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Infecção do Trato Urinário - ITU Urologia Compreende a colonização bacteriana da urina (invasão microbiana do aparelho urinário) e acometimento das estruturas do trato urinário (uretra → parênquima renal), e posterior início da sintomatologia. A localização da infecção categoriza a ITU em “alta” e “baixa”. Com relação às crianças, estas possuem grande risco para lesões graves, principalmente em crianças que apresentam um quadro de infecção de repetição, sendo isto um fator de risco para a evolução de uma lesão renal crônica na fase adulta. O diagnóstico definitivo é dado por meio de urinocultura, no entanto é fundamental antecipar o tratamento, visto que nem sempre está URC está disponível, bem como a ITU apresenta elevada incidência e alto grau de morbidade e mortalidade (a depender da situação do paciente, tais como os submetidos à terapia intensiva, ou os recém operados, etc). É de grande importância que haja uma atenção voltada para o exame físico e para os dados coletados a partir do exame microscópico da urina e tiras reagentes. EPIDEMIOLOGIA O gráfico mostra que os meninos recém nascidos apresentam considerável incidência de ITU, justamente por algumas doenças congênitas (distúrbios de formação do trato urinário) , entre elas a válvula de uretra posterior (uma membrana localizada na uretra prostática que impede a saída total da urina, levando a uma retenção urinária [hidronefrose] e posterior proliferação bacteriana). Passando essa fase inicial os homens permanecem vários anos sem apresentar ITU, voltando apenas na velhice. Essa infecção tardia é decorrente principalmente das doenças obstrutivas relacionadas à próstata. Já no caso das meninas, estas começam a apresentar as ITU logo quando bebês, visto que a uretra feminina é bem mais curta e qualquer infecção naquela região pode subir para bexiga. Um momento marcante de episódios de ITU nas mulheres é do início da fase escolar, devido à questão de má higiene pessoal; outro período de boom das infecções é no início da vida sexual, ocasionado pela baixa lubrificação durante o ato sexual e pelas DSTs. E por fim temos um aumento também durante a menopausa, porque a queda hormonal ocasionará atrofia de mucosa vaginal/uretral, bem como alterações da flora vaginal, diminuindo as defesas do organismo daquela região. De modo geral podemos considerar o sexo feminino sendo bem mais incidente do que o sexo masculino. CONCEITOS E TERMINOLOGIAS Com relação à ITU, esta pode estar relacionada a ação de outros agentes patogênicos, como vírus e fungos. No que tange à infecção bacteriana, é feita a localização dessa infecção, se ela é alta ou baixa; devendo-se também observar na URC a quantidade de unidades formadoras de colônias (UFC) presentes. Para se dizer que o paciente apresenta ITU, devem ser identificados no exame uma quantidade igual ou superior a 100.000 UFC por mL de urina. Caso a URC apresente uma quantidade inferior a esta, devem ser consideradas outras circunstâncias: ● Pct que já fazia uso de ATB (geralmente apresenta urocultura negativa nesses casos); ● Presença de uma bactéria gram+ (esta possui crescimento lento) ou outro organismo de crescimento lento; ● Se houve hiper-hidratação antes da coleta; ● Paciente não aguardou o tempo adequado para realização da coleta (o ideal é que seja a primeira urina da manhã, no jato médio, após a higienização da genitália e que seja realizado o descarte do primeiro jato de urina); ● Se houve contaminação da coleta. Esta pode ser classificada como: ● Com relação ao tempo: aguda ou crônica; ● Com relação à sua localização: alta (pct apresenta manifestação de sintomas sistêmicos e sintomas de infecção) ou baixas (acometimento restrito à bexiga; nesses casos normalmente o pct não apresentará febre, irá referir dor ao urinar, aumento da frequência das idas ao banheiro com redução do volume eliminado - polaciúria; geralmente este paciente não apresenta sintomas sistêmicos); ● Recorrente: é considerada uma infecção recorrente quando o pct apresenta 3 episódios documentados por ano; ● Reinfecção: casos em que ocorre uma nova infecção após a cura (nestes casos, o pct é acometido por cepas diferentes; ● Recidiva: recorrência da bacteriúria com o mesmo patógenos nas 3 semanas após o tratamento durante o qual a urina tornou-se estéril (lembrar de complicação de ITU). Patogênese Existem vários mecanismos de ação das bactérias que podem provocar ITU; durante o curso da infecção (fixação, invasão e replicação) e durante todo esse mecanismo que será visto os pacientes manifestarem sintomas : ● PILI (fímbrias) - adesividade celular; ● FLAGELO (antígeno H): Motilidade; ● ANTÍGENO H (capsular): resistência à fagocitose, maior virulência (em casos de vírus); ● ANTÍGENO O - Antigenicidade, Tipagem, Sorológica Vias de acesso para infecção ● Ascendente (mais comum); ● Hematogênica; ● Linfática; ● Contiguidade Para ter infecção urinária é necessário que hajam alguns fatores predisponentes, tudo que leva à estase urinária, qualquer que seja a patologia, sendo adquirida ou congênita, ela favorece o aparecimento da infecção. Ex: cálculos, refluxos, bexigas neurogênicas (principalmente as de baixa pressão), uma outra causa bastante predisponente são as causas iatrogênicas (manipulação inadequada, uso prolongado de sondas, etc). . Fatores de Risco ● Gravidez: as gestantes são um grupo com fator de risco importante para ITU; elas podem apresentar dilatação ureteral,esvaziamento vesical incompleto, pH urinário favorável à proliferação, bem como as diversas alterações hormonais que ocorrem nessa fase. Na presença de bacteriúria na gestante, há a necessidade de se iniciar o tratamento imediato devido aos riscos de parto prematuro e complicações. ● Urina residual na bexiga (em qualquer pessoa, como pode ser visto em condições de HPB, bexiga neurogênica); ● Refluxo vesicoureteral; ● Instrumentação do trato urinário: pacientes que possuem sonda, que foram cateterizados, que possuam alguma dilatação, qua foram submetidos à procedimento cirúrgicos ou passaram ou exames de cistoscopia (é necessário se ter muito cuidado; ● Obstrução ao fluxo urinário: pode ser por anomalias congênitas ou até mesmo por cálculos vesicais (a estase da urina favorece a proliferação bacteriana, por sua vez a distensão vesical reflete numa redução da capacidade de defesa da bexiga); ● Diabetes: estes pacientes possuem um conjunto de fatores associados que podemdesencadear no desenvolvimento de uma ITU (defeito nos fagócitos, doença microvascular, neuropatia vesical - bexiga já não tão funcional do ponto de vista neurológico, infecção iatrogênica, glicosúria). Nos casos de bacteriúria assintomática no diabético não há indicação de tratamento, diferente da gestante que é tratada mesmo diante de uma assintomatologia; ● Relações sexuais: devido ao trauma da uretra (Cistite da Lua de Mel); ● Uso de diafragma e espermicida; ● Prostatismos; ● Idade avançada. Principais agentes ● E. Coli - 80/95% ● Klebsiella ou Enterobacter - 10-40% ● Proteus, Morganella ou Providencia - 5-10%; ● Pseudomonas 2-10%; ● Sthaphilococcus epidermidis 2-10%; ● Enterococos 2-10%; ● Candida albicans 1-2%; ● Staphycococcus Aureus 1-% Fatores Predisponentes ● Alterações estruturais do sistema urinário que levam à estase urinária (cálculos, refluxo) – adquiridas ou congênitas; ● Alterações funcionais – bexiga neurogênica; ● Iatrogenia – manipulações inadequadas das vias urinárias, uso prolongado de sondas vesicais... Fator Bacteriano ● Presença de uma adesina na superfície da fímbria da bactéria gram negativa; ● Presença de um receptor na superfície da célula do hospedeiro – d manose (cistite), gal-gal (pielonefrite). Mecanismos de defesa da bexiga ● Washout (ato de urinar com frequência); ● Mucopolissacarídeos; ● Proteína de Tamm-Horsfall (as bactérias se aderem a ela, todavia se houver estase esse mecanismo pode favorecer a formação dos cálculos); ● IgA e IgG. Quadro Clínico O quadro clínico vai variar de acordo com a localização da infecção. Num paciente com ITU alta, este ira manifestar: mal estar, indisposição; disúria, polaciúria e/ou poliúria, urgência miccional, calafrios e/ou febre; dor lombar, abdominal e/ou hipogástrica; febre e/ou dor abdominal são incomuns nas crianças. Deve se ter um cuidado especial com crianças e idosos; visto que não irão manifestar os sintomas clássicos de dor, febre e calafrios; por sua vez esta criança pode não ganhar preso, apresentar irritabilidade, dificuldade de mamar; já nos idosos existe uma gama variada de sintomas, indo desde confusão mental até prostração. Pielonefrite = infecção urinária alta; Cistite = Infecção urinária baixa ● Manifestações sistêmicas incluem: febre, calafrios, prostração, indisposição. ● Manifestações urinárias incluem: aumento da frequência urinária, desconforto e ardência ao urinar, hematúria, urgência miccional. ● Manifestações digestivas incluem: náuseas e vômitos. Diagnóstico HISTÓRIA CLÍNICA: Investigar as manifestações sistêmicas, urinárias, digestivas e dolorosas. EXAME FÍSICO: Muitas vezes o paciente só apresentará dor na região hipogástrica ou Sinal de Giordano positivo. EXAMES LABORATORIAIS: O que vai definir realmente e confirmar a hipótese diagnóstica é o exame de urina/sumário de urina 1, o qual apresentará proteinúria discreta ou elevada, apresentará nitrito + (indicando bacteriúria) e leucócitos/piócitos aumentados, aumento do pH, hematúria. Neste sumário de urina deve se atentar para a presença de esterase leucocitária a depender da quantidade de leucócitos degenerados Já o agente etiológico será esclarecido através da urocultura (aqui, acima de 100 mil colônias já é considerado uma infecção urinária, e abaixo disso apenas uma contaminação – MAS LEMBRAR QUE A CLÍNICA É SOBERANA, visto isso, uma quantidade de leucócitos abaixo de 100 mil por campo não invalida a hipótese diagnóstica diante de uma clínica sugestiva) + TSA (teste de sensibilidade aos antibióticos – antibiograma). SUMÁRIO DE URINA + UROCULTURA + TSA Leucocitúria com Urocultura negativa: Pode se tratar de uma leucocitúria estéril, não provocada por uma infecção bacteriana/ITU; podendo ter como causas não identificadas as nefrites intersticiais (Nefropatia analgésica, Metilcilina, causas metabólicas, etc), Litíase e presença de corpo estranho; terapia com ciclofosfamida; Rejeição a Tx; Trauma Genito-Urinário; Glomerulonefrite (aguda e crônica); Neoplasias, Contaminação Vaginal, etc. Pode ser também uma leucocitúria estéril por uma infecção, necessitando métodos específicos de tratamento como a TB e outras Mycobacterias Atípicas, Fungos, Clamydia e Gonococcus, Cistite Viral (Adenovírus, Herpes), Leptospirose; Haemophilus Influenzae, Anaeróbios, etc. Ou até mesmo pode se tratar de infecções habituais com cultura negativa. TRATAMENTO INFECÇÃO ● BAIXA NÃO COMPLICADA (normalmente primoinfecção ou após vários anos sem ocorrer): O tratamento é curto, podendo ser em dose única (fosfamicina) ou tto de 3-7 dias (quinolonas). ● INFECÇÃO ALTA NÃO COMPLICADA: Tratamento de 07 a 14 dias, com cefalosporinas + amoxilinas + clavulonato (quinolonas podem ser usadas, mas têm sido evitas) ou SMZ+TM. ● INFECÇÃO RECIDIVANTES: Tratamento de 07 a 14 dias + supressão por 6 a 12 meses (antibiótico em baixas doses – ¼ da dose habitual). Utiliza-se nitrofurantoína (nome comercial: Macrodantina), que deve ser administrado de 6/6, o que pode gerar irritações gástricas. Já para a supressão recomenda-se a utilização de 1 cápsula à noite por 6 a 12 meses. ● INFECÇÃO COMPLICADA: Antibioticoterapia por até 6 semanas. PREVENÇÃO ● Ingestão de líquidos; ● Urinar com frequência e realizar micção completa; ● Tratar constipação intestinal (as bactérias que levam à infecção urinária são bactérias do tubo digestivo); ● Evitar banhos de espuma e com aditivos químicos, com higiene íntima adequada; ● Esvaziar a bexiga antes de dormir e após a atividade sexual; ● Reposição hormonal tópica na mulher em fase de menopausa - prevenir recidivas; ● Vacina – UROVAXON (vacina oral para ITU de repetição por E. coli) - tratamento realizado com 4 caixas, uso constante por três meses; a 4° caixa é dividida em 3 tomadas (primeiros 10 dias de cada um dos 3 meses seguintes), o tempo do tto é de 6 meses no total. . Infecção Urinária na Gravidez ● INCIDÊNCIA: A incidência varia entre 2 a 8%. ● BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA: Cerca de 20 – 30% das pacientes gestantes com bacteriúria assintomática podem desenvolver pielonefrite, portanto o tratamento é necessário, sendo o pico de incidência dessa patologia de 09 a 17 semanas de gestação. Ocorre devido ao relaxamento da musculatura lisa uretral e uretrovesical pela progesterona. ● COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS: Baixo peso fetal; Parto prematuro; Morte fetal; Pré-eclâmpsia; Anemia materna. TRATAMENTO: ● Tratar bacteriúria assintomática; ● O agente farmacológico deve ser eficaz contra o patógeno e livre de efeito danoso sobre o concepto; ● Ampicilina e cefalosporinas; ● Aminoglicosídeos – pielonefrite. Esse fármacosó é utilizado em situações de infecções muito graves, então se faz necessário um antibiótico de amplo espectro, todavia pode causar dano fetal. ! aminoglicosídeos são ototóxicos e nefrotóxicos, bem como são prejudiciais para o feto (danos no desenvolvimento do ouvido interno e até mesmo surdez) Infecção Urinária na Infância ● EXAMES LABORATORIAIS: Sumário de urina; Urocultura com antibiograma. ● INVESTIGAÇÃO: Criança de qualquer idade e sexo deve ser investigada após a primeira infecção. ● ROTINA NA INVESTIGAÇAO: solicitar USG de aparelho urinário; Uretrocistografia miccional; Urotomografia computadorizada; Cintilografia renal; Estudo urodinâmico. Tratamento p/ Pielonefrite: ● Internação; ● Medicação parenteral até 48h sem febre (penicilinas, cefalosporinas e aminoglicosídeos – 0 a 14 dias VO). Evitar quinolonas!! Elas podem alterar o crescimento da criança. Tratamento p/ Cistite: ● Dose única – fosfomicina; ● Tratamento curto – 3 dias – cefalosporinas ou sulfa; o Tratamento padrão – 7 a 10 dias. Recorrente ou complicada – realizar sup
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