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MICOTOXINAS Introdução → Micotoxina provém de dois termos: “mykes” do grego, que significa fungo e “toxican” do latim, que significa tóxico. As micotoxinas são metabólitos secundários tóxicos, ou seja, que derivam do metabolismo secundário, alternativo de alguns fungos (por exemplo, ao invés de produzir glicose como produto final, produz essas moléculas). Uma vez que os fungos têm amplas distribuição mundial, as micotoxinas tornam-se um problema. São enquadrados no grupo de contaminantes tóxicos não intencionais, assim denominados pois são produzidos naturalmente pelo fungo. São moléculas tóxicas que diferenciam-se das toxinas bacterianas por não serem de natureza roteica nem imunogênica, ou seja, não são capazes de ativar o sistema imune, uma vez que seu peso molecular é pequeno para o reconhecimento por anticorpos. → As micotoxinas influenciam os grãos, podendo contaminá-los e levar a efeitos deletérios a quem se alimenta destes. Além disso, essas substâncias refletem negativamente sobre a exportação, causa importantes prejuízos à pecuária, especialmente à suinocultura e à avicultura. Enormes 2 perdas econômicas são decorrentes da utilização de alimentos contaminados por essas substâncias. Quando não provocam a morte dos animais em processos de intoxicação aguda, as micotoxinas determinam redução de pose, diminuição da postura e da conversão alimentar, aumento da susceptibilidade às doenças infecciosas e parasitárias, além de problemas reprodutivos. → Esses problemas são mais acentuados nos países de clima tropical úmido, os quais reúnem as condições ambientais adequadas ao desenvolvimento do fungo. As micotoxinas entram na dieta dos animais através da utilização de rações elaboradas com grãos já contaminados por toxinas ou de rações estocadas sob condições inadequadas. De maneira geral, os grãos possuem elementos fúngicos (conídios) em sua superfície, os quais permanecerão em estado de latência, se as condições ambientais (temperatura, umidade relativa e atividade de água, que se trata da água intrínseca ao produto – água ligada) permanecerem impróprias ao seu desenvolvimento. Logo, a prevalência das micotoxinas é determinada pelo meio ambiente. Sob condições favoráveis os esporos dos fungos 3 germinam, formam hifas e se desenvolvem. → A visão de que todos os fungos produzem toxina é errônea. Hoje, sabe-se que apenas 100 espécies de 50.000 espécies descritas, sendo conhecidas cerca de 400 micotoxinas no mundo. A principais espécies produtoras da maioria das toxinas são: Aspergillus, Fusarium e Penicillium. É importante salientar que uma espécie pode produzir mais de uma toxina. → Existem fungos de campo (antes da colheita) e fungos de armazenamento (pós-safra). As micotoxinas que se formam antes das colheitas permanecem nos grãos. → De modo geral, as características mais preocupantes das micotoxinas são: São substâncias bastante estáveis, ou seja, não se alteram sob condições ambientais extremas; São compostos de baixo peso molecular; Capacidade tóxica nos alimentos se mantém após a retirada dos fungos que as produziram; Não alteram os alimentos, ou seja, não alteram, muitas vezes, a aparência do alimento; 4 Podem causar efeitos variados; Afetam vários sistemas. → As micotoxinas mais estudadas são: 2 Aflatoxinas Fumonisinas Zearalenona (ZEN) Ocratoxina A Tricotecenos (DON, DAS, Nivalenol) Patulina Citrina Esterigmatocistina Distribuição → No Brasil ocorrem principalmente a aflatoxina, fumonisina, zearalenona, DON e ocratoxina. Na Europa prevalece a ocratoxina, a ZEN e a DON. Na América do Norte ocorre mais a ocratoxina, DON, ZEN e aflatoxina. A África ocorre ZEN, fumonisinas e aflatoxinas. Na Ásia ocorre ZEN, DON e a 5 aflatoxinas. Na Austrália ocorre principalmente aflatoxinas e fumonisinas. Histórico → Hoje suspeita-se que uma das pragas do Antigo Egito, em que os primogênitos morriam, era devido as substâncias presentes no centeio. Como eram os primeiros a ser alimentados na família, consumiam os grãos e se intoxicavam. → Há registros que os chineses já usavam essas substâncias para auxiliar no trabalho de parto, uma vez que mimetizam o efeito de estrógenos. Por volta de 5000 A.C. usavam grãos mofados nesses “tratamentos” obstétricos. → O chamado Fogo de Santo Antônio (Idade Média) ou ergotismo, teve casos relatados entre os séculos XI e XVI. Se tratava de uma doença que levava a uma sensação de queimação na pele, causada por toxinas de Claviceps purpúrea de cereais contaminados com. Na França houve surtos de gangrena e as amputações eram comuns. Os animais domésticos também eram afetados, uma vez que também ingeriam esses alimentos. 6 → Nos séculos XIX e XX, no Japão, houve uma epidemia da chamada “Doença do arroz amarelo”, que levou a alta letalidade, devido a toxina chamada citreoviridina, que é cardiotóxica (beribéri cardíaco), produzida pelo Penicillium. → Em 1930 a 1940 houve a ocorrência de estaquibotriotoxicose, toxina produzida pela espécie Stachybotrys chartarum. Houve a morte de dezenas de milhares de equinos União Soviética. → Nos anos de 1941 a 1945 (época da 2° Guerra Mundial) houve uma surto de epidemia de “Leucopenia Tóxica Alimentar” (ATA), causando óbito de mais de 100.000 russos, devido aos Tricotecenos, produzidos por Fusarium. → Nos anos de 1957 e 1968 ocorreu a Nefropatia Endêmica dos Bálcãs, em vários países do leste europeu, devido a Ocratoxina A, produzida pelas espécies fúngicas: Aspergillus ochraceus e Penicillium viridicatum → No início dos anos 60 ocorreu a morte de 100.000 peruzinhos na Inglaterra, devido a ração contendo farelo de amendoim importado do Brasil, o qual se descobriu a presença das aflatoxinas. 7
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