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Dificuldades em prevenir a saúde contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis em pessoas idosas: Revisão Integrativa da Literatura
Difficulties in preventing health against Sexually Transmitted Infections in elderly people: Integrative Literature Review
Carlos Eduardo de Oliveira Angelo Barbosa da Silva1, Fernanda Martes Bezerra1, Izabela Cristina Santos Oliveira1, Roberto Gabriel Palheta e Palheta1 Ariane Silva Gonçalves2
1 Discentes no Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário do Distrito Federal UDF, Brasília, DF
2 Docente no Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário do Distrito Federal UDF, Brasília, DF
RESUMO:
INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas, observou-se um aumento significativo na população idosa no Brasil. Com o prolongamento da expectativa de vida, surgem vários questionamentos sobre as problemáticas em saúde enfrentados pela terceira idade nessa faixa etária. A taxa de mortalidade decorrente de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) entre a população idosa destaca a necessidade de conscientização sobre os riscos enfrentados por essa população. OBJETIVO: identificar as principais dificuldades em prevenir a saúde contra as ISTs na terceira idade. METODOLOGIA: Trata-se de uma Revisão Integrativa, realizada em Outubro de 2023 nas três bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e Banco de Dados em Enfermagem (BDENF). RESULTADO: Ao todo, foram encontrados 236 artigos, 8 foram lidos na íntegra, publicados entre os anos de 2013 a 2023. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Observa-se limitação do conhecimento dos idosos sobre os modos de prevenção e transmissão das ISTs, a falta de ações em saúde e campanhas específicas que conscientizem a população idosa sobre a prevenção, e a falta de capacitação profissional contribui para a limitação na construção do conhecimento e no aprimoramento da compreensão da terceira idade sobre o tema.
Descritores: Idoso, Infecções Sexualmente Transmissíveis e Educação em Saúde.
ABSTRACT:
INTRODUCTION: In recent decades, there has been a significant increase in the elderly population in Brazil. With the prolongation of life expectancy, several questions arise about the health problems faced by seniors in this age group. The mortality rate resulting from Sexually Transmitted Infections (STIs) among the elderly population highlights the need to raise awareness about the risks faced by this population. OBJECTIVE: to identify the main difficulties in preventing health against STIs in old age. METHODOLOGY: This is an Integrative Review, carried out in October 2023 in the three databases Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Online Medical Literature Search and Analysis System (MEDLINE) and Database Nursing Data (BDENF). RESULT: In total, 236 articles were found, 8 were read in full, published between 2013 and 2023. FINAL CONSIDERATIONS: There is limited knowledge among the elderly about the ways of preventing and transmitting STIs, the lack of health actions and specific campaigns that raise awareness among the elderly population about prevention, and the lack of professional training contributes to the limitation in construction of knowledge and improvement of the elderly's understanding of the topic.
Descriptors: Elderly, Sexually Transmitted Infections and Health Education.
 
*Ariane Silva Gonçalves – ariane.gonçalves@udf.edu.com.br
INTRODUÇÃO
Atualmente, o mundo vivencia uma população total de 8.060.376 bilhões de pessoas¹, das quais 761 milhões são pessoas com a faixa etária maior ou igual a 60 anos, e espera-se que nos próximos 40 anos haja um aumento de 22%, totalizando 1,6 bilhões de pessoas idosas no ano de 2063 ².
No Brasil, o número de pessoas idosas é crescente contrastado as décadas anteriores. Entre os anos de 1980 a 2000 a população com 60 anos ou mais cresceu 7,3 milhões comparado a totalidade populacional ³. Adicionalmente, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao índice de envelhecimento no ano de 2021, a população idosa apresentava-se em 14,7% sobre a população total. E estima-se, que até o ano de 2025 o país seja o sexto no ranking mundial de pessoas idosas 4.
Todavia, conforme a expectativa de vida vai aumentando, vários são os questionamentos sobre o processo de envelhecimento saudável e as problemáticas que mais acometem a terceira idade, com a finalidade de reestruturar a qualidade das ações e serviços de segurança, educação e principalmente de saúde na prestação de cuidado 4.
No âmbito da saúde, as Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNTs) são as principais causas de morbidade, incapacidade e mortalidade para a terceira idade em todo o mundo 4. No Brasil as DCNTs se constituem como o problema de saúde de maior magnitude, sendo responsáveis por 72% das causas de mortes, com destaque para doenças Cardiovasculares, Câncer, Doenças Respiratórias Crônicas e Diabetes Mellitus 5. 
Agravos e/ou eventos por causas externas e violências também se tornam preocupantes no processo saúde-doença da pessoa idosa 6, seguidos pelo alto índice de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), que são causados por microrganismos contraídos por qualquer tipo de contato sexual (oral, vaginal, anal) sem proteção de barreira ou por contato com pele não íntegra, mucosas ou com secreções corporais contaminadas 7. 
Conforme o Boletim Epidemiológico, do ano de 2022 do Ministério da Saúde (MS), o coeficiente de mortalidade referente a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) apresentou queda nos últimos dez anos em todas as faixas etárias, com exceção da faixa etária de 60 anos ou mais, com aumento significativo de 32,8%, em 2021, para ambos os sexos 8. 
No mesmo ano, o maior percentual dos casos notificados por hepatite B e C ocorreu na faixa etária de 60 anos ou mais. Em 2020, a faixa etária mais frequente entre os óbitos que tiveram como causa básica a hepatite A foi a dos indivíduos com 60 anos ou mais. Logo, em quase todos os anos, o coeficiente de mortalidade nessa faixa etária foi o mais elevado, ficando em segundo lugar somente em 2016, ou seja, abaixo do grupo etário de 50 a 59 anos 9.
Entende-se que diversas ações de saúde são desenvolvidas para combater às ISTs e que as estratégias de promoção e prevenção a saúde são as medidas prioritárias adotadas pela Atenção Primária a Saúde (APS) na finalidade de minimizar as infecções e transmissões, e de tratar de forma precoce quando houver diagnóstico, em quaisquer faixas etárias 10. 
Moreira et al. (2015) e Silva et al. (2018), no entanto, ao avaliarem a capacidade de entendimento de pessoas idosas frente a temática de sexualidade e IST’s, apontaram conhecimentos limitados sobre os métodos de prevenção e transmissão das IST’s e uma percepção ineficaz do nível de risco de contrair doenças a partir do sexo, por associarem a velhice como um fator minimizador dos danos à saúde sexual; dificultando a implementação de ações para abordar a questão do cuidado 11 12. 
Desse modo, o objetivo do estudo busca identificar as principais dificuldades em prevenir a saúde contra as ISTs na terceira idade, indagando-se: Quais são as principais dificuldades na realização de ações preventivas a saúde contra as ISTs na terceira idade? Para, assim, através das problemáticas, reforçar e criar novas estratégias referentes as práticas de promoção e prevenção sexual nas pessoas idosas.
METODOLOGIA
Trata-se de uma Revisão Integrativa da literatura (RI) relativa à abordagem das principais dificuldades em prevenir a saúde contra as ISTs na terceira idade. A RI é uma revisão da literatura que reúne vários estudos desenvolvidos por diferentes metodologias, permitindo aos revisores sintetizar resultados sem ferir a filiação epistemológica dos estudos empíricos incluídos 13.
A pesquisa foi estruturada utilizando 3 descritores: “Idoso”, "Infecções Sexualmente Transmissíveis” e “Educação em Saúde”; correlacionando-oscom o operador booleano AND (“AGED” AND “SEXUALLY TRANSMITTED DISEASES” AND “HEALTH EDUCATION”). 
A coleta de dados foi realizada em 29 de outubro de 2023, com seleção de artigos pertinentes conforme os critérios estabelecidos no protocolo de pesquisa. Foram utilizadas três bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e Banco de Dados em Enfermagem (BDENF). Por conseguinte, os artigos foram selecionados por leitura de títulos e resumos, seguidos da leitura na íntegra e organizados conforme os indicadores de coleta: autor (es), ano de publicação e país, idioma, abordagem metodológica, objetivo e resultado do estudo. 
De acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados artigos com textos completos disponíveis eletronicamente nas bases de dados, nos idiomas português e inglês publicados entre os anos de 2013 a 2023, e que tratassem dos descritores do estudo. 
Nos critérios de exclusão, incluiu-se artigos duplicados, artigos com textos incompletos, estudos de monografias, teses, e artigos que não abordam a temática estudada.
RESULTADOS
No processo de identificação de artigos, foram encontrados 236 documentos sem aplicação de filtros, limites de ano ou idiomas, 183 disponíveis na MEDLINE, 40 na LILACS e 13 na BDENF. 
	No primeiro momento da triagem, aplicou-se os filtros, “texto completo”, “idiomas inglês e português” e “ano de publicação de 2013 a 2023”. Assim o número de artigos encontrados nas bases de dados, totalizaram-se 77 estudos no total. Desse total, 22 estudos eram da LILACS, 10 eram da BDENF, e 45 eram da MEDLINE. Identificou-se 8 estudos duplicados e mesmo com a presença do descritor em saúde “idoso” ainda foram encontrados 60 estudos que se encaixaram aos critérios de exclusão, compreendendo: estudos abordando as IST’s em jovens e adolescentes (20), em mulheres adultas (12), em gestantes (5), em homens (6), em população indígena (1), e abordando o cuidado das mesmas em tempo de COVID (1), além dos artigos que não apresentavam o texto completo ou não se encaixavam no critério relacionado a prevenção da IST (16). Dessa forma, 8 artigos permaneceram, portanto, a amostra segue conforme fluxograma PRISMA (adaptado) descrito na Figura 1.
Figura 1 – Fluxograma PRISMA, 2023 (adaptado).
FLUXOGRAMA PRISMA
Fonte: autoria própria.
Para a concretização dos resultados desta pesquisa, a seleção desses artigos evidenciados na Tabela 1 - Síntese dos estudos selecionados na revisão integrativa, em 2023 - seguiu os critérios de inclusão e os indicadores de coleta.
Tabela 1 – Síntese dos estudos selecionados na revisão integrativa, em 2023.
	Autor, ano, país
	Idioma
	Abordagem
Metodológica
	Objetivos e resultados do estudo
	BURIGO, et al., 2015. Brasil
	Português
	Estudo transversal, retrospectivo e de prevalência
	Objetivo: Identificar as práticas das pessoas idosas diante às DSTs, observando níveis de conhecimento quanto as formas de prevenção das mesmas.
Resultado: De acordo com os estudos, a maioria não faz uso de preservativo e não vê necessidade, pois são casados. Nota-se a grande quantidade de pessoas idosas, que nunca conversaram com um profissional da saúde sobre a vida sexual; mostrando a falha nos serviços de saúde quanto a essa área da vida em que um diagnóstico tardio pode trazer muitas consequências. Na pesquisa, foi observado uma grande falta de conhecimento sobre o HIV, em que muitos afirmaram saber sobre a doença, mas errou grande parte dos meios de transmissão, mostrando o quanto as informações estão escassas para essa população. Na pesquisa, notou-se que ainda existem profissionais de saúde, que acreditam nas informações que condizem que as pessoas idosas não possuem vida sexual ativa.
	NETO, et Al. 2015, Brasil		
	Português
	Revisão sistemática
	Objetivo: Analisar a tendência evolutiva das ISTs em idosos, no Brasil e no mundo, subsidiando políticas públicas voltadas à saúde sexual desses indivíduos.
Resultado: A falta de reconhecimento do risco pelos próprios idosos, ou por profissionais de saúde, influencia diretamente na falta de diagnóstico de DST ou muitas vezes em diagnóstico tardio, elevando a possibilidade de evolução das doenças. Muitos profissionais de saúde, valorizam apenas a assistência de livre demanda com queixas estabelecidas, resultando numa diminuição do potencial de desenvolver ações preventivas em pacientes idosos. Os principais desafios da prevenção de DST em idosos está justamente no fato de conseguir elaborar estratégias de prevenção que sejam sensíveis à idade e ao estilo de vida dessa população.
	BRITO, et al., 2016, Brasil 
	Português
	Estudo descritivo de natureza quantitativa
	Objetivo: Analisar o conhecimento e a percepção de risco dos idosos quanto à contaminação por IST e HIV, partindo do método de elaboração de ações e prevenções em saúde na prática sexual da população idosa.
Resultados: Apesar da maioria dos participantes mencionar a camisinha como o método de prevenção às IST/HIV, muitos idosos não apontaram a utilização do preservativo como forma de prevenção. A negativa do uso do preservativo por parte dos idosos está associada ao constrangimento em adquiri-lo, ao desconhecimento de como usá-lo, ao medo de perder a ereção efetiva e ao conceito equivocado de que serviria apenas para evitar gravidez.
Percebeu-se que a maioria dos idosos apresenta “frágeis conhecimentos” sobre os modos de prevenção e de transmissão das ISTs e da aids, fator que pode contribuir para não se perceberem o risco de contaminação, e que consequentemente, os tornam suscetíveis aos perigos da infecção, colaborando com o aumento do índice de idosos infectados no cenário nacional. 
	SOUZA, et al., 2016, Brasil.
	Português/inglês
	Estudo descritivo qualitativo
	Objetivo: Relatar os conhecimentos dos idoso referente ao HIV/AIDS e o seu comportamento diante dos métodos de prevenção do HIV.
Resultados: O entendimento dos idosos sobre a prevenção encontra-se distorcido, havendo, para isso, a contribuição de fatores socioculturais, exigindo que os profissionais ampliem seus olhares para o indivíduo como um todo, valorizando seu contexto de vida, adequando suas orientações e buscando conscientização pela própria equipe de saúde, em considerar a vida sexual do idoso como realidade, bem como sua orientação sobre medidas preventivas as ISTs/AIDS. Através da cartilha, notou-se ações, estratégias educativas e a promoção da saúde, que acreditam numa possível mudança no comportamento dos idosos, principalmente quanto às formas de transmissão e prevenção da infecção pelo HIV.
	CORDEIRO, et Al. 2017, Brasil
	Inglês
	Estudo metodológico
	Objetivo: Descrever o processo de confecção e validação de cartilha, em que o método principal buscava a educação em saúde para prevenção do HIV/Aids em idosos.
Resultados: O método utilizado mostrou-se eficaz ao preservar a privacidade do idoso, esclarecendo suas dúvidas, proporcionando conhecimento sobre as IST/Aids, suas formas de transmissão, a prevenção, desmitificando os mitos, sem a necessidade de verbalizá-los, expondo sua intimidade sem interferência de terceiros, minimizando ansiedades e medos. Houve validação de conteúdo pelos juízes, os mesmos demonstraram avaliação positiva da cartilha e indicaram o material como um excelente complemento nas orientações práticas pelos profissionais de saúde acerca da temática de prevenção.
	LIMA, et al., 2020, Brasil
	Português
	Estudo exploratório, descritivo, explicativo, com caráter qualitativo
	Objetivo: Relatar a experiência de uma atividade realizada por alunos de enfermagem voltada para educação em saúde na terceira idade, na qual abordaram a temática “Vamos falar de Sexo? ” em que continham tópicos que alertavam sobre ISTs.
Resultado: Os estudantes de enfermagem relataram que os idosos consideraram as informações repassadas quanto à vida sexual, novas e relevantes. A maioria não tinha conhecimento a respeito da importânciada prevenção e quanto à alta prevalência de ISTs nessa fase da vida, em especial as mais prevalentes como sífilis, gonorreia e HIV. A população idosa participante da atividade demonstrou interesse no assunto abordado pelos alunos, na qual, espera-se dos alunos, que os
mesmos levem as informações para o seu cotidiano.
	IBRAHIM, et al., 2022. Brasil
	Português
	Estudo transversal, retrospectivo e de prevalência
	Objetivo: Identificar as práticas das pessoas idosas diante às DSTs, observando níveis de conhecimento quanto as formas de prevenção das mesmas.
Resultado: De acordo com os estudos, a maioria não faz uso de preservativo e não vê necessidade, pois são casados. Nota-se a grande quantidade de pessoas idosas, que nunca conversaram com um profissional da saúde sobre a vida sexual; mostrando a falha nos serviços de saúde quanto a essa área da vida em que um diagnóstico tardio pode trazer muitas consequências. Na pesquisa, foi observado uma grande falta de conhecimento sobre o HIV, em que muitos afirmaram saber sobre a doença, mas errou grande parte dos meios de transmissão, mostrando o quanto as informações estão escassas para essa população. Na pesquisa, notou-se que ainda existem profissionais de saúde, que acreditam nas informações que condizem que as pessoas idosas não possuem vida sexual ativa.
	AGOSTINO, et al., 2023. Reino Unido.
	Inglês
	Revisão sistemática
	Objetivo: Investigar e identificar a eficácia das intervenções não farmacológicas na prevenção das ISTs, focadas em promover conhecimento sobre o assunto e a prática de sexo seguro.
Resultado: Descobriu-se que a percepção dos idosos sobre a suscetibilidade às IST aumentou, e essa percepção foi proposta como um fator necessário para a mudança de comportamento.
Notou-se que é preciso abordar a percepção da importância do sexo seguro, na qual, a população idosa pode estar relutante em frequentar atividades voltadas para prevenção de ISTs devido ao estigma e aos tabus em torno da sexualidade e do envelhecimento. Para abordar esta percepção, a intervenção deve ser adaptada às necessidades do grupo a que se destina e através delas elaborar atividades que se concentrem na atenção primária a saúde, intervindo no aparecimento das ISTs.
Fonte: Autoria própria, 2023.
	Os estudos filtrados, com publicações no período entre 2013 e 2023, encaixaram-se na linguagem português e inglês e metodologicamente em: estudo descritivo (1), estudo exploratório, descritivo, explicativo, com caráter qualitativo (1), estudo transversal, retrospectivo e de prevalência (1), estudo descritivo qualitativo (1), revisão sistemática (2), estudo metodológico (1) e estudo descritivo de natureza quantitativa (1), seguindo nos períodos de 2015 (2), 2016 (2), 2017 (1), 2020 (1), 2022 (1) e 2023 (1).
DISCUSSÃO 	Após a coleta de dados, foi sucedida a análise dos estudos, a qual proporcionou esclarecer um eixo norteador, qual seja: As principais dificuldades em prevenir a saúde contra as ISTs na terceira idade: 
O desejo pela prática sexual é o primeiro ponto para se observar a vivência dos riscos da sexualidade, considerando que a prática sexual é uma das mais relevantes Necessidades Humanas Básicas (NHB’s), e sua manutenção deve ser aprimorada, indiferentemente de qualquer dado biológico 14. 
A população idosa possui tabus persistentes quanto ao risco de IST’s, pois acreditam que tal infecção só é provável em pessoas que levam uma vida promíscua 15 ou até mesmo pela sociedade negligenciando-os a respeito do ato sexual, na qual, ainda existe o preconceito de que este se limita apenas ao público jovem 14. Todavia, essa fase não está isenta de riscos, pois não se deve desvincular o idoso das fontes importantes de prazer 16, entendo assim que a idade não elimina ou diminui o desejo por sexo e nem altera fatores relevante a infectividade e patogenicidade de uma doença 17 14. 
O entendimento desses idosos sobre a prevenção no ato sexual encontra-se distorcida, havendo, para isso, a contribuição de fatores socioculturais, atrelados a sua história e concepções 18. Os assuntos sobre sexualidade para a população idosa, que já não têm preocupação com anticoncepção, são tratados com maior ênfase nos aspectos relativos ao desempenho ou às disfunções sexuais e suas relações com qualidade de vida, e menor ênfase à promoção da saúde sexual e prevenção de IST’s 18.
Portanto, Lima, et al., (2020) reforça que é preciso, em âmbito geral, desmistificar alguns pré-conceitos que os idosos possuem a respeito da prática prevenção. E sugere que promover a educação em saúde, a partir do acolhimento pelos profissionais da saúde, em casos como esses, é de suma importância, pois, configura-se como uma ferramenta de intervenção bem-sucedida por permitir a construção de saberes, o aprimoramento do conhecimento, e o auxílio na criação de reflexão para o esclarecimento de dúvidas 19.
Em contraste, os temas sobre sexualidade, conhecimento, comportamento, e à percepção de risco em relação às IST’s são, em geral, tratados apenas para alguns grupos específicos da população, como os adolescentes e os adultos em idade reprodutiva e para Souza et al (2016) seria de grande relevância passar a focar também nas ações em saúde voltados para IST’s em idosos. A abordagem dessas “tradicionais campanhas de prevenção” muita das vezes não é adaptada às necessidades específicas dessa faixa etária, levando-os a uma grande dificuldade na compreensão e aceitação das medidas preventivas 18.
As tímidas ações de combate à doença, especificamente nessa população, conferem ao país o risco de ter cada vez mais indivíduos idosos infectados 16, exigindo que os profissionais ampliem seus olhares para estes indivíduos como um todo, valorizando seu contexto de vida e adequando suas orientações 18. 
Nesse sentido, o profissional da saúde na abordagem da sexualidade, nas consultas rotineiras, ainda deixa a desejar, valorizando apenas uma assistência de livre demanda com queixas estabelecidas e isoladas, e na maioria das vezes, atribuindo os sintomas, a diagnósticos diferenciais associados ao envelhecimento 17. 
Outro fator de extrema importância na deficiência de profissionais de saúde frente ao manejo da prevenção de IST’s em idosos, é o fato de muitos não se sentirem preparados para fornecer assistência em relação à saúde sexual dessa faixa etária. Isso ocorre frequentemente devido à percepção equivocada de que os idosos não constituem uma população de risco, ou à dificuldade em implementar ações eficazes de educação em saúde, uma vez que a abordagem necessária para os idosos não pode ser a mesma utilizada com os jovens 15. 
Dentre os principais desafios da prevenção de IST em idosos está justamente o fato de conseguir elaborar estratégias de prevenção que sejam sensíveis à idade e ao estilo de vida dessa população 17. Uma barreira à participação de “criar métodos de prevenções aos idosos” é que eles podem por muitas vezes, não considerar tais intervenções relevantes para ele. Este dado é afirmado e apoiado por Lewis et al. 2023 que relatou que idosos podem sentir-se desligados de mensagens e serviços de sexo seguro, que podem ser ou parecer direcionados a pessoas mais jovens 20.
A proposta da cartilha “CUIDAR DE SI É SE AMAR: Um diálogo sobre HIV entre idosos”, elaborada por profissionais de medicina em 2013 e publicada em 2017, no estado de Fortaleza, tinha a finalidade de discorrer sobre mitos e tabus que ainda existiam na própria população idosa sobre prevenção 15, visto que, a maioria apresentava “frágeis conhecimentos” sobre os modos de prevenção e de transmissão das ISTs, um fator que pode contribuir para não se perceberem o risco de contaminação, o que, consequentemente, os tornam suscetíveis aos perigos da infecção, colaborando com o aumento do índice de idosos infectados no cenário 16. 
Trabalhos educativos realizados na cartilha teve importância fundamental na educação de populações resistentes a assuntosrelativos à intimidade sexual na população idosa, pois, muitas vezes, conversar sobre o assunto podem-lhes trazer constrangimento, intimidação e vergonha. Além disso, tal material ofereceu tecnologia altamente educativa, pelos profissionais de saúde, direcionada ao ensino e esclarecimento de questões sobre a temática 15.
De acordo, com uma pesquisa realizada por alunos de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba (UFP), em relação às estratégias de prevenção, a maioria dos idosos mencionou o uso do preservativo como o principal método para evitar IST’s. No entanto, é importante notar que muitos não o consideraram efetivamente como uma medida preventiva 16. Esse resultado destaca a importância de fornecer esclarecimentos e orientações aos idosos sobre métodos de prevenção. 
O aumento dos casos de IST’s nessa população indica a fragilidade das campanhas de prevenção direcionadas a esse grupo, especialmente no que diz respeito à implementação de estratégias que promovam a utilização de preservativos entre os idosos 16. É preciso abranger cada vez mais a população idosa em atividades preventivas, reforçando a necessidade do uso do preservativo feminino e masculino em todas as relações sexuais, pois é o método mais eficaz na prevenção do HIV e outras IST’s 18.
Políticas destinadas ao público idoso devem considerar a capacidade funcional, a necessidade de autonomia, a participação e a autossatisfação, bem como incentivar a prevenção, o cuidado e a atenção à saúde no contexto sexual 16. 
A pessoa idosa necessita de cuidados mais ampliados, na qual, exige implantação de atuações intersetoriais (saúde, assistência social e educação) e a incorporação de políticas e atividades que obedecem a diversidade territorial dos municípios, estados, e do país em geral. Devem ser observados que cada local tem seus desafios ou problemas, podendo assim, haver ações articuladas dos variados entes governamentais para assegurar uma atenção integral para essa população 14.
As ações e prevenções em saúde contribuem como parte fundamental no cuidado, seja em consultas individuais ou em grupos. Vislumbrando a possibilidade de uma assistência integral, de modo que essas pessoas recebam apoio para o cuidado à saúde, que contemple as dimensões éticas, biológicas, sociais, econômicas e subjetivas, para viver melhor e com qualidade 18. 
Dessa forma, percebe-se que há muito a ser feito, considerando a necessidade de abordar o idoso em todas as suas dimensões, reconhecendo a sexualidade como uma parte possível e importante da vivência na velhice 16.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Os dados obtidos nesse estudo possibilitam concluir que as pessoas idosas, em sua maioria, ainda mantêm uma prática sexual ativa desprotegida, representando um fator em potencial para a infecção por IST’s.
A falta de atenção específica, nas ações de prevenção, seja pelos próprios idosos, ou então por profissionais de saúde reflete-se diretamente no aumento da prevalência de ISTs nesta população. Este cenário ressalta a importância de ações direcionadas, esclarecimentos apropriados e estratégias de educação em saúde adaptadas às necessidades dos idosos. É importante fixar a necessidade premente de uma abordagem mais abrangente, que reconheça o ato sexual seguro como um aspecto integral da vida na terceira idade.
A partir das problemáticas expostas neste estudo, é possível aprimorar a linha de raciocínio na atenção básica na vida sexual dessa faixa etária, e direcionar esforços para garantir a implementação absoluta que contemple e promova a saúde e o bem-estar da população idosa. Somente através desse enfoque holístico será possível reduzir significativamente os índices de infecções, promovendo uma melhor qualidade de vida para este grupo.
É chegada a hora de reconhecer a importância de incluir os idosos de forma mais efetiva nas estratégias de prevenção de ISTs, assegurando que desfrutem plenamente de uma vida sexual saudável na terceira idade, com segurança e bem-estar.
REFERÊNCIAS 
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9. Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais — Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis [Internet]. www.gov.br. Available from: https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/boletins-epidemiologicos/2022/hepatites-virais/boletim_hepatites-virais-2022-internet-003.pdf/view
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Ciências da Saúde e da Vida
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