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organização de
Antonio Carlos Barossi
O edifício da FAU-USP
de Vilanova Artigas
O edifício da FAU-USP
de Vilanova Artigas
realização
patrocínio
obras fundamentais 
v. 2
organização de
Antonio Carlos Barossi
O edifício da FAU-USP
de Vilanova Artigas
5
Um conselho profissional 
a serviço da sociedade
A missão do Conselho de Arquitetura e Urbanismo é orientar, disciplinar e fiscalizar o exer-
cício profissional, conforme parâmetros éticos e atento à adequada formação acadêmica. 
Resultado de décadas de reivindicação da categoria, o CAU é uma autarquia federal criada 
pela lei 12.378, de 2010, sendo dotado de personalidade jurídica de direito público. Tem sua 
sede em Brasília (CAU/BR), com uma representação em cada unidade da federação (CAU/UFs).
Quase metade dos profissionais ativos no país, aproximadamente 55 mil arquitetos e 
urbanistas, está radicada em São Paulo, o que amplia o desafio do CAU/SP no trabalho 
permanente pela regulamentação e aperfeiçoamento da profissão.
 A valorização profissional frente às discussões sobre mobilidade e acessibilidade urbanas, 
atribuições profissionais, campanhas pela habitação social e preservação do patrimônio 
arquitetônico, sustentabilidade e ética são questões primordiais para o Conselho.
 Para isso, o CAU conta com os avanços da tecnologia de informação – que suportam 
suas ações de fiscalização e a relação direta com os profissionais –, estruturado por sedes 
regionais de atendimento, distribuídas em dez municípios, além da sede na capital paulista.
O patrocínio de eventos e publicações relacionadas à Arquitetura e Urbanismo faz parte 
das iniciativas do nosso Conselho. Neste caso, a participação na publicação de uma obra 
como o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, se reveste de grande 
importância, por se tratar de um dos ícones da Arquitetura moderna brasileira e mundial, 
concebida pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas, que é um marco na produção da 
arquitetura paulista.
O conceito de sua criação, seus espaços, sua estrutura e suas soluções arquitetônicas 
são um ótimo exemplo a ser divulgado, demonstrando nesta publicação, a importância desse 
marco arquitetônico e o justo e necessário esforço para a impressão deste livro, que assim 
poderá ser levado ao amplo conhecimento dos estudantes de arquitetura, dos arquitetos e 
urbanistas, e da sociedade em geral.
Assim, o CAU/SP está colaborando para a divulgação de nossa profissão e valorizando 
o papel de arquitetos e urbanistas na sociedade e na cultura brasileira.
 
Gilberto Belleza
Presidente do CAU/SP
1. Vista do peristilo norte, 1970.
2. Rampas da FAU-USP (p. 6-7), 2010.
“Para conhecer as coisas, há que dar-lhes a volta, dar-lhes a volta toda.” 
José Saramago
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sumário
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Apresentação | Fábio Valentim
Introdução | Antonio Carlos Barossi
João Batista Vilanova Artigas | Rosa Artigas
parte 1
Arquitetura e construção
Desenhos e imagens
Plantas, cortes, elevações e fotos | Antonio Carlos Barossi e Guilherme Pianca Moreno
Construção | Antonio Carlos Barossi
Terrapleno
Fundações 
Estrutura
Cobertura
Vedos
Paramentos
Pavimentos
Vãos
Equipamentos eletromecânicos
Equipamentos hidrossanitários
Paisagismo
Sinalização: letras da FAU-USP | Priscila Lena Farias
Mobiliário: sobre o mobiliário original | Lucinda Ferreira Prestes
Programa
Arquitetura do aprendizado e da formação: usos e áreas | Antonio Carlos Barossi
Processo
Breve crônica da construção da FAU-USP | Felipe de Araújo Contier
Referências
O templo-escola de Vilanova Artigas | Ana Paula Pontes
Linha do tempo da década de 1960 - edifício | Maira Rosin
Geometrias e significados | Antonio Carlos Barossi
Informações
Ficha técnica | Antonio Carlos Barossi
O edifício descrito pelo arquiteto Vilanova Artigas
Paleta compositiva | Tatiana Tatit Barossi
FAU-USP em números | Rodrigo Vergili
parte 2
Arquiteto e contexto
Homem
Arquiteto, militante político e professor | Joana Mello de Carvalho e Silva
Aprovado com média 10! | Dalva Thomaz
Lugar
A origem de São Paulo e o local onde foi construído o edifício da FAU-USP | 
José Paulo Gouvêa
A cidade universitária de São Paulo | Felipe de Araújo Contier
História
Linha do tempo do século XX - Artigas | Maira Rosin
Arquitetura e utopia: o tempo e as ideologias em torno de Artigas | 
Carlos Guilherme Mota e Mariana de Souza Rolim
O prédio da FAU-USP numa perspectiva histórica da arquitetura brasileira | 
Dalva Thomaz
O edifício da FAU-USP e o PAGE | Mônica Junqueira de Camargo
parte 3
Presente e futuro
Escola
Artigas: espaços de formação | Rafael Antonio Cunha Perrone
O espaço da realização do ensino e do aprendizado | Antonio Carlos Barossi
As coisas que sabemos de cor | Juliana Braga
Intervenções
Leituras para compreender o edifício | Antonio Carlos Barossi
Demandas
O edifício da FAU-USP e as novas demandas | Antonio Carlos Barossi
Pesquisa, gestão e conservação
Uma nova cultura de projeto | Beatriz Mugayar Kühl, Antonio Carlos Barossi 
e Silvio Oksman
Patrimônio
Um olhar contemporâneo | Silvio Oksman
Referências bibliográficas
Autores
Créditos das imagens e agradecimentos
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Apresentação
Fábio Valentim
O edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo 
(FAU-USP), paradigma da arquitetura paulista, é hoje compreendido como importante rea-
lização da arquitetura moderna. Projetado no início da década de 1960, o prédio congrega 
em sua espacialidade aspectos singulares da visão de seu autor, o arquiteto, educador e 
militante político de esquerda Vilanova Artigas. O plano de ensino do curso de arquitetura 
e o espaço da escola foram por ele pensados e desenhados como aspectos indissociáveis, 
indicando um futuro positivo para um país então confiante em seu desenvolvimento.
As condições políticas adversas que se sucederam no Brasil após o golpe de 1964, e que 
perduraram para além do momento em que o prédio foi inaugurado, limitaram o alcance da 
obra no plano crítico internacional. Isso é algo que vem sendo revertido, sobretudo depois 
do interesse pela arquitetura paulista despertado pela obra de Paulo Mendes da Rocha, 
laureado com o Prêmio Pritzker em 2006.
Para coordenar esta publicação, convidamos Antonio Carlos Barossi, arquiteto e profes-
sor ligado à FAU e à Escola da Cidade, cujo vínculo com o edifício de Artigas e com o ensino 
de projeto é visceral. Figura agregadora e querida por todos, Barossi convocou arquitetos, 
professores e críticos para colaborarem com o livro. Pessoas de áreas diversas contribuí-
ram na montagem de um quadro em que cada aspecto do prédio foi investigado e aferido, 
processo que incluiu o redesenho da arquitetura do edifício, que até então não tinha uma 
representação fidedigna. Pesquisa histórica, ensaios sobre o edifício hoje e apontamentos 
sobre seu futuro estão contemplados nesta publicação, em que pontos de vista diversos 
são expostos, às vezes se completam, às vezes se contradizem, mas sobretudo indicam uma 
enorme quantidade de reflexões que só uma obra dessa importância é capaz de promover. 
A realização desta publicação é uma conquista importante no projeto editorial da Escola 
da Cidade, desde sempre interessada na divulgação do legado da arquitetura moderna 
brasileira. A publicação de O edifício da FAU-USP dá sequência à série Obras Fundamentais, 
iniciada com Masp: estrutura, proporção e forma, em 2015.
3. Vista do salão caramelo a partir da rampa de acesso ao piso das 
salas de aula. Atentar para a "varanda" da fachada leste, 1968.
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Introdução
Antonio Carlos Barossi
Da esquerda para direita, de cima para baixo: 1. Museu Solomon R. Guggenheim, Nova York, EUA, 1959, Frank 
Lloyd Wright 2. Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), Rio de Janeiro, RJ, 1967, Affonso Eduardo Reidy 
3. Catedral de Brasília, Brasília, DF, 1970, Oscar Niemeyer 4. Museu de Arte deSão Paulo Assis Chateaubriand 
(Masp), São Paulo, SP, 1968, Lina Bo Bardi 5. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São 
Paulo (FAU-USP), São Paulo, SP, 1969, João Batista Vilanova Artigas e colaboração de Carlos Cascaldi 6. Centro 
Cultural São Paulo (CCSP), São Paulo, SP, 1982, Eurico Prado Lopes e Luiz Telles 7. Congresso Nacional, Brasília, 
DF, 1960, Oscar Niemeyer.
* Os edifícios aqui desenhados na mesma escala, foram escolhidos pelo organizador por serem amplamente 
conhecidos, proporcionando assim um percepção visual da escala e da proporção entre eles e o edifício da FAU.
A FAU-USP e Artigas. O primeiro volume da série Obras Fundamentais, publicado em 2015, 
é dedicado ao Museu de Arte de São Paulo – Masp (1968), obra da arquiteta Lina Bo Bardi. 
O objeto deste segundo volume é o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade de São Paulo – FAU-USP (1969). Projetado e construído ao longo da década 
de 1960, foi concebido pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas, com colaboração do 
arquiteto Carlos Cascaldi, simultaneamente à reestruturação curricular da escola realizada 
nesse mesmo período e em consonância com ela. Tendo colaborado com a criação da FAU em 
1948, Artigas liderou essa estruturação que se tornaria referência na organização do ensino 
de arquitetura desde então. Em 1972, Artigas recebe da União Internacional dos Arquitetos 
(UIA) o prêmio Jean Tschumi pela contribuição com o ensino de arquitetura e urbanismo.
De importância reconhecida nacional e internacionalmente, a FAU recebeu, em 1969, o 
Grande Prêmio Internacional de Arquitetura da X Bienal de São Paulo. Em 1981, foi tombada 
pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e 
Turístico do estado de São Paulo) e, em 1991, pelo Conpresp (Conselho Municipal de Pre-
servação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo).
O edifício da FAU, além da qualidade arquitetônica em si, é expressão e síntese do legado 
do arquiteto, militante progressista e professor Artigas, que influencia até hoje gerações 
de estudantes e profissionais pelo conjunto da arquitetura que produziu, pelas conquistas 
e pelas lições de sua ação política e social e pela referência como professor e pensador.
Visão de conjunto, imagens como texto, desenhos como escrita. O livro reúne infor-
mações e imagens na maioria já publicadas e conhecidas do prédio da FAU. Os desenhos e 
textos porém foram feitos especificamente para a publicação, com informações agrupadas 
e apresentadas de forma a oferecer uma visão de conjunto da arquitetura do edifício. 
A ideia é propiciar um olhar que considera a importância e o significado da obra, mas que 
também independe deles. Uma visão de conjunto que na forma seja uma maneira de abordar 
a arquitetura e no conteúdo contribua para o conhecimento do edifício da FAU.
Após a identificação preliminar da obra e do autor, o livro está organizado em três partes:
 • parte 1, para conhecer: o que (representação), como (construção), para que (pro-
grama de uso) e de que forma (processo, referências e geometrias).
 • parte 2, para compreender: quem (vivência), quando (época em que foi executado), 
onde (localização), por que (história e crítica).
 • parte 3, para apropriar: utilização (aprendizado, usos e intervenções), perspectivas 
(novas demandas e possibilidades, pesquisas) e valor (patrimônio e conservação).
Pretende-se um olhar como aquele próprio do arquiteto, que é um olhar em si e também 
é de projeto, por meio do qual a representação das partes procura definir o todo através de 
nexos que se estabeleçam entre eles.
Além dos textos propriamente ditos, entende-se aqui as imagens como redação e os 
desenhos como escrita. Assim como o texto informa o raciocínio, as imagens constroem o 
olhar, e a coerência de ambos propicia uma visão de conjunto que, como o olhar, constitui 
particularidade e ênfase do ofício. Como se o livro, em vez de ter o texto como estruturador 
200 40 m
D1. Relação entre edifícios*.
1:2000
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 • o catálogo com os desenhos da exposição de 1973 em homenagem ao arquiteto 
por ocasião da outorga do prêmio Jean Tschumi (1972), publicado pelo Instituto 
de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IAB-SP) e pelo Instituto de 
Arquitetos do Brasil – Departamento da Guanabara (IAB-GB). 
 • as fotos da inauguração do edifício (acervo família Artigas), da construção (arquivo 
da Superintendência do Espaço Físico da Universidade de São Paulo (SEF-USP) e as 
captadas logo após a inauguração (acervo da Biblioteca da FAU-USP).
Além do concreto aparente. O edifício da FAU tem soluções emblemáticas, como o 
concreto aparente, a cobertura única translúcida, o predomínio expressivo da estrutura, 
a continuidade espacial das rampas e dos meios níveis, as empenas, o desenho do pilar 
externo, o vazio central e outras, cuja excepcionalidade por vezes ofusca a percepção para 
as soluções ordinárias do projeto, de qualidade equivalente e que, além de contribuir para 
a afirmação do todo, caracterizam igualmente o pensamento, a arquitetura e a maneira de 
projetar de Vilanova Artigas. Cada solução específica não se resolve em si mesma, mas 
converge para a afirmação de ideias gerais, nas quais cada problema não é uma dificuldade, 
mas uma oportunidade para o desenho. Sem reduzir o significado maior dessas soluções 
emblemáticas que identificam a obra, pretende-se relativizá-las, de forma a contribuir para 
que outros aspectos possam ser considerados na apreensão do que é o edifício como um todo.
Contexto e produção da obra. A concepção do edifício da FAU foi realizada num contexto 
social de produção que compreendeu um intenso e diversificado processo de decisões, com 
a participação de vários agentes, como demonstra a pesquisa de Felipe de Araújo Contier 
em sua tese de doutorado (2015).
Esse processo definiu o que é o edifício da FAU, no qual Artigas e outros colaboradores 
participaram ativamente ao ter uma clara concepção para o projeto como norte das decisões. 
O que não significa uma ressalva, ao contrário, é uma consideração que qualifica o projeto. 
Afirma a importância do desenho como referência para uma atuação consequente, tendo em 
vista a qualidade da arquitetura no processo de produção da obra, no qual ele transcende o 
desenho propriamente dito, mas nele interfere e exige consideração, ajustes, revisões, além 
de enfrentamento e resistência. Para o arquiteto, a referência e o critério para essa atuação 
é o desenho. O conjunto de informações e desenhos aqui apresentados pretende também 
contribuir para a compreensão do resultado desse processo nas soluções adotadas no projeto.
Inspiração e referência. Os seguintes trabalhos sobre a FAU tiveram especial importância 
e significado para este livro como inspiração e referência:
• O catálogo com os desenhos da exposição de 1973 em homenagem a Artigas por ocasião 
da outorga do prêmio Jean Tschumi (1972), publicado pelo IAB-SP e IAB-GB.
• O caderno dos riscos originais: projeto do edifício da FAU-USP na Cidade Universitária/
João Batista Vilanova Artigas, coordenado pelo arquiteto Roberto Portugal Albuquerque 
e publicado pela FAU-USP em 1985.
• A tese de doutorado do arquiteto Felipe de Araújo Contier, O edifício da Faculdade de 
Arquitetura e Urbanismo na Cidade Universitária: projeto e construção da escola de Vila-
nova Artigas, orientada pelo arquiteto Renato Luiz Sobral Anelli e defendida no Instituto 
de Arquitetura e Urbanismo da USP (IAU-USP), em 2015.
• A disciplina optativa interdepartamental da FAU , “Subsídios investigativos e projetuais 
para preservação do patrimônio edificado”, e os trabalhos acadêmicos produzidos pelos 
estudantes no curso, cujo objeto são os edifícios da FAU.
• Vale destacar também a importância, para a viabilização deste livro, do material compi-
lado junto à Biblioteca da FAU-USP e ao Centro de Preservação Cultural da Universidade 
e imagens ilustrativas apostas, fosse um conjunto estruturado e uno deimagens elabora-
das, com textos ilustrativos a elas vinculados. São poucas fotos, que em geral procuram 
estabelecer algum nexo em relação aos desenhos e aos textos.
Entende-se aqui que, assim como o domínio de sintaxe, gramática, léxico e raciocínio lógico 
está para o entendimento do texto escrito, o rigor de representação, geometria, dimensão, 
escala, proporção está para a visualidade necessária à compreensão da arquitetura.
A sequência busca a lógica da representação do projeto; sua elaboração, a coerência 
da geometria; a descrição da obra, a sistemática da construção.
Qual FAU? Pretende-se que o edifício da FAU aqui apresentado seja o mais fiel possível 
àquele que foi inaugurado em fevereiro de 1969. Não se trata, porém, de um “as built”, mas 
da interpretação formal, à maneira de um projeto, do resultado do conjunto de desenhos e 
decisões que resultaram na obra inaugurada. As bases utilizadas, além das verificações in 
loco, foram:
 • os desenhos de execução de arquitetura e de instalações realizados pelo Escritório 
Técnico do Fundo para Construção da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira 
(FCCUASO) em 1968, sob a supervisão de Artigas.
 • os desenhos do projeto estrutural realizado pelo escritório técnico do engenheiro 
José Carlos de Figueiredo Ferraz.
 • as plantas da FAU do arquiteto Abrahão Sanovicz com a listagem e a locação do 
mobiliário encaminhadas por Artigas à reitoria.
 • os desenhos do arquiteto João Carlos Cauduro para o mobiliário da FAU.
4. Vista da fachada principal do edifício já concluído.
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de São Paulo (CPC-USP) e organizado pela equipe do Plano de Gestão e Conservação do 
Edifício Vilanova Artigas, financiado pela Getty Foundation através do programa Keep 
it Modern.
• Também do livro Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP: documentos históricos, 
organizado por Lucinda Ferreira Prestes e publicado pela FAU-USP em 2011.
Uma das propriedades pretendidas para o livro foi expressar em si mesmo, como método 
e essência, uma das características primordiais do próprio edifício, que é propiciar a conver-
gência das relações humanas, atribuindo caráter coletivo ao trabalho realizado em seu espaço.
Esse foi o critério das participações, das inclusões e das referências, diretas ou indiretas, 
na sua produção.
O apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo foi essencial para a con-
cretização deste projeto, pelo entendimento da importância da produção do livro e pela 
compreensão do processo de trabalho.
Por fim, a Escola da Cidade, ao oferecer a oportunidade para a realização deste livro, 
desdobra os espaços de liberdade e cidadania que o edifício propõe, como se também fizesse 
parte de seu ambiente, juntamente com a arquitetura de muitos dos que nele, ou sobre ele, 
estudaram. E, dialeticamente, a realização do livro na Escola da Cidade significa também 
uma contribuição para a contemporaneidade da escola na qual se inspira.
8. Carimbo de uma prancha do projeto executivo de 
instalações hidráulicas do eng. Homero Lopes.6. Carimbo de uma prancha de localização do mobiliário.
7. Carimbo de uma prancha do projeto executivo desenvolvido 
pelo FCCUASO sob coordenação de Artigas.
5. Carimbo de uma prancha do projeto de estrutura 
do Escritorio técnico Figueiredo Ferraz.
19
João Batista Vilanova Artigas
Rosa Artigas
A segunda geração de intelectuais e artistas modernos, que sucedeu àquela dos pioneiros 
modernistas dos anos 1920, se caracterizou pela capacidade de participação e militância 
multiplicada em diferentes áreas da cultura e se traduziu em ações efetivas na formação de 
diversas instituições destinadas à organização da cultura moderna em São Paulo. A partir 
da criação da Universidade de São Paulo (1934) e do Departamento de Cultura do Município 
de São Paulo (1935), vários organismos foram formados: os museus de arte (Masp e MAM), a 
União Brasileira de Escritores (UBE), o Sindicato dos Artistas Plásticos, o Clube dos Artistas 
e Amigos da Arte, o Departamento de São Paulo do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP), 
a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). No início dos anos 1950, foram 
criadas a Bienal de São Paulo, a Cinemateca e a Cia. Vera Cruz. São desse período revistas 
importantes voltadas para a critica cultural, os Suplementos Literários, associações, editoras 
e galerias de arte. 
No âmbito da arquitetura, um dos principais representantes dessa nova geração integrada 
à cultura moderna foi João Batista Vilanova Artigas. Nascido em Curitiba em 1915, foi para São 
Paulo em 1933 para estudar arquitetura na Escola Politécnica. Recém-formado, no início dos 
anos 1940, o arquiteto dividia seu tempo entre uma pequena e ativa construtora – a Marone & 
Artigas –, a docência na cadeira de estética, composição geral e urbanismo na Poli, a militância 
no IAB-SP, que ajudou a fundar e frequentava as aulas de modelo vivo nos ateliês do Grupo 
Santa Helena. Participava das discussões e das ações visando à separação entre a arquite-
tura e a engenharia enquanto diferentes práticas profissionais, que inspiraram a fundação da 
FAU-USP, em 1948, da qual se tornou professor. Artigas ainda encontrava tempo e disposição 
para participar de conselhos de revistas culturais, de museus e associações, além de militar, 
a partir de 1945, no Partido Comunista Brasileiro (PCB). 
A partir do final da década de 1950, sua obra já madura era identificada pela clara defi-
nição estrutural proporcionada pelo uso do concreto aparente e abordava diferentes tipos 
de programas: casas que se transformaram em modelo para várias gerações de arquitetos, 
conjuntos habitacionais, clubes de lazer, sedes administrativas de sindicatos, edifícios comer-
ciais e públicos de usos diversos. Mas foram seus projetos para as escolas, caracterizados por 
vazios internos, pátios de usos coletivos e circulação por rampas, que marcaram uma relação 
necessária e definitiva entre espaço e programa em sua obra. Para construí-las, Artigas se 
apoiou no pensamento crítico sobre a sociedade e sobre o papel da arquitetura no ideário da 
peculiar modernidade brasileira. 
Os debates sobre a formação do novo arquiteto deram a Vilanova Artigas a oportunidade 
de liderar o processo de criação de uma nova proposta pedagógica para a FAU em 1962, cuja 
estrutura essencial, hoje, mais de cinquenta anos depois, ainda é influente em muitas escolas 
de arquitetura pelo Brasil. Em sua síntese, o plano de ensino propunha que o novo arquiteto 
9. Vilanova Artigas por ocasião da aula 
de sua titulação na FAU-USP em 1984.
20 21
deveria ser formado por meio do conhecimento crítico da realidade e do enfrentamento dos 
problemas concretos colocados diante da sociedade pelos programas necessários para o 
desenvolvimento do país. 
Iniciado na mesma época, o projeto de Artigas para o prédio da FAU na Cidade Universitária 
consolidava, de um lado, o novo programa pedagógico e, de outro, a modernidade desenhada 
por um plano de desenvolvimento nacional. Como seu criador, o edifício resistiu, desde a con-
cepção, à incompreensão de muitos, depois ao mau uso e ao desprezo nos tempos terríveis da 
ditadura e, finalmente, ao abandono e ao desinteresse provocados pela burocracia universitária 
e por certo hedonismo que prevaleceu nas gerações mais novas. Edifício e arquiteto também 
enfrentaram o perigo da proteção excessiva do espírito conservacionista que queria fazê-los 
intocáveis – monumento e mito –, negando a experiência histórica e a necessária relação entre 
os novos e os velhos tempos. 
10. Homenagem a Artigas pela obtenção do prêmio Jean Tschumi, 
União Internacional dos Arquitetos (UIA), Varna, Bulgária, 1972.
11. Artigas em seu escritório na sede do IAB, em São Paulo, 1951.
12. Artigas discursando para os estudantes no piso do museu, 1979.
23
parte 1 
Arquitetura e construção
13. Vista para o leste, a partir do salão caramelo: sobre ele, à esquerda, 
o mezanino da administração acadêmica e à direita, a biblioteca em cima 
os estúdios.Atentar para a varanda ainda existente no térreo, 1969.
Desenhos e imagens
Plantas, cortes e elevações
Antonio Carlos Barossi e Guilherme Pianca Moreno
Os desenhos que seguem foram feitos, ou “reescritos”, especificamente para este livro. Em 
escalas definidas, procuram resgatar e representar fielmente a construção e sua geometria. 
As fotos, já conhecidas, são para instrumentar a leitura; há uma correspondência entre 
elas e os desenhos, seja por terem sido tiradas do nível correspondente quando o desenho 
é uma planta, seja por terem alguma equivalência com o que se vê em cortes e elevações. 
Assim, as fotos conferem escala aos desenhos e esses propiciam o entendimento de cada 
foto e sua localização.
Os oito pavimentos do edifício foram numerados de baixo para cima. As cotas de nível 
indicadas nos desenhos são as mesmas do projeto executivo, sendo que a de implantação 
é 0,00 e corresponde à cota NMM 725,00 (nível médio do mar).
As cotas de nível indicadas são conforme os cortes desenhados nas pranchas mais 
recentes do FCCUASO de julho de 1968.
A identificação dos eixos e dos pilares é a mesma do projeto estrutural.
No título dos desenhos, além do número do pavimento e da atividade principal, a cota 
de nível do projeto é acompanhada da cota NMM correspondente.
A posição das plantas em relação ao norte é a mesma do projeto, inclusive a implantação 
no setor das humanas, onde há um giro de 180°.
Mais do que conferir escala ao desenho, foram colocadas escalas humanas nos cortes 
e nas elevações com a intenção de contribuir para a compreensão do espaço pela maneira 
e na postura como estão nele dispostas. Procurou-se colocá-las em situações nas quais 
sua atitude e sua posição façam sentido em relação ao espaço.
Essas escalas humanas foram digitalizadas a partir dos desenhos de Artigas em seus 
outros projetos. A intenção foi destacar uma característica desses desenhos que é o fato de 
serem mais que uma maneira de mostrar a escala humana. O que as pessoas estão fazendo, 
a maneira como se vestem, para onde olham etc, faz sentido em relação à destinação dos 
espaços. Parecem estar ali como uma maneira de verificar a relação das pessoas entre si 
e com o espaço naquele lugar.
24 25
Lista de desenhos
D2. Escalas humanas de outros projetos 
de Artigas digitalizadas e vetorizadas. 
Escalas 1:100, 1:250 e 1:500
14. Banco do saguão de entrada. Observar a transição 
do piso de mosaico para o de epoxi.
código legenda escala página
D1 Relação entre edifícios 1:2.000 12
D2 Escalas humanas de outros projetos de Artigas, digitalizadas e vetorizadas 24
D3 Mapa macrometropolitano, 2016 1:1.000.000 26
D4 Localização: Mapa do centro expandido de São Paulo, 2016 1:100.000 26
D5 Planta de situação no campus Butantã da USP com volumes edificados, 2016 1:25.000 27
D6 Planta de situação do campus Butantã da USP com topografia 1:25.000 27
D7 Implantação em corte setor das humanas (FCUASO + Arquitetos) 1:5.000 28
D8 Implantação setor das humanas (FCUASO + Arquitetos) 1:5.000 28
D9 Implantação setor das humanas, Artigas 1961 1:5.000 29
D10 Corte de implantação FAU 1:2.000
D11 Implantação 1:1.000 30
D12 Corte transversal SN 1:250 31
D13 Planta pavimentos 1 e 2 - auditório e oficinas 1:500 32
D14 Planta pavimentos 3 e 4 - caramelo e museu 1:500 33
D15 Planta pavimentos 5 e 6 - biblioteca e departamentos 1:500 34
D16 Corte transversal NS 1:500 35
D17 Corte longitudinal LO 1:500 35
D18 Planta pavimentos 7 e 8 - estúdios e salas de aula 1:500 36
D19 Corte longitudinal OL 1:500 36
D20 Elevação norte 1:500 37
D21 Planta de cobertura 1:500 38
D22 Elevação sul 1:500 38
D23 Elevação leste 1:500 39
D24 Elevação oeste 1:500 39
D25 Corte com fundações e terraplenagem 1:750 43
D26 Planta de fundações (estacas e tubulões) e unifilar de infraestrutura 1:500 45
D27 Esquema de cotas de nível, pés-direitos e espessuras 1:200 47
D28 Diagrama unifilar da estrutura pavimentos 3 e 4 1:500 51
D29 Diagrama unifilar da estrutura pavimentos 5 e 6 1:500 53
D30 Diagrama unifilar da estrutura pavimentos 7 e 8 1:500 55
D31 Diagrama unifilarda estrutura I cobertura 1:500 57
D32 Detalhe da empena e do pendural 1:100 58
D33 Seção no centro da viga protendida 1:25 58
D34 Elevação das vigas protendidas com disposição dos cabos 1:100 58
D35 Planta ampliada de laje, módulos: múltiplos e submúltiplos 1:200 59
D36 Corte ampliado da cobertura 1:50 60
D37 Planta ampliada de módulo estrutural da cobertura 1:250 61
D38 Diagrama da cobertura s/e 61
D39 Cheios e vazios/vedos e paramentos pavimentos 1 e 2 1:1000 64
D40 Cheios e vazios/vedos e paramentos pavimentos 3 e 4 1:1000 64
D41 Cheios e vazios/vedos e paramentos pavimentos 5 e 6 1:1000 65
D42 Cheios e vazios/vedos e paramentos pavimentos 7 e 8 1:1000 65
D43 Ampliação do desenho do mosaico 1:100 68
D44 Planta de piso - pavimento 1 1:500 69
D45 Planta de piso - pavimento 3 1:500 69
D46 Elevação caixilhos 1:100 70
D47 Detalhe dos caixilhos 1:10 70
D48 Diagrama de fluxos s/e 73
D49 Diagrama da infraestrutura elétrica principal 1:300 I 1:750 75
D50 Tomadas (ambientes abertos) pavimentos 3 e 4 1:1000 78
D51 Tomadas (ambientes abertos) pavimentos 5 e 6 1:1000 79
D52 Tomadas (ambientes abertos) pavimentos 7 e 8 1:1000 79
D53 Luminárias pavimentos 1 e 2 1:1000 80
D54 Luminárias pavimentos 3 e 4 1:1000 80
D55 Luminárias pavimentos 5 e 6 1:1000 81
D56 Luminárias pavimentos 7 e 8 1:1000 81
D57 Diagrama da infraestrutura hidráulica principal 1:300 I 1:750 83
D58 Letras de indicação dos sanitários feminino e masculino s/e 86
D59 Diagrama de interpretação da reforma de 1962 s/e 98
D60 Diagrama de áreas do programa s/e 99
D61 Apoios perimetrais, projeto (escala distorcida) 1:100 | 1:200 125
D62 Apoios perimetrais, como executados (escala distorcida) 1:200 125
D63 Apoios perimetrais como executados (escala normal) 1:200 126
D64 Geometria do símbolo da FAU-USP 1:25 127
D65 Mapa das chácaras de São Paulo s/e 150
D66 Esquema volumétrico da biblioteca s/e 183
1
2
3
4
5
6
2726
D3. Localização: mapa macrometropolitano, 2016. 
1:1.000.000
100 20 km
Santos
Rodovia Anchieta
Rodovia dos Imigrantes
Rodovia Régis Bittencourt
Marginal Tietê
Centro
Rodovia Castello Branco
Rodovia Ayrton Senna
Rodovia Presidente Dutra
Rodovia dos Bandeirantes
Rodovia 
Anhanguera
USP Butantã
Marginal Pinheiros
D4. Localização: mapa centro expandido, 2016.
1:100.000
1. Novo edifício da FAU
2. Faculdade de medicina e Hospital das Clínicas 
3. FAU Maranhão, ed. da rua Maria Antonia e Mackenzie
4. IAB-SP – escritório do arquiteto
5. Largo do São Francisco – Faculdade de Direito da USP
6. Antiga Politécnica
10 2 km
D5. Planta de situação no campus Butantã da USP 
com volumes edificados, 2016. 
1:25.000
D6. Planta de situação no campus Butantã da USP 
com topografia com curvas de nível a cada 5m, 2016.
1:25.000
2500 500 m 2500 500 m
Localização, situação e implantação: plantas e cortes
Localização e situação. Os mapas de localização e situ-
ação bem como a foto aérea da FAU-USP e arredores, 
correspondem à situação atual da cidade de São Paulo. 
Na situação no campus da USP em 1:25.000, se vê o 
anexo projetado no final da década de 1980 pelo arqui-
teto Gian Carlo Gasperini, que abriga atualmente as 
oficinas (modelos e ensaios, fotografia e programação 
gráfica) e o Canteiro experimental Antonio Domingos 
Battaglia, projetado pelo arquiteto Reginaldo Ronconi 
e construído em 1989.
Implantação. Já os desenhos a seguir de implan-
tação do edifício da FAU (1:5.000) consideram o setor 
das humanas conforme se vê nos desenhos de 1962, 
do escritório técnico do FCCUASO1, coordenado pelo 
arquiteto Paulo de Camargo (CONTIER, 2015: 237) e 
no desenho de implantação 1:1.000 do anteprojeto 
de Vilanova Artigas. Entende-se que correspondem 
à situação na qual Artigas baseou-se para implantar 
a FAU e que apresenta assim possíveis influências 
no que diz respeito à locação, acessos, orientação, 
visuais e o que mais o sítio pode determinar na concep-
çãode um edifício e, inversamente, as consequências 
da implantação do edifício na configuração do lugar. 
1. Acervo da Biblioteca da FAU-USP.
O desenho do FCCUASO foi ajustado conforme os pro-
jetos desenvolvidos na mesma época para os edifícios 
desse setor: História e Geografia (arq. Eduardo Corona), 
Letras (arq. Carlos Millan), Filosofia (arq. Paulo Mendes 
da Rocha), Geologia (arq. Pedro Paulo de Mello Saraiva) 
e Matemática (arq. Joaquim Guedes).
No setor das humanas desenhado pelo escritório 
técnico do FCCUASO há um alinhamento homogêneo 
dos edifícios indicando uma continuidade entre eles, já 
no projeto de Artigas vê-se claramente dois conjuntos, 
cada um referenciado à uma esplanada para a qual estão 
voltados outros edifícios. Um compreende a Geologia, 
Letras, História e Psicologia, outro a Matemática, a FAU, 
Filosofia e Geologia. Há alguns nexos curiosos nesse 
desenho. Os dois edifícios que não são propriamente 
das Humanas, Matemática e Geologia, estão posiciona-
dos transversalmente. Na esplanada das humanidades 
propriamente ditas, história, letras e filosofia um monu-
mento marca a esplanada. Como um gesto de afirmação 
da cultura. Na esplanada da matemática, arquitetura e 
geologia o marco equivalente da esplanada, traçado com 
ênfase no desenho, é o talvegue arborizado onde está o 
lago que dá nome à rua. Como um gesto de domínio sobre 
a natureza. E o prédio da filosofia participa de ambas.
Na sequência, a implantação 1:1000 com o entorno 
imediato.
implantação
setor das humanas
Artigas, 1961 
D9. Implantação feita a partir da 
base da “Planta Geral de Gleba” de 
1962 com organização dos edifícios 
do setor de humanas de acordo com 
Implantação presente no conjunto de 
pranchas do Anteprojeto de Vilanova 
Artigas para FAU-USP, em 1961.
1:5.000
1. Matemática
2. Arquitetura e Urbanismo
3. Sociologia e Filosofia
4. Geologia, Paleontologia, 
Mineralogia, e Petrografia
5. Letras
6. Psicologia
7. História e Geografia
8. Monumento
1
2
3
4
5
6
7 8
implantação
setor das humanas
FCCUASO + arquitetos 
D8. Implantação do setor das 
humanas realizada a partir 
dos prédios construídos e 
dos projetos desenvolvidos. 
1:5.000
1. Matemática: Joaquim Guedes
2. Arquitetura e Urbanismo: 
Vilanova Artigas
3. Sociologia e Filosofia:
Paulo Mendes da Rocha
4. Geologia, Paleontologia, 
Mineralogia, e Petrografia: 
Pedro Paulo de Melo Saraiva
5. Letras: Carlos Millan
6. História e Geografia: 
Eduardo Corona
1
2
3
45
6
implantação em corte
setor das humanas 
FCCUASO + arquitetos
 
D7. Corte longitudinal do setor das humanas. Desenho feito a partir da 
base da “Planta Geral de Gleba” de 1962 e com últimas versões de cada um 
dos edifícios que compõem o eixo das humanas: História e Geografia de 
Eduardo Corona (projeto de 1961); Departamento de Filosofia, Ciências e 
Letras de Carlos Millan (antreprojeto de 1961); Departamento de Geologia, 
Paleontologia, Mineralogia e Petrologia de Pedro Paulo de Melo Saraiva 
(anteprojeto de 1961); Departamento de Antropologia e Sociologia, Cadeira 
de Economia Política e História das Doutrinas Econômicas, Secção de 
Filosofia Política de Paulo Mendes da Rocha (projeto executivo de 1962); 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Vilanova Artigas; e o Instituto de 
Matemática de Joaquim Guedes (anteprojeto de 1962).
1:5.000
123456
D10. Corte de Implantação da FAU-USP.
1:2.000
Rio Pinheiros Marginal Pinheiros Raia da USP avenida Prof. Mello Moraes avenida Prof. Luciano Gualberto rua do Lago
FAU-USP
História e Geografia
Marginal Pinheiros Praça do Relógio Jockey Club Metro ButantãEstação CPTM Cidade Universitária
Raia Olímpica
espigão da Avenida Paulista
500 100m
200 40 m
15. Foto aérea da FAU-USP e arredores, 2016.
720.00 721.00
725.00
500 100 m
avenida Prof. Luciano Gualberto
rua do Lago
estúdios
biblioteca
1
77
7
2
34
5
D12. Corte transversal SN.
1:250
6
há calçadas paralelas ou complementares que levem 
à entrada do edifício.
A esplanada, onde circulam as pessoas, é também 
onde estacionam os veículos, uma área pavimentada 
na qual há carros e pedestres. O asfalto não tem uma 
conotação rodoviária: a escadaria da plataforma de 
acesso das pessoas ao edifício inicia diretamente do 
piso de asfalto; o revestimento do laguinho é de asfalto, 
assim como são asfaltados os pisos das passarelas 
de pedestres projetadas por Artigas três anos depois.
A faixa central gramada de 2,5 m de largura orga-
niza os veículos em dois blocos compactos no meio 
da esplanada, como ilhas arborizadas que dialogam 
com o laguinho, cujo centro está alinhado a elas ao 
mesmo tempo que com a plataforma de ingresso. 
As árvores definem o ritmo das vagas (1/6). A largura da 
esplanada se estende além do simplesmente neces-
sário para circulação e manobra dos veículos, o que 
garante a coexistência e exige urbanidade dos moto-
ristas em relação aos pedestres. Compartilhando o 
espaço com a grama, as árvores, a água e os pedestres, 
os veículos não determinam o caráter da esplanada, 
que tem todos os seus limites livres, definidos sim-
plesmente pelo término da pavimentação, sem vagas 
a obstruir suas bordas.
Essas duas “ilhas” configuram entre si um vazio 
de 33 m que, alinhado à modulação estrutural do edi-
fício e centralizado com sua plataforma de entrada, 
constitui extensão do edifício e praça de acesso à 
FAU dentro da esplanada que articula os edifícios do 
setor das humanas.
O laguinho da FAU, em forma de hiperelipse, tem seu 
centro alinhado em uma direção ao eixo da plataforma 
de ingresso e em outra ao eixo das “ilhas” de arbori-
zação. Colocado no meio do vazio aí formado, afirma 
definitivamente a praça ao constituir referência à FAU 
Maranhão (a Vila Penteado situada à rua Maranhão) – 
onde a escola foi fundada em 1948 e funcionou até a 
mudança para a Cidade Universitária, em 1969 –, em 
cuja fonte circular, localizada numa situação idên-
tica, ocorria anualmente o banho festivo dos alunos 
ingressantes, que assim ocorre até hoje, agora no 
“novo” edifício.
Ainda que finalizando o ritmo das vagas de estacio-
namento, os dois últimos postes de iluminação, bem 
como as últimas árvores de cada uma dessas “ilhas”, 
ladeiam e balizam essa praça. Em vez de ter seu foco 
voltado para o estacionamento, como seria a praxe, 
os postes voltam-se para a praça, e a composição 
de suas curvaturas configura um pórtico que, além 
de iluminá-la, marca a direção do acesso ao edifício.
Curiosamente, o edifício da FAU tem o mesmo posi-
cionamento da Vila Penteado em relação ao norte 
geográfico, iguais direção e sentido de acesso, e os 
mesmos quatro degraus para ascender à plataforma 
de ingresso também em três locais: um central e dois 
laterais.
O corte de implantação na escala 1:2.000 (página 
anterior) mostra a FAU implantada na cota NMM 
725,00 em sua relação com o vale do rio Pinheiros e 
com o conjunto da Cidade Universitária. 
Está implantada sobre um aterro que, conforme 
as sondagens realizadas pela SOBRAF (Sociedade 
Brasileira de Fundações) em junho de 1961, varia de 
6 m a 7 m acima da cota original da várzea que estava 
entre NMM 718,00 e 719,00 no local.
Esse corte confirma espacialmente o que se vê na 
planta: a configuração de um recinto delimitado de um 
lado pelo volume do edifício da FAU e, do outro, pela 
encosta arborizada do morro da Biologia, como uma 
praça de acesso ao edifício. A opção pela entrada no edi-
fício por esse recinto relativamente fechado e delimitado 
revela uma apropriação particular da vista predominante 
do campus para a cidade, incialmente obstruindo-a 
com o volume do edifício, para mostrá-la novamente ao 
nele ingressar, subindo a primeira rampa em direção à 
lanchonete, tendo aí uma visão progressivamente mais 
elevada da cidade e enquadrada ao final. 
Corte transversal SN
Este é o corte clássico e mais significativo da FAU. 
Capaz de mostrar o edifício por inteiro. É como se ele 
se bastasse. Transversal em relação à geometria do 
edifício, é também em relação à arquitetura. Além depassar pelos locais onde estão todas as atividades 
essenciais do programa, mostra os principais ele-
mentos de sua configuração espacial e construtiva: 
o vazio, as rampas, os meios níveis, a hierarquia das 
vigas, a modulação e suas variantes, a iluminação 
zenital, o acesso, o peristilo, os pilares externos, as 
empenas e o volume por elas formado.
Implantação 
O projeto de um edifício, em princípio, considera seu 
entorno, mesmo que este não seja diretamente o objeto 
da intervenção; aliás, justamente por não ser é que 
deve ser considerado. Há, porém, uma área envoltória 
mínima na qual a intervenção é necessária para inserir 
o edifício no lugar. O desenho dessa intervenção é parte 
do projeto do edifício.
Na FAU-USP, o desenho dessa envoltória só tem 
registros nas etapas preliminares do projeto, nas quais 
as ideias já estão manifestas, porém com configurações 
ligeiramente diferentes do executado. No entanto, as 
fotos da época da inauguração, a verificação in loco e 
a participação ativa e cotidiana de Artigas na obra nos 
permitem adotar a hipótese de que as soluções execu-
tivas de implantação da FAU foram desenhadas por ele.
No desenho do FCCUASO para a esplanada, não 
há diferenciação evidente entre veículos e pedestres 
na delimitação das áreas pavimentadas. Isso se con-
firma nas fotos da época. Além da ligação direta de 
pedestres da avenida Prof. Luciano Gualberto com a 
esplanada, que já aparece nos primeiros estudos, não 
D11. Implantação.
1:1.000
1. esplanada oeste
2. praça do laguinho
3. plataforma de acesso
4. mastros
5. esplanada norte
6. forração
7. estacionamento
100 20 m
0.00
0.00
0.00
0.85
6 5 4 3 2 1 0
Laguinhorua do Lago
salão caramelo
museu
ateliê interdepartamental departamentos
salas de aula
oficinas
auditório
 +2.75 / 727.75 museu/pav. 4
 +8.45 / 733.45 estúdios/pav. 7
+15.80 / 740.80 cobertura
-2.95 / 722.05 auditório/pav. 1
-1.05 / 723.95 oficinas/pav. 2
 +0.85 / 725.85 salão caramelo/pav. 3
 +4.65 / 729.65 biblioteca/pav. 5
 +6.55 / 731.55 departamentos/pav. 6
+10.35 / 735.35 salas de aula/pav. 8
0.00/725
S4
32
D13. Planta dos pavimentos 1 e 2.
Auditório e oficinas.
1:500
D14. Planta dos pavimentos 3 e 4. 
Salão caramelo e museu.
1:500
J museu
1. administração
2. conselho/exposição
3. acesso
K restaurante
1. mesas
2. bar
3. cozinha
4. preparo
5. dispensa
6. vestiários
L grêmio
1. diretoria
2. estar
M salão caramelo
1. salão
2. espera nobre
3. varanda/jardim da espera
N diretoria
1. estar
2. sala da(o) diretor(a)
3. secretaria da direção
4. reunião
5. professores
6. sanitários h/s
O portaria
1. cabine
2. atendimento
3. estar
4. sanitário
16. Vista do caramelo: auditório como edifício, foyer 
como praça, caramelo como cobertura, 1969.
P5P1 P4P3
P7 P6 P8 S5
S1
S2
S3S4
R1
R2
R2
S8S6S7
Q4 Q5
Q3
Q2Q1S9
S11
S10
S12 S12
Q6 Q7
P2
C
T N
S
C
T S
N
CT LO
CT OL
J1
K2 K1
K3
S11
S10
S9
O3
O2O1O4
K4
K6
K6
K5
K5
J3 J2
M1 M2 M3
N5N4N3
N1
N6N3N2
L2
L1
C
T S
N
C
T N
S
CT LO
CT OL
50 10 m
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
1
3
5
6
2
4
0
1
3
5
6
2
4
723.95
-1.05
723.95
-1.05
722.05
-2.95
722.05
-2.95
725.00
0.00
725.00
0.00 727.75
+2.75
727.75
+2.75
725.85
+0.85
725.85
+0.85
725.00
0.00
725.00
0.00
P oficinas
1. oficina de modelos
2. sala/depósito
3. gráfica
4. estúdio
5. depósito/almoxarifado
6. laboratório fotográfico
7. sala revelação
8. sala projeção
9. cooperativa
Q auditório escola
1. foyer do auditório
2. som luz projeção
3. plateia
4. palco
5. camarins
6. sanitário h
7. sanitário s
R funcionários
1. copa
2. vestiário
S outros
1. casa do zelador
2. pátio de serviço, entradas de 
infraestrutura
3. galeria de serviço/ventilação
4. galeria visitável de infraestrutura
5. casa de máquinas elevador
6. máquina ventilação do auditório
7. depósito/almoxarifado
8. manutenção
9. garagem (ônibus e veículos de serviço) 
10. pátio das oficinas
11. carga e descarga
12. cabine primária
 0.85 / 725.85 salão caramelo/pav. 3
-2.95 / 722.05 auditório/pav. 1
 4.65 / 729.65 biblioteca/pav. 5
 8.45 / 733.45 estúdios/pav. 7
15.80 / 740.80 cobertura
+0.85 / 725.85 salão caramelo/pav. 3
-2.95 / 722.05 auditório/pav. 1
+4.65 / 729.65 biblioteca/pav.5
+8.45 / 733.45 estúdios/pav.7
 +2.75 / 727.75 museu/pav. 4
-1.05 / 723.95 oficinas/pav. 2
 +6.55 / 731.55 departamentos/pav. 6
+10.35 / 755.35 salas de aula/pav. 8
+15.80 / 740.80 cobertura
S4
C departamentos
h. departamento de história
1. expediente
2. sala de uso geral
3. trabalho de alunos
4. reuniões
p. departamento de projeto
1. expediente
2. sala de uso geral
3. trabalho de alunos
e. departamento de ciências
1. expediente
2. sala de uso geral
c departamento de construção
1. expediente
2. sala de uso geral
4. reuniões
sanitários
5. masculino
6. feminino
D ateliê Interdepartamental
E congregação
1. espera
2. plenário e expediente
F vice-diretoria/
pós-graduação
G biblioteca
1. acesso, controle, 
livros novos
2. estantes e leitura
3. salas de leitura
4. administração
5. varanda/jardim 
de leitura
H secretaria acadêmica
1. secretaria
2. expediente
3. espera
I administração
1. administração
2. tesouraria
3. contabilidade
4. espera/estar
6. masculino
7. feminino
D
Ch2 Ch2 Ch1 Cp3 Cp3Ch1Ch4 Ch2 Ch4 Ch2Cp2 Ch2 Ch2Ch2 Ch2 Ch2 Ch2 Ch2Ch2 Ch2 Ch2 Cp2 Cp2 Ce1 Ce4 Ce2Cp1
G5F
E1
C6 C5
E2
G1
G2
G3 G3 G3
G2
G4
H1
H1
I5
H3
H2
I2
I2
I3
I1
I6
I4
C6 C5
50 10 m
C
T N
S
C
T S
N
CT LO
CT OL
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
1
3
5
6
2
4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Corte transversal NS
O corte ao lado, diferentemente do anterior, não mostra 
o conjunto, mas revela algumas particularidades que 
o constituem. 
Apresenta mais claramente a real dimensão trans-
versal do vazio, que é a distância entre a “fachada” da 
biblioteca e os limites externos das circulações das 
salas de aula e dos departamentos, cujo alinhamento 
vertical, reforçado pela parede-espaldar do banco das 
salas de aula, quase forma outra “fachada”.
Revela o valor espacial dos três planos que dialogam 
entre si e com o vazio. Um é o peitoril do museu, que se 
destaca do pavimento, libertando-se da condição de 
peitoril, sem deixar de sê-lo ao adquirir maior dimensão 
em altura. Outro, frente a frente com o primeiro, tem 
a mesma extensão e altura equivalente, é a parede 
de fechamento dos estúdios que, coplanar ao caixilho 
da biblioteca, se apresenta como uma testeira de sua 
“fachada”. E o último, o espaldar do banco das salas 
de aula, também destacado do pavimento, adquirindo 
assim expressão para além da sua função. Todos esses 
planos se estendem do limite das rampas ao limite das 
escadas, balizando transversalmente o vazio central 
do edifício.
O ateliê interdepartamental, embora ocupe o vazio, 
não o delimita, pois está dentro dele, e nesse corte, 
ao estar em vista e por fora, projetando-se sobre o 
salão caramelo, afirma uma das características da FAU: 
os edifícios dentro do edifício.
Além disso, passa por duas situações únicas e 
articuladas, onde o todo se apresenta na visão trans-
versal, em que se veem as partes dos elementos que 
o compõe, diferentemente da maneira como se apre-
senta nas rampas e nas circulações que atravessam o 
vazio, onde o todo se descortina na visão longitudinal 
e por inteiro. Uma delas é no nível dos departamen-
tos, onde a circulação se abre como um “mezanino” 
que se sobrepõe ao conjunto. Outra é o recinto logo 
abaixo, no museu, com pé-direito livre até a cobertura, 
configurando uma praça que articula o patamar de 
chegada das rampas e os acessos ao caracol, museu 
e lanchonete.
Corte longitudinal LO
O corte acima mostra uma das situações emblemá-
ticas da espacialidade da FAU-USP: a presença da 
biblioteca. Vista em toda a sua dimensão, como uma 
unidade no espaço, mostra os limites definidos e a 
relação variada que estabelece com o vazio.
D16. Corte transversal SN.
1:500
D17. Corte longitudinal LO.
1:500
50 10 m
50 10m
731.55
+6.55
731.55
+6.55
729.65
+4.65
729.65
+4.65
D15. Planta dos pavimentos 5 e 6.
Biblioteca e departamentos.
1:500
725
36 37
 +0.85 / 725.85 salão caramelo/pav. 3
-2.95 / 722.05 auditório/pav. 1
 +4.65 / 729.65 biblioteca/pav. 5
 +8.45 / 733.45 estúdios/pav. 7
+15.80 / 740.80 cobertura
D20. Elevação norte.
1:500
18. Vista da avenida Prof. Luciano Gualberto, 1969.
17. Auditório como edifício, caramelo como cobertura, 1969.
D19. Corte longitudinal OL.
1:500
D18. Planta dos pavimentos 7 e 8.
Estúdios e salas de aula.
1:500
A1 A1 A1 A3 A2A3 A2
B1
B2B2B2
B3
B6
B5
B4
B1
A6
A8
A2
aulas
A1
A5
A7
C
T N
S
C
T S
N
CT LO
CT OL
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
1
3
5
6
2
4
50 10m
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Corte longitudinal OL
Este corte, que por ser longitudinal revela a dimen-
são total do vazio nessa direção, também enfatiza 
outras particularidades: a escala real da presença 
do ateliê interdepartamental nesse vazio; o audi-
tório – tendo o salão caramelo como cobertura 
e o foyer como praça de acesso – apresenta-se 
também como um edifício em si; o ajuste dos níveis 
para obter sua curva de visibilidade dentro da 
modulação vertical do edifício, garantindo a uni-
dade da estrutura de meios níveis; a modulação 
das nervuras transversais protendidas, que varia 
para ajustar-se aos pilares; e, por fim, o binário 
das prumadas de circulação e dos sanitários, que 
abrigam os eixos verticais de distribuição da infra-
estrutura de circulação e de hidráulica e elétrica.
735.35
+10.35
735.35
+10.35
733.45
+8.45
733.45
+8.45
0.00 / 725.00 campus
A salas de aula
1. grande (90 cadeiras)
2. média (60 cadeiras)
3. média (35 meses)
4. auditório aulas (114 lugares)
5. bedelaria
6. masculino
7. feminino
8. instrutor
B estúdios
1. um e cinco
2. dois, três e quatro
3. seminário
4. direção estúdios
5. auditório dos estúdios
6. reuniões do departamento de projeto
39
0 1 2 3 4 5 6
D21. Planta de cobertura.
1:500
D23. Elevação leste.
1:500
19. Vista das fachadas leste (esquerda) e norte. 
Observar o acesso de serviço, 1969.
D24. Elevação oeste.
1:500
D22. Elevação sul.
1:500
C
T N
S
C
T S
N
CT EO
CT OE
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
1
3
5
6
2
4
50 10m
6 5 4 3 2 1 0
0.00 / 725.00 
campus
0.00 / 725.00 
campus
0.00 / 725.00 
campus
40 41
Construção
Para uma abordagem abrangente e objetiva do edifício da FAU-USP no que diz respeito à 
construção, optou-se por fazê-la a partir de uma classificação analítica formal e genérica 
dos componentes de uma edificação, à maneira de um check-list, de forma a instrumentali-
zar o olhar independentemente de ser o edifício que é. A intenção é abordar todo o conjunto 
dos componentes do edifício de acordo com essa classificação, porém somente naquilo 
que cada um deles revela sobre a maneira de projetar em que cada parte contribui para 
afirmar o todo e é por ele determinada, sem pretender uma descrição extensiva de todos os 
elementos de cada componente.
Além da ABNT NBR 15.575, que trata das Normas de desempenho e que, embora destinada 
a edificações habitacionais, tem a abrangência pretendida compreendendo o edifício como 
um todo, existem diversas classificações, em particular aquelas que regem as planilhas de 
serviços e custos da construção e que têm o propósito de dar conta da totalidade daquilo que 
constitui um edifício, como as sistematizações do Departamento de Obras Públicas (DOP), da 
CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços), do Caderno de encargos do Banco do Brasil, 
do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), da Pini 
Sistemas e outras. Embora se assemelhem ao tratar do mesmo objeto, diferem conforme a 
atribuição de quem as elabora (e/ou as utiliza) no processo de produção do edifício. É tam-
bém uma escolha que depende do objetivo que se tem ao utilizá-las, o que de certa forma 
dirige a leitura. Por isso a opção aqui foi buscá-la no âmbito acadêmico da própria escola.
Decidiu-se por uma classificação da época elaborada pelo professor Ariosto Mila e que 
consta da apostila O edifício, editada pela própria FAU. Ariosto Mila foi homenageado com 
seu nome no auditório, lecionou na FAU desde a fundação em 1948 e foi diretor de 1968 a 
1972. Engenheiro-arquiteto formado na Escola Politécnica da USP, participou do processo 
de construção da Cidade Universitária, tanto na elaboração de projetos, a exemplo do Labo-
ratório de Hidráulica da Escola Politécnica, como no âmbito administrativo, justamente no 
período de elaboração do projeto e da construção do edifício da FAU, em cujo processo teve 
participação destacada.
Essa escolha traz a possibilidade de um olhar a partir da classificação da época do 
projeto que, mesmo propiciando a visão do todo pretendida, não dá conta plenamente dos 
elementos constituintes do edifício da FAU. Revela assim algumas de suas soluções emble-
máticas, como a estrutura que é vedo, a quase inexistência de paramentos, os vãos que são 
cobertura, a fundação que quer ser pilar e a viga que quer ser apoio.
Algumas das categorias de O edifício são agrupadas pelas classificações atuais, como 
vedos e paramentos em fechamentos. Outras são desdobradas, como eletromecânica em 
instalações elétricas e equipamentos. A maioria delas acrescenta outras, como serviços 
preliminares (projetos, aprovações, canteiro etc.) e serviços complementares (paisagismo, 
fechamentos do terreno, sinalização etc.).
O edifício da FAU e outros da época já traziam no âmbito do próprio projeto arquitetônico 
soluções para outros componentes, além daqueles relacionados nessa e em algumas outras 
classificações, em particular mobiliário, paisagismo e sinalização que aqui interessam. Por 
isso, foram acrescentados como “outros”, de forma a manter a integridade da classificação 
adotada e, ao mesmo tempo, revelar a ampliação do escopo de projeto que o edifício apre-
senta. Note-se que esses componentes acrescidos constituem objeto justamente das áreas 
criadas na reforma de ensino da FAU de 1962. 
Assim, a classificação adotada, utilizando a própria terminologia original, resulta 
no seguinte:
1. Terrapleno: topografia, limites métricos, locação e geografia (sol, ventos e chuva).
2. Fundações: infraestrutura de distribuição das cargas no solo.
3. Estrutura: elementos de sustentação.
4. Cobertura: proteção zenital (sustentação, captação das águas pluviais e conforto).
5. Vedos: elementos de vedação periférica e interna (estanqueidade e conforto).
6. Paramentos: superfícies expostas internas e externas 
(conforto, impermeabilidade e vedação).
7. Pavimentos: pisos, circulações.
8. Vãos: portas, janelas, lanternins etc.
9. Equipamento eletromecânico: força, iluminação, telefonia, aparelhos elétricos.
10. Equipamento hidrossanitário: água, esgoto, águas pluviais, gás.
Outros: paisagismo, mobiliário e sinalização 
(não constam da classificação de Ariosto Mila).
20. Vista frontal em obras, 1969.
Terrapleno
Conforme as sondagens de 1961, época do início projeto, o terreno da FAU-USP estava na cota 
NMM 721,00, três a quatro metros abaixo da cota atual de 725,00 na qual está implantado 
hoje o edifício, e três metros acima da cota 718,50 da várzea do rio Pinheiros, nível original do 
terreno antes da implantação do campus. Essa cota, NMM 721,00, é a cota da avenida Prof. 
Luciano Gualberto já implantada na ocasião.
As sondagens revelam que ela (721,00) foi obtida através de aterro e que, logo abaixo 
dele, a primeira camada de solo do terreno é a original e constituída por três a cinco metros 
de turfa, o que comprova que a FAU está localizada onde foi a parte mais baixa da várzea 
do rio Pinheiros, apesar da proximidade com o morro da Biologia. O nível da água do lençol 
freático no mês da sondagem, junho, estava entre 718,00 e 719,00, praticamente o mesmo 
nível do terreno original da várzea nesse local.
Resultado, portanto, de um aterro anterior sobre o nível original da várzea, provavel-
mente da época da implantação inicial docampus, o terreno estava na ocasião do projeto 
no nível da avenida Prof. Luciano Gualberto, o que exigiu um aterro adicional de três a quatro 
metros para atingir a cota de implantação (nível externo contíguo ao edifício, com o qual ele 
estabelece suas interfaces – acessos, conexões, térreo, subsolo, arrimos, taludes, pisos 
externos etc.), que é a cota 725,00 conforme definido pelo projeto e planejado então para o 
campus nesse local. É significativa para a configuração do projeto a decisão de aterrar três 
metros para fazer o acesso pelo outro lado, considerando que o terreno já estava aterrado 
e no nível de uma das principais vias do campus.
Isso sugere uma decisão do projeto na definição da cota de implantação do edifício, mesmo 
que no contexto de um plano mais amplo para o setor das humanas. Trata-se de decisão para que 
o acesso não fosse pela avenida, o que seria aparentemente mais natural, mas pelo lado de trás 
dela, por um recinto de transição mais alto, criado entre o volume do edifício e o morro da Biologia.
O ingresso por esse recinto, quando o caminho é feito pela avenida Prof. Luciano Gualberto, 
opera uma percepção espacial do edifício semelhante à do campus descrita anteriormente, 
onde em momentos distintos de um percurso contínuo se tem visões descontinuadas e 
complementares do mesmo objeto, entre as quais ele deixa de ser visto.
Vindo pela avenida Prof. Luciano Gualberto (o plano do FCCUASO não apresentava na época 
um acesso significativo ao campus pela avenida Corifeu de Azevedo Marques), se tem uma 
visão momentânea e aberta do edifício inteiro e por baixo, cujo impacto e brevidade o registra 
na memória numa imagem geral quase estática, como uma fotografia. Logo depois, ao chegar 
nele pela praça, o reencontramos de frente já no nível do acesso, numa visão que se fecha por 
aproximação e movimento. A primeira visão geral e estática cria um contraponto, como que um 
pano de fundo para as visões subsequentes e parciais na dinâmica contínua dos percursos. 
Um contraponto que permite estabelecer uma relação das partes com o todo, propiciando uma 
percepção abrangente do edifício.
Como será descrito adiante, essa decisão também significa uma inversão na relação 
entre frente e fundo do edifício.
Fundações
As fundações conjugam duas técnicas: tubulões para as cargas principais dos pilares de sus-
tentação dos pavimentos e estacas pré-moldadas para as cargas secundárias da infraestrutura 
e do piso estruturado dos subsolos. Foi adotado para os tubulões o processo de escavação 
com cabine de ar comprimido em função da turfa, do solo arenoso e do nível d’água. Tanto os 
tubulões como as estacas foram especificados com dezesseis metros de profundidade em 
relação à cota de implantação (725,00), de forma a atingir a camada de areia argilosa compacta.
Na classificação adotada, a infraestrutura faz parte das fundações e é constituída pelas 
cortinas/arrimos; pelas lajes e vigas do piso estruturado do auditório e das oficinas; pelas vigas 
de travamento tanto dos tubulões como das estacas; e por blocos que recebem, centralizam 
e transferem as cargas desses elementos para as estacas. Não há bloco de intermediação 
de cargas entre tubulão e pilar que funcionam como uma única peça estrutural.
O engenheiro Victor de Mello, professor na FAU-USP, que desde 1952 ministrava a 
disciplina de Mecânica dos solos e fundações, referia-se em aula às fundações do edifício 
da FAU na década de 1970. Justificava os vãos da estrutura em parte pela otimização do 
necessário, embora dispendioso, uso de tubulões a ar comprimido, adotado em função de 
sua capacidade de receber cargas maiores. Também corroborava a utilização de mais de um 
tipo de fundação no mesmo edifício. Tinha uma posição contrária ao critério generalizado 
de se utilizar necessariamente um só tipo de fundação – a princípio para qualquer caso –, 
adotado com argumento por conta do risco de recalques diferenciais que tipos distintos 
poderiam acarretar. Seu argumento era de que, em vez de homogeneizar os recalques com 
o uso de um único tipo de fundação na capacidade máxima do solo e da fundação, o cálculo 
deveria ser feito e equilibrado conforme as tolerâncias, as cargas e os tipos de solo e de 
fundações utilizadas, o que abriria o leque de alternativas para otimizá-las.
As fundações foram executadas alguns anos antes do início da obra propriamente dita. 
Nesse meio-tempo, em 1965, o projeto foi questionado pelo então diretor da FAU, Pedro 
Moacyr do Amaral Cruz (CONTIER, 2015: 310). As principais modificações feitas no projeto em 
função desse questionamento foram revertidas, mas algumas significativas foram mantidas, 
em particular a ampliação do pavimento da biblioteca no vão central ao lado das rampas.
Provavelmente em função dessa e de outras alterações, no reinício da obra foi execu-
tada uma complementação das estacas e um reforço em alguns tubulões. Optou-se aqui 
por manter o primeiro desenho das fundações por ser mais fiel ao conceito estrutural do 
edifício, que não se alterou com os acréscimos feitos.
aterro FAU-USP - 725.00
740.80 - cobertura
aterro CUASO - 721.00
 715.00 - nível original várzea
apoio da fundação - 711.00
724.00 - enchente de 1929
D25. Corte com fundações e terraplenagem.
1:750
7.50 15 m
44 45
D26. Planta de fundações (estacas, 
tubulões) e unifilar de infraestrutura.
1:500
21. Sondagem de 1961, próxima ao P4.
tubulão 10
1
3
5
6
2
4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
tubulão 2
estaca
pilar
vigamento da laje
muro de contenção
laje do piso estruturado do subsolo
50 10m
P.1
P.6
P.17
P.26
P.37
P.46
P.38 P.39
P.47
P.15
P.35
P.16
P.36
P.7
P.18
P.27
P.8
P.19
P.28
P.9
P.20
P.29
P.40 P.41
P.48
P.10
P.21
P.30
P.11
P.22
P.31
P.42 P.43
P.49
P.44 P.45
P.50
P.12
P.23
P.32
P.13
P.24
P.33
P.14
P.25
P.25A
P.34A
P.34
P.2 P.3 P.4 P.5
745.5
4.
50
+12.70
+12.20
2.
95
2.
95
5.
45
3.
60
3.
55
2.
95
2.
95
2.
95
+6.50
1.
90
1.
90
co
ta
s 
es
tr
ut
ur
a
co
ta
s 
pé
 d
ir
ei
to
co
ta
s 
es
pe
ss
ur
as
nível acabado nível osso
pav. 7
estúdio
733.45
+8.45
pav. 8
aula
735.35
+10.35
pav. 6
depto.
731.55
+6.55
pav. 5
biblioteca
729.65
+4.65
pav. 4
museu
727.75
+2.75
pav. 3
caramelo
725.85
+0.85
campus
725.0
0.0
pav. 2
oficinas
723.95
-1.05
pav. 1
auditório
722.05
-2.95
0.85
0.850.80
0.05 (regularização)
0.850.80
0.04 (forro)
0.08 (laje vigas protendidas)
0.07 (laje sob alvenaria)
0.04 (laje geral)
2.
95
1.
90
1.
75
0.
20
+10.30
0.05
+2.70
-1.10
-3.00
0.
80
3.
00
0.
80
3.
00
0.
80
3.
00
0.30
0.50
740.70
+14.10
741.90
741.70
1.
00
caixa
d’água
46 47
Estrutura
A estrutura de concreto armado praticamente define o edifício como um todo. Seu acaba-
mento aparente diferencia-se conforme a expressão pretendida para cada situação.
Em geral é liso quando as fôrmas são de compensado, particularmente na caracterização 
dos pavimentos e dos espaços internos, ou seja: lajes de forro, vigas de borda, pilares dos 
pavimentos (que não sobem até a cobertura), face interna das empenas e cortinas. Liso 
também na parte em forma de pirâmide dos pilares externos para diferenciá-la da parte que 
coincide com o plano das empenas por eles sustentadas, de maneira que a pirâmide assim 
diferenciada, ao chegar diretamente à terra, se apresente como um afloramento da fundação.
Já na face externa das empenas e nos pilares internos que sobem até a cobertura, o con-
creto tem a marca das tábuas e dos sarrafos, como que caracterizando aquilo que constitui 
o abrigo, o invólucro: aquilo que contém.
A estrutura de concreto nos pavimentos é constituída por um sistema unidirecional de 
vigas, onde as cargas migram numa única direção em cada situação, diferentemente do 
sistema de vigas em grelha, onde as cargas migram em duas direções na mesma situação.
Além das lajes de quatro a oito centímetros de espessura que recebem diretamente as 
sobrecargas, esse sistema tem dois tipos de vigas hierarquicamente distintos em relaçãoàs 
cargas: na direção transversal, as vigas secundárias (ou nervuras) e, na direção longitudinal, 
as vigas principais. As vigas secundárias recebem somente a carga das lajes que estão sobre 
elas, transferindo-as para as vigas principais onde se apoiam. As vigas principais recebem 
as secundárias, transferindo sua carga diretamente para os pilares. As vigas principais e as 
secundárias (nervuras) nos vãos de onze metros são armadas, já as secundárias nos vãos 
de vinte e dois metros são também protendidas pelo sistema desenvolvido pelo engenheiro 
José Carlos de Figueiredo Ferraz (CONTIER, 2015; 295).
Completam o sistema: as vigas de distribuição e travamento que solidarizam as vigas 
secundárias (ou nervuras) umas às outras, otimizando a distribuição das cargas entre elas 
e travando-as contra flambagem lateral; as vigas de borda que arrematam os pavimentos; 
e a laje de forro sob as vigas, que dá aos pavimentos o aspecto de um plano homogêneo e 
contínuo.
Além da marca das fôrmas propriamente ditas no concreto como expressão do fazer 
construtivo e numa relação mais direta com este, esse plano contínuo do forro ainda traz 
decalcado no concreto o desenho das vigas feito a lápis pelos carpinteiros no compensado 
para orientar o posicionamento das armaduras.
A estrutura da cobertura é também constituída por um sistema de vigas unidirecional. 
Quatro longitudinais principais que recebem 21 transversais secundárias (em ambas dire-
ções, a primeira e a última são as empenas de fachada). 
Em função da modulação, as vigas transversais da cobertura, a cada 5,5 m, se alternam 
em relação ao apoio, ora apoiam-se nos pilares, ora nas vigas principais, o que não muda a 
condição secundária de todas elas, pois a carga que recebem é a mesma e está distribuída. 
Essa estrutura sustenta o conjunto formado pela justaposição dos troncos de pirâmide 
com base de 2,75 m × 2,75 m das claraboias, mais a laje que se sobrepõe a ele, fechando o 
plano da cobertura propriamente dita entre uma claraboia e outra. O elemento estrutural 
desse conjunto é constituído por segmentos de seção triangular com base invertida, for-
mada pela laje e pelas laterais inferiores dos troncos de pirâmide. Esses segmentos não 
são contínuos, pois essas laterais são interrompidas entre uma claraboia e outra, onde se 
cruzam. O que aparenta ser uma viga calha em “A” invertido, conforme se vê nos cortes, não 
D27. Esquema de cotas de nível, pés-direitos e espessuras.
Cotas conforme desenhos do FCCUASO de julho/1968.
1:200
20 4 m
48 49
é contínua, pois cada uma das “pernas” do “A” é o trapézio que forma o tronco de pirâmide 
de cada uma das claraboias, que são independentes; os trapézios tocam-se somente em 
um ponto na base. A continuidade que garante a rigidez estrutural nesse ponto se dá em 
cima pela laje e embaixo pelo encontro pontual dos vértices dos quatro trapézios laterais 
das claraboias, que forma um pequeno tronco de pirâmide com 7 cm de altura, base inferior 
de 8 cm × 8 cm e base superior de 11 cm ×11 cm.
A cada 2,75 m, os segmentos na direção longitudinal ao edifício se apoiam nas vigas 
secundárias já descritas, vencendo o vão entre elas de 5,5 m. Na outra direção, segmentos 
de 2,75 m apoiam-se neles formando, assim, as claraboias.
Como a base de todas as vigas apresenta o mesmo desenho em “V” formado pelas late-
rais das claraboias, a cobertura vista de dentro se apresenta como uma grelha contínua 
modulada em 2,75 m × 2,75 m, embora tanto a estrutura principal de vigas da cobertura 
como o conjunto de vigas de seção triangular por elas sustentado constituam um sistema 
unidirecional de distribuição das cargas.
As empenas das fachadas, grandes vigas enrijecidas verticalmente por nervuras a 
cada 5,5 m, cujo ângulo de concordância as torna quase imperceptíveis, seguem a mesma 
hierarquia das vigas, tanto em relação aos pavimentos 6, 7 e 8, dos quais fazem parte 
estrutural, como em relação à cobertura, todos apoiados nelas.
As empenas longitudinais (L e O) correspondem às vigas principais sobre as quais se 
apoiam as vigas secundárias, e as empenas transversais (laterais N e S) correspondem às 
vigas secundárias, inclusive apoiando-se nas longitudinais. Como arremate do edifício, adqui-
rem uma altura que viabiliza os vãos externos maiores e confere a elas a condição de vedo.
Importante destacar que as empenas laterais (N e S), em sua condição equivalente à das 
vigas secundárias em relação ao sistema geral, recebem a mesma carga que elas e têm a 
mesma relação de apoio: no meio sobre os pilares centrais e nas pontas sobre as vigas prin-
cipais (que no caso são as empenas longitudinais). Como os pilares externos das empenas 
laterais estão deslocados em relação aos eixos longitudinais, as vigas principais nessa direção 
se apoiam fora deles. Portanto, ela recebe pontualmente a carga dos segmentos extremos 
das vigas principais. Por isso, tanto na cobertura como no pavimento das salas de aula e 
no dos estúdios, essas vigas estão apoiadas nas empenas laterais fora do alinhamento do 
pilar, o que implica um aumento da espessura da empena nesse local para receber a carga 
pontual, sendo que no pavimento dos departamentos as vigas estão penduradas, já que o 
nível destes está mais baixo que a base das empenas.
É possível, por baixo, ver a junta entre a empena lateral e a última nervura do pavimento 
dos estúdios, paralela e encostada nela. Apesar de estar encostada na empena, essa nervura 
se apoia na viga principal longitudinal, que, por sua vez, transfere as cargas para a empena.
Por isso, nessas vigas-empena das fachadas laterais (N e S), nos lados menores do 
edifício, o que se apresenta visualmente como um vão e dois balanços estruturalmente 
são três vãos: o do meio com apoio nos dois pilares e os das pontas com apoio no pilar e no 
balanço da empena longitudinal. Isso pode ser percebido na diferença de tamanho da base 
dos tubulões dos últimos pilares das empenas longitudinais. O balanço da empena que 
sustentam recebe a carga das empenas laterais, assim, o pilar passa a absorver uma carga 
significativamente maior que os outros.
Os pilares seguem uma modulação de 11 m (ver Geometrias e significados), dez vezes 
o módulo básico. Nas vigas transversais, o módulo varia, mas sempre a partir do básico de 
1,1 m (0,275 m, 0,55 m, 1,1 m, 1,65 m etc.). Os eixos da modulação das vigas transversais dos 
pavimentos não coincidem com os eixos dos pilares de forma que estes fiquem sempre entre 
os eixos das vigas. A hipótese é de que assim as nervuras não coincidem com os pilares por 
onde passam as prumadas de hidráulica, principalmente de águas pluviais que descem 
junto a todos os pilares dos dois eixos longitudinais centrais.
Já na cobertura, as vigas de ambas as direções, principais e secundárias, se cruzam sobre 
os pilares. Talvez isso explique a redução prevista no trecho de 1 m da seção superior desses 
pilares para um retângulo circunscrito no perímetro da seção normal do pilar e coincidente 
com a largura das vigas, o que reduz a interferência no encontro com o cruzamento delas 
e facilita, assim, a passagem da tubulação de águas pluviais para junto do pilar. Porém, na 
execução, a seção do pilar foi mantida até a base das vigas e preenchida dali até o encontro 
com a lateral das claraboias.
22. Vista dos estúdios, onde se vê o encontro 
do pilar com a cobertura.
23. Vista de dois módulos da cobertura, ainda sem os domos. 
Atentar para andaime montado, trechos da empena com fôrma 
e barrilete fixado em uma das vigas invertidas.
50 51
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
P.15
P.35
P.16
P.36
P.38
P.7
P.18
P.27
P.40
P.9
P.20
P.29
P.42
P.11
P.22
P.22
P.31
P.44
P.13
P.24
P.24
P.33
P.37
P.46
P.6
P.17
P.26
P.1
P.39
P.47
P.8
P.19
P.28
P.2
P.41
P.48
P.10
P.21
P.21
P.30
P.3
P.43
P.49
P.12
P.23
P.23
P.32
P.4
P.45
P.50
P.14
P.25 P.25A
P.25AP.25
P.34 P.34A
P.5
0
1
3
5
6
2
4
2
D28. Diagrama unifilar da estrutura.
Pavimentos 3 e 4.
1:500 
50 10 m
pilar passantepilar sem continuidade
viga principal
recebe cargas e transfere 
para os pilares
viga secundária armada (nervuras)
recebe as cargas e transfere para 
as vigas principais
viga secundária protendida (nervuras)
recebe as cargas e transfere para 
vigas principais
viga de distribuição 
distribui cargas entre as nervuras
viga de borda
arremata pavimentos
viga parede
laje
muro de contenção
52 53
D29. Diagrama unifilar da estrutura.
Pavimentos 5 e 6.
1:500
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
P.15
P.35
P.16
P.36
P.38
P.7
P.18
P.18
P.27
P.40
P.9
P.20
P.20
P.29
P.42
P.11
P.22
P.22
P.31
P.44
P.13
P.24
P.24
P.33
P.37
P.46
P.6
P.17
P.17
P.26
P.1
P.39
P.47
P.8
P.19
P.19
P.28
P.2
P.41
P.48
P.10
P.21
P.21
P.30
P.3
P.43
P.49
P.12
P.23
P.23
P.32
P.4
P.45
P.50
P.14
P.25
P.25
P.34
P.5
50 10 m
0
1
3
5
6
2
4
2
pilar passante
pilar sem continuidade
viga principal
recebe cargas e transfere 
para os pilares
viga secundária armada (nervuras)
recebe as cargas e transfere para 
as vigas principais
viga secundária protendida (nervuras)
recebe as cargas e transfere para 
vigas principais
viga de distribuição 
distribui cargas entre as nervuras
viga de borda
arremata pavimentos
viga parede
laje
muro de contenção
54 55
D30. Diagrama unifilar da estrutura.
Pavimentos 7 e 8.
1:500
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
P.15
P.35
P.16
P.36
P.38
P.7
P.18
P.18
P.27
P.40
P.9
P.20
P.20
P.29
P.42
P.11
P.22
P.22
P.31
P.44
P.13
P.24
P.24
P.33
P.37
P.46
P.6
P.17
P.17
P.26
P.1
P.39
P.47
P.8
P.19
P.19
P.28
P.2
P.41
P.48
P.10
P.21
P.21
P.30
P.3
P.43
P.49
P.12
P.23
P.23
P.32
P.4
P.45
P.50
P.14
P.25
P.25
P.34
P.5
50 10 m
0
1
3
5
6
2
4
2
pilar passante
pilar sem continuidade
viga principal
recebe cargas e transfere 
para os pilares
viga secundária armada (nervuras)
recebe as cargas e transfere para 
as vigas principais
viga secundária protendida (nervuras)
recebe as cargas e transfere para 
vigas principais
viga de distribuição 
distribui cargas entre as nervuras
viga de borda
arremata pavimentos
viga parede
laje
muro de contenção
56 57
D31. Diagrama unifilar da estrutura.
Cobertura.
1:500
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
P.15
P.35
P.16
P.36
P.18
P.27
P.20
P.29
P.22
P.31
P.24
P.33
P.46
P.17
P.26
P.1
P.47
P.19
P.28
P.2
P.48
P.21
P.30
P.3
P.49
P.23
P.32
P.4
P.50
P.25
P.34
P.5
0
1
3
5
6
2
4
50 10 m
pilar passante
pilar sem continuidade
viga principal
recebe cargas e transfere 
para os pilares
viga secundária armada (nervuras)
recebe as cargas e transfere para 
as vigas principais
viga secundária protendida (nervuras)
recebe as cargas e transfere para 
vigas principais
viga de distribuição 
distribui cargas entre as nervuras
viga de borda
arremata pavimentos
viga parede
laje
58 59
D32. Detalhe da empena 
e do pendural.
1:100
D33. Seção da viga no centro
1:25
D34. Elevação das vigas protendidas com disposição dos cabos.
1:100
10 2 m
módulo
x = 1,10 m
entre pilar: 10 x
domos: 2,5 x
m
od
ul
aç
ão
 n
o 
vã
o 
ce
nt
ra
l
m
od
ul
aç
ão
 n
os
 v
ão
s 
la
te
ra
is
D35. Módulos 
múltiplos e submúltiplos.
1:200
xx xx
x x
20
x
10
x
10x
3 x
2
3 x
2
3 x
2
3 x
2
3 x
2
3 x
2
3 x
2
3 x
2
x
2
x
2
P24
P33
P44
P25
98
P34
P45
0.50 1m
20
15
empena externa
regularização
pendural de 
sustentação do 
trecho da laje dos 
departamentos
3.
55
1.
12
78
85
80
2.
95
5
Localização
Pavimento 5
*
bainha de alojamento dos cabos
no lado simétrico
ancoragem
berço para macaco hidráulico para 
protensão e encunhamentos dos cabos
D .32
D .33
60 61
Cobertura
A cobertura é um plano único e translúcido que abrange a totalidade do edifício. A luz que 
emite, prensada no oco das empenas opacas, toma corpo e materializa o meio no qual acon-
tece o que está abaixo dela, adquirindo assim uma qualidade especial.
Do ponto de vista construtivo, a cobertura propriamente dita é constituída pela 
laje contínua de 8 cm de espessura que se integra com os troncos de pirâmide que for-
mam as claraboias. Esse conjunto se apoia no sistema principal de vigas longitudinais e 
transversais descrito no item anterior. Embora contínua, a laje é vazada em um ritmo de 
2,75 m nos dois sentidos, que resulta numa malha de vazios por onde entra a luz zenital, 
numa proporção de 16% da área da cobertura.
As vigas do sistema estrutural principal da cobertura circunscrevem módulos de 22 m entre 
as longitudinais e 5,5 m entre as transversais.
Cada módulo desses define um setor de captação das águas pluviais com caimento de 
0,5% para o canto que está sobre os pilares centrais por onde descem os condutores.
A inclinação para a captação das águas pluviais foi executada na própria estrutura e não 
na regularização como é usual.1
Um sistema de impermeabilização flexível, moldado no local e constituído por cama-
das alternadas de elastômeros comercialmente denominados de Neoprene e Hypalon, 
foi aplicado sobre uma regularização da laje e sobre toda a superfície exposta das vigas. 
Conforme especificação do fabricante, o produto dispensa a proteção mecânica e indica 
uma durabilidade de dez anos. No Brasil, nessa época, era um dos mais novos e avançados 
produtos do mercado.
O fechamento das aberturas zenitais, a claraboia, foi feito com abóbadas autoportantes 
de fibra de vidro translúcida diretamente fixadas no concreto. O projeto previa uma cantoneira 
de aço (provavelmente a ser fixada na concretagem), arrematando externamente a borda 
de concreto da abertura onde seria fixada a abóboda translúcida que por sua vez, também 
seria estruturada com cantoneiras de aço no perímetro.
1. Conforme pesquisa em curso para o Plano de Gestão e Conservação da cobertura da FAU realizada pelos 
pesquisadores Fábio Gallo e Rodrigo Vergili. 
1.10.16.25.20.21
2.75
.41 .41
D37. Ampliação do módulo 
estrutural da cobertura.
1:250
D36. Corte ampliado da cobertura.
1:50
2.50 5m
0.50 1 m
D38. Diagrama da cobertura.
junta de dilatação
projeção claraboia
projeção módulo
da cobertura
1.
90
.4
8
.3
0
ralo
D
 .3
4
62 63
Vedos
Os vedos do edifício da FAU-USP são definidos conforme a expressão espacial das atividades 
que abrigam em relação ao espaço geral, de acordo com sua configuração e técnica construtiva.
Empenas externas de concreto armado. Uma das soluções emblemáticas do edifício, 
pesquisada e presente em outras obras do arquiteto que, além de vedos, são estruturais. 
Quatro vigas de grande altura que suportam e se integram com os últimos pavimentos, 
fechando o espaço para si mesmo. Formam, assim, um conjunto que contém as atividades 
que são próprias de uma escola, no caso as salas de aula e os estúdios. Definem, assim, a 
volumetria principal do edifício, que contém simbolicamente sua atividade primordial. Esse 
conjunto forma um corpo elevado sobre os pilares externos, solto do chão, que abriga sob 
ele as atividades complementares da escola.
Paredes revestidas altas (até o teto). Fecham conjuntos de atividades afins, definindo uma 
identidade volumétrica ou uma expressão formal própria na semântica do edifício. Definem 
limites entre o espaço que é interno e o espaço geral do edifício, que se caracteriza como 
externo. Externamente pintadas com cores que identificam sua expressão, internamente 
são também pintadas ou revestidas com laminado melamínico, no caso dos banheiros e 
cozinha. Além dessas alvenarias, os caixilhos, as divisórias leves ou a própria estrutura de 
concreto completam a volumetria desses conjuntos que, como “cheios”, organizam os vazios 
do espaço geral do edifício.
Paredes revestidas baixas (1,9 m). Com laminado melamínico ou compensado, demarcam 
diferentes atividades dentro de um mesmo setor ou de um conjunto funcional, o que ocorre 
basicamente entre os estúdios, mas também como lousa nos painéis de aviso (estúdios e 
chegada no piso da lanchonete) e no fechamento da ventilação, junto às empenas das salas 
de aula e dos