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Psicologia Médica 1. Definir resiliência Conceito A resiliência pode ser vista como a capacidade do indivíduo de passar por experiências de adversidade e sair fortalecido/ modificado delas. No campo da física, refere-se a habilidade de uma substância voltar ao seu estado original quando uma pressão que estava sendo aplicada sobre ela é removida, o que denota a flexibilidade. *Vulnerabilidade é um termo muito associado à resiliência A resiliência se associa à superação de um sofrimento de diferentes contextos (pobreza, violência, catástrofe, acidentes, etc.), isso a diferencia de resistência. Alguns pensadores associam a resiliência somente com situações graves, enquanto outros acreditam que pequenos problemas do cotidiano também possam ser enfrentados com resiliência Quando os fatores de proteção sobrepõem os de risco, a resiliência pode acontecer mais “facilmente”. A resiliência é um comportamento que pode ser ensinado e aprendido. Pessoas resilientes, diante das adversidades, buscam boas expectativas em relação ao futuro e forças para o enfrentamento de seus desafios no presente. Essas pessoas lidam com as situações negativas ou as abstraindo sobre a forma de humor (o que as ameniza) ou racionalizando elas, transformando o sofrimento em aprendizado Na saúde a resiliência deve ser discutida tanto na perspectiva do paciente quando do médico, uma vez que os pacientes podem atuar como fatores de risco ao médico por, mesmo que inconscientemente, induzirem ele a desistir. Vale ressaltar a existência de escalas para se medir resiliência, como a “Escala de Resiliência de Wagnild e Young”, a “Escala de Bem-Estar Subjetivo” e a “Escala dos Pilares de Resiliência” Eixos de comportamento que favorecem a Resiliência *Todos podem ser aprendidos ●Autoconceito positivo que leva a pessoa a possuir uma boa autoestima e uma boa autoimagem, o que caracteriza um comportamento autoconfiante. ●Outro eixo é a relação flexível com a circunstância dolorosa, o que pode levar a pessoa a possuir atitudes no sentido de autopreservação e crescimento. ●O último eixo é a dimensão temporal no qual a pessoa resiliente é capaz de aproveitar do passado (lembranças) e do futuro (metas e objetivos) em favor do presente Pilares da Resiliência ●A resiliência é sustentada pela introspecção, que é a arte de se perguntar e de se responder honestamente ●Independência (se tem claro o conceito da realidade) que permite um julgamento de situações externas sem influência de desejos individuais que distorcem a realidade. É um pilar que fica . enfraquecido em pacientes acamados ou debilitados. Na área da saúde é o pilar que mais fica fragilizado ●Capacidade de se relacionar com os outros, humor e criatividade (no sentido de buscar soluções para seus problemas) Fatores de Proteção São aqueles que potencialização a resiliência por contribuir para a ressignificação/ superação das situações estressantes. O suporte social (escolas, trabalho, centros religiosos, serviços de saúde, etc.), constituído pela família (laços familiares estão muito relacionados ao apoio emocional), profissionais da saúde e grupos de apoio, é o principal fator de proteção para a resiliência na saúde. O otimismo, espiritualidade e controle de impulsos também são importantes fatores de proteção *Ser fator de proteção de alguém exige que a sua própria resiliência esteja consolidada No câncer, por exemplo, o fator de proteção mais relevante é o relacionamento de apego e segurança entre o paciente resiliente e uma pessoa importante para ele Fatores de Risco São fatores que desencadeiam a necessidade de se tornar resiliente ou que diminuam/ prejudiquem a resiliência de alguém. Os clássicos são eventos negativos, desorganização familiar, doenças, perdas significativas, violência, condições de pobreza e rupturas na família 2. Caracterizar a depressão (sinais, características e tratamento) Características O transtorno de depressão (Cid 10: F32 a F33), atualmente, é o termo empregado para descrever um predomínio de sentimentos de tristeza ou vazio que são intensos ao ponto de ocasionar a perda da capacidade de realizar atividades cotidianas, de sentir prazer nessas atividades e a redução do interesse para tudo. Alguns autores associam a depressão à fadiga constante, retardo psicomotor, cansaço exagerado e falta de energia A depressão pode surgir depois de uma perda ou de um acontecimento traumático. É uma tristeza desproporcional ao acontecimento e que dura mais tempo do que o esperado. Ela pode começar a qualquer idade, incluindo a infância. Um episódio de depressão não tratado costuma durar cerca de 6 meses, mas pode se prolongar por anos *Episódios tendem a se repetir diversas vezes durante a vida Causas A depressão possui causas genéticas (representa 40% da suscetibilidade para o desenvolvimento da depressão), bioquímicas (deficiência de determinadas substâncias cerebrais como serotonina, dopamina e noradrenalina influem no aparecimento do transtorno depressivo) e eventos estressantes. Perdas grandes ou traumas podem desencadear o transtorno em pessoas com uma pré-disposição genética. *A personalidade da pessoa e fatores ambientais (como violência, negligência ou pobreza) aumentam a possibilidade de se desenvolver depressão . Sinais O principal sintoma da depressão é o humor depressivo. Ele é caracterizado como uma tristeza muito grande associada a autodesvalorização e culpa constante. O paciente acredita que perdeu a capacidade de sentir prazer ou alegria e a sensação de “vazio” é muito mencionada Retardo motor, falta de energia, insônia ou sonolência aumentada, alteração no apetite e no interesse sexual, e surgimento de dores e sintomas físicos difusos Além dos sintomas emocionais, a depressão também dá sinais físicos. Entre eles: ●Dores de barriga, má digestão, azia, constipação, flatulência ●Tensão na nuca e nos ombros ●Dores de cabeça, dores no corpo, pressão no peito ●Queda da imunidade Diagnóstico O diagnóstico da depressão é clínico, feito pelo médico após coleta completa da história do paciente e realização de um exame do estado mental. Não existe exames laboratoriais específicos para diagnosticar depressão. *É uma doença com vários subtipos Tratamento Por ser uma doença crônica, recorrente, de elevada prevalência e ser a mais associada ao suicídio, exige uma atenção grande dos médicos. O tratamento depende da gravidade e do tipo da depressão. Geralmente é medicamentoso (antidepressivos) e psicoterápico (apoio psicológico). A maioria das pessoas com depressão não precisa de hospitalização, porém, quando existem ideações suicidas ou um enfraquecimento físico decorrente da doença, deve-se realizar a internação *Estatísticas mostram que uma identificação precoce e um tratamento adequado pode apresentar até 90% de eficácia Depressão X Tristeza A sensação de depressão pode ser momentânea em alguns pacientes. Seja em determinados locais que geraram algum trauma, ou datas de acontecimentos que ocasionaram um sentimento de tristeza muito grande, não se caracteriza essa sensação como um transtorno depressivo, mas sim como tristeza. A grande diferença desses dois termos é o tempo de duração e o grau de influência/ intensidade sobre atividades do cotidiano. Enquanto a tristeza dura algumas horas ou dias, o transtorno depressivo pode durar anos. Além disso, a tristeza não interfere tanto no cotidiano das pessoas como a depressão, pois mesmo triste pode-se realizar tarefas simples do cotidiano A causa também é um diferencial entre tristeza e depressão, uma vez que a causa da tristeza quase sempre é bem definida (o que facilita a superação), já a depressão não. Sua causa é muito abstrata e geralmente se associa a traumas que nosso inconsciente “esconde” de nós para nossa própria proteção
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