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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 1 ESTABLIDADE GLOBAL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO DISCIPLINA: ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO II – NOTAS DE AULA Prof. M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira JUAZEIRO-BA, 2023 UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 2 1.0 – ESTABILIDADE GLOBAL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO 1.1 – Considerações Iniciais Normalmente as estruturas de concreto armado são formadas por elementos prismáticos, ou seja, elementos com uma dimensão bem maior que as outras duas, e seção transversal constante. Os pilares associados às vigas formam os pórticos (planos ou tridimensionais) que resistem não só às ações verticais, mas também às ações horizontais. As Figuras 1a e 1b mostram pórticos na configuração indeformada e deformada devido às ações horizontais, respectivamente. (a) (b) Figura 1a e 1b – Pórticos na configuração indeformada (a) e deformada devido às ações horizontais (b). As ações horizontais podem gerar deslocamentos horizontais significativos na estrutura. Esses deslocamentos, quando associados às ações verticais vão gerar novos esforços na estrutura. Quando considerada a geometria deformada da estrutura surgem momentos fletores provocados pelas cargas verticais chamados de efeitos globais de segunda ordem, como mostra a Figura 2, que devem ser somados aos efeitos de primeira ordem (esforços na estrutura na configuração da geometria inicial indeformada). De acordo com a NBR 6118:2023 (Projeto de estruturas de concreto) os efeitos de segunda ordem podem ser desprezados sempre que não representarem um acréscimo superior a 10% dos esforços devidos aos efeitos de primeira ordem. UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 3 Figura 2 – Estrutura submetida aos efeitos de primeira e segunda ordem. 1.2 – Subestruturas de Contraventamento Na montagem do arranjo estrutural a ser adotado, para melhorar o comportamento da estrutura com relação às ações horizontais, é interessante arranjar os elementos estruturais de modo a proporcionarem aumento de rigidez do sistema estrutural, em especial, nas direções mais críticas da ação do vento que incide sobre a estrutura. A NBR 6118:2023 traz a seguinte definição para contraventamento: “Por conveniência de análise, é possível identificar, dentro da estrutura, subestruturas que, devido à sua grande rigidez a ações horizontais, resistem à maior parte dos esforços decorrentes dessas ações. Essas subestruturas são chamadas subestruturas de contraventamento”. Os elementos que não participam da subestrutura de contraventamento são chamados elementos contraventados. Ainda segundo a NBR 6118:2023 as subestruturas de contraventamento podem ser de nós fixos ou de nós móveis, de acordo com as definições do item 15.4.2. Em estruturas mais altas ou esbeltas deve-se sempre que possível tomar as providências necessárias para garantir que ela possa ser considerada de nós fixos ou indeslocável, para isto pode ser necessário projetar elementos estruturais especiais. Os principais elementos estruturais que podem ser associados aos pórticos (constituindo as subestruturas de contraventamento) visando dar maior rigidez à estrutura são: caixas de elevador e escadas (núcleo rígido), pilares-parede, paredes estruturais e pórticos UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 4 entreliçados, como é ilustrado na Figura 3. A necessidade desses elementos depende basicamente da altura do edifício, da sua esbeltez e das cargas. Figura 3 – Elementos de contraventamento (FUSCO, 1986). Edifícios baixos e leves podem dispensar os elementos especiais de contraventamento, pois a própria estrutura aporticada principal é suficiente para garantir a rigidez necessária (indeslocabilidade). Entretanto, deve-se ter uma atenção especial quando a estrutura é projetada em laje lisa (laje apoiada diretamente nos pilares sem capitéis) ou cogumelo (laje apoiada diretamente nos pilares com capitéis). Nesses casos, em virtude da ausência das vigas, não há a formação dos verdadeiros pórticos e a rigidez fica reduzida. Para esse tipo de esse tipo de estrutura, os esforços de ventos são absorvidos exclusivamente pelos pilares, considerando-os então ligados apenas por tirantes (a função da laje) que não transmitem os momentos fletores. 1.3 – Estabilidade Estrutural A NBR 6118:2023, no item 15.4.1, classifica os efeitos de segunda ordem presentes nas estruturas de concreto em três tipos: efeitos de segunda ordem globais, locais e localizados. Sob a ação das cargas verticais e horizontais, os nós da estrutura deslocam-se horizontalmente. Os esforços de segunda ordem decorrentes desses deslocamentos são UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 5 chamados efeitos globais de segunda ordem. Nas barras de uma estrutura (como um lance de pilar, por exemplo), os respectivos eixos não se mantêm retilíneos, surgindo aí efeitos locais de segunda ordem que, em princípio, afetam principalmente os esforços solicitantes ao longo delas próprias. Em pilares-parede (simples ou compostos) pode-se ter uma região que apresenta não retilinidade maior do que a do eixo do pilar como um todo. Nessas regiões surgem efeitos de segunda ordem maiores, chamados de efeitos de segunda ordem localizados (ver Figura 4). O efeito de segunda ordem localizado, além de aumentar nessa região a flexão longitudinal, aumenta também a flexão transversal, havendo a necessidade de aumentar os estribos nessas regiões. Figura 4 – Efeitos de segunda ordem localizados (NBR 6118:2023). Na Figura 5 estão representadas as possibilidades de instabilidade que podem ser causadas por efeitos de instabilidade global e local. Figura 5 – Esquema estrutural de um edifício alto: (1) perspesctiva esquemática; (2) estrutura vertical indeformada; (3) edificação sujeita a instabilidade global; (4) instabilidade local dos pilares centrais inferiores (CARVALHO, 2009). UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 6 A consideração dos efeitos de segunda ordem leva a uma não-linearidade entre as ações e deformações da estrutura, essa não linearidade, devido à sua origem, é chamada de não-linearidade geométrica. A fissuração e fluência do concreto conduzem a uma não- linearidade (entre ações e deformações) chamada de não linearidade física. A NBR 6118:2023 prescreve que no cálculo dos efeitos de segunda ordem, deve ser considerado o comportamento não-linear dos materiais. 1.4 – Estabilidade Global Como o próprio nome evidencia, a estabilidade global de uma edificação refere-se à estrutura como um todo. Portanto, está relacionada aos efeitos de segunda ordem globais. A estabilidade de uma estrutura é inversamente proporcional à sua sensibilidade aos efeitos de segunda ordem. Em outras palavras, quanto mais estável for a estrutura, menores serão os efeitos de segunda ordem. Ou ainda, quanto maiores forem os efeitos de segunda ordem, menos estável será a estrutura. Para efeito de análise da estabilidade global da estrutura a NBR 6118:2023 define as estruturas como sendo de nós fixos ou de nós móveis, as quais são definidas da seguinte forma: Estruturas de nós fixos: são aquelas em que os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por decorrência, os efeitos globais de segunda ordem são desprezíveis (inferiores a 10% dos respectivos esforços de primeira ordem). Nessas estruturas, basta considerar os efeitos locais elocalizados de segunda ordem; Estruturas de nós móveis: são aquelas onde os deslocamentos horizontais não são pequenos e, em decorrência, os efeitos globais de segunda ordem são importantes (superiores a 10% dos respectivos esforços de primeira ordem). Nessas estruturas devem ser considerados tanto os esforços de segunda ordem globais como os locais e localizados. Todavia, há estruturas em que os deslocamentos horizontais são grandes e que, não obstante, dispensam a consideração dos efeitos de segunda ordem por serem pequenas as forças normais e, portanto, pequenos os acréscimos dos deslocamentos produzidos por elas; isso pode acontecer, por exemplo, em postes e em certos pilares de galpões industriais. UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 7 Os conceitos de estruturas de nós fixos ou de nó móveis podem ser aplicados também às subestruturas de contraventamento. O grande problema das estruturas deslocáveis está relacionado à instabilidade global, já que os deslocamentos horizontais nos vários pavimentos da edificação criam excentricidades crescentes da força normal nos pilares. Na Figura 6, apresentam-se duas situações distintas. Figura 6: Efeito da deslocabilidade horizontal e do contraventamento. A NBR 6118:2023 em seu item 15.4.4 define como elementos isolados os seguintes: Os elementos estruturais isostáticos; Os elementos contraventados; Os elementos das estruturas de contraventamento de nós fixos; Os elementos das subestruturas de contraventamento de nós móveis desde que, aos esforços nas extremidades, obtidos numa análise de primeira ordem, sejam acrescentados os determinados por análise global de segunda ordem. Para definir se uma estrutura pode ser classificada como de nós fixos ou nós móveis, e verificar a dispensa dos efeitos de segunda ordem, a NBR 6118:2023 a adota dois processos aproximados (apresentados nos itens 15.5.2 e 15.5.3, da norma): o parâmetro de instabilidade α e o coeficiente γz, definidos a seguir. 1.4.1 – Parâmetro de Instabilidade α (NBR 6118/2023 – item 15.5.2) Uma estrutura reticulada pode ser considerada como sendo de nós fixos se seu parâmetro de instabilidade α for menor que o valor α1, conforme as seguintes expressões: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 8 ccs k tot IE N H (1) n1,02,01 para 3n 6,01 para 4n Onde: n é o número de níveis de barras horizontais (andares) acima da fundação ou de um nível pouco deslocável do subsolo; Htot é a altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um nível pouco deslocável do subsolo; Nk é o somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível considerado para o cálculo de Htot), com seu valor característico; EcsIc representa o somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção considerada. No caso de estruturas de pórticos, de treliças ou mistas, ou com pilares de rigidez variável ao longo da altura, pode ser considerado o valor da expressão EcsIc de um pilar equivalente de seção constante. O valor limite α1 = 0,6 prescrito para n ≥ 4 é, em geral, aplicável às estruturas usuais de edifícios. Pode ser adotado para associações de pilares-parede e para pórticos associados a pilares-parede. Ele pode ser aumentado para α1 = 0,7 no caso de contraventamento constituído exclusivamente por pilares-parede e deve ser reduzido para α1 = 0,5 quando só houver pórticos. De acordo com a NBR 6118/2023 (item 8.2.8) o módulo de elasticidade inicial pode ser estimado a partir das seguintes expressões: para concreto com fck < 50 MPa (2) 3 1 3 25,1 10 1015,2 ck Eci f E para concretos com fck > 50 MPa (3) Os valores de Eci e fck são dados em megapascal (MPa). Os valores de αE dependem do tipo de agregado graúdo utilizado na produção do concreto, sendo: αE = 1,2 para basalto e diabásio; UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 9 αE = 1,0 para granito e gnaisse; αE = 0,9 para calcário; αE = 0,7 para arenito. O módulo de deformação secante pode ser estimado a partir da expressão: ciiCS EE (4) Sendo: 0,1 80 2,08,0 ck i f (5) De acordo com a NBR 6118/2023, a rigidez do pilar equivalente deve ser determinada da seguinte forma: Calcular-se o deslocamento do topo da estrutura de contraventamento, sob a ação do carregamento horizontal (geralmente utilizando um software de análise linear); Calcular-se a rigidez de um pilar equivalente de seção constante, engastado na base e livre no topo, de mesma altura Htot, tal que, sob a ação do mesmo carregamento horizontal, sofra o mesmo deslocamento no topo (que pode ser calculado utilizando a equação da linha elástica de um elemento engastado numa extremidade e livre na outra). A Figura 7 ilustra o esquema estrutural para determinação da rigidez equivalente. Figura 7: Deslocamento do topo do pilar com rigidez equivalente ao pórtico. UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 10 Após determinar através de análise linear o deslocamento do pórtico, submetido a uma carga horizontal F, e sabendo que o deslocamento do topo do pilar, obtido através da equação da linha elástica, é dado por: pilar pilar EI HF )(3 3 (6) Igualando os dois deslocamentos pórticopilar , obtém-se a seguinte expressão para rigidez equivalente do pilar: pórtico pilar HF EI 3 )( 3 (7) 1.4.2 – Coeficiente γz (NBR 6118/2023 – item 15.5.3) O coeficiente γz é um parâmetro que avalia a importância dos esforços de segunda ordem global. Essa avaliação, válida apenas para estruturas reticuladas de no mínimo quatro andares, é efetuada a partir dos resultados obtidos em uma análise linear de primeira ordem, adotando-se a não-linearidade física aproximada no cálculo dos valores de rigidez (dados no item 15.7.3 da norma). O valor de γz para cada combinação de carregamento é dado pela seguinte expressão: dtot dtot z M M ,,1 ,1 1 (8) Onde M1,tot,d é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas as forças horizontais da combinação de carregamento considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura; Mtot,d é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na combinação de carregamento considerada, com seus valores de cálculo, pelos UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 11 deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos da análise de primeira ordem. Considera-se que a estrutura é de nós fixos se for obedecida a condição de γz < 1,1. Valores coerentes de γz são números pouco maiores do que 1 (um). Valores superiores a 1,5 revelam que a estrutura é instável e impraticável, já valores inferiores a 1 (um), ou mesmo negativos, são incoerentes e indicam que a estrutura é totalmente instável ou que houve algum erro durante o cálculo ou análise estrutural. Para valores coerentes de γz, isto é, um pouco superiores a unidade, de forma aproximada pode-se relacionar a parte decimal do número obtido à magnitude dos efeitos globais de segunda ordem na estrutura. Por exemplo: γz ≈ 1,0 (os efeitos de segunda ordem são praticamente inexistentes); γz = 1,15 (os efeitos de segunda ordem são aproximadamente 15% dos efeitos de primeira ordem). Para o cálculo do momento de tombamento e do momento de segunda ordem, devem se empregados os esforços no estado limite último. Para edifíciosde uso residencial submetido às ações permanentes (peso próprio da estrutura, alvenarias e revestimentos) e às ações variáveis (carga de utilização e vento), temos as seguintes combinações últimas de carregamentos: 1a Combinação: Considerando a carga de utilização como sendo a ação variável principal e o vento como ação variável secundária (multiplica as ações do vento pelo fator ψ0): n i ivif n i hifqifgif dtot dtot hH PP M M 1 0 1 0 ,,1 , )( Onde: (tabela 11.1 e tabela 11.2 da NBR 6118:2023). Com isso a expressão acima resulta em: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 12 n i ivi n i hiqigi dtot dtot hH PP M M 1 1 ,,1 , 84,0 84,0)(4,1 n i ivi n i hiqigi dtot dtot hH PP M M 1 1 ,,1 , )(4,1 (9) Onde: i é o número do andar considerado; n é o número total de andares do edifício; Pgi resultante vertical da carga permanente no andar i; Pqi resultante vertical da ação variável de utilização no andar i; γf é coeficiente de majoração das cargas no estado limite último (ELU); ψ0 é o fator de redução da combinação para o ELU para as ações varáveis secundárias. A favor da segurança pode ser tomado igual à unidade; δhi é o deslocamento horizontal na direção considerada do andar i; Hvi é a ação do vento resultante no andar i; hi é a distância do andar i até a base do prédio ou do seu ponto de engastamento. 2a Combinação: Considerando a carga de utilização como sendo a ação variável secundária e o vento como ação variável principal (multiplica as ações da carga de utilização pelo fator ψ0): n i ivif n i hifqifgif dtot dtot hH PP M M 1 1 0 ,,1 , )( Onde: (tabela 11.1 e tabela 11.2 da NBR 6118:2023). Com isso a expressão acima resulta em: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 13 n i ivi n i hiqigi dtot dtot hH PP M M 1 1 ,,1 , 4,1 4,1)7,04,1( n i ivi n i hiqigi dtot dtot hH PP M M 1 1 ,,1 , )7,04,1( (10) Das duas combinações de carregamento mostradas, percebe-se que a expressão (9) apresenta uma situação mais desfavorável que a expressão (10), como isso o vento deve ser considerado como ação variável secundária (expressão 9) no cálculo do coeficiente γz. 1.5 – Análise de Estruturas de Nós Fixos Nas estruturas de nós fixos, de acordo com o item 15.6 da NBR 6118:2023, o cálculo pode ser realizado considerando cada elemento comprimido isoladamente, como barra vinculada nas extremidades aos demais elementos estruturais que ali concorrem, onde se aplicam os esforços obtidos pela análise da estrutura efetuada segundo a teoria de primeira ordem. A análise dos efeitos locais de segunda ordem será feita de acordo com o que é apresentado no item 15.8 da norma, que trata da análise de elementos isolados e será abordada no estudo de pilares. Sob a ação de forças horizontais, a estrutura é sempre calculada como deslocável. O fato de uma estrutura ser classificada como sendo de nós fixos dispensa apenas a consideração dos esforços globais de segunda ordem. 1.6 – Análise de Estruturas de Nós Móveis Na análise estrutural de estruturas de nós móveis (item 15.7 da NBR 6118:2023), devem ser obrigatoriamente considerados os efeitos da não-linearidade geométrica e da UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 14 não-linearidade física e, portanto, no dimensionamento devem ser obrigatoriamente considerados os efeitos globais e locais de segunda ordem. 1.6.1 – Análise não-linear com segunda ordem De acordo com o item 15.7.2 da NBR 6118:2023, uma solução aproximada para a determinação dos esforços globais de segunda ordem consiste na avaliação dos esforços finais (primeira ordem mais os de segunda ordem) a partir da majoração adicional dos esforços horizontais (para a combinação de carregamento considerada) por 0,95γz. Esse processo só é válido para γz ≤ 1,3. 1.6.2 – Consideração aproximada da não-linearidade física Segundo o item 15.7.3 da NBR 6118:2023, para a análise dos esforços globais de segunda ordem, em estruturas reticuladas com no mínimo quatro andares, pode ser considerada a não-linearidade física de maneira aproximada, tomando-se como rigidez dos elementos estruturais os valores seguintes: Lajes: (E∙I)sec = 0,3∙Eci∙Ic Vigas: (E∙I)sec = 0,4∙Eci∙Ic para A’s ≠ As e (E∙I)sec = 0,5∙Eci∙Ic para A’s = As Pilares: (E∙I)sec = 0,8∙Eci∙Ic onde: Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto, incluindo, quando for o caso, as mesas colaborantes. Os valores de rigidez adotados são aproximados e não podem ser usados para avaliar esforços locais de seguunda ordem, mesmo com uma discretização maior da modelagem. 1.7 – Consideração da Imperfeição Geométrica As estruturas reticuladas, mesmo quando descarregadas, apresentam imperfeições geométricas no eixo dos seus elementos e elas devem ser consideradas na verificação do estado limite último. Essas imperfeições podem ser divididas em dois grupos: imperfeições UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 15 globais e imperfeições locais. No caso, maior interesse é em relação às imperfeições globais, pois essas podem comprometer a estabilidade das edificações. 1.7.1 – Imperfeições globais (NBR 6118/2023 item 11.3.3.4.1) Na análise global das estruturas reticuladas, sejam elas contraventadas ou não, deve ser considerado um desaprumo dos elementos verticais conforme mostra a Figura 8. O deslocamento máximo (δmáx) no topo do edifício é dado por: Hamáx (11) Onde: 2 11 1 n a e H 100 1 1 (12) Onde: H é a altura total da edificação, em metros; n é o número de pilares que contribuem para o efeito do desaprumo global e associados à altura H adotada. Figura 8: Imperfeições geométricas globais. Nas expressões anteriores devem ser obedecidos os seguintes valores limites para θ1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 16 θ1,mín = 1/300 para estruturas reticuladas e imperfeições locais; θ1,máx = 1/200. Para edifícios com predominância de lajes lisas ou cogumelo, considerar θa = θ1. Para pilares isolados em balanço, deve-se adotar θ1 = 1/200. A consideração das ações de vento e desaprumo deve ser realizada de acordo com as seguintes possibilidades: Quando 30% da ação do vento for maior que a ação do desaprumo, considera-se somente a ação do vento. Quando a ação do vento for inferior a 30% da ação do desaprumo, considera-se somente o desaprumo respeitando a consideração de θ1mín, conforme definido anteriormente. Nos demais casos, combina-se a ação do vento e desaprumo, sem necessidade da consideração do θ1mín. Nessa combinação, admite-se considerar ambas as ações atuando na mesma direção e sentido como equivalentes a uma ação do vento, portanto como carga variável, artificialmente amplificada para cobrir a superposição. A comparação pode ser feita com os momentos totais na base da construção e em cada direção e sentido da aplicação da ação do vento, com desaprumo calculado com θa, sem a consideração do θ1mín. O desaprumo não precisa ser considerado para os Estados Limites de Serviço. 1.7.2 – Imperfeições locais (NBR 6118/2023 item 11.3.3.42) As imperfeições geométricas locais, como o próprio nome evidencia,referem-se a um ponto específico da estrutura. Por exemplo, um desvio geométrico num lance de pilar que gera esforços adicionais devido à presença simultânea da carga vertical. Segundo a NBR 6118:2014, no caso de elementos que ligam pilares contraventados a pilares de contraventamento, usualmente vigas e lajes, deve ser considerada a tração decorrente do desaprumo do pilar contraventado, Figura 9-a. UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 17 No caso de dimensionamento ou verificação de um lance de pilar, deve ser considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retilineidade do eixo do pilar, Figuras 9-b e 9-c, respectivamente. Admite-se que, nos casos usuais, a consideração apenas da falta de retilineidade ao longo do lance de pilar seja suficiente. Figura 9: Imperfeições geométricas locais (NBR 6118:2023).
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