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embriologia do figado

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Embriologia 
Fígado e estruturas acessórias 
Introdução 
Para compreender o desenvolvimento do fígado e pâncreas, 
antes deve-se ter em mente como acontecem os 
dobramentos embrionários e a formação do intestino 
primitivo. 
Na 4ªs acontecem os dobramentos cefálico, caudal e lateral 
do embrião, e a partir deles o intestino primitivo será 
formado. A princípio, toda a região ventral do embrião 
(endoderme) está com um amplo contato com o saco 
vitelino, conforme os dobramentos acontecem, esse contato 
vai sendo limitado. 
Conforme os dobramentos cranial e caudal acontecem, um 
tubo vai surgindo no ventre do embrião, esse tubo é o 
intestino primitivo e ele será completamente limitado pelo 
dobramento lateral. Com a conclusão dos dobramentos, o 
intestino primitivo permanece em contato com o saco 
vitelino somente na região intermediária, que recebe o nome 
de intestino médio. 
O intestino primitivo então, é uma estrutura tubular formada 
por endoderme e mesoderme esplâncnico, com o conteúdo 
do saco vitelino em seu interior. Ao redor do mesoderme 
esplâncnico existe o celoma e externo a ele existe o 
mesoderme somático. 
O intestino primitivo pode ser dividido em intestino anterior, 
intestino médio (é a região que ainda tem contato com o 
saco vitelino) e intestino posterior. O intestino anterior é 
delimitado do meio externo pela membrana bucofaríngea e 
o intestino posterior é delimitado pela membrana cloacal. 
O intestino primitivo é responsável pela formação de todas 
as estruturas do sistema digestório e de grande parte das 
estruturas do sistema respiratório. Tanto o pâncreas quanto 
o fígado vão derivar do IA. 
Fígado, Vesícula e Vias Biliares 
No início da 4ªS, a partir da porção caudal do IA, surgirá uma 
evaginação ventral do endoderme da parede dessa região, 
que corresponde à porção proximal do duodeno, que 
receberá o nome de divertículo hepático (ou broto 
hepático). As células do divertículo vão se proliferar e ele vai 
se expandir para o septo transverso. 
Septo transverso é uma massa de mesoderme esplâncnico 
entre a cavidade pericárdica e a região do ducto vitelino. Essa 
massa tem a função de formar o mesentério ventral (origina 
o omento menor, o peritônio visceral do fígado e o ligamento 
falciforme) na região do intestino médio, originar o tecido 
conjuntivo do fígado (com participação do mesoderme 
lateral), o tecido hematopoiético (é importante lembrar que 
por volta da 5ªs. o fígado é o principal órgão de formação 
de células sanguíneas no feto) e as células de Kupffer. 
Com o crescimento rápido do divertículo e sua penetração 
no mesentério ventral, ocorre a divisão dele em 2 porções: 
A porção cranial e maior do divertículo é o primórdio do 
fígado. Suas células endodérmicas se proliferam e originam 
os cordões hepáticos e as células epiteliais de revestimento 
dos ductos biliares intra-hepáticos. 
A pequena porção caudal do divertículo vai originar a 
vesícula biliar, e o pedículo do divertículo vai se estreitar e 
forma o ducto cístico. Inicialmente, as vias biliares extra-
hepáticas são maciças, porém mais tarde se canalizam 
(graças a degeneração de células epiteliais) 
O pedículo que liga os ductos hepático e cístico ao duodeno 
se torna o ducto biliar. Inicialmente ele se prende à face 
ventral da alça duodenal, mas com o crescimento e rotação 
do duodeno, a entrada do ducto é levada para a face dorsal 
do duodeno. 
Entre a 5ª e a 10ª s. o fígado vai crescer rapidamente, passar 
a ocupar a maior parte da cavidade abdominal e seu lobo 
direito vai se tornar maior que o esquerdo. Entre 9ª e 10ªs. o 
fígado representa 10% do peso corporal pois é o momento 
em que se inicia a hematopoese (vai até o 7º mês) e a 
produção de células sanguíneas está muito grande. 
*A formação da bile se inicia na 12ªs. 
Com o desenvolvimento do fígado, suas células 
endodérmicas continuam a se proliferar e a se diferenciar 
em hepatócitos, que vão se organizar nos característicos 
cordões hepáticos. 
Conforme acontece o desenvolvimento e proliferação das 
células, os cordões hepáticos se anastomosam em torno dos 
primórdios dos sinusóides hepáticos, que se formam tanto a 
partir das veias umbilical e vitelina, quanto a partir de espaços 
entre os cordões hepáticos que passarão a ter um 
revestimento endotelial. 
Pâncreas 
Introdução 
Na mesma região onde se teve todo o processo de 
desenvolvimento do fígado, vai acontecer o 
desenvolvimento do pâncreas. Ele é um órgão que vai se 
formar a partir de dois brotos formados a partir de duas 
evaginações do endoderme, uma ventral e uma dorsal, na 
região distal do IA, bem próximo de sua junção com o IM. 
Os dois brotos que originam o pâncreas são o broto 
pancreático ventral (vai dar origem à cabeça e ao processo 
uncinado) e o broto pancreático dorsal (vai originar o corpo 
e a cauda do pâncreas). O broto dorsal é maior e mais cranial, 
origina a maior parte do pâncreas e se desenvolve entre as 
camadas de mesentério dorsal, enquanto o broto ventral se 
desenvolve entre as camadas do mesentério ventral. 
Com a rotação do duodeno o broto ventral é levado (junto 
do ducto biliar) para o dorso do embrião onde fica 
posteriormente ao broto dorsal. Os brotos se fundem mais 
tarde e ficam localizados junto da parede abdominal posterior. 
Com a fusão dos brotos ocorre a anastomose de seus 
ductos no parênquima do pâncreas. O ducto pancreático 
principal se forma a partir do ducto do broto ventral (e da 
parte distal do ducto do broto dorsal). A parte proximal do 
ducto do broto dorsal origina o ducto pancreático acessório 
(se abre na papila duodenal menor). 
Quanto a histogênese, o endoderme dos brotos forma uma 
rede de túbulos que compõe o parênquima do pâncreas. 
Além disso, logo no início do período fetal os ácinos já 
começam a se desenvolver a partir de agregados celulares 
ao redor das extremidades dos túbulos/ ductos primários. O 
mesênquima esplâncnico vai originar os septos interlobulares 
do pâncreas. 
É importante mencionar que no 3º mês já se formam as 
ilhotas de Langerhans, a partir dos grupos celulares que 
separam os túbulos primários do pâncreas, e no 5º mês a 
secreção de insulina já começa a acontecer. 
Malformações Congênitas 
Fígado 
As malformações do fígado são raras e geralmente se 
relacionam a variações na lobulação das estruturas (como 
uma duplicação da vesícula biliar) e também variações na 
formação de ductos (como a formação de um ducto 
hepático acessório ou obliteração de ducto biliar). 
Geralmente, essas alterações não tem grandes importâncias 
clínicas. 
Pâncreas 
A principal malformação do pâncreas é o pâncreas anular. 
Essa condição acontece quando, durante a migração do 
broto ventral para a região dorsal, o broto ventral se torna 
bífido (bilobado) e cada uma dessas porções migra por um 
lado do duodeno, com isso forma-se um anel ao redor do 
duodeno. Esse anel vai obstruir (completa ou parcialmente) 
o canal duodenal. Quando a obstrução é completa, recebe o 
nome de atresia duodenal, quando é uma constrição parcial,

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