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Livro 5 - Pedagogia da prática (ou workplace learning) Site: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Ifes Curso: Educação de Jovens e Adultos e Teorias de Aprendizagem para a Educação Profissional e Tecnológica Livro: Livro 5 - Pedagogia da prática (ou workplace learning) Impresso por: Vera Lúcia Sales Pereira Riccio Data: quinta, 25 Mar 2021, 10:27 https://ava.cefor.ifes.edu.br/ Sumário 1 Explorando o conceito de Workplace Learning 2 Referências 1 Explorando o conceito de Workplace Learning Outra abordagem, complementar às outras apresentadas, é a que Stephen Billett (2018) desenvolve a partir de seus estudos sobre como se aprende no ambiente laboral e que ele chama de Epistemologia da prática ou pedagogia da prática. Várias formas de aprendizagem, muitas vezes, depreciadas na educação regular passam a ter outro sentido e outro valor quando olhamos mais atentamente como trabalhadores aprendem com outros trabalhadores. Nos ambientes laborais, é muito comum haver um "currículo oculto", ou seja, percursos de aprendizagem não formalizados (como em uma escola, por exemplo), mecanismos de desenvolvimento de trabalhadores que podem fornecer pistas também para as instituições de formação profissional. Assim, Billett fala em quatro formas de aprender no ambiente de trabalho: i) por meio do engajamento em tarefas laborais ("apenas fazendo") - o resultado da implicação em atividades e interações profissionais com objetivos definidos; ii) por orientação indireta fornecida pelo ambiente ("apenas estando lá") - observação e imitação de colaboradores, peritos, artefatos e o ambiente físico e social; iii) pela prática dentro deste ambiente - a prática leva ao ensaio, ao refinamento de procedimentos e à construção de associações conceituais; iv) por orientação muito próxima por outros profissionais e peritos - o que auxilia no desenvolvimento de saberes que não se pode aprender somente por descoberta (Billett, 2001). Recomendamos leitura o seguinte material de divulgação desta Epistemologia da prática, que inclui mecanismos de aprendizagem, as suas práticas, seus objetivos e saberes associados: Aprendendo profissões pela prática: currículo, pedagogia e epistemologia da prática Leia o texto aqui Apenas destacamos alguns pontos importantes deste material. Primeiro, Billett alerta que nas formas de aprendizagem no ambiente de trabalho (o “workplace learning”, em inglês) pode haver limitações para o desenvolvimento dos trabalhadores, tais como aprendizagens inadequadas (saberes/fazeres inúteis, equivocados ou perigosos), falta de acesso ou de orientação nas atividades, “relutância de colaboradores/ peritos/supervisores em fornecer orientação a trabalhadores; ausência de orientação de peritos no local de trabalho; relutância de trabalhadores de se dedicar a aprender” (BILLETT, 2002). Por isso mesmo, este pesquisador da aprendizagem laboral afirma que “é preciso inspirar-se nestas contribuições e remediar as limitações listadas acima” (idem). A formação profissional na escola pode assim inspirar-se deste currículo (às vezes não visível) que constitui o ambiente laboral, mediante engajamento e interações laborais e ordenando as experiências de aprendizagem daquelas que proporcionam menos riscos àquelas cujos erros podem causar consequências mais graves, conforme observado em comunidades de ‘alfaiates (Lave, 1990), cabeleireiros (Billett, 2001), trabalhadores da produção (Billett, 2002), médicos (Sinclair, 1997) e ceramistas (Singleton, 1989)”. Recomendamos que passeie pelas tabelas 2 e 3 do material indicado anteriormente para leitura, que mostram práticas pedagógicas e práticas epistemológicas pessoais que foram observadas na aprendizagem laboral e que podem nortear o ensino. As práticas pedagógicas indicam atividades que permitem enriquecer ou desenvolver a aprendizagem enquanto as práticas epistemológicas pessoais dizem respeito ao modo como os trabalhadores agem para aprender. Neste último caso, note que a imitação e a observação são vistos como processos muito mais ativos do que se costuma pensar. Algo que outros autores, como Jobert, irão defender também trata-se de um olhar orientado, situado, de um “olhar que age”, para além de uma passividade. Experimentos das neurociências confortam esta perspectiva: https://vocationsandlearning.files.wordpress.com/2018/12/Leaflet_Portuguese.pdf https://ava.cefor.ifes.edu.br/pluginfile.php/1265123/mod_book/chapter/36340/Aprendendo%20profiss%C3%B5es%20pela%20pr%C3%A1tica%20-%20curr%C3%ADculo%2C%20pedagogia%20e%20epistemologia%20da%20pr%C3%A1tica.pdf Na formação, são as duas propriedades dos neurônios espelhos que são postos à obra: o aprendiz imita para reproduzir de forma idêntica, porém ele também se coloca no lugar daquele que ele imita: duplo processo, um de imitação, outro de identificação. Este duplo processo, cognitivo e identitário, não pode surpreender os formadores experientes que sabem que em toda formação profissional, de qualquer modalidade, o cognitivo e o identitário formam sempre um par. A aprendizagem é um tornar- se”. A observação e a imitação são apenas uma das modalidades apresentadas por Billett, que também destaca os objetivos das formas de aprender, das disposições necessárias para sua ocorrência. Tais modalidades precisam ser exploradas pelos professores conforme cada situação de referência, cada ambiente de aprendizagem que norteiam as suas atividades pedagógicas. 2 Referências BILLETT, Stephen. Learning through practice: beyond informal and towards a framework for learning through practice. In: Revisiting global trends in TVET: Reflections on theory and practice (pp. 123– 163). Germany: UNESCO, 2013. BILLETT, S. Aprendendo profissões pela prática: currículo, pedagogia e epistemologia da prática. Dep. of Education and Professional Studies, Griffith University, Australia. Brochure produite dans le cadre de la recherche “Enhancing practice-based learning experiences: towards a curriculum, pedagogic and epistemology of practice”, 2018. Disponível em: https://vocationsandlearning.wordpress.com/resources/ JOBERT, Guy. La formation professionnelle comme éducation du regard au travail [A formação profissional como educação do olhar no trabalho]. Ergologia, n° 22, dez. 2019. Disponível em: http://www.ergologia.org/uploads/1/1/4/6/11469955/num_22_art_1.pdf http://www.ergologia.org/uploads/1/1/4/6/11469955/num_22_art_1.pdf
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