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Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas As políticas públicas para a educação infantil Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender como ocorre a efetivação das políticas públicas na prática nas instituições de educação infantil; • identificar os principais indicadores de qualidade do ensino ofertado que asseguram espaços, materiais didáticos e mobiliários adequados para atender as especificidades da faixa etária de zero a três anos; • analisar como ocorre a efetivação da garantia do direito a educação infantil; • identificar os campos de experiência que fazem parte da proposta curricular para a educação infantil. Pessoal, agora vamos compreender melhor o que representam as políticas públicas para a educação infantil no Brasil, seus aspectos positivos e negativos a serviço da educação. Nesta aula, entraremos em contato com as políticas públicas para a educação infantil, ou seja, analisaremos como os direitos e deveres assegurados pelas legislações educacionais se efetivam na prática das instituições de educação infantil em todo o país. As políticas públicas acontecem realmente na prática em sala de aula? Claro que sim! As unidades de educação infantil devem estar adequadas ao que consta na lei, caso contrário, são proibidas de continuar recebendo crianças e fecham suas portas. Bons estudos! 7º Aula 61 1 - Espaços, materiais e mobiliários 2 - Formação de professores 3 - A garantia do direito à Educação Infantil 4 - Os campos de experiência da Educação Infantil 1 - Espaços, materiais e mobiliários O ambiente físico de uma instituição de educação infantil deve atender às exigências de funcionamento postas pela legislação. Para que as crianças possam ter garantias do cumprimento de seus direitos, bem como as unidades educativas têm o dever de cumprir as leis que busquem viabilizar a qualidade do ensino ofertado. Os bebês e crianças pequenas precisam ter espaços adequados para se mover, brincar no chão, engatinhar, ensaiar os primeiros passos e explorar o ambiente. Brinquedos adequados à sua idade devem estar ao seu alcance sempre que estão acordados. Necessitam também contar com estímulos visuais de cores e formas variadas, renovados periodicamente (Brasil, 2009, p. 50). Diante do exposto acima, compreende-se que a educação infantil possui muitos aspectos que precisam ser melhorados pois nem todas as instituições de educação infantil atendem às exigências feitas em lei para o atendimento a crianças de zero a três anos de idade. Disponível em: psicosaber.wordpress.com psicosaber.wordpress.compsicosaber. wordpress.compsicosaber.wordpress.com. Acesso em: 01 set. 2022. Quando falamos de espaço e mobiliário adequado, os Indicadores de Qualidade na Educação Infantil (2009, p. 51, destaque do autor) realizam os seguintes questionamentos de acordo com o indicador de qualidade número cinco: Há espaço organizado para a leitura, como biblioteca ou cantinho de leitura, equipado com estantes, livros, revistas e outros materiais acessíveis às crianças e em quantidade suficiente? As janelas ficam numa altura que permita às crianças a visão do espaço externo? Seções de estudo Os espaços e equipamentos são acessíveis para acolher as crianças com deficiência, de acordo com o Decreto-Lei nº 5.296/2004 (Saiba Mais 7)? Há bebedouros, vasos sanitários, pias e chuveiros em número suficiente e acessíveis às crianças? A instituição disponibiliza nas salas espelhos seguros e na altura das crianças para que possam brincar e observar a própria imagem diariamente? Há mobiliários e equipamentos acessíveis para crianças com deficiência? Questão que se refere apenas a bebês e crianças pequenas A instituição prevê móveis firmes para que os bebês e crianças pequenas possam se apoiar ao tentar ficar de pé sozinhos? Diante dos questionamentos realizados acima, torna-se relevante salientar que até o momento estamos falando de como precisa estar organizado uma instituição de educação infantil embora ainda não elencamos a realidade dessas instituições em nosso país. As perguntas acima são postas realmente para indagar se todas as instituições de educação infantil estão adequadas às exigências legais para o atendimento a crianças de zero a cinco anos, e, em nosso texto mais especificamente às crianças de zero a três anos de idade. Disponível em: fortenanoticia.com.br. Acesso em: 01 set. 2022. Há algumas instituições de educação infantil que estão em funcionamento mas não atendem as exigências legais para o atendimento a crianças de zero a cinco anos de idade? Contudo, ainda os Indicadores de Qualidade da Educação Infantil (2009, p. 52, destaque do autor), realiza outros questionamentos acerca dos espaços, materiais e mobiliários adequados para o desenvolvimento do trabalho pedagógico: Há espaço que permite o descanso e o trabalho individual ou coletivo da equipe que seja confortável, silencioso, com mobiliário adequado para adultos e separado dos espaços das crianças (para reuniões, estudos, momentos de formação e planejamento)? Há banheiro de uso exclusivo dos profissionais, com chuveiro, pia e vaso sanitário? Há espaços especialmente planejados para recepção e acolhimento dos familiares? Questão que se refere apenas a bebês e 62Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas crianças pequenas Há fraldário/mesa/bancada na altura adequada ao adulto para troca de fraldas dos bebês e crianças pequenas, com segurança? Diante do exposto, observamos que as indagações são muitas, mas respostas plausíveis não são encontradas na maioria das instituições de educação infantil, pois ainda há inúmeras dificuldades para o financiamento e gerenciamento das benfeitorias que necessitam ocorrer nessas unidades educativas. CURIOSIDADE Foram estudados os casos de cinco municípios brasileiros acerca do grande desafio que é efetivar a educação infantil contemplando as exigências legais para seu funcionamento. Procure e leia mais sobre esse assunto no endereço eletrônico: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/integra01.pdf Ainda nesta perspectiva de melhorias que necessitam ser realizadas nas instituições de educação infantil, o indicador de número cinco dos Indicadores de Qualidade (2009, p. 51-52, destaque do autor) questiona a relevância de estar a disposição (acessível) da criança os mais variados instrumentos: Há diversos tipos de livros e outros materiais de leitura em quantidade suficiente? Há brinquedos que respondam aos interesses das crianças em quantidade suficiente e para diversos usos (de faz de conta, para o espaço externo, materiais não estruturados, de encaixe, de abrir/fechar, de andar, de empurrar, etc.)? Há instrumentos musicais em quantidade suficiente? Há na instituição, ao longo de todo o ano e em quantidade suficiente, materiais pedagógicos diversos para desenhar, pintar, modelar, construir objetos tridimensionais (barro, argila, massinha), escrever, experimentar? Há material individual de higiene, de qualidade e em quantidade suficiente, guardado em locais adequados (sabonetes, fraldas, escovas de dentes e outros itens)? Há brinquedos, móbiles, livros, materiais pedagógicos e audiovisuais que incentivam o conhecimento e o respeito às diferenças entre brancos, negros, indígenas e pessoas com deficiência? Há livros e outros materiais de leitura, brinquedos, materiais pedagógicos e audiovisuais adequados às necessidades das crianças com deficiência? Questão que se refere apenas a bebês e crianças pequenas Há objetos e brinquedos de diferentes materiais em quantidade suficiente e adequados às necessidades dos bebês e crianças pequenas (explorar texturas, sons, formas e pesos, morder, puxar, por e retirar, empilhar, abrir e fechar, ligar e desligar, encaixar, empurrar, etc.)? Logo, percebemos que para trabalhar com crianças na educação infantil torna-se necessário adequar todoo espaço físico, mobiliário e materiais didático-pedagógicos buscando atender as especificidades da faixa etária. Como assim? Você pode ser perguntar, vamos compreender alguns conceitos sobre esse assunto. CONCEITO ESPAÇO: a criança necessita de estrutura física da instituição de educação infantil que atenda as suas necessidades, como: um lugar amplo e arejado para brincar, salas de aula com adequadas ao tamanho da criança, um lugar próprio para as refeições, um banheiro com vaso sanitário e pia próprios ao tamanho da criança. MATERIAIS: torna-se de fundamental importância dispor dos mais variados recursos didáticos, como: livros de leitura diversos, brinquedos que levem a criança a construir (exercitar sua criatividade) e que sejam prazerosos de se brincar, instrumentos musicais para a criança explorar sons, brinquedos com diferentes cores, formas e tamanhos, bem como folhas de papel para a criança entrar em contato com mundo do registro e exercitar sua coordenação motora. MOBILIÁRIOS: os móveis que são utilizados em sala de aula, como também em todos os ambientes na instituição de educação infantil precisam ser adequados ao tamanho da criança, com a finalidade de enfatizar a autonomia da criança em realizar as atividades mais simples como: levantar e sentar na cadeira sozinho, lavar as mãos na pia, pegar seu prato de comida, encher um copo de água e tomar sozinho, enfim, realizar as ações mais simples para um adulto, que para a criança ainda simboliza um momento de superação dos seus próprios limites. Portanto, proporcionar um ambiente propício ao aprendizado da criança requer adequações espacias, mobiliária e de materiais didático-pedagógicos compatíveis com as necessidades das crianças, visando sumariamente atender as especificidades da faixa etária de zero a cinco anos. E, quando falamos da criança de zero a três anos os cuidados precisam ser redobrados, pois quanto menor a criança maior a dependência do adulto, bem como maior os cuidados com tudo que a cerca (materiais, mobiliário, espaço físico). Nesta segunda seção, iremos identificar a importância da formação em nível superior dos professores que atuam na educação infantil, bem a qualificação em nível médio dos demais profissionais que atuam nas instituições de educação infantil. 2 - Formação de professores Professores para atuar na educação infantil nas unidades educativas de todo o país necessitam ser bem preparados em sua formação inicial e continuada para garantir a oferta de um cuidar e educar (processo de ensino) de qualidade as crianças. Um dos fatores que mais influem na qualidade da educação é a qualificação dos profissionais que trabalham com as crianças. Professoras bem formadas, com salários dignos, que contam com o apoio da direção, da coordenação pedagógica e dos demais profissionais – trabalhando em equipe, refletindo e 63 procurando aprimorar constantemente suas práticas – são fundamentais na construção de instituições de educação infantil de qualidade (Brasil, 2009. p. 54) Diante do exposto podemos verificar que para atuar nas instituições de educação infantil todos os profissionais envolvidos com a arte de educar e cuidar são responsáveis pela qualidade do ensino ofertado, ou seja, os professores e os demais profissionais da educação. Disponível em: julainepedagoga.blogspot.com. Acesso em: 01 set. 2022. O indicador de qualidade número seis (Brasil, 2009, p. 54 ) realiza os seguintes questionamentos: “As professoras têm, no mínimo, a habilitação em nível médio na modalidade Normal?” e também “As professoras são formadas em Pedagogia?”. Sendo assim, ocorre mais um grande desafio para a educação infantil, que é desmistificar a irrelevância da presença de uma pedagoga nas salas de crianças de zero a três anos idade, bem como uma qualificação prévia da assistente de professora. Disponível em: arcauniversal.com. Acesso em: 01 set. 2023. Outro ponto questionado pelo documento Indicador de Qualidade da Educação Infantil refere-se a formação continuada dos professores que atuam nas instituições de educação infantil (p. 55): A instituição possui um programa de formação continuada que possibilita que as professoras planejem, avaliem, aprimorem seus registros e reorientem suas práticas? A formação continuada atualiza conhecimentos, promovendo a leitura e discussão de pesquisas e estudos sobre a infância e sobre as práticas de educação infantil? As professoras são orientadas e apoiadas na inclusão de crianças com deficiência? Os momentos formativos estão incluídos na jornada de trabalho remunerada dos profissionais? A formação continuada promove conhecimento e discussão sobre as diferenças humanas? As professoras conhecem os livros acessíveis para crianças com deficiência? Nesta perspectiva, percebemos que para se trabalhar com a educação infantil é de fundamental importância a qualificação profissional das pessoas envolvidas com o processo. Uma vez que, promover o ensino e a aprendizagem, o cuidar e o educar, requer formação inicial e continuada adequada às especificidades da criança de zero a três anos. Disponível em: adjorisc.com.br. Acesso em: 01 set. 2022. Outro ponto relevante destacado pelo indicador número seis (Brasil, 2009, p. 55) refere-se às condições de trabalho aos professores das instituições de educação infantil: Há no mínimo uma professora para cada agrupamento de: - 6 a 8 crianças até 2 anos (Saiba Mais 9)? - 15 crianças até 3 anos? - 20 crianças de 4 até 6 anos? As professoras são remuneradas, no mínimo, de acordo com o piso salarial nacional do magistério (Saiba Mais 10)? A instituição conhece e implementa procedimentos que visam prevenir problemas de saúde das professoras e demais profissionais? Logo, percebemos que para desenvolver um bom trabalho na educação infantil torna-se necessário viabilizar condições favoráveis ao desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, bem como a qualificação profissional dos envolvidos é imprescindível para a garantia de qualidade do ensino ofertado. Sendo assim, podemos destacar que: Esse trabalho, que carrega consigo tanta responsabilidade, precisa ser valorizado na instituição e na comunidade. Na instituição é preciso que as condições de trabalho sejam compatíveis com as múltiplas tarefas envolvidas no cuidado e na educação das crianças até seis anos de idade. Na comunidade, é desejável que se estabeleçam canais de diálogo e comunicação que levem 64Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas as famílias e demais interessados a conhecer e melhor entender o alcance do trabalho educativo que é desenvolvido com as crianças e o papel desempenhado pelas professoras e demais profissionais na instituição (Brasil, 2009, p. 54). Portanto, promover uma educação infantil de qualidade requer qualificação dos profissionais envolvidos, tanto professores quanto os demais profissionais, bem como empenho em continuar estudando (formação continuada) buscando assim, melhorar a qualidade do processo de educar e cuidar. Na próxima seção vamos compreender melhor como se dá o processo da garantia do direito à educação infantil, que é a primeira etapa da educação básica, assegurada na LDB 9.394/1996. 3 - A garantia do direito à Educação Infantil A criança tem o direito a educação conforme assegurado pela legislação, assim como a família também é responsável pela efetivação desse direito. Logo, pode-se dizer que: A educação infantil no Brasil registrou muitos avanços nos últimos vinte anos. A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 a definiram como primeira etapa da educação básica, antecedendo o ensino fundamental, de caráter obrigatório, e o ensino médio. Essa ampliação do direito à educação a todas as crianças pequenas, desde seu nascimento, representa uma conquista importante para a sociedadebrasileira (Brasil, 2009, p. 13). SABER MAIS O termo “educação infantil”: Creche para crianças de zero a três anos e Pré-escola para crianças de quatro a seis anos de idade foi adotado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394 de 1996 (Seção II Da Educação Infantil, artigo n. 30). Historicamente, o atendimento às crianças menores de sete anos possuía várias denominações, entre as quais: creche, maternal, berçário, jardim de infância, pré-primário e pré-escolar. A LDB n. 9.394/1996 foi alterada pela Lei 11.114/2005, que incluiu a criança de seis anos no ensino fundamental de oito anos e pela Lei n. 11.274/2006, se instituiu a obrigatoriedade da matrícula das crianças de seis anos de idade no ensino fundamental de nove anos. Fonte: Feliz (2007) Disponível em: francanetocafenews.blogspot.com. Acesso em: 01 set. 2022. Sendo assim, a criança atualmente saiu do campo assistencial e passou para o campo educacional, já que a faixa etária de zero a cinco anos tem o direito, a garantia e a obrigatoriedade de oferta (poder público) pois está assegurado em lei. E, nesta perspectiva Felix (2007) salienta: É nas instituições de Educação Infantil que as crianças permanecem, muitas vezes, por uma jornada de 50 horas semanais. Se pensarmos a propósito desse tempo, podemos até dizer que talvez passem mais tempo na instituição de Educação Infantil do que com suas famílias, já que, por inúmeras vezes, saem dormindo ou dormem no caminho percorrido até suas residências e, no dia seguinte, retornam, dormindo, à instituição (Felix, 2007, p. 62). A propósito do exposto pela autora acima, percebemos que a criança, quando permanece em período integral na instituição de educação infantil, não passa muito tempo com sua família, já que essa por sua vez tem seus afazeres (trabalho) e acaba por transferir o processo educacional para a unidade educativa. Disponível em: fortenanoticia.com.br. Acesso em: 01 set. 2022. Logo, podemos dizer que os Indicadores de Qualidade da Educação Infantil (2009) representaram um grande avanço para o setor, já que além da legislação tivemos outros documentos publicados visando direcionar o trabalho na educação infantil. E, dessa forma garantir a qualidade do ensino a ser ofertado para as crianças de zero a cinco anos de idade. Este documento foi construído com o objetivo de auxiliar as equipes que atuam na educação infantil, juntamente com famílias e pessoas da comunidade, a participar de processos de autoavaliação da qualidade de creches e pré-escolas que tenham um potencial transformador. Pretende, assim, ser um instrumento que ajude os coletivos – equipes e comunidade – das instituições de educação infantil a encontrar seu próprio caminho na direção de práticas educativas que respeitem os direitos fundamentais das crianças e ajudem a construir uma sociedade mais democrática (Brasil, 2009, p. 14). 65 Ainda falando sobre a garantia de direitos das crianças, as instituições de educação infantil precisam cumprir algumas exigências para assegurar o atendimento às especificidades da infância: Cabe às instituições de Educação Infantil assegurar às crianças a manifestação de seus interesses, desejos e curiosidades ao participar das práticas educativas, valorizar suas produções, individuais e coletivas, e trabalhar pela conquista por elas da autonomia para a escolha de brincadeiras e de atividades e para a realização de cuidados pessoais diários. Tais instituições devem proporcionar às crianças oportunidades para ampliarem as possibilidades de aprendizado e de compreensão de mundo e de si próprio trazidas por diferentes tradições culturais e a construir atitudes de respeito e solidariedade, fortalecendo a auto-estima e os vínculos afetivos de todas as crianças (Brasil, 2009, p. 08). Neste mesmo sentido, as unidades educativas responsáveis pela educação infantil e por atender à alguns princípios políticos de acordo com as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (2009, p. 08) : A Educação Infantil deve trilhar o caminho de educar para a cidadania, analisando se suas práticas educativas de fato promovem a formação participativa e crítica das crianças e criam contextos que lhes permitem a expressão de sentimentos, idéias, questionamentos, comprometidos com a busca do bem estar coletivo e individual, com a preocupação com o outro e com a coletividade. Como parte da formação para a cidadania e diante da concepção da Educação Infantil como um direito, é necessário garantir uma experiência bem sucedida de aprendizagem a todas as crianças, sem discriminação. Isso requer proporcionar oportunidades para o alcance de conhecimentos básicos que são considerados aquisições valiosas para elas. O Marco Legal da Primeira Infância (2016) representa um grande avanço em defesa da educação infantil e do direito da criança pequena, como expressa o documento: Esforços para o desenvolvimento da Primeira Infância devem convergir para quatro tarefas de uma agenda inacabada – redirecionamento de políticas sociais para focarem nas crianças mais novas, incorporação do Desenvolvimento da Primeira Infância em modelos de saúde pública, mensuração de resultados e vinculação desses aos programas e políticas, além de comunicação da importância do desenvolvimento de um cérebro saudável na idade de 0 a 6 anos (Brasil, 2016, p. 26). Portanto, além do compromisso da legislação em assegurar o direito ao acesso a educação infantil, cabe também às instituições de educação infantil zelarem pela grande responsabilidade presente do setor que refere-se a oferta de um ensino pautado na qualidade e no compromisso com o processo de ensino. A garantia de direitos então, deve ser assegurado pelo sistema educacional e pelas políticas públicas aplicadas nas unidades educativas. 4 - Os Campos de experiência da Educação Infantil A educação básica brasileira passou por mudanças significativas no que se refere ao currículo por meio da BNCC. A educação infantil agora possui campos de experiência. Os campos de experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural (BNCC, 2018. p. 40). Os campos de experiência fazem parte da proposta presente na BNCC e cada campo busca enfatizar experiências significativas para o desenvolvimento integral da criança. Segue abaixo a estrutura dos campos de maneira resumida: CAMPO DE EXPERIÊNCIA DEFINIÇÃO O eu, o outro e o nós É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituin- do um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferen- tes, com outros pontos de vista. Traços, sons, cores e formas Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da institui- ção escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expres- são e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotogra- fia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Escuta, fala, pensamento e imaginação Desde o nascimento, as crianças parti- cipam de situações comunicativas co- tidianas com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de inte- ração do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e outros recursos vo- cais, que ganham sentido com a inter- pretação do outro. 66Estimulação de Bebês e o Cuidar e Educar Crianças Pequenas Espaços, tempos, quantida- des, relações e transforma- ções As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite;hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosfé- ricos, os animais, as plantas, as trans- formações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) Fonte: BNCC (2018, p.40-41) Portanto, os campos de experiências representam uma proposta curricular para a educação infantil que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças. Cabe salientar que, a definição e a denominação dos campos de experiências também se baseiam no que dispõem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil em relação aos saberes e conhecimentos primordiais a ser proporcionados às crianças em suas experiências. RETOMANDO A CONVERSA INICIAL Nesta aula, vimos como as políticas públicas para a educação infantil são efetivas em três aspectos distintos: • Questões espaciais, materiais e mobiliários; • A formação docente; • A garantia do direito a educação; • Os campos de experiência da educação infantil. Na primeira seção, discutimos que os espaços disponíveis para a criança precisam atender as especificidades da faixa etária de zero a três anos. Os materiais didático-pedagógicos presentes nas salas de aula devem ser compatíveis a idade das crianças, com tamanho, forma e cores diferentes e o mobiliário também precisa estar adequado, como mesas e cadeiras, além dos sanitários, proporcionais ao tamanho da criança. Já na segunda seção, descobrimos que para educar e cuidar crianças de zero a três anos de idade há a necessidade de um profissional em nível superior, no caso um pedagogo (a) que recebeu em sua formação inicial conceitos e técnicas da prática pedagógica nesta faixa etária. Ressaltamos também a relevância da formação continuada buscando a qualidade do ensino ofertado. Na terceira seção, tratamos da garantia do direito a educação infantil, que é a primeira etapa da educação básica e todas as crianças de zero a três anos tem o acesso assegurado pela legislação. E, na última seção, abordamos os campos de experiência que fazem parte da nova proposta curricular para a educação infantil presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Chegamos, assim, ao final dessa aula. Espera-se que agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre as políticas públicas para a educação infantil. Vamos, então, recordar: Retomando a aula 1 - Espaços, materiais e mobiliários Nesta primeira seção, tivemos a oportunidade de melhor compreender como deve estar organizado o atendimento às crianças na Educação Infantil. 2 - Formação de professores Já nesta segunda seção, podemos perceber a relevância de um profissional qualificado, em nível superior, para melhor conduzir o processo de educar e cuidar na Educação Infantil. 3 - A garantia do direito à Educação Infantil Nesta penúltima seção, verificamos a importância de conhecer as leis que regem a educação no Brasil para que a partir possamos garantir o direito a primeira etapa da educação básica em nosso país. 4 - Os campos de experiência da Educação Infantil Nesta última seção, tivemos a oportunidade de conhecer os campos de experiência presentes na nossa BNCC. KRAMER, Sonia. et al. As crianças de zero a seis anos nas políticas educacionais no Brasil: Educação Infantil e/é Fundamental. Educação & Sociedade, Campinas, n. 96. Especial, p. 797 – 818, out. 2006. Disponível em: www. scielo.br FERNANDES, Francisco das Chagas. Política de Ampliação do Ensino Fundamental para Nove Anos – Pela inclusão das crianças de seis anos de idade na educação obrigatória. 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/Ensfund/chagas_ensfundnovanos.pdf . Acesso em: 10 nov. 2008. Vale a pena ler Vale a pena 67 www.scielo.br portal.mec.gov.br www.anped.org.br Vale a pena acessar http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_ zoo&view=item&item_id=4414. Vale a pena assistir Minhas anotações
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