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Pré-éclampsia QUADRO CLÍNICO LEVE:→ • PAS < 160 mmHg • PAD < 110 mmHg • Proteinúria 2+≤ • Creatinina sérica normal • Mínima elevação de transaminases GRAVE→ • PAS 160 mmHg≥ • PAD 110 mmHg≥ • Proteinúria 3+≥ • Cefaleia • Distúrbios visuais: escotoma (perda total/parcial da visão numa região do campo visual, rodeada por uma área onde a visão está preservada) • Dor abdominal (epigástrica ou no QSD): associada a necrose hepatocelular, isquemia e edema que estiram a cápsula de Glisson elevação das transaminases→ hepáticas • Oligúria • Creatinina sérica elevada • Trombocitopenia: pela ativação e agregação das plaquetas e hemólise microangiopática induzida pelo intenso vasoespasmo • Edema agudo de pulmão • RCF (restrição do crescimento fetal) evidente CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: • Desenvolvimento de HA ( 140x90), proteinúria significativa ( 0,3g/L em urina ≥ ≥ de 24h) e/ou edema de mãos e face com 20s ≥ OBS: na ausência de proteinúria, qualquer um dos seguintes sintomas:→ • Trombocitopenia: contagem de plaquetas <100.00/mm³ • Insuficiência renal: creatinina no soro > 1,1 mg/dl ou a sua duplicação, na ausência de outras doenças renais • Comprometimento da função hepática: elevação das transaminases para 2x sua concentração • Edema de pulmão • Sintomas cerebrais/visuais TRATAMENTO CLÍNICO • O tratamento adequado da pré-eclâmpsia visa a diminuir a incidência de complicações maternas, como acidentes vasculares cerebrais, e a morbidade e a mortalidade por eclâmpsia. Embora o tratamento definitivo seja o parto, o controle da doença pelo tratamento conservador permite reduzir as taxas de prematuridade e o tempo de permanência do recém-nascido no berçário. MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS Repouso→ • O repouso em decúbito lateral esquerdo promove o aumento do fluxo plasmático renal, intensifica a natriurese e, consequentemente, diminui os níveis de pressão arterial. Somado a isso, melhora ainda o fluxo uteroplacentário. Recomendam-se o afastamento das atividades profissionais, a redução dos afazeres domésticos e o repouso em decúbito lateral esquerdo por pelo menos 1 hora no período da manhã e da tarde (ou 2 horas depois do almoço). Para os casos graves, o repouso no leito é feito com a paciente internada. Dieta hipossódica→ • A recomendação da Clínica Obstétrica do HC-FMUSP é a dieta hipossódica contendo 2 a 3 g de sal/dia. A redução da oferta de sal acarreta queda dos níveis séricos de sódio, com diminuição da reatividade vascular e queda da pressão arterial. Considerando-se que a dieta habitual contém de 10 a 12 g de sal/dia, recomenda-se reduzir o sal adicionado aos alimentos, evitando o uso de saleiro à mesa e o consumo de alimentos industrializados (conservas, frios, embutidos, temperos e molhos prontos). MEDIDAS FARMACOLÓGICAS Sedação→ • As gestantes portadoras de DHEG apresentam resposta vascular lábil perante as alterações emocionais. Assim, para diminuir as oscilações pressóricas, recomenda-se a sedação. Nas formas leves, em gestantes acompanhadas em regime ambulatorial, pode-se, eventualmente, optar pela sedação com benzodiazepínicos - diazepam (5 a 10 mg por via oral a cada 12 horas). Nas formas graves, para gestantes internadas, prefere-se a levomepromazina na dose de 3 mg (3 gotas da solução oral de levomepromazina a 4%) a cada 8 horas. Hipotensores→ • A terapêutica medicamentosa da hipertensão promove proteção materna e fetal, reduzindo a progressão para as formas graves e ajudando a evitar a prematuridade e suas repercussões neonatais. • O tratamento com drogas hipotensoras deve ser iniciado quando as medidas citadas forem insuficientes para diminuir os níveis pressóricos e a pressão arterial diastólica se mantiver maior ou igual a 100 mmHg. • O mais adequado, tanto para a gestante como para o feto, é reduzir os níveis pressóricos em 20 a 30% das medidas diastólicas iniciais. • É importante destacar que, ao se iniciar o tratamento com esse tipo de drogas, os retornos ambulatoriais devem ser mais próximos (semanais ou até a cada 3 a 4 dias, se necessário), para a melhor avaliação da resposta materna e fetal. Diante de pré-eclâmpsia grave, hipertensão arterial crônica com pré-eclâmpsia sobreposta e pré-eclâmpsia associada à RCF, o controle materno e fetal deverá ser realizado com a paciente internada. • Metildopa como droga de primeira escolha. A dose inicial de metildopa é de 250 mg por via oral, duas vezes ao dia, com aumento de 250 a 500 mg/dia, até controle pressórico adequado (dose máxima de 2 g/dia). Essa droga pode provocar hipotensão postural e, eventualmente, aumento sérico das enzimas hepáticas (TGO e TGP). • Como segunda opção, ou em caso de necessidade de outro hipotensor em associação com a metildopa, utilizamos o anlodipino (bloqueador dos canais de cálcio) na dose de 5 a 10 mg/dia por via oral (comprimidos de 5 mg). • O nifedipino, igualmente bloqueador dos canais de cálcio, também pode ser utilizado na dose de 20 a 60 mg/dia por via oral, em apresentação de liberação lenta, em duas a três tomadas ao dia. * ATENÇÃO 1: somente associa-se uma nova droga quando se chega à dose máxima das drogas que já estão em uso. No máximo, associam-se três drogas hipotensoras na dose máxima.!!!!! Na eventual necessidade de introdução de uma terceira droga, podem ser utilizados betabloqueadores (metoprolol ou carvedilol) ou ainda hidralazina por via oral. * ATENÇÃO 2=: é importante lembrar que, em gestantes com DHEG, a hemoconcentração e a reatividade vascular aumentadas podem desencadear maior resposta hipotensora. Dessa maneira, recomenda-se cuidado com a dose do medicamento para se evitar a hipotensão arterial decorrente de iatrogenia. CONDUTA OBSTÉTRICA Pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade (sinais e/ou sintomas de deterioração → clínica ou laboratorial): • Recomendamos, baseados nas melhores evidências, que a conduta seja expectante somente até a 37 semana. A partir desse momento e sempre que o ª diagnóstico de pré-eclâmpsia for realizado no termo, a resolução da gestação deverá ser indicada reduzindo-se, assim, os riscos maternos e perinatais. • Evidentemente, até que se atinja a 37 semana é preciso: ª - Manter o controle da pressão arterial; - Orientar e monitorar sinais e sintomas de iminência de eclâmpsia; - Reavaliar semanalmente ou diante de alterações clínicas e/ou descontrole da pressão arterial possíveis alterações laboratoriais (hemograma com contagem de plaquetas, comprometimento renal e hepático); - Manter a vigilância do bem-estar e do crescimento fetal por meio das avaliações biofísica (cardiotocografia) e hemodinâmica (dopplervelocimetria). Diferentes centros podem ter protocolos específicos, baseados principalmente na disponibilidade dos métodos de avaliações. Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade (sinais e/ou sintomas de deterioração → clínica e/ou laboratorial) • É importante ter em mente que muitas vezes os sinais e sintomas de gravidade da pré-eclâmpsia são transitórios. Exemplo disso se dá com a própria hipertensão arterial, que, após ser controlada, pode permanecer estável por tempo variável. Assim, é sempre prudente instituir os tratamentos pertinentes para cada caso e reavaliar a paciente clínica e laboratorialmente antes de proceder à indicação da resolução da gestação. • Nesse contexto, as situações de deterioração clínica que indicam a resolução da gestação, independentemente da idade gestacional, são: - Síndrome HELLP; - Iminência de eclâmpsia refratária ao tratamento e eclâmpsia; - Descolamento prematuro de placenta; - Hipertensão refratária ao tratamento com três drogas anti-hipertensivas; - Edema pulmonar / comprometimento cardíaco; - Alterações laboratoriais progressivas; - Insuficiência renal, evidenciada principalmente por elevação progressiva das concentrações de ureia e creatinina, oligúria e anasarca; - Hematoma ou rotura hepática; - Alterações na vitalidade fetal. Eclampsia Aparecimento de acometimento neurológico - convulsões seguidas de coma (ou→coma sem convulsão) – em pacientes com pré-eclâmpsia ou HG SINTOMAS QUE PRENUNCIAM A CONVULSÃO: • Cefaleia frontal/occipital (60 a 70%) • Torpor e obnubilação • Alterações de comportamento • Distúrbios visuais (20 a 30%): escotomas, fosfenas (manchas luminosas), visão turva e embaçada e amaurose (perda visual transitória) • Distúrbios gástricos: náuseas, vômitos e dor no hipocôndrio direito ou no epigástrio QUANDO OCORREM AS CRISES CONVULSIVAS: • Durante a gestação (50%) • No parto (25%) • No puerpério (25%) eclâmpsia pós-parto tardia (crise convulsiva após 48h → do parto) DIAGNÓSTICO: • 1 ou + crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas e/ou coma, na ausência de outras causas que expliquem o quadro em mulher com PE ou HG OBS: em casos graves (com lesões hepáticas e insuficiência renal aguda), → depois da convulsão e do coma surge icterícia, anúria, hematúria e hemoglobinúria CLASSIFICAÇÃO PROGNÓSTICA Eclâmpsia não complicada→ • Convulsão sem outras intercorrências Eclâmpsia complicada→ • Convulsão acompanhada de uma ou mais das seguintes intercorrências: - Coagulopatia - Insuficiência respiratória - Icterícia - Insuficiência renal aguda - PAD >= 120 mmHg - Temperatura corporal >= 38 Cº Eclâmpsia descompensada→ • Convulsão associada a - Choque - Coma - Hemorragia cerebral - Necessidade de assistência ventilatória QUADRO CLÍNICO • A eclâmpsia é caracterizada pelo desenvolvimento de convulsões generalizadas em gestantes com sinais e sintomas da pré eclâmpsia. • O processo de instalação é geralmente gradual, (embora em alguns casos a instalação seja rápida e devastadora) e se inicia com a elevação da pressão arterial e ganho excessivo de peso (> 1.000 g/semana), além de edema generalizado. • A convulsão típica da eclâmpsia evolui clinicamente em quatro fases, as quais foram assim descritas por Briquet: Fase de invasão: pode ser silenciosa ou precedida de grito ou aura. Surgem → fibrilações, principalmente em torno da boca, com o aparecimento de contrações em outras regiões faciais. A língua pode ser exteriorizada e, com o fechamento da boca, pode ser atingida e lesada. Os membros superiores ficam em pronação, com o polegar sobre a mão fechada. Esta fase dura cerca de 30 segundos. Fase de contrações tônicas: tetanização de todo o corpo com opistótono → cefálico. Os masseteres se contraem com força, fechando a boca. O rosto se mostra cianótico e pletórico, com os olhos voltados para cima e as pupilas dilatadas. Fase de contrações clônicas: inspiração profunda seguida de expiração → estertorosa e saída de muco sanguinolento pela lesão da língua. Pode haver incontinência de fezes e urina. Fase de coma: surge diante de convulsões repetidas ou prolongadas em que há → perda de consciência e ausência de reflexos com duração de alguns minutos até horas ou dias. Há situações em que as convulsões se tornam frequentes e não ocorrem intervalos entre elas, o que caracteriza o estado de mal convulsivo. • Outras manifestações clínicas de insuficiência de diversos órgãos são comuns na eclâmpsia: oligúria ou anúria. insuficiência respiratória, cianose, icterícia e sangramentos. Além disso, pode haver aumento do tônus e da frequência das contrações uterinas e diminuição da frequência dos batimentos cardíacos fetais. • Essas alterações em geral acontecem durante as convulsões imediatamente depois delas e desaparecem após alguns minutos desde que a hipoxemia materna seja corrigida TRATAMENTO CLÍNICO • A eclâmpsia é uma emergência obstétrica e necessita de atendimento especializado imediato. • O tratamento visa a manutenção da função cardiorrespiratória e da oxigenação materna, controle da pressão arterial e correção da hipoxemia e da acidose materna. CONDUTA (1) OXIGENAÇÃO • Importante no início é avaliar o estado geral e simultaneamente garantir a oxigenação materna, proteger a língua com cânula de Guedel e evitar a aspiração (2) SULFATO DE MAGNÉSIO • Para a prevenção de novas convulsões, utiliza-se o sulfato de magnésio. • Exerce sua ação anticonvulsivante ao agir diretamente no córtex cerebral. • Pelo menos três mecanismos são aventados: possui efeito vasodilatador, bloqueia a excitação e promove transmissibilidade elétrica no tecido cerebral • Sulfato de magnésio se observa controle da convulsão logo após a dose de ataque e, entre 1 e 2 horas a partir da primeira administração, a paciente encontra-se consciente. A vantagem dele sobre os demais anticonvulsivantes é o fato de essa droga, em doses habituais não produzir depressão do SNC, tanto materno como fetal, ainda que ultrapasse rapidamente a barreira placentária. • Com a persistência de convulsões, apesar da utilização do sulfato de magnésio, ou nos casos confirmados de hemorragia cerebral, realiza-se a administração de fenitoína na dose de 250 mg (1 ampola diluída em soro fisiológico, 250 mL intravenosos em 10 minutos), e repete-se o esquema a cada 30 minutos até completar 750 mg. Para a manutenção, usam-se 100 mg por via intravenosa a cada 8 horas enquanto se mantiver a venoclise. E então, 100 mg por via oral a cada 8 horas, seguindo a orientação do neurologista (3) AVALIAÇÃO GLOBAL • Com a estabilização materna • Monitorização fetal - Deve-se dar início à avaliação da idade gestacional do peso e da vitalidade fetal. - Bradicardias fetais transitórias com duração de 3 a 5 minutos são comuns após as convulsões e não indicam que a interrupção da gestação deva ser imediata. - Depois do episódio é comum o aparecimento de taquicardia fetal compensatória com desacelerações transitórias que desaparecem em 20 a 30 minutos. (4) TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO E CORREÇÃO DE DISTÚRBIOS FUNCIONAIS • O tratamento hipotensor está indicado diante de PAD 110 mmHg, decorridos ≥ 20 a 30 minutos da dose venosa do esquema de ataque com sulfato de magnésio. Utiliza-se a hidralazina na dose de 5 mg por via intravenosa a cada 15 minutos até o controle da pressão arterial, ou seja, redução de 20 a 30% da pressão arterial diastólica em relação às medidas iniciais. (5) CONDUTA OBSTÉTRICA Sindromé Héllp Acrônimo que caracteriza uma sd multissistêmica ou complicação grave da → DHEG, que ocorre por alterações vasculares = 10 a 20% das pacientes com PE, HG ou E e entre 0,1 a 0,8% das gestações no geral H = HEMOLYSIS Anemia hemolítica microangiopática – diminuição do nível de hemoglobina e → presença de lesões vasculares • Alterações eritrocitárias (esquizócitos e equinócitos) • Bilirrubina total sérica 1,2 mg%≥ * O esquizócito, também denominado de célula capacete ou fragmentada, caracteriza-se por apresentar forma discoide alterada, com duas ou três esículas nas extremidades. Acredita-se que essa fragmentação eritrocitária seja secundária à passagem do sangue por pequenos vasos sanguíneos que possuem lesão da camada íntima e/ou deposição de fibrina. O equinócito é outra alteração da morfologia do eritrócito, caracterizada por apresentar várias espículas em sua superfície. * O aumento da destruição de eritrócitos é responsável pela hiperbilirrubinemia não conjugada, daí o aparecimento de icterícia. No entanto, a icterícia só é observada quando o nível de bilirrubina ultrapassa 3 mg/dL. * Além disso, quando há apenas hemólise, a hiperbilirrubinemia em geral é leve. Valores elevados de bilirrubina sugerem disfunção hepática, com aumento da bilirrubina conjugada. * Como as hemácias possuem grande quantidade de DHL, a hemólise promove a elevação da atividade dessa enzima no soro. E L = ELEVATED LIVER ENZYMES Disfunção hepática → • Elevação de LDH ou DHL (lactato desidrogenase – enzima presente no fígado, transforma glicose em energia): > 600 UI • Elevação de transaminases hepáticas: TGO 70 UI (transaminase oxalacética ≥ ou AST/aspartato aminotransferase) – indica comprometimento hepático L P = LOW PLATELETS Trombocitopenia→ • Contagem de plaquetas < 100.000/mm³ * É consequência do aumento da sua destruição. Acredita-se que as plaquetas circulantes aderem ao colágenovascular exposto pela lesão endotelial. Além disso, o consumo de plaquetas exacerba-se diante da coagulação intravascular disseminada, situação em que se observam também baixos níveis plasmáticos de fibrinogênio (< 300 mg/dL) e de antitrombina III (< 80%) e aumento do tempo de protrombina (< 70%), além de elevação dos produtos de degradação da fibrina (> 40 mg/ mL). Pelo menos três desses valores alterados indicam a presença de coagulação intravascular disseminada, e dois valores alterados, a sua suspeita. Mas há ainda outras causas de aumento de destruição plaquetária, como as imunológicas, as medicamentosas e as idiopáticas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS (inespecíficas) • Náuseas • Vômitos • Mal-estar • Cefaleia • Sintomas visuais • Dor abdominal • Perda de apetite • Perda de apetite DIAGNÓSTICO PARÂMETROS LABORATORIAIS→ • Predominantemente laboratorial (hemólise + elevação de enzimas hepáticas + plaquetopenia), os exames devem ser repetidos com intervalos de no máximo 6 a 12 horas para avaliar a evolução da doença. POR COMPROMETIMENTO DE ÓRGÃOS-ALVO E COMPLICAÇÕES→ • RUPTURA HEPÁTICA: é sugerido pela presença de líquido livre na cavidade peritoneal à ultrassonografia, pela queda da hemoglobina, por sinais de hipotensão arterial e por sinais sugestivos observados na tomografia computadorizada e na ressonância nuclear magnética. Além da presença de dor epigástrica e no hipocôndrio direito prolongada. • INSUFICIÊNCIA RENAL: é realizado diante de creatinina sérica acima de 1,2 mg %, associada à oligúria (diurese menor que 400 ml/ dia). • COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR: pode ser clínico quando ocorrer sangramento em diversas regiões do corpo (gengivorragia, hematomas, petéquias, hematúria). E o diagnóstico laboratorial pode ser feito utilizando-se um sistema de pontuação para cada exame alterado: plaquetopenia, aumento dos produtos da degradação de fibrina, alargamento do tempo de protrombina e diminuição do fibrinogênio. Resultado maior ou igual a 5 pontos é compatível com coagulação intravascular disseminada e menor do que 5 sugere ausência de coagulação intravascular disseminada. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS TRATAMENTO CLÍNICO • O tratamento inicial é o mesmo utilizado para as formas graves de hipertensão arterial, ou seja, estabilização das condições clínicas maternas, profilaxia da convulsão (quando indicada), terapia anti-hipertensiva e avaliação da vitalidade fetal. • Portanto, o caso deve ser conduzido em hospital terciário, com estrutura laboratorial completa, banco de sangue e equipe médica multidisciplinar. • Na presença de coagulação intravascular disseminada e/ou contagem de plaquetas abaixo de 70.000/mm com iminência de eclâmpsia ou eclâmpsia, ao utilizar o sulfato de magnésio, opta-se pelo esquema intravenoso de Sibai. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO • O uso do corticosteroide no período anteparto tem demonstrado produzir melhoras nos parâmetros laboratoriais (plaquetas, enzimas hepáticas e bilirrubinas). • Dessa maneira, indica-se o corticosteroide para os casos cuja interrupção da gestação seja necessária por óbito fetal ou pela gravidade do quadro clínico materno com fetos inviáveis, com o intuito de melhorar as condições clínicas e laboratoriais maternas, principalmente visando à elevação da contagem de plaquetas, o que permite maior segurança para o procedimento obstétrico. Utiliza- se dexametasona, 10 mg, a cada 12 horas até o parto. CONDUTA OBSTÉTRICA • A conduta obstétrica em gestante com síndrome HELLP depende de diversos fatores, como condição clínica e laboratorial materna, vitalidade fetal e idade gestacional. • Dessa maneira, em idade gestacional a partir de 34 semanas ou diante de feto viável com vitalidade alterada (conforme os critérios de parto na pré-eclâmpsia grave), interrompe-se a gestação. • No entanto, para as gestantes com menos de 34 semanas com vitalidade fetal preservada, adota-se conduta conservadora com rigoroso acompanhamento clínico e laboratorial até 34 semanas. A melhora dos resultados dos exames laboratoriais, a partir da segunda coleta, e o controle adequado dos níveis pressóricos possibilitam a manutencão da ação. Indica-se a interrupção em caso de piora dos exames laboratoriais ou da condição clínica materna (piora da função renal, congestão pulmonar, eclâmpsia ou iminência de eclâmpsia, dor persistente em hipocôndrio direito) ou sofrimento fetal. * A melhor via de parto para essas gestantes é a vaginal, visto que determina menor sangramento intraoperatório. Assim, se o colo uterino revelar boas condições, induz-se ou conduz-se o trabalho de parto, com vigilância contínua da vitalidade fetal. Nesse caso, se houver plaquetopenia (< 70.000 plaquetas/mm"), ela deve ser corrigida no momento do parto. * Diante da impossibilidade de parto vaginal, alguns cuidados são recomendados para a realização da cesárea: - A paciente deve ser cuidadosamente monitorizada e é necessário solicitar reserva de plaquetas ao banco de sangue. - Deve ser administrada transfusão de plaquetas (se < 70.000 plaquetas/mm³) na indução anestésica, objetivando-se corrigir a contagem sérica para 100.000 plaquetas/mm³ Sulfato dé magnésio (MgSO4) Não atravessa a barreira placentária (se ultrapassar, bebê nasce hipotônico e → com insuficiência respiratória) DESCRIÇÃO: • Droga de eleição para prevenção e controle de crises convulsivas na DHEG • Administrada como protocolo para toda paciente com pré-eclâmpsia = previne morte materna MECANISMO DE AÇÃO: • Antagonista do receptor NMDA do glutamato (neurotransmissor excitatório responsável pela sensibilização do SNC): sulfato de magnésio se liga ao receptor = bloqueia transmissão neuromuscular (vasoespasmo cerebral) propriedades → analgésicas, anticonvulsivantes e sedativas Age também como vasodilatador: ajuda na redução da PA OBS: fazer sondagem vesical para controlar débito urinário e analisar o reflexo→ patelar (se está diminuído, está ocorrendo impregnação) • Age como bloqueador de canal de Ca fisiológico e bloqueia a transmissão neuromuscular. Ele promove redução de depressão respiratória e internação em UTI do concepto. • Magnésio tem importante papel na regulação da pressão sg por modulação da reatividade do tônus vascular e da rpt, • Mg entra na cél através do gradiente de conc e sai pelo TA. O aumento de Mg extracelular causa vasodilatação e atenua os agonistas que induzem a vasoconstrição e vice-versa, • O mecanismo exato desse processo é influenciado pelas conc de Ca, que é determinante na contração do músculo liso vascular, • O Mg inibe o transporte transmembrana de Ca, diminuindo a entrada de Ca B diminui ação contrátil dos agentes vasoativos (extracelularmente). Tem ação competitiva com o Ca. • Intracelularmente: atua modulando a ação de Ca vasoconstritora, Mg influencia também sobre o tono vascular e a reatividade da Na/K • ATPase, regulando o transporte de Na e K e a formação de AMP e GMP cíclico, importantes fatores de vasodilatação, • Além disso tem efeito anti-inflamatório, agindo sobre a produção de superóxidos e promovendo uma varredura dos radicais livres • Mecanismo anticonvulsivante: não está todo estabelecido. Combina várias ações, estabilização do potencial das membranas celulares, a vasodilatação cerebral que ocasiona aumento do fluxo sanguíneo e diminuição da isquemia cerebral, com redução da concentração de radicais livres. Antagônico ao Glutamato. INDICAÇÃO: • Pré-eclâmpsia com deterioração clínica e/ou laboratorial (inclusive hipertensão de difícil controle) • Iminência de eclâmpsia • Eclâmpsia • Prevenção de crises de convulsões recorrentes em eclâmpsia • Síndrome HELLP (15% das pacientes evoluem com eclâmpsia) CONTRAINDICAÇÃO: • Comprometimento cardíaco e renal • Estado de hipermagnesemia • Insuficiência respiratória grave • Uso de outros bloqueadores musculares OBS: é útil quando o bebê está intraútero, após o parto, pode-se usar o → anticonvulsivante que tiver em mãos EFEITOS ADVERSOS • Toxicidadeé rara. Efeitos colaterais a adm muito rápida incluem rubor, sudorese, bradicardia leve e hipotensão. O excesso pode causar depressão de reflexos, paralisia flácida, colapso circulatório, etc. • Pode ocorrer intoxicação por magnésio. Os sintomas incluem rubor, sudorese, hipotensão, bloqueio da transmissão neuromuscular com diminuição dos reflexos, hipotonia, colapso cardíaco, depressão respiratória e depressão do SNC, podendo levar à parada cardíaca -› por isso, durante a administração, uma preparação de sais de cálcio, como o gliconato, deve estar prontamente disponível para administração intravenosa em caso de uma possível intoxicação por magnésio • Muito magnésio – pode ter uma parada cardiorrespiratória por falha muscular – para sulfato – entra cálcio (contrai) – mantém membrana cel funcionante Gluconato dé calcio DESCRIÇÃO: • Considerado antídoto do sulfato de magnésio MECANISMO DE AÇÃO: • Faz a reversão do efeito do sulfato de magnésio, evitando seu impregnamento • O gliconato de cálcio é um elemento fundamental no organismo. Tem participação indispensável na formação dos ossos, na regulação da permeabilidade da membrana aos íons sódio e potássio e, consequentemente, na excitabilidade da membrana celular - • Desempenha papel importante nos processos de transmissão nervosa, contração muscular, coagulação sanguínea, reações antígeno anticorpo e fixação do complemento, fagocitose, secreção de enzimas e hormônios, manutenção da contratilidade, ritmo e tonicidade do miocárdio INDICAÇÃO: • Eclâmpsia: na suspeita de intoxicação por MgSO4 (sulfato de magnésio) ou hipermagnesia • Hiperpotassemia CONTRAINDICAÇÃO: • Pacientes sob medicação digitálica (tratamento de insuficiência cardíaca congestiva) • Cálculo renal • Hipercalcemia Hidralazina (cloridato de hidralazina) DESCRIÇÃO: • 1 escolha para o tratamento agudo da hipertensão arterial grave na gestação º • É vasodilatador direto.. Os efeitos dos vasodilatadores limitam-se principalmente ao sistema cardiovascular. A redução da PA está associada à diminuição seletiva da resistência vascular na circulação coronariana cerebral e renal MECANISMO DE AÇÃO: • Vasodilatador periférico = relaxa a musculatura lisa dos vasos de resistência (predominantemente arteríolas). Como consequência da vasodilatação direta ocorre liberação de catecolaminas, de renina e taquicardia reflexa. • Uma vez que o fármaco não tem ação depressora da bomba cardíaca, os mecanismos regulatórios fisiológicos geram um aumento reflexo da frequência cardíaca, volume de ejeção e débito cardíaco. INDICAÇÃO: • Hipertensão arterial • Insuficiência cardíaca • Pré-eclâmpsia • Eclâmpsia Por via oral é pouco eficaz quando usada isoladamente, por desencadear → taquicardia reflexa com aumento do débito cardíaco. Entretanto, quando em associação com bloqueadores B-adrenérgicos, o efeito taquicardia é prevenido e ocorre redução da pressão sanguínea. A hidralazina também é utilizada em associação à metildopa. Assim, comumente é utilizada como agente de segunda linha e em associação com 3-bloqueadores ou metildopa CONTRAINDICAÇÃO: • Lúpus eritematoso sistêmico idiopático • Taquicardia grave • Insuficiência cardíaca • Hipersensibilidade aos componentes Essas condições são CI porque aumentam a demanda do O2 pelo coração→ EFEITOS ADVERSOS: • A hidralazina pode estar associada a mais efeitos colaterais que os demais anti- hipertensivos, como a hipotensão materna. Esta hipotensão pode ser resultante da ação de qualquer agente de ação rápida, quando utilizado em mulheres com PE que tem depleção do volume intravascular. Nifédipina DESCRIÇÃO: • 1 escolha para terapia antihipertensiva aguda º MECANISMO DE AÇÃO: • Bloqueia os canais de cálcio musculares, evitando a contração da musculatura arterial lisa vascular • O mecanismo pelo qual a Nifedipina reduz a pressão arterial, envolve a vasodilatação arterial periférica e consequentemente a redução na resistência vascular periférica, cujo aumento é a causa fundamental da hipertensão. Durante a fase de despolarização das células musculares lisas, ocorre um influxo de íons de cálcio por meio de canais voltagem-dependentes. O nifedipino inibe a entrada de íons de cálcio, bloqueando os canais de cálcio dependentes de voltagem de tipo L no músculo liso vascular e nas células do miocárdio. Uma vez que a contração muscular é amplamente dependente do cálcio, sua inibição causa relaxamento, principalmente nos leitos arteriais. Assim, com o cálcio intracelular reduzido ocorre a redução da resistência vascular arterial periférica e dilatação das artérias coronárias, resultando na redução da pressão arterial sistêmica e aumento da oferta de oxigênio ao miocárdio. A Nifedipina dilata as artérias e arteríolas coronarianas tanto nas regiões normais como nas isquêmicas, e é um inibidor potente do espasmo coronariano espontâneo ou induzido por ergonovina, atuando, portanto tanto na melhora da distribuição do oxigênio (vasoespasmo), como na redução de sua utilização (controle da hipertensão). INDICAÇÃO: • Terapia anti-hipertensiva aguda CONTRAINDICAÇÃO: • Absolutas: infarto do miocárdio • Relativas: estenose aórtica severa, angina instável, insuficiência cardíaca, Insuficiência hepática O uso concomitante com sulfato de magnésio deve ser evitado, pois pode → potencializar o efeito antihipertensivo e o bloqueio neuromuscular do magnésio. A administração pela via sublingual é contra-indicada por determinar resposta hipotensora imprevisível, excessiva ativação autonômica e isquemia aguda do miocárdio. Métildopa DESCRIÇÃO: • Fármaco preferido para o tratamento da hipertensão durante a gravidez: é efetivo e promove segurança para a mãe e o feto MECANISMO DE AÇÃO: • Ação central: estimula os receptores -adrenérgicos centrais através do seu α metabólito metilnorepinefrina é metabolizado no SNC e inibe a transmissão α → simpática vasoconstritora em direção à coração, rins e sistema vascular periférico INDICAÇÃO: • Anti-hipertensivo de uso crônico/contínuo/manutenção CONTRAINDICAÇÃO: • Hepatopatias ativas • Hipersensibilidade • Tratamento com inibidores da monoaminoxidase Labétalol DESCRIÇÃO: • Pertence a um grupo de medicamentos chamados agentes alfa-bloqueantes e beta-bloqueantes • Antagonista dos receptores beta adrenérgicos/bloqueador adrenérgico OBS:no Brasil não se dispõe do labetalol e a maioria dos serviços de assistência pré-natal utilizam o pindolol na dose de 10mg a 30mg/dia, fracionada em duas tomadas. MECANISMO DE AÇÃO: • Bloqueiam os receptores 1 e -adrenérgico = diminui a FC e a contratilidade do α β miocárdio, gerando efeito anti-hipertensivo (reduzem tensão arterial nos vasos sanguíneos longe do coração) * Em função do bloqueio a, produzem-se vasodilatação, diminuição da resistência vascular e consequente diminuição da pressão arterial; em função do bloqueio b, o coração é protegido das respostas reflexas indesejadas, tais como alterações do ritmo do rendimento cardíaco. INDICAÇÃO: • Hipertensão leve a moderada • Hipertensão grave • Hipertensão na gravidez O labetalol não tem ação sobre o rim, razão pela qual pode ser administrado a → pacientes hipertensos com problemas renais. CONTRAINDICAÇÃO: • Hipersensibilidade aos componentes da fórmula • Bloqueio átrio-ventricular • Choque cardiogênico • Bradicardia e hipotensão
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