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Sinapses do SNA Parassimpático

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Farmacologia 
Caso 4 
Aula 1 
Sinapses do SNA Parassimpático 
Nas sinapses pós-ganglionares do SNA parassimpático, 
encontram-se os receptores chamados de colinérgicos, que 
são moléculas de proteínas localizadas nas membranas 
celulares sobre as quais a acetilcolina, uma substância 
agonista, exerce seus efeitos. Todas as sinapses pós-
ganglionares parassimpáticas são colinérgicas. 
Síntese e liberação de Acetilcolina 
Nas fibras pós-ganglionares, por meio da união do aminoácido 
colina com a AcetilCoA (vinda do metabolismo da glicose) 
forma-se a acetilcolina (graças a ação da colina-acetil 
transferase), neurotransmissor que será armazenado em 
vesículas sinápticas (por meio da captação vesicular) na 
terminação até que um potencial de ação aconteça e 
promova um influxo de cálcio que desencadeie a fusão das 
vesículas contendo acetilcolina com a membrana pré-
sináptica, processo esse que é seguido da exocitose do 
neurotransmissor na fenda sináptica. 
A acetilcolina liberada na fenda sináptica encontrará os 
receptores colinérgicos na víscera efetora e, após exercer 
seus efeitos neles, ela será destruída na fenda mesmo (não 
recaptada como acontece com a noradrenalina) pela ação 
da acetilcolinesterase. A acetilcolina é quebrada em colina 
(retorna para a terminação pré-sináptica para participar da 
síntese de uma nova acetilcolina) e em acetato (é difundido 
para a circulação para ser eliminado). 
Receptores Colinérgicos 
Os receptores colinérgicos podem ser de dois tipos, 
receptores nicotínicos ou receptores muscarínicos, sendo o 
modo de ação a principal diferença entre eles. 
Receptores Nicotínicos 
Esses receptores recebem esse nome pois a nicotina pode 
se combinar com eles assim como a acetilcolina. São 
receptores que agem via canal iônico de sódio, isto é, quando 
a acetilcolina se liga neles, os canais de sódio se abrem e 
ocorre um influxo de sódio na célula (isso gera um potencial 
de ação), com isso são receptores cujas respostas celulares 
são sempre excitatórias. 
●Os receptores encontrados na placa motora do m. estriado 
esquelético (também chamada de junção neuromuscular) 
são do tipo nicotínico muscular (Nm), cuja função é 
promover despolarização da placa terminal, que é o evento 
que desencadeia a contração muscular. 
●Os receptores encontrados nos gânglios autonômicos são 
do tipo nicotínico neuronal (Nn), cuja função é promover 
despolarização do neurônio pós-ganglionar. Existem ainda 
receptores nicotínicos em neurotransmissões colinérgicas no 
SNC, onde esses receptores são responsáveis por controlar 
a liberação de neurotransmissores. 
Receptores Muscarínicos 
Eles recebem esse nome pois a muscarina pode se 
combinar com eles assim como a acetilcolina. Esses 
receptores, assim como os adrenérgicos, são acoplados à 
proteína G e apresentam segundos mensageiros. 
Existem 5 subtipos de receptores muscarínicos, M1, M2, M3, 
M4 e M5, sendo que os 3 primeiros são os mais importantes 
pois não existem ainda drogas que atuem nos dois últimos. 
●Receptores M1 se encontram em gânglios autonômicos 
onde promovem despolarização dos neurônios pós-
ganglionares. Esses receptores também são encontrados no 
SNC, porém ainda não tem uma função definida. 
●Receptores M2 são receptores encontrados no músculo 
estriado cardíaco, onde promovem redução da frequência 
cardíaca e da força de contração (efeito inotrópico e 
cronotrópico negativos) .
●Receptores M3 se encontram em todos os músculos lisos 
exceto de vasos, onde promovem contração, em todas as 
glândulas exócrinas, onde aumentam a secreção, e em todo 
o endotélio vascular, onde promovem a liberação de óxido 
nítrico, que é um potente vasodilatador. 
●Receptores M4 e M5 se encontram no SNC 
M1, M3 e M5 
Os receptores muscarínicos ímpares (M1, M3 e M5) são 
acoplados à proteína Gq, cujo sistema efetor ativado é o da 
fosfolipase C que promove um efeito excitatório (como uma 
despolarização, contração, secreção, etc.). 
M2 e M4 
Os receptores muscarínicos pares (M2 e M4) são acoplados 
à proteína Gi, cujo sistema efetor é o da adenilato ciclase. 
Quando estimulados, estes receptores inibem a via da 
adenilato ciclase, o que provoca uma abertura de canais de 
potássio e um fechamento de canais de cálcio. O que é 
sempre uma ação inibitória. Como esses receptores se 
encontram na musculatura cardíaca, o efeito deles é de 
inibição da atividade cardíaca. 
Drogas Colinérgicas 
Também chamadas de drogas parassimpatomiméticas, são 
drogas que imitam os efeitos do SNA parassimpático. Pode-
se dividir essas drogas em dois grupos, as drogas colinérgicas 
de ação direta (são os agonistas muscarínicos) e as drogas 
colinérgicas de ação indireta, que são drogas que provocam 
acúmulo de acetilcolina na fenda sináptica por inibição da 
acetilcolinesterase (por isso são drogas chamadas de anti-
colinesterásicos). 
Drogas Colinérgicas de Ação Direta 
Os principais exemplos são a acetilcolina, ésteres de colina 
(como metacolina, carbacol e betanecol) e alcaloides naturais 
(pilocarpina e muscarina). O betanecol tem afinidade por m. 
liso do trato gastrointestinal e bexiga. 
Ações farmacológicas 
Essas drogas agem principalmente no trato gastrointestinal, 
trato urinário, glândulas exócrinas (têm receptores M3 e as 
drogas promovem aumento da secreção), aparelho 
respiratório, olhos e aparelho cardiovascular. 
●No TGI (se inicia na boca e termina no ânus) existe 
musculatura lisa e glândulas. As drogas colinérgicas de ação 
direta agem em receptores M3 presentes nas glândulas do 
TGI (salivares, gástricas, intestinais, etc.) promovendo um 
aumento da secreção realizada por elas. As drogas 
colinérgicas de ação direta agem também em receptores 
M3 presentes no m. liso gastrointestinal promovendo sua 
contração. 
●No trato urinário, as drogas colinérgicas de ação direta 
agem em receptores M3 presentes na musculatura lisa do 
trato (especialmente na bexiga) promovendo a contração 
dela. Com esse efeito, favorecem a micção. 
●No aparelho respiratório, as drogas colinérgicas de ação 
direta agem em receptores M3 presentes na musculatura 
lisa, promovendo a contração dela (broncoconstrição). Essas 
drogas agem também nos receptores M3 das glândulas 
desse aparelho, promovendo um aumento da secreção 
delas. 
●No aparelho cardiovascular, as drogas se ligam a receptores 
M2 da musculatura cardíaca, promovendo efeito inotrópico 
e cronotrópico negativos. Essas drogas se ligam também em 
receptores M3 do endotélio vascular promovendo a 
liberação de óxido nítrico, que é um potente vasodilatador. 
Ambos os efeitos no aparelho cardiovascular promovem 
hipotensão. 
●Por fim, nos olhos as drogas colinérgicas de ação direta 
agem sobre receptores M3 do m. liso esfincteriano da íris, 
onde promovem contração. Essa contração dilata o canal de 
Schlemm, o que promove uma maior drenagem do humor 
aquoso e uma redução da pressão intraocular. Por esse 
motivo essas drogas são usadas no tratamento do glaucoma 
de ângulo fechado/ estreito, que é um aumento da pressão 
intraocular causado por drenagem ineficiente de humor 
aquoso. 
Usos terapêuticos 
As drogas colinérgicas de ação direta são usadas em 
distúrbios gastrointestinais, como no tratamento da distensão 
de musculatura do TGI no pós-operatório e no tratamento 
da atonia gástrica (é a ausência de tônus no estômago). 
Podem ser usadas quando o paciente apresenta retenção 
urinária, glaucoma (de ângulo fechado ou estreito) ou 
xerostomia (diminuição da secreção salivar), principalmente 
após radioterapia de cabeça e pescoço onde se destrói as 
glândulas salivares, por isso as drogas são importantes aqui, 
para estimular a secreção salivar.

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