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07/08/2021 STF: sugestões para o aperfeiçoamento do plenário virtual | JOTA Info
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/elas-no-jota/stf-sugestoes-para-o-aperfeicoamento-do-plenario-virtual-06082021 1/12
ELAS NO JOTA
STF: sugestões para o aperfeiçoamento do plenário virtual
Uso de novas tecnologias no Direito é visto com bons olhos, desde que resguarde direitos e garantias
fundamentais
ANA CAROLINA ANDRADA ARRAIS CAPUTO BASTOS
06/08/2021 08:46
Atualizado em 06/08/2021 às 08:47
Fachada STF / Crédito: Fellipe Sampaio/SCO/STF
Entenda como as mudanças no IR, o novo Re�s e a tributação de dividendos afetam os seus
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07/08/2021 STF: sugestões para o aperfeiçoamento do plenário virtual | JOTA Info
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/elas-no-jota/stf-sugestoes-para-o-aperfeicoamento-do-plenario-virtual-06082021 2/12
O Supremo Tribunal Federal (STF) caminha – a passos largos – para se tornar uma
Corte Constitucional 100% Digital, a primeira do mundo, como projetado pelo ministro
Luiz Fux. O intuito é que todos os serviços judiciários prestados pelo Tribunal estejam
disponíveis online. Para tanto, anunciou que promoverá uma reformulação do plenário
virtual e tem se empenhado em inúmeras iniciativas baseadas em Inteligência Arti�cial
(IA) e machine learning.
Tudo isso é extremamente válido e atende aos anseios de modernização do STF,
inclusive no que se refere à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Há, entretanto, preocupações que seguem latentes e que dizem respeito não só à
administração do Tribunal, mas da própria Justiça. A�nal, afetam o modelo de
prestação jurisdicional e, por isso, deveriam contar com uma maior participação da
advocacia no diálogo institucional[1].
07/08/2021 STF: sugestões para o aperfeiçoamento do plenário virtual | JOTA Info
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/elas-no-jota/stf-sugestoes-para-o-aperfeicoamento-do-plenario-virtual-06082021 3/12
Em 12 de julho de 2020[2], escrevi um artigo sobre a (in)compatibilidade dos
julgamentos virtuais com a Constituição Federal (CF/88) e a legislação de regência.
Sem prejuízo das ideias trazidas naquele texto, lanço algumas re�exões com o objetivo
de contribuir para o aperfeiçoamento do plenário virtual no STF. Como usuários dessa
ferramenta, precisamos estar atentos a qualquer oportunidade de melhoria.
Divergência persuasiva: destaque automático
Um estudo divulgado na Harvard Business Review[3] indica que pessoas tendem a
superestimar o poder de seu convencimento na comunicação baseada em texto e
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07/08/2021 STF: sugestões para o aperfeiçoamento do plenário virtual | JOTA Info
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subestimá-lo na forma presencial. A experiência envolveu voluntários que foram
instruídos a seguir o mesmo script e fazer o mesmo pedido (completar uma pesquisa)
a um grupo de desconhecidos. Metade formalizou a solicitação por e-mail e os demais
pessoalmente.
Embora o primeiro grupo se sentisse tão con�ante quanto o segundo em relação à
e�cácia de sua abordagem, os pedidos feitos “cara a cara” foram 34 (trinta e quatro)
vezes mais assertivos do que os enviados online. Segundo os estudiosos, os resultados
são consistentes com pesquisas anteriores que mostram que as pessoas têm mais
probabilidades de realizar seus pedidos feitos pessoalmente do que por correio
eletrônico.
O relatório “Supremo em Números” da FGV também demonstrou tendência semelhante
no STF: há mais chances de êxito nos processos apreciados no plenário físico (e com
atenção individualizada dos ministros) do que nos demais formatos de julgamento
(virtual ou em lista)[4]. Diante disso, seria natural que – ao menos nos casos de
divergência no plenário virtual – o feito fosse automaticamente remetido ao plenário
físico, de maneira que o ministro que apresentou voto dissidente pudesse defender sua
posição.
A professora Paula Pessoa Pereira, também atenta a isso, propôs outra alternativa[5]:
um modelo de deliberação bifásico, o que também poderia ajudar a minimizar o
problema.
Atualmente, a divergência pode ser manifestada até as 23h59 do último dia de
julgamento, ou seja, às vésperas de se proclamar o resultado. Da forma como está, não
há espaço para o debate. O formato não estimula e tampouco assegura que haveria a
efetiva troca de opiniões entre os Ministros.
Limite de processos pautados
Outro ponto que merece re�exão é o número de processos submetidos a cada sessão.
Não há qualquer limite quanto a isso. Os ministros são livres para submeter a seus
pares a quantidade de casos que entenderem aptos a julgamento. Embora todos
disponham de assessoria altamente quali�cada e de notáveis juízes auxiliares, é
pública e notória a sobrecarga.
07/08/2021 STF: sugestões para o aperfeiçoamento do plenário virtual | JOTA Info
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Segundo dados contabilizados no referido relatório da FGV, foram proferidas 7,9 mil
decisões colegiadas em 141 sessões de julgamento no primeiro semestre de 2019.
Isso representa uma média de 56 processos[6]. Apesar de já ser algo bastante
expressivo, as mudanças na abrangência do plenário virtual em 2020 elevaram ainda
mais esse número.
A título de ilustração, registre-se que – na semana de 28/05 a 07/06/2021 – o Pleno
julgou 147 processos, enquanto a 1ª e a 2ª Turma 189 e 116 respectivamente. Signi�ca
que, em 7 dias, os três órgãos colegiados do STF examinaram nada menos do que 452
casos eletronicamente.
Considerando que só há expediente forense em 5 dias
da semana, cada ministro teria analisado cerca de 90
processos por dia entre ações penais, cíveis
originárias, de controle concentrado, referendo de
liminares, recursos; entre demandas consideradas
simples ou complexas.
Some-se a isso o tempo dedicado a audiências, oitiva de sustentações orais, leitura de
pareceres e memoriais e, ainda, ao exame dos casos decididos monocraticamente e
submetidos à sessão presencial (feita por videoconferência atualmente).
O curioso é que, nos dias 26 e 27 de maio de 2021, o plenário físico julgou apenas um
RE e uma ADI. Como explicar ao jurisdicionado a diferença do tempo reservado a
apenas 2 processos nos encontros presenciais em contraste com o que tem sido
destinado aos quase 100 casos (média diária) objeto dos encontros virtuais?
Se comparados os números dos julgamentos virtuais com os dos presenciais, percebe-
se que a TV e a Rádio Justiça, que transmitiam as sessões ao vivo e serviam como
mecanismos de controle jurisdicional, praticamente perderam sua razão de ser.
Reduziu-se, ainda, o acesso da sociedade – destinatária primeira das decisões do STF
– ao acompanhamento da Justiça. Oportuno, então, estabelecer um limite razoável de
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processos nas sessões do plenário virtual, a �m de lhe conferir maior racionalidade,
transparência e publicidade.
Ordem de votação por antiguidade
A ordem de votação é uma das regras mais sensíveis de um julgamento. A depender da
forma como se inicia o debate, um determinado voto pode in�uenciar todos os demais
e, com isso, de�nir o resultado �nal. Isso porque sabemos que, no exercício da dialética,
há zonas de in�uência naturais dentro de um colegiado. Desse modo, se os órgãos
virtuais deveriam ser um espelho dos presenciais, precisamse sujeitar às mesmas
regras.
A regra estabelecida há décadas pelo STF para a deliberação presencial é a de que os
votos são colhidos na ordem inversa de antiguidade, nos termos do art. 135 caput do
Regimento Interno do STF (RISTF). Votam primeiro, portanto, os ministros com menos
tempo no Tribunal. Embora seja possível antecipar o voto, não é algo que seja tão
comum, até em respeito e por uma cortesia com os colegas que ainda não se
manifestaram.
Essa disposição do RISTF se insere no rol de normas originárias, isto é, foi editada à
época em que – sob a égide da CF/69 – o STF detinha competência normativa primária
para dispor sobre direito processual. Com o advento da CF/88, as disposições
regimentais que não con�itavam com a nova ordem constitucional foram
recepcionadas e passaram a vigorar com força de lei.
Por esse motivo, devem ser observadas pelo Tribunal e só podem ser alteradas por lei
em sentido formal, observando-se o devido processo legislativo, conforme precedentes
da própria Corte . Impõe-se, assim, que a ordem decrescente de antiguidade também
seja adotada no plenário virtual, sob pena de se criar distinção sem razão legal ou
regimental para tanto. Hoje, os votos eletrônicos são computados na ordem
cronológica das manifestações.[8]
Campos para preenchimento e votação
Além das referidas sugestões, cabe tecer algumas considerações quanto à própria
estrutura do plenário virtual. Houve um grande avanço após a decisão do STF de
disponibilizar o relatório e os votos em tempo real, visto que – até maio de 2020 – só
eram tornados públicos com a publicação do acordão[9]. Ainda há, entretanto, muitas
[7]
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informações que deveriam ser destacadas durante a votação e estar acessíveis
também aos advogados.
Note-se que, na análise da Repercussão Geral (RG), há prévia divulgação do tema,
síntese do que deverá ser (ou não) examinado pelo Tribunal em sede de RE. Ademais,
os ministros visualizam três campos especí�cos em relação aos quais devem se
manifestar: se “há” ou “não há” questão constitucional; “sim” ou “não” quanto à
existência de RG na matéria e “sim” ou “não” para os casos de rea�rmação de
jurisprudência.
Algo semelhante deveria ser pensado para o plenário virtual, de modo a particularizar o
objeto da controvérsia e algumas das inúmeras variáveis inerentes ao exame de mérito
dos casos sob a jurisdição do STF. Isso certamente contribuiria para aproximá-lo um
pouco mais do formato dos julgamentos presenciais.
Sugere-se, portanto, que os votos sobre eventual questão preliminar ou prejudicial, por
exemplo, sejam colhidos em separado, assinalados em colunas próprias. A clara
percepção de que esses incidentes existem pode in�uir diretamente no convencimento
dos demais membros julgadores e, por isso, merecem destaque ao longo da sessão.
Considerando, inclusive, que podem ser suscitados não só pelo(a) relator(a), é um
campo que deveria estar disponível para preenchimento durante todo o julgamento.
Da mesma forma, convém criar um espaço no painel de julgamento para que os
advogados possam, se for o caso, indicar que formalizaram Questão de Ordem (QO) –
como assegurado pelo art. 124, paragrafo único do RISTF – ou que esclareceram
matéria de fato, nos termos do art. 7º, incisos X e XI da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da
Advocacia). Essa “caixinha” no ambiente virtual seria uma espécie de “subir à tribuna”
no Plenário Físico[10].
Por �m, há outro mecanismo que já vem sendo utilizado por alguns ministros e que tem
se mostrado bastante oportuno. É a sugestão – logo no voto do(a) relator(a) – da tese
a ser �rmada pelo Tribunal. Assim, os julgamentos do plenário virtual teriam um tema e
uma proposta de tese muito bem identi�cados desde o início das votações, trazendo
mais transparência e publicidade a esse formato de deliberação.
De�nição dos critérios de afetação
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Mesmo após algum tempo analisando a dinâmica dos pronunciamentos do STF,
percebo não ser possível extrair uma regra segura quanto aos critérios de afetação do
que deve ser julgado de forma presencial, virtual ou em lista. Isso traz, no entanto,
muita insegurança em relação ao processo decisório do STF que já é sobremaneira
complexo.
A subjetividade nessa seleção, contudo, deveria dar espaço a critérios objetivos. Nos
chamados hard cases, como a marcha da maconha, a legitimação da união
homoafetiva, a criminalização da homofobia, a possibilidade do aborto de feto
anencefálico, a prisão civil dos depositários in�éis, entre outros, a necessidade de se
conferir maior publicidade à sessão[11] – diante da inquestionável atenção da mídia –
poderia ser um parâmetro de escolha.
Conforme explorado até aqui, há clara diferença entre uma opção e outra. Até que haja
perfeita simetria entre os julgamentos virtuais e presenciais, ou seja, que as partes
possam se valer dos mesmos direitos e prerrogativas do ponto de vista procedimental,
é necessário que se criem regras mínimas de escolha entre cada um dos três formatos.
Até 2019, o �ltro para apreciação no ambiente virtual era a classe processual ou a
existência de “jurisprudência dominante”, nos termos do RISTF. Essas ainda parecem
ser opções viáveis e que deveriam ser outra vez adotadas pelo Tribunal. Mais um
critério seria a possibilidade de resolução do feito por questões formais, como, por
exemplo, perda superveniente do objeto ou ilegitimidade das partes.
Sabe-se que há questões e questões pendentes de decisão pelo STF. Uma causa com
impacto bilionário no orçamento público ou em que se discute o pacto federativo não
deveria merecer a mesma atenção que outras de menor repercussão econômica,
política, social ou jurídica. Por óbvio, demandam mais cautela por parte dos julgadores
da mais alta Corte do país.
Retorno das pautas temáticas
Quem advoga no STF há algum tempo percebe que os julgamentos virtuais romperem
uma antiga tradição de reunir processos similares na mesma sessão do Tribunal Pleno.
Apesar da alternância na gestão das pautas a cada dois anos, em razão da mudança
na Presidência, esse planejamento era mantido como costume e trazia algumas
vantagens.
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A seleção dos processos por área do conhecimento facilitava sobremaneira o
encaminhamento de determinadas questões. Muitas vezes o debate de um caso era
aproveitado para outro, fosse do ponto de vista teórico ou em termos de observância
da jurisprudência. Isso contribuía não só para uma otimização do tempo gasto em cada
processo, mas também para a lembrança dos precedentes que deveriam ser aplicados
como paradigmas ou servir para �ns de distinguish.
Ademais, a faculdade de escolha sobre o que deveria ou não ser pautado como
prioridade era considerada um dos “poderes” da Presidência do Tribunal e foi
sensivelmente esvaziado com os julgamentos virtuais. Sem entrar no viés político
dessa prerrogativa, deve-se atentar para o fato de que o(a) presidente tinha um olhar
mais abrangente em relação ao todo; conseguia reunir processos semelhantes de
diferentes Relatores para um único enfrentamento.
A adoção de pautas temáticas, portanto, implicaria um ganho qualitativo e, por isso,
deveria ser considerada para o plenário virtual. Nesse sentido, só seriam julgados em
cada período previsto no RISTF os processos que o(a) presidente de cada colegiado –
do Pleno, da 1ª e da 2ª Turma – selecionasse, de acordo com a matéria objeto de cada
um (cível, penal, tributário).
Pedido de destaque automático da advocaciaComo se sabe, uma vez liberados para a pauta virtual, os processos só não serão
julgados no ambiente eletrônico se houver um pedido de destaque. Quando formulado
pelas partes, deverá ser fundamentado e deferido pelo relator (art. 4º, II da Resolução
nº 642/19). Se partir de um dos demais ministros que compõem o órgão julgador,
basta o simples requerimento, sem necessidade de justi�cação (art. 21-B, § 3º do
RISTF).
Dois aspectos merecem ser observados. O primeiro é que os pedidos não estão
disciplinados da mesma forma. Apesar de tratarem rigorosamente do mesmo assunto,
um deve ser requerido com base em Resolução e o outro no próprio RISTF. Além disso,
um depende da concordância do relator e o outro não. Essas diferenças aparentam
certa resistência ao pleito dos advogados que muitas vezes é indeferido sem uma
razão objetiva.
O destaque feito pela advocacia, contudo, deveria merecer o mesmo tratamento
assegurado aos magistrados. Era assim, por exemplo, no Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) até a alteração regimental promovida pela Resolução nº 263/18: uma vez
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requerido, a exclusão era automática. A rigor, é razoável a exigência de que o pedido
seja fundamentado, mas não a de concordância do relator que, por convicção, já
sinalizou a preferência pelo julgamento eletrônico.
Até que sejam estabelecidos critérios claros de afetação, ou seja, que a escolha quanto
ao tipo de deliberação seja objetiva, parece correto permitir que as partes também
possam decidir se preferem que seu caso seja analisado de modo presencial. A�nal,
traz consequências muito sensíveis para o deslinde da controvérsia e, portanto, é
interesse legítimo dos litigantes.
Conclusão
As contribuições aqui trazidas almejam um único objetivo: compatibilizar as vantagens
dos julgamentos no plenário virtual com as prerrogativas legais e constitucionais
asseguradas aos pronunciamentos feitos no plenário físico. Quanto mais funcionarem
como espelho um do outro, mais segurança se imprimirá ao processo decisório do STF.
Como ciné�la, não poderia deixar de fazer um paralelo entre os tempos atuais e o
blockbuster “Eu, Robô”. Até porque, ao contrário de Oscar Wilde, sigo no dilema se a vida
imita a arte ou a arte é que imita a vida. De qualquer forma, �ca a re�exão sobre a
primeira lei da robótica tratada repetidas vezes ao longo do �lme.
Ela estabelece que um robô não pode ferir um ser humano ou permitir que sofra algum
mal, o que poderia ser facilmente aplicado à realidade atual. É dizer, o uso de novas
tecnologias no Direito é visto com bons olhos, mas desde que resguarde direitos e
garantias fundamentais. Essas são, portanto, algumas re�exões na tentativa de
adequar as expectativas de maior produtividade do STF por meio do plenário virtual às
exigências do modelo deliberativo colegiado pensado para o Tribunal.
Tenha acesso completo ao nosso serviço de inteligência política e jurídica,
com alertas, análises e relatórios exclusivos.
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07/08/2021 STF: sugestões para o aperfeiçoamento do plenário virtual | JOTA Info
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[1] Oportuna a sugestão do Conselho Federal da OAB feita recentemente no webinar “Suprema Corte
e diálogos sobre a Agenda 2030” quanto à criação de um fórum permanente para debate com a
participação da advocacia. Disponível em: <http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=467963&ori=1>.
[2] Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/as-inconstitucionalidades-dos-
julgamentos-virtuais-no-stf-12072020>.
[3] Disponível em: <https://hbr.org/2017/04/a-face-to-face-request-is-34-times-more-successful-
than-an-email>.
[4] Taxa de sucesso nas decisões de mérito proferidas pelo STF entre 2007 e 2018: Tipo 1
(“processos onde houve apenas decisões monocráticas”) – 7,33%; tipo 2 (“processos que contam
com decisões colegiadas, mas apenas em sessões virtuais ou em julgamento por lote”) – 9,14% e
tipo 3 (“processos em que houve pelo menos uma decisão presencial e com atenção individualizada
dos ministros na sessão”) 31,42%. Disponível em: <https://direitorio.fgv.br/publicacoes/viii-
relatorio-supremo-em-numeros-quem-decide-no-supremo>.
[5] Na primeira parte do julgamento, seriam disponibilizados o voto do Relator, as sustentações orais,
os pedidos de explicação de fato e os votos divergentes e concorrentes. O segundo momento seria
destinado “ao engajamento colegiado a partir das propostas de votos, com a interação de todas as
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https://direitorio.fgv.br/publicacoes/viii-relatorio-supremo-em-numeros-quem-decide-no-supremo
https://www.jota.info/politica-de-privacidade
https://www.jota.info/termos-de-uso
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07/08/2021 STF: sugestões para o aperfeiçoamento do plenário virtual | JOTA Info
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perspectivas argumentativas”. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-
analise/colunas/elas-no-jota/engrenagens-do-desempenho-deliberativo-do-stf-nos-
julgamentos-virtuais-19112020#_ftn8>.
[6] Disponível em: <https://direitorio.fgv.br/publicacoes/viii-relatorio-supremo-em-numeros-quem-
decide-no-supremo>.
[7] Nesse sentido, con�ra-se: STF, Tribunal Pleno, AP 470 AgR-vigésimo sexto/MG, Relator Ministro
JOAQUIM BARBOSA, Relator p/ acórdão Ministro ROBERTO BARROSO, DJe de 17/02/2014.
[8] No ponto, importantes as considerações do livro “Argumentação constitucional: um estudo sobre
a deliberação nos tribunais constitucionais”, em que o Professor André Ru�no do Vale analisa como
a atuação dos tribunais in�uencia na legitimidade democrática da jurisdição constitucional.
[9] A mudança veio com a Resolução n. 675/20 do STF, assinada em 22/04/2020 pelo Ministro Dias
Toffoli (então Presidente da Corte), e foi motivada por um apelo do Conselho Federal da OAB.
[10] O exercício dessa prerrogativa deveria ser assegurado até o �m do julgamento e pouco antes da
proclamação do resultado. Isso porque, para todos os efeitos, os Ministros têm até as 23h59 do
último dia de votação para incluir o voto ou rever sua posição. Desse modo, os advogados ainda
deveriam ter a chance de suscitar QO ou de prestar esclarecimento de fato, como o fazem no
Plenário Físico, até algum tempo depois da decisão do colegiado.
[11] O inciso IX do art. 93 da CF/88 prevê que “os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos” e que apenas a lei poderia “limitar a presença”. Pressupõe-se, assim, que o
acompanhamento da sessão deve ser assegurado na medida em que ela acontece, ou seja, de
forma concomitante.
ANA CAROLINA ANDRADA ARRAIS CAPUTO BASTOS – Mestranda pela Università degli Studi di Roma, Tor
Vergata, LL.M em Direito Empresarial pela FGV, Sócia do Caputo Bastos e Fruet Advogados, Secretária-geral da
Associação Brasiliense de Direito Processual Civil (ABPC), Diretora do Centro de Estudos das Sociedades de
Advogados (CESA/DF), Conselheira da OAB/DF e ex-presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais,
Cofundadora e ex-presidente da Elas Pedem Vista. Mãe do Chico e da Clara.
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/elas-no-jota/engrenagens-do-desempenho-deliberativo-do-stf-nos-julgamentos-virtuais-19112020#_ftn8https://direitorio.fgv.br/publicacoes/viii-relatorio-supremo-em-numeros-quem-decide-no-supremo

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