Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI GEOMETRIA PLANA GUARULHOS – SP 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 1 BASES DA GEOMETRIA ....................................................................................... 4 1.1 Raciocínio dedutivo e métodos de demonstração ............................................ 5 1.2 Geometria formalizada...................................................................................... 8 2 APLICAÇÃO DA GEOMETRIA PLANADA.......................................................... 12 2.1 Calculando Áreas ........................................................................................... 14 2.2 Aplicação da trigonometria ............................................................................. 20 3 CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA CONCORDÂNCIA ........................................... 21 3.1 Construções de concordâncias ....................................................................... 23 3.2 Concordância e desenho geométrico ovais e de arcos .................................. 27 4 REPRESENTAÇÕES GEOMÉTRICAS NO COTIDIANO .................................... 31 4.1 A geometria no mundo natural ........................................................................ 32 4.2 Figuras geométricas espaciais ....................................................................... 33 4.3 Cones, cilindros e esferas (não poliedros) ...................................................... 35 4.4 Poliedros ......................................................................................................... 36 4.5 Figuras geométricas planas ............................................................................ 38 5 POSTULADOS DE EUCLIDES ............................................................................ 41 5.1 Retas no espaço ............................................................................................. 43 5.2 Exemplos de demonstrações .......................................................................... 46 6 SÓLIDOS DE REVOLUÇÃO ................................................................................ 50 6.1 Áreas de sólidos de revolução ........................................................................ 51 7 CÁLCULO DE VOLUMES DE CILINDROS DE CONES ...................................... 59 7.1 Volume do cilindro .......................................................................................... 59 7.2 Volume do cone .............................................................................................. 62 7.3 Volume da esfera ............................................................................................ 63 3 7.4 Problemas de aplicação.................................................................................. 64 8 INTEGRAL DEFINIDA E A ÁREA ........................................................................ 67 8.1.1 Integral definida de uma função contínua ......................................................... 72 8.2 A Integral definida e a soma de Riemann ....................................................... 73 8.2.1 A integral de Riemann ...................................................................................... 74 8.2.2 Integrabilidade .................................................................................................. 75 8.2.3 Propriedades da integral definida ..................................................................... 75 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 78 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1 BASES DA GEOMETRIA O cálculo de distâncias é uma característica presente em diversas espécies. Por exemplo, um caçador selvagem na savana precisa determinar o momento adequado para iniciar um ataque, assegurando sua refeição. Caso contrário, ele correria o risco de gastar uma quantidade excessiva de energia na busca por alimento sem sucesso. Ao longo dos séculos, os caçadores humanos enfrentaram a tarefa de estimar e realizar cálculos mentais das distâncias que os separavam de suas presas, além de identificar estrategicamente os locais ideais para armar armadilhas. Além disso, um senso de orientação era essencial para permitir que grupos de caçadores bem treinados regressassem com sucesso ao ponto de partida, assegurando assim, o suprimento de alimentos para todos os membros do grupo (MLODINOW, 2008). Nas coletividades de caçadores e coletores, a precisão dos cálculos não era de extrema importância. No entanto, à medida que a as coletividades humanas progrediram em direção à agricultura ao longo do tempo, a medição de terras assumiu um papel gradativamente crucial. Isso marcou o início de uma nova era, na qual as medições precisavam ser exatas para fins de registro. O objetivo principal era estabelecer a posse das terras e, à medida que os estados foram se organizando, tornou-se essencial a arrecadação de impostos. Esses eventos impulsionaram a emergência do estudo sistemático das medidas e a formação de especialistas dedicados a desenvolver e aplicar métodos cada vez mais precisos nessa área (MACHADO; GIRAFFA, 2009). Os povos residentes na Mesopotâmia, incluindo os babilônios, possuíam conhecimentos matemáticos provenientes da prática da agrimensura. Os hindus empregavam medidas específicas para seus altares, enquanto na China, uma variedade de artefatos encontrados evidencia um entendimento de relações matemáticas aplicadas a figuras planas. O domínio de algumas dessas relações possibilitou aos egípcios a construção de suas icônicas pirâmides. No entanto, foi na Grécia que esse conhecimento foi sistematizado e adotou a denominação que é reconhecida globalmente: geometria. 5 A origem da palavra geometria, deriva do grego geo, que significa terra e metron, que significa medir, conectando assim o termo às raízes históricas da disciplina. Foi na Grécia que o estudo da geometria foi sistematizado, e alguns nomes se tornaram imortais graças a esse feito, como Eudoxo, Arquimedes Tales de Mileto, Pitágoras, Platão e Aristóteles. É relevante notar que vários desses indivíduos são mais notáveis por suas contribuições à filosofia. Naquela época, o conhecimento não estava rigidamente dividido em disciplinas como acontece atualmente. Consequentemente, os sábios trafegavam entre diversos campos do conhecimento com maior flexibilidade. Os métodos matemáticos fundamentais foram reunidos em uma obra monumental, "Os Elementos de Geometria," escrita por Euclides em 300 a.C. 1.1 Raciocínio dedutivo e métodos de demonstração Euclides, em sua obra "Os Elementos de Geometria", produziu um tratado abrangente acerca do entendimento matemático da sua época.A obra é composta por 13 livros e abrangem grande parte do entendimento geométrico lecionado nas escolas de ensino fundamental e médio atualmente (EUCLIDES, 1944). Esse livro, é importante para estabelecer os axiomas ou postulados, que fundamentam o raciocínio dedutivo matemático. Antes de nos aprofundarmos neles, vamos entender o que é o raciocínio dedutivo. Um método de raciocínio lógico, a dedução consiste no processo de tirar conclusões com base no acordo de premissas que geralmente são aceitas como verdadeiras. Aristóteles formulou o conceito do silogismo, um exemplo clássico de raciocínio dedutivo, que podemos demostrar a seguir: Todas as pessoas possuem mortalidade; Sócrates é uma pessoa; Portanto, Sócrates é sujeito à mortalidade. Em uma abordagem ampla, concluímos que: Todos os X são Y Todos os Y são Z Logo, todos os X são Z Conforme Gensler (2017), geralmente há dois pressupostos nos silogismos, se contêm quantificadores (alguns, todos...) e se são expressos positiva ou 6 negativamente, o que é possível verificar. Ambas as premissas possuem um termo ordinário, normalmente denotado por Y, e como verificamos no parágrafo anterior, podemos associar os outros dois elementos (X e Z) por inferência. Esse método é a base para a maioria das provas matemáticas. Porém, a partir de Euclides, nem todas as hipóteses geométricas puderam ser comprovadas, e a solução encontrada foi pensar que alguns teoremas deveriam ser considerados verdadeiros sem prova: os axiomas ou postulados (EUCLIDES, 1944). Axiomas ▪ Axioma I: é possível desenhar uma reta única que conecta quaisquer dois pontos. ▪ Axioma II: é possível estender uma reta finita de maneira contínua para formar uma única reta. ▪ Axioma III: é viável desenhar um círculo com centro e raio de livre escolha. ▪ Axioma IV: a totalidade dos ângulos retos possuem igual medida. ▪ Axioma V: caso uma reta cortando outras duas gera ângulos internos do mesmo lado, cuja soma é inferior a dois ângulos retos, então tais retas irão se cruzar no lado no qual os ângulos têm uma soma menor que dois ângulos retos. Postulados ▪ Postulado 1: quando fornecidos dois pontos diferentes, existe apenas um segmento de reta que os conecta. ▪ Postulado 2: é possível estender continuamente um segmento de reta para formar uma linha reta. ▪ Postulado 3: se você possui um ponto específico e uma distância qualquer, é viável criar uma circunferência com centro nesse ponto e cujo raio seja igual à distância fornecida. ▪ Postulado 4: a totalidade dos ângulos retos são equivalentes (semelhantes). ▪ Postulado 5: quando duas linhas cruzam uma terceira linha de tal maneira que a soma dos ângulos internos de um lado é inferior a dois ângulos retos, então, se estendidas indefinidamente, essas duas linhas se cruzarão nesse lado. 7 Euclides (1944), no seu livro "Os Elementos", também formulou definições, algumas das quais são apresentadas nas seguintes passagens. I. Um ponto é caracterizado por não possuir divisões ou dimensões. II. Uma linha é definida pelo seu comprimento, mas não tem largura. III. Pontos são os extremos de uma linha. IV. Uma linha reta é aquela que é colocada de forma equidistante entre seus pontos terminais. V. Uma superfície possui largura e comprimento. VI. As bordas de uma superfície são linhas. VII. Uma superfície plana é aquela na qual uma linha reta pode ser traçada entre quaisquer dois pontos dentro dela. Existem outras definições, porém, destacamos as mais pertinentes para nossa exploração da geometria: o ponto, a reta e o plano. Na Figura 2 a seguir, observamos que o ponto é adimensional, o que significa que não possui dimensões. A reta possui uma dimensão, isto é, apenas comprimento, enquanto o plano apresenta duas dimensões, representando comprimento e largura. Figura 2. Ponto (A), reta (BC), plano (DEFG) Fonte: abrir.link/TrJnK. Especificando um método, com as bases determinadas em axiomas, postulados e definições, foi possível desenvolver as demonstrações matemáticas que são o centro, a trajetória que resulta na formação de instrumentos analíticos e na introdução de métodos inovadores. De acordo com Eves (1995), essa evolução não ocorreu de forma abrupta, mas sim, gradualmente, pois foi construída e ganhou proeminência, estabelecendo-se no cerne do pensamento matemático. 8 1.2 Geometria formalizada O raciocínio matemático se desenvolveu durante os séculos por acréscimo, isto é, após a contribuição dos pensadores ao longo do tempo para expansão da área, sem negar ou descartar os conhecimentos anteriores. Para entender isso, os professores do ensino fundamental podem usar muitos elementos dos planos de aula de Euclides, pois seu conteúdo permanece verdadeiro. Isso se deve à estrutura estabelecida através de axiomas, postulados e demonstrações, que conferem aos resultados uma natureza indiscutível. Isso proporciona a confiança de que, no momento da prova ou em qualquer cenário subsequente, tais afirmações permanecerão válidas e incontestáveis. Vamos considerar um exemplo elementar: demonstrar que 𝑙√2 se trata da diagonal de um quadrado, para isso, examine o quadrado ilustrado na Figura 3 a seguir. Figura 3. Quadrado Fonte: abrir.link/3L74h. Podemos observar que um quadrado é constituído por quatro lados iguais, e são seus lados paralelos dois a dois, cujo lado pode ser expresso pela letra 𝑙, a sua diagonal é um segmento de reta que liga dois vértices da figura (Figura 4). Figura 4. Diagonal 9 Fonte: abrir.link/IlFx0. Podemos constatar que a diagonal reparte o quadrado em dois triângulos retângulos congruentes. Utilizando nosso conhecimento em teorema de Pitágoras, sabemos que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. Veja que a diagonal do quadrado é a hipotenusa do triângulo retângulo, e os lados são os catetos. Denominando a diagonal como D, e os lados como 𝑙, expressando assim o valor da diagonal utilizando o teorema pitagórico temos: D2 = 𝑙2 + 𝑙2 = 2𝑙2. Uma vez que estamos interessados no valor da diagonal e não no valor do quadrado da diagonal, é necessário calcular a raiz quadrada de ambos os termos: √D2 = √2𝑙2 → 𝐷 = 𝑙√2 Essa descoberta desencadeou uma das principais crises na história da matemática e possivelmente desempenhou um papel significativo no assassinato do matemático grego Hipaso de Metaponto. Para melhor compreensão, é importante saber que Pitágoras estabeleceu a escola pitagórica, onde mulheres e homens aprendiam arte, filosofia, matemática e música, seguindo princípios específicos. A organização do grupo se assemelhava ao que hoje chamaríamos de uma seita, caracterizada por segredos e práticas ocultas. Os membros dessa comunidade acreditavam na realidade tangível dos números em um mundo a parte, uma visão de mundo onde todas as coisas podem ser definidas se as relações numéricas apropriadas forem identificadas (VENTURA, 2019). Essas concepções conduziram a noção de que os números eram símbolos de perfeição, representando a lógica intrínseca do universo. A dedução da lei que governa a raiz da diagonal do quadrado culminou na revelação do número, um valor 10 irracional, cujas casas decimais se estendem infinitamente sem apresentar um padrão discernível à esquerda do ponto decimal. A existência de um número irracional abalou os fundamentos das crenças pitagóricas, provocando uma crise que perturbou e retardou o progresso matemático. No caso de Hipaso, sendo ele membro da escola pitagórica, teria supostamente compartilhado o segredo das grandezas incomensuráveis, o que levou à sua condenação pelos colegas e à sua morte em alguma região litorânea da Grécia. A seguir vamos observar um exemplo de construção geométrica não originária da Europa através de um quebra-cabeça amplamente utilizado em escolas de ensinobásico no Brasil: o Tangram (Figura 5). Este quebra-cabeça é constituído por sete peças distintas, incluindo dois triângulos grandes, dois pequenos, um médio, um quadrado e um paralelogramo. Figura 5. Tangram montado no formato de um quadrado. Fonte: abrir.link/pWjjE. Existem várias histórias sobre a origem do Tangram, porém o primeiro registro concreto desse jogo foi feito por Yang-cho-chü-shih. Ele escreveu, editou e publicou o Tangram sob o reinado de Chia-ch’ing (1796–1820) (SLOCUM et al., 2004). De acordo com Slocum et al. (2004), personalidades notáveis como Napoleão Bonaparte, Lewis Carroll (além de ser o autor de Alice no País das Maravilhas, também era 11 matemático), Edgar Allan Poe, Hans Christian Andersen e Michael Faraday se divertiram e estudaram esse quebra-cabeça. É possível se entreter ao criar várias figuras usando o Tangram, incluindo exemplos como a formação de um cisne, conforme a Figura 6 a seguir: Figura 6. Tangram de cisne Fonte: abrir.link/6jiC3. Ou mesmo a representação de uma casa, conforme a figura 7 a seguir: Figura 7. Tangram de uma casa Fonte: abrir.link/XIJhp. Conforme se pode perceber, a imaginação e a criatividade não são qualidades restritas apenas às culturas ocidentais. Há um amplo espectro de aprendizado na riqueza da diversidade cultural. 12 2 APLICAÇÃO DA GEOMETRIA PLANADA Ao verificarmos a área ou a superfície de uma figura em um plano, analisando sobre o conceito de uma visão bidimensional, em um quadrado de lado unitário, por exemplo, entenderemos como o total dessa área de uma unidade de área e, caso esteja em metros (m), sua área será representada em metros quadrados. Paulanti (2014) observa que antes de calcular a área das figuras planas, temos que observar seu formato, como quadrado, círculo, retângulo, paralelogramo, triângulo, losango ou trapézio. A área de uma figura plana é uma medida da região do plano que é ocupada pela figura. Além disso, expressar ou medir uma área mostra uma comparação com outra de mesma espécie que é tomada por unidade. Um exemplo prático da aplicação da geometria plana, particularmente nas áreas de superfícies planas. Figura 1. Campo de futebol Fonte: Paulanti, 2014. É possível considerar o planejamento de um campo de futebol conforme as diretrizes definidas pela FIFA: as traves do gol devem ter dimensões de 7,32 m de largura por 2,44 m de altura. Um campo de futebol, como ilustrado na Figura 1, apresenta vários retângulos, cada um com suas dimensões específicas, independentemente de ser oficial ou não. Sem dúvidas, várias formas geométricas estão integradas nos projetos de arquitetos, engenheiros e projetistas, é evidente nas 13 próprias configurações. Regularmente, esses especialistas se veem diante da exigência de calcular as áreas de figuras planas utilizando instrumentos como réguas para mensuração de seus lados, fitas métricas, entre outros. Por exemplo, o espaço externo de uma instituição de ensino, um pátio, conforme apresentado na Figura 2, apesar das diferentes nivelações, o pátio assume uma forma quadrática, onde é possível com base em medições e o entendimento do cálculo de áreas, obter a área total do pátio. Figura 2. Pátio de uma escola Fonte: shre.ink/rRu8. Outro exemplo prático, é a determinação aproximada do volume de uma piscina com altura de 1,30 m e uma base em forma triangular, com lados medindo 5,0 m, 4,20 m e 4,20 m. A solução poderia ser apresentada em litros, considerando que cada metro cúbico (m³) equivale a 1.000 litros. 14 Figura 3. Piscina triangular Fonte: Paulanti, 2014. 2.1 Calculando Áreas Para o cálculo de quadrados, Leite e Castanheira (2014) utilizam como ponto de partida a área de um quadrado de 1 m² e posteriormente estendem essa generalização para quadrados de quaisquer dimensões. Por exemplo, a área contida dentro de um quadrado de 1 m² corresponde à região interna de um quadrado com lados medindo 1 m cada (Figura 4). Figura 4. Quadrado de 1 m de lado Fonte: abrir.link/fUcfx. Agora, considere um quadrado com lados medindo 3 m. Qual é a quantidade de metros quadrados que pode ser acomodada dentro desse quadrado? Verifique a Figura 5 para ilustração. 15 Figura 5. Quadrado de 3 m de lado Fonte: Leite e Castanheira, 2014. Observe que um quadrado com lados de 3 m comporta uma área de 9 m². Assim, essa área é determinada pela multiplicação dos dois lados. Visto que os lados de um quadrado são idênticos, a área pode ser obtida ao elevar um dos lados ao quadrado, como mostrado na representação a seguir: A = 𝑙 ⋅ 𝑙 = 𝑙2 Para o cálculo da área do retângulo, podemos utilizar uma abordagem semelhante à do quadrado, em que a região interna da forma geométrica plana é analisada (LEITE; CASTANHEIRA, 2014). A seguir temos a Figura 6 que apresenta um retângulo com largura de 2m e comprimento de 4m. Figura 6. Retângulo Fonte: Leite e Castanheira, 2014. 16 Para determinar a área do retângulo, realizamos a multiplicação de um dos lados pelo outro: 𝐴 = 2𝑚 ⋅ 4𝑚 = 8𝑚2 em termos gerais, a fórmula utilizada para calcular a área de qualquer retângulo é expressa por: 𝐴 = 𝑙1 ⋅ 𝑙2. A Figura 7 a seguir apresenta área de 3 tipos de triângulo, observa que a área de um deles é igual à metade da área dos retângulos correspondentes. Com essa constatação, é possível calcular a área de um triângulo multiplicando sua base por sua altura, o resultado obtido deve ser dividido por dois, ou seja, você calcula como a área de um retângulo e divide o valor pela metade e assim obtém-se a área do triângulo (LEITE; CASTANHEIRA, 2014). Figura 7. Triângulos Fonte: Leite e Castanheira, 2014. Sendo assim, ao calcular a área de um triângulo, procedemos da seguinte maneira: 𝐴 = 𝑏 ⋅ ℎ 2 onde "b" representa a base do triângulo e "h" representa a sua altura. Agora, temos a demonstração do cálculo da área de um paralelogramo através da Figura 8, em que 𝑏 representa a base e ℎ a altura. 17 Figura 8. Paralelogramo Fonte: Leite e Castanheira, 2014. Vamos proceder ao recorte da figura exatamente na marcação do ângulo reto. Observe que é possível unir a figura ao lado oposto, como apresentado na Figura 9. Figura 9. Retângulos criados a partir do paralelogramo Fonte: Leite e Castanheira, 2014. Ao unir essas figuras, temos um retângulo com lados 𝑏 e ℎ. Em outras palavras, a área de um paralelogramo com base 𝑏 e altura ℎ equivale à área de um retângulo com os mesmos lados 𝑏 e ℎ. Assim, a fórmula geral é expressa como: A = 𝑏 ⋅ ℎ 18 A seguir, a Figura 10 apresenta um losango, em que a diagonal maior é representada por 𝐷 e a diagonal menor por 𝑑. Figura 10. Losango Fonte: Leite e Castanheira, 2014. Observe que a área do losango é igual à metade da área de um retângulo com lados 𝐷 e 𝑑. Em outras palavras, a área do losango é determinada pelo produto das diagonais maior e menor, dividido por dois, como ilustrado na Figura 11. Figura 11. Losango. Fonte: Leite e Castanheira (2014, p. 150). Assim, a fórmula global é: A = 𝐷 ⋅ 𝑑 2 Abaixo temos a Figura 12 que apresenta dois tipos de trapézio, o isóscele e o retângulo. 19 Figura 12. (a) Trapézio isóscele; (b) Trapézio retângulo Fonte: Leite e Castanheira, 2014. Vamos considerar um recorte das figuras de tal maneira que a parte recortada, ao ser unida com a porção restante, configure um retângulo, como ilustrado na Figura 13. Figura 13. Retângulo formado Fonte: Leite e Castanheira, 2014. Em ambas as situações, ao unirmos as figuras, temos um retângulo com lados correspondentes (Figura 14). 20 Figura 14. Retângulo formado Fonte: Leite e Castanheira, 2014. Observe que 𝐵⋅𝑏 2 representa a base média do trapézio, sendouma média entre a base maior e a base menor. Dessa forma, podemos generalizar esse conceito, afirmando que a área do trapézio é obtida multiplicando a base média pela altura do trapézio. Consequentemente, a fórmula global será: A = (𝐵 + 𝑏) ⋅ ℎ 2 . 2.2 Aplicação da trigonometria Conforme Ledur, Enriconi e Seibert (2003), o termo trigonometria, tem sua origem nas palavras gregas trígonos, que significa triângulo e metrum, que significa medida. Essencialmente, pode ser interpretado como medida de triângulos. A trigonometria tem como um de seus propósitos, investigar as conexões entre os lados e os ângulos de um triângulo. Sua emergência decorreu das demandas nos campos da astronomia, navegação, cartografia e topografia. Em um momento, Tales (624 – 548 a.C.) optou por medir a altura da pirâmide de Quéops, no Egito, com base na semelhança entre dois triângulos (Figura 15). Ele fez observações das sombras e dos raios solares, chegando à descoberta de que a sombra projetada por um poste qualquer era proporcional à sombra projetada pela pirâmide. Figura 15. Calculando a altura de uma pirâmide 21 Fonte: Ledur, Enriconi e Seibert, 2003. Apesar de parecer distante, a trigonometria desempenha um papel significativo em nossa vida diariamente. Considere o seguinte cenário: ao calcular a quantidade de azulejos necessários para cobrir um determinado espaço em uma construção, empregamos o cálculo de áreas de formas geométricas, como quadrados, retângulos, triângulos e losangos, dependendo do que está sendo planejado. Um exemplo adicional diz respeito às escadas, onde a proporção e as medidas dos degraus devem obedecer a determinadas relações de ângulos. A trigonometria associa o comprimento com o ângulo, viabilizando cálculos que não poderiam ser resolvidos de outra maneira. No cálculo do volume de sólidos, usamos a trigonometria para representar a capacidade de armazenamento de um objeto específico, como uma piscina, onde o volume pode ser determinado pela forma do objeto. Mesmo na concepção do pouso de uma aeronave, é imperativo estabelecer uma relação entre a pista e o avião, incluindo um ângulo crítico para um pouso seguro e preciso. 3 CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA CONCORDÂNCIA Em desenho geométrico, o conceito de concordância envolve a junção de linhas, considerando duas linhas e uma quantidade maior, de distintas naturezas, de maneira que nos locais de congruência, a transição de uma linha em direção a outra seja suave, evitando reversões ou ângulos abruptos (ALBRECHT; OLIVEIRA, 2012). A concordância pode ser estabelecida em relação as retas, arcos e circunferências. Podemos identificar alguns componentes fundamentais de sua composição (Figura 1): 22 • Ponto de concordância: isso implica o local de transição em relação a um formato e outro. Dependendo da natureza da concordância, pode existir no mínimo, um local de encontro e transição em relação as curvas, retas e circunferências. • Ponto Central e raio de concordância: os componentes do arco que foram desenhados para se alinharem com uma reta ou então em relação a outro raio. Figura 1. Elementos fundamentais da concordância Fonte: Januário, 2010. As concordâncias seguem a lógica das aplicações de tangência. Na tangência, uma reta e uma circunferência se encontram em um único ponto, nomeando-o de ponto de tangência. Na concordância, esse ponto de tangência se converte no local de concordância, acompanhado do ponto central perpendicular ao raio. Além do mais, o ponto central da circunferência que é tangente a uma reta ou outra circunferência transforma-se no ponto central de concordância. Além dos componentes encontrados na concordância, há alguns princípios essenciais que auxiliam no entendimento e na elaboração das concordâncias, os quais estão detalhados em sequência: • A concordância em relação a uma reta e um arco (ou uma circunferência), acontece no momento em que a reta é tangente a ele. Nesse cenário, o local de concordância é idêntico ao local de tangência. Além disso, é válido afirmar que o ponto central do arco ou da circunferência, bem como o local de concordância, estão alinhados ao longo de uma reta perpendicular à reta de concordância. • Dois arcos que estão em concordância têm centros e pontos de concordância alinhados em uma mesma linha reta, ou seja, estão colineares. Além do mais, 23 no local de concordância entre esses dois arcos, é viável desenhar uma tangente simples (COSTA, 2011). • A concordância em relação a duas retas é estabelecida através de, no mínimo, um arco situado em relação a elas e com a presença de, no mínimo, um local a mais de concordância. As retas têm capacidade de serem classificadas como concorrentes, convergentes ou paralelas entre si (JANUÁRIO, 2010). 3.1 Construções de concordâncias Há uma variedade de situações que envolvem a concordância em relação as retas, arcos e circunferências, as quais dependem das posições relacionadas com os objetos, raios e curvaturas desejadas. Nos tópicos a seguir, serão elucidados os procedimentos para criar certas concordâncias, exibindo os passos essenciais e os respectivos desenhos. Realizar a concordância em relação a uma reta reconhecida e um arco Considerando uma reta (𝑟), para estabelecer a concordância de um arco em um ponto específico (𝐶) ao longo dessa reta, o primeiro passo consiste em traçar uma perpendicular (𝑝) neste local definido. Ao longo dessa perpendicular, é necessário marcar um segmento de reta correspondente ao raio do arco, localizando assim o ponto central (𝑂) do arco que será delineado. Finalmente, usando a extremidade de um compasso no ponto central do arco e um espaço que corresponda ao raio, desenha-se o arco pretendido em harmonia com a reta, de acordo com o ensinado por Carvalho (2008) e demonstrado na Figura 2. Figura 2. Passo a passo para a concordância em relação a uma reta e um arco Fonte: Januário, 2010. 24 Criar uma concordância em relação a uma reta estabelecida e um arco passando exatamente por um ponto localizado fora da reta A situação abordada aqui, constitui uma variação do antecedente, com a particularidade de que o arco tem de atravessar um ponto específico, também fornecido no enunciado. O processo construtivo da concordância é semelhante ao descrito anteriormente: começa-se traçando uma perpendicular (𝑝) a partir do ponto de concordância (𝐶). Em seguida, traça-se um segmento (𝐶𝐷) que conecta o local de concordância ao ponto especificado no arco. Então, é desenhada a mediatriz (𝑚) deste segmento, a qual irá cruzar a perpendicular (𝑝) da reta original. A interseção em relação a mediatriz e a perpendicular é o ponto onde está localizado o ponto central (𝑂) do arco no qual será desenhado. Seu raio é a distância entre o centro encontrado e o local de concordância (𝐶 ). Nesse ponto, o arco é desenhado em concordância com a reta, utilizando a extremidade fixa do compasso em 𝑂 e ajustando a abertura para 𝐶𝑂 (Figura 3). Figura 3. Passo a passo para a concordância em relação a uma reta e um arco passando por um local específico Fonte: Januário, 2010. A mediatriz é uma reta que reparte um segmento ao meio, com início no seu ponto médio. Para traçar uma mediatriz, você vai precisar de um compasso e uma régua. Comece colocando a ponta fixa do compasso em um dos extremos do segmento que precisa ser repartido. A amplitude do compasso tem que ser maior que o meio do segmento. Em seguida, trace arcos acima e abaixo do segmento, repetindo o procedimento no outro extremo. 25 Importante: assegure-se de manter a mesma amplitude do compasso constantemente! Utilize uma régua ou esquadro para traçar a mediatriz, conectando os pontos onde os arcos foram desenhados. É crucial notar que a mediatriz constitui uma reta perpendicular ao segmento que estásendo repartido. Realizar a concordância entre uma reta determinada e um arco que atravessa um local específico fora da reta Para estabelecer a concordância em relação a duas retas convergentes (𝑎 e 𝑏), é necessário estender essas retas até o ponto onde elas se cruzam (𝑉). Em seguida, trace a bissetriz do ângulo formado pelos prolongamentos. Usando a ponta seca do compasso no vértice do ângulo, desenhe um arco com um raio no qual abranja os segmentos das retas a serem concordados, sinalizando assim os locais de concordância (𝑎 e 𝑏). Em um dos locais de concordância, desenhe uma perpendicular em relação à reta correspondente, a qual interceptará a bissetriz. O resultado será o ponto central do arco de concordância (𝑂). Com a ponta seca do compasso em 𝑂 e ajustando a abertura até um dos pontos de concordância, traça-se o arco de concordância, conforme ilustrado na Figura 4. Figura 4. Passo a passo para concordar duas retas convergentes com um círculo Fonte: Januário, 2010. Se não for possível definir o local de interseção em relação as retas, é necessário construir um ângulo auxiliar interno com lados paralelos e igualmente distantes das retas que se pretende concordar. A partir daí, desenha-se a bissetriz deste ângulo e, em sequência, estabelece-se uma perpendicular a uma das retas no 26 local de concordância desejado (𝐴). Seguindo a mesma lógica das sequencias já realizadas, o cruzamento entre a bissetriz e a perpendicular resulta no centro do arco de concordância. Para desenhar o arco, posicione a ponta seca do compasso no centro (𝑂) e ajuste a abertura até o local de convergência (𝐴), de acordo com as instruções de Carvalho (2008) e conforme apresentado na Figura 5. Figura 5. Passo a passo opcional a fim de concordar duas retas convergentes com um círculo Fonte: Januário, 2010. A bissetriz é uma semirreta que reparte um ângulo ao meio em seu vértice, resultando em dois ângulos congruentes, isto é, de medidas iguais. Para desenhar a bissetriz, utilize o compasso da seguinte forma: comece posicionando a ponta seca do compasso no vértice do ângulo e desenhe um arco de raio qualquer que cruze os dois lados do ângulo. Posteriormente, encontre o ponto médio em relação aos pontos gerados pela interseção dos lados do ângulo com o arco previamente traçado. 27 Finalmente, trace a bissetriz, iniciando do vértice do ângulo e que irá passar pelo local médio identificado. Concordar um arco com outro de direção contrária e que passa por um ponto específico Suponha o arco 𝐴𝐵 de ponto central 𝑂, e deseja-se encontrar outro arco a 𝐵𝑃, onde 𝐵 é o ponto de concordância e 𝑃 é um ponto do arco. O procedimento é o seguinte: comece traçando uma reta que passe pelo centro 𝑂 e pelo ponto de concordância 𝐵 . Como princípio da concordância, o centro do novo arco a ser concordado deve estar localizado sobre essa reta. A posição correta desse ponto central é obtida pela mediatriz do segmento determinado entre o ponto de concordância e o ponto onde o novo arco 𝐵𝑃 deve atravessar, conforme ilustrado na Figura 6. Figura 6. Passo a passo para concordar dois arcos de sentido contrário Fonte: Januário, 2010. 3.2 Concordância e desenho geométrico ovais e de arcos No desenho geométrico, bem como na geometria, existem elementos reconhecidos que resultam da concordância entre arcos de circunferências e retas. A compreensão do processo e dos passos da concordância é essencial para entender como esses elementos são criados e desenhados. Essa é a situação das curvas ovais e dos arcos arquitetônicos, que são elementos geométricos gerados por meio desse processo. Cada um possui suas próprias características e variações, adaptando-se às suas propriedades geométricas específicas. As curvas ovais são curvas fechadas desenvolvidas por arcos de circunferência que se alinham harmoniosamente uns com os outros, bem como com dois eixos distintos, sendo um maior que o outro. Não há um número fixo de arcos concordantes para a criação de ovais, porém, esse número sempre é par. 28 Consequentemente, o total de arcos influencia nos desenhos distintos das curvas ovais, acarretando também em procedimentos de desenho diferentes. A seguir, são abordadas algumas dificuldades de desenho geométrico de ovais, explicando como resolvê-los. Contudo, antes de prosseguir, é relevante considerar a classificação das curvas ovais em termos da natureza da combinação de seus arcos, tendo a capacidade de serem regulares ou irregulares: • Ovais regulares: constituídas por arcos simétricos aos pares, e possuem dois eixos de simetria, essas curvas são denominadas elipses falsas. • Ovais irregulares: são curvas com somente um eixo de simetria e também são referidas como óvulos. Ao criar uma curva oval, é fundamental considerar o número de arcos que serão incorporados ao desenho, exigindo a determinação dos pontos centrais desses arcos para a execução precisa. Na situação das curvas ovais regulares, é crucial que a construção comece partindo de um de seus eixos. Para criá-la composta por quatro arcos, com pontos centrais partindo do eixo maior, o procedimento é o seguinte: comece por dividir o eixo dado (𝐴𝐵) em quatro partes iguais, gerando os pontos 𝐴, 𝐵, 𝐶, 𝐷 e 𝐸 . Com 𝐶 e 𝐸 determinados pela divisão, e com os centros de concordância, o próximo passo é construir um triângulo equilátero (𝐶𝐸𝐹), com um dos lados como o segmento 𝐶𝐸. O terceiro vértice do triângulo (𝐹) será um dos centros de concordância. Como se trata de uma curva oval regular, é suficiente realizar novamente a mesma construção do triângulo no outro lado do eixo, encontrando o segundo centro de concordância (𝐺). Os arcos provenientes dos pontos centrais 𝐶, 𝐸, 𝐹 e 𝐺 têm seus pontos de concordância situados nas interseções com as extensões dos lados dos triângulos, conforme explicado por Carvalho (2008) e apresentado na Figura 7. Figura 7. Passo a passo para a construção de uma curva oval regular com quatro pontos centrais partindo de seu eixo maior 29 Fonte: Januário, 2010. Para esboçar uma curva oval irregular composta de quatro arcos concordantes, e consequentemente quatro centros, siga os seguintes passos: Inicie traçando uma circunferência e dois diâmetros ortogonais (𝐴𝐵 e 𝐶𝐷). O arco inicial concordante é a semicircunferência que se estende de 𝐴 até 𝐵. Em seguida, desenhe duas retas, 𝑎 e 𝑏: a primeira parte do ponto 𝐴 e passa por 𝐷, enquanto a segunda parte de 𝐵 e também passa por 𝐷. Então, utilizando a ponta seca do compasso em 𝐴 e ajustando a abertura para 𝐴𝐵, trace o próximo arco concordante. Ele começa em 𝐵 e cruza a reta prolongada 𝑎, produzindo o ponto de concordância 𝐸. Repita essa operação com a ponta seca do compasso em 𝐵 para obter o outro ponto de concordância, 𝐹. Finalmente, com o centro no ponto 𝐷 e utilizando a abertura 𝐷𝐸 ou 𝐷𝐹, desenhe o último arco concordante para concluir a oval, seguindo o esquema representado na Figura 8. Figura 8. Passo a passo para a construção de uma curva oval irregular de quatro centros 30 Fonte: Januário, 2010. Além das curvas ovais, os arcos são componentes existentes na arquitetura, como em abóbadas, pontes e aberturas de portas. Eles são compostos por um ou mais arcos concordantes, que se baseiam em segmentos de reta paralelos uns aos outros. A variedade de formatos de arcos é vasta, abrangendo desde os designs mais simples até os mais desenvolvidos e relevantes, como exemplificado na Figura 9. Figura 9. Variedades de arcos arquitetônicos Fonte: abrir.link/jMd4f. 31 Um dos arcos mais tradicionais é reconhecido como arco romano ou pleno, uma nomenclatura que remete a sua origem histórica. Sua principal característica é a concordância entre um arco e dois segmentos de retaparalelos. A construção desse arco começa ao traçar uma perpendicular nas extremidades dos segmentos, gerando dois locais de concordância (𝐶1 e 𝐶2). Na sequência, é essencial criar a mediatriz que separa ao meio o segmento definido pelos locais de concordância, determinando assim, o centro de concordância (𝑂) no ponto médio do segmento. Nesse contexto, os locais de concordância e o ponto central do arco estão alinhados linearmente. Por fim, com o compasso e com o ponto central no local de concordância, o arco concordante é desenhado, conforme explicado por Januário (2010) e demonstrado na Figura 10. Figura 10. Passo a passo para a construção de um arco romano ou pleno Fonte: Januário, 2010. 4 REPRESENTAÇÕES GEOMÉTRICAS NO COTIDIANO A geometria é uma concepção humana, porém bem antes de começar a teorizar sobre ela, a humanidade já adequava materiais e espaços para atender às suas necessidades. Um exemplo disso são as construções elaboradas pelas nações indígenas brasileiras, que utilizavam técnicas sofisticadas. Isso inclui malocas, cestos, ferramentas de caça, utensílios de barro e até mesmo as pinturas corporais (SARQUIS SOARES, 2009). O conhecimento da geometria amplia nossa compreensão do universo e do espaço, pois nos permite identificar representações geométricas na natureza, como os favos de abelha, os formatos das flores e a lua em seu formato. Além disso, também nos ajuda a reconhecer padrões geométricos em espaços e objetos moldados pela intervenção humana, como as pirâmides no Egito, as obras arquitetônicas de Oscar 32 Niemeyer, as pinturas de Volpi, a mobília de um lar e as expressões artísticas criadas por diversas culturas. Dessa forma, é crucial destacar aos estudantes, a importância dos estudos de geometria em suas vidas e nas várias carreiras, independentemente de estarem no ambiente urbano ou rural. O universo geométrico que não pode ser visto a olho nu também engloba as representações geométricas que fazem parte da vida cotidiana das pessoas. Dentre os constituintes que se destacam na natureza, o DNA (ácido desoxirribonucleico) é um exemplo notável. Essa estrutura geométrica é invisível, mas está presente em todas as manifestações de células vivas. Fonseca et al. (2001) ressaltam a incorporação de constituintes do pensamento matemático geométrico na linguagem cotidiana. Isso é evidente nas metáforas que empregamos em expressões informais, como "círculo vicioso," "triângulo amoroso," "pessoa quadrada," "sociedade piramidal," "enxergar sob outro prisma," "aparar as arestas" e "sair pela tangente." A utilização frequente dessas expressões, particularmente aquelas relacionadas às representações geométricas, ilustra como essa compreensão desempenha um papel crucial no acesso a aspectos culturais que transcendem o domínio da matemática. 4.1 A geometria no mundo natural A natureza é uma fonte abundante de informações. Dentro dela, é possível descobrir uma variedade de formas geométricas. Através dos elementos naturais, é viável a exploração de formatos, a conceituação e características geométricas. A proporção, o padrão, a regularidade, a beleza e o equilíbrio presentes nestes formatos provocam a curiosidade e motivam uma investigação detalhada. Desse modo, é possível envolver as crianças nesse fascinante universo das cores e formatos. É importante observar que a percepção da beleza pelo ser humano frequentemente está ligada à simetria. A simetria é caracterizada pela capacidade de separar uma imagem em pedaços que se encaixam com acerto quando sobrepostas. Um exemplo ilustrativo disso são as asas das borboletas, que exibem simetria axial, que é uma imagem espelhada em relação a uma linha, como pode ser visto na Figura 1. Figura 1. Simetria axial encontrada nas asas da borboleta 33 Fonte: shre.ink/rzSJ 4.2 Figuras geométricas espaciais O método educacional voltado para o desenvolvimento da percepção geométrica dos alunos busca estimulá-los a visualizar uma variedade de figuras geométricas, tanto planas quanto tridimensionais. O objetivo é que os estudantes sejam capazes de identificar e diferenciar essas figuras com base em suas características distintas ou atributos, incluindo o número de lados ou faces e vértices. Além disso, espera-se que eles também sejam capazes de reconhecer padrões, critérios e características inerentes a essas figuras geométricas. É altamente recomendável que o ensino de figuras geométricas tridimensionais seja introduzido desde a educação básica para as crianças. Em síntese, essas formas estão exibidas nos materiais e cenários que fazem parte do cotidiano das crianças. Conforme destacado por Smole, Diniz e Cândido (2014), a exploração dos sólidos geométricos auxilia o enriquecimento do vocabulário infantil, permitindo que elas aprendam termos como: vértice, aresta e face. Bem como os nomes específicos dos próprios sólidos geométricos. É importante observar que a familiarização inicial com essas formas acontece naturalmente através do contato com objetos cotidianos, em seguida, uma exploração mais voltada para as características destes componentes deve ser incentivada. As figuras geométricas tridimensionais podem ser categorizadas como poliedros em que a totalidade das faces são poligonais e não poliedros, quando no mínimo uma das faces não é poligonal, ou seja, elas têm uma superfície curva. Exemplos de figuras não poliédricas incluem o cone, o cilindro e a esfera. Na Figura 2 a seguir, apresentamos as características dessas formas tridimensionais. Figura 2. Características das figuras geométricas espaciais 34 35 Fonte: Smole, Diniz e Cândido, 2014. 4.3 Cones, cilindros e esferas (não poliedros) Os cones são formas que apresentam uma base circular, denotada por r constituída com segmentos de reta que têm uma extremidade compartilhada com um vértice, representado por V. Além do mais, o cone é caracterizado pela sua altura h, que representa a distância entre o vértice e o plano da base. Os cones também incluem a sua geratriz, que é a superfície lateral do cone, composta por qualquer segmento de reta que tenha uma ponta no vértice e a outra na base do cone. Os cones são caracterizados em: • Cilindro reto: suas geratrizes são segmentos com extremidades nas circunferências das bases e perpendiculares às bases. • Cilindro oblíquo: suas geratrizes são inclinadas ou oblíquas em relação às bases. 36 Quando realizamos a planificação do cilindro, obtemos duas circunferências congruentes acompanhadas por um paralelogramo, na situação dos cilindros oblíquos, ou um retângulo na situação dos cilindros retos. A esfera é um sólido geométrico simétrico que se origina da rotação de um semicírculo ao redor de um eixo. Ela é caracterizada por uma superfície fechada, onde todos os locais estão igualmente distantes do centro (representado por "O"). 4.4 Poliedros O termo poliedro é derivado de "poli" que significa muitas e edros que significa faces. Os poliedros são sólidos geométricos compostos por vértices, arestas e faces. Cada uma das faces de um poliedro é um polígono, como triângulos, quadriláteros, pentágonos entre outros. Portanto, os poliedros sempre mantêm um equilíbrio quando postos em cima de uma superfície plana, porque a totalidade das suas faces são planas. Adicionalmente, os poliedros devem ser subdivididos em diferentes grupos de em conformidade com suas características (Quadro 1). Todos os prismas apresentam uma área de base, uma área lateral, uma área total e um volume. Essas medidas estão intrinsecamente ligadas ao formato do polígono que forma as bases do prisma. O número de faces do prisma é diretamente correspondente ao número de lados do polígono que compõe suas bases superior e inferior. Os prismas têm a capacidade de serem categorizados de acordo com a quantidadede lados: • Triangular: possuem bases compostas por triângulos; • Quadrangular: possuem bases constituídas por quadriláteros; • Pentagonal: possuem bases compostas por pentágonos; • Hexagonal: possuem bases constituídas por hexágonos; • Heptagonal: possuem bases compostas por heptágonos; • Octogonal: possuem bases constituídas por octógonos. Os prismas são classificados como prismas retos ou prismas oblíquos, dependendo da inclinação de suas arestas laterais. Os retos são os que as arestas laterais formam um ângulo de 90 graus com as bases. Enquanto isso, os prismas oblíquos são aqueles em que as arestas laterais formam ângulos diferentes de 90 graus com as bases. 37 Já as pirâmides, fazem parte de um conjunto de poliedros cujas faces laterais e a base são todas triangulares. Cada pirâmide é constituída com uma base e um vértice, com suas faces laterais convergindo e encontrando-se em um único ponto, o vértice. Alguns exemplos incluem a pirâmide reta de base triangular, a pirâmide reta de base quadrada e a pirâmide reta de base hexagonal. Quanto à inclinação de sua base, as pirâmides podem ser categorizadas de duas maneiras: • Pirâmides retas: criam um ângulo de 90 graus; • Pirâmides oblíquos: possuem ângulos que não são iguais a 90 graus. Temos os poliedros que não são prismas nem pirâmides. Esses sólidos geométricos são identificados unicamente pelo número de faces que eles têm. Consulte o Quadro 1 para referência. Quadro 1. Poliedros Fonte: Adaptado de Toledo e Toledo, 2009. Outros poliedros, recebem nomes conforme a totalidade de suas faces. Por exemplo, um poliedro com 9 faces, um poliedro com 11 faces, e assim por diante. 38 4.5 Figuras geométricas planas As figuras planas são bidimensionais, ou seja, possuem apenas duas dimensões, comprimento e largura. Ao contrário das figuras espaciais, as figuras planas não têm volume. Elas são predominantemente polígonos, dado que são constituídas exclusivamente por segmentos de reta que não se interceptam, a menos que seja nas extremidades. Esses segmentos de reta nos polígonos são denominados lados. Os polígonos recebem nomes específicos com base no número de lados que possuem. Algumas das principais figuras planas incluem: triângulo, quadrado, retângulo, círculo, trapézio e o losango. No aprendizado das figuras planas, são empregados dois conceitos fundamentais: área e perímetro: • A área é a medida da extensão da superfície da figura, expressa em unidades como cm², m² ou km². • O perímetro é a somatória da totalidade os lados da figura e é representado em unidades como cm, m ou km. Descrição das figuras planas Triângulo - é um polígono composto por três lados. Os triângulos são classificados com base na medida de seus lados, como equiláteros, isósceles e escalenos, e também com base na medida de seus ângulos, como retângulos, obtusângulos e acutângulos. Quadrado - é um quadrilátero regular composto por quatro lados de igual comprimento. Ele possui quatro ângulos internos de 90 graus, que são chamados de ângulos retos. Retângulo - é um quadrilátero composto por quatro lados, com dois deles na posição vertical e dois na horizontal. Similarmente ao quadrado, ele possui quatro ângulos internos de 90 graus, que são ângulos retos. Círculo - possui um formato circular e é frequentemente denominado de disco. Ele é caracterizado por um raio, que representa a distância em relação ao centro da figura e um de seus extremos, e um diâmetro, que corresponde a duas vezes o raio e corresponde ao segmento de reta que passa pelo ponto central do círculo, dividindo-o em duas partes iguais. 39 Trapézio - conhecido como quadrilátero notável, ele tem duas bases paralelas e dois lados, com uma das bases sendo maior que a outra. A somatória de seus ângulos internos é igual a 360 graus. Losango - esse é um quadrilátero equilátero, de forma que seus quatro lados têm a mesma grandeza. Ele tem dois pares de lados opostos que são congruentes e paralelos, e suas diagonais se cruzam perpendicularmente. Esse quadrilátero também apresenta dois ângulos agudos (menores que 90 graus) e dois ângulos obtusos (maiores que 90 graus) (TOLEDO; TOLEDO, 2009). Na Figura 3, apresentada abaixo, você encontrará informações adicionais sobre as formas geométricas. Figura 3. Características das figuras geométricas planas 40 41 Fonte: Smole, Diniz e Cândido, 2014. 5 POSTULADOS DE EUCLIDES Atualmente a geometria é familiar, mas suas raízes nos conhecimentos remontam à 300 a.C. Conforme visto em aulas anteriores, o matemático grego Euclides, que residiu em Alexandria, desempenhou um papel fundamental na formulação de Elementos, uma obra renomada no âmbito da matemática. Essa composição consiste em treze volumes, nos quais os seis volumes iniciais são dedicados à exploração da geometria plana elementar. Euclides apresentou o tópico através de nove "noções comuns", cinco postulados e uma impressionante quantidade de mais de 150 proposições (AZEVEDO FILHO, 2015). Conforme o ponto de vista do matemático, a geometria pode ser interpretada como uma disciplina dedutiva que se desenvolve com base em noções comuns e postulados, também chamados de axiomas. A lista a seguir apresenta as noções comuns e os postulados encontrados no primeiro volume da obra, traduzidos diretamente do texto original (SANTOS, 2016). 42 Noções Fundamentais: • Objetos idênticos a uma mesma entidade também demonstram igualdade mútua; • Se coisas idênticas forem somadas a outras coisas idênticas, o resultado é a igualdade; • Se coisas são adicionadas a diferentes quantidades, o todo resultante também será diferente; • Os dobros de uma mesma quantidade são equivalentes entre si; • As metades de uma mesma quantidade são equivalentes entre si; • Elementos que se ajustam perfeitamente são considerados iguais; • Um todo é sempre maior do que a sua parte; • Duas retas não podem formar uma área. Postulados: • Estabelece-se como postulado a capacidade de traçar uma linha conectando cada ponto a qualquer outro ponto. • Estender uma linha limitada de forma contínua sobre outra linha; • Utilizar um centro e uma distância para descrever um círculo; • Todos os ângulos retos são equivalentes entre si; • Se uma linha, ao intersectar duas outras linhas, cria ângulos internos do mesmo lado que são menores do que dois ângulos retos, ao estendermos indefinidamente essas duas linhas, elas se encontrarão do lado onde os ângulos são menores do que dois ângulos retos (𝜋) (ver Figura 1). Figura 1. Representação do 5º postulado de Euclides 43 Fonte: Santos, 2016. Os postulados de Euclides, apesar de sua simplicidade, representaram o pioneiro modelo para a concepção física do espaço e também o mais resiliente. A organização proposta pelo matemático manteve-se inalterada por mais de dois milênios. Somente com a revelação das geometrias não euclidianas é que a comunidade matemática se viu compelida a revisitar sua obra, fortalecendo suas provas e fundamentos (SANTOS, 2016). 5.1 Retas no espaço As retas são linhas ininterruptas constituídas por pontos, e uma única reta é definida por dois pontos distintos. Enquanto isso, um plano consiste em um subconjunto do espaço tridimensional (𝑅³), onde é possível traçar um segmento de reta que conecte quaisquer dois pontos pertencentes a esse subconjunto. É válido afirmar que um único plano é determinado por três pontos que não estejam alinhados entre si, passando através desses pontos. Considere as representações ilustradas na Figura 2 a seguir: Figura 2. Representações de ponto, retas e planos 44 Fonte: Reis, 2014. Em um espaço tridimensional (𝑅³), é possível categorizar duas retas como paralelas, concorrentes ou reversas. Retas coplanares são aquelas queestão contidas em um mesmo plano. A seguir, examinaremos cada uma dessas classificações. • Retas paralelas: considere duas retas coplanares 𝑟 e 𝑠 . Essas retas são consideradas paralelas (r//s) se, e somente se, não compartilharem nenhum ponto em comum, conforme exemplificado na Figura 3. Figura 3. Representação de retas paralelas em um mesmo plano 45 Fonte: Reis, 2014. • Retas concorrentes: considere duas retas coplanares 𝑟 e 𝑠. Essas retas são consideradas concorrentes caso compartilhem somente um único ponto 𝑃 em comum (Figura 4), ou seja, 𝑟 ∩ 𝑠 = {𝑃}. Figura 4. Representação de retas concorrentes em um mesmo plano Fonte: Reis, 2014. Se o ângulo formado entre as retas concorrentes for de 90 graus, é adequado denominá-las como perpendiculares. • Retas coincidentes: sejam duas retas coplanares 𝑟 e 𝑠, elas são consideradas coincidentes (𝑟 ≡ 𝑠) quando todos os seus pontos se sobrepõem conforme exemplificado na Figura 5. Figura 5. Representação de retas coincidentes 46 Fonte: Reis, 2014. • Retas reversas: considere duas retas 𝑟 e 𝑠 situadas em dois planos distintos, 𝛼 e 𝛽. Essas retas são consideradas reversas se não compartilharem nenhum ponto em comum, ou seja, 𝑟 ∩ 𝑠 = ∅, e se não forem paralelas conforme exemplificado na Figura 6. Figura 6. Representação de retas reversas Fonte: Sodré, 2006. 5.2 Exemplos de demonstrações 47 A seguir, vamos entender a resolução de determinados teoremas que abrangem o contexto das retas no espaço tridimensional. Inicialmente, estabeleceremos algumas proposições fundamentais da geometria espacial. • Axioma 1: entre dois pontos no espaço, é traçada uma única reta. • Axioma 2: dada uma reta no espaço, existem pontos que a integram e pontos que não a pertencem. • Axioma 3: entre três pontos no espaço que não estejam colineares, passa um único plano. Teorema 1: A partir de uma reta 𝑟 e um ponto 𝑃 situado externamente a essa reta, é possível traçar um único plano. Inicia-se com a seleção de dois pontos distintos, 𝐴 e 𝐵, na reta 𝑟. Observa-se que os pontos 𝐴, 𝐵 e 𝑃 não estão alinhados. De acordo com o axioma 3, somente um plano pode passar através desses três pontos. Como a reta 𝑟 compartilha dois de seus pontos com o plano, ou seja, 𝐴 e 𝐵, ela está completamente contida nele. Portanto, apenas um plano atravessará a reta 𝑟 e o ponto 𝑃 externo a ela. Teorema 2: Através de duas retas concorrentes 𝑟 e 𝑠, é possível traçar um único plano. Considere duas retas concorrentes, 𝑟 e 𝑠 , que se cruzam no ponto 𝑃 . Selecione pontos distintos 𝐴 e 𝐵 em cada uma das retas. De acordo com o axioma 3, esses três pontos estabelecem a existência de um plano exclusivo. Uma vez que ambas as retas possuem dois de seus pontos no plano, elas estão completamente contidas nele. Consequentemente, a partir de duas retas concorrentes, 𝑟 e 𝑠 , é possível traçar um único plano (Figura7). Figura 7. Retas paralelas atravessadas por uma transversal 48 Fonte: Reis, 2014. Cada ângulo gerado recebe uma designação particular, como apresenta a Figura 8. Figura 8. Particularidades de ângulos gerados por 2 retas paralelas atravessadas por uma transversal Fonte: Reis, 2014. Dessa forma, temos as seguintes relações, conforme a figura 9. 49 Figura 9. Relações ente os ângulos formados pelas retas paralelas atravessadas por uma transversal Fonte: Reis, 2014. Em relação a essa questão, apresenta-se o seguinte teorema: para que duas retas distintas sejam paralelas, é necessário e suficiente que os ângulos alternos ou os ângulos correspondentes, formados por uma reta transversal, sejam congruentes, conforme a Figura 10. Figura 10. Retas paralelas cruzadas por uma transversal Fonte: Reis, 2014. 50 6 SÓLIDOS DE REVOLUÇÃO Um sólido de revolução é uma entidade tridimensional criada pela rotação de uma região plana no espaço ao redor de um eixo (REIS, 2014). Como ilustrado na Figura 1, inicialmente, temos uma região delimitada pela área sombreada, que é girada em torno do eixo x, seguindo a direção das setas. Ao concluir o movimento, quando a região retorna ao ponto de origem, o sólido é formado. Figura 1. Sólido de revolução Fonte: Friedli, 2016. Observe que a base e o topo são em forma circular, com suas áreas calculadas usando A = 𝜋𝑟², onde 𝑟 representa a distância entre o eixo de rotação e a superfície da região, conforme representado na Figura 2. Os valores dos raios das extremidades são indicados como 𝑟1 𝑒 𝑟2. Figura 2. Raios dos extremos do sólido de revolução Fonte: Friedli, 2016. Entre os sólidos de revolução mais conhecidos, destacam-se a esfera, o cilindro e o cone, que são criados mediante a rotação de três figuras geométricas 51 planas diferentes: um semicírculo, um retângulo e um triângulo retângulo, conforme exemplificado na Figura 3. Figura 3. Exemplos de sólidos de revolução Fonte: shutterstock.com. 6.1 Áreas de sólidos de revolução Área do cilindro O cilindro de revolução ilustrado na Figura 4 apresenta bases que são paralelas entre si e uma altura h (REIS, 2014). Figura 4. Cilindro de revolução Fonte: Reis, 2014. 52 No intuito de calcular a área de superfície total, é necessário determinar as áreas das bases e a área lateral do objeto. As bases do cilindro são circulares e sua área depende do raio, como ilustrado na Figura 5 a seguir, representada por 𝑆𝑏. Figura 5. Área da base de um cilindro de revolução Fonte: Reis, 2014. Para calcular a área da superfície lateral, podemos imaginar "desdobrar" o cilindro em uma planificação, como representado na Figura 6. Isso nos leva a um retângulo, no qual um dos lados é a altura ℎ do cilindro, e o outro lado é o comprimento da circunferência da base, ou seja, 2𝜋𝑟. A área lateral 𝑆𝐿 também está representada na figura. Figura 6. Área lateral de um cilindro de revolução Fonte: Reis, 2014. 53 Então, para calcular a área total 𝑆𝑇, basta somar a área lateral às áreas das duas bases. Dessa forma, temos: 𝑆𝑇 = 𝑆𝐿 + 2 ⋅ 𝑆𝐵 𝑆𝑇 = 2𝜋𝑟ℎ + 2𝜋𝑟2 Área do cone O cone de revolução, ilustrado na Figura 7, é caracterizado por uma geratriz g, uma altura h e um raio r, que estão interligados pelo teorema de Pitágoras. Para construí-lo, basta fazer uma rotação em torno do eixo central da sua geratriz. Figura 7. Cone de revolução Fonte: Reis, 2014. A área da base do cone, representada como 𝑆𝑏, também é circular, similar à base do cilindro, e pode ser visualizada na Figura 8 abaixo. 54 Figura 8. Área da base do cone de revolução Fonte: Reis, 2014. Para determinarmos a área da superfície lateral, podemos realizar uma planificação do cone, conforme ilustrado na Figura 9. O cone planificado se assemelha a um setor circular, com um raio equivalente a geratriz g e um comprimento igual a 2𝜋𝑟, que corresponde ao perímetro do círculo da base (REIS, 2014). Figura 9. Planificação do cone de revolução Fonte: Reis, 2014. Para determinar a área lateral, é necessário calcular a área do setor circular, que está diretamente relacionada com o comprimento do arco. Portanto, se 55 tivéssemos considerado o círculo completo com um raio de g, sua área seria πg², enquanto o comprimento do arco seria 2πg. Visto que temos um comprimento menor, igual a 2πr, podemos encontrar sua área utilizando uma regra de três, como ilustrado na Figura 10. Figura 10. Área lateral do cone de revolução Fonte: Reis, 2014. A área total 𝑆𝑇 do cone de revolução é obtida somando a área da base e a área lateral. Portanto, podemos calcular da seguinte maneira: 𝑆𝑇 = 𝑆𝑏 + 𝑆𝐿 = 𝜋𝑟2 + 𝜋𝑟𝑔 𝑆𝑇 = 𝜋𝑟2 + 𝜋𝑟𝑔 Área da esfera A esfera pode ser concebida como um sólido de revolução. Paraalcançar isso, é suficiente desenhar uma semicircunferência e girá-la em torno de um eixo, conforme exemplificado na Figura 11. 56 Figura 11. Esfera como um sólido de revolução Fonte: shre.ink/rzjz. Os elementos fundamentais de uma esfera incluem seu raio, centro e os pontos que compõem sua superfície. Esses elementos são representados de forma esquemática na Figura 12. Figura 12. Elementos de uma esfera Fonte: Reis, 2014. Sua área de superfície é expressa como: 𝑆 = 4𝜋𝑅2 57 Exemplo 1 - A esfera representada na Figura 13 possui uma área de superfície igual a 𝑆 = 1.256. Qual é o valor do seu raio? Utilize 𝜋 = 3,14 como referência. Figura 13. Esfera Fonte: Reis, 2014. Sabemos que a área de superfície de uma esfera é expressa como: 𝑆 = 4𝜋𝑅2 Portanto, podemos afirmar que: 1256 = 4𝜋𝑅2 𝑅2 = 1256 4𝜋 𝑅2 = 100 𝑅 = 10 O raio da esfera é igual a 10. Exemplo 2 - Dado o cone ilustrado na Figura 14, determine sua área total de superfície. Utilize o valor de 𝜋 = 3,14 como referência. 58 Figura 14. Cone Fonte: Reis, 2014. A área da base é expressa como: 𝑆𝑏 = 𝜋𝑟2 𝑆𝑏 = 𝜋62 𝑆𝑏 = 113,06m2 Para calcular a área lateral, é necessário, em primeiro lugar, determinar a geratriz. Para isso, usamos o teorema de Pitágoras. Assim: 𝑔2 = 62 + 102 = 136 𝑔 ∽ 11,662 m Agora, podemos calcular a área lateral da seguinte forma: 𝑆𝐿 = 𝜋𝑟𝑔 𝑆𝐿 = 𝜋 ⋅ 6 ⋅ 11,662 𝑆𝐿 ∽ 219,71 m2 Logo, a área total será: 𝑆𝐿 = 113.04 + 219,71 𝑆𝐿 ∽ 332,75 m2. 59 7 CÁLCULO DE VOLUMES DE CILINDROS DE CONES Conforme visto no início da aula anterior, os sólidos de revolução são gerados pela rotação de uma região plana ao redor de um eixo. A rotação da região plana resulta em bases circulares. Notavelmente, qualquer corte realizado no objeto, em paralelo às bases, exibe seções circulares. Para calcular o volume de sólidos de revolução, emprega-se o teorema de Pappus-Guldin. Esse teorema estabelece que, ao rotacionar uma superfície em torno de um eixo, o volume gerado é: 𝑉 = 2𝜋𝐷𝑆 Onde: 𝐷 = a distância entre o centro de gravidade (𝐶𝐺) e o eixo de rotação. 𝑆 = a área de superfície (Figura 2). Figura 1 - Esquema para o teorema de Pappus-Guldin Fonte: shre.ink/rzGr. 7.1 Volume do cilindro O cilindro de revolução, ilustrado na Figura 2, exibe distintas propriedades. Suas bases estão situadas em planos paralelos, e sua geratriz é perpendicular aos mesmos planos. 60 Figura 2 - Cilindro de revolução Fonte: Reis, 2014. Para calcular o volume do cilindro, aplicamos o princípio de Cavalieri. Consideramos dois sólidos, 1 e 2, ambos com a mesma altura, e um plano 𝛼, conforme representado na Figura 3. Se para cada plano 𝛽 paralelo a 𝛼 , que intersecta os sólidos, as seções resultantes tiverem áreas iguais, ou seja, 𝐴1 = 𝐴2 , então os sólidos possuem volumes idênticos. Figura 3 - Esquema para a demonstração do volume de um cilindro Fonte: Elaborado pelo autor. Considerando que o sólido 1 assume a forma de um paralelepípedo retângulo, seu volume é calculado pela multiplicação da área de sua base 𝐴𝑏 pela altura ℎ. Portanto: 61 𝑉1 = 𝐴𝑏ℎ = 𝑉2. Assim, o volume do cilindro é expresso por: 𝑉𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 𝐴𝑏ℎ = 𝜋𝑟2ℎ. Outro método para determinar o volume do cilindro é empregar o teorema de Pappus-Guldin. Nesse contexto, a superfície geratriz do cilindro é um retângulo, com base equivalente ao raio da base e altura igual à altura do cilindro, ou seja, 𝑆 = 𝑟ℎ. O centro de gravidade corresponde ao ponto central do retângulo, situando-se a distância 𝑑 = 𝑟 2 do eixo de rotação. Consequentemente, o volume é calculado como: 𝑉𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 2𝜋𝑑𝑆 = 2𝜋 𝑟 2 𝑟ℎ = 𝜋𝑟2ℎ. O centro de gravidade de figuras planas é um ponto localizado no eixo de simetria da respectiva figura. Se a figura possuir múltiplos eixos de simetria, o centro de gravidade será encontrado na interseção desses eixos. Um eixo de simetria é definido como uma linha que divide a figura em duas partes iguais ou simétricas. Portanto, para um retângulo, o centro de gravidade coincide com seu ponto central, sendo que as linhas vermelhas representam seus eixos de simetria. Observe uma exemplificação na Figura 4 a seguir: Figura 4 - Centro de Gravidade de um retângulo Fonte: Teixeira, 2019. 62 7.2 Volume do cone O cone de revolução (Figura 5) apresenta algumas propriedades específicas. O eixo é perpendicular ao plano da base, e a relação entre a geratriz, altura e o raio da base, pode ser estabelecida pelo teorema de Pitágoras. Figura 5 - Cone de revolução Fonte: Reis, 2014. O cone de revolução é formado pela rotação de um triângulo em torno de um de seus catetos, que é então considerado como a altura, conforme ilustrado na Figura 6. O centro de gravidade do triângulo encontra-se a uma distância 𝑑 = 𝑟 3 , e a área do triângulo é calculada como 𝑆 = 𝑟ℎ 2 . Assim, com base no teorema de Pappus–Guldin, o volume do cone pode ser determinado como: 𝑉𝑐𝑜𝑛𝑒 = 2𝜋𝑑𝑆 = 2𝜋 𝑟 3 𝑟ℎ 2 = 𝜋𝑟2ℎ 3 . 63 Figura 6 - Geração do cone como sólido de revolução Fonte: shre.ink/rzGr. 7.3 Volume da esfera O volume da esfera pode ser determinado com o princípio de Cavalieri. Considere dois sólidos: uma esfera 𝑆 e um cilindro equilátero 𝐺, ambos posicionados sobre um plano horizontal 𝛼, conforme apresentado na Figura 7. Figura 7 - Esquema para a demonstração do volume da esfera Fonte: Pilati, 2015. Dentro do cilindro 𝐺 , é possível traçar dois cones idênticos, cujas bases coincidem com as do cilindro, e os vértices se localizam no ponto médio do eixo do cilindro. O volume desses cones é 𝑉𝑐𝑜𝑛𝑒 = 𝜋𝑟3 3 . Esses cones são posteriormente removidos do cilindro. Agora, considere um plano 𝛽 que é paralelo ao plano 𝛼 e corta os sólidos 𝑆 e 𝐺, como ilustrado na Figura 7. Esse plano está posicionado a uma distância ℎ dos centros dos sólidos e define uma circunferência de raio 𝑠 na esfera 𝑆 e uma região 64 anular no cilindro 𝐺, delimitada por duas circunferências, uma de raio 𝑟 e outra de raio ℎ. É importante recordar que os cones também são equiláteros. A área do círculo que se forma em 𝑆 é expressa como 𝜋𝑠² . Além disso, observe que temos a relação 𝑠² + ℎ² = 𝑟², o que também implica que 𝑠² = 𝑟² – ℎ². Dessa forma, chegamos a: 𝜋𝑠2 = 𝜋(𝑟2 − ℎ2). A área da coroa circular, por outro lado, é expressa como 𝜋𝑟² – 𝜋ℎ², e é equivalente à área do círculo de raio 𝑠. Portanto, com base no princípio de Cavalieri, é possível concluir que os sólidos 𝑆 e 𝐺 possuem o mesmo volume. O volume do sólido 𝐺 é equivalente ao volume do cilindro menos a soma dos volumes dos dois cones removidos. Em outras palavras: 𝑉𝐺 = 𝜋𝑟22𝑟 − 2 1 3 𝜋𝑟3 = 4 3 𝜋𝑟3. Portanto, o volume da esfera é: 𝑉𝑆 = 𝑉𝐺 = 4 3 𝜋𝑟3. 7.4 Problemas de aplicação Há várias questões envolvendo o cálculo do volume de sólidos de revolução. Abordaremos agora dois exemplos. Problema 1: Considere um cilindro com um diâmetro de 10 cm e uma altura de 10 cm. Do interior desse cilindro, um paralelepípedo foi removido, tendo a diagonal coincidente com o diâmetro do cilindro, conforme apresentado na Figura 8. Qual é o volume do sólido resultante? Utilize 𝜋 = 3,14. Figura 8 - Sólido do problema 1 65 Fonte: Reis, 2014. Inicialmente, calcula-se o volume completo do cilindro, através da seguinte fórmula: 𝑉𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 𝜋𝑟2ℎ, onde "𝑟" representa o raio da base e "ℎ" é a altura. Portanto, ao substituirmos os valores, obtemos: 𝑉𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 𝜋 ( 10 2 ) 2 10 = 250𝜋 = 785cm3. Agora, vamos determinar o volume do paralelepípedo, dado por: 𝑉𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑒𝑝𝑖𝑝𝑒𝑑𝑜 = 𝐴𝑏𝑏, onde"𝐴𝑏" é a área da base, e "ℎ" é a altura. Para calcularmos a área da base, precisamos determinar os lados da mesma. Portanto: 𝑙2 + 𝑙2 = 102, 2𝑙2 = 100, 𝑙2 = 50, 𝑙 = √50. Agora, podemos calcular o volume como: 𝑉𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑒𝑝𝑖𝑝𝑒𝑑𝑜 = (√50) 2 10 = 500 cm3. 66 O volume do sólido corresponde ao volume do cilindro menos o volume do paralelepípedo. Consequentemente: 𝑉𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜 = 𝑉𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 − 𝑉𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑒𝑝𝑖𝑝𝑒𝑑𝑜 = 785 − 500 = 285 cm3. Problema 2: Imagine um tubo com um diâmetro interno de 0,40 m e um comprimento de 20 m (Figura 10). Qual é a capacidade interna desse tubo em litros? Figura 9 - Tubulação do problema 2 Fonte: encurtador.com.br/aqwST. A tubulação assume a forma de um cilindro. Seu volume é dado por: 𝑉𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 𝜋𝑟2ℎ. Ao realizar a substituição dos valores, obtém-se que: 𝑉 = 𝜋 ( 0,40 2 ) 2 20 = 𝜋 ⋅ 0,04 ⋅ 20 = 2,512 m3. Temos o conhecimento de que: 1 L = 1 dm3. Dessa forma, obtemos: 𝑉 = 2,512 m3 = 2,512 ⋅ 103dm3 = 2,512 L. Consequentemente, a capacidade da tubulação é de 2,512 litros. 67 8 INTEGRAL DEFINIDA E A ÁREA O problema do cálculo da área sob curva pode ser interpretado da seguinte forma: dada uma função contínua 𝑓 não-negativa no trecho [𝑎, 𝑏], encontrar a área entre o gráfico de 𝑓 no trecho [𝑎, 𝑏] e o eixo 𝑥. As fórmulas para a área das figuras geométricas básicas são conhecidas desde os primeiros registros do estudo da geometria. O primeiro avanço concreto na solução do problema acima foi proposto por Arquimedes (287 a.C.–212 a.C). Essa técnica apesar de engenhosa era incômoda e longa, ficou conhecida como o método da exaustão. No século XVII, matemáticos descobriram formas mais práticas e rápidas de determinar essas áreas utilizando limites. Os maiores avanços neste campo podem ser atribuídos a Newton e a Leibniz, que descobriram que as áreas podiam ser determinadas revertendo o processo de diferenciação. Antes de falar sobre métodos para cálculos de áreas sobre as curvas, é necessário ter uma definição precisa do termo área. Partindo do princípio de que os cálculos de área das figuras de contornos retos (polígonos) e da circunferência são conhecidos, como são feitos os contornos curvilíneos conforme proposto na Figura 1, a seguir: Figura 1. Problema da área Fonte: Anton, Bivens e Davins, 2014. O foco, portanto, é definir formalmente o que entender como área de uma região 𝑅 limitada: pelo eixo 𝑥, lateralmente, pelas retas verticais 𝑥 = 𝑎 e 𝑥 = 𝑏 e, acima, pela curva 𝑦 = 𝑓 (𝑥), onde 𝑓 é contínua não negativa no trecho [ 𝑎, 𝑏 ] lembrando que a área de um retângulo é o produto de sua largura por seu 68 comprimento. Veja, a seguir, uma sequência de passos para obter uma expressão para área da região 𝑅. 1º Passo: dividir o trecho [a, b] em n subintervalos iguais, conforme a Figura 2 Figura 2. Subdivisões — 1º Passo Fonte: Anton, Bivens e Davins, 2014. Definir a área 𝑅 como sendo o limite das áreas das regiões aproximantes de 𝑅𝑛, isto é: 𝐴 = á𝑟𝑒𝑎(𝑅) = lim 𝑛→∞ [á𝑟𝑒𝑎(𝑅)]. Utilizando notação matemática, suponha que o trecho [𝑎, 𝑏] tenha sido divido em n subintervalos, introduzindo-se 𝑛– 1 pontos igualmente espaçados entre 𝑎 e 𝑏, assim, 𝑥1 , 𝑥2 , . . . 𝑥𝑛−1. Cada um desses subintervalos terá o comprimento de 𝑏−𝑎 𝑛 que, seguindo a proposta histórica, denota-se por: ∆𝑥 = 𝑏 − 𝑎 𝑛 2º Passo: em cada subintervalo, construir um retângulo cuja altura é o valor de 𝑓 em algum ponto do subintervalo. Em cada subintervalo é preciso escolher um ponto pelo qual a função 𝑓 deve ser calculada para determinar a altura do retângulo no intervalo. Se esse ponto for: 𝑥1 ∗, 𝑥1 ∗, … , 𝑥𝑛−1 ∗ O cálculo das alturas será conforme a Figura 3, a seguir. 69 Figura 3. Cálculo das alturas — 2º Passo. Fonte: Anton, Bivens e Davins, 2014. Assim, as áreas dos retângulos (base x altura) serão dadas por: 𝑓(𝑥1 ∗)∆𝑥, 𝑓(𝑥2 ∗)∆𝑥, … , 𝑓(𝑥𝑛−1 ∗ )∆𝑥, e pode-se escrever a área da região 𝑅 como: 𝑓(𝑥1 ∗)∆𝑥 + 𝑓(𝑥2 ∗)∆𝑥 + ⋯ + 𝑓(𝑥𝑛−1 ∗ )∆𝑥, ou, ainda, usando o somatório: á𝑟𝑒𝑎(𝑅𝑛) = ∑ 𝑓(𝑥𝑘 ∗ 𝑛 𝑘=1 )∆𝑥. Nessa notação, porém, tem-se um pequeno número de retângulos. Observe que quanto menor o número de retângulos utilizado, menos realista será a aproximação, pois ela não representará com precisão a curva. Quanto maior o número de retângulos utilizado, mais sobrepostos a área sob a curva estarão nesses retângulos. Para isso, é necessário que a largura dos retângulos seja reduzida, idealmente como ∆𝑥 → 0 , e consequentemente, 𝑛 → ∞, que levará à melhor aproximação possível. 70 Figura 4. Generalização Fonte: Anton, Bivens e Davins, 2014. Assim, a melhor aproximação da área pode ser dada por: 𝐴 = lim 𝑛→∞ ∑ 𝑓(𝑥𝑘 ∗𝑛 𝑘=1 )∆𝑥. O que leva à seguinte definição (área sob uma curva): se a função 𝑓 for contínua em [𝑎, 𝑏] e 𝑓 (𝑥) ≥ 0 para o 𝑥 em [𝑎, 𝑏], então a área sob a curva 𝑦 = 𝑓 (𝑥) no trecho [𝑎, 𝑏] é definida por: 𝐴 = lim 𝑛→∞ ∑ 𝑓(𝑥𝑘 ∗𝑛 𝑘=1 )∆𝑥 O limite da definição demonstrada frequentemente é difícil ou impossível de ser encontrado, de modo que quando uma área exata é desejada deve ser usado o método da antiderivadas. Porém, se for suficiente uma aproximação, então, em vez do limite, pode-se usar a área aproximada dada por: 𝐴 ≈ ∑ 𝑓(𝑛 𝑘=1 𝑥𝑘 ∗)∆𝑥 Exemplo 1 – Usando ∆𝑥 = 1 2 = 0,5, é possível realizar a aproximação da área da curva a seguir tanto por superestimação quanto por subestimação. A curva é dada por 𝑓 (𝑥) = 𝑙𝑜𝑔(𝑥) no trecho [1, 5]. Para que seja possível determinar a aproximação, é necessário que se saiba quais os pontos no eixo 𝑥 correspondem aos valores de 𝛥𝑥, além de quais os valores 𝑓 (𝑥) para esses pontos. 71 Lembre-se de que segundo a soma de Riemann por 𝐴 ≈ ∑ 𝑓(𝑛 𝑘=1 𝑥𝑘 ∗)∆𝑥, por subestimação tem-se: Por superestimação: Portanto, observe que existe uma diferença de 1,7345 entre as aproximações. 72 8.1.1 Integral definida de uma função contínua Na definição anterior, admite-se que a função 𝑓 contínua e não negativa no trecho [𝑎, 𝑏], é possível também aceitar valores negativos e positivos entre [𝑎, 𝑏], então o limite: lim 𝑛→∞ ∑ 𝑓(𝑥𝑘 ∗𝑛 𝑘=1 )∆𝑥 passa a representar a diferença entre as áreas acima de [𝑎, 𝑏] e sob a curva 𝑦 = 𝑓 (𝑥); a área sob [𝑎, 𝑏] e acima da curva 𝑦 = 𝑓 (𝑥) chama- se de área líquida, com sinal entre os gráficos de 𝑦 = 𝑓 (𝑥) e o intervalo [𝑎, 𝑏] como mostra a Figura 5. 𝐴𝑛 − (−𝐴𝑚) = [á𝑟𝑒𝑎 𝑎𝑐𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑒 [𝑎, 𝑏] – [á𝑟𝑒𝑎 𝑠𝑜𝑏 [𝑎, 𝑏]] Figura 5. Área líquida Fonte: Anton, Bivens e Davins, 2014. Assim, se subdividir o trecho [ 𝑎, 𝑏 ], como na Figura 6 a seguir, em 𝑛 subintervalos iguais e examinar os termos da soma: ∑ 𝑓(𝑥𝑘 ∗𝑛 𝑘=1 )∆𝑥, e se 𝑓(𝑥𝑘 ∗) for positivo, então, o produto 𝑓(𝑥𝑘 ∗) representa a área do retângulo com altura 𝑓(𝑥𝑘 ∗) e base ∆𝑥. Porém, se 𝑓(𝑥𝑘 ∗) for negativo, então, o produto será negativo da área do retângulo com altura | 𝑓(𝑥𝑘 ∗) | e base ∆𝑥 . Dessa maneira, o somatório acima representa a área total com sinal entre 𝑦 = 𝑓 (𝑥) e [𝑎, 𝑏]. O limite dessa soma quando 𝑛 → ∞ é tão importante que há uma terminologia e notação associada a ele, chamada integral definida de 𝑓 de 𝑎 até 𝑏. ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = lim 𝑛→+∞ ∑ 𝑓(𝑥𝑘 ∗)∆𝑥 𝑛 𝑘=1 𝑏 𝑎 73 Figura 6. Subdivisões da área líquida Fonte: Anton, Bivens e Davins, 2014. 8.2 A Integral definida e a soma de Riemann Geometricamente, a integral definida representa a área com sinal entre 𝑦 = 𝑓(𝑥) e [𝑎, 𝑏], e no caso de 𝑓 (𝑥) não negativa em [𝑎, 𝑏], a área entre a curva e o intervalo [𝑎, 𝑏 ]. Os números 𝑎 e 𝑏 são chamados limites de integração inferior e superior, nessa
Compartilhar