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Dor na mulher

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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA
As queixas ginecológicas são comuns no departamento de
emergência.
● Anamnese detalhada + exame ginecológico
● Corrimento vaginal (cor, odor, tempo de evolução,
consistência)? Prurido? Irritação? Ardor?
Sangramento? Disúria? Dispareunia?
● Relações sexuais + nº de parceiros + contraceptivos
● Exame = observar edema ou eritema vulvar, corrimento
vaginal, inflamação cervical e sensibilidade à palpação
abdominal e mobilização cervical.
● Exame das secreções e avaliação de pH.
● Sempre solicitar 𝛃-hcg
● USG pode ser muito útil.
Paciente na menacme, com dor súbita e instável
hemodinamicamente = gravidez ectópica até que se prove o
contrário.
Dor crônica = endometriose, miomas volumosos…
Vaginose Bacteriana
Fatores de risco:
● Parceria sexual múltipla.
● Intercurso vaginal após intercurso anal.
● Uso de duchas vaginais.
● Tabagismo.
● Obesidade.
Infecção polimicrobiana = lactobacilos produtores de peróxido de
hidrogênio são substituídos por outras espécies = Gardnerella
vaginalis, Mobiluncus sp., Prevotella sp., Ureaplasma
urealyticum, Mycoplasma e vários anaeróbios.
⚠ Mulheres sem atividade sexual comumente não são
afetadas.
Apresentação clínica
● Corrimento vaginal acinzentado, com bolhas finas, e
com odor de peixe = análise pode ajudar no diagnóstico
apresentando na microscopia as chamadas “clue cells”.
● Resultados positivos no teste de liberação de amina
(teste de odor com 1 gota de hidróxido de potássio –
KOH – a 10%).
● pH vaginal > 4,5.
⚠ Não é diagnosticada com base em colpocitologia nem na
cultura de secreção.
Tratamento:
● Metronidazol 500 mg, via oral, duas vezes ao dia por 7
dias.
● Secnidazol ou tinidazol 2 g, via oral, em dose única.
● Clindamicina 300 mg, via oral, duas vezes por dia por 7
dias.
● Clindamicina creme 2% ou gel, via vaginal, por 7 noites
consecutivas.
● Metronidazol gel 0,75%, via vaginal, por 5 noites
consecutivas.
⚠Não precisa tratar parceiro
Candidíase
- Segunda causa mais comum de vaginite infecciosa.
- A Cândida faz parte da flora vaginal normal; é a sua
proliferação excessiva (relacionada a alguma disbiose)
que causa redução do pH vaginal e sintomas.
- Em crianças com candidíase, deve-se investigar
diabetes mellitus – sobretudo quando recorrente.
- A incidência da candidíase diminui após a menopausa,
pelo hipoestrogenismo.
Fatores de risco:
● Gravidez
● Uso de ACO
● Diabetes mellitus descontrolado
● Imunossupressão
● Uso recente de antimicrobianos
● Uso de roupas íntimas abafadas
Sintomas:
● Leucorreia
● Prurido vaginal intendo
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● Disúria
● Dispareunia
● Corrimento vaginal branco e abundante = aspecto de
coalhada
Exame ginecológico pode revelar eritema e edema vulvar,
eritema vaginal e secreção vaginal abundante.
Pct sintomática + exame físico sugestivo = tto empírico.
Tratamento:
● Fluconazol 150 mg, um comprimido via oral em dose
única.
● Clotrimazol 2% creme, um aplicador intravaginal ao
dormir por 3 dias.
● Miconazol 2% creme, um aplicador intravaginal ao
dormir por 7 dias
⚠ Em casos recorrentes (4+/ano) = terapia mais longa = dose
semanal de 150 mg de fluconazol por 6 meses. Se cândida
resistente à fluconazol, usa o ácido bórico 600mg, via vaginal,
por 14 dias.
Tricomoníase
Infecção parasitária pelo Trichomonas vaginalis, que
pode produzir inflamação local quando o organismo se liga à
mucosa vaginal. Cerca de 50% das mulheres são
assintomáticas. Mulheres sintomáticas apresentam descarga
vaginal amarelo-esverdeada espumosa e com mau cheiro,
prurido e irritação.
Diagnóstico:
● Exame microscópico da secreção vaginal e visualização
de protozoários móveis.
Tratamento:
● Metronidazol 2g, via oral, em dose única
● Tinidazol 2 g, via oral, em dose única.
● Metronidazol 5 g creme, 1 aplicador intravaginal à noite
por 7 dias.
● Regime alternativo: metronidazol 500 mg, via oral,
duas vezes ao dia por 7 dias
⚠ Pcts que não respondem à dose única = tto de 7 dias.
Obs: abster-se de relação durante tto e tto de parceiro
aconselhável após avaliação clínica.
Herpes
Transmitida pelo contato sexual (inclusive orogenital),
com período de incubação de 3 a 14 dias. Em geral, é causada
pelo herpes simples vírus (HSV) tipo 2, embora também haja
casos de infecção pelo HSV tipo 1.
Apresentação clínica é variada.
● Fase prodrômica = aumento de sensibilidade,
formigamento, mialgia, ardência e/ou prurido
antecedem o aparecimento das lesões, que se localizam
principalmente nos pequenos lábios, clitóris, grandes
lábios, fúrcula e colo do útero.
● Lesões iniciais =pápulas eritematosas de 2 a 3 mm,
seguindo-se de vesículas agrupadas com conteúdo
citrino, que se rompem originando úlceras rasas,
posteriormente recobertas por crostas
sero-hemáticas.
● Adenopatia inguinal dolorosa bilateral pode ocorrer em
50% dos casos.
● Podem ocorrer sintomas gerais, como febre e
mal-estar.
● Ao final da infecção, mesmo que assintomática, o HSV
ascende pelos nervos periféricos sensoriais e penetra
nos núcleos das células ganglionares, permanecendo
em estado de latência.
● A recorrência das lesões pode estar associada a
episódios de febre, exposição à radiação ultravioleta,
traumatismos, menstruação, estresse físico ou
emocional, antibioticoterapia prolongada e
imunodeficiência. O quadro clínico das recorrências é
menos intenso que o da primoinfecção, e é precedido de
pródromos característicos, como aumento de
sensibilidade no local, prurido, “queimação”, mialgias e
“fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital.
Diagnóstico = na maioria das vezes pode ser realizado apenas
com a inspeção. Os procedimentos complementares que podem
ser realizados incluem a realização de RT-PCR. A utilização da
coloração de Papanicolaou permite a observação de inclusões
virais. O isolamento do vírus em cultura de tecido é a
técnica mais específica para detecção da infecção herpética.
Tratamento primeiro episódio:
● Aciclovir 400 mg, via oral, 8/8 horas, por 7 a 10 dias.
● Aciclovir 200 mg, via oral, 4/4 horas (5 vezes por dia),
por 7 a 10 dias.
● Valaciclovir 1 g, via oral, 12/12 horas, por 7 a 10 dias.
● Fanciclovir 250 mg, via oral, 8/8 horas, por 7 a 10
dias.
Nas recorrências = tratamento deve ser iniciado tão logo surjam
pródromos:
● Aciclovir 400 mg, via oral, 8/8 horas, por 5 dias.
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● Valaciclovir 500 mg, via oral, 12/12 horas, por 5 dias.
● Fanciclovir 125 mg, via oral, 12/12 horas, por 5 dias
Vulvovaginite de contato
Exposição do epitélio vulvar e mucosa vaginal a
irritante químico primário ou alérgeno, como duchas perfumadas,
sabonetes, banhos de espuma e desodorantes, absorventes e
produtos de higiene íntima, antibióticos vaginais tópicos e roupas
apertadas.
Os pacientes relatam edema e prurido local ou
sensação de queimação. Os achados do exame físico variam
desde eritema e edema local até escoriação, ulceração e
infecção secundária.
A remoção do fator precipitante é a melhor estratégia
para evitar novas crises.
Terapia com corticosteroides tópicos, como o acetato
de hidrocortisona (0,5-2,5%) ou triancinolona (0,025%),
aplicados duas ou três vezes ao dia, fornecem tratamento
sintomático.
Vaginite atrófica
A atrofia vaginal secundária ao hipoestrogenismo,
presente em até 60% das mulheres após a menopausa, pode
resultar em vaginite atrófica.
Os sintomas incluem secura vaginal, dor, prurido,
dispareunia e manchas ou secreções ocasionais. A descarga é
fina e amarelada ou rosada.
Tratamento consiste em uso vulvar e vaginal de creme
tópico de estrogênio. Mais recentemente, o laser tem sido
incluído no arsenal terapêutico.
Cisto de Bartholin e abscesso
Os abscessos da glândula de Bartholin tendem a ser
polimicrobianos, embora N. gonorrhoeae e C. trachomatis
tenham sido implicados. São caracterizados por uma massa no
introito vaginal, que se desenvolve ao longo de vários dias. Dor,
induração e flutuação geralmente estão presentes. Sintomassistêmicos como febre e calafrios são raros.
A incisão e a drenagem de um abscesso são geralmente
necessárias e costumam ser suficientes para o tratamento. O
uso de antimicrobianos após a drenagem está indicado em casos
de celulite adjacente ou acometimento sistêmico.
Corpos estranhos vaginais
Deve-se considerar um corpo estranho vaginal em
pacientes com descarga vaginal crônica. Objetos removidos
incluem tampões e papel higiênico, pacotes de drogas ilegais,
restos de preservativos e vários outros itens.
Crianças pré-púberes que apresentam corrimentos
vaginais, especialmente se forem sanguinolentos ou marrons,
devem ser avaliadas para um corpo estranho vaginal. A descarga
associada a um corpo estranho ocorre e costuma ser mal
cheirosa.
Irrigação vaginal com soro fisiológico a 0,9% pode ser
tentada para visualizar e remover um corpo estranho em
crianças cooperativas acima de 7 anos de idade. A vaginoscopia
sob sedação em sala de cirurgia pode ser necessária em crianças
mais novas ou pouco colaborativas.
Trauma vulvar
O trauma vulvar não obstrutivo é incomum; no entanto,
está associado a consequências físicas e psicológicas
significativas. Os pacientes podem apresentar escoriações,
lacerações, hematomas, queimaduras e feridas por mordida.
Dependendo da situação, consulta ginecológica e exame sob
anestesia podem ser necessários.
Devem-se avaliar pacientes com trauma vulvar para
lesões vaginais, uretrais, anais e ósseas associadas e tratar
adequadamente.
DIP Aguda
Sua forma de aquisição é, em geral, vaginal, por
ascensão de microrganismos.
A DIPA é a infecção grave mais comum em mulheres
sexualmente ativas com idade entre 16 e 25 anos.
O espectro da DIPA inclui salpingite, endometrite,
miometrite, parametrite, ooforite e abscesso tubo ovariano e
pode se estender para produzir periapendicite, peritonite pélvica
e peri-hepatites (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis). Sequelas em
longo prazo incluem infertilidade, gravidez ectópica e dor
crônica, podendo afetar 11% das mulheres em idade reprodutiva.
A causa mais comum de morte é a ruptura de um
abscesso tubo-ovariano.
Etiologia
● Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis são
os organismos mais comumente identificados.
● A maioria das pacientes apresenta infecção
polimicrobiana.
● Alguns quadros infecciosos são associados a quebra da
barreira endocervical e maior risco de ocorrer DIPA
Fatores de risco:
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● Múltiplos parceiros sexuais (4 ou mais parceiros em 6
meses): aumento de 3 a 4 vezes no risco
● História de infecção sexualmente transmissível ou
doença inflamatória pélvica (cerca de 1/3 dos homens
com IST são assintomáticos, o que aumenta risco de
transmissão)
● História de abuso sexual
● DIPA prévia (25% de risco de recorrência)
● Duchas vaginais frequentes
● Inserção do dispositivo intrauterino nos últimos 30
dias, na vigência de vaginite ou cervicite não tratada
● Idade entre 15 e 25 anos de idade
● Situação socioeconômica ruim
Manifestações clínicas
● Número significativo de mulheres assintomáticos ou
oligossintomáticas
● Dor abdominal baixa, descrita como bilateral e
persistente, mas de caráter variável.
● Dor exacerbada pela mobilização ou pela atividade
sexual.
● Descarga vaginal anormal
● Sangramento vaginal e pós-coito
● Sintomas miccionais irritativos
● Febre
● Mal-estar, náuseas e vômitos
● Sintomas no início do ciclo menstrual ou final da
menstruação
● Hipersensibilidade em região abdominal inferior e
sensibilidade ao toque do colo do útero.
● Rigidez de parede abdominal involuntária e
descompressão brusca positiva podem estar presentes
e indicam peritonite associada, mas são relativamente
raras
● A hipersensibilidade do quadrante superior direito do
abdome, particularmente com icterícia, pode indicar
inflamação peri-hepática (síndrome de
Fitz-Hugh-Curtis).
Complicações:
● Abscesso tubo-ovariano
● Aderências em tubas
● Gestação ectópica
● Infertilidade
● Dor pélvica crônica
● Distúrbios menstruais
● Dispareunia crônica
Diagnóstico:
● História + achados clínicos + exame ginecológico
completo. = Observar fatores de risco.
● Exames úteis incluem microscopia da secreção vaginal,
pesquisa para C. trachomatis e N. gonorrhoeae (PCR)
e sorologias para HIV e sífilis
● Contagem elevada de leucócitos, aumento de
velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína
C-reativa (PCR) aumentam a suspeita diagnóstica.
● Os exames de ultrassonografia pélvica transvaginal são
indicados se a paciente não apresentar melhora clínica
ou laboratorial após 48 a 72 horas de tratamento
antibiótico ou antes, se houver suspeita de abscesso
tubo-ovariano ou outros critérios de gravidade. Os
achados ultrassonográficos incluem:
○ Espessamento das tubas uterinas (> 5 mm)
com estas cheias de fluido ou líquido livre em
pelve.
○ Massas anexiais complexas (abscessos
pélvicos ou tubo-ovarianos).
○ Confirma ou diagnostica DD, como gestação
ectópica, torção ovariana, cisto ovariano
hemorrágico, apendicite, endometriose.
● TC para afastar apendicite ou outros diagnósticos
cirúrgicos. Os achados da TC na DIPA incluem o
obscurecimento dos planos fasciais pélvicos, cervicite,
ooforite, salpingite, espessamento dos ligamentos
uterossacros e a presença de coleções de líquido
pélvico ou abscesso.
● RM é mais específica e precisa do que a
ultrassonografia para avaliar a DIPA, com sensibilidade
de 95% e uma especificidade de 89%. No entanto, na
maioria dos casos, a ultrassonografia é suficientemente
elucidativa, sem necessidade de ressonância magnética.
A abordagem cirúrgica pode ser indicada em pacientes
com falha terapêutica, especialmente em casos em que
a drenagem guiada por radiologia intervencionista não
for possível.
⚠ Para o diagnóstico de DIPA são necessários 3 critérios
maiores e 1 menor ou 1 critério elaborado.
● Maiores: dor à palpação anexial, dor à mobilização do
colo uterino, dor pélvica/hipogástrica.
● Menores: febre, secreção genital purulenta, massa
pélvica, leucocitose, elevação de PCR ou VHS,
documentação da infecção por Chlamydia ou Neisseria.
● Elaborados: evidência histológica de endometrite,
exame de imagem mostrando abscesso tubo-ovariano,
documentação laparoscópica (ou laparotômica) de
MIPA.
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Tratamento:
● Analgesia, controle de êmese e febre, reposição
volêmica = AINEs são úteis.
● Antibióticos de amplo espectro:
○ Doxiciclina VO + ceftriaxona IV 2g, por 14
dias
○ Azitromicina 1g, VO, 1x/semana, por 2
semanas.
● Indicações para internação:
○ Ausência de resposta a medicação oral.
○ Inabilidade de tomar medicações orais.
○ Pacientes gravemente doentes (febre alta,
náuseas e vômitos, hipotensão, dor abdominal
de difícil controle).
○ Suspeita de condições com indicação de
intervenção cirúrgica (p. ex., abscesso
tubo-ovariano ou impossibilidade de
diagnóstico diferencial com apendicite).
● Abscesso tubo-ovariano = terapia oral deve continuar
com clindamicina 600mg VO, 4x/dia ou metronidazol +
doxiciclina por 14 dias.
Sangramento Vaginal
Anamnese:
● Detalhes do episódio atual de sangramento, como
intensidade e relação com ciclo menstrual.
● Características do ciclo menstrual normal.
● Sintomatologia associada, incluindo dor pélvica.
● Data da última menstruação e método contraceptivo
em uso.
● Comorbidades e medicações em uso.
● História reprodutiva, sexual e obstétrica.
Exame físico:
● Estado geral, sinais vitais e de má perfusão.
● Procurar sinais de sangramento (petéquias, púrpura,
hematomas...) em outros locais e outras doenças como
coagulopatias e hipertireoidismo e hipotireoidismo.
● Propedêutica abdominal: inspeção estática e dinâmica,
ausculta, palpação e percussão.
● Inspecionar períneo, vulva, uretra e região anal
(procurar outros possíveis sítios de sangramento).
● Exame físico dirigido com toque bimanual e exame
especular, se possível.
● Avaliar tamanho uterino e perviedade de orifício
cervical.
Causas estruturais:● Pólipos
● Adenomiose
● Leiomioma de útero
● Infecções pélvicas
● Carcinoma de colo de útero
● Carcinoma de endométrio
● Hiperplasia endometrial
Causas não estruturais:
● Coagulopatias
● Disfunção ovulatória
● Uso de hormônios exógenos e medicações que
interfiram na hemostasia
● Alterações de mecanismos intrínsecos de hemostasia
do endométrio
Exames complementares:
● β-HCG para confirmar ou descartar gravidez
● Hemograma = anemia e plaquetopenia
● Estudos de coagulação
● TSH, prolactina = raramente pedidos na emergência
● USG = útil em dor pélvica associada
● TC = caso de dor aguda abdominal
Tratamento:
● Reposição volêmica com cristaloides, se depleção
intravascular.
● Transfusão de sangue, se anemia grave.
● Correção de coagulopatias subjacentes.
● Em pacientes com hemorragia grave, o uso de ácido
tranexâmico (antifibrinolítico) associado a
antiinflamatório não esteroidal (principalmente se dor
associada) é o tratamento de escolha, com observação
no pronto-socorro. O tratamento de manutenção pode
ser feito com métodos hormonais.
● Em mulheres com histórico de doença cardiovascular,
cerebrovascular ou tromboembolismo venoso, a terapia
com altas doses de estrogênio é contraindicada.
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● O ácido tranexâmico é utilizado na dose de 500 mg
VO ou IV a cada 6-8 horas.
● Os AINEs mais utilizados são cetoprofeno 100 mg, via
oral ou intravenosa, a cada 12 horas; e naproxeno 500
mg, via oral, a cada 12 horas. Não se recomenda o uso
por período maior do que 5 a 7 dias pelo risco de lesão
renal ou gástrica.
● Pacientes com fatores de risco para câncer de
endométrio ou acima de 45 anos de idade devem ser
encaminhadas para avaliação quanto a possível
amostragem histológica endometrial. Fatores de risco
para câncer de endométrio incluem obesidade,
nuliparidade, história de anovulação, uso de tamoxifeno,
infertilidade e história familiar de câncer endometrial
ou de cólon.
Violência Sexual
Cerca de metade dos sobreviventes de agressões têm
traumatismo genital ou retal ao exame, e cerca de dois terços
têm alguma evidência de hematomas em outros locais.
O cuidado com a vítima de agressão sexual é complexo
e pode demandar muito tempo. Deve-se obter a história médica
e forense, realizar e documentar os resultados do exame médico,
coleta de exames, conforme necessidade, proteger contra
infecções sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada,
tratar lesões e outros problemas agudo, notificar e encaminhar
para acompanhamento médico e psicológico.
As mulheres frequentemente apresentam-se ao DE
com outras queixas principais ou relatam histórias
inconsistentes, por receio de não serem compreendidas ou pelo
medo de retaliações. No Brasil, as vítimas de abuso sexual
devem realizar boletim de ocorrência e ser avaliadas pelo
Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito. É
importante lembrar que a assistência médica é independente da
atuação policial e pericial, isto é, não se deve obrigar a paciente a
prestar queixa para conseguir cuidados assistenciais.
A entrevista médica deve ser iniciada com as
apresentações adequadas, tentando demonstrar empatia,
lamentando a agressão e assegurando a paciente de que as
necessidades médicas e psicológicas sejam oferecidas.. Uma
história médica completa e uma descrição geral do episódio são
necessárias, além de inquirir a paciente sobre ferimentos. O
atendimento médico de vítimas de agressão sexual após 72 horas
ou mais do evento torna improvável encontrar provas da
agressão. O prontuário médico pode ser utilizado
posteriormente para obtenção de provas. O exame físico deve
avaliar cuidadosamente áreas potenciais de lesões, como a
cavidade oral, sinais de estrangulamento no pescoço, seios,
coxas e nádegas. Durante todo o exame, deve-se manter o
corpo da paciente coberto o máximo possível, expondo
cautelosamente apenas a área que esteja sendo examinada.
Secreções vaginais podem ser coletadas com swab para
pesquisa de material genético do agressor. O corante de
toluidina aplicado na vulva pode ser usado para avaliar
microtraumas. A colposcopia pode detectar lesões não visíveis a
olho nu.
Se houver suspeita do uso de drogas e entorpecentes
para facilitar a agressão, exames toxicológicos devem ser
realizados. Exames para sífilis, hepatite B e C e o vírus da
imunodeficiência humana (HIV) devem ser realizados. A
sorologia para HIV deve ser repetida em 6 semanas, 3 meses e
6 meses.
Anticoncepção de emergência
● Administrar o mais rapidamente possível, idealmente
até 72 horas e, no máximo, até 5 dias da exposição.
● Levonorgestrel 0,75 mg 12/12 horas por 1 dia ou 2
comprimidos de 0,75 mg em dose única.
● Método de Yuzpe: etinilestradiol 0,2 mg e
levonorgestrel 1 mg em duas doses com intervalo de 12
horas. Existem anticoncepcional hormonal combinado
oral (AHCO) com 0,05 mg de etinilestradiol e 0,25 mg
de levonorgestrel por comprimido. Nesse caso,
utilizam-se 2 comprimidos a cada 12 horas.
● Inserção de dispositivo intrauterino (DIU) de cobre.
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Profilaxia hepatite B:
● Vacina
● Dose única de IGHAHB, 0,06 mL/kg, IM, dose única,
em extremidade diferente da vacina e se a dose da
vacina ultrapassar 5 mL deve-se dividir a aplicação em
duas áreas corporais diferentes.
● A IGHAHB pode ser administrada até, no máximo, 14
dias após a violência sexual, embora se recomende o
uso nas primeiras 48 horas. Não deverão receber a
imunoprofilaxia para hepatite B casos de violência
sexual em que o indivíduo apresente exposição crônica e
repetida com mesmo agressor, situação frequente em
casos de violência sexual intrafamiliar.
● Não deverão receber a imunoprofilaxia para hepatite B
os indivíduos cujo agressor seja sabidamente vacinado
ou quando ocorrer uso de preservativo, masculino ou
feminino, durante o crime sexual.
● Deve ser considerada vacinação contra hepatite B
para os não vacinados previamente.
Profilaxia para HIV
● Quando ocorre penetração vaginal ou anal, associada
ou não a coito oral.
● Tenofovir (TDF), lamivudina (3TC) e dolutegravir
(DTG)
● Iniciar até 72h pós-violência. = Uso por 28 dias.
Vaginismo
Disfunção sexual na mulher que ocasiona dor na penetração
vaginal. Pode influenciar na saúde física e mental resultando em
dificuldades pessoais e interpessoais e até conjugais, levando a
diminuição da qualidade de vida.
Trata-se de uma contração involuntária dos músculos do
assoalho pélvico quando se tenta a penetração vaginal, por
exemplo, com o pênis, dedo, tampão ou espéculo. A contração
ocorre nos músculos do períneo, chegando a envolver o ânus e
em alguns casos também a parte interna dos músculos da coxa e
barriga. Sua intensidade pode variar de ligeira, tolerando algum
tipo de penetração, a grave, impossibilitando qualquer
penetração.
Tipos
O vaginismo pode ser primário ou secundário. O primário é
definido quando a mulher é incapaz de manter relações sexuais
com penetração devido às contrações involuntárias da parte da
vagina desde a primeira tentativa na vida; secundário é quando a
mulher já teve relações sexuais com penetração, porém não
consegue mais ter.
Causas
A contração dos músculos do assoalho pélvico acontecem como
um ciclo: a dor na relação gera mais contração, que gera mais
dor e mais evitação da relação. Chega a um ponto que só de
imaginar em ter relação sexual a mulher pode contrair a
musculatura e sentir dor.
Uma das causas para a ocorrência do vaginismo é a ansiedade
fóbica das mulheres antes da penetração vaginal. Os fatores
geralmente estão ligados à educação sexual constrangedora,
punitiva e /ou religiosa e a vivências sexuais traumáticas. Há
também as causas físicas, como anormalidades do hímen,
anormalidades congênitas, atrofia vaginal, endometriose,
infecções, lesões na vagina, tumores, doenças sexualmente
transmissíveis, congestão pélvica.
Diagnóstico e tratamento
É de extrema importância a avaliação e tratamento por uma
equipemultidisciplinar. Envolve geralmente o ginecologista
especializado em sexualidade, o psicólogo e o fisioterapeuta do
assoalho pélvico. Alguns dos recursos de fisioterapia são
técnicas de terapia manual, dessensibilização associada ao uso
de dilatadores, respiração diafragmática, exercícios para o
assoalho pélvico, diferentes modalidades de estimulação elétrica
e termoterapia.
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