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Síndrome Dolorosa Cervical

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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA
Introdução
Síndrome dolorosa que acomete a região cervical
representando a segunda queixa de dor em adultos. Afeta cerca
de 50% dos indivíduos em a lgum momento da vida e a presenta
pre dileção pelo sexo feminino tendo maior prevalência em
indivíduos idosos, em portadores de transtornos de ansiedade e
nos trabalhadores braçais
Esta síndrome apresenta etiologia variada, desde
espasmos da musculatura cervical até tumores intramedulares,
sendo que a anamnese e o exame clínico completos são
essenciais para o seu diagnóstico.
Etiologia
Causas primárias
Mecânico-degenerativos
● Biomecânicas = alterações biomecânicas da unidade
funcional espinhal. Há substrato anatomopatológico
determinado para a dor (p. ex.: discopatias.
osteoartrite).
● Comum ou idiopática e distensões musculares =
caráter mecânico. sem irradiação ou com irradiações
atípicas e sem alterações anatomopatológicas
determinadas (p. ex.: torcicolos. síndromes miofasciais).
= Não altera exames de imagem = Tem pontos
miofasciais/de gatilho ou contraturas.
🦴Alterações da biomecânica na unidade funcional espinhal,
menor unidade de movimento vertebral que é formada por 1 par
de vértebras adjacentes, duas articulações sinoviais e o
complexo disco-ligamentar-muscular.
Alterações discais
● 70% das causas mecânicas.
● Disco tem função de absorver os impactos e as
pressões sofridas pela coluna. Com o seu mal
funcionamento, as pressões recebidas se deslocam
para outros pontos e estruturas não habilitadas,
ocasionando lesões permanentes, inflamação e dor.
● Englobam a desidratação discal, as fissuras e as
rupturas discais. A desidratação discal é causada pelas
alterações dos níveis de proteoglicanos e diminuição de
água no núcleo pulposo. As fissuras são lacerações
concêntricas do ânulo fibroso, e as rupturas,
lacerações radiais. Os abaulamentos e herniações são
alterações do contorno discais Se globais, são
chamadas de abaulamentos; se focais, de hérnias.
Alterações osteocartilaginosas e capsuloligamentares
● Acometem a face intervertebral ou platô vertebral, as
articulações zigoapofisárias e o complexo
capsuloligamentar vertebral. = Em geral, osteoartrite.
● Na osteoartrite ocorre a lesão cartilaginosa e de osso
subcondral. Em estágios mais avançados há a formação
de osteófitos, podendo haver distensão da cápsula
articular, sinovite ou derrame articular, formação de
cistos sinoviais e espessamento com pregueamento do
ligamento amarelo. = Podem levar à redução do canal
medular ou dos forames de conjugação e a
manifestações de estenose de canal vertebral ou a
radiculopatias.
🤔Osteoartrite e discopatias podem levar ao desalinhamento
vertebral, como consequência da degeneração ligamentar e
óssea. O deslizamento vertebral anterior é chamado de
espondilólise e pode vir acompanhado de espondilolistese
(fratura) da parsinterarticularis, ou seja, do istmo entre as
articulações interapofisárias que mantêm a estabilidade
vertebral no plano sagital.
Causas secundárias
Não mecânicas
● Inflamatórias = doença vertebral inflamatória de
origem sistêmica (ex. espondilite anquilosante, artrite
reumatoide)
● Infecciosas = espondilodiscite = pode migrar para as
vértebras e tecidos adjacentes por via linfática,
hematogênica ou por contiguidade.
● Neoplásicas = metástases nos corpos vertebrais,
principalmente de carcinomas de pulmão, mama,
próstata, rins, tireoide e cólon.
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↳ O mieloma e a leucemia também podem
envolver as vértebras = sintomas por
compressão neurológica ou por fraturas
patológicas.
↳ Tumores primários benignos mais comuns da
coluna são hemangiomas, cistos ósseos
aneurismáticos, osteomaosteoide,
osteoblastoma e osteocondroma.
↳ Os malignos são osteossarcoma,
condrossarcoma, sarcoma de Ewing, linfoma,
plasmicitoma e cordoma.
↳ Dentre os tumores intradurais
extramedulares cervicais, os mais comuns são
os meningeomas, neurinomas.
↳ Os ependimomas e astrocitomas respondem
pela maior incidência dos intramedulares
● Metabólicas ou relacionadas a doenças sistêmicas =
hiperparatireoidismo, ocronose e osteomalácia
Psicossomáticas ou psicogênicas e dores referidas
● Psicogênicas = a dor é percebida no córtex cerebral,
sem estar associada à alteração anatômica local ou
sistêmica (p. ex.: fibromialgia. transtornos conversivos.
depressão). = Caráter difuso, descrição imprecisa ou
punitiva e forte associação com desencadeantes
emocionais.
● Dores referidas = a lesão está em outros sítios que
não a coluna (p. ex. : pode ser uma dor referida
neurogênica de um infarto do miocárdio. dor
viscerogênica como em uma vasculite de carótidas ou
espasmo esofágico. e pode ser somática como em um
herpes-zóster).
Fisiopatologia
Complexa e pouco compreendida. Nas causas
mecânico-degenerativas e não mecânicas, seu desenvolvimento
ocorre primariamente por meio da instalação de forças anormais
sobre a coluna (alterações discais, alterações
osteocartilaginosas e alterações capsuloligamentares). Esta
biomecânica alterada gera novas lesões locais, que liberam
mediadores de inflamação, principalmente dos discos vertebrais.
Os mediadores então estimulam nociceptores, encontrados nas
articulações sinoviais, no núcleo fibroso do disco intervertebral,
nos ligamentos paravertebrais ou nos vasos e nervos protegidos
pela estrutura óssea da coluna.
Propedêutica
Anamnese = idade, sexo, raça, peso, ocupação, hábitos e vícios,
perfil psíquico e estado civil.
Caracterização da dor
● Aparição = quando e como surgiu
● Localização
● Irradiação
● Agravantes e atenuantes
● Intensidade
● Características
● Frequência
● Duração
● Sintomas associados
● Situação atual
📣 A dor de caráter mecânico, geralmente, é desencadeada
por atividades físicas e posturais. Isto é, ela melhora com o
repouso e piora com atividade física. Em contrapartida, a dor
inflamatória ou não mecânica pode aparecer ou piorar com o
repouso e melhorar com o movimento.
Pesquisa de sinais de alerta
● Febre/calafrios
● Possibilidade de causa grave subjacente = dor em < 18
anos e > 55 anos de idade, dor persistente ou
crescente, fraqueza em mais de um miótomo
● História de trauma violento
● Dor constante progressiva e noturna
● História de câncer
● Uso de corticosteroides sistêmicos
● Abuso de drogas
● Síndrome da imunodeficiência adquirida
● Perda de peso
● Doenças sistêmicas
● Restrição da mobilidade
● Deformidade estrutural
● Perda do controle dos esfíncteres. fraqueza
muscular/atrofia associada
● Rigidez matinal
● Envolvimento articular periférico
● História familiar de doença reumatológica
● Instabilidade da região
● Fraqueza muscular
● Perda progressiva de função
● Pensamento catastrófico e sintomas depressivos
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● Sugestão de compressão medular, neoplasia, infecção
ou inflamação, trauma ou lesão óssea grave,
insuficiência vascular
Pesquisa de sintomas neurológicos
● Irradiações típicas: indicando envolvimento de raízes
nervosas, como nas cervicobraquialgias;
● Irradiações atípicas: sem envolvimento neuronal.
🤔 Nas hérnias discais, a dor aparece no dia seguinte a um
esforço maior que gerou ruptura de fibras do anel fibroso do
disco intervertebral. A flexão da coluna é normalmente o
mecanismo de lesão e o movimento que desencadeia a dor, com
irradiação característica da raiz nervosa comprimida pelo disco.
🧓 A estenose de canal medular é uma patologia tipicamente
do idoso e tem como sintoma a claudicação neurogênica, que é a
presença de dor irradiada para membros (nem sempre típica) ao
esforço físico, normalmente acompanhada de fraqueza muscular
e necessidade de interrupção da caminhada, com melhora dos
sintomas após alguns minutos de repouso.
O exame físico deve incluir a inspeção e a palpação das
estruturas cervicais, especialmente das vísceras e dos músculos,
a percussão dos processos espinhosos, a movimentação passiva
e ativa do pescoço e a avaliação da dinâmicae da arquitetura da
região cervical em relação ao resto do corpo. O exame da
sensibilidade superficial e profunda, da motricidade voluntária,
automática, involuntária e reflexa, e a avaliação da coordenação
dos movimentos e das anormalidades neurovegetativas e
tróficas são fundamentais para aferir a ocorrência de
neuropatias.
Inspeção: avaliar atrofias musculares, se cabeça está fletida para
um dos lados, se há dificuldade de movimentação.
● Observar a deambulação, a presença ou ausência de
movimentos normais do pescoço.
● Avaliar a postura
● Sinais ou a presença de atrofia
● Inclinação ou rotação da cabeça
Palpação:
● Decúbito ventral = avaliar a sensibilidade dolorosa, a
pressão dos processos espinhosos e as facetas
articulares laterais.
● Sentada = avaliar a clavícula e verificar a presença de
costela cervical.
● Avaliar a consistência da massa muscular, sendo a nuca
um lugar muito bom para isso.
● Observar os gânglios da região cervical.
Testes:
● Manobra de Spurling
● Teste de distração de Apley
● Sinal de Lhermitte
● Sinal de Barre-lieou
● Teste de Adson
Alterações Neurológicas podem ser encontradas de acordo com
a raiz acometida:
Nível M. chave Reflexos Sensibilidade
C5 Flexores do
cotovelo
Bíceps Face lateral
do braço
C6 Extensores do
punho
Braquiorradi
al
1º
quirodáctilo
C7 Extensor do
cotovelo
Tríceps 3º
quirodáctilo
C8 Flexor profundo do
3º quirodáctilo
- 5º
quirodáctilo
T1 Adutor do 5º
quirodáctilo
- Face medial
do cotovelo
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Exames complementares
Solicitados quando algum sinal de alerta estiver
presente ou se não houver melhora clínica após 1 mês de dor.
Radiografia
● Posição ereta
● AP, perfil e oblíqua.
● Permitem a avaliação das estruturas ósseas =
alinhamento, presença de fraturas ósseas,
calcificações, formações de osteófitos ou
sindesmófitos, listeses e espondilolisteses.
● Ruim de ver partes moles e adjacentes
Tomografia computadorizada
● Avaliação de desarranjos discais, alterações
degenerativas facetárias e intervertebrais, canal
medular, recessos laterais e forames intervertebrais.
● Exame de escolha para avaliar a parte óssea como
fraturas.
● Avaliar sangramentos agudos
Ressonância magnética
● Escolha para demonstrar afecção espinhal oculta e
avaliar elementos neuronais e estruturas
paravertebrais, incluindo as partes moles.
Eletroneuromiografia
● Realizada quando ocorre dúvidas do acometimento
radicular e de sua causa.
Exames laboratoriais
● Importantes quando há sinais de alerta para que sejam
feitos os diagnósticos diferenciais.
● Hemograma, eletroforese de proteínas, provas de
atividade inflamatória (VHS e PCR) …
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Diagnósticos Diferenciais
Síndromes dolorosas miofasciais
● Traumatismos, anormalidades degenerativas e/ou
inflamatórias primárias da coluna cervical, atividades
ocupacionais, posturas anormais, estresses psíquicos,
ansiedade e depressão são as causas mais comuns.
● Esta síndrome pode acompanhar também outras
afecções como hérnias discais, traumatismos, tumores,
infecções regionais e ou sistêmicas.
Fibromialgia
● Dor nos mm suboccipitais, processos transversos de
C5-C7, borda superior do trapézio, m. supraespinhoso
e 2 cm abaixo do epicôndilo lateral do cotovelo.
Traumatismos
● Lesões por hiperflexão e hiperextensão, mesmo sem
fraturas, podem causar micro-hemorragias, edema,
estiramento e lacerações das estruturas do aparelho
locomotor, dor e espasmo muscular.
● Fraturas vertebrais, deslocamento das facetas
articulares, compressão e irritação de estruturas
nervosas.
● Traumatismos graves podem causar lesões
ligamentares e de cápsulas articulares, fraturas,
deslocamentos e subluxações vertebrais. A luxação e
ou a fratura cervical, também devem ser prontamente
tratadas. A imobilização da coluna com colar cervical, a
tração a estabilização e/ou a enxertia óssea podem ser
necessárias em tais casos.
Disfunções intervertebrais
● Degeneração do disco IV = idade avançada,
traumatismos = osteófitos, hérnias discais =
compressão da medula ou das raízes nervosas.
● Mecanicamente, as estenoses comprimem e tracionam
as raízes, fenômenos que são acentuados pelos
movimentos do pescoço. A compressão venosa gera
congestão e edema da raiz e do tecido perirradicular e
a compressão da artéria radicular causa isquemia
radicular. As modificações na posição do pescoço
influenciam os efeitos da estenose.
● A cervicalgia geralmente instala-se insidiosamente,
sem causa aparente. Raramente a instalação é súbita.
Está relacionada aos movimentos bruscos do pescoço,
longa permanência em posições forçadas, esforços
físicos ou traumatismos. Melhora com o repouso e
exacerba- se com o aumento da pressão liquórica ou
compressão dos processos espinhosos.
Frequentemente associa-se à contratura muscular e à
ocorrência de pontos-gatilho miofasciais.
● O comprometimento radicular causa anormalidades
sensitivas e motoras.
● As anormalidades sensitivas mais comuns residem
principalmente na irradiação da dor cervical para o
membro superior e/ou tórax. Frequentemente,
associa-se a parestesias nos mesmos territórios onde
há dor. Os fenômenos motores caracterizam-se por
paresias e anormalidades dos reflexos miotáticos.
● O diagnóstico diferencial da cervicobraquialgia envolve
outras afecções do esqueleto, a braquialgia da
periartrite do ombro, a síndrome da fossa
supraclavicular, a síndrome de Pancoast e a síndrome
do Túnel do Carpo.
● Em casos de cervicobraquialgias sintomáticas por
infecções e neoplasias, os exames de imagem
evidenciam as anormalidades.
● Em casos de síndromes da fossa supraclavicular,
predominam sintomas vasculares neurovegetativos
simpáticos (cianose, diaforese, alterações tróficas do
tegumento, anormalidades sensitivas e motoras nos
territórios das raízes CB e Tl).
Luxação pos-laminectomia
Tumores
● O tratamento é baseado na natureza da lesão e no seu
estadiamento. Consiste do uso de anti-inflamatórios
não hormonais (AINHS), opioides, psicotrópicos,
inibidores de reabsorção óssea, procedimentos e
medicina física, remoção das lesões, exérese e/ ou
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estabilização cirúrgica vertebral, radio, quimio e/ou
imunoterapia.
Doenças infecciosas
● Osteomielites
● Tuberculose
● ATBs, AINEs, antibióticos.
Endocrinopatias e matabolopatias
Processos inflamatórios
● Lúpus eritematoso, artrite reumatoide, espondilite
anquilosante e polimiosite causam quadros álgicos
devido ao comprometimento das articulações,
ligamentos, músculos e vísceras cervicais
Artrite reumatoide
● Acomete a articulação occipito-Cl e atlanto-occipital.
Dor cervical, às vezes referida nas têmporas e na
região retro-orbital, é expressão frequente do
acometimento vertebral. Anormalidades neurológicas
(paresia sensitivomotora dos membros superiores e/ou
inferiores, vertigem, nistagmo) são comuns em tais
casos.
Espondilite anquilosante
● É artropatia inflamatória que predomina no esqueleto
axial. Pode causar cervicalgia e rigidez de nuca matinal.
● A maioria dos doentes apresenta antígeno HLA-827,
dor e rigidez sacroilíaca. Imobilidade cervical e redução
da expansibilidade torácica são comuns.
● A hiperostose esquelética idiopática difusa ou a
hiperostose anquilosante (doença de Forestier) são
diagnósticos diferenciais mais comuns. O tratamento
consiste do emprego de AINHS e de procedimentos
fisiátricos.
Polimiosite e dermatomiosite
● São afecções inflamatórias dos músculos esqueléticos
com etiologia desconhecida.
● Caracterizam-se como fraqueza dos músculos
proximais dos membros, incluindo os da cintura pélvica
e escapular, membros inferiores e superiores e
pescoço, nesta sequência. Associam-se a disfonia,
disartria, disfagia, artralgias, exantemas, doenças
malignas e outras artropatias.
● O EMG é anormal e as enzimas musculares
circulantes (CPK, transaminases, LDH, aldolase) são
elevadas.
Neuropatias
Acidente Vascular Encefálicoe Medular
● Podem causar comprometimento muscular secundário
= dor cervical
Neuralgias
● Glossofaríngeo, trigêmio, laríngeo superior e occipital
= dor facial atípica.
● Dor em choque, sendo sediada no território dos nervos
acometidos.
● Hiperestasia, hiperpatia e zonas de gatilhos são
achados habituais nestes casos.
● Neuralgia do glossofaríngeo= dor lancinante de curta
duração e em choque na região lateral rostral do
pescoço, faringe e/ou orelha.
● Neuralgia do nervo laríngeo superior = dor na laringe,
epiglote e base da língua.
● Neuralgia da terceira divisão do trigêmeo = dor que se
irradia na região lateral superior do pescoço.
● Dor facial atípica = manifesta-se na face, crânio e
frequentemente na região cervical como dor em peso,
queimor ou latejamento.
● O tratamento das neuralgias paroxísticas consiste no
uso de anticonvulsivantes e o da dor facial atípica
consiste do uso de antidepressivos, fenotiazinas e em
procedimentos de medicina física. Em casos rebeldes,
descompressões nervosas, rizotomias e tratotomias
podem ser necessárias.
Síndrome do Processo Estilóide ou de
Eagle
Dor na fossa tonsilar, referida na orelha e disfagia.
Diagnosticada pela palpação da fossa tonsilar e pela radiografia,
TC e RM da base do crânio. AINHS, opióides psicotrópicos,
procedimentos fisiátricos e/ou remoção cirúrgica do processo
estilóide geralmente aliviam os sintomas.
Dor Visceral Cervical
Decorrente do comprometimento tireoidiano,
esofágico, laríngeo e/ou traqueal por processos inflamatórios,
tumorais e/ou infecciosos.
Traumatismo
Fraturas, subluxações = submetem a medula espinal ao
risco de compressão.
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Acidentes automobilísticos, crimes violentos ou quedas
são responsáveis por 87% das lesões de medula espinal cervical.
A imobilização imediata do pescoço é essencial para minimizar
qualquer lesão adicional da medula espinal em consequência do
movimento de segmentos instáveis da coluna cervical.
A TC é o procedimento diagnóstico de escolha para a
detecção de fraturas agudas após trauma grave. Radiografias
simples podem ser usadas para graus menores de traumatismo.
Quando se suspeita de lesão traumática das artérias vertebrais
ou da medula espinal cervical, a visualização por RM com
angiorressonância é preferida.
A lesão em chicote é causada por rápida flexão e
extensão do pescoço, geralmente em acidentes automobilísticos.
O mecanismo exato para a lesão não é conhecido.
As lesões cervicais são classificadas de acordo com os sinais e
sintomas associados :
● Grau 1 – Queixa apenas de dor ou rigidez no pescoço;
sem sinais físicos
● Grau 2 – Queixa de dor ou rigidez no pescoço com
sinais musculoesqueléticos associados (por exemplo,
diminuição da amplitude de movimento, sensibilidade
pontual)
● Grau 3 – Queixa de dor ou rigidez no pescoço com
sinais neurológicos associados (por exemplo, reflexos
tendinosos profundos diminuídos ou ausentes, fraqueza,
déficits sensoriais)
● Grau 4 – Queixa de dor ou rigidez no pescoço com
fratura ou luxação associada
Doença discal
A doença degenerativa de disco cervical é muito comum
e costuma ser assintomática.
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Causa comum de dor ou formigamento no pescoço, no
ombro, no braço e na mão. Dor no pescoço, rigidez e limitação da
amplitude dos movimentos pela dor são as manifestações
habituais. A extensão e a rotação lateral do pescoço estreitam
o forame intervertebral ipsilateral e podem reproduzir os
sintomas radiculares (sinal de Spurling). Em jovens adultos, a
compressão aguda de raízes nervosas por um disco cervical roto
frequentemente decorre de traumatismo. Em geral, as hérnias
discais cervicais são posterolaterais, próximo ao recesso lateral.
Espondilose Cervical
A osteoartrite da coluna cervical pode provocar dor no
pescoço que se irradia para a nuca, os ombros ou os braços, ou
pode ser a origem de cefaleias na região occipital posterior
(suprida pelas raízes nervosas C2-C4). Osteófitos, protrusões
discais ou hipertrofia das articulações facetárias ou
uncovertebrais podem, isoladamente ou em conjunto, comprimir
uma ou várias raízes nervosas nos forames intervertebrais. As
raízes mais acometidas são C6 e C7.
O estreitamento do canal vertebral por osteófitos, a
ossificação do ligamento longitudinal posterior (OLLP) ou um
grande disco central podem comprimir a medula espinal cervical
e produzir sinais de mielopatia isolada ou de radiculopatia com
mielopatia (mielorradiculopatia).
Quando há pouca ou nenhuma dor cervical no
envolvimento da medula cervical, outros diagnósticos a serem
considerados incluem esclerose lateral amiotrófica, esclerose
múltipla, tumores da medula espinal ou siringomielia.
A mielopatia espondilótica cervical deve ser
considerada mesmo quando o paciente apresenta apenas sinais
da medula espinal ou sintomas nas pernas.
Tratamento
Dividido de acordo se a causa é primária ou secundária.
● Primária = sintomáticos
● Secundária = de acordo com a comorbidade
Causas primárias
- Visa o alívio da dor.
Farmacológico inicial
● Analgésicos não opioides
↳ Paracetamol 500mg, 4 a 6x no dia
↳ Dipirona 500mg/1g/40 gotas até 4x no dia
↳ Clonixinato de lisina 125mg 3/4x no dia
↳ AAS 500mg a 1g, 4 a 6x no dia, máximo de
4g/dia
↳ Flupirtina 100mg, 3 a 4x/dia
● Analgésicos opióides
↳ Codeína 30-60mg, 4 a 6x/dia
↳ Tramadol 50-100mg/dose, 4 a 6x/dia, máximo
de 400mg
↳ Oxicodona 10 a 40mg/dose 2x/dia
↳ Morfina 10-30mg/dose, até 6x/dia
● AINES
↳ Pode ser inibidor seletivo da Cox-2 ou não.
● Relaxantes musculares
↳ Carisoprodol 150mg 3-4x/dia
↳ Ciclobenzaprina 5mg 3-4x/doa, máximo de
40mg/dia
↳ Baclofeno 5mg 3x/dia, máximo de 80mg/dia
↳ Tizanidina 2-4 mg/dose 3x/dia, máximo
36mg/dia
As revisões da literatura em cervicalgia pura não demonstram
claramente a efetividade dos AINHS, relaxantes musculares, no
alívio da dor. Injeções de lidocaína intramuscular (em
pontos-gatilho miofasciais) e metilprednisolona sistêmica até 8
horas do trauma na síndrome deWhiplash são tratamentos com
boas evidências de efetividade.
Se o repouso alivia a dor, orientá-lo nos primeiros 3 dias.
A volta à atividade habitual sempre deve ser estimulada.
Fisioterapia com alongamento da musculatura paravertebral
e fortalecimento de musculatura abdominal ou cervical deve ser
iniciada após fase aguda, pois previne recorrências.
Tração, injeções facetárias ou peridurais, e estimulação nervosa
elétrica transcutânea, devem ser consideradas após falha dos
medicamentos orais.
O bloqueio facetário cervical, com a utilização da técnica do
ramo medial, é útil no diagnóstico e tratamento de condições
dolorosas que envolvam traumatismo, artrite ou inflamação das
articulações facetárias cervicais.
A rizotomia cervical está indicada quando o quadro álgico
melhora temporariamente com o bloqueio. A lesão por
radiofrequência (RF) cervical é amplamente focada na coluna
posterior cuja inervação é representada pelos ramos mediais dos
ramos cervicais dorsais. O tratamento com radiofrequência é
aplicado através de agulhas cujas pontas ativas são deixadas sem
isolamento. A ponta ativa varia de comprimento: entre 2 mm e
15 mm. Existem dois importantes eventos que ocorrem na ponta
do eletrodo: a formação de calor e a exposição do tecido a um
campo elétrico.
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Contraindicações Absolutas
● Infecção bacteriana: sistêmica ou localizada na região
da punção.
● Possível gravidez.
● Distúrbios de coagulação: devido à doença
hematológica ou uso de anticoagulantes.
Relativas
● Alergia a meios de contraste: pode exigir preparo com
corticosteroide e antagonistas Hl e H2.
● Alergia a anestésicos locais: pode exigir a pesquisa de
uma classe de anestésico para a qual o paciente não
apresenta hipersensibilidade.
● Necessidade de tratamento contínuo com
antiagregantes plaquetários.
Cervicalgia crônica comum
● Exercícios físicos reduzem a dor e melhoram a função
da coluna.
● Antidepressivossão úteis para 1/3 dos pacientes com
dor cervical crônica, principalmente naqueles
associados a alterações psicológicas e com depressão.
● Opióides são mais efetivos que anti-inflamatórios no
alívio sintomático, porém sem ganhos funcionais.
● Terapias alternativas (massagem e acupuntura) para
alívio das dores crônicas apresentam pouca evidência
de benefício.
Hérnias de disco
● Pacientes com sintomas de dor com irradiação típica e
na ausência de déficit neurológico progressivo devem
ser tratados de forma conservadora por pelo menos 6
semanas.
● Farmacológico
↳ Analgésicos e AINES
↳ Corticosteróides
↳ Relaxantes musculares
↳ Opióides
↳ Infiltração peridural com corticoesteroides,
anestésicos e opióides após falha no tto
conservador.
Causas secundárias
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