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Traumato Ortotpédico Esportiva

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FISIOTERAPIA 
TRAUMATO-
ORTOPÉDICA E 
ESPORTIVA
Gabriela Souza de Vasconcelos
Introdução à fisioterapia 
traumato-ortopédica 
funcional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever a atuação do fisioterapeuta na área traumato-ortopédica 
funcional.
 � Diferenciar os recursos fisioterapêuticos utilizados na área traumato-
-ortopédica funcional.
 � Explicar a estrutura da avaliação e do diagnóstico cinesiológico fun-
cional voltado para a fisioterapia traumato-ortopédica funcional.
Introdução
A fisioterapia traumato-ortopédica é reconhecida como uma especia-
lidade da fisioterapia e tem competências e atribuições bem definidas. 
São exemplos dessas atribuições a realização de avaliação e diagnóstico 
cinético-funcional, consultas, reavaliações, análise e solicitação de exames 
complementares, entre outros.
Além disso, essa área conta com uma ampla gama de recursos fi-
sioterapêuticos que podem ser aplicados para reabilitar fisicamente e 
tratar disfunções cinético-funcionais de origem traumato-ortopédica, 
como entorses articulares, lesões degenerativas ou por esforço repetitivo, 
fraturas, pós-operatórios, etc. 
Neste capítulo, você vai poder compreender a atuação do fisiotera-
peuta na área traumato-ortopédica funcional e os recursos fisioterapêu-
ticos disponíveis, bem como a estrutura da avaliação e do diagnóstico 
cinesiológico funcional.
1 Fisioterapia traumato-ortopédica funcional
A fisioterapia traumato-ortopédica funcional foi reconhecida como uma es-
pecialidade da fisioterapia pela Resolução nº 260, de 11 de fevereiro de 2004, 
e desde então vem se desenvolvendo por meio de novas técnicas e recursos 
cinético-funcionais e contribuindo para a evolução clínica dos pacientes (CON-
SELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 
[COFFITO], 2004).
De acordo com a Resolução nº 404, de 3 de agosto de 2011, o fisioterapeuta 
traumato-ortopédico exerce a profissão em todos os níveis de atenção à saúde, 
em todas as fases do desenvolvimento ontogênico, com ações de prevenção, 
promoção, proteção, educação, intervenção, recuperação e reabilitação do 
cliente/paciente/usuário, nos ambientes hospitalares, domiciliares, home care, 
ambulatoriais, instituições públicas, filantrópicas, militares, privadas e/ou 
organizações sociais (COFFITO, 2011). 
Para a atuação nessa área, o profissional deve portar conhecimentos sobre 
a anatomia geral dos órgãos e sistemas e, em especial, do sistema musculo-
esquelético; biomecânica; fisiologia geral e do exercício; fisiopatologia das 
doenças osteomioarticulares; física aplicada; semiologia; cinemática; ergono-
mia; instrumentos de medida e avaliação; farmacologia aplicada; técnicas e 
recursos tecnológicos; recondicionamento físico funcional; próteses, órteses 
e tecnologia assistiva; humanização; ética e bioética (COFFITO, 2011).
Ainda, de acordo com a Resolução nº 404/2011, são competências e atri-
buições do fisioterapeuta traumato-ortopédico (COFFITO, 2011):
 � realizar consulta fisioterapêutica, anamnese, bem como solicitar e 
realizar interconsulta e encaminhamento;
 � realizar avaliação física e cinesiofuncional específica do cliente/paciente/
usuário traumato-ortopédico;
 � solicitar, aplicar e interpretar escalas, questionários e testes funcionais;
 � solicitar, realizar e interpretar exames complementares;
 � determinar diagnóstico e prognóstico fisioterapêutico;
 � planejar e executar medidas de prevenção e redução de risco;
 � prescrever, montar, testar, operar, avaliar e executar recursos terapêu-
ticos tecnológicos;
 � prescrever, confeccionar e gerenciar órteses, próteses, adaptações e 
tecnologia assistiva;
Introdução à fisioterapia traumato-ortopédica funcional2
 � prescrever, analisar e aplicar métodos, técnicas e recursos para restaurar 
as funções articular, óssea, muscular, tendinosa, sensória, sensitiva e 
motora dos clientes/pacientes/usuários;
 � prescrever, analisar e aplicar métodos, técnicas e recursos para reedu-
cação postural, da marcha, entre outros;
 � prescrever, analisar e aplicar métodos, técnicas e recursos para promoção 
de analgesia e inibição de quadros álgicos;
 � aplicar métodos, técnicas e recursos terapêuticos manuais;
 � preparar e realizar programas de atividades cinesioterapêuticas para 
todos os segmentos corporais;
 � prescrever, analisar e aplicar recursos tecnológicos, realidade virtual 
e/ou práticas integrativas e complementares em saúde;
 � utilizar recursos de ação isolada ou concomitante de agente cinesio-
mecanoterapêutico, termoterapêutico, crioterapêutico, fototerapêutico, 
eletroterapêutico, sonidoterapêutico, aeroterapêutico, entre outros;
 � aplicar medidas de controle de infecção hospitalar;
 � realizar posicionamento no leito, sedestação, ortostatismo, deambulação, 
bem como orientar e capacitar o cliente/paciente/usuário visando à sua 
funcionalidade;
 � determinar as condições de alta fisioterapêutica;
 � prescrever a alta fisioterapêutica;
 � registrar em prontuário consulta, avaliação, diagnóstico, prognóstico, tra-
tamento, evolução, interconsulta, intercorrências e alta fisioterapêutica;
 � emitir laudos, pareceres, relatórios e atestados fisioterapêuticos;
 � realizar atividades de educação em todos os níveis de atenção à saúde 
e na prevenção de riscos ambientais, ecológicas e ocupacionais;
 � realizar atividades de segurança ambiental, documental, biológica e 
relacional.
As lesões traumato-ortopédicas são muito frequentes e prevalentes na 
população. Devido a isso, o fisioterapeuta traumato-ortopédico atua em uma 
grande variedade de locais e ambientes, por meio de ações de promoção, pre-
venção e recuperação da saúde. Isso também demonstra que esses profissionais 
podem agregar muito valor à equipe de trabalho, que poderá ser composta por 
fisioterapeutas e/ou por demais profissionais da área da saúde.
3Introdução à fisioterapia traumato-ortopédica funcional
Durante a avaliação cinético-funcional, é importante que o fisioterapeuta questione 
o cliente/paciente/usuário sobre os fatores/posturas que geram alívio dos sintomas. 
Isso auxiliará o profissional a elaborar o plano de intervenção, principalmente em 
relação à escolha dos recursos fisioterapêuticos, como condutas técnicas, métodos, 
modalidades, entre outros (DUTTON, 2010). 
2 Recursos fisioterapêuticos da área 
traumato-ortopédica funcional
Na área de fisioterapia traumato-ortopédica funcional, diversos recursos 
fisioterapêuticos podem ser utilizados para atingir os objetivos determinados 
pelo fisioterapeuta no momento da avaliação. Entretanto, o profissional deve 
conhecer e entender como esses recursos atuam sobre os tecidos, a fim de 
que, de fato, os resultados satisfatórios sejam alcançados (PRENTICE, 2014).
Dentre esses recursos, podem-se destacar os eletrotermofototerapêuticos, 
os manuais e a cinesioterapia. Os recursos eletrotermofototerapêuticos e os 
recursos manuais podem ser divididos conforme o tipo de energia com que 
eles são empregados, que são as seguintes: eletromagnética (diatermia por 
ondas curtas e por micro-ondas, lâmpadas infravermelhas, terapia com luz 
ultravioleta e lasers de baixa potência), térmica (termoterapia e crioterapia), 
elétrica (correntes de estimulação elétrica, iontoforese e biofeedback), sonora 
(ultrassom e terapia por ondas de choque extracorpóreas) e mecânica (com-
pressão intermitente, tração e massagem). A energia pode ser caracterizada 
como a capacidade de um sistema trabalhar, sendo ela transformada de uma 
forma para outra, ou transferida de um local para outro (PRENTICE, 2014).
A seguir, veja a descrição dos efeitos de cada uma dessas energias, além 
das modalidades que utilizam cada tipo delas (PRENTICE, 2014).
Eletromagnética
Entre os exemplos de recursos fisioterapêuticos que utilizam energia eletro-
magnética, estão a diatermia por ondas curtas e por micro-ondas, lâmpadas 
infravermelhas, terapia com luz ultravioleta e lasers de baixa potência. Uma 
vez quetais recursos são muito utilizados na prática clínica, é fundamental 
entender os efeitos desse tipo de energia sobre os tecidos (PRENTICE, 2014).
Introdução à fisioterapia traumato-ortopédica funcional4
No que diz respeito à energia eletromagnética, os seus efeitos dependem do 
comprimento de onda, da frequência e da energia das ondas eletromagnéticas 
que penetram os tecidos. Por exemplo, recursos como a diatermia por ondas 
curtas e por micro-ondas, que apresentam comprimentos de onda mais longos, 
são os mais penetrantes, e o seu principal efeito é o aquecimento profundo dos 
tecidos. Por outro lado, a luz infravermelha e os aparelhos de laser (lâmpadas 
infravermelhas luminosas e não luminosas e luz visível) também promovem 
aquecimento dos tecidos, mas de forma mais superficial, em função do com-
primento de onda menor. Além desses, ainda existe a radiação ultravioleta, 
que tem um comprimento de onda menor do que o da luz infravermelha e é 
capaz de danificar os tecidos, causando queimaduras (PRENTICE, 2014). 
Térmica
Os exemplos de energia térmica estão bastante presentes no dia a dia do 
profissional, que utiliza compressas quentes, turbilhão quente, banhos de 
parafina e fluidoterapia como forma de termoterapia; ou compressas, bolsas 
ou spray de gelo, banhos de contraste, imersão em gelo, turbilhão frio, Cryo 
Cuff e criocinética como forma de crioterapia (PRENTICE, 2014).
Esses recursos atuam conduzindo energia, em que a taxa de transferência 
de calor de um objeto para outro é proporcional à diferença na temperatura 
entre eles. De um modo geral, a crioterapia atua mais rapidamente e com uma 
maior profundidade tecidual quando comparada com a termoterapia. Além 
do aquecimento ou resfriamento, esses recursos atuam sobre a circulação 
sanguínea (aumentando-a ou a diminuindo) e sobre as terminações nervosas 
cutâneas (analgesia) (PRENTICE, 2014). 
Elétrica
Os exemplos de recursos que utilizam energia elétrica são diversos e estão em 
constante desenvolvimento, como correntes de estimulação elétrica, iontoforese 
e biofeedback (PRENTICE, 2014).
A energia elétrica é capaz de alterar química e/ou termicamente o te-
cido mediante o fluxo de elétrons ou de outras partículas que são carregadas 
por meio de um campo elétrico. Na eletroterapia, as correntes geradas pelos 
aparelhos são capazes de produzir mudanças fisiológicas específicas que, 
ao passarem através dos tecidos, gerarão o aquecimento desses tecidos devido 
à sua resistência ao fluxo de eletricidade. Por exemplo, se for aplicada uma 
corrente sobre um tecido nervoso ou muscular, com intensidade e duração 
5Introdução à fisioterapia traumato-ortopédica funcional
suficientes para se alcançar o limiar de excitabilidade, haverá uma despola-
rização da membrana ou um aquecimento desses tecidos. Na prática clínica, 
as frequências das correntes variam de 1 Hz a 4000 Hz, conforme o que se 
deseja alcançar (analgesia, contração muscular, relaxamento, entre outros) 
(PRENTICE, 2014). 
Sonora
O ultrassom e a terapia por ondas de choque extracorpóreas são exemplos de 
recursos fisioterapêuticos que utilizam energia sonora. Essa energia consiste 
em ondas de pressão oriundas da vibração mecânica das partículas (PREN-
TICE, 2014). 
O ultrassom é capaz de promover aquecimento dos tecidos profundos, 
e isso acontece porque esse recurso não é totalmente absorvido pelos tecidos 
e consegue ultrapassar o tecido homogêneo, como o tecido adiposo. Além de 
promover aquecimento dos tecidos profundos, ele também facilita a cicatrização 
tecidual em nível celular (efeitos não térmicos) (PRENTICE, 2014). 
Já a terapia por ondas de choque consiste em ondas sonoras pulsadas de 
alta pressão e curta duração (< 1 m/s) que podem ser concentradas em uma 
área focal pequena (2 a 8 mm de diâmetro) e ser transmitidas por meio de um 
acoplamento para uma região-alvo com pouca atenuação (PRENTICE, 2014).
Mecânica
Entre os recursos fisioterapêuticos que aplicam energia mecânica sobre os 
tecidos, estão as técnicas de terapia manual, compressão intermitente, tração, 
massagem, liberação miofascial e outras técnicas de terapia manual, como 
Mulligan, Maitland, Kaltenborn, Cyriax, terapia de liberação posicional, etc. 
A energia mecânica consiste na energia que o tecido ganha quando um traba-
lho é realizado sobre ele. Ela ainda pode ser cinética (energia de movimento) 
ou potencial (energia armazenada de posição). Os tecidos possuem energia 
cinética se eles estiverem em movimento; a energia potencial, por sua vez, 
é armazenada pelo tecido e tem o potencial de ser criada quando esse for 
alongado, dobrado ou comprimido (PRENTICE, 2014). 
É possível relacionar esse tipo de energia com o trabalho manual do fi-
sioterapeuta ao alongar, mover, dobrar e comprimir a pele, os músculos, 
os tendões, os ligamentos, as fáscias, as cápsulas, entre outros. Nesse caso, 
a energia cinética é a aplicação da força por parte do fisioterapeuta, e a energia 
potencial poderá ser liberada quando a força do fisioterapeuta for removida. 
Introdução à fisioterapia traumato-ortopédica funcional6
Os efeitos desses recursos são alívio da pressão sobre as estruturas, aumento 
do espaço articular, analgesia, relaxamento, melhora do fluxo circulatório, 
aquecimento, diminuição de restrições e aderências teciduais, entre tantos 
outros (PRENTICE, 2014).
Além desses recursos citados, existe a cinesioterapia, que consiste na 
aplicação de exercícios terapêuticos. Esses exercícios se caracterizam pelo 
desempenho sistemático e planejado de movimentos corporais, posturas ou 
movimentos físicos com o objetivo de corrigir ou prevenir deficiências; me-
lhorar, restaurar ou aprimorar a função física; prevenir ou reduzir fatores de 
risco relacionados à saúde; e otimizar o estado geral de saúde. Ainda, cabe 
mencionar que os exercícios terapêuticos podem ser realizados em meio líquido 
(hidroterapia) (KISNER; COLBY, 2017).
Para obter mais informações sobre a prevalência das principais disfunções traumato-or-
topédicas atendidas no Brasil, leia o artigo “Principais distúrbios traumato-ortopédicos 
atendidos em clínicas-escola de fisioterapia” (2016), de Nogueira e colaboradores. 
O trabalho foi publicado na Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio 
Ambiente (FAEMA) e está disponível para acesso na internet.
3 Avaliação e diagnóstico cinesiológico 
funcional da fisioterapia traumato- 
-ortopédica funcional
A escolha dos recursos fisioterapêuticos dependerá das habilidades, da ex-
periência e dos conhecimentos de que o fisioterapeuta dispõe. Além disso, 
uma avaliação cinético-funcional detalhada e criteriosa também auxiliará 
o fisioterapeuta traumato-ortopédico a identificar o diagnóstico cinético-
-funcional e decidir quais são os recursos fisioterapêuticos mais indicados para 
cada paciente. A avaliação cinético-funcional é, em muitos casos, o primeiro 
contato do fisioterapeuta com o paciente e serve como uma forma efetiva de 
entender as suas necessidades, bem como determinar déficits que precisam 
ser melhorados/recuperados e quais são as técnicas/recursos que poderão, 
de fato, melhorar o seu quadro clínico (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 
2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010). 
7Introdução à fisioterapia traumato-ortopédica funcional
Além de uma escuta atenta, durante a avaliação, o fisioterapeuta poderá 
aplicar uma série de testes e exames para complementar o que foi relatado 
pelo paciente (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012).
A avaliação cinético-funcional pode ser dividida em algumas etapas: história 
do paciente, observação ou inspeção, palpação, exames e testes específicos, 
as quais serão detalhadas a seguir (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PREN-
TICE, 2012). 
História do paciente
Nessa etapa, o fisioterapeuta questionará o paciente sobre tudo que pode 
estar envolvido na lesão ou disfunção cinético-funcional: causa; mecanismo 
de lesão; como, onde e quando ocorreu; início dos sintomas; o que alivia os 
sintomas; o que foi feito apósa lesão; medicamentos; procedimentos cirúrgicos; 
comportamento dos sintomas; entre outras informações que podem ser úteis 
ao tratamento fisioterapêutico. Além disso, o fisioterapeuta deve questionar o 
paciente a respeito de doenças ou lesões, procedimentos cirúrgicos, traumas 
pregressos, visto que pode haver relação entre esses fatores e a disfunção atual 
(DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012).
A partir das respostas a essas questões, o fisioterapeuta terá condições de 
entender o comportamento dos sintomas do paciente, os mecanismos de lesão 
e quais são as avaliações/testes que ele deverá realizar nas etapas subsequentes 
a fim de obter sucesso com as condutas fisioterapêuticas que serão escolhidas 
(DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012).
Observação
Partindo das informações relatadas pelo paciente, o fisioterapeuta utilizará 
essa etapa da avaliação para observar o local da lesão ou disfunção cinético-
-funcional. Nesse momento, será possível identificar a presença de deformi-
dades, cicatrizes, hiperemia (vermelhidão), hemorragias, áreas edemaciadas, 
características do movimentos (muito lentos, muito rápidos), sinais de clau-
dicação, posturas antálgicas ou de proteção, expressões faciais relacionadas 
com os sintomas, evidente hipotrofia muscular, assimetrias, mau alinhamento 
postural, protusão ou protuberâncias articulares (luxações ou fraturas), entre 
muitos outros exemplos (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012).
Introdução à fisioterapia traumato-ortopédica funcional8
Palpação
Após a observação, o fisioterapeuta realizará a palpação dos tecidos moles e 
componentes ósseos que estiverem envolvidos na disfunção cinético-funcional. 
Nos tecidos moles, a palpação auxiliará na identificação de edema; caroço; espaço; 
tensão muscular anormal e variações de temperatura; local onde ligamento e 
tendões se romperam; variações na forma das estruturas e diferenças na rigidez 
e textura dos tecidos; distinções entre tecidos flexíveis e outros mais rígidos; 
contrações musculares ou tremores involuntários; secura ou umidade excessiva 
da pele; e sensações anormais na pele, como diminuição da sensação (disestesia), 
dormência (anestesia) ou aumento da sensação (hiperestesia). Já nos componentes 
ósseos, a palpação servirá para identificar espaço anormal na articulação, edema 
ósseo, articulações desalinhadas ou protuberâncias anormais associadas a uma 
articulação ou a algum osso (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012).
Exames e testes específicos
Essa etapa consiste na avaliação dos movimentos envolvidos na disfunção 
cinético-funcional, além da confirmação ou exclusão de algum diagnóstico 
que não tenha ficado claro durante as etapas anteriores. As avaliações que 
podem ser realizadas nessa etapa são as seguintes: amplitude de movimento 
(passiva, ativo-assistida e ativa por meio de goniômetro, inclinômetro digital, 
flexímetro); teste muscular (escala de força muscular de Kendall, dinamômetro 
isocinético, dinamômetro manual, eletromiografia); teste neurológico; testes de 
movimentos acessórios; testes de estabilidade articular; testes de desempenho 
funcional; testes ortopédicos especiais; exame postural; e medidas antropo-
métricas (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012).
Os exames de imagem e os exames laboratoriais, que alguns pacientes po-
derão levar à avaliação, deverão ser analisados pelo fisioterapeuta com o intuito 
de complementar a avaliação cinético-funcional e favorecer a compreensão a 
respeito das características clínicas do paciente (DUTTON, 2010; MAGEE, 
2010; PRENTICE, 2012). 
Com a realização de todas essas etapas, o fisioterapeuta entenderá as neces-
sidades do paciente e conseguirá determinar o diagnóstico cinético-funcional. 
De um modo geral, esse tipo de diagnóstico, diferentemente do diagnóstico 
clínico, identificará o que precisa ser corrigido, recuperado ou otimizado com 
o tratamento fisioterapêutico, como, por exemplo, fraqueza e encurtamento 
muscular, limitação de amplitude de movimento, dor, edema, parestesia, etc. 
(DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012). 
9Introdução à fisioterapia traumato-ortopédica funcional
A partir do diagnóstico cinético-funcional, o profissional terá condições 
de determinar os objetivos fisioterapêuticos e, por consequência, os recursos 
fisioterapêuticos que serão capazes de contemplar esses objetivos (DUTTON, 
2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012).
CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO). Resolução 
nº 260, de 11 de fevereiro de 2004. Reconhece a especialidade de fisioterapia traumato-
-ortopédica funcional e dá outras providências. Curitiba: COFFITO, 2004. Disponível 
em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3018#:~:text=RESOLU%C3%87%C3%83O%20
N%C2%BA.,Funcional%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso 
em: 11 ago. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO). Resolução 
n° 404, de 3 de agosto de 2011. Disciplina a especialidade profissional fisioterapia traumato-
-ortopédica e dá outras providências. Curitiba: COFFITO, 2011. Disponível em: https://
www.coffito.gov.br/nsite/?p=3167. Acesso em: 11 ago. 2020.
DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2010.
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: 
Manole, 2017.
MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. Barueri: Manole, 2010.
O´SULLIVAN, S. B.; SCHMITZ, T. J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 5. ed. Barueri: 
Manole, 2010.
PRENTICE, W. E. Fisioterapia na prática esportiva: uma abordagem baseada em compe-
tências. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
PRENTICE, W. E. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 
2014.
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