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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Introdução Tumor com origem na medula provocando acúmulo de células brancas. São tumores extremamente agressivos e possuem letalidade elevada. ● Se é aguda ou crônica depende do local de parada da diferenciação→ origem do clone hematopoético Os 4 tipos principais de leucemias são: ● Leucemia mielóide aguda→ + comum em adulto ● Leucemia mielóide crônica ● Leucemia linfocítica aguda→ comum em crianças ● Leucemia linfocítica crônica 🤔 Se a leucemia aguda ocorrer em pacientes sem nenhuma doença hematológica e sem uso prévio de quimioterápicos leucemogênicos é classificada como uma LEUCEMIA PRIMÁRIA. Leucemia SECUNDÁRIA é vista em pacientes com doenças hematológicas pré-leucêmicas, como as síndromes mielodisplásicas, síndromes mieloproliferativas, ou uso prévio de certos quimioterápicos. → Prognóstico reservado → clone neoplásico tende a ser mais resistente ao tratamento. Diagnóstico → aspiração de medula → sempre crista ilíaca posterior! ● Esterno é muito fino! Mielograma→ citologia ● Morfologia→ operador dependente ● Citoquímica ○ Mieloperoxidase (MOP) → enzima encontrada em grânulos de células granulocíticas e monocíticas ○ Sudan Black B (SBB)→ cora os fosfolipídeos de monócitos e granulócitos ○ Esterase → ñ específica → enzima presente em monócitos e precursores ○ Ácido Periódico de Schiff (PAS) → presente em LLA de células B ○ Fosfatase ácida→ LLA de células T ● Imunofenotipagem ○ Padrão-ouro ○ Bastos da LMA maiores e geralmente com grânulos no citoplasma ○ Bastonetes de Auer → patognomônicos de LMA→M1, M2, M3 e M4 ○ MPO + SBB + PAS + fosfatase áciida ○ 15-20% de imprecisão ○ Pesquisa de marcadores de membrana e citoplasma através de anticorpos específicos ligados a substâncias fluorescentes ○ A atividade fluorescente detectada através da citometria de fluxo indica ○ Marcadores ■ CD34→ marcador de célula tronco ■ Tdt citoplasmático → marcador de linfoblasro ■ Linhagem mieloide → CD13, CD14, CD33 ■ Linhagem linfóide T → CD2, CD3, CD4, CD7, CD8, CD10 ■ Linhagem linfóide B→CD10, CD19, CD20, CD22 ● Cariótipo Citogenética ● Um dos principais marcadores prognósticos ● Escolha da terapia pós-remissão ● Cariótipo→CTG convencional ● Biologia Molecular (RT-PCR) ● FISH (FLuorescence in Situ Hibridization) → mais sensível e específica ○ Uma sonda fluorescente complementar de DNA que se combina com a sequência do DNA que contém alteração procurada Modalidades de tto ● Tto mais especializado ● Radioterapia→ pouco papel na leucemia ● Quimioterapia→ agem nas fases do ciclo celular ● Terapias-alvo → ATRA, imatinibe (9-22), rituximabe (CD20), brentuximab (CD30) ● Transplante de células tronco hematopoiéticas → TCTH/TMO 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Autólogo → de mim p/ mim → pcte em remissão, faço uma quimio forte e depois repovôo a sua medula ○ Alogênico → de outra pessoa da mesma espécie p/ vc → quero que linfócitos T da medula que eu recebo destrua o resto de clone que sobrou de leucemia, e não só o repovoamento da medula. ■ Objetivo→ curar! ■ ELiminar o clone com QT/RxT ■ Enxerto-versus-neoplasia → célula T x neoplasia ■ Tempo de pega → SP x medula → tempo de pega SP demora mais ■ Elevada morbimortalidade → infecções, GVHD ○ Singênico ○ TOdos têm o objetivo de reestabelecer a hematopoiese normal ● CAR-T cells Fisiopatologia 3 etapas ● Proliferação → pancitopenia, febre e dor óssea → aumento do risco de infecção!! ● Leucemização→ leucocitose, leucostase ● Infiltração → hepatoesplenomegalia, pele, gengiva, SNC, órbita, linfonodo, testículo Ocorre acúmulo de mutações genéticas (deleção, translocação, ganho cromossomial) na medula óssea → expressão de proto-oncogenes → a célula progenitora se torna incapaz de prosseguir na sua diferenciação e as células começam a se proliferar descontroladamente. ● Leucemia aguda→ acúmulo de células jovens (blastos). ● Leucemia crônica→ acúmulo de células maduras. Epidemiologia ● Caos novos ○ Mas 5920/ano ○ Fem→ 48990/ano ● LMA→ mais comum em adultos ● 1% de todos os canceres ● LLA→ cancer mais com fs infância Leucemias Agudas Blastos incapazes de se diferenciar em células maduras → Mutação com bloqueio precoce na maturação → estímulo à proliferação→ blastos em excesso. ● Impedimento do crescimento e proliferação das células normais→ supressão da hematopoiese normal! ○ ↓ hemácias, ↓plaquetas, ↓ leucócitos maduros → pancitopenia → MARCO CLÍNICO DA DOENÇA! ● Proliferação de blastos pode resultar em febre → liberação de fatores pirogênicos. ● Os blastos anormais secretam fatores inibitórios e indutores de fibrose → disfunção medular mais grave do que o esperado somente pela ocupação do espaço. ● Há um momento em que a medula fica muito cheia e acaba liberando os blastos para o sangue. → Leucemização. ○ Leucocitose por blastos → ñ amadurecem → ñ exercem função na corrente sanguínea → podem infiltrar órgãos, como linfonodos, baço, fígado, gengiva, órbita, SNC, meninges, testículos, pele, etc ■ Fisiologicamente não há blastos na corrente sanguínea!! ■ Paciente vai à óbito pela infiltração tecidual maciça (falência) e/ou pancitopenia grave ● Devido ao grande número de blastos no sangue, ele pode começar a ficar mais espesso → leucostase (cefaleia, dispneia...) ● Os leucócitos podem infiltrar tecidos, como o fígado, pele, SNC, gengiva, órbita ocular, linfonodos, testículo. Resumo da clínica: ● Febre, pancitopenia, leucemização, leucostase e infiltração de tecidos. ● Paciente pode apresentar infecções de repetição. O diagnóstico é feito quando tem ≥ 20% de blastos na medula óssea. ● Exames para analisar o conteúdo da medula→ biópsia e mielograma (aspirado). ● Na biópsia é retirado um fragmento ósseo e observa-se a % de celuradidade. ● No mielograma é observado os tipos celulares (morfologia). O que causa uma leucemia aguda? ● Oncogenes se localizam em regiões inativas do genoma → proto oncogenes → podem se tornar ativos através de mutações! ● Supressores de tumor → antioncogenes → síntese de fatores que inibem a expressão de oncogenes→ podem ser inativados 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Mutações identificadas nas leucemias agudas se associam a desarranjos estruturais nos cromossomos → anomalias citogenéticas ○ Deleções, inversões, translocações, ganhos cromossomiais (trissomias, hiperploidia) e perdas cromossomiais completas. → Resultam em ativação de oncogenes ou supressão de antioncogenes... ● Anomalias citogenéticas podem ser visualizadas no exame do cariótipo (citogenética convencional) ou através da técnica FISH (Fluorescence In Situ Hybridization). ○ FISH →aplicação de uma sonda fluorescente de DNA complementar que se combina à sequência do DNA genômico que contém a alteração buscada → nem sempre as anomalias citogenéticas poderão ser vistas no cariótipo ou no FISH, ainda que elas de fato existam e ocorra expressão de seu produto... → Para tais casos usa técnicas de amplificação do RNAm – como a RT-PCR ● Alterações citogenéticas nas leucemias agudas representam os principais parâmetros prognósticos para guiar a escolha da melhor terapia!!! Leucemia Mieloide Aguda Qualquer uma das células da linhagem mielóide pode sofrer uma transformação neoplásica, o que inviabiliza o processo normal de maturação e resulta em proliferação e acúmulo de um “clone” (população de células idênticas). As células doentes são capazes de se dividirem e proliferarem, mas não de se diferenciarem em células hematopoéticas maduras. Esse clone pode ter origem de: ● Célula-tronco ● CFU-mielóide ● CFU-GM ● CFU-E/mega ● Mieloblasto/promielócito ● Monoblasto ● Eritroblasto ● Megacarioblasto ● Outras céls. intermediárias. 🤔 A morfologia do blasto caracteriza o subtipo de LMA!! Classificações Mais utilizadas são a franco-americana-britânica (FAB) e a classificação da OMS. ● FAB → identifica onde ocorreu o erro genético na hematopoiese. 3 Sandy Vanessa Med08 - UFPE-CAA ○ O mais importante é a M3, a chamada de leucemia promielocítica aguda. ● OMS → analisa os fatores genéticos, clínicos e morfológicos da LMA. Epidemiologia ● É a forma mais comum de leucemia que ocorre na população adulta, além de ser o subtipo de leucemia que causa mais mortes. ● Incidência começa a se elevar acima dos 15 anos e aumenta c a idade. ○ 80% das leucemias nos adultos ● 3-5 casos para 100 mil habitantes → sobe para 12,2 entre idosos ○ Idade média de 65 anos ● Neoplasia rara, correspondendo a 1% dos cânceres em adultos nos EUA. ● Mundialmente, as leucemias ocupam a 10ª posição em relação à incidência entre todos os tumores. ● Tem maior incidência na população oriental. ● Em relação ao Brasil, ocupa a 10ª posição em incidência do sexo masculino e 9ª no feminino ○ 8º lugar entre as neoplasis mais prevalentes ● Os homens são mais propensos → 5 homens para 3 mulheres ● LPA→ adultos jovens entre 20 e 59 anos ○ Ambos os gêneros têm incidência parecida! ○ Mais comum em latinos Fatores relacionados à LMA na fotínea Fatores de risco: ● Exposição a benzeno e derivados do petróleo, pesticidas e herbicidas ● Agentes alquilantes → a leucemia se apresenta 4-6 anos após a exposição à droga e é quase sempre precedida por uma síndrome mielodisplásica; ● Inibidores da topoisomerase II → leucemia se apresenta precocemente (1-2 anos após a exposição à droga) e não se associa à síndrome mielodisplásica. ○ Esses fármacos também são chamados de epipodofilotoxinas; ● Distúrbios hereditários → aqueles que levam à instabilidade cromossomial (anemia de Fanconi, síndrome de Bloom, ataxia-telangiectasia, síndrome de Kostman ou neutropenia congênita); ● Anomalias citogenéticas congênitas → A síndrome de Down aumenta em 10-18 vezes a chance de leucemia aguda (com uma incidência absoluta de 1%), concentrando seu pico etário na primeira infância. Até três anos de idade, predomina a LMA (subtipo M7); daí em diante, a LLA. ● Drogas quimioterápicas → agentes alquilantes e inibidores da topoisomerase II Obs.: não existem evidências que a LMA possa ser causada por infecções virais! 📨 A LMA pode ser a evolução final de outras doenças hematológicas malignas, como a síndrome mielodisplásica (SMD) e neoplasias mieloproliferativas crônicas, ou benignas, como anemia aplástica e hemoglobinúria paroxística noturna 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Tipagem e imunofenotipagem ● Blastos maiores que na LLA e com grânulos azurófilos → definem linhagem granulocítica (M2,M3,M4) ● Presença de filamentos eosinofílicos no citoplasma → Bastonetes de Auer → PATOGNOMÔNICO DE LMA ○ Mas tá presente só em M1, M2, M3 e M4!!!! ● Citoquímica ajuda na diferenciação → coloração positiva para mieloperoxidase ou Sudan Black B indica LMA mieloblástica (M1, M2, M3, M4), e para esterases não específicas indica LMA monoblástica (M4, M5). 🥇 Imunofenotipagem→ definir com precisão o subtipo de célula leucêmica → pesquisa de marcadores na membrana ou citoplasma do blasto, através da administração de anticorpos específicos ligados a substâncias fluorescentes. ● A positividade para um determinado marcador é vista pela presença de atividade fluorescente na membrana ou citoplasma da célula neoplásica, diretamente ao microscópio, ou então – de preferência – por um processo automatizado chamado citometria de fluxo ● Marcadores nomeados por CD ○ CD34→ célula tronco→ pior prognóstico ○ TdT→ linfoblastos Manifestações Clínicas ● Evolução dos sintomas pode ser aguda (dias) ou subaguda (semanas) ○ Maioria dos pctes apresenta sintomas inespecíficos nos últimos 3 meses!! ● Clínica pode ser dividida em síndrome da falência medular e a tumoral ● Sintomas que precedem são inespecíficos → fraqueza, astenia e perda ponderal. ☘ Tríade sintomática →sintomas relativos à insuficiência hematopoiética medular→ astenia, febre e hemorragia. ● Mesma tríade da anemia aplásica → principal diagnóstico diferencial! ● A astenia é o sintoma inicial em metade dos casos → ocorre em decorrência da anemia de instalação rápida e de característica moderada a grave. 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Outros sintomas da síndrome anêmica também podem estar presentes → dispneia, cefaleia e tontura postural. ● Sangramento → reflete a plaquetopenia grave e, eventualmente, um distúrbio de coagulação. ○ Se o distúrbio for secundário apenas à plaquetopenia, as hemorragias são cutâneas (petéquias e equimoses) e mucosa (gengivorragia, epistaxe, metrorragia, hemorragia digestiva). ○ Portadores de LM3 que cursam com CIVD podem manifestar sangramentos orgânicos graves, como hemorragia intracraniana e pulmonar. ○ Em alguns casos, a diátese hemorrágica é desproporcional ao grau de plaquetopenia, em razão da coexistência de disfunção das plaquetas circulantes. ● Anemia por diminuição da produção de hemácias → palidez, astenia, escotomas, vertigem, dispneia aos esforços, palpitações. ● Febre → pode ser decorrente da neutropenia/ disfunção neutrofílica, que favorece infecções bacterianas e sistêmicas, ou por febre neoplásica, consequente à rápida proliferação clonal. ○ Todo portador de leucemia aguda que se apresenta com febre deve ser avaliado e tratado inicialmente como se houvesse alguma infecção!!!!!!! Outros sinais e sintomas são decorrentes da INFILTRAÇÃO leucêmica de órgãos e tecidos.→ Sìndrome Tumoral ● Hepatoesplenomegalia → na LMA não é tão proeminente como na LMC ● Linfadenopatia e dor óssea são mais comuns na LLA ○ Dor óssea decorrente da expansão medular pela proliferação dos blastos ou da invasão do periósteo. ● Hiperplasia gengival → característico da M4 e M5 (monocíticos) ● Infiltração das meninges ● Nas situações de leucostase há elevação abrupta da leucometria (> 100 x 10 9 /L) e são detectados infiltrados pulmonares, dispneia, sangramento pulmonar e de SNC, e cursam com alta mortalidade. ● O sarcoma mieloide (ou sarcoma granulocítico ou tumor mieloide extramedular) pode ocorrer em qualquer sítio fora da medula óssea, sendo mais frequente na pele, linfonodos, trato disgestivo, partes moles e testículos. ● Infiltração cutânea → leucemia cútis → placas eritematosas ou violáceas. ○ Pode se apresentar como tumor de órbita → cloroma→ + comum em M2 ○ Tbm tem em outros locais, como ossos, pulmões, SNC, ovários, útero… 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Na M3 os blastos consomem os fatores de coagulação → morte exsanguinante (CIVD) ● Os promielócitos neoplásicos secretam fatores pró-coagulantes, tais como o próprio fator tecidual (desencadeador da via extrínseca da coagulação), ● Quadro clínico marcado principalmente pelo sangramento, desproporcional ao grau de plaquetopenia ● A própria quimioterapia induzia a CIVD, ao liberar fatores pró-coagulantes quando da destruição dos blastos neoplásicos. → Com o advento da terapia com ácido transretinoico (ATRA, também chamado de tretinoína), hoje estes pacientes apresentam um prognóstico muito mais favorável, tornando-se o subtipo de LMA de melhor prognóstico!!! ○ O ATRA induz a maturação dos promielócitos. → Reativação de receptor nuclear, permitindo a maturação dos promielócitos que, então, desaparecem paulatinamente do sangue e da medula. ● Pctes apresentam alterações dos exames rotineiros de avaliação da hemostasia como alargamento do tempo de protrombina (TP), do tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa), do tempo de trombina (TT), hipofibrinogenemia, aumento de produtos de degradação de fibrina (PDF) e dos D-dímeros de fibrina ● Alterações dos exames rotineiros de avaliação da hemostasia como alargamento do tempo de protrombina (TP), do tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa), do tempo de trombina (TT), hipofibrinogenemia, aumento de produtos de degradação de fibrina (PDF) e dos D-dímeros de fibrina ● Os promielócitos característicos da LPA são capazes de ativar a cascata da coagulação por expressarem fator tecidual (FT) e, concomitantemente,apresentam redução da expressão de trombomodulina em suas membranas, potencializando o desencadeamento da sequência de zimogênios que culmina na formaçãoda fibrina ● As células leucêmicas secretam interleucina 1b e fator de necrose tumoral alfa (TNF-a), o que sabidamente induz a maior expressão de fator tecidual no endotélio ● Estado hiperfibrinolítico ○ Redução dos níveis do inibidor da plasmina, do inibidor de ativação do plasminogênio (PAI-1) e déficit de fibrinog^rnio. ○ Inibidor da fibrinólise ativável pela trombina (TAFI), apesar de quantitativamente normal, encontra-se com atividade notadamente diminuída ○ 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Quando os leucócitos atingem valores ALTOS (>50.000 ou >100.000) pode ser instalada a síndrome da leucostase e o paciente apresenta sintomas: ● Neurológico →: cefaleia, borramento visual, parestesias, torpor, coma, crise convulsiva ● Pulmonares → dispneia, taquipneia, insuficiência respiratória com hipoxemia grave. ● Geniturinários→ priapismo, insuficiência renal aguda. 💉Essa síndrome é tratada com leucaférese (retirada de leucócitos do sangue) + quimioterapia. Patogênese ● A doença é resultante da colaboração e da consequência de pelo menos duas classes de mutação: uma que confere vantagem proliferativa e a outra que interfere na diferenciação hematopoética Leucemia promielocítica ● A translocação cromossômica característica da LPA, a t(15;17)(q22;q11,2-12), está presente em mais de 90% dos casos e em aproximadamente 98% dos pacientes ○ Braços longos→ q ● A proteína codificada pelo gene RARa é um receptor nuclear que se liga a elementos responsivos ao ácido retinoide (RARE), situados nos promotores de diversos genes. Atua por meio de um heterodímero formado com os receptores X dos retinoides (RXR) e age como um fator transcricional dependente do seu ligante, que é o ácido retinoide (AR). A modulação da transcrição é realizada na ausência do ligante pela interação com proteínas correpressoras da transcrição gênica como a N-Cor, a SMRT, e a Sin3A, bem como com proteínas envolvidas na regulação epigenética da transcrição: as histonas desacetilases e as DNA metiltransferases. ● Os receptores dos retinoides podem, ainda, reprimir a transcrição por meio da relação com fatores ativadores como o CBP. ● O RARa modula a expressão de diversos genes reguladores da hematopoese, e experimentos nos quais a região de ligação ao AR foi mutada demonstraram que essa via é essencial a granulocitopoese. Diagnóstico ● Urgência médica → alta mortalidade em função da anemia, trombocitopenia (sangramentos, consumo de plaquetas) e neutropenia (risco de sepse, choque se´ptico e falência múltipla de órgãos) ● Solicitar mielograma (morfologia) + citoquímica (biópsia) + imunofenotipagem + citogenética + moleculares. ● 🔍 Achados do hemograma podem sugerir a leucemia aguda. Avaliação clínica ● História prévia do pcte ○ Exposição ocupacionaal, uso de drogas, imunossupressores. ○ Presença de doenças pré-existentes que possam interferir ou modificar o tratamento (HAS, DM, insuficiência renal, insuficiência cardíaca congestiva, doenças pulmonares crônicas; essas comorbidades estão associadas a maior risco de toxicidade decorrente da quimioterpia) ○ História familiar. ● Exame físico minucioso ○ Intercorrências relacionadas à LMA → infecções, abscessos, cor anêmico, sangramento em fundo de olho, infiltração de pele, partes moles, exame neurológico ● Aferir nível de desempenho → Escala ECOG e/ou Karnofsky ○ Mortalidade da LMA no 30º dia de tratamento é dependente e relacionada à idade do paciente e ao nível de desempenho pela escala ECOG. Avaliação laboratorial ● Hemograma com análise diferencial de leucócitos ● Função renal→ ureia e creatinina ● Função hepática e hemostática→ albumina, AST, ALT, FA, GGT, bilirrubinas, TP, TTPa e fibrinogênio ● Sorologias → HIV, HTLV1, HCV, HBV, Chagas e sífilis ● Parasitológicos 8 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Demais aspectos → DHL, glicose, ácido úrico, cálcio e fósforo. ● A função cardíaca deve ser avaliada com raios X de tórax, ECG e ecocardiograma, considerando-se que o paciente será elegível para terapia de indução. Anemia + plaquetopenia + leucometria variável.→ Bicitopenia! ● Anemia moderada a grave (Hb entre 5-9), normocítica, normocrômica e sem reticulocitose. ● Grau de plaquetopenia varia. Cerca de 75% abaixo de 100.000/m³ e 25% dos pacientes apresentam plaquetas abaixo de 20.000/mm³. ● A leucocitose é comum, mas alguns apresentam leucopenia. →Caracterizada por blastos na periferia ○ 50% apresentam leucócitos entre 5.000-50.000/mm³ ○ 25% apresentam > 50.000/mm³ ○ 25% apresentam < 5.000/mm³ ○ Média oscila em torno de 15.000/mm³ ○ Leucocitose representada por blastos na periferia, geralmente associada à neutropenia. ● A mediana da leucometria ao diagnóstico da LMA é de 15 x 10 9 /L; 20% dos pacientes apresentam leucometria > 100 x 10 9 /L e 25 a 40% dos pacientes apresenta leucometria < 5 x 10 9 /L. ● A grande maioria dos pacientes apresenta células blásticas no sangue periférico. 🧪 Para o diagnóstico de LMA é necessária a presença de mais de 20% de blastos na medula, exceto para os casos com alterações cromossômicas recorrentes, nos quais esse número de blastos é desnecessário, posto que as anormalidades citogenéticas são consideradas determinantes da leucemia. ● Mieloblastos, monoblastos, megacarioblastos são incluídos na contagem das células blásticas. Nas leucemias com componente monocítico os monoblastos e promonócitos são considerados equivalentes de células blásticas. 💉 A biópsia de medula óssea deve ser realizada naqueles pacientes que apresentem punção seca da medula (punctio sicca), pacientes idosos que podem apresentar leucemias com componente hipoplásico ou na suspeita de leucemias secundárias. A presença de sarcoma mieloide também é diagnóstico de LMA, independente da porcentagem de blastos na medula ou no sangue periférico. 🧬 O cariótipo com banda-G das células leucêmicas é um componente obrigatório, ao diagnóstico, na LMA.→Na LMA as alterações cromossomiais mais importantes são as translocações e as inversões. ● M2 - t(8,21) ● M3 - t(15,17) ● M4 - inv (16) 🔬 O que caracteriza a leucemia promielocítica é o oncogene PML-RARα → fusão entre o gene PML do cromossomo 15 com o gene RARα do cromossomo 17. → Detectada pela RT-PCR, mesmo que a translocação (15;17) não seja visível nos exames de citogenética e FISH. M3 ● Pancitopenia com discreta leucocitose ● A presença de blastos no sangue semelhantes a promielócitos e de esquisócitos corroboram com a hipótese. ● A avaliação da coagulação revela aumento do tempo de protrombina, do tempo de tromboplastina, dos dímeros D de fibrina e redução da concentração plasmática de fibrinogênio. ● A avaliação da medula óssea evidencia infiltração (comumente superior a 20% das células nucleadas) por promielócitos neoplásicos que se coram avidamente à reação da mieloperoxidase e ao Sudam Black. ○ Segundo a classificação morfológica (FAB), dois subtipos podem ocorrer → o hipergranular ou clássico e o hipogranular ou variante, que representa cerca de 15% dos casos. ○ A primeira caracteriza-se por inúmeros grânulos azurófilos, núcleo irregular e bastonetes de Auer que podem organizar-se em feixes caracterizando a célula de Faggot. ○ A forma variante está frequentemente associada à leucocitose e apresenta blastos bilobulados e granulação citoplasmática discreta nas colorações derivadas de Romanowski. ○ O citoplasma aparentemente hipogranular reflete grânulos azurófilos de tamanho submicroscópico, mas que coram-se fortemente pela mieloperoxidase. ○ Frequentemente são observados blastos com ambas as formas e a numericamente predominante determina a classificação. Além dessas, é relatada uma forma hiperbasofílica, com alta relação núcleo-citoplasmática, 9 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA citoplasma fortemente basofílicoe granulação esparsa ● Os marcadores de células progenitoras, como o CD34 e o HLA-DR, estão usualmente ausentes, e os marcadores mieloides precoces, como o CD117, são fracamente positivos. Dentre os demais marcadores mieloides, o CD 13 é fortemente positivo com padrão heterogêneo, o CD33 tem expressão intermediária e os indicadores de maturidade, como CD11b, CD15 e CD65, têm baixa expressão ou são negativos. 🩸 A hiperuricemia está presente em 50% dos pacientes, pelo aumento na produção de ácido úrico decorrente da hiperproliferação celular. ● A síndrome de lise tumoral é uma temida complicação da quimioterapia e deve ser devidamente prevenida. ● O aumento dos níveis séricos de lisozima (presente nos grânulos dos monócitos e monoblastos) é característico dos subtipos M4 e M5 e pode ter consequências clínicas, como a lesão tubular renal, levando à insuficiência renal aguda. A pseudo hipercalemia e a pseudo-hipoglicemia podem ocorrer especialmente quando o sangue colhido demora a ser processado no laboratório (os blastos no tubo de ensaio liberam potássio e consomem glicose). Tratamento Plaquetopenia ● Risco de sangramento fatal se < 10.000 plaquetas por mm³ no hemograma. ● Transfusão ○ Terapêutica → sangramento mucoso ou orgânico, com plaquetometria inferior a 50.000/mm³; ○ Profilática → todo paciente com plaquetometria inferior a 10.000/mm³ (ou 20.000/mm³ na presença de febre ou infecção). ● 1U/ 10 kg de peso → média no adulto em torno de seis unidades de concentrado de plaquetas ou uma unidade extraída por aférese (único doador). ○ Deve-se colher o sangue para contagem plaquetária uma hora após a infusão dos concentrados, para avaliar a resposta. ○ Num adulto de constituição média (aproximadamente 2 m² de superfície corporal), espera-se que a transfusão de plaquetas na dose citada produza um incremento na contagem plaquetária de cerca de 30.000 cel/mm³. ● Do ponto de vista prático, considera-se plaquetopenia refratária à transfusão quando o incremento após uma hora é inferior a 10.000 cel/mm³ após a transfusão de 6U ou uma unidade extraída por aférese, ou se o incremento for inferior a 2.000 cel/mm³ por cada unidade de plaquetas transfundida. ● A causa mais comum de refratariedade à transfusão de plaquetas é a aloimunização por anticorpos anti-HLA da superfície plaquetária. → 30-50% dos pacientes, especialmente após múltiplas transfusões plaquetárias. 10 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA → A conduta é passar a transfundir plaquetas HLA compatíveis. ○ Uma forma de prevenir a aloimunização contra o HLA é sempre utilizar hemocomponentes leucodepletados em todos os pacientes com LMA (leucodepleção = durante a infusão se utiliza um filtro de leucócitos que remove essas células). ○ Os hemocomponentes também devem ser irradiados → o objetivo é evitar a doença enxerto-versus-hospedeiro transfusional. Anemia ● Transfundir concentrado de hemácia se anemia sintomática ● Manter Hb> 8g/dL CIVD ● Específico da M3 ● Uso de ácido transretinóico → controle por 3 dias → reduz a quantidade de blastos promielócitos →m enor produção de fatores pró-coagulantes. ● Durante o sangramento, a transfusão de plaquetas deve ser prescrita para manter a contagem plaquetária acima de 50.000/mm³ e a de crioprecipitado (rico em fibrinogênio), para manter o fibrinogênio sérico superior a 100 mg/dl. ● Alguns estudos demonstraram benefício com o uso de baixas doses de heparina, 5-10 U/kg/h, em infusão contínua. Prevenção da sd da lise tumoral: ● Todos os pacientes com leucemia aguda devem receber hidratação venosa e drogas hipouricemiantes antes do início da quimioterapia. ● Alopurinol ou rasburicase (urato oxidase recombinante, que transforma o ácido úrico em alantoína, uma substância inócua). ● A QT poderá ser feita com segurança se a uricemia estiver abaixo de 8 mg/dl e a creatinina sérica abaixo de 1,6 mg/dl ● !!!!!!!! Se ocorrer a síndrome de lise tumoral, a insuficiência renal oligúrica deve ser tratada com hidratação venosa e, nos casos mais graves, diálise. Leucostase ● Alguns pacientes com LMA (especialmente M4 ou M5) podem apresentar hiperleucocitose à custa de blastos, como mais de 100.000 células por mm³ (mais de 50.000/mm³, para alguns autores). ● A síndrome da leucostase é provocada pela formação de plugs de blastos, obstruindo a microvasculatura. ● Pct apresenta taquidispneia, hipoxemia, distúrbios neurológicos e predisposição à hemorragia.→ aumento da viscosidade sanguínea → transfusão de hemácias pode agravar os sintomas!! ○ Se for realizar, fazer com infusão bem lenta!!! ● A transfusão de plaquetas deve ser realizada se houver hemorragia, mesmo com plaquetometria relativamente elevada → contagem plaquetária encontra-se superestimada → fragmentos de blastos são contados como plaquetas!!! ● O tratamento da leucostase deve ser feito com a própria quimioterapia para remissão da LMA, ou com hidroxiureia em altas doses (3 mg/m²/dia, via oral). ● Leucaférese é reservada para os casos em que a quimioterapia não pode ser iniciada de imediato (ex.: hiperuricemia grave, insuficiência renal). Infecções ● Terapia antimicrobiana deve ser dirigida contra potenciais patógenos da flora endógena, portanto, prescrevem-se antibióticos de amplo espectro e dirigidos contra bacilos gram negativos → cefepime 2g EV 12/12 horas) ● Antes de iniciar a antibioticoterapia, recomenda-se a coleta de hemocultura de sangue periférico e do cateter, e coleta de outras amostras para cultura de eventuais sítios de infecção. ● Se infecção grave, comprometimento hemodinâmico e persistência da febre após 48h de atb→ vancomicina e antifúngicos. Terapia específica ● Quimioterapia de alto poder mielotóxico → tentar destruir completamente o clone mieloblástico! ● O transplante alogênico de células hematopoiéticas é um importante item da terapia, sendo a única chance de cura em alguns pacientes. ● 2 fases: ○ Indução da remissão→ reduzir a população de células leucêmicas de aproximadamente 10 12 para abaixo do nível de detecção citológica, ao redor de 10 9 células. ○ Terapia pós-remissão (ou "consolidação"). Indução da remissão: ● Exterminar o clone neoplásico (população de blastos). ● Remissão Completa (RC) definida por: 11 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Desaparecimento dos blastos do sangue periférico ○ Medula óssea com menos de 5% de blastos; ○ Ausência de células com bastonetes de Auer; ○ Recuperação hematopoiética → hemograma com mais de 1.000/mm³ neutrófilos e mais de 100.000/mm³ plaquetas → a contagem de hemácias não entra!!! ○ A avaliação quanto à ocorrência ou não de RC geralmente é feita uma semana após o término da QT, através da realização de um novo mielograma e uma nova hematoscopia. ● O esquema padrão utiliza um único ciclo de dois potentes agentes citotóxicos → arabinosídeo-C (citarabina ou ara-C) + daunorrubicina (uma antraciclina), nas doses 100 mg/m² de ara-C em infusão contínua de sete dias (ara-C) + 40-60 mg/m², IV, 1x/dia de daunorrubicina por três dias, o chamado esquema 7 + 3. ○ Em pacientes jovens → substituição de daunorrubicina por idarrubicina 13 mg/m², IV, 1x/dia por três dias pelo maior índice de remissão completa. ■ Pode mitoxantrone (10 a 12 mg/m 2 /dia) tbm ○ Outros esquemas acrescentam o etoposídeo 75 mg/m², IV, 1x/dia por sete dias, aumentando a duração da remissão, ou utilizam altas doses de ara-C (3 g/m², IV, 2x/dia no total de 12 doses), aumentando o índice de remissão. ○ Tais vantagens são acompanhadas de maior toxicidade!! ○ Se após a administração do primeiro ciclo não houver remissão completa, repete-se mais um 12 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ciclo com o mesmo esquema, sendo o ara-C administrado em cinco dias e a daunorrubicina ou a idarrubicina em dois dias (esquema 5 + 2). ● RC atingida em 60-80% dos casos (2/3 com o primeiro ciclo e o 1/3 restante com dois ciclos). ● O prognóstico dos pacientes que não remitem inicialmenteé muito ruim, porém eles ainda podem se beneficiar do transplante alogênico de células hematopoiéticas. ● Caso o paciente não tenha alcançado a remissão completa (RC), poderá ser submetido à reindução com citarabina 1 g/m 2 /dia, etoposídeo 100 mg/m 2 /dia e mitoxantrone 12 mg/m 2 /dia. Pós-remissão ● Administrada após o paciente atingir a remissão completa. ● Obrigatória e tem por objetivo prolongar a remissão completa, através da prevenção da recaída da doença, maximizando a chance de cura. → Sem este componente ocorre recidiva em poucos meses. ● Existem três possibilidades: quimioterapia de consolidação, transplante alogênico de células hematopoiéticas; e transplante autólogo de células hematopoiéticas. ● Quimioterapia de consolidação → indicada para os pacientes com cariótipos de bom prognóstico, como t(8;21) no subtipo M2 e inv(16) ou t(16;16) no subtipo M4, e nos pacientes sem condições de receber o transplante de células hematopoiéticas. ○ O melhor esquema utiliza altas doses de ara-C (3 g/m², IV, 2x/dia no total de seis doses), por quarto ciclos (ou dois ciclos seguidos de transplante autólogo). ○ Uma remissão duradoura (> 5 anos) é atingida em 30-50% dos pacientes com cariótipo favorável que haviam atingido a remissão completa, com grande chance de cura. A taxa é inferior nos casos sem cariótipo favorável. ○ Pacientes idosos não costumam tolerar o esquema de altas doses de ara-C e, portanto, devem receber a consolidação com dois a quatro ciclos do mesmo esquema da indução (ara-C na dose padrão + daunorrubicina, no esquema 7 + 3).→Menor chance de cura!!!! ○ Um dos principais efeitos colaterais da ara-C em altas doses é a toxicidade cerebelar, que tende a ocorrer com maior frequência em idosos e pode deixar sequelas irreversíveis. ● Transplante de células hematopoiéticas: → considerado a terapia mais eficaz em termos de cura, embora possua alta toxicidade, com mortalidade em torno de 20%. → Quando utilizado logo após a primeira remissão a chance de cura oscila entre 50-60%. ○ Deve ser considerado como primeira opção de terapia pós-remissão (em vez da quimioterapia de consolidação) em pacientes sem cariótipo favorável ou com outros fatores de mau prognóstico (ex.: hiperleucocitose), principalmente se a idade for < 55-60 anos e existir um doador HLA compatível. ○ Pacientes mais velhos e sem doadores compatíveis devem ser submetidos ao transplante "autólogo". ● Transplante → única terapia eficaz nos casos refratários à quimioterapia indutora de remissão (20-40% dos pacientes com LMA), alcançando sobrevida livre de doença (provável cura) em 5-15% dos casos. Recidiva ● Quase sempre ocorre na medula óssea, com novo aumento do percentual de blastos. ● Após QT de consolidação ainda pode ser curável com o transplante alogênico de células hematopoiéticas → terapia de escolha na recidiva em pacientes com idade inferior a 60 anos e doador HLAcompatível. 13 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Nos demais pacientes, pode-se tentar o transplante autólogo ou novas terapias experimentais, como o anticorpo monoclonal anti-CD33 (gentuzumabe ozogamicina) ● A recidiva pós-transplante alogênico tem uma chance menor de cura → 2 opções terapêuticas → segundo transplante alogênico e infusão dos leucócitos do doador, cujas células T citotóxicas podem destruir os blastos leucêmicos remanescentes pelo efeito enxerto-versus-leucemia. ● As taxas de remissão completa duradoura oscilam entre 10-40%. Sem essas terapias, esse tipo de recidiva tem péssimo prognóstico, com sobrevida média de alguns meses. M3 ● ATRA é uma droga não quimioterápica que age induzindo a maturação dos promielócitos neoplásicos, ao ativar o receptor defeituoso do ácido retinóico dessas células. → CIVD melhora após uma média de três dias. ○ Embora induza remissão completa, a chance de recidiva é grande se a droga for utilizada isoladamente. ● Associação do ATRA com uma antraciclina (daunorrubicina). ● O esquema mais indicado é composto por ATRA 45 mg/m², 1x/dia, via oral, até a remissão completa (média 30-90 dias) + daunorrubicina ± ara-C. ● Os casos de falência terapêutica são decorrentes da mortalidade precoce relacionada à CIVD (hemorragia). ● Após a remissão, segue-se a quimioterapia de consolidação com dois ciclos mensais de daunorrubicina ± ara-C. Após a consolidação, segue-se a fase de manutenção durante um ano, composta por três drogas: ATRA 45 mg/m², 1x/dia, via oral, em cursos 14 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA intermitentes (15 dias a cada três meses, ou sete dias a cada duas semanas) + 6- mercaptopurina 60 mg/m², 1x/dia, via oral + metotrexato 20 mg/m², 1x/semana, via oral. ● Embora não seja mielotóxico, o ATRA pode provocar efeito adverso → síndrome da diferenciação da leucemia promielocítica → 25% dos casos dentro das primeiras três semanas de tratamento. → Surgem febre, edema periférico, taquidispneia, hipoxemia, infiltrado pulmonar, polisserosite, disfunção renal e hepática, com metade dos pacientes apresentando hiperleucocitose. → Adesão das células neoplásicas recém-diferenciadas ao endotélio da microcirculação (principalmente pulmonar), causando um entupimento semelhante àquele observado na síndrome de leucostase. ○ Resolve de forma rápida com a suspensão provisória do ATRA e dexametasona 10 mg, IV, 12/12h, por 3-5 dias. ● A recidiva da LMA-M3 ocorre em 20% dos casos.→ Pctes com RT-PCR positiva para a presença de transcritos do oncogene PML/RAR-alfa, mesmo que não existam sintomas clínicos ou outras alterações laboratoriais. → Doença Residual Mínima (DRM), e sua identificação após o término do tratamento indica a instituição precoce da terapia de resgate. ● O esquema de resgate dos casos recidivantes ou refratários de LMA-M3 utiliza outra droga, o trióxido de arsênio 0,15 mg/kg, 1x/dia, via oral, durante 25 dias, seguido do transplante autólogo ou alogênico de células hematopoiéticas Terapia alvo-molecular específica ● Gemtuzumab ozogamicina → anticorpo humanizado anti-CD33 ligado ao agente caliqueamicina que inibe a síntese de DNA e induz à apoptose. → aprovado para LMA em recaída, em pacientes idosos não elegíveis para terapia de indução. ○ A remissão induzida pelo GO é de 15 a 35% nos pacientes idosos em primeira recaída. ● Inibidores de FLT3 → midostaurina (PKC412), lestauritinib(CEP-701) e sunitibe (SU11248) têm atividade citotóxica contra células leucêmicas, e quando usados isoladamente propiciaram redução transitória de células blásticas na medula óssea e sangue periférico nos pacientes com LMA recaída com FLT3-ITD positiva. ● Agentes hipometilantes → Duas drogas que são análogos da citosina, decitabina e azacitidina, foram aprovadas para tratamento de SMD. As formas de alto risco de SMD (blastos 20 a 30%) são classificadas pela OMS como LMA. Prognóstico Imagem do topo! Os idosos formam o grupo de pior prognóstico! → maior incidência de LMA pós-mielodisplasia, marcador CD34, maior incidência do fenótipo MDR-1, menor tolerância às doses da quimioterapia, mortalidade proibitiva no transplante alogênico. Status de performance → estimativa do "estado geral" do paciente oncológico. 15 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA LeucemiaLinfóide Aguda 💡 Na LLA o clone neoplásico deriva de um progenitor linfóide, uma célula pré-T ou pré-B "precoce", uma célula pré-T ou pré-B ou mesmo um linfócito B que assume características de blasto.→ Todas essas células são consideradas linfoblastos. ● Em 80% das LLA, a origem da neoplasia é na linhagem B. ● Na linhagem T a leucemia pode cursar com proliferação de linfoblastos do timo, levando a uma entidade análoga ao linfoma linfoblástico, um tipo de linfoma não Hodgkin de alto grau de malignidade, típico de crianças. Pela classificação da FAB, são três os subtipos morfológicos de LLA. 🎨 A coloração positiva para PAS (ácido periódico de Schiff) sugere LLA derivada de células B. Já a coloração positiva para fosfatase ácidaindica LLA derivada de células T. OMS: Epidemiologia ● Mais comum na infância→ 90% dos casos ● Pico entre 2-10 anos ● Mais prevalente em brancos e em homens ● Quando ocorre no adulto tem pior prognóstico, com taxa de cura que varia de 25-40% ● Mais frequente em áreas urbanas e em caucasianos→ especulações sobre a importância de fatores socioeconômicos na sua etiologia. Alterações citogenéticas Alterações cromossomiais são frequentes → mais de 85% dos casos. ● Hiperploidia →Descreve um número de cromossomos superior a 46 (que pode chegar a > 60), e é uma alteração típica da forma infantil desta leucemia, indicando bom prognóstico. 16 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Translocação t(9;22) – ou cromossomo Philadelphia – e as translocações t(4;11), t(8;14) e t(1;19) denotam prognóstico reservado, sendo mais comuns nos adultos. ● A translocação t(12;21) é a única translocação de bom prognóstico, sendo a anormalidade citogenética mais comum nas crianças, porém rara em adultos. Fatores de risco ● Radiação ionizante → doses altas em indivíduos jovens, como na radioterapia para tumores sólidos (LLA). ● Infecção pelo Epstein-Barr (EBV) Clínica ● Astenia (anemia) + febre (leucopenia) + petéquias e equimose (plaquetopenia) ● Leucostase/infiltração (hepatoesplenomegalia, pele) ● Sudorese noturna, perda de peso, sangramento cutâneo-mucoso e infecções. ● Sinais de infiltração do sistema nervoso central (SNC) ocorrem em cerca de 10% dos pacientes, principalmente, os portadores de LLA do tipo B maduro. Clínica mais específica: ● Dor óssea ● Linfonodomegalia/infiltração de SNC, baço e testículo → adenomegalia generalizada ● Podem ocorrer massas mediastinais no subtipo de células T do timo→ dispneia, broncoespasmo, derrame pleural ou pericárdio e síndrome de veia cava superior. ● Febre neoplásica é comum Diagnóstico ● Solicitar mielograma (morfologia) + citoquímica (biópsia) + imunofenotipagem + citogenética + moleculares. ● Várias alterações genéticas, principalmente translocações que têm como resultado a formação de genes quiméricos, foram descritas na LLA, associadas ao comportamento biológico e à resposta terapêutica. ● O fator genético mais relevante para o prognóstico da 17 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● LLA é a presença da t(9;22)/BCR-ABL, habitualmente associada a uma resposta desfavorável ao tratamento com quimioterápicos. De maneira similar, a presença da t(4;11)(q21;q23)/MLL-AFF1 está associada a um desfecho clínico negativo, particularmente em pacientes menores de 2 anos de idade→Para a maioria desses pacientes, o transplante alogênico de progenitores hematopoiéticos é a única opção potencialmente curativa 🔬 A ausência de grânulos azurófilos e bastonetes de Auer, a coloração positiva para PAS (célula B) ou fosfatase ácida (célula T) na citoquímica, e a presença do TdT citoplasmático e dos antígenos CD10 (CALLA), CD5, CD19 e CD20 na membrana caracterizam a linhagem linfóide imatura. ● Linfoblasto possui núcleo arredondado e citoplasma escasso. Subtipos de LLA ● É + comum na linhagem dos linfócitos B ● L1 → variante infantil → + comum → melhor prognóstico e resposta à terapêutica ● L2 → adulto → linfoblasto é maior que o L1, tem nucléolos, mais citoplasma e núcleos irregulares ● L3 → forma leucêmica do linfoma Burkitt-like → linfoblastos de tamanho intermediário, com citoplasma proeminente, basofílico e cheio de vacúolos. ● A LLA de células T é menos frequente → clone neoplásico é idêntico ao do linfoma linfoblástico, e geralmente se apresenta com massa mediastinal (origem no timo). Citoquímica ● Caracterizada pela coloração positiva para PAS (ácido periódico de Schiff) sugere LLA derivada de células B. ● A coloração positiva para fosfatase ácida indica LLA derivada de células T. Imunofenotipagem ● Define com precisão o subtipo de célula leucêmica → padrão-ouro. →Pesquisa de marcadores na membrana ou citoplasma do blasto, através de anticorpos específicos ligados a substâncias fluorescentes (citometria de fluxo).. Tratamento ● Terapia de suporte é a mesma para LMA ○ DIferença de menor toxicidade do esquema indutor de LLA infantil → critérios prognósticos favoráveis + necessidade de profilaxia com sulfametazol + trimetoprima contra a pneumocistose Indução da remissão ● Esquema padrão para remissão da LLA infantil → corticosteroide, em três tomadas diárias por via oral (prednisona 40 mg/m²/dia ou dexametasona 8 mg/m²/dia), por 28 dias + vincristina 1,5 mg/m², IV, semanal por quatro doses + L-asparaginase 6.000 U/m², 3x/semana por 12 doses. → 4 semanas → se prognóstico favorável! ● No adulto e nas crianças com prognóstico desfavorável, deve-se acrescentar uma antraciclina ao esquema, como a daunorrubicina 30-50 mg/m², IV, semanal por quatro doses. ● O esquema mais usado nos adultos (HyperCVAD) acrescenta também a ciclofosfamida 300 mg/m², 12/12h, nos primeiros três dias (seis doses). ● As altas doses de prednisona levam a uma deficiência parcial da imunidade celular, predispondo à pneumocistose; a vincristina é neurotóxica, podendo causar neuropatia periférica sensitiva altamente sintomática; a L-asparaginase pode provocar reação anafilática, sintomas neurológicos e trombose; a daunorrubicina e a ciclofosfamida são mielotóxicas; essa combinação exige o acréscimo do G-CSF para reduzir o período de neutropenia. ● Com a terapia de indução, cerca de 90-95% das crianças e 75% dos adultos atingem a remissão completa, cuja definição é a mesma para a LMA. Profilaxia do SNC ● LLA possui grande tendência à recidiva no SNC (meningite leucêmica) após a quimioterapia. ● A profilaxia é iniciada junto com o esquema de indução, sendo feita com Metotrexato (MTX) intratecal (infundido por punção lombar), na dose 10 mg/m² a cada 18 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA 20 dias por oito doses → duração do tratamento: 3-6 meses. ● Alguns protocolos utilizam um esquema intratecal triplo com MTX + ara-C + prednisona, ou MTX + ara-C + dexametasona (MADIT). ● A radioterapia craniana com 12 Gy é acrescentada no 8º mês de tratamento nos pacientes de alto ou intermediário risco de recidiva. ● Antes de se iniciar a profilaxia, deve-se colher o liquor para avaliar a presença de leucemia meníngea→ neste caso, deve-se fazer radioterapia craniana com 24 Gy. Consolidação da remissão ● MTX em doses intermediárias (1-2 g/m², IV, quinzenal). ○ Exige resgate com ácido folínico (leucovorin), para diminuir a toxicidade medular (pancitopenia) e mucosa (mucosite e translocação bacteriana). ● Outras drogas utilizadas → ciclofosfamida, ara-C, doxorrubicina, dexametasona, vincristina, L-asparaginase, 6-mercaptopurina, 6-tioguanina, etoposídeo, vindesina. ● Os esquemas de consolidação costumam durar 2-8 meses, e são divididos em: intensificação precoce, ínterim e intensificação tardia. ● O esquema mais usado em crianças é o do grupo BFM (Berlin-Frankfurt-Münster), com uma intensificação precoce de quatro semanas com ciclofosfamida (duas doses de 1.000 mg/m², IV) + ara-C (75 mg/m², quatro dias por semana) + 6-mercaptopurina (60 mg/m²/dia, VO), um ínterim de oito semanas com MTX venoso quinzenal (com ou sem 6-mercaptopurina) e uma intensificação tardia com uma espécie de "reindução" de quatro semanas (dexametasona, vincristina, L-asparaginase, doxorrubicina) e uma "reintensificação" de quatro semanas com ciclofosfamida, ara-C e 6-tioguanina.→ Total = cinco meses. ● Nos adultos, um esquema muito usado é o HyperCVAD, alternando ciclos de ciclofosfamida (300 mg/m², 12/12h por seis doses) + vincristina (2 mg, IV, 1x) + doxorrubicina (50 mg/m², 1x) + dexametasona (40 mg/dia, por 14 dias) com ciclos de MTX (1g/m², IV, 1x) + ara-C (3 g/m², 12/12h por quatro doses) + metilprednisolona (50 mg, 12/12h por três dias), vincristina, doxorrubicina ou adriamicina (curso completo com 14 dias). → Total = oito ciclos ou seis meses. Manutenção ● 6-mercaptopurina 50 mg/m²/dia, VO + metotrexato30 mg/m², semanal, num período total de 2-3 anos. 💉 O anticorpo monoclonal blinatumomab (Blincyto®, anti-CD19) recentemente foi aprovado para tratamento da LLA recidivada ou refratária, com excelentes taxas de resposta, servindo como "ponte" para a realização de um transplante de células hematopoiéticas. 🧠As recidivas no SNC (meningite leucêmica) são suspeitadas pela ocorrência de cefaleia, náuseas e vômitos e outros sinais de hipertensão intracraniana, além de paralisias de nervos cranianos. O diagnóstico é feito pelo exame do liquor revelando blastos. Estes pacientes devem ser tratados com radioterapia craniana com 24 Gy + quimioterapia intratecal + quimioterapia sistêmica com drogas de maior penetrância no SNC, como altas doses de metotrexato e citarabina. 🧔 Outro local de recidiva é o testículo, devendo ser tratado com radioterapia. As recidivas extramedulares geralmente vêm acompanhadas de recidiva medular, que deve ser devidamente reconhecida e tratada... Complicações tardias ● O declínio neurocognitivo das crianças, com déficit de aprendizado, é relativamente comum naquelas que receberam radioterapia craniana ou quimioterapia intratecal tripla na profilaxia do SNC ou tratamento da leucemia meníngea. → Maior de tumores intracranianos, como astrocitomas ou tumores benignos (ex.: meningioma). ● Pacientes que receberam quimioterapia de consolidação mais intensiva possuem risco de 5% de desenvolver Leucemia Mieloide Aguda (LMA). ● A cardiotoxicidade (cardiomiopatia dilatada) pode ocorrer com altas doses cumulativas de antraciclina (raramente usadas nos esquemas atuais). Um deficit de crescimento é relatado em algumas crianças. TTO da LLA-L3 ● Responde mal ao esquema tradicional de quimioterapia da LLA. ● Mesmo tto do linfoma de Burkitt, utilizando esquemas de rodízio com ciclofosfamida, metotrexato em altas doses e antraciclinas. U 19 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA LLA Cromossomo Philadelphia + ● Inibidores de tirosina-quinase (ex.: imatinibe, dasatinibe, entre outros) ● O esquema padrão envolve associação de inibidores de tirosina-quinase ao tratamento quimioterápico convencional Fatores prognósticos: ● Os de maior peso são: a idade < 1 ano ou > 10 anos; a hiperleucocitose; e o cromossomo Philadelphia ou t(9;22). Os lactentes costumam ter a translocação t(4;11). 20