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Geografia I para o Ensino Fundamental 37 Esta concepção, amplamente difundida nos currículos e programas es- colares, negligencia em sua análise a apreensão dos conceitos como produto da História, da vida social e, como efeito, desconsidera as relações entre o de- senvolvimento cognitivo, o desenvolvimento intelectual e os elementos cons- tituintes da vida social/cotidiana. Ao desconsiderá-las, o aprendizado concei- tual transforma-se numa abstração e, como efeito, incapaz de ser apreendido pela criança, concluindo-se, por exemplo, que a “... noção do tempo passado, base do conhecimento histórico, seria pura abstração e, portanto, impossível de ser compreendida por pessoas de faixa etária correspondente ao pensa- mento operatório concreto” (BITTENCOURT, (2004, p. 196). Os efeitos dessa concepção teórico-metodológica no âmbito dos pri- meiros anos de escolaridade foram a redução da carga horária do ensino de História e da Geografia e o avanço da disciplina “Estudos Sociais”, empobre- cendo seus conteúdos. Aparentemente as mudanças educacionais que acon- teceram a partir da aprovação da Lei 9394/96 não alteram significativamente esses problemas. A Lei 11.274/96 altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, ao dispor sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. No entanto, não podemos esquecer que a inclusão de crianças de seis anos de idade nos primeiros anos do ensino fundamental não representa a antecipação dos conteúdos, mas reitera a concepção tradicionalmente orien- tadora dos currículos prescritos de que determinados conteúdos são inade- quados para os primeiros anos de escolarização. Nas práticas escolares são mantidas estratégias de aprendizado pensadas a partir do “respeito” aos es- tágios de desenvolvimento psicológico do aluno e sua maturação biológica. Parte-se do concreto ao abstrato em etapas sucessivas. O método de ensino de Geografia começa do estudo do mais próximo, da comunidade ao bairro, indo sucessivamente ao mais distante, o município, o estado, o país e o mundo. Perde-se assim de vista que a criança está inse- rida em determinados espaços que não são estáticos, isolados dos objetos do mundo e das ações dos sujeitos, fragmentados e lineares e, sobretudo, que os conceitos geográficos não são produzidos fora do mundo real, mas a partir dele, constituindo-se o próximo e o distante, o eu e o outro, aspectos de uma mesma relação. Isso significa dizer que na defesa da possibilidade de apreensão dos conceitos pela criança, parte do reconhecimento da criança como ser pen- sante, capaz de relacionar sua ação à representação que faz do seu mundo. Nessa , a criança não pode ser vista como uma ilha cujo processo do conhe- cimento se realiza como um monólogo, cabendo à escola apenas a tarefa de
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