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TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 4 Objetivo da disciplina 4 Objetivos específicos 4 Habilidades e competências a serem alcançadas 4 Ementa da disciplina 4 1. TRANSPLANTE RENAL 6 Aspectos gerais sobre transplante renal 6 2. DIETOTERAPIA PARA PACIENTES SUBMETIDOS AO TRANSPLANTE RENAL 19 Aspectos importantes acerca do contexto nutricional 19 Avaliação nutricional e terapia nutricional 22 Recomendações de energia 23 Recomendações de proteína 23 Recomendações de carboidratos e de lipídios 24 Recomendações de micronutrientes 25 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28 TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 3 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Objetivo da disciplina Discutir aspectos básicos sobre transplante renal, incluindo a dietoterapia associada. Objetivos específicos Abordar aspectos básicos sobre transplante renal. Discutir a dietoterapia associada ao transplante renal. Habilidades e competências a serem alcançadas Compreender aspectos básicos e gerais sobre transplante renal, bem como a dietoterapia associada. Ementa da disciplina A disciplina aborda aspectos gerais sobre transplante renal e a dietoterapia voltada para pacientes que foram submetidos ao transplante renal. As informações incluídas neste material são baseadas em órgãos de renome na área de Nutrição e Nefrologia. TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 5 1. TRANSPLANTE RENAL A doença renal crônica é classificada em estágios de acordo com a sua gravidade, sendo que nos estágios finais, onde a severidade da doença é maior, as possibilidades terapêuticas são as terapias dialíticas (hemodiálise e diálise peritoneal) e o transplante renal. Na presente seção, serão abordados aspectos básicos sobre o transplante renal, ao passo que na próxima seção será discutida a dietoterapia voltada para pacientes que foram submetidos ao transplante renal. Aspectos gerais sobre transplante renal O transplante renal é uma das terapias mais eficientes no tratamento de doença renal crônica, sendo compreendido como mais efetivo do que a terapia dialítica no que tange à redução do risco de mortalidade por todas as causas, incluindo doenças cardiovasculares, além de estar vinculado à melhor qualidade de vida (a terapia dialítica pode causar transtornos, complicações, sinais/sintomas etc.) Não obstante, aparentemente o transplante renal é mais custo- TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 6 efetivo do que a terapia dialítica a longo prazo, apesar de ser mais custoso no primeiro ano, de acordo com registros americanos (não há informações sobre registros brasileiros). Parece que os pacientes que têm mais vantagem no transplante renal são os pacientes com diabetes mellitus, haja vista que pacientes com idades entre 20 a 39 anos tendem a viver cerca de 8 anos na terapia dialítica e aproximadamente 25 anos após transplante renal. Os transplantes renais podem ser classificados segundo o tipo de doador em: doador vivo (doador vivo relacionado ou doador vivo não relacionado) e doador falecido. No que se refere ao transplante renal com doador vivo, este ocorre quando o doador não se encontra em morte encefálica, é saudável e sem contraindicações para a doação. De acordo com o grau de parentesco do doador com o receptor e com o tipo de compatibilidade genética, esse tipo de transplante pode ser: doador vivo relacionado e doador vivo não relacionado. O transplante do tipo doador vivo relacionado ocorre quando há relação de parentesco entre doador e receptor contemplada por lei, sendo considerado parente até o quarto grau de parentesco (primos diretos), segundo a lei brasileira. A classificação também pode ocorrer de acordo com o sistema HLA – Human Leukocyte Antigen. O doador HLA idêntico é aquele em que todos os antígenos do sistema HLA são semelhantes entre doador e receptor, o que só ocorre entre pais e filhos ou irmãos, no caso de os pais terem relação de consanguinidade. O doador HLA haploidêntico é aquele que tem metade dos antígenos HLA semelhantes – situação que pode ocorrer entre irmãos, pais e filhos, tios e sobrinhos, avós e netos. O HLA distinto ocorre quando não há qualquer semelhança nos antígenos HLA. Já o doador vivo não relacionado é aquele doador que não tem relação genética com o receptor – situação que ocorre no caso de cônjuges e amigos, por exemplo. O transplante renal ainda pode ocorrer com doador falecido, quando o doador sofreu morte encefálica, decorrente de traumatismo, de acidente vascular encefálico ou de outra patologia, em que não há parentesco entre doador e receptor. Aventa-se que o transplante renal com doador vivo parece ser TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 7 mais bem sucedido do que o com doador falecido em virtude do menor tempo de isquemia do órgão, haja vista que no transplante renal com doador vivo o doador e o receptor encontram-se em salas próximas, diminuindo o tempo em que o órgão permanece fora do corpo. É importante destacar que nem todos os pacientes são elegíveis para transplante. Dentre as contraindicações absolutas para o transplante renal, destacam-se: história recente de câncer (entre 2 a 5 anos, apesar de depender do tipo de tumor), quadro infeccioso, doença intratável ou grave (além da doença renal), a exemplo de doença cardíaca ou pulmonar, sem possibilidade de transplante combinado, uso de drogas ilícitas e histórico de má adesão ao tratamento clínico. Não obstante, alguns critérios de exclusão relativos para o transplante renal são anomalias urológicas ou vesicais graves, crianças com peso inferior a 15 kg, obesidade severa, ausência de suporte familiar ou social, doenças neuropsiquiátricas e doenças como oxalose primária e glomerulonefrite membranoproliferativa do tipo II. Os critérios de exclusão temporários são transfusão sanguínea há menos de 15 dias, quadro inflamatório agudo e doenças renais inflamatórias, ex.: glomerulonefrites. Salienta-se que idosos e pacientes com HIV (desde que submetidos ao tratamento adequado) também podem ser submetidos ao transplante renal, ao contrário do que se pensava no passado. Alguns autores pontuam que o tabagismo é uma contraindicação para o transplante renal, sendo que os pacientes são incentivados a abandonar o uso de cigarros antes do transplante. Isso porque tabagistas têm o dobro de risco de doenças cardiovasculares após o transplante renal. Caso o paciente permaneça tabagista e seja submetido ao transplante renal, ele tem o dobro de chances de mortalidade em 10 anos após transplante. Pacientes que já estão há muito tempo na terapia dialítica podem ter menos sucesso e tempo de vida com o transplante renal – não em razão do transplante em si, mas em virtude do elevado tempo de diálise que leva a complicações e agravos metabólicos. Usualmente, os pacientes só são submetidos ao transplante quando apresentam clearance de creatinina TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 8 inferior a 10 ml por minuto ou, em caso de receptores com diabetes mellitus e/ou idade inferior a 18 anos, 15 ml por minuto (há controversa na literatura em relação à determinação destes limites). Quando o paciente é submetido ao transplante renal antes mesmo de iniciar a terapia dialítica dá-se o nome de transplante preemptivo. Parece que cerca de 10% dos receptores encontram-se nessa situação (não foram submetidos à terapia dialítica antes do transplante renal). A lista de espera para o transplanterenal tem sido crescente, sendo que na atualidade estima-se que o tempo de espera na lista para o transplante renal seja de seis anos (porém, há variações regionais e geográficas). Após avaliação minuciosa do quadro do paciente, caso haja possibilidade de transplante renal, são realizados quatro passos: (i) avaliação imunológica, na qual avalia-se o tipo sanguíneo, faz- se a prova cruzada (crossmatch) e tipagem HLA, (ii) avaliação clínica e triagem de doenças infecciosas, ex.: hepatites B e C, HIV, HTLV I e II (vírus T linfotrópico humano), sífilis, doença de Chagas, vírus Epstein-Barr (EBA), citomegalovírus, toxoplasmose e tuberculose, além de complicações derivadas da terapia dialítica, ex.: anemia, doença mineral óssea, diabetes, dislipidemia, alterações na tireoide etc., (iii) avaliação de comorbidades, como doenças cardiovasculares (deve-se conduzir exames como eletrocardiograma e ecocardiograma) e neoplasias (avaliação de mamas e de colo de útero ou da próstata – para homens com idade acima de 45 anos, além de radiografia de tórax e ultrassonografia de abdome) e (iv) avaliação da anatomia dos vasos sanguíneos e do trato urinário, incluindo análise da capacidade da bexiga. Além destes pontos, deve-se proceder a avaliação psicológica e/ou psiquiátrica para verificar se o paciente apresenta riscos de não adesão ao futuro tratamento imunossupressor ou alguma outra condição/tendência que possa comprometer o sucesso do tratamento. Os principais exames aplicados na avaliação do receptor do transplante renal são os seguintes: TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 9 ● Tipagem do grupo sanguíneo ABO ● Tipagem dos antígenos HLA-A, B e DR ● Hemograma completo, glicemia de jejum, creatinina, ALT, AST, colesterol total e frações, triglicérides, urina I, proteinúria de 24 horas, clearance de creatinina, teste de tolerância oral à glicose (em indivíduos com histórico familiar de diabetes mellitus) ● Sorologias para hepatites B e C, doença de Chagas, HIV, HTLV I e II, sífilis, toxoplasmose, CMV e EBV ● Radiografia simples de tórax, eletrocardiograma e ultrassonografia de abdome total ● Avaliação urológica (triagem para câncer de próstata) nos homens acima de 45 anos ● Avaliação ginecológica (prevenção de câncer de mama e colo de útero) em mulheres acima de 40 anos ● Ecocardiograma e fundo de olho em indivíduos com histórico familiar de hipertensão arterial sistêmica ● Urografia excretor ● Aortografia abdominal (artérias renais) ou angiorressonância Como previamente mencionado, de acordo com a legislação brasileira os doadores de rim podem ser cônjuges, filhos, pais adotivos ou até quatro graus de parentesco. Não obstante, pode-se ainda aceitar um doador sem nenhuma relação de parentesco, mas que se comprove um vínculo afetivo entre doador e receptor, sendo necessária uma autorização judicial e uma avaliação do comitê de ética intra-hospitalar. Esse ponto é necessário para que se certifique de que a doação não tem vínculo financeiro ou algum tipo de coação envolvido. O doador deve ter idade superior a 18 anos e, normalmente, inferior a 80 anos, apesar de existir exceções em que o doador tem idade acima de 80 anos. TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 10 Após o doador ter sido considerado como elegível do ponto de vista legal e considerando sua idade, deve-se prosseguir com a triagem inicial, em que se avalia a compatibilidade sanguínea ABO com o doador – usa-se a mesma linha de raciocínio usada para transfusão sanguínea, ou seja: O é doador universal e só pode receber sangue do tipo O, ao passo que AB é o receptor universal, mas só pode doar para o tipo AB, enquanto A pode receber sangue do tipo A ou O, e B pode receber sangue do tipo B ou O. Há possibilidade de fazer o transplante com órgãos de doadores ABO incompatíveis se for necessário, desde que se faça um tratamento prévio ao transplante, o qual denomina-se dessensibilização. Vale salientar que o fator Rh – isto é, se o sangue é positivo ou negativo – não interfere na seleção de doadores. Depois de resolvida a questão da compatibilidade sanguínea, o doador deve ser submetido a um teste denominado de prova cruzada, sendo que uma prova cruzada positiva impede a doação. A metodologia mais utilizada para a condução da prova cruzada é a linfocitoxicidade dependente de complemento (CDC). O princípio do método é identificar anticorpos no soro do receptor que reagem contra o material genético do doador, principalmente contra o sistema HLA. No caso de doador falecido, o transplante renal só ocorre após confirmação da morte encefálica por pelo menos dois médicos que não façam parte da equipe de transplante, associado a um exame que comprove a ausência de fluxo sanguíneo e/ou de atividade elétrica cerebral. Após estes procedimentos, o transplante renal só ocorre após autorização da retirada de órgãos pela família (autorização por meio de documento com acompanhamento de duas testemunhas). Caso se comprove que o doador está livre de infecções e neoplasias (exceto por tumor cerebral ou de pele com baixo grau de invasividade) e com função cardiorrespiratória normal, o transplante renal pode prosseguir. Há ainda uma modalidade denominada de doador com critérios expandidos, que seriam indivíduos com idade superior a 60 anos ou com idade entre 50 e 60 anos com diagnóstico prévio de hipertensão arterial sistêmica, creatinina basal acima de 1,5 mg/dL ou morte cerebral por causa cardiovascular. Essa modalidade é TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 11 empregada para pacientes com reduzida expectativa de vida na terapia dialítica, seja pela presença de comorbidades ou pela idade avançada. Salvo algumas exceções (ex.: candidato ao transplante priorizado por ausência total de acesso para a diálise), receptor e doador, mesmo quando não vivo, devem ter o mesmo tipo ABO, compatibilidade HLA-A, B e DR, e prova cruzada negativa. Nestes termos, os órgãos são alocados para receptores que apresentam maior número de semelhança HLA com os doadores. Ainda em relação ao receptor, deve-se questionar o histórico de transfusões sanguíneas e gestações com intuito de predizer o risco de rejeição ao enxerto, pois, quanto maior o número de contatos com HLA prévios ao transplante, maior o risco de sensibilização. Usa-se o termo sensibilização quando na formação de anticorpos contra os antígenos HLA – situação que pode ocorrer quando o receptor entra em contato com material genético humano. Se o paciente tiver tido contato prévio com algum antígeno HLA, os anticorpos podem não ser passíveis de identificação nos testes imunológicos pré-transplante, mesmo existindo memória imunológica. Neste cenário, o quadro de rejeição com o transplante renal pode ocorrer devido à produção de anticorpos contra o HLA do doador. Pode-se ainda ocorrer rejeição mediada por anticorpos – evento que ocorre quando o anticorpo se liga ao antígeno HLA e, por consequência, ativa a via do sistema complemento e a produção do ataque à membrana, o que repercute na lesão celular do enxerto renal. Há, ainda, a possibilidade dos antígenos do tecido doador, chamados de aloantígenos, serem reconhecidos pelos linfócitos T do receptor, com consequente ativação linfocitária e síntese de mediadores inflamatórios, como a interleucina 2, que acabam por lesionar as células do enxerto renal e induzir rejeição aguda celular. O risco de rejeição ao transplante renal pode ser mitigado pela seleção assertiva de doadores,averiguado a presença de anticorpos pré-formados contra o HLA do doador. Além disso, após realização do transplante pode-se suprimir a resposta imunológica do receptor usando medicamentos imunossupressores com fim de evitar a ativação linfocitária. TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 12 A imunossupressão é compreendida como a principal forma de reduzir o risco de rejeição no transplante de órgãos, sendo, também, o principal modo de manejo da rejeição caso ela já esteja ocorrendo. Vale salientar, entretanto, que os imunossupressores não são isentos de efeitos adversos. No Quadro 1 são apresentados os principais medicamentos imunossupressores utilizados em casos de transplante e seus respectivos efeitos colaterais. Quadro 1. Medicamentos imunossupressores, mecanismos de ação e efeitos adversos. Medicamentos Mecanismos de ação Efeitos adversos Glicocorticosteroide Bloqueia transcrição de genes de citocinas Intolerância à glicose, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, ganho de peso, úlcera gástrica, osteoporose, miopatia, catarata e insônia Ciclosporina Inibe a calcineurina após a formação do complexo com ciclofilina, reduzindo a expressão de citocinas envolvidas na ativação linfocitária Nefrotoxicidade, retenção de sódio, hipertensão arterial sistêmica, hipercalemia, hipomagnesemia, hiperglicemia, intolerância à glicose, dislipidemia, hirsutismo, hiperplasia gengival, ginecomastia e neurotoxicidade Tacrolimo (FK506) Inibidor da calcineurina similar à Ciclosporina Similar à Ciclosporina, exceto diabetes, dislipidemia e alterações estéticas. Causa também náuseas, vômito e diarreia Azatioprina Análogo da purina, metabólito (6-TG), incorpora-se ao DNA e inibe a síntese de nucleotídeos, essenciais para proliferação de linfócitos e promielócitos Mielossupressão (citopenias) e disfunção hepática (raro) Microfenolato de mofetila Inibidor da enzima inosina monofosfato desidrogenase (IMPDH), que é indispensável para a síntese de novo das purinas durante a proliferação de linfócitos Diarreia, náuseas, dor abdominal e citopenias TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 13 Sirolimo (Rapamume) Inibidor da Mamalian Target of Rapamycin (mTOR), via responsável pela proliferação celular após ligação com a proteína ligadora do FK (FKBP) Proteinúria, dislipidemia, pneumonite, inibição da cicatrização e citopenias Medicamento antilinfocitária Anticorpos policlonais (contra especificidades antigênicas de diferentes células) ou monoclonais (especificidade para um único antígeno) que causam depleção ou imunomodulação de linfócitos de sangue periférico Maior incidência de infecções, especialmente as virais (citomegalovírus e poliomavírus) OKT3 (Muronabe – Orthoclone) Anticorpo monoclonal específico contra antígenos CD3 de linfócitos, resultando em depleção linfocitária intensa Febre, calafrios, edema pulmonar, complicações neurológicas, infecção e insuficiência renal Timoglobulina Anticorpos policlonais com ação citotóxica complemento- dependente com alvo em linfócitos T Doença do soro, calafrios, febre, artralgias, trombocitopenia e leucopenia Basiliximabe e daclizumabe Bloqueadores do receptor da interleucina 1, os quais são anticorpos monoclonais humanizados que se ligam à cadeia alfa do receptor da interleucina 2, indispensável à proliferação celular Choque anafilático com Basiliximabe (evento raro). É um dos medicamentos com menos efeitos colaterais Adaptado de Moura & Canziani, 2013. Os medicamentos imunossupressores mais utilizados em casos de transplante renal são ciclosporina, tacrolimo (inibidores da calcineurina), azatioprina, micofenolato (antiproliferativos), sirolimo, everolimo (rapamicinas) e esteroides. Em suma, o fim comum destes imunossupressores é suprimir a atividade de linfócitos. A TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 14 combinação mais comum usada no transplante renal é de três imunossupressores, sempre incluindo um esteroide, por exemplo: tacrolimo, prednisona e micofenolato. Em relação às complicações decorrentes do transplante renal, estas podem ser precoces, quando ocorrem nos primeiros três meses, ou tardias, quando ocorrem após três meses do transplante renal. As principais complicações precoces tendem a estar associadas à conservação do órgão, ao ato cirúrgico ou à resposta do sistema imunológico. Um exemplo de complicação precoce do transplante renal é a necrose tubular aguda, a qual é rara em transplantes com doador vivo, mas pode ocorrer em até 60% dos transplantes quando o doador é falecido (tende a ocorrer em razão do tempo de isquemia fria e da situação hemodinâmica do doador). Em casos de necrose tubular aguda pode haver necessidade de terapia dialítica na primeira semana que sucede o transplante renal. Não há um tratamento específico para o quadro, devendo-se ter atenção aos procedimentos pré-transplante, ex.: manejo adequado do doador e agilidade na alocação do órgão, de modo a evitar o tempo prolongado em isquemia fria (tempo que o rim permanece fora do corpo congelado e com solução de preservação). Além da necrose tubular aguda, pode ocorrer complicações cirúrgicas, a exemplo da fístula urinária, da trombose vascular e do hematoma perirrenal – situações que exigem reavaliação do cirurgião, porém, tendem a ser raras, ocorrendo em menos de 5% dos pacientes. No que tange à rejeição ao transplante renal, essa pode ter caráter agudo ou crônico, porém, na maior parte dos casos, a rejeição ocorre ainda nos primeiros três meses após o transplante renal. A prevalência de rejeição aguda parece ser entre 15 a 20% graças aos esquemas de imunossupressão usados na atualidade. A perda do enxerto no primeiro ano de transplante devido à rejeição não é comum e parece ocorrer em aproximadamente 3% dos casos de transplante renal. A rejeição ao transplante renal ainda pode ser categorizada de acordo com o tipo de resposta imunológica envolvida, podendo ser humoral (mediada por anticorpos – menos frequente e tende a ser precoce, dentro de 15 dias após transplante) ou celular (mediada por células T, podendo ser precoce, nos primeiros 60 dias após TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 15 transplante, ou tardia, após dois meses do transplante renal). Normalmente, o tratamento da rejeição ao transplante ocorre com a intensificação da imunossupressão. Em relação à morbidade e à mortalidade após transplante renal, as infecções oportunistas tendem a ser as principais causas, especialmente aquelas vinculadas à cirurgia e ao uso de sonda vesical de demora, a exemplo das infecções bacterianas da ferida operatória, as infecções urinárias e pneumonias por microrganismos presentes no ambiente hospitalar, além de infecções virais (ex.: herpes). Passados seis meses do transplante renal, o risco de infecção torna-se similar ao da população geral, devendo-se manter o esquema de imunossupressão, porém em intensidade baixa. Mesmo após um ano do transplante renal, o paciente ainda tem risco de perder o enxerto, sendo que as principais causas para tal são: nefropatia crônica do enxerto, óbito do rim funcionante e a recidiva de doenças glomerulares. Na primeira causa (nefropatia crônica do enxerto) pode ocorrer fibrose intersticial e atrofia tubular, o que pode estar vinculado à hipertensão arterial sistêmica, proteinúria e aumento progressivo de creatinina. Não há tratamento específico para nefropatia crônica do enxerto, devendo-se lidar com seus sinais/sintomas, ex.: uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) paracontrole da pressão arterial. Em relação à dietoterapia, o paciente deve voltar a seguir as instruções dietéticas pertinentes ao tratamento conservador. O paciente submetido ao transplante renal também está suscetível a ir a óbito por outras causas, como doenças cardiovasculares, sendo que o diabetes mellitus, a hipertensão arterial sistêmica e a disfunção do enxerto são fatores de risco para tal. O óbito ainda pode ser causado pela recidiva de doenças glomerulares, como glomeruloesclerose segmentar e focal, e glomerulopatia membranosa. Na desconfiança destes quadros, deve-se submeter o paciente à biópsia do enxerto renal para pacientes com proteinúria de 24 horas acima de 1 grama, com fins de diagnóstico precoce e estabelecimento de um tratamento efetivo para a possível correção do quadro. Finalmente, é importante destacar que além dos benefícios fisiológicos do transplante renal, evidências indicam que pacientes TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 16 submetidos ao transplante tendem a ter menor risco de depressão quando em comparação aos submetidos ao transplante dialítico. Ainda assim, comparados à população geral, os pacientes submetidos ao transplante renal tendem a ter maior prevalência de depressão, o que exige maior atenção e cautela da equipe de saúde ao tratar destes pacientes. TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 18 2. DIETOTERAPIA PARA PACIENTES SUBMETIDOS AO TRANSPLANTE RENAL O manejo nutricional de pacientes com doença renal é um dos mais complexos da área de Nutrição Clínica, sendo que as estratégias para pacientes com doença renal aguda e crônica são diferentes, do mesmo modo que as intervenções dietéticas nos vários estágios da doença renal crônica (tratamento conservador, terapia dialítica e transplante renal) também são distintas. Considerando a magnitude e a complexidade da dietoterapia envolvida na doença renal crônica, especialmente para pacientes submetidos ao transplante renal, essa seção destina-se a abordar este assunto em detalhes, levando em consideração o posicionamento recente de órgãos de renome na área da Nutrição e Nefrologia. Aspectos importantes acerca do contexto nutricional Antes de abordar as recomendações nutricionais para pacientes submetidos ao transplante renal é importante discutir algumas TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 19 questões relevantes do ponto de vista nutricional. Deve-se considerar que os pacientes submetidos ao transplante renal apresentam apenas um rim funcionante, logo, é uma tendência de que a taxa de filtração glomerular (TFG) destes pacientes não seja igual a de indivíduos saudáveis. Não obstante, é comum que estes pacientes apresentem comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica e proteinúria, o que agrava ainda mais a função renal. Estima-se que a TFG de pacientes após transplante renal mantenha-se semelhante a de um indivíduo com doença renal crônica em estágio 3, isto é, entre 59 e 30 ml por minuto. Neste cenário, alguns autores propõem que a classificação em estágios, de acordo com o grau de severidade da doença renal crônica, mantenha-se inclusive para pacientes após transplante renal. Com o objetivo de aumentar as chances de sucesso do tratamento após transplante renal, é necessário que os candidatos ao transplante sejam avaliados de forma criteriosa, tanto do ponto de vista médico (reveja requisitos e métodos utilizados na aula 01) quanto do ponto de vista nutricional. É preciso averiguar possíveis deficiências nutricionais, como deficiências de ferro, cobre, vitamina A, zinco, B6, B9 e B12, as quais podem levar à anemia, dentre outras deficiências que poderiam comprometer o estado de saúde do paciente. Similarmente, os excessos nutricionais também precisam ser averiguados e, se possível, corrigidos, por exemplo: hiperglicemia, resistência à insulina, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica etc. O estado nutricional do paciente (ex.: desnutrição, eutrofia, obesidade, sarcopenia) também precisa ser investigado, até para que se estime se o paciente conseguirá suportar os procedimentos durante e após o transplante renal, os quais podem levar o organismo a limites extremos. No período pós-transplante, os cuidados nutricionais não cessam, pois, como mencionado anteriormente, dependendo do caso (ex.: disfunção renal e rejeição ao enxerto) o paciente precisará seguir as mesmas instruções nutricionais aplicadas no tratamento conservador (vide apostila sobre manejo nutricional no tratamento conservador). Não obstante, é comum que após seis meses do transplante o paciente apresente TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 20 várias complicações relacionadas à nutrição, dentre elas: desnutrição energético-proteica, sobrepeso e obesidade, dislipidemia, intolerância à glicose, deficiências nutricionais etc. – situações que podem aumentar o risco de morbidade, de mortalidade e de perda da função do enxerto renal. O sobrepeso e a obesidade após o transplante renal podem ser derivados de várias situações, dentre elas o uso de imunossupressores (ex.: glicocorticosteroides), o que pode influenciar o apetite do paciente. Algumas evidências sugerem inclusive resistência à leptina por parte destes pacientes, visto que apesar dos altos valores circulantes deste hormônio, os pacientes relatam hiperfagia. Não obstante, observa-se ainda elevados níveis de neuropeptídio Y, que é um estimulador do apetite, o que poderia explicar também a hiperfagia e o sobrepeso/obesidade. Evidências ainda indicam que os esteroides tendem a estimular mais o ganho de gordura do que de massa magra nestes pacientes, fazendo com que o quadro de sobrepeso/obesidade sarcopênica seja comum em indivíduos submetidos ao transplante renal e em uso contínuo dessa classe de medicamentos. Interessantemente, parece que quanto mais jovem o receptor, maior o risco de sobrepeso/obesidade. Parece que a obesidade pode ter papel deletério e nocivo na função do enxerto, sendo que o número de néfrons parece não aumentar em decorrência do ganho de gordura corporal. Já a TFG poderia aumentar-se em razão da maior demanda metabólica derivada do sobrepeso/obesidade. Além deste ponto, deve-se interpretar a obesidade nestes pacientes como um fator de risco para o desenvolvimento de comorbidades, como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, hiperuricemia e, finalmente, de doenças cardiovasculares, as quais são compreendidas como a principal causa de mortalidade de pacientes adultos submetidos ao transplante renal. A obesidade é, ainda, um dos fatores que pode gerar complicações durante a cirurgia de transplante renal, como aumento no tempo de duração do ato cirúrgico, maior risco de complicações pós-operatórias, maior tempo de hospitalização, aumento nas chances de rejeição aguda e no retardo da função do enxerto. Apesar destas questões, destaca-se que a obesidade não é um critério de exclusão e/ou um fator TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 21 que impossibilite o transplante renal. De forma oposta, aventa-se que a desnutrição energético-proteica está presente em cerca de 15 a 20% dos receptores, os quais tendem a apresentar baixas concentrações de albumina sérica. Parece que o desenvolvimento de comorbidades e a insuficiência do enxerto renal podem agravar a desnutrição. Neste sentido, deve-se ter muita cautela ao submeter um paciente desnutrido ao transplante renal, pois o quadro pode agravar-seainda mais no período pós-transplante. Dentre os fatores que podem agravar a desnutrição após o transplante renal, destacam-se a predominância de catabolismo em virtude da imunossupressão, a presença de quadro infeccioso e a insuficiência do enxerto renal. Sabe-se que os glicocorticosteroides aumentam a gliconeogênese hepática, o que, por sua vez, leva ao catabolismo proteico, bem como permitem a maior ação de catecolaminas no tecido adiposo, induzindo a lipólise e a beta-oxidação. A acidose metabólica comum após transplante renal também é um fator catabólico. Outras complicações após transplante renal são: (i) hipertensão arterial sistêmica (mais comum em casos em que o doador apresentava a condição, com doador idoso, doador falecido ou derivado do uso de medicamentos no pós-transplante), (ii) diabetes mellitus (mais comum quando o receptor tem idade superior a 40 anos, histórico familiar de diabetes, obesidade, síndrome metabólica e pode ser derivada do uso de medicamentos no pós-transplante, ex.: corticosteroides, como tacrolimo), (iii) dislipidemia (hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e LDL elevado são as mais comuns e parecem ser derivadas do uso de medicamentos no pós-transplante, ex.: azatioprina e esteroides parecem causar hipertrigliceridemia, ao passo que ciclosporina e prednisona parecem causar hipercolesterolemia). Avaliação nutricional e terapia nutricional A avaliação nutricional de pacientes após transplante renal não é diferente daquela recomendada para pacientes em tratamento conservador ou terapia dialítica (reveja as apostilas sobre esse tópico). TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 22 No que se refere à terapia nutricional, apesar de existirem algumas recomendações específicas para o paciente após transplante, é preciso compreender que a dietoterapia deve ser adaptada às individualidades do paciente e necessidades/objetivos específicos de cada caso. Salienta-se, ainda, que há certa escassez na literatura no que concerne a recomendações específicas para pacientes após transplante renal, sendo que algumas das recomendações para estes indivíduos são extrapoladas daquelas utilizadas para pacientes com doença renal crônica ou, até mesmo, para indivíduos saudáveis (ex.: recomendações dietéticas de referência – DRIs). Recomendações de energia De acordo com as instruções apresentadas na última diretriz da BRASPEN (Brazilian Society of Parenteral and Enteral Nutrition) para pacientes com doença renal, imediatamente após transplante (até cerca de 6 semanas após cirurgia), recomenda-se de 30 a 35 kcal/kg/dia, pois este é um período de extremo catabolismo proteico. Já no período de transplante renal tardio (acima de 6 semanas após cirurgia), a recomendação é de 25 a 35 kcal/kg/dia, porém, se o paciente apresentar sobrepeso/obesidade ou em risco de desenvolver estes quadros, recomenda-se a oferta de 20 a 25 kcal/kg/dia, isso porque o sobrepeso ou a obesidade estão atrelados ao desenvolvimento de comorbidades e ao maior risco de mortalidade. A BRASPEN pontua que a recomendação de ingestão energética média para pacientes pós-transplante renal é de 25 a 35 kcal/kg de peso atual ou ideal/dia, devendo-se levar em consideração a idade, o gênero, o nível de atividade física, a composição corporal, os objetivos do peso corporal e a presença de comorbidades, incluindo quadro inflamatório. Segundo o KDOQI/Academy, a oferta de uma alimentação semelhante à dieta do mediterrâneo parece ter papel interessante em reduzir o risco de perda da função renal e do enxerto. Recomendações de proteína A recomendação de ingestão diária de proteína é de 1,3 a 1,5 gramas de proteína/kg de peso atual ou ideal durante o pós-transplante renal imediato e/ou se houver TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 23 rejeição aguda ao enxerto. Essa recomendação também é válida para aqueles pacientes que, por algum motivo, precisem de terapia dialítica (hemodiálise ou diálise peritoneal) após transplante renal. Já a recomendação de ingestão diária de proteína no pós- transplante renal tardio (após seis semanas do transplante renal) é semelhante à RDA (ingestão dietética recomendada, do inglês recommended dietary allowance), ou seja: em torno de 0,8 gramas de proteína/kg de peso. Deve-se avaliar o caso do paciente com cautela – averiguar seus parâmetros renais, seu estado nutricional e seu teor de massa muscular, de modo que a ingestão proteica não comprometa a função renal, mas também não induza a perda de musculatura esquelética. Se o paciente apresentar função renal anormal, por exemplo por rejeição crônica ao enxerto ou em caso de a TFG estar abaixo de 45 ml/min/1,73 m², a recomendação de ingestão proteica diária é de 0,6 gramas de proteína/kg de peso. Nestes casos, é imprescindível que se garanta a ingestão energética adequada, de modo a não comprometer a massa muscular do paciente e aumentar o risco de desnutrição energético-proteica. Recomendações de carboidratos e de lipídios Desde que o paciente não apresente comorbidades, como diabetes mellitus e dislipidemia, a oferta de carboidratos e lipídios será a mesma recomendada para a população geral, não havendo nenhuma especificidade quanto a estes nutrientes reportada pela BRASPEN em sua última diretriz para o paciente com doença renal crônica. Deve-se levar em consideração, entretanto, que mesmo pacientes sem as comorbidades pontuadas acima têm maior risco de desenvolvê-las após transplante renal, especialmente em virtude do tratamento medicamentoso empregado neste período. Neste cenário, é importante evitar o consumo de carboidratos simples e refinados, priorizando a ingestão de carboidratos complexos, ricos em fibras e com baixo/moderado índice glicêmico, bem como restringir o consumo de gorduras saturadas, trans, hidrogenadas, interesterificadas e colesterol, enfatizando o consumo de ácidos graxos instaurados, como os ômegas 3, 6 e 9. TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 24 Recomendações de micronutrientes Pacientes pós-transplante renal têm maior risco de desenvolver hipertensão arterial sistêmica em virtude da terapia medicamentosa empregada. Neste cenário, a restrição da ingestão de sódio poderia ser uma alternativa para mitigar o risco de hipertensão arterial sistêmica. Apesar da BRASPEN não fazer recomendações específicas de ingestão diária de sódio para o paciente submetido ao transplante renal, poderia se considerar a recomendação feita para pacientes com doença renal crônica, que seria de menos de 2,3 gramas de sódio por dia, com fins de evitar a hipertensão que, por sua vez, é um fator de risco direto para doenças cardiovasculares – principal causa de mortalidade do paciente adulto após transplante renal. Tal como pontuado para pacientes com doença renal em tratamento conservador ou dialítico, a restrição de potássio e de fósforo só seria necessária para pacientes que apresentassem hipercalemia ou hiperfosfatemia, devendo-se avaliar estes parâmetros com constância para aplicar as correções dietéticas, se o caso. Ressalta-se, no entanto, que a BRASPEN não faz recomendações ou alegações específicas sobre a ingestão de potássio e de fósforo para pacientes submetidos ao transplante renal. Em relação às demais vitaminas e minerais, a reposição via suplemento só é necessária caso se comprove a deficiência do nutriente por exames bioquímicos, exame físico e avaliação dietética. No Quadro 2 são apresentadas as principais recomendações nutricionais para o pacientesubmetido ao transplante renal. Quadro 2. Recomendações nutricionais para o paciente submetido ao transplante renal. Nutriente Recomendações nutricionais para o paciente submetido ao transplante renal Energia 30 a 35 kcal/kg/dia no pós-transplante imediato; 25 a 35 kcal/kg/dia no pós-transplante tardio; 20 a 25 kcal/kg/dia para pacientes com obesidade Proteína 1,3 a 1,5 g/kg/dia no pós-transplante imediato; 0,8 g/kg/dia no pós-transplante renal tardio; 0,6 g/kg/dia, se função renal anormal e/ou rejeição ao enxerto TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 25 Carboidratos e lipídios Priorizar carboidratos complexos e ricos em fibras, bem como ácidos graxos insaturados (ex.: ômegas 3, 6 e 9) Sódio Inferior a 2,3 gramas/dia Potássio e fósforo Restringir em casos de hipercalemia e/ou hiperfosfatemia Vitaminas e minerais Suplementar apenas se comprovada a deficiência nutricional 27 TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: TRANSPLANTE RENAL 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cuppari, L.; Avesani, C.M.; Kamimura, M.A. Nutrição na doença renal crônica. Manole, 1° Ed., 2013. 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