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micotoxinas aula 28

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MICOTOXINAS
Introdução
→ Micotoxina provém de dois termos: “mykes” do grego,
que significa fungo e “toxican” do latim,
que significa tóxico. As micotoxinas são metabólitos
secundários tóxicos, ou seja, que derivam do
metabolismo secundário, alternativo de alguns fungos (por
exemplo, ao invés de produzir glicose
como produto final, produz essas moléculas). Uma vez que
os fungos têm amplas distribuição
mundial, as micotoxinas tornam-se um problema. São
enquadrados no grupo de contaminantes
tóxicos não intencionais, assim denominados pois são
produzidos naturalmente pelo fungo. São
moléculas tóxicas que diferenciam-se das toxinas
bacterianas por não serem de natureza roteica
nem imunogênica, ou seja, não são capazes de ativar o
sistema imune, uma vez que seu peso
molecular é pequeno para o reconhecimento por anticorpos.
→ As micotoxinas influenciam os grãos, podendo
contaminá-los e levar a efeitos deletérios a quem
se alimenta destes. Além disso, essas substâncias refletem
negativamente sobre a exportação,
causa importantes prejuízos à pecuária, especialmente à
suinocultura e à avicultura. Enormes
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perdas econômicas são decorrentes da utilização de
alimentos contaminados por essas substâncias.
Quando não provocam a morte dos animais em processos
de intoxicação aguda, as micotoxinas
determinam redução de pose, diminuição da postura e da
conversão alimentar, aumento da
susceptibilidade às doenças infecciosas e parasitárias, além
de problemas reprodutivos.
→ Esses problemas são mais acentuados nos países de
clima tropical úmido, os quais reúnem as
condições ambientais adequadas ao desenvolvimento do
fungo. As micotoxinas entram na dieta dos
animais através da utilização de rações elaboradas com
grãos já contaminados por toxinas ou de
rações estocadas sob condições inadequadas. De maneira
geral, os grãos possuem elementos
fúngicos (conídios) em sua superfície, os quais
permanecerão em estado de latência, se as condições
ambientais (temperatura, umidade relativa e atividade de
água, que se trata da água intrínseca ao
produto – água ligada) permanecerem impróprias ao seu
desenvolvimento. Logo, a prevalência das
micotoxinas é determinada pelo meio ambiente. Sob
condições favoráveis os esporos dos fungos
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germinam, formam hifas e se desenvolvem.
→ A visão de que todos os fungos produzem toxina é
errônea. Hoje, sabe-se que apenas 100
espécies de 50.000 espécies descritas, sendo conhecidas
cerca de 400 micotoxinas no mundo. A
principais espécies produtoras da maioria das toxinas são:
Aspergillus, Fusarium e Penicillium. É
importante salientar que uma espécie pode produzir mais de
uma toxina.
→ Existem fungos de campo (antes da colheita) e fungos de
armazenamento (pós-safra). As
micotoxinas que se formam antes das colheitas permanecem
nos grãos.
→ De modo geral, as características mais preocupantes das
micotoxinas são:
São substâncias bastante estáveis, ou seja, não se alteram
sob condições ambientais
extremas;
São compostos de baixo peso molecular;
Capacidade tóxica nos alimentos se mantém após a retirada
dos fungos que as produziram;
Não alteram os alimentos, ou seja, não alteram, muitas
vezes, a aparência do alimento;
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Podem causar efeitos variados;
Afetam vários sistemas.
→ As micotoxinas mais estudadas são:
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Aflatoxinas
Fumonisinas
Zearalenona (ZEN)
Ocratoxina A
Tricotecenos (DON, DAS, Nivalenol)
Patulina
Citrina
Esterigmatocistina
Distribuição
→ No Brasil ocorrem principalmente a aflatoxina,
fumonisina, zearalenona, DON e ocratoxina. Na
Europa prevalece a ocratoxina, a ZEN e a DON. Na América
do Norte ocorre mais a ocratoxina, DON,
ZEN e aflatoxina. A África ocorre ZEN, fumonisinas e
aflatoxinas. Na Ásia ocorre ZEN, DON e a
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aflatoxinas. Na Austrália ocorre principalmente aflatoxinas e
fumonisinas.
Histórico
→ Hoje suspeita-se que uma das pragas do Antigo Egito, em
que os primogênitos morriam, era
devido as substâncias presentes no centeio. Como eram os
primeiros a ser alimentados na família,
consumiam os grãos e se intoxicavam.
→ Há registros que os chineses já usavam essas
substâncias para auxiliar no trabalho de parto, uma
vez que mimetizam o efeito de estrógenos. Por volta de 5000
A.C. usavam grãos mofados nesses
“tratamentos” obstétricos.
→ O chamado Fogo de Santo Antônio (Idade Média) ou
ergotismo, teve casos relatados entre os
séculos XI e XVI. Se tratava de uma doença que levava a uma
sensação de queimação na pele,
causada por toxinas de Claviceps purpúrea de cereais
contaminados com. Na França houve surtos
de gangrena e as amputações eram comuns. Os animais
domésticos também eram afetados, uma
vez que também ingeriam esses alimentos.
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→ Nos séculos XIX e XX, no Japão, houve uma epidemia da
chamada “Doença do arroz amarelo”,
que levou a alta letalidade, devido a toxina chamada
citreoviridina, que é cardiotóxica (beribéri
cardíaco), produzida pelo Penicillium.
→ Em 1930 a 1940 houve a ocorrência de
estaquibotriotoxicose, toxina produzida pela espécie
Stachybotrys chartarum. Houve a morte de dezenas de
milhares de equinos União Soviética.
→ Nos anos de 1941 a 1945 (época da 2° Guerra Mundial)
houve uma surto de epidemia de
“Leucopenia Tóxica Alimentar” (ATA), causando óbito de
mais de 100.000 russos, devido aos
Tricotecenos, produzidos por Fusarium.
→ Nos anos de 1957 e 1968 ocorreu a Nefropatia Endêmica
dos Bálcãs, em vários países do leste
europeu, devido a Ocratoxina A, produzida pelas espécies
fúngicas: Aspergillus ochraceus e
Penicillium viridicatum
→ No início dos anos 60 ocorreu a morte de 100.000
peruzinhos na Inglaterra, devido a ração
contendo farelo de amendoim importado do Brasil, o qual se
descobriu a presença das aflatoxinas.
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