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Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 1/19 Em janeiro, época de chuva, registrou-se deslizamentos de taludes em diversos bairros da periferia de São Paulo. A prefeitua age rapidamente e convoca empresas de engenharia geotécnica para solucionar os problemas nas áreas que apresentam riscos iminentes de deslizamentos. Foi solicitado à sua empresa solucionar o problema próximo a uma favela, cujas casas encontram-se muito próximas aos deslizamentos. Sabe-se que a área era um bota-fora antes de ser ocupada por favelas e que o aterro foi executado sem controle tecnológico. Para agravar a situação, o talude em que houve deslizamento foi executado sem nenhum tipo de drenagem e tem aproximadamente 10,0 metros de altura. Foi programda e executada uma campanha de sondagens à percussão a fim de investigar o subsolo, executar perfis geológico geotécnicos (PGG) e coletar amostras. Com as amostras obtidas nas sondagens, foram realizados ensaios e obteve-se os parâmetros geotécnicos necessários para realização do projeto. Em uma reunião com a equipe foi decidido que a melhor solução para a situação seria escavar o solo superficial proveniente do deslizamento, executar a contenção com muro de gravidade e refazer o aterro com drenagem adequada para evitar novos escorregamentos. A sua participação no projeto envolve determinar os empuxos solicitantes no muro e as verificações de estabilidade. Para desenvolver seus conheciementos, você decidiu fazer o cálculo dos empuxos pelos métodos de Rankine, Coulomb e Culman. O PGG e a geometria do problema são apresentados a seguir: Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 2/19 88,00 SP-02 3 1 Superfície Atual Talude antes da ruptura 2 da ruptura Aterro antes Situação Atual 4 9 5 5 6 3 4 3 12 15 17 18 6,5 4 82,00 9 3,3 5 4 6 5 3 88,00 SP-02 1,0 3 3 1 2 Situação Projetada Reaterro 12 15 17 18 Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 3/19 Parâmetros geotécnicos Solo (kN/m³) sat (kN/m³) c (kN/m²) (º) 1 Argila siltosa 17,0 18,0 0,5 35 2 Argila siltosa 18,0 19,0 0,5 35 3 Areia argilosa 19,0 19,0 3,0 25 Cálculos e Resultados Neste exercício vamos primeiro fazer os cálculos do empuxo pelo método de Rankine e as devidas verificações. Depois faremos os cálculos do empuxo pelos métodos de Coulomb e Culman. 1. Método de Rankine Empuxo Ativo Tensões horizontais totais (Ha): Ha = ’Ha + u Onde: ’Ha - tensão horizontal efetiva devido ao empuxo ativo (EaH) u - pressão neutra u = a . ha Onde: a - massa específica da água (adotado 10 kN/m³) ha - altura de água até o ponto estudado ’Ha = ’V . Ka – 2.c.Ka 1/2 Onde: ’V - tensão vertical efetiva Ka - coeficiente de empuxo ativo c - coesão efetiva ’V = V - u Onde: V - tensão vertical total Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 4/19 V = . h + q Onde: - massa específica do solo h - altura de solo até o ponto estudado q - tensão devido à sobrecarga Ka = tg² [45º - ( 2) ] = tg2 (45 - 352) Ka= 0,27 Onde: - ângulo de atrito do solo ( º ) Como não há sobrecarga, q = 0,0 Ponto Va=.h+q (kN/m²) u=a.ha (kN/m²) ’Va=Va - u (kN/m²) ’H = ’Va x Ka - 2xcxKa 1/2 (kN/m²) Ha=’H+u (kN/m²) A 17x0 + 0,0 = 0,0 0,0 0,0 0,0x0,27 - 2x0,5x0,271/2 = - 0,52 0,0 B 17x6,5 + 0,0 = 110,5 0,0 110,5 110,5x0,27 - 2x0,5x0,271/2 = 29,3 29,3 Diagrama de tensões horizontais totais As tensões horizontais totais são iguais às efetivas pois como não há lençol d’água (furo de sondagem está seco) não tem pressão neutra. 1,0 3,3 6,5 A B Ha EaH 2,2 29,3 kN/m² MEaH G Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 5/19 Empuxo ativo por metro linear de muro (EaH) Sendo: EaH = área do diagrama de tensões horizontais totais Então EaH = 29,3 x 6,5 2 = 95,2 kN/m Verificação da Estabilidade Quanto ao Tombamento FS = MR MEaH 3,0 Momento atuante devido ao empuxo ativo (MEaH) MEaH = (Ri.di) = R1.d1 + R2.d2 + …….+Rn.dn Onde: Ri - força resultante em cada trecho R = EaH EaH - empuxo ativo EaH = 95,2 kN/m (ver página 4) di - braço entre a força Ri e o centro de rotação G MEaH = 95,2 . 2,2 MEaH = 209,4 kN.m Momento resistente devido ao peso do muro (MP) MP = PM1 . dM1 + PM2 . dM2 Onde: PMi - peso das partes muro di - braço entre a força e o centro de rotação G concr = 22,0 kN/m 3 - peso específico do concreto (adotado) Peso PM1 = Aseção . concr = [(2,3.6,5)2] . 22,0 = 164,5 kN Peso PM2 = Aseção . concr = (1,0.6,5) . 22,0 = 143 kN MR = MP = 164,5.1,5 + 143.2,8 MR = 647,2 kN.m Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 6/19 FS= 647,2 209,4 = 3,1 > 3,0 ok, o muro resiste ao tombamento. Quanto ao Escorregamento Fator de Segurança (Sem ação do empuxo passivo) FS = [(PM + PT + EaV) . tg SB] EaH 1,5 Onde: PM - peso total de muro: PM = PM1 + PM2 (ver página 5) PT - Peso de terra sobre a base: neste caso PT = 0,0 EaV - Componente vertical do empuxo ativo - como o tardoz (parede que está em contato com o solo) é vertical e o terrapleno é horizontal, EaV = 0,0 EaH - empuxo ativo EaH = 95,2 kN/m (ver página 4) SB - ângulo de atrito entre a base e o solo: SB=2.3 (adotado) - ângulo de atrito do solo = 35º (obtido pelo ensaio de laboratório) (º) SB (º) PT (kN/m) PM1 (kN/m) PM2 (kN/m) EaV (kN/m) EaH (kN/m) 35 23,3 0,0 164,5 143,0 0,0 95,2 2,8 1,5 PM1 MEaH G 29,3kN/m² B 2,2 EaH PM2 HaA MP 1,0 Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 7/19 FS = [(307,5 + 0,0 + 0,0) . tg 23,3] 95,2 FS = 1,4 < 1,5 O FS é menor do que o admissível. Portanto, deve-se encunhar a base de forma a aumentar o peso do muro e eventualmente considerar a componente horizontal do empuxo passivo (EpH). Os cálculos dos empuxos e as verificações quanto a estabilidade deveriam ser refeitos para uma nova geometria de muro. No entanto para este exercício adotaremos aceitável o valor de FS. Quanto à Ruptura da Fundação Os valores de max deve atender à seguinte relação: max adm Tensão Admissível (adm) - Com base no NSPT adm = NSPT (médio) 0,05 NSPT (médio) = 10 (na cota de assentamento do muro - ver aula de teoria de muros de arrimo, página 12/22) Cota de Assentamento NSPT(médio) adm = NSPT(médio) 0,05 (kN/m²) PM3 PM1 G EpH B EaH PM2 A A B PM1 PM2 EaH EpH G PM3 Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 8/19 82,00 10 200,0 Tensão Solicitante na base do muro (max e min) = Nb ( 6 . M b²) Onde: - tensão máxima ou mínima N- peso total b - largura da base do muro M - momento resultante no CG da base do muro PM2 MP CG PM1 B A 1,150,12 CG N Mr max min b Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 9/19 Momento de rotação (Mr) Mr = Ma - MP Onde: Mr - Momento resultante no centro geométrico (CG) da base do muro Ma - momento devido as componentes do empuxo ativo em relação ao centro geométrico (CG) da base do muroMa = MEaH = 209,4 kN.m (ver página 5/18) MP - momento devido ao peso do muro em relação ao centro geométrico (CG) da base. Sendo: MP=PM1.dM1 + PM2.dM2 = -164,5.0,12 + 143.1,15 MP = 144,7 kN.m Então: Mr = Ma - MP = 209,4 - 144,7 Mr = 64,7 kN.m Peso total no CG da base do muro (N) N= PM1 + PM2 N= PM1 + PM2 = 164,5 + 143 N = 307,5 kN Sendo: = Nb ( 6 . M b²) Então: máx = (307,5 3,3) + (6 . 64,7 3,3) máx = 210,8 kN/m 2 min = (307,5 3,3) - (6 . 64,7 3,3) min = -24,5 kN/m 2 Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 10/19 Como máx < adm ok! Conclusão: A geometria adotada para o muro de gravidade é suficiente para a contenção do maciço de solo. Para efeito deste exercício não efetuaremos a verificação da estabilidade global que será estudada na aula de estabilidade de taludes. 2. Método de Coulomb (para solos não coesivos) Empuxo Ativo (Ea) Ea = Pa = ( . H2 . Ka) 2 Onde: Pa - empuxo ativo resistido pelo muro - peso específico do solo na seção de ruptura Ka - coeficiente de empuxo ativo H 90- B F A C 90 PA W Terrapleno Tardoz PA = EA W=P F=R Polígono de Forças Ha = . H . ka Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 11/19 Onde: w - peso da cunha F - reação do maciço, formando um ângulo com a normal à linha do plano de ruptura BC PA - empuxo ativo resistido pelo muro. - ângulo entre a normal do tardoz e o empuxo ativo segundo terzaghi /3 2/3 - inclinação do tardoz H - altura do muro AB - parede do muro Para o muro de arrimo do exercício acima (pág. 2/18) temos: Ka = cos² ( cos² cos ( sen(+).sen(- cos(+).cos(- 1 + 2 6,5 82,00 3,3 1,0 1 Pa F ou força resistente Situação Projetada Ka = cos² ( cos² cos ( sen(+).sen(- cos(+).cos(- 1 + 2 Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 12/19 Adotando-se =/3 = 35/3 = 11,7º Ka = 0,25 Empuxo ativo resistido pelo muro (Pa): Pa = ( . H2 . Ka) 2 = (17,0 . 6,52 . 0,25)2 Pa = 89,8 kN/m Como: Ea = Pa Então: Ea = 89,8 kN/m Componentes horizontais e verticais do empuxo ativo: Se = 11,7º então: Ka = 1 + cos² (35 2 cos² 0cos( 11,7 sen(+5).sen(35-0) cos(11,7+0).cos(0-0 Ka = 0,67 2 1 + 0,98 0,42 0,98 Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 13/19 EaH = Ea . cos = 89,8.cos 11,7 EaH = 87,9 kN/m EaV = Ea . sen = 89,8. sen 11,7 EaV = 18,2 kN/m Comparando o empuxo EaH, calculado pelo método de Rankine e pelo método de Coulomb, nota-se uma diferença de 7,3 kN/m (ou seja, aproximadamente 8%). Sempre haverá uma dispersão de valores entre os diferentes métodos. Não podemos esquecer também que esta diferença provém dos arredondamentos feitos nos cálculos e da relação adotada para (/3 2/3). Oberve também que o solo do terrapleno apresenta coesão pequena. Lembre-se que o método de Coulomb vale para solos não coesivos. EaV Pa Ea EaH Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 14/19 3. Método de Culman Empuxo Ativo (Ea) Método gráfico (polígono de forças) Onde: - ângulo entre a normal da parede do muro e o empuxo ativo = /3 (adotado) = 35º/3 = 11,7º - ângulo de atrito do solo = 35º (ver página 2) - inclinação da cunha de ruptura Pa - empuxo ativo resistido pelo muro Ea - empuxo ativo P = W - peso de solo na cunha de ruptura T - força de aderência T = 0,0 (adotado) S - força de coesão R - força de atrito 6,5 Pa Ea T S R P=W Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 15/19 Neste método, são feitas várias tentativas dos valores de escolhidos arbitrariamente, até que se obtenha o maior valor de Ea. Adotar um valor de : - 1 = 50º Peso das cunhas de ruptura (W) P= W = . área da seção da cunha de ruptura Onde: - peso específico do solo = 17,0 kN/m³ (ver página 2) PABC = 17,0 . (5,5 . 6,5 2) PABC = 303,9 kN/m Força de coesão (S) 6,5 =35º1=50º Pa T B R 5,5 A SP=W C L = 8,5 =11,7º Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 16/19 S = c . L Onde: c - coesão (ver página 2) L - comprimento da linha de ruptura S = 0,5 . 8,5 S = 4,25 kN/m desprezível em relação à PABC Polígono de forças: P é conhecido P = 303,9 kN/m Se colocarmos P em alguma escala definida podemos extrair Pa graficamente. Então, medindo o comprimento das linhas Pa, no polígono de forças temos: 6,5 =35º 1=50º Ea=Pa T B R 5,5 A SP=W C =11,7º R Pa=Ea P Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 17/19 Pa = 78,7 kN/m Agora temos que repetir o método gráfico para vários valores de , até acharmos o maior valor de Pa, que corresponderá ao EaH. Adotaremos agora outro valor de : - 2 = 40º Peso das cunhas de ruptura (P) P = . área PABD = 17,0 . (7,8 . 6,5 2) PABD = 430,9 kN/m Força de coesão (S) S = c . L S = 0,5 . 10,1 S = 5,05 kN/m desprezível Do polígono de forças: Pa = 38,4 kN/m Adotaremos agora outro valor de : - 3 = 60º 6,5 =35º2=40º Pa T B R 7,8 A S P=W D L=10,1 PR Pa=Ea =11,7º Obras de Terra - Exercício - Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 18/19 Peso das cunhas de ruptura (P) P = . área PABE = 17,0 . (3,8 . 6,5 2) PABE = 210,0 kN/m Força de coesão (S) S = c . L S = 0,5 .7,8 S = 3,9 kN/m desprezível Do polígono de forças: Pa = 90,0 kN/m Das 3 cunhas estudas, adaota-se a de maior valor do empuxo. Agora apenas para efeito de conhecimento, vamos aumentar o valor da coesão de tal forma de o valor de S aumente: T - aderência T = 4,0 kN/m² (adotado) = 60º (adotado) Onde: T é parcela da força de coesão (S) 6,5 3=60º Pa T B R 3,8 A S P=W E =35º P R Pa L=7,5 =11,7º Obras de Terra - Exercício- Muros de Arrimo Prof. Mauro Hernandez Lozano www.dynamisbr.com.br - e-mail: mauro@dynamisbr.com.br 19/19 Peso das cunhas de ruptura (P) P = . área PABE = 17,0 . (3,8 . 6,5 2) PABE = 210,0 kN/m Força de coesão (S) S = c . L Onde: c - coesão c = 5,0 kN/m² (adotado) L - compromento da linha de ruptura S = 5,0 . 7,5 S = 37,5 kN/m Do polígono de forças: Pa = 54,9 kN 6,5 3=60º Pa T B R 3,8 A S P=W E =35º L=7,5 P-T=206 Pa R S =11,7º R S Pa P-T=206