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Tumores de Pâncreas e Periampulares 1 Tumores de Pâncreas e Periampulares PREVALÊNCIA 4 REVISÃO O tumor de pâncreas é principalmente do tipo histológico adenocarcinoma ductal, que acomete mais homens, 45 anos, negros, com história familiar de câncer de pâncreas, tabagistas e etilistas e de populações ocidentalizadas. Normalmente, localiza-se na cabeça do pâncreas. Em relação ao quadro clínico, o paciente é assintomático durante boa parte do curso da doença, o que tonra sua suspeita difícil e o diagnóstico muitas vezes realizado já em fase avançada, incurável. Quando sintomático, o paciente apresentará icterícia, dor abdominal e perrda ponderal. A icterícia é colestática e vem acompanhada de colúria e acolia fecal. A dor abdominal pode ser inespecífica e mal localizada ou mais característica, epigástrica, irradiando-se ao dorso e com intensidade variável. A perda ponderal patológica 10% em 6 meses ou 5% em um mês) com síndrome consumptiva é um sinal de alarme. Pode haver anorexia, náuseas, vômitos, início ou descompensação da DM — o único sinal precoce para a detecção do tumor de pâncreas é a instalação ou piora súbita da DM, porém é um sinal muito inespecífico. Ao exame físico, um sinal característico é a vesícula de Courvoisier-Terrier, uma vesícula sobredistendida e palpável no hipocôndrio direito, indolor. O principal exame diagnóstico é a TC de abdome com contraste, onde será visualizada uma lesão sólida, heterogênea e de limites mal definidos na cabeça do pâncreas. A RNM é mais sensível e pode ser utilizada na impossibilidade da TC. Como achados laboratoriais temos a elevação de bI, FA, GGT e transaminases, mas o diagnóstico é firmado por exames de imagem. O estadiamento é obtido completando-se a TC de tórax, abdome e pelve, com contraste. Apontam para doença incurável a presença de metástase e invasão vascular adjacente. Tumores de Pâncreas e Periampulares 2 O marcador sérico do câncer de pâncreas é o CA19.9 não tem proposta diagnóstica e tem maior papel no seguimento pós-tratamento. O tratamento do tumor da cabeça do pâncreas é a sua ressecção cirúrgica através da gastroduodenopancreatectomia (cirurgia de Whipple). É uma cirurgia agressiva, de alto risco operatório e aalta morbidade cirúrgica. Em relação à doença incurável, temos que: A doença metastática aponta para a doença incurável. As metástases mais comuns sãohepáticas (nódulos hipoatenuantes hepáticos) e pulmonares (nódulos sólidos pulmonares). Também podem haver metástases peritoneais e carcinomatose peritoneal, que se manifesta por ascite, nódulos peritoneais, espessamento omental, nódulo periumbilical de Sister Mary Joseph e prateleira de Blummer ao toque retal. Também são consideradas metástases as lesões linfonodais distantes Virchow — supraclavicular esquerdo, e Irish — axilar esquerdo). A doença localmente avançada com invsão vascular também aponta para doença incurável. Devemos ficar atentos para a invasão da artéria mesentérica superior e tronco celíaco, assim como da veia mesentérica superior e veia porta. O paciente com doença incurável é grave e tem sobrevida média baixa, menor que 6 meses. Assim, é submetido ao tratamento quimioterápico paliativo, sem intenção de cura. Também é necessário paliar a icterícia e garantir uma via alimentar e controlar a dor para que o paciente tenha qualidade de vida. A paliação da icterícia é feita pela drenagem da via biliar — idealmente, drenagem endoscópica, com passagem de prótese biliar por CPRE. Entretanto, a presença do tumor pode impedir tecnicamente a passagem da prótese. Nesses casos, faz-se a drenagem biliar percutânea DTPH drenagem transparieto-hepática). A derivação biliodigestiva cirúrgica é feita de exceção, em casos seletos e que não responderam às alternativas anteriores. A garantia da via alimentar é importante pois pode haver obstrução duodenal pelo tumor. O contato arterial inferior a 180º ou a invasão venosa de possíviel reconstrução apontam para um tumor borderline para ressecção. Esses pacientes idealmente são submetidos à quimioterapia neoadjuvante para controle e Tumores de Pâncreas e Periampulares 3 redução da doença inicial. Caso haja boa resposta em um novo exame de estadiamento, esses tumores podem ser então submetidos a tratamento cirúrgico. Os diagnósticos diferenciais incluem: Coledocolitíase: a vesícula não é capaz de formar a vesícula de Courvoisier. Tumores periampulares: os tumores periampulares (ocorrem ao redor da papila duodenal) incluem os tumores de cabeça de pâncreas, colédoco distal, papila e duodeno. São todos adenocarcinomas e têm clínica semelhante ao tumor de cabeça de pâncreas (síndrome colestática + alarme de perda ponderal), sendo que o tumor de cabeça de pâncreas é o mais frequente. O manejo é semelhante ao tumor de cabeça de pâncreas: realiza-se o estadiamento com TC de tórax, abdome e pelve e, na ausência de metástases ou invasão local, prossegue-se à ressecção cirúrgica por gastroduodenopancreatectomia. Se for constatada doença incurável, segue-se à paliação. Apesar de menos frequentes, os tumores duodenais são de importante relevância clínica, uma vez que apresentam melhor prognóstico que as lesões primárias das vias biliares e pancreáticas. Assim como os outros tumores periampulares, são adenocarcinomas (tumores de origem epitelial glandular) e o diagnóstico diferencial pré-operatório acaba sendo de difícil realizaçao. A apresentação clínica é bastante variável, sendo a maioria dos diagnósticos feito de forma incidental. O tratamento é a ressecção com margem livres macro e microscópicas da lesão, a gastroduodenopancreatectomia. O colangiocarcinoma distal é um tumor primário da via biliar originado no ducto colédoco (via biliar comu) e, devido à sua localização particular, apresenta melhor prognóstico que o restante das lesões malignas da via biliar. A apresentação clínica é bastante típica e semelhante ao tumor de papila duodenal, uma vez que ocorre o crescimentot do tumor para dentro da luz da via biliar, causando sua obstrução e icterícia. Todavia, diferente das lesões pancreáticas e benignas da via biliar, a icterícia apresenta Tumores de Pâncreas e Periampulares 4 comportamento flutuante, com períodos de exacerbação e melhora. Isso ocorre devido ao crescimento do tumor acima de sua capacidade de suprimento nutricional e consequente necrose celular. O tratamento é a cirurgia de Whipple e, nesses casos, dificilmente há necessidade de drenagem pré-operatória da via biliar, justamente pelo comportamento flutuante da obstrução. O adenocarcinoma do pâncreas pode ocorrer fora da cabeça do pâncreas, ou seja: no corpo e na cauda. Isso é um fator de mau prognóstico e um problema, pois esse paciente não apresentará o sintoma-chave: a icterícia. Esse paciente apresenta sintomas inespecíficos de dor abdominal, hiporexia, náuseas e vômitos, associados ao alarme de perda ponderal. O manejo é semelhante aos tumores da cabeça do pâncreas: realiza-se o estadiamento tomográfico e, se doença curável, procede-se à remoção cirúrgica, agora com a pancreaatectomia do corpo caudal. Tumores Císticos do Pâncreas A imensa maioria é assintomática e tem diagnóstico incidental. Acomete principalmente mulheres. O pseudocisto é a lesão cística mais frequente. O cisto simples é um cisto epitelial, verdadeiro, porém raro, e de pouca relevância clínica. O tumor de Frantz é um tumor misto, sólido cístico e pseudopapilar. Acomete mulheres jovens e tem potencial alto de malignização. À imagem, comporta-se como lesão com componente sólido e cístico, podendo haver calcificações. O cistoadenoma seroso é um tumor seroso cístico, com cistos grandes. Acomete mais mulheres e tem potencial nulo de malignização. À imagem, comporta-se como lesão macrocística com aspecto típico ˮem favo de mel .ˮ O cistoadenoma mucinoso é um tumor mucinoso cístico, com cistos pequenos. Acomete, praticamente, apenas mulheres adultas e tem potenicalintermediário de malignização. A imagem comporta-se como lesão unilocular, com septações grosseiras ou calcificações. A neoplasoa mucinosa intrapapilar ductal IPMN acomete mulhere e homens em igual frequência e o seu potencial de malignidade depende de fatores de Tumores de Pâncreas e Periampulares 5 risco. À imagem, pode-se observar dilatação de ductos pancreáticos ou comunicação com o ducto pancreático.
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