Lei nº 11.340/06”. (STJ, 3ª Seção, CC 88.027/MG, Rel. Min. Og Fernandes, 
DJe 18/12/2008). 
 
 
 
 
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7.4 Elemento subjetivo necessário para fins de incidência da Lei Maria da Penha 
 
Segundo Renato Brasileiro, para que se possa aplicar a Lei Maria da Penha, a conduta desenvolvida 
pelo agente deve ser movida pelo elemento subjetivo – dolo (elemento subjetivo exclusivo). Assim, 
eventuais condutas culposas não caracterizam a violência doméstica e familiar. 
Nesse contexto, cumpre reiterarmos que sendo a Lei Maria da Penha uma legislação que é baseado 
na violência de gênero (art. 5°, caput: “ação ou omissão baseada no gênero”), deve ficar evidenciada a 
consciência e a vontade do agente de atingir uma mulher em situação de vulnerabilidade, o que somente 
seria possível na hipótese de crimes dolosos. 
 
7.5 Âmbito da unidade doméstica 
 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento 
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; 
(...) 
 
A legislação faz menção a “qualquer ação ou omissão”, isto significa que essa ação ou omissão não 
necessariamente precisa ser uma infração penal. 
Sobre a unidade doméstica, a própria lei diz “com ou sem vínculo familiar”. Mas, e a empregada 
doméstica, poderá ser vítima? A doutrina responde dizendo que depende do caso concreto. Porque às 
vezes a empregada doméstica aparece uma vez a cada 15 dias (evidente que não faz parte do convívio 
permanente). Mas, quando ela trabalha com uma certa habitualidade estará caracterizada a unidade 
doméstica, fazendo jus à proteção legal. 
 
7.6 Âmbito da Família 
 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que 
são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade 
expressa; 
 
 
 
 
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No caso do inciso II, a forma de violência independe do local, isto é, a violência não precisa ser 
praticada no âmbito da unidade doméstica. Percebam ainda que esse inciso II não necessita de coabitação 
entre o agente e a vítima. Nesse sentido, vejamos o entendimento do STJ. 
 
STJ: “(...) CRIME DE AMEAÇA PRATICADO CONTRA IRMÃ DO RÉU. (...) Na espécie, 
apurou-se que o Réu foi à casa da vítima para ameaçá-la, ocasião em que provocou danos em 
seu carro ao atirar pedras. Após, foi constatado o envio rotineiro de mensagens pelotelefone 
celular com o claro intuito de intimidá-la e forçá-la a abrir mão "do controle financeiro da pensão 
recebida pela mãe" de ambos. Nesse contexto, inarredável concluir pela incidência da Lei n.º 
11.340/06, tendo em vista o sofrimento psicológico em tese sofrido por mulher em âmbito 
familiar, nos termos expressos do art. 5.º, inciso II, da mencionada legislação. Para a 
configuração de violência doméstica, basta que estejam presentes as hipóteses previstas no artigo 
5º da Lei 11.343/2006 (Lei Maria da Penha), dentre as quais não se encontra a necessidade de 
coabitação entre autor e vítima. (5ª Turma, Resp 1.239.850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 
16/02/2012). 
 
Súmula 600 – STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 
11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
Dispensa coabitação: exige o vínculo familiar (nessa hipótese específica) abrangendo os afins. Foi 
cobrado e considerado correto pela prova do TJ/RS que abrange relação padrasto/enteada (pois se 
consideram aparentados). 
Cumpre destacarmos que, não se pode acreditar que todo e qualquer crime envolvendo relação entre 
parentes possa dar ensejo à aplicação da Lei Maria da Penha. 
 
STJ: “(...) AMEAÇA. SOGRA E NORA. (...) A incidência da Lei n.º 11.340/2006 reclama 
situação de violência praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de 
poder e submissão, praticada por homem ou mulher sobre mulher em situação de 
vulnerabilidade. Precedentes. No caso não se revela a presença dos requisitos cumulativos 
para a incidência da Lei n.º 11.340/06, a relação íntima de afeto, a motivação de gênero e a 
situação de vulnerabilidade. Concessão da ordem. Ordem não conhecida. Habeas corpus 
concedido de oficio, para declarar competente para processar e julgar o feito o Juizado 
Especial Criminal da Comarca de Santa Maria/RS”. (STJ, 5ª Turma, HC 175.816/RS, Rel. 
Min. Marco Aurélio Belizze, j. 20/06/2013, DJe 28/06/2013). 
 
7.7 Qualquer relação íntima de afeto 
 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido 
com a ofendida, independentemente de coabitação. 
 
Ao referir-se a qualquer relação íntima de afeto, o legislador abarcou a necessidade de o agressor 
conviver ou ter convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Na relação íntima de afeto, 
 
 
 
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o importante é que haja um relacionamento entre duas pessoas, seja ele baseado na amizade, seja ele 
baseado em qualquer sentimento que um tiver pelo outro. É possível o reconhecimento da violência 
doméstica e familiar contra a mulher entre filha e mãe, desde que os fatos tenham sido praticados em 
razão da relação de intimidade e afeto existente entre ambas (Gabriel Habib, Leis Penais Especiais). 
 
Candidato, amante ou namorada, podem ser vítimas dessa violência? Conforme entendimento do STJ, 
a situação deverá ser analisada no caso concreto. Nesse sentido, vejamos um julgado. 
 
STJ: “(...) LEI MARIA DA PENHA. VIOLÊNCIA PRATICADA EM DESFAVOR DE EX-
NAMORADA. (...) a aplicabilidade da mencionada legislação a relações íntimas de afeto como 
o namoro deve ser analisada em face do caso concreto. Não se pode ampliar o termo - relação 
íntima de afeto - para abarcar um relacionamento passageiro, fugaz ou esporádico. In casu, 
verifica-se nexo de causalidade entre a conduta criminosa e a relação de intimidade existente 
entre agressor e vítima, que estaria sendo ameaçada de morte após romper namoro de quase dois 
anos, situação apta a atrair a incidência da Lei n.º 11.340/2006. (...)”. (STJ, 3ª Seção, CC 
100.654/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 13/05/2009). 
 
Convencionalidade do Inc. III: segundo ensina Renato Brasileiro, esse inciso III vai além das 
convenções internacionais, de modo a inserir outra hipótese dentro do contexto de violência, que seria a 
relação íntima de afeto. Há doutrinadores dizendo que esse inciso III não sobrevive a um controle de 
convencionalidade, pois esse contexto de violência não estaria previsto nos textos internacionais. 
Contudo, essa não é o melhor entendimento, isso porque a Luz do princípio “pro homine”, quando houver 
um aparente conflito entre uma convenção internacional e uma legislação interna do país, sempre deverá 
prevalecer a norma mais favorável. Logo, o ideal é concluir que o inciso III é “convencional”. 
 
Âmbito da unidade doméstico Âmbito familiar Qualquer relação intima de afeto 
Espaço de convívio permanente de 
pessoas, com ou sem vínculo 
familiar, inclusive as 
esporadicamente agregadaS. Leva 
em conta apenas o aspecto espacial. 
Nessa hipótese, o importante é que 
a mulher deve fazer parte desse 
espaço de convívio permanente. 
Não se exige o vínculo familiar, o 
que significa dizer que a violência 
doméstica contra a mulher pode 
ocorrer fora dos casos de marido e 
mulher, podendo ser vítima a 
empregada doméstica, por 
exemplo. 
Comunidade formada por 
indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, 
unidos por laços naturais, 
por afinidade ou por 
vontade expressa; 
Indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, 
unidos por laços naturais, 
por afinidade ou por 
vontade expressa Aqui 
importam os laços, pouco 
importando o lugar, 
pouco importando se há 
coabitação. 
Em qualquer relação íntima de 
afeto, na qual o agressor conviva ou 
tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
Ao referir-se a qualquer relação 
íntima de afeto, o legislador abarcou 
a necessidade de o agressor 
conviver ou ter convivido com a 
ofendida, independentemente de 
coabitação. Na relação íntima de 
afeto, o importante é que haja um 
relacionamento entre duas pessoas, 
seja ele baseado na amizade, seja ele 
baseado em qualquer sentimento 
que um tiver pelo outro. É possível 
namorado e namorada, desde que 
 
 
 
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não seja uma relação passageira, 
mas íntima. 
 
 Independente de Orientação Sexual 
 
Art. 5º. parágrafo único: As relações enunciadas neste artigo independem de orientação 
sexual. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
 
Isso significa que a Lei Maria da Penha está abrangendo as relações homoafetivas. Assim, reconhecendo 
as normas atinentes a família as relações homoafetivas. 
 Aplica-se a Lei Maria da Penha somente nas relações homoafetivas femininas. Nessa 
esteira, preleciona Renato Brasileiro de Lima “o parágrafo único do art. 5° da Lei Maria da Penha não 
se estende a pessoa do sexo masculino vitimizada em relação homoafetiva”. 
O referido dispositivo legal reforçou a aplicação do direito de família para todas as relações 
homoafetivas. 
 
 
#JáCaiu: Foi cobrado no concurso de Juiz Substituto – MA/2008 e considerada correta a alternativa que 
afirmava: 
A patroa que ameaça sua empregada doméstica e a mulher que agride e lesiona a companheira com quem 
convive em relação homoafetiva se sujeitam às normas repressivas contidas na Lei nº 11.340/2006, 
denominada de Lei Maria da Penha. 
#JáCaiu: Foi cobrado no concurso de Promotor de Justiça – DFT 2011 e considerada correta a alternativa 
que afirmava: 
Não se insere no âmbito da denominada Lei Maria da Penha a conduta de um agente que agride e causa 
lesões corporais em desfavor de seu companheiro, prevalecendo o agente das relações de coabitação, 
embora as lesões corporais sejam qualificadas na forma do art. 129, §9º, do Código Penal. 
 
 
7.8 Formas de violência contra a mulher (art. 7º, Lei nº 11.340/2006) 
 
O art. 7º da Lei 11.340/2006 expõe quais são as FORMAS de violência doméstica e familiar, 
enquadrando-se a violência física, violência psicológica, violência sexual, violência patrimonial e17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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violência moral. Desse modo, contemplamos que a violência doméstica e familiar pode ocorrer desde 
uma simples via de fato até a ocorrência de um feminicídio1 (homicídio qualificado e hediondo). 
Vejamos: 
 
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde 
corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional 
e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou 
que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante 
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, 
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do 
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à 
autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a 
manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, 
coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a 
sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao 
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno 
ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, 
subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, 
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os 
destinados a satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação 
ou injúria. 
 
Candidato, as formas de violência do art. 7º da Lei Maria da Penha são taxativas? 
Excelência, para uma 1ª corrente, as formas de violência compõem um rol taxativo, sendo, contudo, essa 
posição minoritária, pois a própria legislação faz menção a “entre outras” formas de violência. Nessa 
 
1 Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por “razões da condição de sexo feminino”, ou seja, desprezando, 
menosprezando, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo feminino tivessem menos 
direitos do que as do sexo masculino. (Dizer o Direito). 
 
 
 
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esteira, uma 2ª corrente entende que esse rol é exemplificativo, abrangendo outras formas de violência 
ainda que não citadas no art. 7º. Esse entendimento encontra respaldo ainda na finalidade proposta pela 
Lei, qual seja, conferir maior proteção a Mulher, sendo a tese adotada majoritariamente. 
Corroborando ao exposto, preleciona o professor Gabriel Habib (Leis Especiais – Vol. Único, pág. 829, 
2016): Apesar de o legislador ter enumerado diversas formas de violência, o rol do presente artigo é 
exemplificativo, em razão das expressões “entre outras” contidas no caput. 
 
Esquematizando: 
 
 
Violência Física 
Trata-se de qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal 
da vítima. A ofensa à integridade corporal é a lesão que afeta órgãos, tecidos 
ou aspectos externos do corpo, como fraturas, ferimentos, equimoses e lesão 
de um músculo. Podemos citar as diversas espécies de lesão corporal (CP, 
art. 129), o homicídio (CP, art. 121) e até mesmo a contravenção penal de 
vias de fato (Dec.-Lei n° 3.688/41, art. 21). 
 
 
 
 
Violência Psicológica 
Qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima da 
mulher ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que 
vise a degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. 
Pode causar neuroses, depressão, entre outras, ainda que de forma transitória. 
Por exemplo, crimes como o constrangimento ilegal (CP, art. 146), a ameaça 
(CP, art. 147), e o sequestro e cárcere privado (CP, art. 148). 
 
Obs.: O adultério não é mais crime, porém a sua prática poderá gerar uma 
humilhação à mulher. Isto é, houve a prática de uma violência psicológica. 
 
 
Violência Sexual 
Qualquer conduta ligada à dignidade sexual da mulher de forma não 
consentida por ela. 
 
Nessa violência podemos citar a prática de vários crimes, como exemplo o 
estupro, estupro de vulnerável. 
 
 
Violência Patrimonial 
Qualquer conduta ligada aos objetos, instrumentos de trabalho da vítima, 
bem como seus documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos 
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. 
 
Dentro da violência patrimonial podemos citar o estelionato, apropriação 
indébita, furto. 
 
 
Violência Moral 
Consiste na conduta ofensiva à honra da vítima, tendo em vista que ao 
referir-se a ela o legislador elencou os crimes contra a honra: calúnia, 
difamação ou injúria. 
 
Exemplo: crimes contra a honra (art. 138, 139 e 140, do CP), porém 
praticados no âmbito de violência doméstica e familiar. Cumpre destacarmos 
que essa seria a única hipótese que pela própria definição pressupõe a prática 
de um crime. 
 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
 
 
 
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Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça – 
Vespertina 
 
A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria, é uma das 
formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, estabelecida na Lei n. 11.340/2006. 
 
Gab. Certo – Art. 7°, V. 
 
Essas formas de violência devem ser praticadas à título de dolo. Ademais, essas formas de violência 
não necessariamente precisam tipificar infração penal. 
 
“As formas de violência doméstica poderão manifestar-se e corresponderem a um crime, a 
uma contravenção penal ou até mesmo um fato atípico (por exemplo, adultério). Constitui-
se o adultério em fato atípico, mas que não deixa de configurar violência doméstica. Desse 
modo, contemplamos que pode acontecer da conduta não ser considerada crime ou 
contravenção penal, mas não deixa de ser uma forma de violência doméstica” 
 
Na Lei Maria da Penha o termo “violência” é utilizado em sentido amplo, o que significa que não se 
restringe a violência física. 
 
 Violência Patrimonial: 
- (Im) possibilidade de aplicação das imunidades absolutas e relativas aos crimes patrimoniais 
praticados no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher sem o emprego de violência 
ou grave ameaça à pessoa 
 
Conforme preleciona Renato Brasileiro há certa controvérsia na doutrina quanto à possibilidade de 
aplicação das imunidades absolutas e relativas aos crimes patrimoniais praticados em um contexto de 
violência doméstica e familiar contra a mulher com o emprego de violência ou grave ameaça à pessoa. 
Sobre o assunto, há duas posições antagônicas: 
1ª Corrente 2ª Corrente 
Argumenta que essas imunidades (art. 181 e 182) 
não são aplicáveis. 
Aduz que essas imunidades são aplicáveis, porque 
a lei não fala o contrário 
- É a posição que prevalece, por falta de vedação 
expressa. 
 Uma segunda corrente doutrinária, à qual nos 
filiamos, sustenta que, diante do silêncio da Lei 
Maria da Penha, que não contém qualquer 
dispositivo expresso vedando a aplicação dos arts. 
181 e 182 do CP, o ideal é concluir que as 
imunidades absolutas e relativas continuam sendo 
aplicáveis às infrações penais praticadas no 
contexto de violência doméstica e familiar contra 
 
 
 
20Manual Caseiro 
 
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a mulher. Quando a lei quis afastar a possibilidade 
de aplicação de tais imunidades a determinada 
espécie de crime, o fez de maneira expressa, o que 
não aconteceu no presente caso. 
 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-AC Prova: VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto. 
 
Em relação à violência doméstica e ao quanto previsto na Lei n° 11.340/06 (Lei Maria da Penha), assinale a 
alternativa correta. 
 
A. O crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência é inafiançável. 
B. A violência patrimonial também pode ser considerada forma de violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
C. A prisão preventiva do agressor poderá ser decretada pelo juiz de ofício somente durante a instrução, mas 
não durante o inquérito policial. 
D. Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero 
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial em qualquer 
relação íntima de afeto, desde que o agressor conviva ou tenha convivido sob o mesmo teto com a ofendida. 
 
Gab. B. 
 
#AtençãoCandidato! 
Atenção ao previsto no Art. 20 da Lei Maria da Penha “Em qualquer fase do inquérito policial ou da 
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento 
do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial”. 
O prof. Renato Brasileiro já explicou e se manifestou no sentido de que, referido dispositivo deve ser agora 
interpretado à luz das alterações do Pacote Anticrime, o qual veda a atuação de ofício do magistrado. Em sua 
obra, Manual de Processo Penal Volume Único – 2020, explica ser forçoso concluir que tal mudança (art. 
312 do CPP) também deve repercutir no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher, embora 
alguns pretendam alegar o princípio da especialidade como forma de prevalecer o teor do art. 20. 
 
 
8. Juizado de Violência doméstica e familiar contra a mulher 
 
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça 
Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito 
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das 
causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme 
dispuserem as normas de organização judiciária. 
 
 
Juizados? Inicialmente cumpre apontarmos para o fato de que o Juizado Especial de Violência 
Doméstica e Familiar contra mulher não se confunde com os Juizados Especiais Criminais, a qual é vedada a 
 
 
 
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aplicação pela própria Lei Maria da Penha (art. 41, Lei nº 11.340/2006). Em verdade, trata-se de órgãos da Justiça 
Comum do DF e dos Estados. Nesse juizado corre o processo de conhecimento e execução, possui competência 
cumulativa – civil e criminal. 
Corroborando ao exposto, explica Renato Brasileiro que embora a Lei em seu artigo 14 tenha utilizado a 
palavra “juizados”, o que ela realmente quer dizer são varas especializadas para o julgamento dessa violência 
doméstica contra a mulher. 
Competência para processo e julgamento de crimes e contravenções penais praticados no contexto da 
violência doméstica e familiar contra a mulher: “(...) Configurada a conduta praticada como violência 
doméstica contra a mulher, independentemente de sua classificação como crime ou contravenção, deve ser 
fixada a competência da Vara Criminal para apreciar e julgar o feito, enquanto não forem estruturados os 
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, consoante o disposto nos artigos 7º e 33 da Lei 
Maria da Penha. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 158.615/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, DJE 08/04/2011). 
8.1 Cumulação da competência por varas criminais 
 
Candidato, o que acontece no caso de Comarcas que não tem juizado especial de violência doméstica e familiar 
contra mulher? Excelência, enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV 
desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente. Ademais, será garantido o direito de preferência, nas 
varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput do art. 33. 
Com base nesse dispositivo, no Distrito Federal o Tribunal de Justiça resolveu outorgar essa competência 
cumulativa a uma vara dos juizados especiais criminais, assim o Juiz do JECRIM ora irá julgar uma infração de 
menor potencial ofensivo, ora a violência doméstica e familiar contra a mulher. 
O Juiz do JECRIM deverá tomar muito cuidado, pois o julgamento dessas ações são completamente diferentes. 
 
1ª Situação 2ª Situação 
Em se tratando de infração de menor potencial 
ofensivo é cabível a aplicação das medidas 
despenalizadoras (Lei 9.099/95). O juízo ad quem será 
a turma recursal (art. 98, I, da CF). 
Quando se trata de violência doméstica ou familiar 
contra mulher, o Juiz deve-se lembrar que aqui não se 
aplica a Lei 9.099/95, sendo o juízo ad quem o 
Tribunal de Justiça, ou, no caso da justiça federal, o 
TRF. 
 
 
Informativo 654 do STF - Nos locais em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher, às varas criminais acumularão as competências cível e criminal para as 
causas decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. Esta determinação, que consta no art. 33 
 
 
 
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da Lei, não ofende a competência dos Estados para disciplinarem a organização judiciária local. Segundo o 
Relator, a Lei Maria da Penha não implicou obrigação, mas a FACULDADE de criação dos Juizados de Violência 
Doméstica contra a Mulher. 
 
8.2 Crimes dolosos contra a vida praticados no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher 
 
Em um primeiro momento cumpre recordarmos que o Tribunal do júri é composto por duas fases, uma 
primeira chamada de Iudicium Accusationis, a segunda conhecida como Iudicium Causae. 
Na primeira fase temos a participação apenas do Juiz Sumariante, que pode pronunciar, impronunciar, 
absolver sumariamente ou desclassificar. Apenas na segunda fase é que entra a atuação do Júri sendo 
composto pelo Juiz Presidente e por mais 25 jurados, 7 dos quais irão compor o Conselho de sentença. 
Em alguns Estados essa primeira fase do Tribunal do Júri vem tramitando nos Juizados de violência 
doméstica e familiar contra a Mulher, enquanto, em outros, a primeira fase tramita nas varas privativas 
do júri. Isso é possível, dependendo da Lei de Organização judiciária local, pois o que a Constituição 
Federal obriga é o Julgamento propriamente dito do crime doloso contra a vida pelo Tribunal do Júri. 
Nesse sentido, o Julgado do STJ. Vejamos: 
STJ: “(...) Ressalvada a competência do Júri para julgamento do crime doloso contra a vida, 
seu processamento, até a fase de pronúncia, poderá ser pelo Juizado de Violência Doméstica 
e Familiar contra a Mulher, em atenção à Lei 11.340/06. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 
73.161/SC, Rel. Min. Jane Silva, DJ 17/09/2007). 
 
Informativo 748 do STF: 
Competência Para Crimes Dolosos Contra A Vida Praticados Com violência Doméstica 
A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na 
Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticadosno contexto de violência 
doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o julgamento 
propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. STF.2ª Turma .HC 
102150/SC, Rei. Min. Teori Zavascki, julgaçlo em 27/5/2014 (lnfo 748). 
 
Diante do exposto, contemplamos que a Constituição Federal exige é que o julgamento ocorra no 
Tribunal do Júri, de forma que nada impede que a Lei de Organização Judiciária delegue a primeira fase 
a outro juízo, como por exemplo, ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
 
 
 
 
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9. Ação Penal nos crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa praticados no contexto de 
violência doméstica e familiar contra a mulher 
 
Nos crimes de lesão leve e de lesão culposa a espécie de ação penal é pública condicionada à representação 
(art. 88 da Lei 9.099/95): 
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de 
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. 
 
Contudo, no âmbito da Lei nº 11.343/2006 vejamos o art. 41, da Lei Maria da Penha, que afasta a aplicação 
da Lei 9.099/95. 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099/95. 
 
Como não se aplica a Lei 9.099/95, chegamos a concluir que o art. 88 não poderá ser aplicado para 
os crimes praticados no contexto da Lei Maria da Penha. 
Assim sendo, teremos: 
a) O crime de lesão corporal leve praticado no 
contexto da violência doméstica e familiar contra 
mulher é um crime de ação penal pública 
incondicionada, porque não se aplica a Lei 
9.099/95. 
b) O crime de lesão culposa não está sujeito à 
Lei 11.340/06. Logo, a ele não se aplica o art. 41 da 
Lei, Portanto, a ação penal será pública 
condicionada a representação, nos termos do art. 88 
da Lei n. 9.099/95. 
 
Nessa esteira, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 4.424, o Supremo deu 
interpretação conforme a Constituição aos arts. 12, I, 16 e 41, todos da Lei n° 11.340/06, para assentar a 
natureza incondicionada da ação penal em casos de lesão corporal leve e/ou culposa envolvendo violência 
doméstica e familiar contra a mulher. 
 
STF: “(...) AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO 
CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa a lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada – considerações”. (STF, Pleno, ADI 
4.424/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
 
Cumpre ainda destacarmos que a decisão do Supremo reconhecendo que a ação penal é pública 
incondicionada vale exclusivamente para o crime de lesão corporal, NÃO É QUALQUER CRIME. 
Exemplo: crime de ameaça, ainda que sejam praticados no contexto da violência doméstica e familiar contra 
a mulher, devemos observar a regra do Código Penal (Ação Penal Pública condicionada a Representação). 
 
 
 
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Isso ocorre pois a Lei Maria da Penha se restringiu ao crime de lesão corporal, nada falando dos demais 
crimes. Assim o Estado apenas poderá agir caso a vítima represente contra o agressor. 
 
 
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra 
a mulher é pública incondicionada. 
 
* A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico 
e familiar, é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Pet 11.805-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado 
em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604). Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão 
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
9.1 Retratação da representação nos crimes praticados no contexto da violência doméstica e familiar contra 
a mulher 
 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata 
esta lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência 
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o 
ministério público. 
 
O professor Renato Brasileiro explica que apesar da Lei ter mencionado “renúncia”, na realidade é 
uma retratação do direito de representação que já foi exercido. 
Momento: diferentemente do Código de Processo Penal, na Lei Maria da Penha a retratação poderá 
ser feita até o recebimento da denúncia. 
Vamos Esquematizar? 
Retratação no CPP Retratação na Lei Maria da Penha 
Até o OFERECIMENTO. Até o RECEBIMENTO. 
Art. 25, CPP. A representação será irretratável, 
depois de oferecida a denúncia. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à 
representação da ofendida de que trata esta Lei, só 
será admitida a renúncia à representação perante o 
juiz, em audiência especialmente designada com tal 
finalidade, antes do recebimento da denúncia e 
ouvido o Ministério Público. 
 
 
 
 
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Dica: recordar que “mulher” precisa de maior tempo para decidir, em virtude disso, a retratação 
envolvendo violência vai até o recebimento enquanto no CPP apenas até o oferecimento, rs! É só para 
decorar, meninas! 
 
A lei exige que essa retratação seja feita em audiência específica para esse fim, na presença do juiz, 
com a oitiva do ministério público. Ademais, perceba que, diferentemente do CPP, onde a retratação 
deve ser feita antes do oferecimento da denúncia, aqui é antes do recebimento. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: DPE-MG Prova: FUNDEP (Gestão de 
Concursos) - 2019 - DPE-MG - Defensor Público. 
 
Concluído inquérito policial que apurou crime de ameaça (art. 147 do Código Penal) praticado em situação 
de violência doméstica, a defesa técnica, antes do oferecimento da denúncia, apresentou carta na qual a vítima 
dizia que não tinha mais interesse na condenação do suposto autor do fato. 
 
Diante disso, o juiz deverá 
 
A. declarar a extinção da punibilidade pela renúncia ao direito de representação. 
B. designar audiência especial para confirmar a renúncia ao direito de representação. 
C. designar audiência de conciliação, na qual será possibilitada a composição civil e a transação penal. 
D. conceder vistas ao Ministério Público para eventual oferecimento de denúncia. 
 
Gab. B. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será 
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal 
finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 
 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: DPE-RJ Prova: FGV - 2019 - DPE-RJ - Técnico Superior Jurídico. 
 
Em busca de proteger os direitos das pessoas do sexo feminino, vítimas de violência física e psicológica no 
âmbito afetivo, doméstico e familiar, o legislador editou a Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha), que trouxe 
uma série de peculiaridades ao procedimento aplicável aos crimes praticados em tal contexto. 
 
Sobre as previsões da lei acima mencionada, é correto afirmar que: 
 
A. o crime de ameaça, apesar de previsto no Código Penal como de ação penal pública condicionada à 
representação, quando praticado no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, independe 
da vontade da vítima para responsabilização do autor do fato; 
B. o crime de lesão corporal simples praticado no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
por ter pena privativa de liberdademínima inferior a 01 (um) ano, admite proposta de suspensão condicional 
do processo; 
 
 
 
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C. a retratação ao direito de representação, quando cabível, nos crimes praticados no contexto da Lei nº 
11.340/06, terá de ocorrer em audiência especial, na presença do magistrado, ouvido o Ministério Público, 
antes do recebimento da denúncia; 
D. a pena privativa de liberdade aplicada no caso de condenação por crime de lesão corporal simples, 
praticado no contexto da Lei nº 11.340/06, poderá ser substituída por restritiva de direitos; 
E. os crimes praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente 
da pena aplicada, não admitem suspensão condicional da pena. 
 
Gab. C. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será 
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, 
antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 
 
 
(Des) necessidade de designação de audiência para ratificação de representação anteriormente 
oferecida 
Segundo Renato Brasileiro, no procedimento de crimes praticados no contexto de violência doméstica 
e familiar que dependem de representação (v.g., ameaça, estupro), não é obrigatória a designação de 
audiência a fim de que a vítima possa manifestar a retratação ou ratificar a representação anteriormente 
oferecida. Tal audiência também não é uma condição de abertura da ação penal em relação a tais delitos. 
Em síntese, sua realização não pode ser determinada de ofício pelo juiz como forma de se constranger a 
vítima a ratificar representação anteriormente oferecida. 
Em verdade, sua realização só deve ser determinada pela autoridade judiciária nos casos de crime de 
ação penal pública condicionada à representação (v.g., ameaça, estupro, etc.) quando tiver havido prévia 
manifestação da parte ofendida perante a autoridade policial ou o Promotor de Justiça antes do 
recebimento da denúncia demonstrando sua intenção de retratar-se da representação oferecida para o 
ajuizamento da ação penal contra o autor da violência doméstica, cabendo ao magistrado verificar a 
espontaneidade e a liberdade na prática de tal ato. Logo, caso não tenha havido qualquer manifestação 
da vítima quanto ao seu interesse em se retratar, não há qualquer nulidade decorrente da não realização 
da referida audiência, já que a lei não exige a realização ex officio de uma audiência para ratificação da 
representação anteriormente oferecida. 
 
STJ (...) A audiência de que trata o art. 16, da Lei n.º 11.340/06, não deve ser realizada ex 
officio, como condição da abertura da ação penal, sob pena de constrangimento ilegal à 
mulher, vítima de violência doméstica e familiar, pois configuraria ato de 'ratificação' da 
representação, inadmissível na espécie. 4. A realização da referida audiência deve ser 
precedida de manifestação de vontade da ofendida, se assim ela o desejar, em retratar-se 
da representação anteriormente registrada, cabendo ao magistrado verificar a 
 
 
 
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espontaneidade e a liberdade na prática do referido ato. Precedentes”. (STJ, 5ª Turma, RMS 
34.607/MS, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu, j. 13/09/2011). 
 
10. Das medidas tomadas pelo Delegado de Polícia: atendimento pela Autoridade Policial 
 
 
Os artigos que segue são de suma importância aos que prestam concurso na área policial (Delegado, 
Agente, Escrivão, Investigador)! 
 
Os arts. 11 e 12 da Lei Maria da Penha trata das providências que devem ser tomadas pela autoridade 
policial que tenha atuação na Delegacia especializada no atendimento à mulher vítima de violência 
doméstica e familiar contra a mulher, ou da Delegacia de Polícia comum, nos locais em que não houver a 
Delegacia especializada. Vejamos: 
 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a 
autoridade policial deverá, entre outras providências: (Trata-se de rol “exemplificativo”). 
 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério 
Público e ao Poder Judiciário; 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; 
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, 
quando houver risco de vida; #JáCaiuDPCSP 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do 
local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, 
inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo 
competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de 
dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) 
 
#JáCaiu: Foi cobrado no concurso de Delegado de Polícia Civil de SP/2011 e considerada 
correta a alternativa que afirmava: A autoridade policial deverá fornecer transporte para a 
ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida. 
 
 
 
 
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Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro 
da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes 
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se 
apresentada; 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas 
circunstâncias; 
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o 
pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; 
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros 
exames periciais necessários; 
V - ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes 
criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências 
policiais contra ele; 
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na 
hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência 
à instituição responsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos 
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); (Incluído pela 
Lei nº13.880/2019) 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público. 
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter: 
I - qualificação da ofendida e do agressor; 
II - nome e idade dos dependentes; 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. 
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da 
violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. 
(Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019) 
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1º o boletim de 
ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida. 
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos 
por hospitais e postos de saúde. 
 
 
 
 
 
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Esquematizando: 
Medidas da Autoridade Policial 
Proteção policial; Encaminha ao 
hospital a 
ofendida; 
Fornecer transporte 
a localseguro; 
companhá-la 
na retirada dos 
pertences; 
Informá-la dos 
direitos e serviços 
disponíveis. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil 
 
A Lei nº 11.340/2006 cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher. São consideradas violência contra a mulher não só a física, mas também, psicológica, moral e sexual. 
E em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá 
a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no 
Código de Processo Penal, EXCETO: 
 
A. colher nome e idade dos dependentes e encaminhá-los a uma Casa de Abrigo; 
B. ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; 
C. colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; 
D. remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, 
para a concessão de medidas protetivas de urgência; 
E. determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais 
necessários, ouvir o agressor e as testemunhas. 
 
Gab. A. 
 
#Novidade Legislativa: 
Lei nº 13.836, de 4.6.2019 – Acrescenta dispositivo ao art. 12 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, para 
tornar obrigatória a informação sobre a condição de pessoa com deficiência da mulher vítima de agressão 
doméstica ou familiar. Vejamos: 
Art. 1º Esta Lei acrescenta dispositivo ao art. 12 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, 
para tornar obrigatória a informação sobre a condição de pessoa com deficiência da mulher 
vítima de agressão doméstica ou familiar. 
Art. 2º O § 1º do art. 12 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, passa a vigorar acrescido 
do seguinte inciso IV: 
“Art. 12. ................................................................................................... 
 § 1º ........................................................................................................... 
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da 
violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. 
 ................................................................................................................” (NR) 
 
 
 
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11. Medidas protetivas de urgência 
 
As medidas protetivas de urgência possuem natureza de medidas cautelares, razão pela qual submetem-se à 
clausula de reserva de jurisdição, devendo, portanto, apresentar os seguintes pressupostos: 
a) fumus comissi delicti; 
b) periculum libertatis. 
O procedimento a ser aplicado é aquele previsto nos parágrafos do art. 282 do Código de Processo Penal. 
 
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento 
do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, 
independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, 
devendo este ser prontamente comunicado. 
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e 
poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os 
direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. 
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder 
novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender 
necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o 
Ministério Público. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: CESPE - 2019 - SEFAZ-RS - Auditor Fiscal da Receita 
Estadual - Bloco I 
 
Uma mulher sofreu diversas formas de violência doméstica provocadas pelo marido. Muito abalada, ela 
conseguiu ir a uma delegacia especializada e foi recebida por uma autoridade policial que, após ouvir suas 
queixas, adotou imediatamente as providências cabíveis. O expediente foi recebido pelo juiz com pedido de 
medidas protetivas de urgência. 
 
De acordo com a Lei n.º 11.340/2006 — Lei Maria da Penha —, o juiz poderá conceder medida protetiva 
 
A. somente após a audiência das partes. 
B. isoladamente, sendo vedada a cumulação. 
C. apenas se houver pedido expresso da ofendida nesse sentido. 
D. de imediato, ainda que sem a oitiva das partes e sem a manifestação do Ministério Público. 
E. somente após a manifestação do Ministério Público. 
 
Gab. D. Art. 19, §1° da Lei Maria da Penha. 
 
 
 
 
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Inicialmente, cumpre destacar que as medidas protetivas de urgências de que trata a Lei 11.340/2006, 
não podem ser objeto de representação pela autoridade policial. O juiz as concederá, de acordo com o art. 
19, atendendo a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
As medidas protetivas encontram-se previstas ao teor dos art. 20 aos 24 da Lei 11.340/2006. 
Desse modo, contemplamos que as medidas de urgência que obrigam o agressor e as que protegem a 
ofendida são tratadas separadamente, em três dispositivos da Lei 11.340/2006: arts. 22, 23 e 24. 
 
 (Im) possibilidade de aplicação das medidas protetivas a pessoas do sexo masculino 
Com o advento da Lei 12.403 (Lei das cautelares), essas medidas protetivas passaram a ser utilizadas 
para pessoas do sexo masculino. Vejamos o art. 313, III do CPP: 
 
CPP, art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão 
preventiva: (...) III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, 
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução 
das medidas protetivas de urgência. 
 
Denota-se que a própria redação do inciso III deixa claro que essas medidas de urgência podem ser 
usadas para tutelar a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, podendo ser 
tanto do sexo masculino, como do feminino. 
Aplicação das medidas protetivas de urgência pressupõe a existência de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, mas não necessariamente a prática de crimes no contexto dos arts. 5º e 7º da Lei Maria da 
Penha; 
 
11.1 Medidas protetivas de urgência destinada ao agressor e à ofendida 
 
As medidas protetivas de urgência são de duas espécies, a saber, aquelas que obrigam o agressor e 
medidas protetivas que visam proteger a ofendida. 
A maior parte dessas medidas protetivas possuem natureza extrapenal. 
 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta 
Lei, o juiz poderá aplicar, DE IMEDIATO, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes 
medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos 
termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
 
 
 
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II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de 
distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da 
ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida

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